PINTO, E. "Cópia Fiel: o problema do Campo e os limites da imagem-tempo." Ars - Revista do Progra... more PINTO, E. "Cópia Fiel: o problema do Campo e os limites da imagem-tempo." Ars - Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da USP, v. 21, n. 47, 2023, pp. 288-337.
Este artigo traça dois movimentos. Primeiro, mobilizando o aparato conceitual construído por Gilles Deleuze, combinado a comentários sobre campo e quadro de autores como Bonitzer, Sabouraud, Oliveira Junior e André Parente, procura elaborar a função do Campo na imagem-movimento e na imagem-tempo, a partir de suas relações com o virtual. Em seguida, o artigo busca mostrar como Cópia fiel (2010), de Abbas Kiarostami, comparado a filmes anteriores do diretor, aponta para outro estatuto de imagem, em que o visível não mais é organizado sob a forma de Campo, mas por uma composição de linhas de força.
PINTO, E. "O espectador sonolento e o cinema da lentidão: Serra, Kiarostami, Apichatpong." Galáxi... more PINTO, E. "O espectador sonolento e o cinema da lentidão: Serra, Kiarostami, Apichatpong." Galáxia - Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, v. 47, 2022, pp. 1-27.
Este artigo analisa efeitos de sonolência construídos no interior três filmes recentes: Honra dos cavaleiros (Albert Serra), Tio Boonmee (Apichatpong Weerasethakul) e Five (Abbas Kiarostami). Nossa hipótese aponta como o sono, assumido como uma reação possível do espectador ante a lentidão de tais filmes, aparece como subproduto de uma nova relação entre espectador e tela, que, por sua vez, performa novas torções em um problema subjetivo já reconhecido por Deleuze em A Imagem-Tempo: a ruptura na ligação entre homem/mulher e mundo.
Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento, 2020
O cinema de Pedro Costa e atravessado pelas figuras humanas, como Vanda Duarte e Ventura, que eme... more O cinema de Pedro Costa e atravessado pelas figuras humanas, como Vanda Duarte e Ventura, que emergem em uma tensao entre corpo, olhar e imagem. Neste ensaio, reconhecemos a aparicao dessas corporeidades, sempre sob um permanente status nascendi a destituir a implantacao de um estatuto que as identifique como personagens ou sujeitos. Para isso, discutimos a carnalidade como aquilo que e tramado por energias negativas a instituirem uma forma de subjetividade sem sujeitos. Buscando homologias entre imagem cinematografica e filosofia – em conexao com o pensamento do filosofo brasileiro Vladimir Safatle – reconhecemos o negativo como categoria estetica central, com que se produz uma imagem proletaria, altamente magnetizada por um poder de revolta.
Partindo do ensaio de Roberto Schwarz, “As ideias fora do lugar” (1977), interpretado, por sua ve... more Partindo do ensaio de Roberto Schwarz, “As ideias fora do lugar” (1977), interpretado, por sua vez, sob instruções da “Dialética da malandragem” (1970), de Antonio Candido, busco uma leitura de duas obras que dissertaram a respeito da condição social brasileira dos momentos colonial e pós-colonial, Homens Livres na Ordem Escravocrata (1969), de Maria Sylvia Carvalho Franco, e Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional (1961), de Fernando Henrique Cardoso. A proposta fundamental é buscar afinidades entre as contradições notadas pelos autores na história brasileira e as tensões características do capitalismo moderno. Uma vez que na periferia desenvolveu-se uma forma de capitalismo lacunar e incompleto, isso só fez intensificar, desde os inícios de nossa história, o processo de individualização, propiciando uma experiência histórica muito distante daquela regularidade cosmológica que caracterizaria as formas tradicionais de vida. O paradoxo dado pelo par escravismo-exportação, que d...
What is the role of categories such as empty and slowness in contemporary cinema? In Goodbye, Dra... more What is the role of categories such as empty and slowness in contemporary cinema? In Goodbye, Dragon Inn, Tsai Ming-Liang radicalizes the experimentation of elements that point to a negative energy of the image. In this essay, I identify a new status of film image: no longer defined as what organizes the visible in the form of a field, but as the appearance of the visible as a composition of lines of power. For such, I construct the concepts of molar and molecular percepts, which dialogue with the thought of Deleuze and Guattari. I propose to think of acting as a coordination of the forces in emergence in what is visible, therefore debating with contemporary theorists of cinema.
