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O Processo Eletrônico como Política Pública de E-governo no Contexto da Crise do Judiciário
O Processo Eletrônico como Política Pública de E-governo no Contexto da Crise do Judiciário
O Processo Eletrônico como Política Pública de E-governo no Contexto da Crise do Judiciário
E-book143 páginas1 hora

O Processo Eletrônico como Política Pública de E-governo no Contexto da Crise do Judiciário

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Sobre este e-book

Este livro tem por objetivo analisar o processo eletrônico, instituído pela Lei nº 11.419/2006, como política pública de E-Governo no contexto da crise do Judiciário, focado na facilitação do acesso à justiça, redução da burocracia interna dos tribunais e automatização da gestão dos processos, fatores estes voltados a combater a morosidade, sendo crucial para reduzir o volume do acervo processual existente. Desde 2009, o Conselho Nacional de Justiça estabeleceu, entre as metas de nivelamento, implantar o processo eletrônico em parcela de suas unidades judiciárias, o que deu azo ao surgimento da primeira plataforma para tramitação on-line, mais conhecida como Projudi, tendo sido disseminada por todo o país, servindo como projeto piloto para novos sistemas no fortalecimento da prestação jurisdicional nessa modalidade. Por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação, o E-Governo tem possibilitado o compartilhamento de dados, contas públicas, bem como a prestação dos mais variados serviços públicos de maneira digital, garantindo o acesso aos cidadãos de forma simples e transparente. Nessa toada, aborda-se o processo eletrônico como política pública de E-Governo, dada a repercussão e as implicações que este tem causado na vida do cidadão, que se socorre ao Judiciário para garantia do exercício de seus direitos.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento3 de ago. de 2021
ISBN9786525205304
O Processo Eletrônico como Política Pública de E-governo no Contexto da Crise do Judiciário

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    O Processo Eletrônico como Política Pública de E-governo no Contexto da Crise do Judiciário - Mário Henrique de Souza

    CAPÍTULO 1. ANÁLISE DO E-GOVERNO COMO POLÍTICA PÚBLICA

    1.1 AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO E O E-GOV

    É indiscutível o fato de como as TICs operaram profundas mudanças na sociedade, produzindo-se a cada dia por meio da informática novas possibilidades na produção de bens, formas de consumo e acesso as mais diversas áreas de conhecimento.

    Para Aires José Rover¹ a tecnologia pode ser definida como todo instrumento artificial cuja função é de controle da natureza em contraposição ao mundo dos homens. Trata-se da possibilidade do uso de objetos não naturais com o intuito de aprimorar o ser humano no que tange ao corpo e aos sentidos.

    Hodiernamente o ser humano tem experimentado a evolução tecnológica com uma velocidade impensável, não havendo como refreá-la, pois se trata de um caminho sem volta, haja vista o surgimento intermitente de novas demandas sociais com o uso das TICs nas mais diversas áreas.

    Aduz Guilhermina Lobato Miranda quanto as TICs da seguinte forma:

    O termo Tecnologias da Informação e da Comunicação refere-se à conjugação da tecnologia computacional ou informática com a tecnologia das telecomunicações e tem na Internet e mais particularmente na World Wide Web (WWW) a sua mais forte expressão.²

    Assim, as TICs não se resumem à internet, mas englobam diversos meios e recursos computacionais destinados à geração de dados e redes de comunicação, as quais se traduzem em um sistema de informação organizado por pessoas, hardware, software, redes de comunicações e recursos de dados coletando, transformando e disseminando informações e auxiliando na comunicação entre pessoas ou organizações diversas.

    Pode-se entender, por fim, que a tecnologia da informação é um conjunto de recursos tecnológicos e computacionais, desde os voltados à elementar geração de dados, até os pertinentes a sofisticadas redes de comunicação, presentes nos processos de utilização da informação.

    A consolidação do modelo de gestão privada baseada nas TICs influenciou a vida social, v.g., ao assistir televisão, utilizar de serviços bancários on-line, efetuar compras via E-commerce, possibilitando, inclusive, tecnologias que permitiram nova roupagem da prestação de serviços educacionais, ou seja, a Educação a Distância (EAD)³.

    Diante disso, não pôde permanecer o Estado inerte ao avanço tecnológico, dada a necessidade da modernização da gestão pública e, por conseguinte, a busca pela eficiência tanto nos processos internos como nos serviços prestados aos cidadãos, tendo por instrumento o uso de inovações voltadas à criação, implementação e acompanhamento de políticas públicas.

    Assevera Maria do Céu Lopes quanto ao crescente interesse do Estado nas TICs como forma de redução das disparidades sócio regionais objetivando o crescimento econômico, sendo a produtividade, a inovação contínua e a mudança tecnológica os principais catalisadores locais do desenvolvimento econômico, e arremata:

    Capacidade tecnológica e desenvolvimento regional influenciam-se reciprocamente: a um padrão elevado espacial de adoção de novas tecnologias será de esperar que correspondam novas atividades inovadoras, originando novas estruturas territoriais, através da instalação de empresas mais avançadas ou da reestruturação das existentes, mais eficientes e competitivas.

