Paulo De Tarso E As Cartas Do Evangelho

PAULO DE TARSO E AS

CARTAS DO EVANGELHO

Marcus De Mario

PAULO DE TARSO E AS

CARTAS DO EVANGELHO

Do Autor

(c) Marcus De Mario Paulo de Tarso e as Cartas do Evangelho 1ª edição

Janeiro de 2024

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Índice

Apresentação

01 – Já Não Sou Eu Que Vivo

02 – As Cartas do Evangelho

03 – Carta aos Romanos

04 – Carta aos Coríntios – Primeira Carta 05 – Carta aos Coríntios – Segunda Carta 06 – Carta aos Gálatas

07 – Carta aos Efésios

08 – Carta aos Filipenses

09 – Carta aos Colossenses

10 – Carta aos Tessalonicenses – Primeira Carta 11 – Carta aos Tessalonicenses – Segunda Carta 12 – Carta a Timóteo – Primeira Carta 13 – Carta a Timóteo – Segunda Carta 14 – Carta a Tito

15 – Carta a Filêmon

16 – Carta aos Hebreus

17 – Paulo, o Cristo e o Evangelho

Paulo de Tarso e as Cartas do Evangelho – Marcus De Mario Apresentação

Seguidor fiel do maior educador da humanidade, aquele que veio iluminar as almas com a luz imperecível do amor – Jesus Cristo –, temos na figura ímpar de Paulo de Tarso o personagem mais vigoroso e mais importante do Cristianismo primitivo, fazendo-se ele também um educador de almas com base nas lições do Evangelho. Saindo da intransigência judaica do farisaísmo, ele cruzou as estradas poeirentas da Ásia e da Europa para ensinar através do próprio exemplo, como apóstolo do Mestre, sentindo no fundo de sua alma o profundo alcance das lições daquele doce e meigo Rabi que haveria de marcar a Humanidade para todo o sempre.

Deitar nosso olhar sobre Paulo de Tarso é viver os dramas históricos da consolidação da mensagem evangélica em tempos rudes, difíceis, marcados por perseguições implacáveis da idolatria pagã e do judaísmo intolerante, do império romano dono do mundo e das castas sacerdotais, do desdém dos intelectuais e da indiferença das turbas. Entretanto, é também reviver lutas e sofrimentos, vitórias e alegrias do servidor consciente do seu trabalho presente e de suas consequências futuras.

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Paulo de Tarso e as Cartas do Evangelho – Marcus De Mario Esta obra não é um esboço biográfico de Paulo de Tarso, embora traga muitos dados vivenciais sobre o apóstolo, pois nosso objetivo é outro: estudar o significado das cartas, ou epístolas, escritas por ele, que disseminaram as lições do Evangelho com orientações seguras não apenas para sua época, mas para todo o sempre. Temos ainda outro objetivo: extrair interpretações além da época em que foram escritas, levando em conta o espírito da letra, conforme o entendimento que o Espiritismo nos dá com a imortalidade da alma e a reencarnação. Para seguir um padrão na transcrição dos textos, optamos por utilizar nas citações evangélicas e paulinas, a tradução da Bíblia de Jerusalém em sua nova edição, revista e ampliada, de 2002, publicada originalmente em língua francesa pela École Biblique de Jerusalém.

Não sendo nosso livro uma obra de história, e sim de reflexão sobre escritos de outro autor, e tendo o olhar espírita como parâmetro, levamos em conta as revelações de ordem mediúnica produzidas e publicadas no movimento espírita, principalmente aquelas elaboradas pelo espírito Emmanuel através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier. E aqui temos que fazer um preito de gratidão a esse autor espiritual, que podemos chamar de o melhor intérprete do pensamento paulino dentro do contexto de seu profundo entendimento sobre as lições do 2

Paulo de Tarso e as Cartas do Evangelho – Marcus De Mario Evangelho. Como nosso objetivo não é realizar um estudo histórico ou teológico sobre as Cartas de Paulo, vamos destacar, do ponto de vista do ensino moral, alguns trechos que nos chamaram a atenção e que consideramos muito úteis serem comentados através da visão espírita do ser, da vida e do Evangelho.

