Biruba
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Biruba - Carlos Henrique Gonçalves Dos Santos
DEDICATÓRIA
Dedico esse livro aos meus amigos de infância, que me proporcionaram momentos inesquecíveis.
INTRODUÇÃO
Biruba, foi uma criança e um pré-adolescente que, com um bando de moleques, aproveitaram, saborearam e participaram de diversas brincadeiras diurnas e noturnas. O tempo, inclemente, passou, mas, deixou boas lembranças. O livro, reúne 16 histórias que, com o passar das páginas, tentará ensiná-los, para quem não conhece e, lembrá-los, para aqueles que, assim como esses garotos, também se empapuçou de tanto brincar. As brincadeiras são:
Amarelinha, atiradeira (estilingue), bandeirinha, bola de gude, carniça (Pula Carniça), futebol (pelada), pião e pipa. Acrescentasse algumas molecagens, aventuras e principalmente amizades.
PREFÁCIO
Temos um universo de histórias dentro de nós, várias histórias a nossa volta. Muitas inusitadas, algumas estranhas, confusas; outras simples. Quantas facetas nós temos, quantas armaduras usamos para disfarçar o que nos fragiliza. Somos um grande porão represando muitos outros. É possível que a nossa cara não mostre, mas sentimos um pôr-do-sol no olharem diversos instantes, um cair-de-tarde na alma em vários momentos.
Vivemos das pulsações das fantasias. De vez em quando nos esbarramos em nós mesmos e ficamos surpresos, assustados, porque não nos conhecemos e quando nos vemos projetados em um livro aonde nossos pares irão nos encontrar, começamos a abrir e iluminar nosso porão, começamos a vislumbrar céu, nuvens, cores e principalmente pessoas. Somos livros ambulantes que guardam segredos, verdades, fatos inimagináveis, inéditos.
UMA INFÂNCIA CHAMADA BIRUBA
Antigamente, talvez hoje não aconteça mais dessa forma, uma boa parte da molecada, participava mais intensamente na fabricação dos elementos que precediam a hora de colocar a pipa no alto.
Cada moleque arrumava o seu jeito de conseguir melhorar suas condições de guerreiro, comprando a matéria-prima de melhor qualidade. Era imprescindível uma boa cola de madeira. Alguns caras de pau tentavam derreter a cola, que vinha em forma de tabletes, no fogão da cozinha, mas, ela exalava um cheiro tão fedorento quando começava a ser derretida para virar um caldo, que mãe, avó, por mais boazinha que fosse não suportava aquela catinga em casa e botava o pestinha para correr rapidamente, apesar de todas as súplicas, desculpas e explicações. O jeito foi aprender a fazer uma fogueirinha no quintal, colocar a lata com a cola para derreter e assim não incomodar mais ninguém.
Moer uma boa quantidade de vidro, coar na meia de seda da mãe - claro, esta já estaria furada em algum pedaço, pronta para ser jogada fora. Senão... Puts! Esta operação dava um certo trabalho, pois começava com a procura do vidro, depois se colocava numa lata o máximo possível, em seguida se martelava a lata até sentir que o vidro estivesse bem moído, aí, exigia certa paciência para retirá-lo, mas no final compensava.
Comprar um carretel de linha dez do grande
ou mais, de preferência que fosse da marca corrente
. Existe também o dez do pequeno, mas isso era para quem só soltava pipa com pouca linha, às conhecidas como jericos. Numeração dez significa a sua espessura, existem outras numerações, porém vamos nos reportar apenas a esta.
A preferência era fazer ou comprar uma pipa de bom tamanho, o conhecido piãozão, para que no céu todos a temessem, sabendo que teriam que fugir quando em seu mergulho viesse arrastá-los impiedosamente.
Então juntando essas coisas, o que restava fazer? Era necessário verificar a intensidade do vento e com essa informação providenciar um cabresto que correspondesse. Um que deixasse a linha bem esticada, mas não tão esticada que desse a sensação de que iria arrebentar a qualquer momento e sim, proporcionando-o domínio absoluto sobre a pipa, para cruzar ou mesmo para evitar ser cortado facilmente diante das armadilhas preparadas no decorrer do dia. Feita ou comprada a pipa, se junta a esta uma boa rabiola, e que seja um complemento leve, dando-a excelente mobilidade.
O pipeiro logo após passar o cerol, - mistura que envolvia o
vidro moído com a cola de madeira - estanca a linha para não a deixar passar do ponto ideal, despejando desta, um monte de calombo de cola com vidro, que poderá ser fatal na hora do cruza. Com todo esse cuidado estariam fabricando uma arma letal
contra os seus adversários, pois, quando trançada com outra linha, fatalmente haverá um corte e é nesse momento que se espera ver que o cerol, aliado à habilidade, faça a diferença.
Esclareço que a arma letal
tem por finalidade cortar outras pipas, mas não posso omitir que mesmo não sendo intencional, uma ou outra linha às vezes causava algum acidente cortando pessoas, mesmo o pipeiro não ficava fora dessa. Com todas as variantes de acontecimentos no decorrer dos dias soltando pipa, acabava com os dedos da mão cheia de pequenos cortes, fazendo com que ele usasse criativamente de diversos artifícios para conseguir continuar atuando, aí entravam em ação: esparadrapo; Band-aid; pano enrolado ou então se passava para outro dedo a função.
Historicamente a pipa é milenar. Mas o passado agora não nos interessa. Deixo as explicações sobre o seu aparecimento e os porquês de sua invenção para um relato futuro, onde tratarei adequadamente o assunto.
