ÍNDICE Prólogo 7 Sedução non stop 1 7 A indiferença pura 33 Narciso ou a estratégia do vazio 47 M... more ÍNDICE Prólogo 7 Sedução non stop 1 7 A indiferença pura 33 Narciso ou a estratégia do vazio 47 Modernismo e pós-modernismo 75 A sociedade humorística 127 Violências selvagens, violências modernas 161 PRÓLOGO Os artigos e estudos aqui apresentados colocam, todos eles, embora a níveis diferentes -e só por isso se justifica a sua publicação em conjun to -o mesmo problema geral: a desagregação da sociedade, dos costumes, do indivíduo contemporâneo da época do consumo de massa, a emergência de um modo de socialização e de individualização inédito, em ruptura com o instituído desde os séculos XVII e XVIII. E esta mutação histórica em curso que estes textos se esforçam por evidenciar, considerando, com efeito, que o universo dos objectos, das imagens, da informação e dos valores hedonistas, permissivos e psicologistas que lhe estão ligados geraram, ao mesmo tempo que uma nova forma de controlo dos comportamentos, uma diversificação incomparável dos modos de vida, uma flutuação sistemática da esfera priva da, das crenças e dos papéis, ou, por outras palavras, uma nova fase na his tória do individualismo ocidental. O nosso tempo só logrou evacuar a escato logia revolucionária levando a cabo uma revolução permanente do quotidia no e do próprio indivíduo: privatização alargada, erosão das identidades so ciais, desafecção ideológica e política, desestabilização acelerada das perso nalidades, eis-nos vivendo uma segunda revolução individualista. Uma ideia central governa as análises que se seguem: à medida que as sociedades democráticas se desei a sua inteligibilidade revela-se à luz de uma lógica nova, a que chamamos aqui o processo de personalização, 8 Gil/es Lipovetsky A Era do Vazio 9 sendo que este não pára de remodelar em profundidade o conjunto dos sec tores da vida social. Sem dúvida, nem todas as esferas se reestruturam no mesmo grau ou da mesma maneira de acordo com o processo em curso, e não ignoramos os limites das teorias que se esforçam por opulência. Acabada, com efeito, a idolatria do american way of I dos carros triun fantes de cromados, das grandes estrelas e dos grandes sonhos de Holly wood; acabados a revolta beatnik, o escândalo das vanguardas; tudo isto deu lugar, segundo se diz, a uma cultura pósmoderna identificável por di versas características: busca da qualidade de vida, paixão da personalidade, sensibilidade extrema, desafecção dos grandes sistemas de sentido, culto da participação e da expressão, moda rétro, reabilitação do local, do regional, de certas crenças e práticas tradicionais. Eclipse da bulimia quantitativa an terior? Por certo que sim, na condição de não perdermos de vista que estes fenómenos são igualmente manifestações do processo de personalização, ou tras tantas estratégias que trabalham no sentido de destruir os efeitos do modernismo monolítico, do gigantismo, do centralismo, das ideologias du ras, da vanguarda. Não temos que opor a era do consumo «passivo» às cor rentes chamadas pós-modernas, criativas, ecologistas, revivalistas; no con junto, estas completam o desmoronar da era moderna rígida em direcção a uma maior flexibilidade, diversidade, escolhas privadas, com vista à repro dução alargada do princípio das singularidades individuais. A descontinui dade pós-moderna não começa com este ou aquele efeito particular, cultural ou artístico, mas com a preponderância histórica do processo de personaliza ção, acompanhada pela reestruturação do todo social sob a sua lei própria. A cultura pós-moderna representa o pólo «surperestrutural» de uma so cieda que sai de um tipo de organização uniforme, dirigista, e que, para o fazer, mistura, os últimos valores modernos, reabilita o passad& e a tradição, revaloriza o local e a vida simples, dissolve a preeminência da centralidade, dissemina os critérios da verdade e da arte, legitima a afirmação da identi dade pessoal de acordo com os valores de uma sociedade personalizada onde o que importa é que o