Os abduzidos
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Sobre este e-book
Em meio a lances tão determinantes, observamos a liderança de Jesus, o avatar planetário, sua ação direta e a participação de seus emissários mais próximos: de Miguel a Maria; de Elias, abduzido perante o discípulo, até João, o evangelista arrebatado. Todos atendem o chamado da grande consciência cósmica para construir não só um novo planeta, mas uma só civilização: a humanidade.
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Os abduzidos - Robson Pinheiro
1ª edição | setembro de 2015
1ª edição digital | abril de 2018
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EDIÇÃO, PREPARAÇÃO E NOTAS
Leonardo Möller
CAPA, PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
Andrei Polessi
REVISÃO
Naísa Santos
Michele Dunda
FOTO DO AUTOR
Mike Malakkias
PRODUÇÃO DO E-BOOK
Schaffer Editorial
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Inácio, Ângelo (Espírito).
Os abduzidos / pelo espírito Ângelo Inácio ; [psicografado por] Robson Pinheiro . – 1. ed. – Contagem, MG : Casa dos Espíritos, 2015. – (Série Crônicas da Terra; v. 4)
Bibliografia
ISBN 978-85-99818-55-8
1. Espiritismo 2. Ficção espírita 3. Psicografia I. Pinheiro, Robson. II. Título.
Índices para catálogo sistemático:
1. Ficção espírita : Espiritismo 133.93
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
por Ângelo Inácio [espírito]
1 Sob o céu de Titã
2 Arrebatamento
3 O pacto
4 Outra face da história de Jesus
5 O lado oculto do homem de Nazaré
6 A luz do princípio
7 Desceu aos infernos, subiu aos céus
8 A caçada tem início
9 Os filhos do amanhã
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
INTRODUÇÃO
por Ângelo Inácio
[espírito]
UM LIVRO não se escreve apenas com duas mãos; escreve-se, sobretudo, com muitas lembranças, muita inspiração, muitas mentes e uma parceria de almas. É assim que livros psicografados são produzidos. Ninguém cria, pura e simplesmente. Em geral, somos tão somente escritores, redatores que, inspirados, reorganizamos verdades, mensagens, intuições, inspirações e histórias vividas em muitas vidas e por diversos personagens, dando forma ao conteúdo que verte das páginas da existência. Em outras palavras: com frequência, apenas editamos; não criamos o inédito propriamente.
Não me considero um escritor convencional, ou ficcionista, pois não falo de mim mesmo ou de minha imaginação. Estudo largamente, convido outros autores, dispo-me de minhas próprias ideias e concentro-me, acima de tudo, em transcrever o resultado dessas pesquisas. Exatamente conforme me apresento desde o inaugural Tambores de Angola,¹ sou uma espécie de repórter do Além: colho informações e apontamentos e os compilo no texto final, procurando preservar a característica de todos os meus parceiros do mundo extrafísico — e também da esfera física. Isso mesmo: existem excelentes autores encarnados, e, como temos acesso a eles, a seus pensamentos e a seu espírito, desdobramo-los e consultamo-los, num processo de parceria que desafia muito do que se tem dito em termos de produção literária, mesmo de produção mediúnica. Desse modo, o resultado é produto de vários pensamentos, de várias experiências, de várias mentes, que vivenciam cada qual um elemento da realidade interpretada no texto e transcrita no papel. Eis como procedo à produção mediúnica.
Há, ainda, outro aspecto importante, que merece comentário, principalmente quando se trata de uma escrita psíquica, algo diferente da escrita comum, entre autores encarnados. Do lado de cá, em momentos de inspiração e transpiração, temos acesso a registros de toda espécie: de todas as obras, de tudo quanto é arte, beleza ou poesia. Mergulhamos o pensamento, pois, nesse oceano universal de ideias, de produção intelectual sob inspiração espiritual. Submergimos nesse mar de noúres, ou correntes de pensamento, absorvemos inspiração, ideias, complementos, matrizes que ficam registradas no akasha, ou éter, no jargão espiritualista. A essa inspiração junta-se a contribuição de diversos amigos espirituais, seres que compõem nossa equipe de escritores, desenhando-se, sobre o papel, um resultado cuja finalidade é dar aos imortais que habitam corpos físicos pálida ideia das ocorrências a que nos referimos em nossa produção jornalística.
