E quem mora no morro?
De Abílio Silva
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Sobre este e-book
A família do seu Alberto é meio louca; ele e seus familiares vivem num lugar muito colorido e divertido, no qual música e comida boa não faltam. O samba e o pagode são os motores daquela casa. Ali, família vai muito além de pai, mãe e filhos; o sangue é o que menos importa, pois o amor e a alegria prevalecem. Aos trancos e barrancos, eles não deixam que a vida os leve, mas levam a vida sem medo de ser felizes. As tristezas também existem e são reais, mas ninguém na casa de seu Alberto está interessado na tristeza, por mais que ela persista em querer ficar; quem tem lugar cativo ali é a alegria.
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E quem mora no morro? - Abílio Silva
É FAVELA
Sexta-feira, cinco e meia da manhã, a ladeira escorregadia pelo orvalho da noite, que não consegue mais resistir ao dia empurrando o sol para o alto, acolhe dezenas de trabalhadores. Quase todas as mulheres deixam seus filhos em casa, ainda sonhando com o último dia de trabalho na semana. A agitação no Morro do Bafo Quente começa. As crianças, que repousavam seus corpos cansados de jogar bola e brincar nos becos, vão para a escola com os bolsos carregados de cartas de animes japoneses. A dedicação desses alunos no jogo deixará, mais tarde, as professoras de cabelos em pé, porque eles não se concentrarão nos exercícios de matemática, mas nos duelos de cartas, na esperança sempre fervorosa de derrotar o oponente mais poderoso, com o medo tênue de perder o próprio patrimônio.
Dona Neide, ou Neidinha, como é conhecida no Morro, é uma das mulheres que deixou a família em casa para a jornada de trabalho numa casa de grã-finos, num bairro de classe média alta da cidade. A alegria expressada em seu sorriso, mesmo tão cedo, chega a parecer loucura para muitos. Essa menina tem alegria no sangue, puxou a mim
, assim dizia sua mãe, Dona Carmem, que foi encontrada morta há três anos com um sorriso congelado no rosto. Morreu de repente, deitada no sofá, e o sorriso daquele momento acompanhou a defunta ao caixão. O zum-zum sobre o sorriso da falecida no salão de velórios Passos da Saudade é lembrado até hoje.
Já que tocamos no assunto da alegria embriagante de Neidinha, o melhor é explicar o porquê de essa sexta-feira ser tão importante. A família dela está organizando o maior pagode do ano em homenagem a seu Alberto. Vamos entender como é a família de Neidinha. Todo mundo mora junto: o sogro, seu Alberto, teve três filhos no primeiro casamento: Jair, Jairo e Jaime. O j foi uma homenagem aos Jackson Five, ídolos da falecida esposa, nos anos 1960. Do segundo casamento, nasceram cinco filhas: Keila, Karina, Karla, Katarina e Karolina. Os nomes se devem ao gosto do patriarca pela letra K; gosto, segundo ele, sem motivação específica.
Neidinha é nora de seu Alberto. Ela ama o sogro de paixão, talvez por ter perdido o pai muito cedo e ter se casado com Jair quando tinha apenas quinze anos. O sogro a trata como filha, e ela o defende até debaixo d’água. É tão verdade que um dia, quando a família foi à piscina, o velhinho ia se afogando, e Neidinha foi quem se jogou para salvá-lo.
A casa da família é um emaranhado de cômodos, janelas e portas construídos aleatoriamente uns sobre os outros. Aparentemente, estamos diante de uma grande confusão de cores, já que cada parede ganhou uma cor diferente, e cada porta, um formato díspar. Há janelas nos lugares das portas ou portas que levam a espaços vazios, onde deveria haver pequenas sacadas. Para alguém que não vive ali, tudo pode parecer muito bagunçado; contudo, cada pedacinho daquela casa foi feito, e continua crescendo, com a contribuição de cada pessoa que ali vive. A neta mais nova de seu Alberto tem certeza absoluta de que ali é um castelo de um rei muito importante, e ela é a princesa desse reino. Não há quem discorde e ponto.
Não se encontra noutro bairro da cidade lugar mais animado, com espírito de família e união mais aflorado que o Morro do Bafo Quente.