O que gostaria de esclarecer é que existem múltiplos tipos de pipa, contudo, no nosso caso, só citarei as pipas feitas com três varetas de bambu, papel de seda ou fino como se pedia na hora da compra, cabresto de três pontas de linha e rabiola. Usar mais de uma cor de folha aliado a criatividade do pipeiro fazia com que cada uma tivesse o seu próprio desenho, como: pipa, xis, cruz, quadriculada, balãozinho, orelha, listras horizontais, verticais ou diagonais, etc.
Biruba, representa bem o que se pode chamar de exímio soltador de pipa. Das coisas necessárias para prática dessa brincadeira, ele só precisava de dinheiro para comprar a linha, o tablete de cola de madeira e as folhas de papel de seda ou fino, como preferir, e consequentemente o restante, bambu, vidro, confeccionar a armação da pipa, encapar a pipa, derreter a cola e misturar com vidro moído, eram coisas que ele mesmo conseguia e fazia. Dentre os seus amigos de brincadeiras diárias, que somavam nove (Café, Caveirinha, Celso, Edvaldo, Gaguinho, Jerônimo, Luizinho Português, Piolho e Zé Urubu), desses, três eram especiais (Jerônimo, Luizinho Português e Caveirinha), ainda se podia somar dois conhecidos, não amigos: Marcos, o russo (seu maior adversário de pipa) e Julinho (freguês) o indesejável.
Justamente com uma pipa do tipo piãozão, com o desenho da bandeira do Japão – branca com uma bola vermelha bem no centro – é que o nosso personagem dessa história começou seu dia.
NÓ QUE NÃO AMARRA
Naquele dia, apesar de parecer ser um dia comum, nem diferente, nem especial, tudo mostrava que seria um dia daqueles… Estava ameno. Temperatura agradável. Coisas da mãe natureza que por ser caprichosa tinha lá seu temperamento às vezes explosivo e às vezes, como agora, convidativa. Ideal e feito para se soltar pipa. Soprava um vento médio, suficientemente delicioso para a prática deste lazer infantil, infanto-juvenil e pasmem! Até de adulto. É isso mesmo! De marmanjos velhos de guerra que não largam de jeito nenhum este que se quiserem podem até o classificar de esporte, uma vez que há uma competição entre os pipeiros, que consiste em permanecer no céu cruzando contra os seus oponentes, sem deixar ser cortada a sua linha que mantém a pipa no céu. O que deveria ter sido em algum tempo só uma brincadeira, passou a ser também uma disputa, uma verdadeira arte no que tange se defender e atacar com astúcia, já que a intenção é permanecer com a pipa no alto.
Biruba estava ansioso para mostrar no céu a sua obra-prima, já que ele havia na noite anterior gasto um bom tempo para cortar um círculo bem no centro da folha de papel branco, retirado outro maior da folha vermelha, para preencher o buraco da anterior, tendo o cuidado para que não ficasse nenhuma ruga, nenhum amassado após terminado. Agora estava ele ali na rua, pronto para mostrar com orgulho o resultado do seu trabalho. Faltava ainda passar com paciência e atenção o cerol que havia fabricado, aí, sim, estaria definitivamente pronto para encarar quem se dispusesse a cruzar ou então, todos os que estivessem ao alcance de sua linha. Só existe uma maneira de saber se o cerol da linha é bala. Cruzando.
Era apenas mais um garoto com seus 13 anos assim à primeira vista, porém, quem o conhecia sabia existirem características que o diferenciavam dos demais. Era um magrinho ágil e escorregadio nas brincadeiras de pique e bandeirinha; no futebol ocupava o topo da pirâmide com poucos tendo o elogio de habilidoso; tinha uma relação amistosa e admiravelmente complacente com os seus colegas de bairro; entretanto, era com a pipa que demonstrava grande paixão. Desde sua confecção procurando a perfeição em seus mínimos detalhes, até a hora em que já na rua fazia-a subir e procurava cada vez mais aperfeiçoar seus métodos sem medo de ser feliz. Por essas e algumas outras é que apesar da pouca idade, exercia uma tênue liderança, mesmo não sendo de seu interesse liderar ninguém, mas como essas coisas acontecem naturalmente, ele percebia, mas não se aproveitava.
Biruba deu uma boa e demorada olhada para cima, com a intenção de verificar onde se encontrava um número maior de pipas para que ele pudesse cruzar. Procurou, como sempre fazia, um lugar que lhe desse a vantagem de ficar atrás, acima dos outros pipeiros, dando-o a iniciativa do cruza, que era como gostava, sempre procurando arrastar.
Estava só naquela hora, o que não era de costume, pois, seu parceiro e ajudante Nielsen Caveirinha
, sempre estava ao seu lado, mas, até aquele momento, não havia aparecido. Não que isso fosse um obstáculo ou que lhe tirasse as forças; nem tão pouco suas habilidades. É que já estava tão acostumado com a presença do companheiro lhe ajudando, principalmente quando aparecia alguém querendo fazer alguma crocodilagem
, ou um colhão de gato
, que naquele momento fazia falta. Normalmente ele é quem aparecia fazendo barulho no portão e gritava: O Biruba! Não solta pipa hoje não? Tá assim de jerico pedindo para ser cortado. Vem!
A esperança era que assim que subisse sua pipa, como o estilo do piãozão já era conhecido por todo o bairro, seu amigo viesse correndo juntar-se a ele, como acontecera algumas vezes.
Arrumou um lugar que era um vão amplo entre duas casas. Posicionou-se na parte mais alta paralelamente à estrada principal. A rua ficava numa elevação, com tantas outras espalhadas por esse bairro, que começava subindo até o cume desse morro e continuava após, em seu declínio, seguindo até a vista embaçar. Como gostava - o lugar era ideal para o seu propósito - cortar todos que ali estavam bem abaixo dele. E foi com essa intenção que começou colocando sua pipa no alto. Já