Pulso Forte
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Pulso Forte - Lauren Blakey
1
Os carros são como sorvete.
Há um sabor para cada cliente.
Alguns clientes apaixonados por automóveis optam por sorvete de baunilha. Para eles, um carro esportivo básico é suficiente.
Outros querem um sundae completo, incluindo pintura customizada, rodas especiais e um sistema de som capaz de provocar um terremoto.
E também existem os que escolhem sorvete de chocolate amargo, desembolsando muito dinheiro por um reluzente Aston Martin equipado com um motor de muitos cavalos e imbatível em velocidade.
De vez em quando, porém, você conhece um sujeito que não sabe o que quer. Assim, ele opta por chocolate granulado colorido, rodelas de banana, nozes picadas e uma cereja no topo. Como esse cara com quem estou falando nesse exato momento em uma exposição de carros personalizados nas proximidades de Manhattan.
Visivelmente em dúvida, o homem de óculos coça o queixo e, em seguida, pergunta com uma voz suave e sofisticada:
— Você consegue fazer um carro blindado?
Essa é a pergunta mais recente desse rapaz de trinta e poucos anos que usa calça feita sob medida e camisa branca engomada. Os óculos de aro de metal deslizam pelo nariz enquanto ele aponta para um carro esportivo verde-esmeralda totalmente personalizado que ocupa o centro do cenário.
— Tenho carros blindados em meu arsenal — respondo, uma vez que já fiz algumas feras projetadas para resistir a um apocalipse zumbi, cortesia de alguns clientes decididos a sobreviver no caso de uma grande catástrofe.
Em dúvida novamente, ele arqueia uma sobrancelha.
— Você poderia adicionar alguns rabos de peixe elegantes?
Ah, rabos de peixe. Tenho um palpite a respeito da direção que ele está seguindo agora, e não é para a terra dos mortos-vivos.
— Sem dúvida.
— E talvez possa até ter a suspensão rebaixada e responder a comandos de voz?
Segurei o riso, já que naquele momento entendi qual era a dele, e adoro o entusiasmo dos novatos.
— Com certeza. E suponho que você vai querer um carro preto?
Os olhos azuis dele brilham.
— Sim. Preto seria perfeito.
Para o Batmóvel. Porque foi isso o que o cara acabou de descrever. Não o estou criticando nem o Batmóvel. Esse veículo também está definitivamente no topo de minha lista de desejos. Que fanático por carros que se preze não iria querer circular pela cidade ao volante do automóvel de um super-herói?
No entanto, o rapaz não está nem perto de terminar, já que ele formula uma nova série de perguntas.
— Apenas como hipótese: você seria capaz de produzir um carro qualificado para saltar grandes distâncias?
Não preciso ser vidente para saber aonde ele quer chegar com base nesse novo cenário.
— Você gostaria que tocasse uma musiquinha ao buzinar?
Seus olhos voltam a brilhar de prazer.
— Ah, esse é um item bem maneiro.
Eu me pergunto de onde tirei essa ideia.
O sujeito está mencionando os carros de maior sucesso na tevê ou no cinema. E sabe de uma coisa? Não há nada de errado com isso. Se a escola dele sobre carros é a tela da tevê ou do cinema, que assim seja. Talvez ele me peça para fazer um Fusca que fala. Minha irmã implorou por um modelo como esse durante anos e, se eu descobrisse como produzir um Fusca assim, entregaria para ela primeiro.
— Que tal portas do tipo asas de gaivota? — ele pergunta.
— Como um DeLorean?
— Eu amo esse carro.
— Sempre que dou de cara com um DeLorean também sinto vontade de ter um. É o motivo pelo qual entrei nesse ramo.
— Você também é fã de De volta para o futuro?
— Com certeza.
— Alguma chance de instalar um capacitor de fluxo no carro para mim?
— Sem dúvida. E prometo que vai atingir 1,21 gigawatts quando você pisar no acelerador — respondo.
Enquanto rimos, somos rodeados pelo ruído de muitos pares de sapatos de salto alto contra o asfalto. Essa exposição está repleta de mulheres que trabalham nos estandes e fazem poses sensuais sobre os capôs ou junto às portas dos carros. Isso não me incomoda nem um pouco.
Carros e garotas: isso é tudo o que preciso para o meu sustento.
Mas agora não é hora de conferir o cenário, porque os negócios sempre vêm em primeiro lugar. Estendo a mão para o fã de De volta para o futuro.
— Max Summers, da Oficina Summers de Carros Personalizados.
Ele aperta minha mão.
— David Winters. Sei que isso pode chocá-lo, mas não sei nada sobre carros — confessa.
— Não há nada de errado com isso. Eu conheço muito bem.
David sorri e encolhe os ombros com timidez.
