Celebridade mortal
De J. D. Robb
4/5
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Sobre este e-book
A tenente Eve Dallas se sente em pânico, apesar de não estar em nenhuma cena de crime. Obrigada a participar de um jantar cheio de celebridades para festejar o lançamento de um filme baseado no seu caso mais famoso, ela se vê rodeada de atores e atrizes que são muito parecidos com todos que estão à sua volta na vida real. Até que um assassinato ocorre durante o jantar.
A detestável atriz que vive nas telas o papel de Peabody, parceira de Eve na vida real, é encontrada morta, flutuando de bruços, na piscina da mansão. Eve decide interrogar os suspeitos imediatamente, antes que eles deixem o local, e acaba descobrindo que seria difícil encontrar alguém que não tivesse um motivo para cometer o crime.
Na sequência, um detetive particular também é morto e uma gravação comprometedora desaparece, tudo isso em meio às filmagens de uma produção extremamente cara. Eve precisa lutar para manter a objetividade e a mente afiada, a fim de parar uma celebridade que, além de assassinar as pessoas, se mostra extremamente fria e calculista.
Celebridade Mortal é o 34° volume da série Mortal de J.D. Robb, pseudônimo da célebre Nora Roberts. Mortal, que já vendeu mais de 400mil exemplares no Brasil, é considerada a série policial mais bem-sucedida do mundo.
** Os livros da série Mortal podem ser lidos cronologicamente ou em qualquer ordem, já que contam histórias independentes e que não necessitam da leitura do volume anterior para sua compreensão. **
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Celebração Mortal Nota: 5 de 5 estrelas5/5Cálculo mortal Nota: 5 de 5 estrelas5/5Ilusão mortal Nota: 5 de 5 estrelas5/5Prazer mortal Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLigação mortal Nota: 5 de 5 estrelas5/5Fantasia mortal Nota: 4 de 5 estrelas4/5
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Celebridade mortal - J. D. Robb
J. D. ROBB
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CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Robb, J. D., 1950-
R545c
Celebridade mortal [recurso eletrônico] / Nora Roberts escrevendo como J. D. Robb ; tradução Renato Motta. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Bertrand Brasil, 2021.
recurso digital
Tradução de: Celebrity in death
Formato: epub
Requisitos do sistema: adobe digital editions
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-65-5838-068-9 (recurso eletrônico)
1. Ficção americana. 2. Livros eletrônicos. I. Motta, Renato. II. Título.
21-73277
CDD: 813
CDU: 82-3(73)
Meri Gleice Rodrigues de Souza - Bibliotecária - CRB-7/6439
Copyright © 2012 by Nora Roberts
Proibida a exportação para Portugal, Angola e Moçambique.
Texto revisado segundo o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
2021
Produzido no Brasil
Todos os direitos reservados. Não é permitida a reprodução total ou parcial desta obra, por quaisquer meios, sem a prévia autorização por escrito da Editora.
Direitos exclusivos de publicação em língua portuguesa somente para o Brasil
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Ir da fama à infâmia é muito comum.
— THOMAS FULLER
A sede pelo poder e pelo domínio dos outros
inflama o coração mais que qualquer outra paixão.
— TACITUS
Sumário
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Capítulo Treze
Capítulo Quatorze
Capítulo Quinze
Capítulo Dezesseis
Capítulo Dezessete
Capítulo Dezoito
Capítulo Dezenove
Capítulo Vinte
Capítulo Vinte e Um
Capítulo Vinte e Dois
Capítulo Vinte e Três
Capítulo Um
Com frustração e certo pesar, ela estudava a cena do crime. Jazia na sala silenciosa, sobre o sofá da cor de um bom merlot, com o sangue do coração manchando a camisa cinza-claro sob o parafuso prateado de um bisturi. Os olhos dela, monótonos e sombrios, analisavam o corpo, a sala, a bandeja de frutas e queijos habilmente posta na mesa baixa.
— De perto de novo. — Seu tom, como seus olhos, era todo policial enquanto ela endireitava seu corpo longo e esguio. — Ele está deitado. Desativou o androide e programou o sistema de segurança da casa para NÃO INCOMODAR. Mas está deitado aqui e não se preocupou com alguém entrando, se inclinando sobre ele. Tranquilizantes talvez. Vamos verificar no exame toxicológico, mas não acho que seja isso. Ele a conhecia. Não temeu por sua vida quando ela entrou na sala.
Ela foi até a porta. No corredor do lado de fora, a bela loura estava sentada no chão, a cabeça entre as mãos, com a recém-chegada detetive robusta sorrindo maliciosamente ao seu lado.
E ela se levantou, emoldurada pela porta, com o assassinato atrás dela.
— E corta! Essa é a tomada do clímax.
Ao sinal do diretor, a área — decorada como o home office do falecido Wilford B. Icove Junior — virou uma colmeia de som e movimento.
