Felicidade: diferenças entre revisões
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{{Mais notas|data=março de 2020}}
'''Felicidade''' pode ser definida por um momento em que há a percepção de um conjunto de sentimentos prazerosos. A '''felicidade''' é um estado durável de plenitude, satisfação e equilíbrio físico e psíquico, em que o sofrimento e a inquietude são transformados em [[emoção|emoções]] ou [[sentimento]]s que vão desde o contentamento até a alegria intensa ou júbilo. A felicidade tem, ainda, o significado de [[bem-estar]] espiritual ou [[paz interior]]. Existem diferentes abordagens ao estudo da felicidade - pela [[filosofia]], pelas [[religião|religiões]] ou pela [[psicologia]]. O [[Humano|ser humano]] sempre procurou a felicidade. Filósofos e religiosos sempre se dedicaram a definir sua natureza e que tipo de comportamento ou estilo de vida levaria à felicidade plena.
A felicidade é o que os [[Grécia Antiga|antigos gregos ]]
== Evolução histórica das reflexões sobre a felicidade ==
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[[Zoroastro]], profeta iraniano que teria nascido entre os séculos XVII e {{AC|XIV|x}}, criou uma doutrina religiosa, o [[zoroastrismo]], que se baseava numa luta permanente entre o bem e o mal. Quando Zoroastro perguntou, à divindade do bem, [[Aúra-Masda]], sobre o que seria felicidade na terra, a resposta teria sido: "Um lugar ao abrigo do fogo e dos animais ferozes; mulher; filhos; e rebanhos de gado".<ref>CARVALHO, S. S. ''Os mestres da terra: os místicos e líderes religiosos da humanidade''. São Paulo. Hemus. pp. 57-60.</ref>
Por volta do século VI a.C., na [[China]], dois filósofos apontaram dois caminhos para se atingir a felicidade: [[Lao Tsé]] defendeu que a harmonia na vida podia ser alcançada através da união com o ''[[tao]]'', ou seja, com as forças da [[natureza]].<ref>WILKINSON, P. ''O livro ilustrado das religiões: o fascinante universo das crenças e doutrinas que acompanham o homem através dos tempos''. Tradução de Margarida e Flávio Quintiliano. São Paulo. Publifolha. 2001. p. 70.</ref> Já [[Confúcio]] enfatizou o dever, a cortesia, a sabedoria e a generosidade como elementos que permitiriam uma existência feliz.<ref>WILKINSON, P. ''O livro ilustrado das religiões: o fascinante universo das crenças e doutrinas que acompanham o homem através dos tempos''. Tradução de Margarida e Flávio Quintiliano. São Paulo. Publifolha. 2001. p. 68.</ref>
[[Ficheiro:Dalai Lama 1430 Luca Galuzzi 2007crop.jpg|thumb|160px|left|O [[Dalai Lama|dalai lama]] [[Tenzin Gyatso]] defende a autorreflexão e a serenidade como caminhos para se atingir a felicidade]]
A felicidade é um tema central do [[budismo]], doutrina religiosa criada na [[Índia]] por [[Sidarta Gautama]] por volta do século VI a.C. Para o budismo, a felicidade é a liberação do sofrimento, liberação esta obtida através do [[Nobre Caminho Óctuplo]]. Segundo o ensinamento budista, a suprema felicidade só é obtida pela superação do [[desejo]] em todas as suas formas. Um dos grandes mestres contemporâneos do budismo, o [[Dalai Lama|dalai lama]] [[Tenzin Gyatso]], diz que a felicidade é uma questão primordialmente mental, no sentido de ser necessário, primeiramente, se identificar os fatores que causam a nossa infelicidade e os fatores que causam a nossa felicidade. Uma vez identificados esses fatores, bastaria extinguir os primeiros e estimular os segundos, para se atingir a felicidade.<ref>CUTLER, H. C. e LAMA, D. ''A Arte da Felicidade.'' São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 14,15</ref> O dalai lama ainda enfatiza a importância da disposição mental para se atingir a felicidade: sem uma disposição mental adequada, de nada adianta a posse de fatores externos, como riqueza, amigos etc. E a disposição mental adequada para a felicidade baseia-se sobretudo na serenidade.<ref>CUTLER, H. C. e LAMA, D. ''A Arte da Felicidade.'' São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 26-28.</ref>
[[Mahavira]], um filósofo indiano contemporâneo de Sidarta Gautama, enfatizou a importância da não violência como meio de se atingir a felicidade plena. Sua doutrina perdurou sob o nome de [[jainismo]].<ref>WILKINSON, P. ''O Livro Ilustrado das Religiões''. São Paulo: Publifolha, 2001. pp. 45-46</ref>
Para o filósofo grego [[Aristóteles]], que viveu no século IV a.C., a felicidade é uma atividade de acordo com o que há de melhor no homem. O homem, diferente de todos os outros seres vivos, é dotado de linguagem (''logos''), e a atividade que há de melhor no homem deve ser realizada de acordo com a virtude, então, aquele que organizar os seus desejos de acordo com um princípio racional terá uma ação virtuosa e a vida de acordo com a virtude será considerada uma vida feliz. Assim, a felicidade, para o filósofo grego, é uma atividade da alma de acordo com um princípio racional, isto é, uma atividade de acordo com a virtude. Por isso, ela está ligada à ideia de satisfação. Com isso, vemos que a concepção aristotélica de felicidade diverge em muito da concepção contemporânea, por exemplo, que considera a felicidade como a paz de espírito ou um estado durável de emoções positivas. Para Aristóteles, um homem feliz é um homem virtuoso. Nesse sentido, muitas vezes se sugere que o termo ''eudaimonia'' não seja traduzido, destacando a diferença do que concebemos atualmente como felicidade. A palavra eudaimonia é composta por "''eu''" ('bom') e "''daimōn''" ("espírito"). Trata-se de um dos conceitos centrais na