— Excelente. Estou atrás de um construtor capaz de fabricar o melhor carro. Como este, suponho? — ele pergunta, apontando para a belezura verde reluzente que estou tomando conta na exposição.
Estou aqui com um cliente. Personalizei essa belezura para Wagner Boost, jogador da Liga Nacional de Futebol Americano, que está dando autógrafos em algum lugar próximo. Wagner é um homem imenso. Ele precisava de um carro feito sob medida para encaixar seu corpo e eu fiz esse modelo.
— Vou lhe dizer uma coisa — afirmo, dando um tapinha no capô do estimado carro de Wagner. — Se você tem um sonho, tenho quase certeza de que posso torná-lo realidade. Se você quiser pneus especiais, um motor novo ou um estofamento personalizado, cuidarei disso. Se você quiser unir peças de um conversível que viu em um filme de gângster com um protótipo futurista, encontrarei um jeito. Atenderei seu desejo porque é o que eu faço.
O ruído do salto alto parece mais perto agora, como se alguém estivesse se aproximando, enquanto David dispara outra pergunta:
— Você pode...?
A voz de uma mulher o interrompe:
— Você pode pintar um tigre na porta?
Não é possível.
Aquela voz. Aquele ronronar sexy. Como mel, como uísque. Como sonhos obscenos.
Tudo em mim se paralisa. Não ouvia aquela voz há anos. Nem preciso me virar porque, após alguns ruídos do salto alto, ali está ela, parada na minha frente, parecendo mais quente do que nunca.
Cabelos castanhos longos. Olhos cor de chocolate. Pernas intermináveis.
Henley Rose Marlowe.
Puta merda!
É ela.
A mulher que me deixou louco.
Por um instante, fico sem palavras enquanto a observo, porque Henley não tem mais 21 anos. Ela está cinco anos mais velha e 25 vezes mais quente.
Mas não vou deixar um negócio em potencial escapar por entre os dedos. Nunca deixo que as mulheres atrapalhem o meu trabalho, principalmente uma que se mete no meio de uma conversa com um comentário a respeito de um maldito tigre.
Contorno sua interrupção dando trela.
— O tigre pode até estar rugindo — sugiro, como se ela fosse apenas uma apaixonada por carros que gosta de bater papo, e não uma garota que costumava trabalhar sob o capô da minha oficina.
— Talvez até cuspindo fogo — Henley propõe, como se soubéssemos esse jogo de cor.
David também entra em ação, emitindo um rugido e mostrando as mãos como se fossem garras.
Henley mostra a ele o sorriso mais sexy que já vi. Em menos de um segundo, o tigre que cospe fogo se apossa de mim, porque sou ciumento como o diabo. Sem nenhuma razão.
David retribui o sorriso de Henley.
Ok, talvez por essa razão.
O que não é absolutamente uma razão aceitável. Livro-me da emoção que não serve para nada.
— É isso aí — David volta a falar. — Decidi oficialmente que quero um tigre na porta de um DeLorean. Pintado de verde, como a cor do dólar.
Sim, ele gosta mesmo é de chocolate granulado colorido. Então, concentro-me no chocolate granulado e não nos sorrisos de paquera trocados entre esse cara e uma mulher que nunca foi minha, nem mesmo por uma noite.
— Também posso pintá-lo em roxo-real, verde-esmeralda ou azul-safira — digo para David. — Além disso, posso desenhar uma bandeira no capô e uma risca fina na porta e instalar a alavanca de câmbio mais suave que você já sentiu.
— Roxo e uma alavanca suave? Já me convenceu — David diz e aperta minha mão para se despedir. — Darei notícias — afirma, afasta-se um passo e para. — Roxo é uma cor muito louca? O que você acha? — ele pergunta para a mulher capaz de deixar o queixo de qualquer homem caído.
Figura perfeita. Lábios carnudos. Cintura fina. Peitos que desafiam a gravidade. Se Deus criasse uma mulher ideal para vender algo para qualquer homem, Ele a faria exatamente como Henley.
Porém, duvido que ele a fizesse tão dona da verdade.
Henley umedece os lábios com a língua.
— Roxo é quente como o pecado — ela diz para David, como se as palavras fossem dirigidas apenas para ele. Henley pressiona a ponta do dedo na língua e toca o capô do carro como se a queimasse. Levanta a mão, deixando a chama imaginária voar alto.
David devora o show dela, sorrindo de modo malicioso.
— É um excelente argumento de vendas para o roxo. E você, Max? Qual é sua cor favorita? — David pergunta, mostrando uma mão como um sinal para parar. — Espere. Deixe-me adivinhar. Dourado? Prateado? Vermelho? Azul?
Faço que não com um gesto de cabeça e respondo:
— Preto.