indivíduo seja ele próprio, e onde tudo e todos têm, portanto, direito de cidade e a serem socialmente reconhecidos, sendo que nada deve doravante imporse imperativa e duradouramente, e todas as op ções, todos os níveis, podem coabitar sem contracção nem relegação. A cul tura pós-moderna é descentrada e heteróclita, materialista e psi, pomo e discreta, inovadora e rétro, consumista e ecologista, sofisticada e espontâ nea, espectacular e criativa; e o futuro não terá, sem dúvida, que decidir em favor de uma destas tendências, mas, pelo contrário, desenvolverá as lógicas duais, a co-presença flexível das antinomias. A função de uma explosão se melhante não é duvidosa: paralelamente aos outros dispositivos personaliza dos, a cultura pós-moderna é um vector de alargamento do individualismo; diversificando as possibilidades de escolha, liquefazendo os marcos de refe rência, minando os sentidos únicos e os valores superiores da modernidade, modela uma cultura personalizada ou por medida, permitindo ao átomo so cial emancipar-se das balizas disciplinaresreV0luci0h1 No entanto, não é verdade que estejamos entregues à errância do senti do, a uma deslegitimação total; na época pós-moderna perdura um valor principal, intangível, indiscutido através das suas múltiplas manifestações: o indivíduo e o seu direito cada vez mais proclamado de se realizar à parte, de ser livre, à medida que as técnicas de controlo social passam a aplicar dispo sitivos mais sofisticados e «humanos». Se, portanto, o processo de personali zação introduz de facto uma clescontinuidade na trama histórica, continua, contudo, a prosseguir por outras vias a obra que, atravessando os séculos, é a da modernidade democrática Ruptura aqui, continuidade ali, a noção de sociedade pós-moderna não diz coisa diferente: uma fase chega ao fim, uma nova fase aparece, ligada por fios mais complexos do que à primeira vista pode parecer, às nossas origens políticas e ideológicas. A sedução pós-moderna não é um ersatz de comunicação ausente nem um cenário destinado a ocultar a abjecção das relações mercantis. Seria vê-la de novo como um consumo de objectos e de signos artificiais, reinjectar o logro onde exjste, antes do mais, uma operaÇão sistemática de personaliza ção, ou, por outras palavras, uma atomização do social ou uma extensão em abismo da lógica individualista. Fazer da sedução uma «representação ilusó ria do não-vivido» (Debord) é reconduzir o imaginário das pseudo des, a oposição moral entre o real e a aparências um real objectivo ao abrigo da sedução, quando esta se define, sobretudo, como processo de transforma ção do real e do indivíduo. Longe de ser um agente de mistificação e de pas sividade, a sedução é destruição cool do social através de um processo de isolamento, que já não surge administrado pela força bruta ou pelo quadri culado regulamentar, mas através cio hedonismo, da informação e da res ponsabilização. Com o reino dos media, dos objectos e do sexo, cada indiví duo se observa, se testa, se vira mais para si próprio à espreita da sua pró pria verdade e do seu bem-estar, tornando-se responsável pela sua vida, de vendo União do povo de França substituem a guerra de classes. Quer flirtar comigo? Só a Revolução fascinas porque se coloca do lado de Thanatos, da 28 Guies Lipovetskv descontinuidade, do desligamento. A sedução, essa, rompeu todos os laços que a uniam ainda, no dispositivo donjuanesco, à morte, à subversão. Sem dúvida, o PCF continua a ser na sua ideologia e na sua organização o parti do menos inclinado a ceder às piscadelas de olho da sedução, o partido mais rétro, o mais preso ao moralismo, ao centralismo, ao burocratismo, e é mes mo essa rigidez congénita que, em parte, está na origem dos retumbantes fracassos eleitorais que sabemos, Mas, por outro lado, o PCF apresenta-se como um partido dinâmico e responsável, identificandose cada vez mais com um organismo de gestão sem missão histórica, tendo adoptado, por sua vez, após prolongadas hesitações, os vectores-chave da sedução management, inquéritos através