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Laços Que Unem: Saga Obsessão
Laços Que Unem: Saga Obsessão
Laços Que Unem: Saga Obsessão
E-book189 páginas2 horas

Laços Que Unem: Saga Obsessão

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Sobre este e-book

Santuário é uma grande e isolada estância de férias escondida no topo de uma montanha privada. Angel Hart cresceu no Resort familiar sempre protegida do mundo real. Cercada pelos três homens que mais adorava, até que o divórcio de seus pais a levou para longe deles, Angel levou uma vida protegida e privilegiada. Dois anos depois, ela chega em casa para uma visita trazendo seu novo namorado. De repente, Angel se vê objeto do afeto de várias pessoas e eles não têm intenção de deixá-la sair do Santuário novamente. Obsessões secretas se transformam em um jogo mortal de posse, quando os homens que a amam passam a ser as pessoas mais perigosas da montanha.

PUBLISHER: TEKTIME
IdiomaPortuguês
EditoraTektime
Data de lançamento2 de abr. de 2019
ISBN9788893983549

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    Laços Que Unem - Amy Blankenship

    CAPÍTULO 1 – O SANTUÁRIO

    Angel Hart olhou pelo espesso vidro da janela, querendo encolher-se face à altura em que o helicóptero estava quando voou em direção ao Resort onde ela tinha crescido.  Ela morria de amores por este lugar! Mas preferia muito mais vê-lo do chão. Voar era a sua única fobia e era o que tinha feito nas últimas dez horas.

    Soprando o cabelo dos olhos, olhou para o irmão, Tristian, perguntando-se o que o tinha possuído para se encontrar no aeroporto com eles, sabendo que teria de voltar para casa de helicóptero. 

    Ela tinha a certeza que Tristian odiava voar mais ainda do que ela. No momento, podia vê-lo enviando textos no celular para alguém para manter a mente ocupada. Talvez tivesse enfrentado seu medo porque fazia quase dois anos que não se viam, mesmo falando ao telefone e enviando mensagens um ao outro quase todos os dias. Ela não fez muita questão de saber por que o havia feito, pois tê-lo ali com ela bastava para acalmá-la e estava grata por isso.

    Para fugir do barulho do helicóptero, Angel deixou a mente divagar pelos últimos dois anos. Quando seus pais se divorciaram, o pai dela a tinha levado para a Califórnia, e Tristian tinha sido obrigado a ficar no Santuário com a mãe deles. Visto que era muito longe para ir de carro e eles não gostavam de voar, somente por causa da distância não tinham se visitado.

    Ela não havia percebido quantas saudades tinha de Tristian até vê-lo parado no aeroporto sozinho. Ele estava encostado na parede em frente da porta por onde tinham passado. Assim que se viram, ela correu até ele e foi recebida com os braços abertos.

    Era seu irmão mais velho! Tristian sempre fora a primeira pessoa com quem ela falava de manhã e a última que via antes de fechar os olhos e adormecer. Ao crescerem, tinham até convencido os pais que sofriam de sonambulismo porque se levantavam no meio da noite para adormecerem na cama um do outro.

    A mãe deles tinha tentado acabar com aquilo quando ficaram um pouco mais velhos trancando as portas dos quartos à noite. Angel cerrou os lábios lembrando o que a mãe deles tinha dito da última vez que os tinha apanhado dormindo nos braços um do outro.

    É pecado, a forma como vocês se comportam! Vocês agem mais como amantes do que como irmão e irmã. O tom de voz de Lily Hart tinha mudado de amor de mãe para repugnância.

    Tristian rapidamente encontrara uma forma de contornar as fechaduras estúpidas. Tinha cortado um pouco da parede atrás de seu closet para que pudesse entrar facilmente nos pequenos corredores que acompanhavam as paredes do hotel em que viviam. Tinha feito o mesmo na parede dela e todas as noites esgueirava-se para seu quarto e dormiam juntos, preparando o despertador para que não fossem apanhados.