Então, David se despede e se afasta. Fico com essa megera irritante que me odeia. Henley olha para mim como se fosse uma gata que não desvia o olhar até ganhar um hambúrguer. Não interrompo o contato visual confrontador, nem ofereço uma mordida para ela.
— Preto — ela repete, batendo o bico de seu sapato de camurça vermelha no chão enquanto me fuzila com seus olhos cor de chocolate. — Como seu coração.
Já disse que na última vez em que vi Henley, ela saiu de minha oficina em um ataque de fúria?
Talvez porque eu despedi seu traseiro sexy cinco anos atrás.
Sim, há algum ressentimento entre nós.
2
Henley Rose e um carro incrível combinam como pêssegos em calda e creme de leite, como um bom uísque e uma noite longa e excitante. O que significa que trabalhar com ela era como entrar no Jardim do Éden todos os dias. Era um teste de força de vontade porque Henley podia personalizar um carro como se fosse uma dança erótica.
Imagine como foi trabalhar com Henley durante um ano: um estado de ereção permanente.
Quer dizer, um ano bem duro.
Eu sobrevivi ao desafio porque Henley tinha talento de sobra. E nunca a tratei de modo diferente porque ela era mulher ou porque pensei nela nua durante uma quantidade indecente de tempo. Eu a tratei como qualquer outra pessoa; especificamente, sempre imaginei todas as pessoas com quem trabalho vestidas com um traje completo para o inverno siberiano.
— O coração continua igual — digo, batendo no peito. — O mesmo modelo de antes.
— Achei que a esta altura você já tivesse trocado as peças defeituosas.
— Não preciso de nenhum recall em meu coração. Ele funciona muito bem neste canalha cruel — digo, lembrando-a das palavras que ela proferiu no dia em que partiu enfurecida.
Com descrença, Henley ergue uma sobrancelha.
— Que pena. Você devia ter me deixado cuidar dele. Sou boa em fazer todos os tipos de latas-velhas funcionarem melhor.
Meu Deus, ela ainda é implacável.
— Tenho certeza de que você sempre usa a ferramenta certa para consertar qualquer coisa.
Ela adota uma expressão de indignação.
— Não há nada de errado em usar a ferramenta certa.
Como eu sobrevivi a essa mulher? Antes mesmo que eu consiga encontrar uma resposta, ela bate o bico do sapato no pneu do carro de Wagner.
— Vejo que você ainda gosta de fazer seus carros com rodas grandes e viris — ela diz.
Exprimindo aborrecimento, reviro os olhos e, em seguida, faço um movimento com as mãos como se estivesse pedindo algo.
— Tudo bem, Henley. Qual é a moral da história?
— Que moral da história? — ela pergunta, abrindo e fechando os olhos rapidamente, a fim de parecer mais atraente.
— Grande? Viril? Você vai dizer que isso é algum tipo de compensação. Você sempre disse isso sobre os caras que queriam os maiores carros com as maiores rodas.
Henley dá um sorriso malicioso.
— Eu estava errada em minha avaliação?
Dou uma risada.
— Não sei. Nunca chequei.
— Nem eu. Meu foco sempre foi o trabalho.
— Como deve ser.
— Foi o que você me ensinou.
— Fico feliz que tenha aprendido essa lição.
— Aprendi muitas lições com você.
Respiro fundo e mudo de assunto.
— Por que aquele comentário sobre o tigre tirado do nada? Você não podia esperar até que eu terminasse para me cumprimentar?
Henley dá uma piscadela.
— Ah, deixa disso. Eu só queria me divertir um pouco.
— Se divertir? Na verdade foi mais uma tentativa sua de se envolver em tudo.
Henley finge estar chocada e dança os dedos ao longo do capô do carro de Wagner.
— Só estava tentando ajudá-lo a ganhar um cliente. Você não se lembra? Eu sempre tentava ajudá-lo.
Irritado, ponho as mãos nos quadris.
— Por que eu acho que você está aqui mais para me provocar do que para oferecer ajuda?
Henley leva a mão ao peito. Seu grande peito.
— Provocar? Eu? Só estava empolgada para dizer oi
ao meu ex-mentor. Desculpe pelo meu entusiasmo — ela afirma, em um tom muito amável. — Como vão as coisas?
— Não posso me queixar — respondo. Não sei o que fazer com ela... — E você? Já faz um bom tempo.
— Cinco anos, três semanas e dois dias. Mas quem está contando?
— Parece que você está.
Henley dá de ombros como se não fosse grande coisa. Em seguida, joga-se sobre o capô e pousa o traseiro maravilhoso no carro. Wagner não vai se importar. Ele gosta de garotas bonitas, sobretudo quando ficam sobre seu estimado carro. O problema é que ele provavelmente vai querer transar com Henley depois de dar autógrafos e isso não vai acontecer sob a minha vista.