Interpretar Paulo não é tarefa das mais fáceis. Muitos estudiosos ficam apenas no contexto histórico de suas palavras, outros trazem para os novos tempos interpretações engessadas por conceitos dogmáticos desta ou daquela religião, muitas vezes distorcendo seu significado espiritual. Para fugir à tentação de um e de outro contexto, vamos trabalhar tendo por base os princípios do Espiritismo, numa perspectiva eminentemente espiritual e moral dos escritos paulinos, considerando-os como legítimos continuadores dos escritos dos quatro evangelistas, ou seja, vamos colocar em igualdade de importância Mateus, Marcos, Lucas, João e Paulo.

Lembremos que Paulo está no tempo nascente do Cristianismo. É contemporâneo de Jesus. De perseguidor fanático da doutrina e de seus adeptos, por considerar seja uma afronta ao Judaísmo, passa a ser fervoroso divulgador da mesma, antepondo-se mesmo a diversas prescrições judaicas. De início recebe a desconfiança, para em seguida, com perseverança, dar todas as provas de fiel discípulo do 3

Paulo de Tarso e as Cartas do Evangelho – Marcus De Mario Cristo, verdadeiro apóstolo da nova doutrina, libertadora por excelência das consciências. Isso ocorrendo no enfrentamento da solidão, da pobreza, da perseguição, do trabalho árduo, da prisão e ocorrências as mais variadas que somente sua inquebrantável fé poderia suportar. Se Jesus aceitou apenas o título de Mestre, por sua vez Paulo somente aceitou o título de Apóstolo, ou seja, mensageiro e enviado do Mestre, com a missão de, através do amor e do exemplo, disseminar a luz do Evangelho em espírito e verdade, com o sacrifício da própria vida, como Jesus Cristo, o Senhor, havia feito, mensageiro e enviado de Deus Pai. Não é por outra razão, de identificação, que no final da vida pode afirmar que ele já não vivia, mas sim o Cristo vivia nele.

Por tudo isso temos que nos perguntar: o que seria do Cristianismo sem o trabalho incansável de Paulo? Tão fecundo foi o labor do apóstolo dos gentios que, apesar de todos os desvirtuamentos cometidos ao longo do tempo sobre o Evangelho, a luz de seus exemplos e de sua orientação criaram um porto seguro onde todos podemos nos encontrar com segurança, sabendo que lá estará aquele que acima de todos nos orienta com todo amor: Jesus!

Marcus De Mario

Fevereiro de 2021

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Paulo de Tarso e as Cartas do Evangelho – Marcus De Mario 1

Já Não Sou Eu Que Vivo

Da Jerusalém símbolo da doutrina mosaica, para as cidades politeístas do Império Romano. Do mundo judaico para o mundo gentio. Do farisaísmo hipócrita e ritualístico, para a pureza dos ensinos evangélicos. Da arrogância intelectual, para a fraternidade do coração.

Tudo isso representa a caminhada realizada por Saulo de Tarso em sua transformação de ordem moral para Paulo de Tarso. O homem velho despindo-se de suas crenças para ser o homem novo, vestido de novas crenças. O judeu ortodoxo que se faz cristão. O

seguidor de Moisés que se faz mensageiro de Jesus. E

aquele que sonhava com a cadeira do Sinédrio, o grande colégio religioso judeu, passou a sonhar em trabalhar pelo bem do próximo, para glória de Cristo, o Senhor, e de Deus, o Pai e Criador. E assim ele fez. Na morte de Saulo, viveu Paulo, para toda a eternidade.