A tenente Eve Dallas, que já estivera naquele home office olhando para um cadáver que — ao contrário deste — não se sentou e coçou a bunda, sentiu a estranha impressão de déjà-vu se estilhaçar.
— Isso é demais ou não é? — Ao lado dela, Peabody fez uma dancinha contida, levantando e abaixando os saltos de suas botas de caubói cor-de-rosa. — Estamos em um set de filmagem de verdade, assistindo a nós mesmas. E estamos ótimas.
— É estranho.
Mais estranho ainda, pensou Eve, é observar a si mesma — ou uma imitação relativamente fiel — vindo em sua direção com um sorriso largo e feliz.
Ela não sorria daquele jeito, sorria? Isso seria mais estranho ainda.
— Tenente Dallas, que bom que conseguiu vir até o set! Estava doida pra te conhecer. — A atriz estendeu a mão.
Eve já tinha visto Marlo Durn, mas como uma loura queimada de sol e de olhos verde-escuros. O cabelo castanho, curto e picotado, os olhos castanhos, até mesmo a covinha rasa no queixo igual à dela, deixaram Eve aflita.
— Você também, detetive Peabody!
Marlo entregou o longo casaco de couro que tinha usado na cena — uma peça gêmea da que o marido de Eve tinha dado a ela durante a investigação de Icove — para alguém do figurino.
— Sou uma grande fã, srta. Durn. Vi tudo que você fez.
— Marlo — disse ela a Peabody. — Somos parceiras afinal. E então, o que acharam? — Ela fez um gesto para o set de filmagem, e uma aliança idêntica à de Eve reluziu no dedo de Marlo. — Estamos perto?
— Está ótimo — disse Eve. Como uma cena de crime com um monte de gente circulando em volta, pensou.
— Roundtree, o diretor, quer autenticidade. — Marlo acenou com a cabeça na direção do homem robusto curvado em frente a um monitor. — E o que ele quer ele consegue. É só um dos motivos pelos quais ele insistiu que filmássemos tudo em Nova York. Espero que vocês tenham tido tempo de olhar tudo, de realmente ter uma noção das coisas. Eu quis esse papel no minuto em que fiquei sabendo do projeto, antes mesmo de ler o livro de Nadine Furst. E vocês, vocês duas, viveram isso. Agora estou tagarelando.
Ela soltou uma risada fácil e rápida.
— Pense numa grande fã. Já faz meses que estou imersa em tudo sobre Eve Dallas. Dei até alguns passeios de carro com dois detetives quando nem mesmo Roundtree conseguiu mudar sua opinião ou a do seu comandante para que deixassem que K. T. e eu andássemos com vocês duas. E... — Ela continuou antes que Eve pudesse responder. — Depois que mergulhei de cabeça nisso, entendi completamente por que vocês não deixaram.
— Ok.
— E tagarelando de novo. K. T.! Vem aqui conhecer a verdadeira detetive Peabody.
A atriz, concentrada em uma conversa com Roundtree, olhou de relance. Fúria surgiu em seus olhos antes de ela abrir o que Eve presumiu ser o sorriso-de-conhecer-pessoas dela.
— Que legal! — K. T. trocou apertos de mão e inspecionou Peabody rapidamente. — Está deixando seu cabelo crescer.
— Sim. Mais ou menos. Te vi esses dias em Teardrop
. Você estava totalmente magnífica!
— Vou roubar Dallas por alguns minutos. — Marlo enganchou o braço no de Eve. — Vamos tomar um café — disse ela, puxando Eve para longe do set da cena do crime, passando pelo cenário do segundo andar da casa de Icove. — Os produtores organizaram para que eu recebesse a mesma marca que você bebe, e agora estou viciada. Pedi à minha assistente que preparasse um pouco para nós no meu trailer.
— Você não está trabalhando?
— Muito do trabalho é esperar. Acho que essa é uma semelhança com o trabalho da polícia.
Movendo-se rapidamente com suas botas, calças gastas e uma arma falsa — Eve presumiu — em um coldre de ombro, Marlo indicou o caminho pelo estúdio, passando por cenários, equipamentos e grupos de pessoas.
Eve parou em frente à réplica da sua sala de ocorrências. Mesas — desordenadas —, o quadro do caso que a transportou de volta para o último outono, as baias de trabalho, o chão arranhado.
A única coisa que faltava era os policiais — e o cheiro de açúcar refinado, café ruim e suor.
— Isso está certo?
— Está. Um pouco maior, eu acho.
— Não vai parecer que é maior na tela. Eles reproduziram seu escritório, no mesmo layout, para poderem filmar a mim ou a quem estiver passando por essa área, entrando ou saindo. Você quer ver?
Elas continuaram caminhando, passando pela parede falsa e por uma área aberta que Eve supôs que também não fosse aparecer na tela, até chegarem a um modelo quase perfeito de seu escritório na Central de Polícia; tinha até a janela estreita. Mas esta tinha uma vista para o estúdio em vez de Nova York.