[[Epicuro]], filósofo grego que viveu nos séculos IV e III a.C., defendia que a melhor maneira de alcançar a felicidade é através da satisfação dos desejos de uma forma equilibrada, que não perturbe a tranquilidade do indivíduo.<ref>MARCONDES, D. ''Iniciação à História da Filosofia - dos Pré-socráticos a Wittgenstein''. 13ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. p. 93</ref>
[[Pirro de Élis]], filósofo grego contemporâneo de Epicuro, também advogava que a felicidade residia na tranquilidade, porém divergia quanto à forma de se alcançar a tranquilidade. Segundo Pirro, a tranquilidade viria do reconhecimento da impossibilidade de se fazer um julgamento válido sobre a realidade do mundo. Tal reconhecimento livraria a mente das inquietações e geraria tranquilidade. Este tipo de pensamento é, historicamente, relacionado à escola filosófica do [[ceticismo]].<ref>MARCONDES, D. ''Iniciação à História da Filosofia - dos Pré-socráticos a Wittgenstein''. 13ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. pp. 95,97,98</ref>
Outra escola filosófica grega da época, o [[estoicismo]], também defendia a tranquilidade (''[[ataraxia]]'') como o meio de se alcançar a felicidade. Segundo essa escola, a tranquilidade poderia ser atingida através do autocontrole e da aceitação do destino.<ref>MARCONDES, D. ''Iniciação à História da Filosofia - dos Pré-socráticos a Wittgenstein''. 13ª edição. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2010. p. 92</ref>
[[File:Aristotle by Raphael.jpg|thumb|140px|right|Para Aristóteles, a felicidade pode ser atingida pela prática do bem]]
[[Jesus Cristo]] defendeu o [[amor]] como o elemento fundamental para se atingir a harmonia em todos os níveis, inclusive no nível da felicidade individual. Sua doutrina ficou conhecida como [[cristianismo]].
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O psiquiatra [[Sigmund Freud]] (1856-1939), o criador da [[psicanálise]], defendia que todo ser humano é movido pela busca da felicidade, através do que ele denominou [[princípio do prazer]]. Porém essa busca seria fadada ao fracasso, devido à impossibilidade de o mundo real satisfazer a todos os nossos desejos. A isto, deu o nome de "princípio da realidade". Segundo Freud, o máximo a que poderíamos aspirar seria uma felicidade parcial.
A [[psicologia positiva]] - que dá maior ênfase ao estudo da [[sanidade mental]] e não às [[patologia]]s - relaciona a felicidade com [[emoção|emoções]] e atividades positivas.<ref>Freitas-Magalhães, A. (2006). A psicologia do sorriso humano. Porto: Edições Universidade Fernando Pessoa. ISBN 972-8830-59-9 - ISBN 978-989-643-035-1 (2ª Ed., 2009).</ref> Segundo essa percepção, o homem estaria responsável pela própria felicidade, sem depender dos outros ou de um deus. Assim, o indivíduo deve se condicionar psicologicamente, a partir de atitudes como ser positivo, ser grato, fazer o bem. Dessa forma, o ato de fingir ser feliz seria uma maneira de se condicionar a estar feliz.<ref>Freire Filho, João. "A felicidade na era de sua reprodutibilidade científica: construindo “pessoas cronicamente felizes”."
A [[economia do bem-estar]] defende que o nível público de felicidade deve ser usado como suplemento dos [[indicador]]es [[económico]]s mais tradicionais, como o [[produto interno bruto]], a [[inflação]] etc.
Estudos científicos iniciados em 1970 por David T. Lykken, geneticista e professor de Psicologia da Universidade de Minnesota, indicam que a felicidade também depende de fatores hereditários. O autor e outros pesquisadores afirmam que, quanto ao bem-estar subjetivo, dependemos em parte da “grande loteria genética que ocorre no momento da concepção” – daí resultaria o fato de as pessoas serem predominantemente otimistas ou pessimistas.<ref>{{citar web|
* capacidade de adaptação a novas situações
* buscar objetivos de acordo com suas características pessoais
* riqueza em relacionamentos humanos
* possuir uma forte identidade étnica
* ausência de problemas
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* pertencer a um grupo<ref>NIVEN, D. ''100 segredos das pessoas felizes''. 14ª edição. Rio de Janeiro: Sextante, 2001. 189p</ref>
* independência pessoal
Hoje, o conceito de felicidade está intimamente atrelado ao "culto do indivíduo". Ser feliz é o resultado de um "projeto de produção da felicidade", segundo [[Joel Birman]].<ref name=":0">Birman, Joel. "Muitas felicidades?! O imperativo de ser feliz na contemporaneidade."
== Veja também ==
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{{Controle de autoridade}}
[[Categoria:Conceitos de ética]]▼
[[Categoria:Emoções]]
[[Categoria:Sentimentos]]
▲[[Categoria:Conceitos de ética]]
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