    Ele dissera-lhe que a mãe deles é que era pervertida por pensar que a relação entre eles era indecente e repugnante. Tinha até realçado que todos da mesma família dormiam e tomavam banho juntos em alguns países, e que em outros, era perfeitamente normal o casamento entre irmãos. Tristian a convencera que era a mãe a pecadora ao tentar afastá-los um do outro.

    Há muito tempo Angel tinha decidido manter seus segredos com Tristian. Eram assuntos deles e de mais ninguém; confiava nele.

    Tristian não tinha mudado muito desde que ela o vira pela última vez. Ainda mantinha sua aparência jovem e inocente. Entretanto, ao mesmo tempo conseguia ver mudanças que não tinha visto acontecerem. Seu cabelo louro tinha escurecido um pouco na raiz, madeixas de louro platinado e pontas ruivas ficavam-lhe muito bem com seu bronze suave e olhos verdes.

    Sorriu pensando que ele se integraria bem com os surfistas da Califórnia, graças ao seu penteado alternativo. Era quase todo do mesmo comprimento tirando a parte que caía sobre um dos olhos, bem além do queixo. Também conseguia ver o couro preto do colar com a cruz perto do colarinho, que ela lhe tinha enviado no Natal.

    No entanto, sentiu que era ela quem tinha mudado mais. Quando deixara o Santuário tinha apenas dezesseis anos. Depois de estar com Tristian, Hunter, e Ray quase todos os dias da sua vida, tinha se sentido muito perdida e sozinha em Los Angeles. Ela nunca tinha nem ao menos visitado uma escola de verdade, porque a avó deles tinha sempre contratado explicadores privados para ensiná-los em casa.

    Ir para o ensino médio em Los Angeles tinha sido um grande choque cultural. Foi quando percebeu que embora sua família tivesse tanto dinheiro, tinha permitido que a iludissem completamente quanto ao que era normal. Conheceu então Ashton Fox. Todas as vezes que saía da casa do pai, Ashton estava lá, ou aparecia sempre onde quer que ela estivesse.  Como se fosse destino. Ele devolveu-lhe o sorriso rapidamente e começou a mostrar-lhe todo um novo mundo.

    Angel cometeu o erro de olhar novamente pela janela assim que passaram por um vale profundo, e isso a fez sentir como se estivessem voando mais alto ainda.

    Apertou a mão de Ashton com mais força, decidindo olhar para ele e não para a vista vertiginosa. Os seus olhos de um azul gelado riam-se do seu nervosismo, mas ela não se importava, não ligava mesmo. Estava quase feliz por ele não a ter ouvido quando tentou impedi-lo de segui-la até ao Santuário durante o fim de semana.

    Usando o pequeno comunicador feito nos seus auriculares perguntou. Ash, alguma vez você já andou de helicóptero? Parece-me que está muito à vontade.

    Não, mas estou gostando muito, Ashton sorriu-lhe. Sua família é um pouco excêntrica, não é mesmo? Mandaram um helicóptero para nos buscar no aeroporto enquanto uma limusine traz nossa bagagem. E eu achava que minha família era rica... Levantou as sobrancelhas tentando faze-la rir.

    Ele sabia que ela estava nervosa pela forma como lhe apertava a mão até ao ponto de lhe cortar a circulação. A vulnerabilidade dela só o encantou ainda mais. Não era nem um pouco como as vadias de Los Angeles que ele tinha namorado. Os seus pensamentos perderam-se quando a voz do irmão dela soou pelo comunicador.

    É sempre assim, Tristian olhou para a irmã sabendo que ela concordava.

    Eles tinham visto os adultos da família Hart jogarem esse jogo estúpido a vida inteira.  Na família Hart um sempre tem que superar o outro. O fato de a nossa avó ser dona do helicóptero e de todo o Santuário é sua pequena vitória sobre os três filhos e sobre o mundo. Murmurou a última parte com um pouco mais de sarcasmo.