PINTO, E. "Ética do Slow Cinema: lentidão e hesitação no cinema contemporâneo." Aniki, Lisboa, v.... more PINTO, E. "Ética do Slow Cinema: lentidão e hesitação no cinema contemporâneo." Aniki, Lisboa, v. 8, n. 2, 2021, pp. 24-47.
RESUMO Recentemente, teóricos e críticos cinematográficos observaram o aparecimento, nas últimas três décadas, de um “cinema de lentidão”. O conceito de Slow Cinema é recuperado neste artigo, buscando possíveis conexões históricas e culturais com outras experiências de desaceleração do tempo. Categorias como flâneur (Benjamin), o blasé (Simmel) e o pensamento sobre a hesitação, na filosofia de Bergson, já apontavam para a descompressão da duração do intervalo entre estímulo e resposta. O conceito de imagem-tempo (Deleuze) auxilia-nos a explorar o surgimento de uma ética da lentidão no cinema moderno. Por fim, analisando filmes de Wim Wenders, Abbas Kiarostami e Cristi Puiu, sugerimos que o Slow Cinema investe numa temporalização das passagens de causa e efeito como modo de produção de uma situação favorável à reconexão entre sujeito e mundo.
PINTO, E. B. "To enact lines of power: perceptual dimensions in Goodbye, Dragon Inn." Significaçã... more PINTO, E. B. "To enact lines of power: perceptual dimensions in Goodbye, Dragon Inn." Significação, v. 47, n. 54, jul-dec/2020.
ABSTRACT What is the role of categories such as emptiness and slowness in contemporary cinema? In Goodbye, Dragon Inn, Tsai Ming-Liang radicalizes the experimentation of elements that point to a negative energy of the image. In this essay, I identify a new status of film image: no longer defined as what organizes the visible in the form of a field, but as the appearance of the visible as a composition of lines of power. For such, I construct the concepts of molar and molecular percepts, which dialogue with the thinking of Deleuze and Guattari. I propose to think of acting as a coordination of the forces in emergence in what is visible, therefore debating with contemporary theorists of cinema.
Keywords: contemporary cinema; Tsai Ming-Liang; percepts; mise en scène; slow cinema
PINTO, E. "As rachaduras do olhar: para uma revisão do problema escópico em Janela Indiscreta." R... more PINTO, E. "As rachaduras do olhar: para uma revisão do problema escópico em Janela Indiscreta." Rebeca São Paulo, n. 1, v. 17, 2020. RESUMO: Nos anos 1950, Alfred Hitchcock realizou filmes como Janela indiscreta e Um corpo que cai, que faziam do plano ponto de vista um instrumento estruturante de construção da narrativa fílmica. Durante as décadas seguintes, formou-se uma interpretação que entendia o olhar dos personagens de Hitchcock como a produção de um processo de espelhamento, no qual o eu-que-vê prolifera-se nas coisas-vistas. A janela de Janela indiscreta estaria associada a uma metanarrativa, funcionando como a representação da tela cinematográfica e fazendo do protagonista, Jeffrey, um espectador inscrito dentro do próprio filme. Entretanto, buscando reconhecer as descontinuidades abertas dentro da criação de imagens e cenas desses dois filmes, procuro observar as linhas de força que distinguem a janela – dispositivo de fixidez e invariância espacial – e a tela cinematográfica – dispositivo de visibilização da ação e união de olhares. Em diálogo com outros filmes da cinematografia hitchcockiana, como Um corpo que cai, Sombra de uma dúvida e Pacto sinistro, procuramos por um novo estatuto do problema escópico desenvolvido em Janela indiscreta, menos afeito à unidade de um olhar subjetivo consistente, e mais interessado nas rachaduras abertas nos desacoplamentos entre olhares e dispositivos óticos.
PINTO, E. B. "O corpo que resta: energia negativa no cinema de Pedro Costa." Aniki - Revista Port... more PINTO, E. B. "O corpo que resta: energia negativa no cinema de Pedro Costa." Aniki - Revista Portuguesa de Imagem em Movimento. Lisboa, v. 7, n. 2, 2020, pp. 48-66.
RESUMO O cinema de Pedro Costa é atravessado pelas figuras humanas, como Vanda Duarte e Ventura, que emergem em uma tensão entre corpo, olhar e imagem. Na aparição desses personagens, sempre em permanente status nascendi, procuramos discutir a carnalidade como aquilo que é tramado por energias negativas que destituem toda forma de implantação de um estatuto ontológico. Buscando homologias entre imagem cinematográfica e filosofia – em conexão com o pensamento do filósofo brasileiro Vladimir Safatle – reconhecemos o negativo como categoria estética central, com que se produz uma imagem proletária, altamente magnetizada por um poder de revolta.