Quem mergulha na vida e obra de Paulo de Tarso tem sua própria vida tocada de maneira significativa. Estamos diante de um homem que aceitou o profundo desafio de se transformar e se entregar a uma missão dificílima, num tempo hostil, a 5

Paulo de Tarso e as Cartas do Evangelho – Marcus De Mario todo o tempo abeirando-se da morte, tendo que renunciar a si mesmo e a todos os confortos materiais, tudo em nome de manter acesa a chama dos ensinos evangélicos e fazer surgir e crescer o Cristianismo por todo o mundo conhecido, seja na Ásia, seja na Europa.

Incansável, sob as mais diversas torturas, apedrejado mais de uma vez, passando fome, doente e desamparado muitas vezes, perseguido e injuriado, ele não desistiu nem titubeou um momento sequer, exortando a todos que seguissem seu exemplo, pois o Evangelho é a luz imperecível que necessita da nossa coragem, da nossa fé, para transpor e derrubar as barreiras impostas pelo egoísmo, orgulho e indiferença dos homens.

Com a chama do ódio ardendo em seu coração e convulsionando sua mente, Saulo toma a direção da cidade de Damasco para um acerto de contas com os temíveis cristãos, que ousam perturbar o judaísmo com ideias esdrúxulas e, na opinião dele, sem cabimento. Havia sido confrontado, em sua arrogância, com a atitude fraternal de Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo. Seu orgulho não podia tolerar tal demonstração de submissão a um nazareno provindo da Galileia, um transgressor da lei que os judeus tanto velavam. E o acerto de contas aconteceu antes do que ele previa, e de maneira totalmente diferente do que podia esperar.

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Paulo de Tarso e as Cartas do Evangelho – Marcus De Mario Entre a poeira levantada pelos cavalos e o sol que fazia o suor escorrer, ali mesmo na estrada o acerto de contas teve início. Saulo tem um encontro com Jesus. Por que me persegues?, perguntou o Cristo. E tão imensa era a luz espiritual que acompanhava a aparição, que Saulo se curva, sente a poderosa ação magnética daquele ser e, prostrado e comovido, por sua vez indaga: Quem és, Senhor?. E

ouvindo que ali se encontrava Jesus, a quem tanto perseguia, sem o saber, tinha começo sua transformação.

A verdadeira transformação é aquela de foro íntimo, em que o passado fica no seu tempo. Nos primeiros anos tudo fez para desenvolver em si a humildade e a caridade. Apagou a personalidade hostil para fazer desabrochar em si a personalidade cristã.

Teve que se ausentar do mundo, perder a família e os amigos, para ser servo fiel do Messias e, finalmente, como Paulo, iniciar sua vitoriosa carreira de apóstolo.

A mensagem de amor do Evangelho impregnou seu coração e, apesar da inicial desconfiança dos discípulos de Jesus, seguiu para fora do mundo judaico, procurando converter para a nova mensagem os povos gentios, idólatras, compreendendo que a mensagem cristã era para todos os povos. Assim, lançou-se às estradas, percorrendo-as sem cansaço, de aldeia em aldeia, de cidade em cidade, sob o 7

Paulo de Tarso e as Cartas do Evangelho – Marcus De Mario tormento do sol e da chuva, e dos mais variados perigos, doando sua palavra a quem quisesse recebê-la, fundando os primeiros núcleos cristãos fora da Palestina. Levava cópias dos ditos do Senhor, conforme compilados por Mateus, no esforço de alicerçar as comunidades com os ensinamentos morais dados pelo Mestre.

De temperamento forte, embora ao mesmo tempo dócil, Paulo foi se transfigurando de pouco em pouco, vivendo cada vez mais de acordo com os preceitos do Evangelho, preocupado em manter as comunidades fiéis a Jesus Cristo. E assim os anos passaram. Apesar das perseguições realizadas pelos judeus e pelos romanos, o Cristianismo cada vez mais se consolidava, se engrandecia, surgindo um novo desafio: como manter as viagens,