de sondagens, reciclagens regulares, etc., incluindo a ar quitectura da sua sede, prédio de vidro sem segredo, montra iluminada pe las luzes das metamorfoses «in do aparelho. Formação de compromisso en tre a sedução e a era passada da revolução, o PC joga duas cartadas ao mes mo tempo, condenando-se obstinadamente ao papel de sedutor envergonha do e infeliz, O mesmo perfil se encontra no marxismo deles, para falarmos aqui à maneira de Lenine. Por exemplo, a voga do althusserianismo: rigor e austeridade do conceito, anti-humanismo teórico, o marxismo faz sua uma imagem de marca dura, sem concessões, nos atípodas da sedução. Mas em penhando-se na via da articulação dos conceitos, o marxismo entra simulta neamente na sua fase de desarmamento: o seu objectivo já não é a formação revolucionária de uma consciência de classe unificada e disciplinada, mas a formação de uma consciência epistemológica. A sedução triste do marxismo envergou o fato completo dos homens de «ciência». Sexdução Em torno da inflação erótica actual e da pornografia, uma espécie de de núncia unânime reconcilia as feministas, os moralistas, os estetas, escandali zados pelo aviltamento do ser humano reduzido à categoria de objecto e pelo sexo-máquina que faz desaparecer as relações de sedução num deboche re petitivo e sem mistério. Mas se o essencial não estivesse aí -se a pornogra fia não fosse afinal senão mais uma figura da sedução? Que faz a pornogra fia, com efeito, senão suspender a ordem arcaica da Lei e do Interdito, abo lir a ordem coerciva da Censura e do recalcamento em benefício de um ver-tudo, fazer-tudo, dizer-tudo, que define exactamente o trabalho da sedução? A Era do Vazio 29 É ainda o ponto de vista moral que reduz a ponografia à reificação e à or dem industrial ou serial do sexo: aqui tudo é permitido, é preciso ir cada vez mais longe, procurar dispositivos inéditos, novas combinações numa livre disposição do corpo, numa livre empresa do sexo que faz do pomo, contra riamente ao...
ÍNDICE Prólogo 7 Sedução non stop 1 7 A indiferença pura 33 Narciso ou a estratégia do vazio 47 M... more ÍNDICE Prólogo 7 Sedução non stop 1 7 A indiferença pura 33 Narciso ou a estratégia do vazio 47 Modernismo e pós-modernismo 75 A sociedade humorística 127 Violências selvagens, violências modernas 161 PRÓLOGO Os artigos e estudos aqui apresentados colocam, todos eles, embora a níveis diferentes -e só por isso se justifica a sua publicação em conjun to -o mesmo problema geral: a desagregação da sociedade, dos costumes, do indivíduo contemporâneo da época do consumo de massa, a emergência de um modo de socialização e de individualização inédito, em ruptura com o instituído desde os séculos XVII e XVIII. E esta mutação histórica em curso que estes textos se esforçam por evidenciar, considerando, com efeito, que o universo dos objectos, das imagens, da informação e dos valores hedonistas, permissivos e psicologistas que lhe estão ligados geraram, ao mesmo tempo que uma nova forma de controlo dos comportamentos, uma diversificação incomparável dos modos de vida, uma flutuação sistemática da esfera priva da, das crenças e dos papéis, ou, por outras palavras, uma nova fase na his tória do individualismo ocidental. O nosso tempo só logrou evacuar a escato logia revolucionária levando a cabo uma revolução permanente do quotidia no e do próprio indivíduo: privatização alargada, erosão das identidades so ciais, desafecção ideológica e política, desestabilização acelerada das perso nalidades, eis-nos vivendo uma segunda revolução individualista. Uma ideia central governa as análises que se seguem: à medida que as sociedades democráticas se desei a sua inteligibilidade revela-se à luz de uma lógica nova, a que chamamos aqui o processo de personalização, 8 Gil/es Lipovetsky A Era do Vazio 9 sendo que este não pára de remodelar em profundidade o conjunto dos sec tores da vida social. Sem dúvida, nem todas as esferas se reestruturam no mesmo grau ou da mesma maneira de acordo com o processo em curso, e não ignoramos os limites