PINTO, E. B. "Encenar as linhas de força: dimensões perceptuais em Adeus, Dragon Inn." Significaç... more PINTO, E. B. "Encenar as linhas de força: dimensões perceptuais em Adeus, Dragon Inn." Significação, São Paulo, USP, n. 47, v. 54, jun/2020, pp. 102-120. Dossiê Cinema e Teatralidade.
RESUMO Qual o papel de categorias como o vazio e a lentidão no cinema contemporâneo? Em Adeus, Dragon Inn, Tsai Ming-Liang radicaliza a experimentação de elementos que apontam para uma energia negativa da imagem. Neste artigo, procuro reconhecer um novo estatuto da imagem fílmica: não mais definida como aquilo que organiza o visível sob a forma de campo, mas como o aparecimento do visível como uma composição de linhas de força. Para isso, construo os conceitos de perceptos molares e moleculares, em diálogo com o pensamento de Deleuze e Guattari. Discutindo com teóricos contemporâneos do cinema, proponho pensar a encenação como coordenação das forças em emergência no visível.
PINTO, E. "Contemplação e emancipação da experiência sensível: elos da imagem em Deleuze." Artefi... more PINTO, E. "Contemplação e emancipação da experiência sensível: elos da imagem em Deleuze." Artefilosofia, Ouro Preto, UFOP, n. 28, dez/2019, pp. 192-207.
RESUMO Em obras dos anos 1960, Gilles Deleuze apontava processos de emancipação da vida sensível, nos quais se abrem caminhos para que novas condições de olhares e imagens possam surgir. Procuro aproximar a experiência do desejo no masoquismo, discutida em Sacher-Masoch-O Frio e o Cruel, ao surgimento da imagem-tempo, tentando propor um elo entre o pensamento de Deleuze sobre a imagem dos anos 1960 e 1980. Um olhar contemplativo aparece como o modo prioritário de ativar novas percepções, nas quais existências mínimas passam a fazer parte do visível.
PINTO, E. 'Máquinas de escuta e resistências silenciosas: o desafio de filmar a cidade e o proces... more PINTO, E. 'Máquinas de escuta e resistências silenciosas: o desafio de filmar a cidade e o processo de realização de um filme na Vila Autódromo' In SOMMER, M.; FLORES, L. Cadernos Desilha 2. Rio de Janeiro: PPGAV/EBA/UFRJ: Circuito, 2019.
Retomo o processo de pesquisa e gravação do curta Vazio do Lado de Fora (Eduardo BP, 2017), discutindo as tensões políticas que o espaço e suas forças de resistência colocavam para a imagem.
PINTO, E. "Cópia Fiel: o problema do Campo e os limites da imagem-tempo." Ars - Revista do Progra... more PINTO, E. "Cópia Fiel: o problema do Campo e os limites da imagem-tempo." Ars - Revista do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da USP, v. 21, n. 47, 2023, pp. 288-337.
Este artigo traça dois movimentos. Primeiro, mobilizando o aparato conceitual construído por Gilles Deleuze, combinado a comentários sobre campo e quadro de autores como Bonitzer, Sabouraud, Oliveira Junior e André Parente, procura elaborar a função do Campo na imagem-movimento e na imagem-tempo, a partir de suas relações com o virtual. Em seguida, o artigo busca mostrar como Cópia fiel (2010), de Abbas Kiarostami, comparado a filmes anteriores do diretor, aponta para outro estatuto de imagem, em que o visível não mais é organizado sob a forma de Campo, mas por uma composição de linhas de força.
PINTO, E. "O espectador sonolento e o cinema da lentidão: Serra, Kiarostami, Apichatpong." Galáxi... more PINTO, E. "O espectador sonolento e o cinema da lentidão: Serra, Kiarostami, Apichatpong." Galáxia - Revista do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Semiótica da PUC-SP, v. 47, 2022, pp. 1-27.
Este artigo analisa efeitos de sonolência construídos no interior três filmes recentes: Honra dos cavaleiros (Albert Serra), Tio Boonmee (Apichatpong Weerasethakul) e Five (Abbas Kiarostami). Nossa hipótese aponta como o sono, assumido como uma reação possível do espectador ante a lentidão de tais filmes, aparece como subproduto de uma nova relação entre espectador e tela, que, por sua vez, performa novas torções em um problema subjetivo já reconhecido por Deleuze em A Imagem-Tempo: a ruptura na ligação entre homem/mulher e mundo.