— Eles vão usar CGI na vista. Prédios, tráfego aéreo... — explicou Marlo quando Eve se aproximou para olhar do lado de fora. — Já gravei algumas cenas aqui, e fizemos a cena da sala de conferências, onde você explica a conspiração: Icove, Unilab, Academia Brookhollow. Aquilo foi intenso. O diálogo veio direto do livro, que nos disseram que ficou muito parecido com o registro verdadeiro. Nadine fez um trabalho brilhante ao mesclar a realidade com um enredo viciante. Embora eu ache que a realidade foi viciante. Eu te admiro muito.
Surpresa, levemente desconfortável, Eve se virou.
— O que você faz, todos os dias — continuou Marlo —, é muito importante. Eu sou boa no meu trabalho. Sou boa pra caramba e sinto que o que eu faço é importante. Não importante tipo descobrir-uma-rede-de-clonagem-mundial, mas sem arte, histórias e as pessoas que dão vida a essas histórias, o mundo seria um lugar menor e mais triste.
— Com certeza.
— Quando comecei a pesquisar esse papel, percebi que em nenhum outro trabalho eu quis tanto fazer jus a alguém. Não só por causa do potencial de ganhar um Oscar, por mais que o homem brilhoso de ouro fosse ficar ótimo em cima da minha lareira, mas porque é importante. Sei que você só viu uma cena, mas espero que me diga se tinha qualquer coisa ali que não soasse verdadeiro ou não parecesse certo pra você.
— Me pareceu certo, sim. — Eve encolheu os ombros. — A questão é que... É estranho, acho que um pouco desnorteante, ver alguém sendo você, fazendo o que você fez, dizendo o que você disse. Então, já que pareceu estranho e desnorteante, deve estar certo.
O sorriso de Marlo se ampliou. E não, pensou Eve, ela com certeza não sorria daquele jeito.
— Isso é bom então!
— E isso. — Eve deu uma volta pelo cenário do escritório. — Sinto como se eu precisasse me sentar e cuidar de alguma papelada.
— Carmandy ficaria emocionada se ouvisse isso. Ela é a cenógrafa-chefe. Vamos tomar aquele café. Eles vão precisar que eu volte para o set daqui a pouco.
Marlo fez um gesto enquanto elas saíam para a luz do sol de outubro de 2060.
— Se formos por esse lado, você vai ver alguns cenários da casa de Roarke/Dallas. É espetacular. Preston, nosso assistente de direção, já te avisou que eles iam querer algumas fotos para divulgação enquanto você e Peabody estiverem aqui no set? Valerie Xaviar, essa é a nossa assessora de imprensa, está cuidando disso. Ela comanda tudo.
— Foi mencionado.
Marlo sorriu de novo, fez uma massagem leve e rápida no braço de Eve.
— Sei que é algo que você não escolheria fazer, mas será uma ótima divulgação para o filme. E deixaria o elenco e a equipe felizes. Espero que consigam ir ao jantar hoje à noite. Você e Roarke.
— Estamos planejando ir, sim. — Não conseguimos escapar dessa, pensou Eve.
Marlo soltou uma risada e deu uma olhada fugaz em Eve.
— E você gostaria que tivesse um caso importante para que pudesse faltar ao jantar.
— Acho que você é boa no seu trabalho.
— Vai ser mais divertido do que você pensa. O que não é muito difícil já que você acha que vai ser uma tortura.
— Colocou escuta no meu escritório?
— Não, mas gosto de pensar que escuto seus pensamentos. — Marlo tocou sua têmpora. — Então sei que vai se divertir muito mais do que pensa. E você vai amar Julian. Ele acertou em cheio no Roarke: o sotaque, a linguagem corporal, aquela impressão indefinível de poder e sexo. Além disso, ele é lindo, engraçado, charmoso. Adorei trabalhar com ele. Está trabalhando em algum caso agora?
— Acabamos de encerrar um alguns dias atrás.
— O caso Whitwood Center, pelo menos é como a imprensa o chama. Como eu disse, mergulhei de cabeça. Ainda assim... Mesmo quando não está trabalhando em algum caso em andamento, está supervisionando outras investigações, depondo em tribunais, consultando os policiais e os detetives da sua divisão. São muitas tarefas. Lidar com...
Marlo parou quando o comunicador de Eve tocou.
— Dallas falando.
Emergência para a tenente Eve Dallas. Procure o policial na esquina da Rua 12 West com a Third. Possível homicídio.
— Entendido. Dallas e detetive Delia Peabody a caminho. — Ela desligou, fez um sinal para Peabody. — Pegamos mais um. Me encontre na viatura.
Depois de guardar o aparelho no bolso, ela olhou para Marlo.
— Desculpe.
— Não, tudo bem. Surgiu um novo caso, logo quando estávamos aqui. Deve ser uma pergunta boba, mas como você se sente quando te ligam e dizem que alguém está morto?
— Sinto que é hora de ir trabalhar. Escute. Obrigada por me apresentar o lugar.
