Espalha-se aos quatro ventos que o pãozinho francês surgiu no Rio de Janeiro em princípios do século XX, por influência dos filhos dos aristocratas que iam estudar em Paris e voltavam suspirando por aquele que os franceses assavam no forno, à base de farinha de trigo fermentada. Deslumbravam-se com o fato de ser amarelado e crocante por fora, internamente branco e macio. O pão que comiam no Brasil era rústico e de qualidade discutível, feito de farinha de mandioca, milho ou centeio, muito raramente de trigo. Tinha casca grossa, ligeiramente escura e a consistência firme. Afinal, não havia trigo suficiente no Brasil para a produção de farinha. Os europeus que nos visitavam reclamavam do nosso pão. Até se espantavam. “Na terra (brasileira) não há pão, supre-se este defeito com o pó (farinha) de uma raiz nativa, a que chamam de mandioca”, escreveu o médico português Francisco da Fonseca Henriques, o Dr. Mirandela (1665-1731). Ele externou sua decepção no livro “Âncora Medicinal para Conservar a Vida com Saúde” (Oficina da Música, Lisboa, 1721).
A versão romântica sobre a influência dos filhos dos aristocratas sobre a origem do nosso pãozinho francês,