J.A. Dias Lopes é considerado a referência do jornalismo gastronómico no Brasil. Escreve atualmente na edição online da “Veja”, já colaborou com várias publicações e é ainda diretor de redação da “Gosto” e autor de vários livros sobre história e gastronomia.
O Serviço Secreto dos Estados Unidos, monitorizando dia e noite o autocrata Vladimir Putin, descobriu que o governante russo, nas refeições públicas ou privadas, só começa a comer depois de uma perícia minuciosa dos seus alimentos. Nada mais compreensível. Putin conquistou a reputação de ser craque em venenos. Conhece como poucos os efeitos maléficos dessas substâncias. Já enfrentou várias acusações de envenenamento de opositores.
Um dos primeiros casos nos quais foi envolvido ocorreu em 2004, no atentado contra a vida de Viktor Yushchenko, pela razão das inclinações pró-ocidentais da vítima. O político ucraniano, ex-presidente e ex-primeiro-ministro do seu país, sobreviveu à TCDD, substância sólida, cristalina, incolor, sem cheiro quando pura e altamente tóxica. Aparentemente, um agente russo introduziu-a na comida de Yushchenko. Conclusão: Putin não é flor que se cheire.
Entretanto, foram os tiranos históricos que transformam esse cuidado alimentar em obsessão. “Quem tem telhados de vidro, tem medo das pedras alheias”, diz o provérbio. Fidel