Aniki: Revista Portuguesa da Imagem em Movimento, 2020
O cinema de Pedro Costa e atravessado pelas figuras humanas, como Vanda Duarte e Ventura, que eme... more O cinema de Pedro Costa e atravessado pelas figuras humanas, como Vanda Duarte e Ventura, que emergem em uma tensao entre corpo, olhar e imagem. Neste ensaio, reconhecemos a aparicao dessas corporeidades, sempre sob um permanente status nascendi a destituir a implantacao de um estatuto que as identifique como personagens ou sujeitos. Para isso, discutimos a carnalidade como aquilo que e tramado por energias negativas a instituirem uma forma de subjetividade sem sujeitos. Buscando homologias entre imagem cinematografica e filosofia – em conexao com o pensamento do filosofo brasileiro Vladimir Safatle – reconhecemos o negativo como categoria estetica central, com que se produz uma imagem proletaria, altamente magnetizada por um poder de revolta.
Partindo do ensaio de Roberto Schwarz, “As ideias fora do lugar” (1977), interpretado, por sua ve... more Partindo do ensaio de Roberto Schwarz, “As ideias fora do lugar” (1977), interpretado, por sua vez, sob instruções da “Dialética da malandragem” (1970), de Antonio Candido, busco uma leitura de duas obras que dissertaram a respeito da condição social brasileira dos momentos colonial e pós-colonial, Homens Livres na Ordem Escravocrata (1969), de Maria Sylvia Carvalho Franco, e Capitalismo e Escravidão no Brasil Meridional (1961), de Fernando Henrique Cardoso. A proposta fundamental é buscar afinidades entre as contradições notadas pelos autores na história brasileira e as tensões características do capitalismo moderno. Uma vez que na periferia desenvolveu-se uma forma de capitalismo lacunar e incompleto, isso só fez intensificar, desde os inícios de nossa história, o processo de individualização, propiciando uma experiência histórica muito distante daquela regularidade cosmológica que caracterizaria as formas tradicionais de vida. O paradoxo dado pelo par escravismo-exportação, que d...
What is the role of categories such as empty and slowness in contemporary cinema? In Goodbye, Dra... more What is the role of categories such as empty and slowness in contemporary cinema? In Goodbye, Dragon Inn, Tsai Ming-Liang radicalizes the experimentation of elements that point to a negative energy of the image. In this essay, I identify a new status of film image: no longer defined as what organizes the visible in the form of a field, but as the appearance of the visible as a composition of lines of power. For such, I construct the concepts of molar and molecular percepts, which dialogue with the thought of Deleuze and Guattari. I propose to think of acting as a coordination of the forces in emergence in what is visible, therefore debating with contemporary theorists of cinema.
PINTO, E. "Ética do Slow Cinema: lentidão e hesitação no cinema contemporâneo." Aniki, Lisboa, v.... more PINTO, E. "Ética do Slow Cinema: lentidão e hesitação no cinema contemporâneo." Aniki, Lisboa, v. 8, n. 2, 2021, pp. 24-47.
RESUMO Recentemente, teóricos e críticos cinematográficos observaram o aparecimento, nas últimas três décadas, de um “cinema de lentidão”. O conceito de Slow Cinema é recuperado neste artigo, buscando possíveis conexões históricas e culturais com outras experiências de desaceleração do tempo. Categorias como flâneur (Benjamin), o blasé (Simmel) e o pensamento sobre a hesitação, na filosofia de Bergson, já apontavam para a descompressão da duração do intervalo entre estímulo e resposta. O conceito de imagem-tempo (Deleuze) auxilia-nos a explorar o surgimento de uma ética da lentidão no cinema moderno. Por fim, analisando filmes de Wim Wenders, Abbas Kiarostami e Cristi Puiu, sugerimos que o Slow Cinema investe numa temporalização das passagens de causa e efeito como modo de produção de uma situação favorável à reconexão entre sujeito e mundo.
PINTO, E. B. "To enact lines of power: perceptual dimensions in Goodbye, Dragon Inn." Significaçã... more PINTO, E. B. "To enact lines of power: perceptual dimensions in Goodbye, Dragon Inn." Significação, v. 47, n. 54, jul-dec/2020.