— Tem muito mais para ver. A Big Bang Productions basicamente construiu o Dallas World aqui no Chelsea Piers. Vamos filmar por mais duas semanas, pelo menos. Provavelmente três. Talvez você consiga voltar.
— Talvez. Preciso ir. Te vejo hoje à noite, se o trabalho permitir.
— Boa sorte.
Eve contornou o estacionamento VIP até sua viatura. Ela não ficou feliz por alguém ter morrido — mas, se a pessoa ia morrer de qualquer forma, ela não ficou infeliz de ter pegado um caso antes da ridícula sessão de fotos. Achou Marlo Durn agradável, talvez um pouco intensa, mas agradável, inteligente, e não uma idiota. Mas ela tinha que admitir que foi um pouco inquietante ficar olhando para alguém que se parecia tanto com ela. Ainda mais estando em um ambiente que se parece tanto com o que costuma frequentar.
Dallas World.
Hã.
— Quem diria que pegaríamos um caso... — Peabody apressou-se. — Isso foi divertido! E Preston, Preston Stykes, o diretor-assistente, disse que eu posso fazer uma ponta! Eles vão gravar algumas cenas na rua no próximo fim de semana, e eu vou ser uma pedestre, com um close-up e talvez até uma fala. Aposto que vou ficar com uma espinha. — Ela passou a mão no rosto, verificando. — Sempre aparece uma espinha quando a gente tem um close-up.
— Eu já tive um monte... de close-ups, não de espinhas. Não quero saber sobre as suas espinhas.
— Vai ser o meu primeiro. — Ela se acomodou no banco do carona enquanto Eve ficou ao volante. — E hoje à noite vamos curtir com os ricaços. Vou jantar com estrelas do cinema, com celebridades, em uma casa luxuosa na Park Avenue do diretor mais badalado de Hollywood, vou conhecer o produtor mais poderoso, respeitado... e criador da Big Bang Productions. — Peabody parou de procurar por possíveis espinhas e colocou a mão na barriga. — Acho que estou meio enjoada.
— Então já pode vomitar no banheiro luxuoso do diretor mais badalado de Hollywood.
— Ele estava procurando por você, o Roundtree. Estava quase mandando um funcionário atrás de você.
— Eu estava tendo a experiência surreal de mostrar a mim mesma meu escritório e a sala de ocorrências.
— Ai! A minha mesa. Eu poderia ter me sentado à minha mesa. Eu poderia ter me sentado à sua mesa.
— Não.
— É um cenário.
— Mesmo assim, não.
— Que má. A outra você é legal. Posso chamá-la de Marlo. A outra eu é meio cobra.
— Viu? Te estereotiparam.
— Que engraçado, rá-rá. Sério, ela conversou comigo por uns trinta segundos e depois me dispensou. E sabe o que ela disse?
— Como posso saber se eu não estava lá?
— Vou te contar então. — Franzindo o cenho para o para-brisa, Peabody colocou seus óculos escuros com lente colorida. — Ela disse que, se o livro de Nadine foi uma descrição precisa, ela sugere que eu faça um curso de autoconfiança. Senão, nunca serei mais do que uma subordinada, ou uma ajudante, na melhor das hipóteses. E que, com a minha atitude submissa, eu nunca vou estar no comando.
Eve sentiu uma forte pressão na nuca. Sua parceira tinha sido confiante o suficiente para dar início à investigação e à queda de uma quadrilha de policiais corruptos.*
— Ela não é meio cobra. Ela é essencialmente uma cobra inteira. E você não é uma subordinada.
— É isso aí. Sou sua parceira, e, tudo bem, você é minha tenente, mas isso não faz de mim uma subordinada puxa-saco com atitude submissa.
— Cumprir ordens em situações de vulnerabilidade não é ser submissa, é ser uma boa policial. E você tem sacadas inteligentes na maior parte do tempo.
— Obrigada. Não gostei muito de mim.
— Eu não gosto nada de você. Nem a outra eu.
— Agora fiquei confusa.
— Marlo e K. T. não gostam muito uma da outra. Dá pra perceber quando as câmeras não estão focando nelas. Quando o diretor gritou corta
, elas seguiram caminhos diferentes, não se falaram nem se olharam até Marlo chamar K. T. para conhecer você.
— Acho que fiquei deslumbrada com Hollywood, porque não reparei. Mas você tem razão. Deve ser difícil trabalhar com alguém tão de perto e ter que fingir que gosta e respeita essa pessoa quando não é verdade.
— É por isso que eles chamam de atuação.
— Mesmo assim... Ah, e acho que a outra eu tem uma bunda maior.
— Não há dúvidas sobre isso.
— Sério?
— Peabody, eu não olhei de fato para a bunda dela, e raramente preciso olhar para a sua. Mas estou disposta a dizer que a bunda dela é maior se isso te deixa feliz e faz com que possamos parar de falar do povo de Hollywood.
