A proibição da violência: A violência na proibição das torcidas organizadas, um estudo sobre a relação do Estado com a Gaviões da Fiel na década de 1990 durante a Era das Proibições

Resumo

O presente projeto tem o objetivo de investigar a relação entre a violência do Estado e das torcidas organizadas (TOs) a partir de 1990. A relação entre os dois atores, TOs e o Estado, será feita a partir do Grêmio Gaviões da Fiel Torcida Força Independente (GDF). O período é chamado de Era das Proibições (Especial Acervo Tia Geni: As proibições, 2023) e tem como característica o empenho do Estado em proibir as TOs da cidade de São Paulo de frequentar os estádios. O evento que marca a eclosão do processo é a morte do torcedor Rodrigo de Gásperi, de apenas 13 anos, em 1992. Seu desfecho, por parte do Estado, se dá na elaboração do Estatuto do Torcedor (2003), que compreende a juridificação do controle do Estado sobre as TOs. Procurando entender a problemática relacional entre os dois atores, adotamos como método o conceito de territorialidade de Raffestin (1993) a partir do entendimento de que, tanto o Estado, quanto a Gaviões da Fiel são atores sintagmáticos. Entretanto, reconhecemos que Raffestin (1993) entende esta relação como um momento. Sendo assim, nos interessa entender a formação desses atores inseridos em um processo, articulamos assim, o método com autores que estão atentos às formações categoriais que interessam para entender o problema. A partir das pesquisas de Odette Seabra (2003;2008), sobre a dissolução da vida de bairro e a imposição do tempo abstrato, enxergamos como possibilidade de aprofundar o estudo do futebol a partir da transformação das torcidas de bairro em TOs. Em conjunto com Seabra, as proposições de Gaudemar (1977) acerca da mobilidade do trabalho e do disciplinamento dos trabalhadores para o trabalho são fundamentais para entender a transformação destas práticas à luz do processo de urbanização.