Sobre esta série
Os textos teatrais de Artur Azevedo não tinham dúvidas sobre a que necessidade atender. Para o autor, o teatro era entretenimento — que ,para se autossustentar, necessitava do público. Por essa razão, entre o elogio da crítica e o aplauso da plateia, Artur Azevedo optou sempre pelo segundo — embora defendesse galhardamente seu teatro nas colunas do Diário de Notícias do Rio de Janeiro.
Vejamos o que Priscilla Vicente Ferreira diz em seu artigo "Desde os mais verdes anos: Artur Azevedo em favor de um teatro nacional", no XII Conages (Colóquio Nacional de Gêneros e Sexualidade):
"De todo modo, a característica mais representativa das obras de Artur Azevedo (contos, textos dramatúrgicos e crônicas de jornal), é, sem dúvida, a capacidade de retratar o cotidiano de seu tempo. De fato, não havia grandes preocupações de sua parte com o subjetivo de uma personagem, ou com discussões muito aprofundadas sobre questões sociais, ou com aplicações de moral e bons costumes; seu intuito, na verdade, era representar, sempre com um tom bem-humorado e irônico, o dia a dia de um contexto social em vias de formação identitária e cultural. Ainda que suas peças não fossem apreciadas pela crítica erudita por estarem ligadas às formas de um teatro de cunho popular, Artur Azevedo sempre se posicionou a favor dos dramas convencionais das peças bem-feitas, mas também defendeu a importância da recepção do público, que, à altura de sua alta produção, preferia o teatro ligeiro. Em resposta a um articulista de um jornal do Pará, que o acusara de corromper a moral e os bons costumes do teatro, comentou, em 1904, sobre as dificuldades em produzir um drama sério no Brasil. Segundo ele, às suas tentativas foram conferidas 'censuras, apodos, injustiças', ao passo que 'enveredando pela bambochata' não lhe faltaram "elogios, festas, aplausos e proventos". E conclui: "relevem-me citar esta última fórmula de glória, mas – que diabo! – ela é essencial para um pai de família que vive de sua pena!" (AZEVEDO, 1904 apud FARIA, 2001, p. 608)" .
As peças deste Teatro Antológico de Artur Azevedo - Volume 3 são expressão mais do que representativa dessa postura do dramaturgo, que fez o necessário para viver de sua arte, num país em que semelhante atitude é, antes de tudo, um ato de extrema coragem.
Porém, ocorre que hoje em dia sua obra é visitada por pesquisadores de todas as principais universidades do país — e mesmo de fora dele. Foi necessário que o tempo inventasse uma crítica que, a posteriori, compreendesse o papel de formador e organizador de público exercido por Artur Azevedo. Noutras palavras, à glória de público somou-se, ao longo do tempo, a glória da crítica, que não lhe poupou em sua época.
Contudo — "que diabo!", como diz o mesmo Artur Azevedo logo acima —, sua obra permaneceu e continua encenada até hoje, e a crítica, que em sua época lhe foi tão desfavorável, caducou espetacularmente.
Vejamos o que Priscilla Vicente Ferreira diz em seu artigo "Desde os mais verdes anos: Artur Azevedo em favor de um teatro nacional", no XII Conages (Colóquio Nacional de Gêneros e Sexualidade):
"De todo modo, a característica mais representativa das obras de Artur Azevedo (contos, textos dramatúrgicos e crônicas de jornal), é, sem dúvida, a capacidade de retratar o cotidiano de seu tempo. De fato, não havia grandes preocupações de sua parte com o subjetivo de uma personagem, ou com discussões muito aprofundadas sobre questões sociais, ou com aplicações de moral e bons costumes; seu intuito, na verdade, era representar, sempre com um tom bem-humorado e irônico, o dia a dia de um contexto social em vias de formação identitária e cultural. Ainda que suas peças não fossem apreciadas pela crítica erudita por estarem ligadas às formas de um teatro de cunho popular, Artur Azevedo sempre se posicionou a favor dos dramas convencionais das peças bem-feitas, mas também defendeu a importância da recepção do público, que, à altura de sua alta produção, preferia o teatro ligeiro. Em resposta a um articulista de um jornal do Pará, que o acusara de corromper a moral e os bons costumes do teatro, comentou, em 1904, sobre as dificuldades em produzir um drama sério no Brasil. Segundo ele, às suas tentativas foram conferidas 'censuras, apodos, injustiças', ao passo que 'enveredando pela bambochata' não lhe faltaram "elogios, festas, aplausos e proventos". E conclui: "relevem-me citar esta última fórmula de glória, mas – que diabo! – ela é essencial para um pai de família que vive de sua pena!" (AZEVEDO, 1904 apud FARIA, 2001, p. 608)" .
As peças deste Teatro Antológico de Artur Azevedo - Volume 3 são expressão mais do que representativa dessa postura do dramaturgo, que fez o necessário para viver de sua arte, num país em que semelhante atitude é, antes de tudo, um ato de extrema coragem.
Porém, ocorre que hoje em dia sua obra é visitada por pesquisadores de todas as principais universidades do país — e mesmo de fora dele. Foi necessário que o tempo inventasse uma crítica que, a posteriori, compreendesse o papel de formador e organizador de público exercido por Artur Azevedo. Noutras palavras, à glória de público somou-se, ao longo do tempo, a glória da crítica, que não lhe poupou em sua época.
Contudo — "que diabo!", como diz o mesmo Artur Azevedo logo acima —, sua obra permaneceu e continua encenada até hoje, e a crítica, que em sua época lhe foi tão desfavorável, caducou espetacularmente.
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