das teorias que se esforçam por opulência. Acabada, com efeito, a idolatria do american way of I dos carros triun fantes de cromados, das grandes estrelas e dos grandes sonhos de Holly wood; acabados a revolta beatnik, o escândalo das vanguardas; tudo isto deu lugar, segundo se diz, a uma cultura pósmoderna identificável por di versas características: busca da qualidade de vida, paixão da personalidade, sensibilidade extrema, desafecção dos grandes sistemas de sentido, culto da participação e da expressão, moda rétro, reabilitação do local, do regional, de certas crenças e práticas tradicionais. Eclipse da bulimia quantitativa an terior? Por certo que sim, na condição de não perdermos de vista que estes fenómenos são igualmente manifestações do processo de personalização, ou tras tantas estratégias que trabalham no sentido de destruir os efeitos do modernismo monolítico, do gigantismo, do centralismo, das ideologias du ras, da vanguarda. Não temos que opor a era do consumo «passivo» às cor rentes chamadas pós-modernas, criativas, ecologistas, revivalistas; no con junto, estas completam o desmoronar da era moderna rígida em direcção a uma maior flexibilidade, diversidade, escolhas privadas, com vista à repro dução alargada do princípio das singularidades individuais. A descontinui dade pós-moderna não começa com este ou aquele efeito particular, cultural ou artístico, mas com a preponderância histórica do processo de personaliza ção, acompanhada pela reestruturação do todo social sob a sua lei própria. A cultura pós-moderna representa o pólo «surperestrutural» de uma so cieda que sai de um tipo de organização uniforme, dirigista, e que, para o fazer, mistura, os últimos valores modernos, reabilita o passad& e a tradição, revaloriza o local e a vida simples, dissolve a preeminência da centralidade, dissemina os critérios da verdade e da arte, legitima a afirmação da identi dade pessoal de acordo com os valores de uma sociedade personalizada onde o que importa é que o indivíduo seja ele próprio, e onde tudo e todos têm, portanto, direito de cidade e a serem socialmente reconhecidos, sendo que nada deve doravante imporse imperativa e duradouramente, e todas as op ções, todos os níveis, podem coabitar sem contracção nem relegação. A cul tura pós-moderna é descentrada e heteróclita, materialista e psi, pomo e discreta, inovadora e rétro, consumista e ecologista, sofisticada e espontâ nea, espectacular e criativa; e o futuro não terá, sem dúvida, que decidir em favor de uma destas tendências, mas, pelo contrário, desenvolverá as lógicas duais, a co-presença flexível das antinomias. A função de uma explosão se melhante não é duvidosa: paralelamente aos outros dispositivos personaliza dos, a cultura pós-moderna é um vector de alargamento do individualismo; diversificando as possibilidades de escolha, liquefazendo os marcos de refe rência, minando os sentidos únicos e os valores superiores da modernidade, modela uma cultura personalizada ou por medida, permitindo ao átomo so cial emancipar-se das balizas disciplinaresreV0luci0h1 No entanto, não é verdade que estejamos entregues à errância do senti do, a uma deslegitimação total; na época pós-moderna perdura um valor principal, intangível, indiscutido através das suas múltiplas manifestações: o indivíduo e o seu direito cada vez mais proclamado de se realizar à parte, de ser livre, à medida que as técnicas de controlo social passam a aplicar dispo sitivos mais sofisticados e «humanos». Se, portanto, o processo de personali zação introduz de facto uma clescontinuidade na trama histórica, continua, contudo, a prosseguir por outras vias a obra que, atravessando os séculos, é a da modernidade democrática Ruptura aqui, continuidade ali, a noção de sociedade pós-moderna não diz coisa diferente: uma fase chega ao fim, uma nova fase aparece, ligada por fios mais complexos do que à primeira vista pode parecer, às nossas origens políticas e ideológicas. A sedução pós-moderna não é um ersatz de comunicação ausente nem um cenário destinado a ocultar a