Proteção à Testemunha: Romance Policial
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Sobre este e-book
DMorje Dayla Assuky
Amo desenhar e escrever, transbordar todo o meu ser.
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Proteção à Testemunha - DMorje Dayla Assuky
Capítulo 01 – Uma visita perturbadora
Era uma noite calma, um pouco fria, mas confortável. Como de costume, eu estava deitada em minha cama lendo um de meus livros favoritos enquanto tomava, aos pequenos goles, um chá saboroso de erva-doce o qual espalhava seu delicado aroma pelo ar. Ao virar delicadamente a próxima página do livro sob a tranquilidade que me cercava, ouço uma batida forte na porta, uma batida insistente que me assustou, de modo que eu senti o coração palpitar com grande velocidade. Fixei os olhos na porta do quarto. Mesmo que de forma bem evidente, a batida não vinha desta porta, mas da porta da sala no andar de baixo.
As batidas se intensificaram. Resolvi me apressar para descer e ver quem chamava tão decididamente. Coloquei sobre a camisola de algodão branca um roupão felpudo num roxo escuro e misterioso, não tanto quanto a surpresa que tive ao abrir a porta e me deparar com um rosto familiar, mas descorado, perturbado por alguma causa que era de total desconhecida por mim. Mal abri a porta e Alicia precipitou-se para dentro como se fugisse de algo assombroso, sentou-se no sofá e olhava em volta como que sendo observada, com terror absoluto e corpo trêmulo. Fiquei nervosa com a situação, mas não consegui abrir minha boca em nenhuma frase ou palavra sequer, estava perplexa. Nunca eu havia visto Alicia desta forma, assumo que não sabia o que perguntar e que o medo dela vinha sobre mim assim como um vento forte de chuva.
Assustada, fechei a porta e todas as trancas que tinham. Mordia os lábios de aflição, fiquei por alguns segundos paralisada me apoiando com as costas na porta. Gradualmente, voltei a mim, voltei a sentir a respiração que parecia ter cessado. Pensei comigo: Que besteira! Ficar tão nervosa sem nem saber o motivo!
– mesmo assim, de forma instintiva me levei à janela e abri uma pequena fresta da cortina pela qual observei se lá fora alguém nos vigiava ou se havia algum prenúncio de problemas. Olhei em cada canto do jardim, passei os olhos lentamente em todo o parâmetro possível de ser visto pela janela. Mas nada, nem uma alma sequer. Suspirei aliviada, no entanto, eu não sei dizer o que esperava encontrar quando aturdida olhei detalhadamente o jardim, não sei mesmo. Felizmente nada de anormal se encontrava lá fora, parecia que a paz havia voltado à minha casa se não fosse a face desfigurada e trêmula da criatura que eu nem sei dizer se realmente conhecia.
Decidi me acalmar e tentar fazer com que Alicia se acalmasse também. Eu não vou perguntar nada por agora, não vou deixá-la pior do que já está
– pensava comigo mesma ao subir para meu quarto. Em pouco tempo voltei à sala com uma coberta de um lado do braço enquanto segurava a xícara de chá frio do outro. Coloquei a coberta sobre Alicia que estava tão gelada quanto uma defunta, ao tocar em seu braço me arrepiou a coluna. Segui andando até a cozinha, tendo pequenos tremores gélidos pelo corpo. Parecia a premonição de algo realmente horrendo. Voltei a esquentar no fogão o bule com o restante do chá, coloquei um pouco na minha xícara e outro tanto numa outra xícara destinada a minha amiga ausente de espírito.
Voltando à sala me abaixei e olhei Alicia nos olhos esticando-lhe a xícara de chá, o vapor passava-lhe no rosto, o que provavelmente deve tê-la acordado de seus devaneios sombrios. Ela apenas esticou a mão e pegou a xícara, levando-a lentamente até a boca de forma tão automática que acabou por se queimar. Soltou no mesmo instante a xícara no chão, espatifando-a em vários pedaços e causando grande barulho. Finalmente Alicia começou a falar palavras trêmulas, falhadas e rouca com uma pressa e desorganização de pensamentos que atropelavam a lógica e compreensão.