    Já chega, Tristian! Malcolm Hart fez um olhar desapontado para o filho e virou-se para Felícia, sua mais recente namorada. Ele decidiu tomar conta do comunicador durante o resto da viagem para que seu filho não tivesse a oportunidade de dizer mais nada que denegrisse a família perante os convidados.

    Sorriu para a bonita ruiva com quem tinha começado a namorar havia apenas duas semanas. Ele a seduzira usando só dinheiro, apenas para que pudesse trazê-la e exibi-la à Lily, sua ex-mulher. Ela fora quem insistira no divórcio, então ele ia esfregá-la ferozmente no seu nariz.

    Assumindo a pose de guia turístico, Malcolm apontou pela janela vendo que estavam quase lá.  O resort é ali; logo depois daquela subida chega-se ao Santuário, local bem conhecido pelas suas famosas capelas para casamentos e suítes nupciais. Malcolm sorriu para Felícia de forma matreira. Ele sabia que se continuasse nutrindo suas esperanças ela desempenharia muito bem seu papel frente à Lily.

    Como o cume da montanha é praticamente raso, este sítio tem tudo o que se pode imaginar, inclusive um SPA, um lago enorme, piscina no interior e exterior, entre outras coisas. Somos donos de 50 quilômetros aproximadamente em todas as direções e registramos a terra como reserva de caça para que ninguém possa construir alguma coisa lá e estragar essa beleza. Só existe uma estrada em direção à montanha e o portão de baixo mantém os intrusos de fora.

    Puxa, tudo é fabuloso, guinchou Felícia numa voz carente.

    E no fundo da montanha existe uma reserva de índios apache, continuou ele, a maioria dos funcionários do resort é apache. Os olhos de Malcolm vidraram-se com lembranças das belas moças que os seus pais tinham contratado da reserva. Os seus anos de adolescente tinham sido algo que ele não trocaria por nada do mundo. Índios verdadeiros?. Felícia pestanejou e lançou-lhe um ar assustado, inclinando-se em direção a ele por proteção. Ela teve muita sorte quando um homem mais velho e tão rico se engraçara por ela. Se jogasse bem as cartas, nunca mais teria de trabalhar.

    Quantos anos você tem? Cinco?. Tristian esticou-se e desligou seu comunicador, sentindo-se maldisposto ─ e não era da viagem de helicóptero.

    Ele massageou as têmporas, irritado com a dor de cabeça que sentia aparecer. Ultimamente tinha perdido toda a tolerância com pessoas estúpidas. Levando a mão ao bolso, tirou seu cantil do álcool ─ só que nele não havia álcool. Era um remédio indígena para dor de cabeça que seu amigo Hunter lhe tinha preparado e que costumava funcionar em poucos minutos. Só esperava que fosse forte o suficiente para livrá-lo daquela dor causada por este helicóptero estúpido e pelo seu pai.

    Ele sabia o que seu pai planejava. Felícia tinha vinte e poucos anos e parecia mais um troféu do pai do que sua namorada. Eram momentos assim que o deixavam feliz por não viver com o pai.

    Ainda assim, toda aquela situação o irritava profundamente. A culpa dos pais não se darem bem não era de Angel. Ora, por que então ela teve de sair de casa? O divórcio tinha-o deixado muito chateado quando descobriu que o juiz tinha decidido que cada um ficaria com um filho. Desde que Angel tinha tido dezesseis e ele dezessete tinham ficado separados contra a vontade.

    Se ele soubesse o que sabia agora, nunca teria deixado aquilo acontecer. Por ele não ter sido esperto o suficiente para impedir, ficou quase dois anos sem ver Angel e foi por isso que cometera o erro de se encontrar com ela hoje no aeroporto. Tinha imensa saudades dela.