— Ok, mas só mais uma coisa. A outra eu também é uma puta de uma mentirosa. Ela me disse que precisava se preparar para a próxima cena, mas, quando peguei um atalho onde os trailers ficam para ir até o estacionamento VIP, eu a vi. E, cara, eu a ouvi. Batendo à porta de um dos trailers, gritando: Sei que você está aí dentro, seu desgraçado! Abra a porra dessa porta!
Assim mesmo.
— No trailer de quem?
— Não sei, mas ela estava puta e não se importou se alguém ia ouvir porque tinha gente da equipe passando por ali.
— É como eu sempre disse. Você é uma vaca, com um temperamento desagradável e sem classe nenhuma.
Peabody suspirou e sorriu.
— Mas não uma subordinada.
— Agora que resolvemos isso — disse Eve, parando atrás de uma viatura —, talvez possamos dar uma olhada nesse cadáver.
— Uma visita a um set de filmagem, um cadáver e um jantar com celebridades. Realmente, um ótimo dia.
Não para Cecil Silcock.
O dia dele acabou cedo sobre os ladrilhos de oncinha de sua cozinha extravagante. Ele estava estirado ali, o sangue do ferimento na cabeça escorrendo como um rio e formando um lago sobre o piso dourado com pintas pretas. Isso fez o chão parecer um pouco com um animal ferido letalmente, na opinião de Eve.
Cecil, sem dúvida, foi ferido letalmente. O sangue também encharcava o roupão de caxemira branco e fino que ele tinha vestido em algum momento antes de sua cabeça ter feito contato com um objeto sem ponta e um pouco pesado e, depois, com o piso de estampa patética. Pelo corte na testa, Eve imaginou que Cecil também teve contato com a beirada da ilha preta da cozinha, de superfície dourada.
O restante da cozinha, as salas de jantar e de estar, o quarto principal, o quarto de hóspedes e o banheiro estavam impecáveis, os acessórios e a organização pareciam de uma loja de decoração de luxo.
— Nenhum sinal de arrombamento. — O policial na porta informou à Eve. — O marido da vítima está ali naquele quarto. Ele diz que estava fora da cidade nos últimos dois dias, chegou em casa cedo, era pra ter voltado só à tarde, e encontrou o corpo.
— Onde está a mala dele?
— No quarto.
— Vamos ver as filmagens de segurança.
— O marido disse que o sistema estava desligado quando ele chegou. Ele alega que a vítima se esquecia com frequência de programá-lo.
— Encontre o painel de controle deles, verifique mesmo assim. — Eve jogou o Seal-It de volta em seu kit de trabalho e agachou-se ao lado do corpo. — Vamos confirmar a identidade, conseguir a hora da morte, Peabody. Ele levou um golpe forte aqui, na lateral esquerda da cabeça, sobre a têmpora, na órbita do olho. Algo largo, pesado e plano.
— Vítima confirmada como Cecil Silcock, cinquenta e seis anos, residente deste endereço. Casado com Paul Havertoe há quatro anos. Ele é o dono e quem toca a Good Times, ou Bons Momentos, uma empresa de organização de eventos.
— Sem mais bons momentos para ele. — Apoiada nos calcanhares, Eve olhou ao redor. — Nenhum arrombamento. E o lugar parece que foi limpo e arrumado por um exército de fadas. Ele está usando uma aliança com um diamante enorme, aposto que é de platina. Roubo é um motivo improvável aqui. As joias... Além disso, consigo ver vários eletrônicos top de linha e fáceis de carregar.
— Hora da morte: dez e trinta e seis. Vestido desse jeito, nenhum arrombamento, ele certamente conhecia o assassino. Ele deixou o assassino entrar, andou até aqui, talvez para fazer um café ou algo assim. Uma pancada, e Cecil Bons Momentos não existe mais.
— Pode ter sido exatamente assim. Ou pode ser que, vestido desse jeito, Cecil estivesse acompanhado enquanto seu marido estava fora da cidade, e iremos confirmar esse estar-fora-da-cidade. Ele vai preparar um ótimo café da manhã, e sua companhia o golpeia. Ou seu marido retorna, descobre que Cecil não tem sido um bom menino e o golpeia.
O policial voltou.
— O sistema de segurança está desativado há vinte e oito horas, tenente. Não temos nada da noite passada ou desta manhã.
— Ok. Comece a bater às portas. Vamos ver se alguém viu alguma coisa.
Colocando os micro-óculos, Eve fez um estudo meticuloso do corpo.
— Cecil está tão limpo quanto a casa. Cheira a limão. — Ela inclinou seu rosto sobre o do morto, deu mais uma fungada. — Mas tem um pouco de café aqui também. Tomou um banho e uma xícara antes do golpe. Sem feridas defensivas visíveis ou qualquer outro trauma. Leva o golpe, cai, batendo na beirada da ilha aqui, e então leva outro golpe, na outra têmpora, já no chão. É estranho, não é?
— É?
