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Cultura, Natureza e Produção: A Carpintaria Naval Artesanal em Raposa-MA
Cultura, Natureza e Produção: A Carpintaria Naval Artesanal em Raposa-MA
Cultura, Natureza e Produção: A Carpintaria Naval Artesanal em Raposa-MA
E-book232 páginas2 horas

Cultura, Natureza e Produção: A Carpintaria Naval Artesanal em Raposa-MA

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Sobre este e-book

Esta obra, Cultura, natureza e produção: a carpintaria naval artesanal de Raposa-MA, vem guiar as atenções para a carpintaria naval artesanal brasileira, modo de subsistência de muitas famílias, cuja estreita relação com o meio ambiente, suas normas de proteção e a tradição formam um tripé capaz de impactar o desenvolvimento social local. A autora tece um olhar por meio do etnoconhecimento para o gerenciamento dos recursos naturais e seu diálogo com os carpinteiros selecionados para representar a classe da região, sem olvidar de ouvir representantes de órgãos ambientais. Subsidiada pelos conceitos de grandes pesquisadores, conduz o leitor a uma incursão na labuta de seus artesãos navais na busca de recursos para seu ofício, a valorização de seus saberes e a construção de suas identidades. De linguagem didática, concisa e envolvente, vem agregar conhecimento e elementos aos temas meio-ambiente e Amazônia Legal, vertentes de expressão no cenário atual.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de mar. de 2023
ISBN9786525041360
Cultura, Natureza e Produção: A Carpintaria Naval Artesanal em Raposa-MA

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    Pré-visualização do livro

    Cultura, Natureza e Produção - Raíssa Musarra

    7372_Ra_ssa_Moreira_Lima_capa_16x23-01.jpg

    Sumário

    1

    INTRODUÇÃO

    2

    TRABALHADORES DA CARPINTARIA NAVAL ARTESANAL

    2.1 CARACTERIZAÇÃO DOS ATORES SOCIAIS

    2.1.1 Apresentação dos carpinteiros navais interlocutores da pesquisa

    2.1.1.1 Waldy Araújo

    2.1.1.2 José Ribeiro

    2.1.1.3 Anselmo Góes

    2.1.1.4 Diego Vieira

    2.1.1.5 Cristina Siqueira

    2.1.1.6 Carlos Magalhães

    2.1.1.7 Davi Martins

    2.1.1.8 Roberto Leite

    2.2 BREVE LEITURA DE VARIAÇÕES E APROXIMAÇÕES

    2.3 A DINÂMICA DA CADEIA DE VALOR

    2.3.1 Quanto a créditos e financiamentos

    2.3.2 Quanto ao design

    2.3.3 Quanto à comercialização

    2.3.4 Quanto à entrega do produto

    2.3.5 Quanto à concorrência e demanda

    3

    O FAZER ARTESÃO, A TRADIÇÃO

    3.1 ETNOCONHECIMENTO E ETNOMATEMÁTICA

    3.2 DISCUSSÃO A PARTIR DA CATEGORIA POPULAÇÃO TRADICIONAL

    4

    O MUNICÍPIO DE RAPOSA NO CONTEXTO DA CARPINTARIA NAVAL ARTESANAL

    4.1 APRESENTAÇÃO DO MUNICÍPIO

    4.2 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL RELACIONADA

    4.3 PARADIGMAS E REPRESENTAÇÕES DE NATUREZA

    4.4 USOS SOCIAIS DAS EMBARCAÇÕES ARTESANAIS NAS ATIVIDADES LOCAIS

    5

    NATUREZA E USOS SOCIAIS NA PRODUÇÃO LOCAL

    5.1 USOS SOCIAIS E TÉCNICAS DE OBTENÇÃO DA MATÉRIA-PRIMA

    5.1.1 Sobre as espécies que costumam empregar

    5.1.2 Sobre os meios de obtenção da madeira

    5.1.3 Quanto à época da retirada

    5.1.4 Quanto ao local de onde é retirada a madeira

    5.1.5 Conhecimento sobre a matéria-prima

    5.2 INSERÇÃO E EFEITOS DE NOVOS ELEMENTOS E ATORES NA DINÂMICA DA CADEIA PRODUTIVA

    5.3 CONCEPÇÕES DE POSSIBILIDADES E LIMITES: PREDISPOSIÇÃO AO USO SUSTENTÁVEL DA NATUREZA

    6

    CONCLUSÃO

    REFERÊNCIAS

    Pontos de referência

    Capa

    Cultura, Natureza e Produção

    a carpintaria naval artesanal em Raposa-MA

    Editora Appris Ltda.

    1.ª Edição - Copyright© 2023 dos autores

    Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.

    Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98. Se incorreções forem encontradas, serão de exclusiva responsabilidade de seus organizadores. Foi realizado o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nos 10.994, de 14/12/2004, e 12.192, de 14/01/2010.