    Os cantos da sua boca deixaram transparecer um sorriso perverso lembrando que o mesmo juiz estúpido que o tinha separado da sua irmã tinha sido morto num acidente horrível dois dias depois de Angel ter sido forçada a mudar-se. Tristian afastou o pensamento quando olhou de volta para a irmã. Até então, tinham vivido no Santuário.

    De todos os sete netos, ele e Angel eram os preferidos da avó Hart e as coisas no Santuário tinham-se tornado muito melhores depois do avô deles ter caído das escadas e partido o pescoço três anos antes.

    Os olhos de Tristian endureceram-se com a lembrança. Não tinham chorado uma única lágrima quando aconteceu, porque nem ele nem Angel conseguiam suportar o velho. John Hart tinha sido tão mau que metia medo. Sempre a olhar para eles e a ofendê-los quando pensava que ninguém estava ouvindo. Ao crescerem, ele e a irmã tinham imaginado um jogo que consistia em evitar o avô deles a todo o custo.

    John Hart sempre fora pior para ele, pois não o tratava da mesma forma que aos outros netos. Tristian bloqueou as lembranças, teimosamente decidindo que o velho não valia a pena o esforço cerebral que estava lhe dedicando.

    O seu olhar viajou da irmã para o namorado dela, Ashton Fox. Foi a primeira vez que soube que ela tinha um namorado. Tristian manteve a expressão impassível enquanto olhava para o calouro da universidade. Segundo toda a informação que tinha coletado, ele parecia aceitável. Odiava isso, pois queria que Angel voltasse para o Santuário e isso não aconteceria se ela estivesse gostando de sua vida na Califórnia.

    Ashton Fox tinha vinte anos, mas ia fazer vinte e um esta semana. Como se ele quisesse saber. Talvez lhe preparasse uma grande festa de aniversário e o deixasse embebedar-se tanto que ele vomitasse para cima de Angel. Talvez isso ajudasse a romper os seus laços o suficiente para que ela voltasse para casa. Se não, tinha a certeza que ele, Hunter e Ray conseguiriam pensar em alguma coisa.

    Tristian continuou pensando em mais razões para não gostar de Ashton. Ele até tinha pedido ao seu tio Robert, que era advogado, para fazer uma investigação minuciosa sobre o passado dele.  Robert Hart tinha confirmado que ele vinha de uma família com dinheiro, mas não tanto quanto o que eles tinham. Ainda assim, Tristian tinha de admitir que era o suficiente para impedir que ele quisesse namorar com a irmã só pelo dinheiro.

    Descobriu, no entanto, que Ashton Fox tinha um cadastro criminal de algum gênero, mas estava selado. Robert tinha dito que provavelmente era algo menor, como conduzir embriagado na adolescência. Ashton também era estudante de medicina, apesar de parecer mais um anúncio ambulante do jeans Calvin Klein, com seu cabelo louro platinado, pele bronzeada e olhos de um azul gelado.

    Tristian fez uma careta ao pensar que se Ashton e Angel tivessem idades mais próximas podiam quase ser gêmeos, a não ser pelo fato de o cabelo de Angel ser mais comprido. Mesmo agora, estavam os dois a fazer aquela coisa de sorrir um para o outro o que já estava começando a irritá-lo. Tristian afundou-se no seu lugar e decidiu olhar pela janela.

    Ele grunhiu silenciosamente perguntando-se qual visão era pior.

    *****

    Isabel Hart pousou a sua chávena quando ouviu o helicóptero à distância. Ela quis correr para a janela para vê-los chegar, mas aguentou-se sabendo que tinha um papel a desempenhar este fim de semana, o da frágil avó que precisava da família em casa.

    Ela tinha tido um ligeiro ataque cardíaco recentemente, o que tinha sido suficiente para convencer Malcolm e Angel a voltarem, ainda que fosse só durante o feriado do dia da independência. Quase fez a experiência assustadora valer a pena. Ela tinha até fechado o Resort a pessoas de fora e combinado com Tristian deixar os empregados folgar o fim de semana para que

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