— Tudo estar tão limpo, tão arrumado.
— A vítima era organizada?
— Talvez. Provavelmente. — Eve tirou os óculos, se levantou. — Não tem nenhum AutoChef. Que tipo de lugar é esse? — Ela deu uma olhada na geladeira. — Tudo bem fresco aqui, e brilhante de tão limpo. — Ela começou a abrir armários e gavetas. — Muitas panelas, frigideiras, eletrodomésticos, louças combinando, taças de vinho, blá, blá... — Ela pegou uma frigideira grande e pesada. Larga e com o fundo plano. — Isso aqui é pesado.
— Ah, minha avó tem uma dessas. De ferro fundido. Ela jura que é, herdou da avó dela.
Eve estudou a frigideira, agachou-se de novo, óculos no rosto, para analisar a ferida na lateral da cabeça de Cecil. Pegando outra ferramenta do kit, ela tirou uma rápida medida. Acenou com a cabeça.
— Aposto que foi isso. Lacre-a e a etiquete para os peritos. Vamos ver se há algo de Cecil aqui. Então, Cecil está acompanhado, ou recebe uma companhia, e eles vêm até aqui, atrás da ilha da cozinha. Mas não há sinal de terem cozinhado, e, já que não tem um AutoChef, como em qualquer outra cozinha civilizada do mundo que conhecemos, ele teve que usar uma panela, utensílios. E quanto ao café?
— Tem um tipo de máquina de café expresso ali. Você coloca os grãos inteiros ali dentro, água, e ela mói e passa o café.
— Mas está limpa e vazia.
— Talvez ele não tenha tido tempo de preparar o café antes do golpe.
— Ã-rã. Tem um toque de café no hálito dele. Ele não veio simplesmente até aqui com o assassino e foi atingido por um objeto pesado. Estou apostando que a frigideira de ferro fundido seja a arma do crime. Se ele pegou isso, onde estão as outras coisas? Seja lá o que ele ia usar para cozinhar? Se ele está discutindo com alguém, estaria pensando em café da manhã? Por que o assassino não deixa a arma do crime do lado de fora ou a leva com ele? Em vez disso, ele a lava e guarda no que parece ser o lugar mais apropriado.
— Se você está indo tomar café da manhã, qual é a primeira coisa que faz?
— O café — disse Peabody.
— Todo mundo passa o café, e Cecil me diz que ele fez exatamente isso. Mas não tem nenhum café feito, nenhuma xícara ou caneca.
Lábios franzidos, olhos escaneando, Peabody tentava enxergar como Eve enxergava.
— Talvez ele ou eles já tivessem comido e limpado tudo. E depois tiveram a discussão.
— Pode ser, mas, se foi isso, a frigideira ainda estaria à mão para o golpe? Tudo está devidamente guardado, mas isso ficou ao alcance das mãos? Por que isso? — Ela ergueu a frigideira, agora lacrada. — A oportunidade fez a arma. Fique bravo, pegue, golpeie. Você não ia abrir a gaveta, tirá-la da pilha, selecionar a arma e depois golpear.
Peabody ligou os pontos.
— Você acha que o marido fez isso, depois limpou tudo, e depois chamou a polícia.
— Me pergunto como Havertoe chegou em casa. Está na hora de batermos um papo.
Eve liberou o policial sentado ao lado de Havertoe para juntar-se ao interrogatório. Assim como a cozinha, o quarto principal poderia ser um anúncio da Stylish Urban Home. Desde as lustrosas colunas prateadas da cama e o dossel de estampa de zebra — com sua pilha cuidadosamente arrumada de travesseiros pretos e brancos —, o brilho do espelho das cômodas, as estranhas linhas angulares dos quadros, até o vaso sinuoso com uma única flor vermelha espinhosa que, aos olhos de Eve, parecia esconder dentes afiados e finos como agulhas sob suas pétalas.
Na sala de estar, em frente às amplas portas da varanda, Paul Havertoe estava encolhido em um sofá de encosto prateado e almofadas vermelhas e segurava com firmeza um lenço ensopado.
Eve julgou que ele fosse uns vinte anos mais novo que o cônjuge morto. Seu rosto liso e bonito exibia uma tonalidade queimada de sol que realçava bem suas mechas luxuosas em seus cabelos cor de mel. Ele estava com uma calça jeans rasgada e estonada e uma camisa branca impecável sobre um corpo que Eve presumiu ter sido conquistado à base de muita academia.
Os olhos dele, quando olharam para cima nos de Eve, estavam da cor de uma ameixa e inchados de tanto chorar.
— Sou a tenente Dallas, e esta é a detetive Peabody. Sinto muito pela sua perda, sr. Havertoe.
— Cecil está morto.
Sob a crueza das lágrimas, Eve captou vestígios de melaço e magnólia.
— Sei que é um momento difícil, mas precisamos lhe fazer algumas perguntas.
— Porque Cecil está morto.
