Os ensaios reunidos neste livro dedicam-se a momentos cruciais da história da literatura amazônic... more Os ensaios reunidos neste livro dedicam-se a momentos cruciais da história da literatura amazônica, representados pelas obras de Bento Figueiredo de Tenreiro Aranha, Francisco Gomes de Amorim, Inglês de Sousa, Alberto Rangel, Euclides da Cunha e Mário de Andrade.
O ciclo da borracha é tema recorrente na ficção amazônica desde o início do século 20, quando oco... more O ciclo da borracha é tema recorrente na ficção amazônica desde o início do século 20, quando ocorreu o boom da era gomífera na Amazônia. A repetição desse mote literário por largo período histórico, que alcança a contemporaneidade, resultou no aparecimento de ciclos ficcionais da borracha. Nesta tese, tem-se como objetivo investigar de que modo alguns dos representantes dos ciclos ficcionais da borracha trabalham com a memória cultural amazônica envolta na representação literária do “século da borracha”. Para tanto, parte-se do que se chama de protomemória do ciclo, presente na literatura de Alberto Rangel, demonstrando sua vinculação ao projeto amazônico de Euclides da Cunha, por meio da análise do conto “O marco de sangue” (de Sombras n’água, 1913), a respeito dos conflitos entre Brasil e Bolívia pelo território do Acre. Depois, avança-se para a memória do indianismo nos seringais, em Ressuscitados (1936), de Raimundo Morais. Em Belém do Grão-Pará (1960), de Dalcídio Jurandir, expõe-se o problema da conservação da memória política e social sobre a formação da periferia de Belém, após a decadência da belle époque amazônica. No romance Coronel de Barranco (1970), de Cláudio de Araújo Lima, analisam-se as marcas memoriais de um narrador confessional que se alinha à primeira geração desses ciclos ficcionais, embora pertença a geração posterior, o que descortina o dilema da pós-memória. Na sequência, defronta-se com a memória global do ciclo em Mad Maria (1980), de Márcio Souza, em que se revelam os sentidos de globalização inerentes à construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Por fim, Dois irmãos (2000) e Órfãos do Eldorado (2008), ambos de Milton Hatoum, revelam narradores metamemoriais, com diversos atravessamentos históricos dos tempos do látex. Diante de todo esse acúmulo de memórias sobre o ciclo da borracha, desvela-se a formação de um memorial literário amazônico, uma vez que esses ciclos ficcionais servem de lente de aumento para a realidade socioambiental, política e histórica da Amazônia em qualquer época.
Os ensaios reunidos neste livro dedicam-se a momentos cruciais da história da literatura amazônic... more Os ensaios reunidos neste livro dedicam-se a momentos cruciais da história da literatura amazônica, representados pelas obras de Bento Figueiredo de Tenreiro Aranha, Francisco Gomes de Amorim, Inglês de Sousa, Alberto Rangel, Euclides da Cunha e Mário de Andrade.
O ciclo da borracha é tema recorrente na ficção amazônica desde o início do século 20, quando oco... more O ciclo da borracha é tema recorrente na ficção amazônica desde o início do século 20, quando ocorreu o boom da era gomífera na Amazônia. A repetição desse mote literário por largo período histórico, que alcança a contemporaneidade, resultou no aparecimento de ciclos ficcionais da borracha. Nesta tese, tem-se como objetivo investigar de que modo alguns dos representantes dos ciclos ficcionais da borracha trabalham com a memória cultural amazônica envolta na representação literária do “século da borracha”. Para tanto, parte-se do que se chama de protomemória do ciclo, presente na literatura de Alberto Rangel, demonstrando sua vinculação ao projeto amazônico de Euclides da Cunha, por meio da análise do conto “O marco de sangue” (de Sombras n’água, 1913), a respeito dos conflitos entre Brasil e Bolívia pelo território do Acre. Depois, avança-se para a memória do indianismo nos seringais, em Ressuscitados (1936), de Raimundo Morais. Em Belém do Grão-Pará (1960), de Dalcídio Jurandir, expõe-se o problema da conservação da memória política e social sobre a formação da periferia de Belém, após a decadência da belle époque amazônica. No romance Coronel de Barranco (1970), de Cláudio de Araújo Lima, analisam-se as marcas memoriais de um narrador confessional que se alinha à primeira geração desses ciclos ficcionais, embora pertença a geração posterior, o que descortina o dilema da pós-memória. Na sequência, defronta-se com a memória global do ciclo em Mad Maria (1980), de Márcio Souza, em que se revelam os sentidos de globalização inerentes à construção da ferrovia Madeira-Mamoré. Por fim, Dois irmãos (2000) e Órfãos do Eldorado (2008), ambos de Milton Hatoum, revelam narradores metamemoriais, com diversos atravessamentos históricos dos tempos do látex. Diante de todo esse acúmulo de memórias sobre o ciclo da borracha, desvela-se a formação de um memorial literário amazônico, uma vez que esses ciclos ficcionais servem de lente de aumento para a realidade socioambiental, política e histórica da Amazônia em qualquer época.
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