    Catalogação na Fonte

    Elaborado por: Josefina A. S. Guedes

    Bibliotecária CRB 9/870

    Livro de acordo com a normalização técnica da ABNT

    Editora e Livraria Appris Ltda.

    Av. Manoel Ribas, 2265 – Mercês

    Curitiba/PR – CEP: 80810-002

    Tel. (41) 3156 - 4731

    www.editoraappris.com.br

    Printed in Brazil

    Impresso no Brasil

    Raíssa Musarra

    Cultura, Natureza e Produção

    a carpintaria naval artesanal em Raposa-MA

    APRESENTAÇÃO

    Este livro é o resultado do estudo essencial a respeito da relação utilitária da natureza no ambiente de Raposa-MA e adjacências, seus nexos com os carpinteiros-artesãos navais, seus ofícios e a proteção ambiental, embasado em pesquisa de campo realizada por meio de entrevistas, observações do meio ambiente e do cotidiano dos entrevistados, reflexões conjuntas e análises, sob um viés científico; consubstanciadas pela legislação de proteção ao meio ambiente.

    Tem o intento de suscitar novos conhecimentos, no âmbito da realidade social das populações amazônicas, sobre os usos sociais dos recursos naturais em seus territórios amazônicos e servir de aporte para futuras análises e pesquisa sobre a construção artesã das embarcações navais, seus produtores e suas inter-relações com o ecossistema local nas esferas legal e social, a fim de voltar a atenção ao que deveria ser incluso como patrimônio cultural imaterial.

    O interesse por assuntos ambientais tem sido, desde 2009, a tônica em minha carreira de pesquisadora, conduzida por vertentes socioambientalistas voltadas a considerações sobre as dimensões de uso dos recursos naturais na produção da carpintaria naval e o seu sustento social.

    Para a construção do ambiente investigado e a propiciação das análises, são apresentados excertos de entrevistas, fotos e colocações desta autora, de modo a dar corpo à concepção final do conhecimento.

    A narrativa é desenvolvida de modo a guiar o leitor a uma incursão por Raposa-MA e parte da Amazônia Legal; pela apresentação da labuta de seus artesãos navais na busca de recursos para seu ofício, seus saberes legados de suas tradições, sua bússola legal no trato com o Ibama, o Sema e outros órgãos ambientais, além de mostrar como todo esse conjunto se volta para a tentativa de desenvolver caminhos alternativos para o trato sustentável da natureza.

    A autora

    LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS

    1

    INTRODUÇÃO

    A realização deste livro pautou-se no interesse em suscitar, no âmbito da realidade social das populações amazônicas, novos conhecimentos sobre os usos sociais dos recursos naturais em territórios amazônicos.

    Quanto às trajetórias vivenciadas para se chegar ao objeto de estudo, saliente-se o histórico desta pesquisadora a respeito de embarcações artesanais e seus produtores, que conta com mais de quatro anos de empenho. Em um primeiro momento, versou sobre a tutela do patrimônio cultural imaterial brasileiro e buscou-se demonstrar que os modos de fazer constituídos na carpintaria naval artesanal maranhense deveriam alcançar status de bem cultural imaterial, pelas peculiaridades e pelo modo de transmissão dos saberes instituídos na prática dos profissionais envolvidos na produção de embarcações tipicamente maranhenses.

    Com novo viés, a partir das observações e entrevistas que encabeçaram a realização da pesquisa, que dão suporte a esta obra, e com um olhar científico social, o interesse se pautou em compreender sociologicamente a relação da carpintaria naval e a natureza; a importância dessa última para a reprodução da materialidade da primeira, além de investigar de que maneira se dá esse processo entre os atores da carpintaria naval.

    A diligência por questões ambientais é uma constante em meu histórico de pesquisadora, desde minha inserção, no ano de 2009, no grupo de estudos Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Maranhão (PPGCSoc/UFMA), coordenado pelos professores Dr. Horácio Antunes de Sant´Ana Júnior, Madian de Jesus Pereira Frazão, Ms. Elio de Jesus Pantoja Alves e Ms. Bartolomeu Rodrigues Mendonça.

    No referido grupo, questões como: socioambientalismo, impactos socioambientais de projetos de desenvolvimentos dos grupos sociais locais serviram de aporte para potencializar reflexões sobre a relação dos operários navais artesanais com a natureza.

    Instigação ainda maior ocorreu com a minha participação em missão de estudos em Belém-PA, no ano de 2010, por meio do Procad¹ (PPGCS-UFPA/PPGCSoc-UFMA/PPGSA-UFRJ) – Territórios Emergentes da Ação Pública Local e Desenvolvimento Sustentável na Amazônia Brasileira –, visto que, dentre suas investigações, constatei abordagens que vinham ao encontro dos objetivo desta pesquisa, especialmente por proporcionar a participação em duas vertentes do Programa de Ciências Sociais da Universidade Federal do Pará (UFPA), as quais incluíam temáticas sobre usos sociais de recursos naturais, forte linha de pesquisa na referida instituição, além de proporcionar o afinamento na discussão sobre unidades de conservação de uso sustentável.