É de se esperar que nem sempre encontremos eco nos recursos medianímicos, devido às interferências e aos obstáculos próprios da matéria e das limitações de nossos medianeiros. Portanto, frequentemente recorremos a figuras de linguagem, a metáforas, a fim de sermos compreendidos por meio de uma imagem ou comparação que ilustre nosso pensamento. Além de cumprirem a missão última, que é comunicar, expressar uma ideia, tais recursos têm o mérito de conferir ao texto verossimilhança — embora verossimilhança seja diferente de exatidão —, de maneira que empregamos, muitas vezes, elementos fortes da linguagem escrita e textos preparados, aperfeiçoados ou adaptados por numerosas mãos, a fim de que os leitores tenham a ideia mais aproximada possível daquilo que intentamos dizer. Nesse vaivém de parcerias espirituais entre autores encarnados, desdobrados ou desencarnados que se expressam — apesar de a maioria julgar e apostar que estamos mortos —, o texto enfim se compõe, numa instigante conjugação de ideias, pensamentos, descrições, dramas e outras ferramentas das quais nos servimos para colimar o objetivo maior: a comunicação eficaz, a compreensão.
É claro que esse tipo de literatura nunca será de todo bem-vinda entre os que advogam a pureza total, absoluta, da produção intelectual. Mas… que fazer? Como — e mais importante: por quê? — disfarçar a procedência múltipla do texto, que não advém de uma única fonte? Como negar ou mesmo omitir a contribuição de elementos espirituais, intelectuais e, sobretudo, de uma parceria que se estabelece entre mundos? Isso ocasiona polêmica, celeuma, disputas de opinião. Porém, o que consola — os autores desencarnados — é que, um dia, todos virão para o lado de cá da vida e experimentarão o fato de que, sozinhos, não podemos quase nada. Ao contrário, juntos, em parceria, somos capazes de fazer brilhar a pérola da poesia, da dramaturgia, de diversos estilos e tendências literárias, embora esse mister provoque incômodo em quantos se intitulam experts na análise de textos.
Do lado de cá, os valores se invertem, pois não se buscam aplausos nem os louros do reconhecimento dos mortais, pelo menos entre aqueles que fazem parte de um grupo de seres espirituais que se dedicam ao esclarecimento da humanidade. Por isso os textos perturbam; é em virtude dessa perturbação proveitosa que se inaugura nova etapa na história da produção literária mediúnica, feita de parcerias, caracterizada pela mescla de pensamentos e conhecimentos, visando ao máximo alcance.
Assim sendo, para aqueles que esperam que eu assuma, na íntegra, a autoria dos textos por mim transmitidos, eu os decepcionarei. Não passo de um repórter, uma espécie de jornalista e pesquisador; reúno aqueles meus amigos e instrutores e transformo em palavras inteligíveis o que apenas é sonhado, concebido, desenvolvido e experimentado por uma grande equipe de seres responsáveis, comprometidos com o esclarecimento dos humanos da Terra. Eis como surgem palavras e frases inteiras, inspiradas, traduzidas, produzidas, no todo ou em parte, na ideia como na forma, de maneira a exprimir inúmeras elucubrações, emoções, concepções e muito mais: a partir da experiência de vida de tantos que um dia pisaram o solo do planeta e disputaram a fama passageira da glória dos mortais.
Hoje, sob a luz das estrelas, e sendo, mais do que estrelas — com efeito, uma constelação de almas que brilham no universo literário, reconhecidas em dois mundos: o daqui, o original, e o daí, o passageiro —, tais quais relâmpagos de luz, tais quais raios de um pensamento evolucionista, esses seres perpassam a Terra num momento de intensa produção intelectual-espiritual, a fim de levar ao mundo o retrato da vida no Além e suas minúcias, seus complexos ensinamentos, sua complexidade real, que transcende largamente a imaginação dos homens comuns.