abjecção das relações mercantis. Seria vê-la de novo como um consumo de objectos e de signos artificiais, reinjectar o logro onde exjste, antes do mais, uma operaÇão sistemática de personaliza ção, ou, por outras palavras, uma atomização do social ou uma extensão em abismo da lógica individualista. Fazer da sedução uma «representação ilusó ria do não-vivido» (Debord) é reconduzir o imaginário das pseudo des, a oposição moral entre o real e a aparências um real objectivo ao abrigo da sedução, quando esta se define, sobretudo, como processo de transforma ção do real e do indivíduo. Longe de ser um agente de mistificação e de pas sividade, a sedução é destruição cool do social através de um processo de isolamento, que já não surge administrado pela força bruta ou pelo quadri culado regulamentar, mas através cio hedonismo, da informação e da res ponsabilização. Com o reino dos media, dos objectos e do sexo, cada indiví duo se observa, se testa, se vira mais para si próprio à espreita da sua pró pria verdade e do seu bem-estar, tornando-se responsável pela sua vida, de vendo União do povo de França substituem a guerra de classes. Quer flirtar comigo? Só a Revolução fascinas porque se coloca do lado de Thanatos, da 28 Guies Lipovetskv descontinuidade, do desligamento. A sedução, essa, rompeu todos os laços que a uniam ainda, no dispositivo donjuanesco, à morte, à subversão. Sem dúvida, o PCF continua a ser na sua ideologia e na sua organização o parti do menos inclinado a ceder às piscadelas de olho da sedução, o partido mais rétro, o mais preso ao moralismo, ao centralismo, ao burocratismo, e é mes mo essa rigidez congénita que, em parte, está na origem dos retumbantes fracassos eleitorais que sabemos, Mas, por outro lado, o PCF apresenta-se como um partido dinâmico e responsável, identificandose cada vez mais com um organismo de gestão sem missão histórica, tendo adoptado, por sua vez, após prolongadas hesitações, os vectores-chave da sedução management, inquéritos através de sondagens, reciclagens regulares, etc., incluindo a ar quitectura da sua sede, prédio de vidro sem segredo, montra iluminada pe las luzes das metamorfoses «in do aparelho. Formação de compromisso en tre a sedução e a era passada da revolução, o PC joga duas cartadas ao mes mo tempo, condenando-se obstinadamente ao papel de sedutor envergonha do e infeliz, O mesmo perfil se encontra no marxismo deles, para falarmos aqui à maneira de Lenine. Por exemplo, a voga do althusserianismo: rigor e austeridade do conceito, anti-humanismo teórico, o marxismo faz sua uma imagem de marca dura, sem concessões, nos atípodas da sedução. Mas em penhando-se na via da articulação dos conceitos, o marxismo entra simulta neamente na sua fase de desarmamento: o seu objectivo já não é a formação revolucionária de uma consciência de classe unificada e disciplinada, mas a formação de uma consciência epistemológica. A sedução triste do marxismo envergou o fato completo dos homens de «ciência». Sexdução Em torno da inflação erótica actual e da pornografia, uma espécie de de núncia unânime reconcilia as feministas, os moralistas, os estetas, escandali zados pelo aviltamento do ser humano reduzido à categoria de objecto e pelo sexo-máquina que faz desaparecer as relações de sedução num deboche re petitivo e sem mistério. Mas se o essencial não estivesse aí -se a pornogra fia não fosse afinal senão mais uma figura da sedução? Que faz a pornogra fia, com efeito, senão suspender a ordem arcaica da Lei e do Interdito, abo lir a ordem coerciva da Censura e do recalcamento em benefício de um ver-tudo, fazer-tudo, dizer-tudo, que define exactamente o trabalho da sedução? A Era do Vazio 29 É ainda o ponto de vista moral que reduz a ponografia à reificação e à or dem industrial ou serial do sexo: aqui tudo é permitido, é preciso ir cada vez mais longe, procurar dispositivos inéditos, novas combinações numa livre disposição do corpo, numa livre empresa do sexo que faz do pomo, contra riamente ao...
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