Não que eu tenha controle sobre os homens com quem ela está transando. Mas farei tudo o que puder para garantir que não seja um cliente meu.
— O que a traz até essas bandas? — pergunto. Da última vez que ouvi falar dela, Henley tinha voltado para casa, no norte da Califórnia, para trabalhar em uma oficina rival.
Ela aponta o dedo na direção indefinida de Clint Savage, um filho da puta corpulento, barbado e boca suja que fabrica alguns dos carros personalizados mais quentes do mundo.
— Estou trabalhando no estande de Savage — ela responde.
— Sério? — digo, surpreso, mas não deixo transparecer. Henley nunca foi apenas um belo conjunto de pernas e peitos em uma exposição. Ela ficava sob o capô, trabalhando no motor, sujando as mãos.
Ela sorri.
— Ele me faz posar em cima dos carros. Ganhamos um dinheirão assim, num piscar de olhos — Henley diz e estala os dedos.
— É mesmo?
Henley observa meu corpo de cima a baixo. Examina as tatuagens tribais em meu bíceps. Fixa o olhar em meu peito. Na verdade, em minha camiseta. Não sou um bundão que se exibe sem camisa em uma exposição de carros. Faço isso quando dirijo com a capota abaixada. Estou brincando. Eu pareço um babaca? Não dirijo por aí sem camisa.
— Brincadeira — ela responde, endireitando a coluna e saltando do carro.
Isso é tudo o que ela diz, mas essa única palavra sai exatamente como se ela tivesse dito: "Não, seu idiota".
Suspiro. Ela ainda me odeia.
— Então o que você está fazendo aqui?
— Você acha que é a única alternativa disponível na cidade? Agora eu comando uma oficina em Nova York.
Não fiquei vigiando Henley depois que ela foi embora em meio a uma nuvem de fumaça preta e achei que era melhor não ficar na cola dela. Precisava ficar longe da tentação...
— Bom pra você — disse.
Henley põe uma mão no quadril e me encara de modo desafiador.
— Você pensou mesmo que eu estivesse trabalhando como uma modelo de estande?
— Foi você quem disse.
Ela bufa de raiva.
— Você nunca me deu valor, não é?
Você não tem ideia nem da metade. Não tem ideia do quanto pensei em você e o quanto isso era inapropriado.
— Henley, você foi a aprendiz mais capaz com quem já trabalhei. Eu era fã de suas habilidades, e você sabe disso — digo, mantendo meu tom moderado.
Ela sorri com desdém e então cutuca o dedo indicador contra o meu peito. Sua unha pintada de vermelho me arranha e provoca instantaneamente fantasias de conteúdo impróprio de unhas percorrendo meu peito e minhas costas.
— Ações valem mais do que palavras. E as suas deixaram claro que você nunca me achou boa o suficiente — Henley afirma.
Afasto meu olhar de seus olhos e digo:
— Vejo que você ainda não se livrou do seu ressentimento. Conheço um médico que pode cuidar disso para você.
Mostrando surpresa, as sobrancelhas de Henley quase alcançam o contorno de seu couro cabeludo, mas sua voz parece serena.
— Obrigada pela dica. Com certeza vou pensar em você quando estiver pronta para me livrar dele, já que você é a razão pela qual o ressentimento continua existindo.
— Fico feliz em saber que, finalmente, você está me dando crédito por alguma coisa — digo.
Exprimindo aborrecimento, Henley revira os olhos.
— Eu dei para você todo o crédito e você não me deu nada — ela diz e forma uma letra O
com o polegar e o indicador. — Nada. Zero.
— Claro, eu roubei todas as suas oportunidades.
Com raiva, Henley franze os lábios e balança a cabeça.
— Não sei por que vim aqui falar com você.
— Essa é uma questão fascinante. Uma que eu adoraria saber a resposta.
— Não sei. Me chame de louca. Mas achei que talvez a gente pudesse ter uma conversa civilizada.
Dei uma gargalhada.
— Achou? Por isso você se meteu em uma conversa com um possível cliente com seu comentário sobre o tigre?
— Era para ser um comentário engraçado — ela afirma.
Pela primeira vez, o seu tom parecia magoado, como se eu a tivesse ofendido.
— Você costumava caçoar de mim quando eu ficava chateada com alguma coisa. Você me chamava de tigresa
— Henley prossegue.
A memória da primeira vez que eu a chamei assim toma conta de mim. Henley estava chateada por causa de um eixo de transmissão que cortou sua mão esquerda e eu disse Vá com calma, tigresa
antes de ajudá-la, mostrando-lhe como fazer sem cortar o dedo fora. Ela me agradeceu com a voz mais meiga, e então coloquei um curativo no corte.
Fico calado, talvez porque eu ainda esteja relembrando o jeito que ela sussurrou seu obrigado naquele dia, cinco anos atrás.
Nesse