Marcada Pelo Destino

MARCADA PELO DESTINO

TRADUZIDO POR LAURA MANSUR

PREFÁCIO

MINHA PRIMEIRA NOTA PARA MIM

Bom, parece que eu finalmente algo à me gabar:

Eu terminei algo em minha vida que eu fiz sozinha.

Eu terminei o ensino médio!

A cerimônia de formatura é amanhã à tarde – eles chamam isso de dia da formatura aqui em Porto Q. Então amanhã à tarde eu oficialmente terei terminado o ensino médio. Apenas preciso ir até o auditório da escola em um chapéu esquisito e beca, pegar meu diploma e estará acabado.

Então o próximo capítulo de minha vida começa. Riscar aquilo, um novo livro está começando. Eu posso fechar a porta do sentimento como nada e começar a planejar meu futuro – com Michael.

O dia depois da formatura, Michael e eu vamos atravessar o país, voltar para as Cataratas do Niágara. Eu espero que a viagem não seja uma perda de tempo e eu encontre o que eu estou procurando – pelo menos não vai ser muito dificil evitar a decepção.

Corrigindo aquilo. Tem uma coisa que eu sei que eu quero descobrir. Quem é a minha mãe? Meu pai? O que Damon me disse é verdade? Eu sou parente de Bentos – o cara do Diário Antigo? Ok, isso é mais que uma coisa. Que tal simplificarmos isso...

Eu quero saber por que eu terminei no sistema

Eu descobri o melhor jeito de organizar as milhões de perguntas que eu tenho é ter um diário. Talvez eu consiga encontrar a resposta de algumas, e talvez algumas respostas das que eu tenho medo de perguntar.

E eu acho que está na hora de abrir o Livro dos Lobos novamente. Isso irrita muito Michael, e Caleb mais ainda, quando eu me refiro aos Grollics como os lobos que eles são. Eles se transformam. Lobisomens.

Eu passei os últimos três meses evitando o livro, mas chegou a hora de olhar para meu futuro e descobrir quem eu sou realmente. OU eu deveria escrever, o que eu deveria ser? Eu tenho o sentimento horrivel que o Livro dos Lobos vai me dizer mais do que eu realmente quero saber... esse é o motivo de eu ter evitado olhá-lo nos últimos meses.

Passado é passado. Isso não vai me definir. Eu preciso focar no que está em minha frente, mas se eu quero estar no futuro de Michael, eu preciso descobrir quem (ou o que) eu sou.

Glup. Agora começa a parte difícil.

Rouge

CAPÍTULO 1

Eu preciso saber onde eu estive para saber onde eu irei.

É dificil de acreditar que eu iria me formar na escola no dia seguinte. Isso pareceu como se eu tivesse esperado impacientemente por esse momento pelas últimas quatro horas e agora eu não acredito que finalmente chegou. Esse foi meu único objetivo por tanto tempo que eu quase fiquei desapontada que eu não tive uma sensação maior de realização. Parecia que a formatura seria a chave para a minha liberdade.

Porém, tudo mudou.

Não da noite para o dia. Isso levou quase meu último ano inteiro, com algumas noites memoráveis e não muito prazerosas.

Eu sabia que meus objetivos e expectativas haviam mudado desde que eu conhecera Michael. Michael era a coisa mais importante da minha vida – mais importante que a minha chamada liberdade. Depois de passar minha vida inteira mudando de uma casa de adoção para outra, eu estive fazendo contagem regressiva para ter dezoito anos e me formar no ensino médio. Formatura representa a liberdade do sistema. Eu comecei a vida escolar um ano mais tarde que a maioria – eu não tinha certeza se era por causa de um dos meus pais adotivos ou se era apenas a mudança pelo sistema. Tudo que eu lembro desde que eu era pequena era que minha liberdade chegaria quando eu me formasse e chegasse na idade certa.