— Sim. Estamos gravando isso, sr. Havertoe, para sua proteção. E vou ler seus direitos, para que você fique a par de tudo. Ok?
— Isso é necessário?
— É melhor que seja feito. Vamos fazer isso da forma mais rápida possível. Existe alguém com quem você gostaria que entrássemos em contato, um amigo ou parente, antes de começarmos?
— Eu... Eu não consigo pensar.
— Bem, se pensar em alguém que gostaria que estivesse aqui, nós iremos providenciar. — Ela se sentou diante dele, leu em voz alta a Lei de Miranda. — Você entendeu todos os seus direitos e deveres?
— Entendi.
— Ok, ótimo. Você estava fora da cidade?
— Chicago. Um cliente. Somos organizadores de eventos. Cheguei hoje de manhã, e...
— Você voltou de Chicago esta manhã. A que horas?
— Acho que... por volta das onze. Era pra eu chegar só às quatro ou depois, mas consegui terminar mais cedo. Quis fazer uma surpresa para Cecil.
— Então trocou seu voo e seu serviço de transporte?
— Sim, sim, isso mesmo. Consegui uma viagem para um horário mais cedo e combinei que me pegassem antes. Para surpreender Cecil. — Soluçando de tanto chorar, ele pressionou o lenço úmido no rosto.
— Você sofreu um choque terrível, eu sei. Que serviço de transporte foi esse, sr. Havertoe? Só para registro.
— Nós sempre usamos o Delux.
— Ok. E, quando você chegou em casa — continuou Eve enquanto Peabody saía em silêncio do cômodo —, o que aconteceu?
— Eu entrei e trouxe minha mala até aqui, mas Cecil não estava no quarto.
— Ele deveria estar em casa àquela hora do dia?
— Ele tinha planejado trabalhar de casa hoje. Um cliente vai vir aqui hoje à tarde. Eu devia ligar para ele. — Havertoe olhou ao redor da sala com os olhos cheios de lágrimas. — Eu devia...
— Vamos ajudá-lo com isso. O que você fez em seguida?
— Eu... Eu o chamei... Hmmm... Como costumo fazer. E achei que ele devia estar no escritório. Fica depois da cozinha, com uma vista para o quintal, porque ele gosta de ficar olhando para o nosso pequeno jardim enquanto trabalha. E eu o vi no chão. Eu o vi, e ele estava morto.
— Você tocou em algo? Alguma coisa na cozinha?
— Toquei em Cecil. Peguei a mão dele. Ele estava morto.
— Conhece alguém que queria machucar Cecil?
— Não. Não. Todo mundo ama Cecil. — De um jeito teatral, ele apertou o lenço ensopado em cima de seu coração. — Eu amo Cecil.
— Quem você acha que ele deixaria entrar estando só de roupão?
— Eu... — Havertoe lutou para firmar seus lábios trêmulos. — Eu acho que Cecil estava tendo um caso. Acho que ele andava saindo com alguém.
— Por que pensa isso?
— Ele chegou em casa atrasado algumas vezes, e... havia sinais.
— Você o confrontou sobre isso?
— Ele negou.
— Vocês discutiram?
— Todo casal discute. Nós éramos felizes. Fazíamos um ao outro feliz.
— Mas ele estava tendo um caso.
— Uma aventura. — Havertoe enxugou os olhos. — Não ia durar muito tempo. Quem quer que ele estivesse namorando deve tê-lo matado.
— Com quem você acha que ele estava saindo?
— Não sei. Um cliente? Alguém que ele conheceu em um dos nossos eventos? Nós conhecemos muita gente. Existe uma tentação constante de se desviar do caminho.
— Vocês têm uma casa impressionante, sr. Havertoe.
— Temos muito orgulho dela. Recebemos convidados com frequência. É isso que a gente faz. É uma boa promoção para os negócios.
— Acho que foi por isso que você limpou a cozinha — comentou Eve, com a maior naturalidade, enquanto Peabody voltava. — Não queria que as pessoas vissem a bagunça.
— Eu... O quê?
— Cecil estava preparando o café da manhã quando você chegou, mais cedo do que ele esperava? Ou já tinha terminado? Havia sinais de que ele não tinha estado sozinho? Te traindo enquanto você estava viajando. Ele era um menino muito mau.
— Ele está morto. Você não deveria falar dele desse jeito.
— A que horas você chegou em casa mesmo?
— Eu disse... Eu acho... Umas onze.
— Que estranho, sr. Havertoe — disse Peabody. — Porque seu voo pousou às oito e quarenta e cinco.
— Eu... Eu tive que resolver umas coisas...
— E o motorista do Delux o deixou aqui na porta às nove e dez.
— Eu... dei uma volta.