ABSTRACT What is the role of categories such as emptiness and slowness in contemporary cinema? In Goodbye, Dragon Inn, Tsai Ming-Liang radicalizes the experimentation of elements that point to a negative energy of the image. In this essay, I identify a new status of film image: no longer defined as what organizes the visible in the form of a field, but as the appearance of the visible as a composition of lines of power. For such, I construct the concepts of molar and molecular percepts, which dialogue with the thinking of Deleuze and Guattari. I propose to think of acting as a coordination of the forces in emergence in what is visible, therefore debating with contemporary theorists of cinema.
Keywords: contemporary cinema; Tsai Ming-Liang; percepts; mise en scène; slow cinema
PINTO, E. "As rachaduras do olhar: para uma revisão do problema escópico em Janela Indiscreta." R... more PINTO, E. "As rachaduras do olhar: para uma revisão do problema escópico em Janela Indiscreta." Rebeca São Paulo, n. 1, v. 17, 2020. RESUMO: Nos anos 1950, Alfred Hitchcock realizou filmes como Janela indiscreta e Um corpo que cai, que faziam do plano ponto de vista um instrumento estruturante de construção da narrativa fílmica. Durante as décadas seguintes, formou-se uma interpretação que entendia o olhar dos personagens de Hitchcock como a produção de um processo de espelhamento, no qual o eu-que-vê prolifera-se nas coisas-vistas. A janela de Janela indiscreta estaria associada a uma metanarrativa, funcionando como a representação da tela cinematográfica e fazendo do protagonista, Jeffrey, um espectador inscrito dentro do próprio filme. Entretanto, buscando reconhecer as descontinuidades abertas dentro da criação de imagens e cenas desses dois filmes, procuro observar as linhas de força que distinguem a janela – dispositivo de fixidez e invariância espacial – e a tela cinematográfica – dispositivo de visibilização da ação e união de olhares. Em diálogo com outros filmes da cinematografia hitchcockiana, como Um corpo que cai, Sombra de uma dúvida e Pacto sinistro, procuramos por um novo estatuto do problema escópico desenvolvido em Janela indiscreta, menos afeito à unidade de um olhar subjetivo consistente, e mais interessado nas rachaduras abertas nos desacoplamentos entre olhares e dispositivos óticos.
PINTO, E. B. "O corpo que resta: energia negativa no cinema de Pedro Costa." Aniki - Revista Port... more PINTO, E. B. "O corpo que resta: energia negativa no cinema de Pedro Costa." Aniki - Revista Portuguesa de Imagem em Movimento. Lisboa, v. 7, n. 2, 2020, pp. 48-66.
RESUMO O cinema de Pedro Costa é atravessado pelas figuras humanas, como Vanda Duarte e Ventura, que emergem em uma tensão entre corpo, olhar e imagem. Na aparição desses personagens, sempre em permanente status nascendi, procuramos discutir a carnalidade como aquilo que é tramado por energias negativas que destituem toda forma de implantação de um estatuto ontológico. Buscando homologias entre imagem cinematográfica e filosofia – em conexão com o pensamento do filósofo brasileiro Vladimir Safatle – reconhecemos o negativo como categoria estética central, com que se produz uma imagem proletária, altamente magnetizada por um poder de revolta.
PINTO, E. B. "Encenar as linhas de força: dimensões perceptuais em Adeus, Dragon Inn." Significaç... more PINTO, E. B. "Encenar as linhas de força: dimensões perceptuais em Adeus, Dragon Inn." Significação, São Paulo, USP, n. 47, v. 54, jun/2020, pp. 102-120. Dossiê Cinema e Teatralidade.
RESUMO Qual o papel de categorias como o vazio e a lentidão no cinema contemporâneo? Em Adeus, Dragon Inn, Tsai Ming-Liang radicaliza a experimentação de elementos que apontam para uma energia negativa da imagem. Neste artigo, procuro reconhecer um novo estatuto da imagem fílmica: não mais definida como aquilo que organiza o visível sob a forma de campo, mas como o aparecimento do visível como uma composição de linhas de força. Para isso, construo os conceitos de perceptos molares e moleculares, em diálogo com o pensamento de Deleuze e Guattari. Discutindo com teóricos contemporâneos do cinema, proponho pensar a encenação como coordenação das forças em emergência no visível.
PINTO, E. "Contemplação e emancipação da experiência sensível: elos da imagem em Deleuze." Artefi... more PINTO, E. "Contemplação e emancipação da experiência sensível: elos da imagem em Deleuze." Artefilosofia, Ouro Preto, UFOP, n. 28, dez/2019, pp. 192-207.