Nesse sentido, sou apenas o amigo que deixo registrados na memória astral os pensamentos de muitos outros, anônimos ou não, que se achegam ao mundo nesta hora de transição para falar, escrever e compartilhar a verdade. Trata-se de criaturas que se comunicam independentemente dos arroubos de quem se arvora a criticar — arrogando-se, ao fazê-lo, a posição suprema de revelador da verdade, de arguto desmascarador de engodos — e apontar erros e distorções cometidos pelos que, segundo eles mesmos dizem, seriam os supostos intelectuais do outro mundo.
Uma nova face da realidade: eis o que ambiciosamente desejo apresentar neste livro. Trata-se de um mosaico do pensamento de vários autores, embora não se constitua na verdade única; contudo, é uma face até então oculta, pouco ou nada investigada e solenemente desprezada, quando não refutada. Tomo a liberdade de ir contra dois mil anos de marketing espiritual em torno de uma figura cercada em tabu e controvérsia que é a de Jesus de Nazaré, sobre cuja mensagem e sobre quem nem mesmo seus apóstolos mais diletos chegaram a um consenso, quem dirá seus discípulos contemporâneos. São múltiplas as interpretações, não raro contraditórias; incontáveis são as disputas em torno daquele que representa o alfa e o ômega da civilização. Ainda hoje, como a maioria de seus seguidores converteram-no num ser inatingível por observações e meios humanos, num semideus — alguns chegam a confundi-lo com o próprio Criador —, ele paira acima de qualquer nova interpretação ou realidade. Ao menos para muitos fiéis, é cume inatingível.
Nestas páginas, atrevo-me a rabiscar um contraponto a essa situação. Amalgamei o pensamento de diversos autores desencarnados, do lado de cá da vida, e me propus a discorrer sobre um aspecto inusitado da existência desse homem incrível e enigmático, desse ser que a todos nós encanta, os que tivemos uma educação nos moldes ocidentais cristãos — desde que suficientemente lúcidos para reconhecer a contribuição incomensurável das luzes de seu Evangelho na organização e no aprimoramento da sociedade humana depois dele. Refiro-me a uma faceta não abordada ainda, ao menos pela maioria que diz acreditar em seus ensinamentos.
Ao leitor cabe a palavra final. Isso porque, mesmo aqui, nesta dimensão na qual me encontro, não colocamos ponto final em nada. Em torno dessa outra realidade — impenetrada, mas não impenetrável — da trajetória do homem de Nazaré, orbitam verdades e versões mil. A própria história da civilização patrocina tramas, dramas e tragédias a respeito, dando origem a uma saga narrada com poesia e intensidade emocional, envolta em palavras e depoimentos de diversos espíritos, que os escrevem a várias mãos.
Os abduzidos é, pois, um livro que reconta uma história conhecida, mas com nuances ainda não admitidas publicamente de maneira clara e definitiva. No entanto, endereça uma verdade, uma realidade que precisa ser encarada ao menos, se não esmiuçada, a fim de formar opinião e dimensionar com acurácia eventos históricos e escatológicos que envolvem centenas e milhares de pessoas ao redor do mundo — principalmente nesta época, em que a humanidade se prepara para dar um salto em seu atual ciclo histórico. Ofereço-lhe palavras resumidas, mas que registram um lado da história que talvez muitos se neguem a admitir. A esses, bom embate. Aos demais, bom combate.
ÂNGELO INÁCIO
Belo Horizonte, MG,
27 de agosto de 2015 da nova era da humanidade.
1
SOB O CÉU DE TITÃ
Mas tendes chegado ao Monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, a miríades de anjos; à universal assembleia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados
Hebreus 12:22-23
AREUNIÃO SE DEU num dos satélites naturais mais conhecidos do Sistema Solar. Titã fora previamente escolhido devido à sua estrutura etérica e física, análoga à de determinados mundos capazes de comportar habitantes de diferentes procedências planetárias. A maior lua de Saturno apresentava uma atmosfera espessa, além de contar com grandes reservas de água em seu interior. Erguera-se ali uma das mais importantes bases do Sistema Solar, construída mediante participação de seres de diversas raças da galáxia. Era uma espécie de base de aliados, mas sobretudo daqueles que queriam evitar ao máximo interferências nos fatores evolutivos da nova raça humana, em ascensão na Terra — ou terceiro planeta, conforme comumente o chamavam.