    No Brasil há um movimento para que União, Estados e Municípios se empenhem cada vez mais no sentido que a administração pública faça uso das TICs como forma de que as atividades desenvolvidas sejam mais cristalinas, permitindo ao cidadão melhor acompanhamento da condução dos serviços governamentais.

    Isso pode ser visto no programa Brasil Transparente, criado pela Controladoria-Geral da União (CGU) pertinente ao acesso à informação ou em ações que visavam desburocratizar a máquina administrativa conforme o Decreto de 7 de março de 2017 que criou o Conselho Nacional para a Desburocratização, denominado Brasil Eficiente, o qual foi posteriormente revogado pelo Decreto nº 10.609, de 26 de janeiro de 2021, que instituiu a Política Nacional de Modernização do Estado e o Fórum Nacional de Modernização do Estado.

    Para que as demandas sociais oriundas das TICs tenham a efetiva atenção da administração pública, surge o E-Governo como infraestrutura capaz de compartilhar a informação por diversos entes públicos aplicado à gestão governamental de modo a apresentar maior transparência nos atos de gerenciamento aos cidadãos e assim estreitar a partição popular.

    Entende Aires José Rover o governo eletrônico em termos gerais como:

    [...] uma infraestrutura de rede compartilhada por diferentes órgãos públicos a partir da qual a gestão dos serviços públicos é realizada. A partir da otimização desses serviços o atendimento ao cidadão são realizados, visando atingir a sua universalidade, bem como ampliando a transparência das suas ações.

    O E-Governo ou governo eletrônico se baseia na possibilidade de proporcionar ao cidadão melhores condições de fiscalizar, acompanhar e utilizar com maior amplitude as atividades executadas pela administração pública, tendo por norte a utilização das TICs, ou seja, a utilização da tecnologia na melhoria dos serviços públicos e no acompanhamento das ações de governo.

    Trata-se da implementação de medidas destinadas à consecução da melhoria da eficiência na gestão pública no que tange à utilização dos recursos, evitando assim o desperdício, podendo o cidadão acompanhar de forma aberta a prestação de contas como ferramenta contra a corrupção por meio de um controle social direto via TICs.

    O E-Governo possui duas frentes de atuação, sendo a primeira baseada na instrumentalidade da administração do Estado, voltada à prestação dos serviços públicos, seja pelo poder Executivo, Legislativo ou Judiciário. Já a segunda se dá como meio organizacional do conhecimento, visando a redução da burocracia, facilitando a execução de tarefas humanas.

    Com base no entendimento supra, pode-se afirmar que os princípios basilares da administração pública constantes no caput do art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88), sejam verdadeiramente observados por todos os entes federativos, dando sentido concreto à norma abstrata.

    Nesse ínterim dispõe o art. 37 da Carta Magna que a administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

    No mesmo sentido a CRFB/88 já trazia no rol de direitos e garantias fundamentais a atenção ao acesso à informação e a ideia de publicidade por parte da administração pública⁶.

    A proposta tecnológica de acesso aos cidadãos das práticas administrativas através do governo eletrônico, como visto, possibilita que os princípios constitucionais apontados obtenham efetividade, pois, além de funcionar como meio facilitador à informação de maneira eficiente, é também indiscutível forma de fomentar o exercício de práticas de governança, gerando mudanças nas ações do Estado com uma massiva participação democrática.

    Dessa forma, a concepção de E-Governo não se restringe à utilização da tecnologia da informação no âmbito da administração pública, mas vai ao encontro da necessidade de uma gestão moderna e eficaz, sendo a transparência o divisor de águas para que a sociedade se utilize de tal ferramenta para o controle da qualidade das práticas administrativas.

    Com a popularização da Internet e o surgimento de novas tecnologias da comunicação, propiciou-se ao Estado a alteração dos sistemas tradicionais, os quais seriam convertidos para sistemas com interface Web que levaram à idealização do governo eletrônico, o qual favoreceria a administração no aumento de arrecadação, melhoria dos processos internos e na oferta de informações à sociedade, bem como no aprimoramento e oferta de serviços aos cidadãos e organizações em geral.

    Para Andréa Campos Gomes Fernandes⁷ o E-Governo ingressou nas agendas governamentais com grande visibilidade e ensejou a discussão sobre seu sentido e as implicações para as experiências da reforma administrativa.

    Deve-se atentar que, a implantação do E-Governo se traduz em robusta política pública⁸, a qual pode ser entendida nas palavras de Celina Souza como:

    [...] o campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, colocar o governo em ação e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente). A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real.

    Deste modo, o uso de tais tecnologias não se perfaz em questão meramente gerencial, mas sim em verdadeira necessidade diante da complexidade da estrutura administrativa, exigindo a facilitação do acesso a serviços, documentos e deslocamento a repartições públicas, visando maior produtividade e redução do tempo despendido com tais demandas.

    Isso pode ser visto no Portal Dialoga Brasil do Governo Federal, o qual foi criado com o intuito da participação digital do cidadão, sendo possível na referida plataforma enviar sugestões e conhecer as principais ações do governo. A referida plataforma apresenta 14

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