RESUMO Em obras dos anos 1960, Gilles Deleuze apontava processos de emancipação da vida sensível, nos quais se abrem caminhos para que novas condições de olhares e imagens possam surgir. Procuro aproximar a experiência do desejo no masoquismo, discutida em Sacher-Masoch-O Frio e o Cruel, ao surgimento da imagem-tempo, tentando propor um elo entre o pensamento de Deleuze sobre a imagem dos anos 1960 e 1980. Um olhar contemplativo aparece como o modo prioritário de ativar novas percepções, nas quais existências mínimas passam a fazer parte do visível.
PINTO, E. 'Máquinas de escuta e resistências silenciosas: o desafio de filmar a cidade e o proces... more PINTO, E. 'Máquinas de escuta e resistências silenciosas: o desafio de filmar a cidade e o processo de realização de um filme na Vila Autódromo' In SOMMER, M.; FLORES, L. Cadernos Desilha 2. Rio de Janeiro: PPGAV/EBA/UFRJ: Circuito, 2019.
Retomo o processo de pesquisa e gravação do curta Vazio do Lado de Fora (Eduardo BP, 2017), discutindo as tensões políticas que o espaço e suas forças de resistência colocavam para a imagem.
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Este artigo traça dois movimentos. Primeiro, mobilizando o aparato conceitual construído por Gilles Deleuze, combinado a comentários sobre campo e quadro de autores como Bonitzer, Sabouraud, Oliveira Junior e André Parente, procura elaborar a função do Campo na imagem-movimento e na imagem-tempo, a partir de suas relações com o virtual. Em seguida, o artigo busca mostrar como Cópia fiel (2010), de Abbas Kiarostami, comparado a filmes anteriores do diretor, aponta para outro estatuto de imagem, em que o visível não mais é organizado sob a forma de Campo, mas por uma composição de linhas de força.
Este artigo analisa efeitos de sonolência construídos no interior três filmes recentes: Honra dos cavaleiros (Albert Serra), Tio Boonmee (Apichatpong Weerasethakul) e Five (Abbas Kiarostami). Nossa hipótese aponta como o sono, assumido como uma reação possível do espectador ante a lentidão de tais filmes, aparece como subproduto de uma nova relação entre espectador e tela, que, por sua vez, performa novas torções em um problema subjetivo já reconhecido por Deleuze em A Imagem-Tempo: a ruptura na ligação entre homem/mulher e mundo.
RESUMO
Recentemente, teóricos e críticos cinematográficos observaram o aparecimento, nas últimas três décadas, de um “cinema de lentidão”. O conceito de Slow Cinema é recuperado neste artigo, buscando possíveis conexões históricas e culturais com outras experiências de desaceleração do tempo. Categorias como flâneur (Benjamin), o blasé (Simmel) e o pensamento sobre a hesitação, na filosofia de Bergson, já apontavam para a descompressão da duração do intervalo entre estímulo e resposta. O conceito de imagem-tempo (Deleuze) auxilia-nos a explorar o surgimento de uma ética da lentidão no cinema moderno. Por fim, analisando filmes de Wim Wenders, Abbas Kiarostami e Cristi Puiu, sugerimos que o Slow Cinema investe numa temporalização das passagens de causa e efeito como modo de produção de uma situação favorável à reconexão entre sujeito e mundo.
ABSTRACT
What is the role of categories such as emptiness and slowness in contemporary cinema? In Goodbye, Dragon Inn, Tsai Ming-Liang radicalizes the experimentation of elements that point to a negative energy of the image. In this essay, I identify a new status of film image: no longer defined as what organizes the visible in the form of a field, but as the appearance of the visible as a composition of lines of power. For such, I construct the concepts of molar and molecular percepts, which dialogue with the thinking of Deleuze and Guattari. I propose to think of acting as a coordination of the forces in emergence in what is visible, therefore debating with contemporary theorists of cinema.
Keywords: contemporary cinema; Tsai Ming-Liang; percepts; mise en scène; slow cinema
RESUMO: Nos anos 1950, Alfred Hitchcock realizou filmes como Janela indiscreta e Um corpo que cai, que faziam do plano ponto de vista um instrumento estruturante de construção da narrativa fílmica. Durante as
décadas seguintes, formou-se uma interpretação que entendia o olhar dos personagens de Hitchcock
como a produção de um processo de espelhamento, no qual o eu-que-vê prolifera-se nas coisas-vistas.
A janela de Janela indiscreta estaria associada a uma metanarrativa, funcionando como a representação
da tela cinematográfica e fazendo do protagonista, Jeffrey, um espectador inscrito dentro do próprio filme.