Titã era um ícone de determinada concepção de sociedade: fundara-se sobre a convicção de que diferentes humanidades e criaturas podem conviver em relativa harmonia, a despeito da diversidade das manifestações de vida peculiar aos mundos de origem de cada uma. Havia ali uma plataforma especial, onde um conjunto de instrumentos de observação permitia captar emissões de rádio e algumas outras ondas provenientes de mundos vizinhos, mas prioritariamente aquelas geradas no terceiro planeta, para o qual se voltava a atenção dos emissários das raças espaciais ali representadas. Era cada vez mais acentuado o interesse em entender e acompanhar a situação reinante naquele orbe. Depois da conferência de Titã, nova base seria erguida nas proximidades da lua terrestre, senão na própria Lua, de maneira que se pudesse observar com mais propriedade e riqueza de detalhes o quadro político, geopolítico e social daquele globo.
Desde tempos remotos, a Terra era vista como um elemento precioso por diversas raças. Talvez depois, milênios mais tarde, as criaturas que caminhavam sobre a superfície desenvolvessem com maior substância a compreensão de que seu mundo consistia num importante entroncamento energético, onde se travava uma verdadeira batalha espiritual, energética e de proporções cósmicas. Tratava-se de um palco onde a política de determinado semideus era reproduzida e posta à prova, numa localização escolhida a dedo pela administração solar; uma arena na qual se procurava implantar uma concepção inovadora da vida e do universo, sob os auspícios de forças superiores que coordenam a evolução galáctica desde os mundos centrais da Via Láctea.
Os povos que se reuniam em Titã divergiam entre si quanto aos propósitos em relação à humanidade ainda em fase juvenil. Cada um buscava a supremacia no novo mundo, ainda que lá não se tivesse fincado nenhuma bandeira que concedesse propriedade exclusiva a qualquer das raças em disputa. Paradoxalmente, se porventura alguma delas quisesse considerar aquele mundo como parte de seu establishment, a prerrogativa sem dúvida caberia aos annunakis; eles, contudo, não encampavam tal posição.
Fato é que havia muito em jogo no desenrolar dos eventos no planeta Terra. Tratava-se de importante palco de lutas cujo resultado poderia desencadear um efeito dominó de incríveis proporções, capaz de afetar a vida em todo o Sistema Solar e nos sistemas vizinhos, além de encerrar o destino de raças guerreiras que ali se congregavam ou se desenvolviam em culturas e nações diversas. Caso as sociedades dominantes da Terra chegassem ao apogeu da destruição, arruinando seu próprio globo, seu habitat, um efeito cascata se abateria sobre a estrutura etérica e física de vários outros orbes. As consequências seriam catastróficas. A título de comparação, a devastação causada seria como um cataclismo que arrastaria toda a população para o caos e a destruição, como se uma civilização inteira pudesse desaparecer de um dia para outro, provocando-se um desequilíbrio ecológico de proporções vastíssimas nos proximidades de onde sucedesse o fenômeno, como realmente ocorreu em certas ocasiões da história terrena.
A onda de destruição em massa que adviria da eventual ruína do planeta Terra seria imprevisível em seus pormenores. Mundos vizinhos decerto seriam afetados de forma irremediável. Na hipótese modesta de que se comprometeria apenas o equilíbrio da Lua, isso seria o suficiente para que ondas cataclísmicas varressem a paisagem do planeta, consumindo cidades e continentes. Ações militares que porventura lançassem mão de armas nucleares ou de destruição massiva em larga medida e, com isso, afetassem o equilíbrio do sistema Terra-Lua, desencadeariam fatores realmente incontornáveis para a humanidade do planeta.