    Este estudo oportunizou a observação do processo de utilização da natureza na produção da carpintaria naval artesanal no município de Raposa, parte integrante da Amazônia Legal brasileira, situado no estado do Maranhão. A localidade se mostrou perfeita para o exercício observativo, uma vez que o município abriga uma grande comunidade pesqueira do estado, necessitando de profissionais que assegurem sua construção e manutenção, e entre seus moradores. Conta com dezenas de atores sociais envolvidos na produção de embarcações artesanais, em torno de 50, segundo Waldy Araújo². Durante os estudos, evidenciou-se, entretanto, que a procura pelas embarcações artesanais oriundas da produção de tais profissionais não se restringe apenas ao município da Raposa, mas que a demanda vem de diversas localidades, especialmente do Norte e Nordeste brasileiros.

    As embarcações artesanais, produto final dos profissionais em questão, são importantes elementos para a reprodução da vida material em Raposa, bem como a importância sociológica de sua produção.

    A relevância sociológica pela manufaturação da carpintaria naval artesanal raposense torna-se nítida por meio da observação do fenômeno da indefinição do que é ou não possível, na produção naval artesanal, quanto à utilização dos recursos naturais disponíveis na região. Ou seja, os atores sociais envolvidos na confecção de embarcações artesanais não têm claro o que podem ou não extrair da natureza para utilizarem em sua produção.

    Procuro, assim, conhecer o que determina o uso da natureza na produção naval artesanal; em que medida os profissionais utilizam os recursos disponíveis na região; o que impede ou facilita e como se processa o uso de recursos naturais; se há uma predisposição por parte deles ao uso sustentável desses recursos; se existe um enfrentamento diante da falta de clareza das normas do possível e reinvenções no processo de produção decorrentes da atual relação dos atores sociais com a natureza.

    As questões abordadas inspiram-se na busca de produção do conhecimento para uma nova sociabilidade à universidade pública, posta a urgência na produção qualificada do saber. A atual conjuntura se apresenta como um período rico do movimento histórico da sociedade brasileira; consequentemente, a universidade precisa estar cada vez mais atenta às demandas, inclusive como forma de mostrar competência e eficiência³.

    Essa conjuntura é vista nesta proposta como configurações que envolvam a gestão da natureza e de seus recursos, de modo que é necessário compreender a relação dos atores sociais com seu ambiente natural.

    Destarte, o método etnográfico é o aporte para a construção da pesquisa, bem como a utilização de investigação documental, especialmente na coleta de dados geográficos, estatísticos e a respeito das leis e normas oficiais vigentes, bem como a contextualização das instituições envolvidas.

    A etnografia se mostra necessária como esforço intelectual do pesquisador por meio de uma antropologia interpretativa⁴, cuja pretensão é seguir o trabalho antropológico de olhar, ouvir e escrever, proposto por Roberto Cardoso de Oliveira⁵. Para o autor, saber como os homens vivem é conhecer como pensam, como representam seus espaços de trabalho e traduzem suas experiências.

    A presente obra, assim, inclui a observação, com uso do caderno de campo, e entrevistas abertas, nas quais o entrevistado é livre para discorrer sobre o assunto, com questionário semiestruturado, em que novas perguntas surgem a partir das respostas anteriores e da observação imediata. Tal método é utilizado a partir do pressuposto de que o papel da antropologia interpretativa não se resume a responder as questões mais profundas, mas visa a colocar à nossa disposição a resposta que outros forneceram⁶.

    Sabendo que compreender não consiste simplesmente em representar o ponto de vista do nativo, numa romântica pretensão de igualdade ou numa difícil orquestração polifônica, concorda-se que as interpretações antropológicas devem diferir dos relatórios dos nativos e que a força da interpretação reside nessa distância que permite ao analista construir o sentido⁷.

    Propõe-se, então, uma reflexão que requer uma relação dialética entre nossas pré-compreensões e as formas de vida que estamos tratando de compreender, colhendo a sua visão com o nosso vocabulário, a nossa linguagem, a nossa escritura⁸.

    Importante dizer que a pesquisa não consiste só em aprender as regras locais do saber-viver, a se deixar viver e a explicitar o que acontece, e que:

    o saber-fazer do etnógrafo consiste essencialmente em técnicas gráficas, em sistemas de anotações: o diário de campo, a transcrição da entrevista. Fazer observações e entrevistas e analisá-las são as duas pernas sobre as quais se sustenta para fazer avançar a pesquisa.⁹ (grifos da autora).

    A análise da configuração em questão leva em conta que se pode qualificar configuração como um espaço de pertinência: que "[...] é

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