– Mari, desculpa! Quebrei sua xícara, desculpa... – um mar de lágrimas escorreu por seu rosto e soluços acompanhavam o desespero, eu abracei-a e encostei meu rosto no dela, senti que pelo menos as lágrimas eram quentes, algo ainda vivia naquela alma pálida. Alicia chorava muito, soltei-lhe os cabelos loiros longos e encaracolados que caiam sobre suas costas como um manto dourado. Passei as mãos neste cabelo macio como a mãe que acalenta um filho, assim ela foi se acalmando até que as lágrimas cessaram, seu corpo estava novamente aquecido e em sua face um rosa desbotado. Suspiros seguiram-se de suspiros.
– Amiga, obrigada por me acolher – Alicia finalmente conseguia falar mais firme e presente – desculpa por vir a esta hora da noite, pelo susto, pelo escândalo e pela sua xícara quebrada...
– Imagina Alicia, é apenas uma xícara. Fico feliz de que esteja melhor. Realmente fiquei preocupada.
– Só não sei se vou ficar bem por muito tempo. Não sei quanto me sobra de vida.
Levantei-me como se tivesse visto a morte e seu punhal ao lado da moça e com olhos arregalados de boca aberta fitei-a, me espantava a sua fala que possuía grande certeza e conformidade.
– Não fale assim! Por que morreria? – indaguei.
– É melhor você não saber, Mari. Não seria bom para você.
– Mas é claro que devo saber! Como vou te ajudar se ficar me escondendo o seu problema? Não é assim que a amizade funciona.
– Você já me ajudou muito abrindo a porta da sua casa e me acalmando, não quero que tenha o mesmo destino miserável que terei.
– Pare de falar em códigos! Me explique o que está acontecendo. Por favor, eu preciso saber... – com grande suspiro, Alicia decide contar seus medos.
– Mari, você lembra que eu sempre lhe contava estar conhecendo um homem charmoso, elegante e de dinheiro?
– Claro que lembro! Você falava com muita animação.
– Sim, odiosa animação que me levou ao atual estado em que estou. Pois este homem tão maravilhoso não é ninguém menos do que O governador...
– Quê! – eu não sabia mais o que pensar de tão surpresa que fiquei ao ouvir estas palavras – Mas como assim o governador, ele é casado!
– Eu sei... mas me deixei envolver e por fim, estou grávida, grávida de dois meses...
– Mas Alicia, como você se deixou seduzir por um homem casado?!
– Quando o conheci num clube da alta sociedade fiquei impressionada com seu charme, elegância e modos. Ele me fazia sentir única. Era uma sensação agradável e desejável. Não pude evitar que esse romance florescesse dentro de mim. Mas tudo desabou assim que lhe contei estar grávida.
– E como foi?
– Como foi? – sua voz soava como um choro, um lamento profundo – Foi uma guerra mundial! Aquele homem belíssimo, fino e bondoso se tornou o demônio! Gritava comigo em minha própria casa como se eu fosse um cão sarnento... foi horrível! Muito humilhante.
– Ele não tem esse direito! Ainda mais na sua casa. E o que ficou resolvido?
Alicia olhou de canto de olho para a parede e se abraçou encolhendo-se mais ao sofá. Depois da minha insistência no olhar, ela continuou.
– Resolvido? ... Qual a melhor forma de se resolver uma gravidez indesejada?
– Não, Alicia! Você não está pensando em matar essa criança, ela não tem culpa da imprudência de adultos!
– Não Mari! Eu não seria capaz. Você bem sabe disso!
– Então? Como fica?
– Quero criar essa criança, mesmo que seja sozinha... mas...
– Mas...?
– Dr. Lauro Prophiro, ou melhor, conhecido como: O governador
disse que se eu não tirasse esse bebê, ele mesmo o faria!
Um grande nojo e