Continentes inteiros seriam acometidos. Os oceanos se levantariam em todos os lugares, elevando-se acima das medidas concebíveis. Furações, tornados e tempestades de força descomunal varreriam a superfície planetária, de tal modo que os humanos jamais conseguiriam enfrentar a fúria desencadeada pela natureza. Caso a Lua se desviasse de sua órbita por poucos graus apenas, já seria o bastante para acarretar consequências perante as quais nenhuma administração ou ciência humana se mostraria eficiente. Imagine-se uma hecatombe nuclear que saísse de controle… Significaria decretar o fim da civilização conforme hoje existe na superfície. O clima e, por conseguinte, toda a paisagem natural se manteriam alterados por séculos ou milênios, até que novamente se estabelecesse um novo equilíbrio no ecossistema planetário.
No âmbito das realizações humanas, facilmente os satélites artificiais ficariam comprometidos, submergindo o orbe num apagão completo de comunicações, no qual nenhum sistema hoje em andamento, desde o rádio até a internet, passando pela telefonia e outros mais, seria capaz de operar. Como resultado, o retrocesso lançaria a civilização de volta aos primórdios da era moderna. Energia elétrica, nuclear e toda tecnologia; tudo que a civilização atual nem ao menos é capaz de conceber como algo de que se privar logo seria levado à condição de lenda. O caos seria total; uma guerra nessas proporções, que abalasse o sistema Terra-Lua, levaria a chamada era da informação ao colapso, uma vez que tudo que existe hoje — desde simples dados confidenciais das pessoas até os do sistema político e das nações, segredos da ciência e da tecnologia — seria severamente afetado.
Esse quadro acachapante é apenas um desdobramento hipotético, mesmo assim, nada impossível, considerando-se os desvarios humanos e as possibilidades desenvolvidas pela ciência atual. Acima de tudo, os humanos da atualidade ignoram com um sem-número de forças, energias, situações e descobertas mantidas longe do conhecimento público, de sorte que o mais comum dos cientistas jamais sonha que estejam sendo pesquisados, testados e descobertos determinados elementos. Em muitos desses casos, o homem ainda não adquiriu pleno domínio das forças que manipula. Pode-se dizer que, em média, tais fatos são levados a público, mesmo ao conhecimento de certas lideranças políticas e militares, somente após cerca de 20 anos de sua existência. Antes disso, jamais são veiculados na imprensa ou levados ao conhecimento das pessoas comuns.
Considerando esses pontos e tantos outros desconhecidos da população, mas sabidamente reconhecidos aqui, nesta dimensão da vida, onde os espíritos nos movemos e existimos, vibramos e vivemos, há grande número de fatores capazes de desencadear situações imprevisíveis que, mesmo hoje, representam ameaça ao sistema de equilíbrio ecológico do planeta.
Extrapole-se esse quadro ainda mais, para o âmbito cósmico, isto é, examinando-se a questão segundo a perspectiva do Sistema Solar. Imagine-se o mundo Terra severamente prejudicado em virtude da atuação de homens imprudentes, irresponsáveis — ou, por que não dizer, maus. Pouco importa se os moveriam o apetite desenfreado por ganho a qualquer preço, a cobiça por domínios sempre maiores ou a sede doentia de poder e de chances de refestelarem-se em seus braços. Tampouco seria determinante se, em vez de magnatas corrompidos ou déspotas e crápulas da cena política, os artífices do mal fossem cientistas inescrupulosos que se colocariam a serviço das forças da escuridão, ainda que incapazes de avaliar devidamente o grau de destruição que seus experimentos medonhos pudessem alcançar.
Caso a Terra sofra algo parecido — e isto é completamente possível na atual conjuntura — e, como consequência, afaste-se levemente de sua órbita, arrastando a Lua consigo, imagine-se o efeito devastador que semelhante fenômeno provocaria sobre a órbita dos planetas vizinhos. Aliás, é mesmo difícil imaginar tal situação. Entretanto, pode-se ter uma ideia aproximada ao se considerarem os efeitos causados pelo aniquilamento do então quinto planeta do Sistema Solar, há milhares de anos, quando uma catástrofe varreu até mesmo os vestígios de uma civilização inteira naquele orbe, perturbando o equilíbrio de dois planetas próximos.