— Com a sua mala? — Eve inclinou a cabeça. — Não, você não deu. Você chegou às nove e dez, e você e Cecil começaram a brigar enquanto você, um de vocês ou os dois, fazia café e preparava algo. Você quis saber com quem ele esteve enquanto você estava em Chicago. Você quis que ele parasse de te trair. Vocês discutiram, você pegou a frigideira de ferro fundido e o atingiu. Você estava com tanta raiva. Depois de tudo que você fez por ele, e ele não conseguia ser fiel. Quem poderia te culpar por perder a cabeça? Não foi sua intenção matá-lo, não é, Paul? Você só foi pra cima dele... Magoado e com raiva.
— Eu não fiz isso. Vocês estão enganadas quanto à hora. É isso.
— Não, é você que está enganado. Você chegou em casa mais cedo. Achou que poderia pegá-lo com alguém?
— Não, não, não foi assim. Eu queria surpreendê-lo. Queria que as coisas fossem como eram antes. Preparei o brunch favorito dele! Mimosas com suco de tangerina, café com avelã e ovos beneditinos com torrada francesa de framboesa.
— Você teve bastante trabalho.
— Cozinhei tudo e pus a mesa com a louça de porcelana favorita dele.
— E ele nem agradeceu. Todo o tempo e esforço que você dedicou, só para fazer algo especial para ele, e ele nem agradeceu.
— Eu... E então eu fui dar uma volta. Fui dar uma volta, e, quando voltei, ele estava morto.
— Não, Paul. Vocês discutiram, e você o atingiu. Foi como um reflexo. Você estava tão bravo, tão magoado, simplesmente pegou a frigideira e o acertou. E então era tarde demais. Então você limpou a cozinha, guardou tudo. — Enquanto ele estava ali, morto no chão, Eve pensou. — Você lavou a frigideira de ferro fundido. — Com o sangue dele na base. — Você deixou tudo limpo e organizado de novo, exatamente do jeito que ele gostava.
— Eu não quis fazer isso! Foi um acidente.
— Ok.
— Ele disse que queria o divórcio. Eu fiz tudo por ele. Cuidei dele. Ele disse que eu o estava sufocando, e que ele não me aguentava mais fuçando as coisas dele, olhando sua agenda e ligando para ele o tempo inteiro. Ele estava cansado disso. De mim. Eu fiz um brunch para ele, e ele queria o divórcio.
— Dureza — comentou Eve.
* Ver Corrupção Mortal. (N. do T.)
Capítulo Dois
Com Havertoe acusado e fichado, os relatórios arquivados e o caso concluído, Eve não conseguiu arranjar uma desculpa para se livrar do jantar com os figurões de Hollywood.
Bem que tentou.
Intrometeu-se nos casos em andamento de seus detetives, torcendo para conseguir uma pista que exigisse sua atenção imediata e pessoal. Quando isso falhou, ela pensou em pegar aleatoriamente um caso não resolvido para estudar. Mas ninguém ia considerar isso uma emergência, principalmente com Peabody na cola dela.
— O que você vai usar hoje à noite? — quis saber Peabody.
— Não sei. Algo que cubra a nudez.
— Longo ou curto?
— Longo ou curto o quê?
— O vestido. Curto, mostrando muita perna. Você tem essas pernas aí, então você pode. Ou longo e elegante, porque você é magra e pode fazer isso.
Eve demorou a ler o relatório que o detetive Baxter havia entregado. Ler três vezes é apenas ser meticulosa.
— Você está passando muito tempo pensando no meu corpo.
— Pensamentos sobre o seu corpo me assombram noite e dia. Mas sério, Dallas, você vai sexy ou recatada? Elegante ou ousada?
— Talvez recatada, sexy, um pouco ousada e elegante. Seja lá o que diabos isso signifique. — Sem pressa alguma, Eve assinou o relatório de Baxter. — E por que diabos você se importa com o que vou vestir?
— Porque tenho duas opções principais pra mim e, quando eu souber em que direção você vai, vou conseguir me decidir melhor. Um deles mostra bem as meninas, mas, se você for mais recatada, acho que não vou colocá-las pra jogo. Então...
Genuinamente perplexa, Eve girou em sua cadeira.
— Você acha mesmo que vou te ajudar a decidir se vai ou não mostrar os peitos no jantar?
— Deixa pra lá. Vou perguntar pra Mavis.
— Beleza. Agora, por que você e suas famosas meninas estão no meu escritório?
— Porque o expediente está quase acabando e você está tentando dar uma desculpa, procurando um motivo para que possa escapar da festa.
— Estou mesmo.
Peabody abriu a boca e depois riu.
— Qual é, Dallas, vai ser divertido! Nadine vai estar lá, e Mavis, e Mira. Quantas oportunidades a gente tem de ir a festas de gente famosa?
— Espero que essa seja a última. Pegue suas meninas e vá pra casa.
— Sério? Ainda faltam dez minutos para o fim do expediente.
E as chances de aparecer algo bom em dez minutos não eram boas.
— Quem é a chefe? — perguntou Eve.
— Você, senhora. Obrigada! Te vejo hoje à noite.
Com poucas opções depois que Peabody saiu em disparada, Eve assinou outro