Entretanto, buscando reconhecer as descontinuidades abertas dentro da criação de imagens e cenas
desses dois filmes, procuro observar as linhas de força que distinguem a janela – dispositivo de fixidez
e invariância espacial – e a tela cinematográfica – dispositivo de visibilização da ação e união de olhares.
Em diálogo com outros filmes da cinematografia hitchcockiana, como Um corpo que cai, Sombra de uma
dúvida e Pacto sinistro, procuramos por um novo estatuto do problema escópico desenvolvido em Janela
indiscreta, menos afeito à unidade de um olhar subjetivo consistente, e mais interessado nas rachaduras
abertas nos desacoplamentos entre olhares e dispositivos óticos.
RESUMO
O cinema de Pedro Costa é atravessado pelas figuras humanas, como Vanda Duarte e Ventura, que emergem em uma tensão entre corpo, olhar e imagem. Na aparição desses personagens, sempre em permanente status nascendi, procuramos discutir a carnalidade como aquilo que é tramado por energias negativas que destituem toda forma de implantação de um estatuto ontológico. Buscando homologias entre imagem cinematográfica e filosofia – em conexão com o pensamento do filósofo brasileiro Vladimir Safatle – reconhecemos o negativo como categoria estética central, com que se produz uma imagem proletária, altamente magnetizada por um poder de revolta.
RESUMO
Qual o papel de categorias como o vazio e a
lentidão no cinema contemporâneo? Em Adeus,
Dragon Inn, Tsai Ming-Liang radicaliza a experimentação
de elementos que apontam para uma energia negativa
da imagem. Neste artigo, procuro reconhecer um novo
estatuto da imagem fílmica: não mais definida como aquilo
que organiza o visível sob a forma de campo, mas como o
aparecimento do visível como uma composição de linhas de
força. Para isso, construo os conceitos de perceptos molares
e moleculares, em diálogo com o pensamento de Deleuze
e Guattari. Discutindo com teóricos contemporâneos do
cinema, proponho pensar a encenação como coordenação
das forças em emergência no visível.
RESUMO
Em obras dos anos 1960, Gilles Deleuze apontava processos de emancipação da vida sensível, nos quais se abrem caminhos para que novas condições de olhares e imagens possam surgir. Procuro aproximar a experiência do desejo no masoquismo, discutida em Sacher-Masoch-O Frio e o Cruel, ao surgimento da imagem-tempo, tentando propor um elo entre o pensamento de Deleuze sobre a imagem dos anos 1960 e 1980. Um olhar contemplativo aparece como o modo prioritário de ativar novas percepções, nas quais existências mínimas passam a fazer parte do visível.
Retomo o processo de pesquisa e gravação do curta Vazio do Lado de Fora (Eduardo BP, 2017), discutindo as tensões políticas que o espaço e suas forças de resistência colocavam para a imagem.
Este artigo traça dois movimentos. Primeiro, mobilizando o aparato conceitual construído por Gilles Deleuze, combinado a comentários sobre campo e quadro de autores como Bonitzer, Sabouraud, Oliveira Junior e André Parente, procura elaborar a função do Campo na imagem-movimento e na imagem-tempo, a partir de suas relações com o virtual. Em seguida, o artigo busca mostrar como Cópia fiel (2010), de Abbas Kiarostami, comparado a filmes anteriores do diretor, aponta para outro estatuto de imagem, em que o visível não mais é organizado sob a forma de Campo, mas por uma composição de linhas de força.
Este artigo analisa efeitos de sonolência construídos no interior três filmes recentes: Honra dos cavaleiros (Albert Serra), Tio Boonmee (Apichatpong Weerasethakul) e Five (Abbas Kiarostami). Nossa hipótese aponta como o sono, assumido como uma reação possível do espectador ante a lentidão de tais filmes, aparece como subproduto de uma nova relação entre espectador e tela, que, por sua vez, performa novas torções em um problema subjetivo já reconhecido por Deleuze em A Imagem-Tempo: a ruptura na ligação entre homem/mulher e mundo.
RESUMO
Recentemente, teóricos e críticos cinematográficos observaram o aparecimento, nas últimas três décadas, de um “cinema de lentidão”. O conceito de Slow Cinema é recuperado neste artigo, buscando possíveis conexões históricas e culturais com outras experiências de desaceleração do tempo. Categorias como flâneur (Benjamin), o blasé (Simmel) e o pensamento sobre a hesitação, na filosofia de Bergson, já apontavam para a descompressão da duração do intervalo entre estímulo e resposta. O conceito de imagem-tempo (Deleuze) auxilia-nos a explorar o surgimento de uma ética da lentidão no cinema moderno. Por fim, analisando filmes de Wim Wenders, Abbas Kiarostami e Cristi Puiu, sugerimos que o Slow Cinema investe numa temporalização das passagens de causa e efeito como modo de produção de uma situação favorável à reconexão entre sujeito e mundo.