E então eu conheci Michael, e minha visão mudou totalmente de perspectiva. Eu passei minha vida toda me recusando a sentir esperança ou felicidade. Ele mudou isso. Foi um ano agitado. Quase um ano atrás eu estava triste por meus pais adotivos me arrastarem para o outro lado do país, uma nova cidade e uma nova escola. Eu não queria me mudar das Cataratas do Niágara para Porto Coquitlam, mas como a maior parte da minha vida até ali, não importava o que eu queria.

O destino parecia ter outros planos.

Me mudar se tornou a melhor coisa que poderia acontecer em minha vida.

Pelo menos, pelo menos era o que eu sabia agora – alguém de fora vendo minha vida provavelmente discordaria.

Tem sido uma montanha russa desde que eu cheguei em Porto Coquitlam. Eu conheci a irmã gêmea de Michael, que estava quase terminando seu último ano do ensino médio amanhã. Michael já estava na faculdade e foi aí que a montanha russa começou a bater nessas viradas e mudadas loucas.

Depois do mais estranho incidente no Bonfire Night durante o começo do ano escolar; eu aprendi algo que iria mudar minha vida. Havia uma guerra acontecendo que nós, humanos, não sabiamos nada sobre – uma guerra de um século entre lobisomens e... e... bom, aqui é onde as coisas começam a ficar ainda mais complicadas e eu preciso de um diário para localizar tudo. Hollywood iria chamar isso de uma guerra entre lobisomens e vampiros, mas Michael e Grace não eram vampiros. Mais ou menos. Eles não precisavam de sangue ou tinham presas. Eles não estavam exatamente mortos. Eu acho. Eles morreram, mas eles tem algum tipo de sangue de anjo dentro deles ou algo que impede eles de realmente morrerem. Eu suspirei e brinquei com o colar em meu pescoço. Eles era, em um jeito diferente, um tipo de vampiro moderno.

Eu deitei em minha cama e dobrei minhas mãos contra minha cabeça. Pensar em tudo fazia meu cérebro doer. Meu namorado e minha melhor amiga eram perigosos. Eles tem força e velocidade que superam a habilidade natural humana. Qualquer pessoa em sã consciência, iria correr sem olhar para trás. Eu fiz o oposto, eu me mudei para casa deles. Eu estou morando com a família inteira – um clã – de vampiros. Para deixar as coisas mais complicadas ainda, um dos líderes era o pai adotivo de Michael e Grace, Caleb e Michael era seu substituto.

Nos contos de fadas, era como se eu estivesse namorando um príncipe na linhagem de um trono; exceto que eu era uma garota camponesa da vila – a tal garota humana. Michael me amava e me deu sua Sioghra no meu aniversário em Janeiro. Todos de sua espécie tem um colar de Sioghra – criado no dia que eles morreram. O colar era um pequeno frasco que levava um pouco de seu sangue – o que havia restado de sangue humano deles. A Sioghra era para ser dada quando eles se apaixonassem, presumidamente por alguém igual a eles pois a Sioghra era Gaélico de amor eterno – uma vez que trocam os colares, significava que usariam eternamente.

Michael me deu o dele. No fundo eu esperava que eu pudesse dar a ele o meu. Porém isso nunca iria acontecer. Nem agora, nem nunca. Michael não sabia ainda, mas eu tinha a marca do inimigo, e um dia ele iria me odiar.

-Rouge, você está pronta para ir ao shopping?- Grace veio pela porta da casa-da-piscina-agora-minha-casa.-

Eu pulei da cama, feliz pela interrupção. Eu não queria me preocupar com o futuro. Eu queria ser feliz agora. Eu coloquei o diário na gaveta ao lado da cama.

-Quase, só preciso encontrar um par de sapatos para usar.

Grace foi diretamente para o pequeno armário perto da porta. Ela pegou um belo par de saltos que iriam ficar perfeitos com minha capri e minha blusa. Grace saberia exatamente onde procurar; ela enxeu o armário para mim.

-Obrigada.- eu sentei no fim da cama para colocá-los.-

-Onde está Michael?- ela perguntou e olhou em volta.- Parece que ele não desgruda de você nos últimos dias. Eu fiquei surpresa quando ele não brigou por irmos ás compras.