Alvo de tempestades gravitacionais de enorme monta, a estrutura de um dos mundos — o quarto a partir do Sol — sofreu um grave e duradouro revés, a tal ponto que isso acarretou o extermínio de quase a totalidade de seus habitantes, não fosse o fato de que nesse mundo existia, além da física, uma civilização etérica pujante, que logrou sobreviver às energias catastróficas geradas em meio à ruína do orbe vizinho. Até hoje a estrutura puramente física desse mundo não corresponde àquela que existia nos tempos remotos. O tormento de mais de 4 bilhões de seres — sem se computar a população do quinto planeta, que foi impiedosamente consumida pelos eventos que marcaram o ocaso de sua civilização — chegou praticamente a provocar a extinção da vida dita material no planeta, que, bem mais tarde, viria a ser conhecido sob o nome de Marte.
A Terra, ela própria, ressentiu-se fortemente da hecatombe de proporções cósmicas ocorrida nas imediações do Sistema Solar. Assistiu-se à extinção de várias espécies em desenvolvimento na superfície do mundo, bem como a fenômenos drásticos de ordem climática. Terremotos, maremotos, furacões e tsunamis gigantescos marcaram o fim de diversas comunidades em evolução na superfície, além de acarretarem a diminuição de densidade na camada de ozônio. A inclinação do eixo planetário e a redistribuição das camadas de gelo, que soterraram diversas tecnologias deixadas na Terra pelos seres do espaço, foram algumas das consequências da destruição do quinto mundo.
Baseados em evidências históricas como essas, entre outras mais, é que os seres do espaço reunidos em Titã voltavam seus olhares para a Terra. Congregavam-se tanto aqueles comprometidos com princípios de segurança energética e física do Sistema Solar quanto aquelas raças que almejavam experimentar sua ciência e pesquisar novos campos de trabalho no planeta juvenil. Em meio à diversidade de características culturais e de interesses que se convergiam na direção do terceiro mundo, deu-se a conferência intergaláctica, que tinha como palco o gigante de Saturno. Discutiam-se com fervor o futuro e as estratégias que se pretendiam desenvolver em face da realidade terrena no fim dos anos de 1930 e no início da década seguinte, conforme registravam os calendários predominantemente adotados entre os homens.
— Nosso interesse é eminentemente científico. Desejamos apenas testar nossas teorias quanto à evolução dos seres que vivem nesse mundo. Trabalhamos com o intuito de conhecer suas emoções, isto é, compreender de que modo os humanos, como se referem a si mesmos, desenvolveram essa característica, que, em nossa raça, não somente não avaliamos como positiva como nunca a experimentamos, ao menos não no grau vivenciado pelos humanos da Terra. Portanto, repito, nosso interesse é estritamente científico.
— Mas, sendo algo tão científico, como afirma, em que aspecto se pode entender que as atividades pretendidas sejam benéficas para os próprios humanos? Será que sua pesquisa não interferirá no desenvolvimento da vida entre os homens do terceiro planeta? — perguntou um etherian, visivelmente interessado em compreender quais procedimentos aquela raça intentava realizar.
— Quanto a isso, não temos condições de responder, no entanto, precisamos investigar. Ocorre que, no passado remoto, alguns de nossos compatriotas se corporificaram no mundo em questão, de maneira que hoje é quase impossível detectarmos onde se encontram, a tal ponto estão integrados à estrutura social do planeta. Se tal integração se deu com migrantes, não poderá acontecer outra vez na época em que vivemos, em nossa realidade atual? Precisamos investigar para saber que medidas podemos tomar caso se verifique novamente essa miscigenação, ou até mesmo para descobrir demais causas envolvidas.
— Com efeito, meu caro, em dado momento, quase todas as raças aqui reunidas, durante a aproximação com esse mundo — mas não apenas com ele —, envolveram-se com a vida na superfície e acabaram se integrando ao terceiro mundo em maior ou menor medida. Porém, isso ocorre em todos os âmbitos da vida no espaço. Interessa-me é saber quais recursos utilizarão para as pesquisas. Entenda — acentuou o etherian —, não me cabe impedir que conduzam experiências, mas acredito que os humanos não podem ser tratados como cobaias de laboratório, até porque, todos sabemos, já desenvolveram alguma tecnologia, mesmo que rudimentar; já são capazes de aplicar certas leis