ABSTRACT
What is the role of categories such as emptiness and slowness in contemporary cinema? In Goodbye, Dragon Inn, Tsai Ming-Liang radicalizes the experimentation of elements that point to a negative energy of the image. In this essay, I identify a new status of film image: no longer defined as what organizes the visible in the form of a field, but as the appearance of the visible as a composition of lines of power. For such, I construct the concepts of molar and molecular percepts, which dialogue with the thinking of Deleuze and Guattari. I propose to think of acting as a coordination of the forces in emergence in what is visible, therefore debating with contemporary theorists of cinema.
Keywords: contemporary cinema; Tsai Ming-Liang; percepts; mise en scène; slow cinema
RESUMO: Nos anos 1950, Alfred Hitchcock realizou filmes como Janela indiscreta e Um corpo que cai, que faziam do plano ponto de vista um instrumento estruturante de construção da narrativa fílmica. Durante as
décadas seguintes, formou-se uma interpretação que entendia o olhar dos personagens de Hitchcock
como a produção de um processo de espelhamento, no qual o eu-que-vê prolifera-se nas coisas-vistas.
A janela de Janela indiscreta estaria associada a uma metanarrativa, funcionando como a representação
da tela cinematográfica e fazendo do protagonista, Jeffrey, um espectador inscrito dentro do próprio filme.
Entretanto, buscando reconhecer as descontinuidades abertas dentro da criação de imagens e cenas
desses dois filmes, procuro observar as linhas de força que distinguem a janela – dispositivo de fixidez
e invariância espacial – e a tela cinematográfica – dispositivo de visibilização da ação e união de olhares.
Em diálogo com outros filmes da cinematografia hitchcockiana, como Um corpo que cai, Sombra de uma
dúvida e Pacto sinistro, procuramos por um novo estatuto do problema escópico desenvolvido em Janela
indiscreta, menos afeito à unidade de um olhar subjetivo consistente, e mais interessado nas rachaduras
abertas nos desacoplamentos entre olhares e dispositivos óticos.
RESUMO
O cinema de Pedro Costa é atravessado pelas figuras humanas, como Vanda Duarte e Ventura, que emergem em uma tensão entre corpo, olhar e imagem. Na aparição desses personagens, sempre em permanente status nascendi, procuramos discutir a carnalidade como aquilo que é tramado por energias negativas que destituem toda forma de implantação de um estatuto ontológico. Buscando homologias entre imagem cinematográfica e filosofia – em conexão com o pensamento do filósofo brasileiro Vladimir Safatle – reconhecemos o negativo como categoria estética central, com que se produz uma imagem proletária, altamente magnetizada por um poder de revolta.
RESUMO
Qual o papel de categorias como o vazio e a
lentidão no cinema contemporâneo? Em Adeus,
Dragon Inn, Tsai Ming-Liang radicaliza a experimentação
de elementos que apontam para uma energia negativa
da imagem. Neste artigo, procuro reconhecer um novo
estatuto da imagem fílmica: não mais definida como aquilo
que organiza o visível sob a forma de campo, mas como o
aparecimento do visível como uma composição de linhas de
força. Para isso, construo os conceitos de perceptos molares
e moleculares, em diálogo com o pensamento de Deleuze
e Guattari. Discutindo com teóricos contemporâneos do
cinema, proponho pensar a encenação como coordenação
das forças em emergência no visível.
RESUMO
Em obras dos anos 1960, Gilles Deleuze apontava processos de emancipação da vida sensível, nos quais se abrem caminhos para que novas condições de olhares e imagens possam surgir. Procuro aproximar a experiência do desejo no masoquismo, discutida em Sacher-Masoch-O Frio e o Cruel, ao surgimento da imagem-tempo, tentando propor um elo entre o pensamento de Deleuze sobre a imagem dos anos 1960 e 1980. Um olhar contemplativo aparece como o modo prioritário de ativar novas percepções, nas quais existências mínimas passam a fazer parte do visível.
Retomo o processo de pesquisa e gravação do curta Vazio do Lado de Fora (Eduardo BP, 2017), discutindo as tensões políticas que o espaço e suas forças de resistência colocavam para a imagem.