-Ele precisava conversar com Caleb.

-E ele te deixou sozinha?- sua cara chocada e zombeira era muito.-

-A casa da piscina é quinze metros da sua casa. Eu acho que posso me cuidar.- eu sacudi uma meia caída no chão perto da cama.-

Ela refletiu rapidamente e riu.

-Eu acredito em você. São os homens dentro daquela casa.- ela indicou em direção à grande casa que Caleb e Sarah tinham.- que precisam ser lembrados.- ela olhou em seu relógio.- Nós deveríamos ir se quisermos conseguir uma roupa e ir para a escola para o ensaio essa tarde.

-Se estamos atrasadas, podemos sempre comprar em seu armário ou no meu. Metade das minhas roupas ainda têm as etiquenas originais.- eu sorri pois Grace amava fazer compras e encher o meu armário, pois o seu estava sempre cheio. Eu nunca tive dinheiro, então eu sempre poupei dinheiro quando era hora de gastar.-

-Eu sou uma ótima cliente!

-Eu não tenho dúvidas, Grace.- eu sorri e alcancei minhas chaves do chaveiro perto da porta. Eu parei. Eu não havia dirigido meu jeep desde que Damon havia me forçado à ir para as árvores. Eu não havia nem entrado mais nele.

-Eu dirijo.- ela apertou os lábios por um momento.- É mais facil encontrar um estacionamento com o meu pequeno Besouro.

Eu deixei meu braço cair ao meu lado.

-OK. Talvez amanhã eu leve o Jeep para dar uma volta.- eu peguei minha bolsa e tentei esconder o suspiro de alívio.-

No lado de fora, nós andamos pela piscina em direção à casa grande. Ao invés de ir para o deck de madeira de dentro, Grace foi para o lado e coninuou andando pela casa.

-Tem algo que andou mudando com... você sabe?- ela disse baixo olhando pela janela por onde andávamos. Nós não estavamos perto do escritório de Caleb mas ainda assim, ela estava cautelosa. Grace sabia sobre a marca em minha costas. Era a mesma que os Grollics tinham em seu peito, exceto que a minha estava no mesmo lugar, mas em minhas costas, como se tivesse sido perfurado e acabado no outro lado.

Eu balancei minha cabeça quando lembrei que um dia Michael me odiaria. Nesse momento porém, o inimigo me odiava mais ainda. Eu tinha um dom (ou maldição, depende como você enxergava aquilo) que me permitia controlar os lobos. Eu poderia transformar um Grollic em um escravo se eu quisesse, exceto que eu não tinha ideia de como eu fazia aquilo. Eu encontrei esse diário-livro antigo que parecia explicar os lobisomens, mas não estava escrito em inglês ou outra língua que alguém pudesse ler, exceto eu. Haviam apenas algumas páginas que pareciam estar em inglês para mim, mas para ninguém mais. Os lobisomens não me queria no controle. Eles me queriam morta.

Eu não havia olhado para o Livro dos Lobos desde que Damon quase me matara em Janeiro. Meses haviam se passado e eu continuei dando desculpas para não olhar para aquilo, como dirigir o Jeep. Uma parte de mim estava aterrorizada e a outra parte queria fingir que estava tudo bem, mesmo que fossem apenas por alguns meses. Formatura estava sendo minha contagem regressiva. Eu deveria estar animada por me formar, mas o que aconteceria depois, me aterrorizava.

-Terra para Rouge.- Grace agitou sua mão na minha frente.- Você precisa mexer suas pernas para andar.- ela passou seu braço em meus ombros.- Eu posso ser uma compradora rápida, mas você precisa de toda ajuda que conseguir.

Nós fomos para a última ponta da casa na garagem, onde os carros estavam estacionados, o mustang de Michael não estava ali em seu estacionamento normal. Engraçado, ele não me disse que sairia. Apenas que ele precisava ver Caleb.

Sarah, a mãe adotiva de Grace, saiu pela porta da frente enquanto entravamos no carro.

-Meninas! Caleb acabou