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Antigos euroasiáticos do Norte

Na Arqueogenética, Antigos Euroasiáticos do Norte ou Antigos Eurasiáticos do Norte (abreviados como ANE em inglês) é o nome dado a um componente ancestral representante da linhagem dos povos da cultura Mal'ta-Buret' (c. 24.000 AP) e populações intimamente relacionadas a eles, como os indivíduos do Paleolítico Superior de Afontova Gora e Yana Rhinoceros.

Origem

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Mapa demonstrando a dispersão de humanos pela Ásia (Yang, 2022).

Os Antigos Eurasiáticos do Norte, parte da linhagem dos Eurasiáticos Ocidentais (representados atualmente pelas populações da Europa e Oriente Médio), se formaram na Ásia Central há pouco menos de 40 mil anos, logo após a divisão entre os Eurasiáticos Ocidentais e asiáticos orientais. Nos milênios seguinte, se expandiram para o norte, colonizando a Sibéria.[1]

Geneticamente falando, o pool genético dos ANE é entre dois terços e quatro quintos de procedência eurasiática ocidental, sendo o restante – entre um terço e um quinto – oriundo dos primeiros asiáticos orientais.[1][2]

Dispersão e presença nas populações atuais

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Entre 20 e 25 mil anos atrás, no leste da Sibéria, os ANE encontraram e se misturaram com uma população asiática oriental, assim originando os ancestrais diretos dos paleossiberianos e dos ameríndios. Geneticamente falando, a ancestralidade genética dos povos indígenas da América é c. 60% asiática oriental e c. 40% ANE.[1][3]

No Mesolítico e início do Neolítico, os Antigos Eurasiáticos do Norte migraram para o Leste Europeu e Escandinávia, aonde encontraram e se misturaram com os Caçadores Coletores Ocidentais, assim formando os Caçadores-Coletores Orientais (do Leste Europeu) e Escandinavos. Os Caçadores-Coletores Orientais possuíam em torno de três quartos de sua ancestralidade oriunda dos ANE, enquanto os Caçadores-Coletores Escandinavos possuíam menos dessa linhagem - entre 19 e 33%.[4][5][6]

Após o fim do Pleistoceno, os ANE conseguiram sobreviver apenas na região da Ásia Central.[7][8][9]

Os proto-indo-europeus, dos quais todos os povos falantes de línguas indo-europeias descendem em diferentes graus, foram formados pela miscigenação entre os Caçadores-Coletores Orientais e do Cáucaso. Dessa forma, possuíam uma quantidade significativa de ancestralidade ANE, a qual foi dispersa para o restante da Europa, Anatólia, Cáucaso, Pérsia e Sul da Ásia graças às migrações indo-europeias.[4][5]

A ancestralidade ANE está presente em todas as populações nativas da Europa em proporção nunca maior que 20% do pool genético. Também já foi detectada, além dos povos já citados, em populações do Levante.[10]

Fenótipo

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O gene para os cabelos loiros nos europeus tem sua origem nos Antigos Eurasiáticos do Norte, há cerca de 18 mil anos.[4]

Os descendentes diretos mais recentes dos ANE são as Múmias de Tarim, encontradas na região autônoma chinesa de Xinjiang e datadas de em torno de 4 mil anos atrás. Tendo esses indivíduos mumificados como fenótipo a pele clara e cabelos loiros, é possível presumir que os Antigos Eurasiáticos do Norte possuíam tais características fenotípicas.[7][8][9]

Ver também

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Referências

  1. a b c Sikora, Martin; Pitulko, Vladimir V.; Sousa, Vitor C.; Allentoft, Morten E.; Vinner, Lasse; Rasmussen, Simon; Margaryan, Ashot; de Barros Damgaard, Peter; de la Fuente, Constanza (5 de junho de 2019). «The population history of northeastern Siberia since the Pleistocene» (PDF). Nature (em inglês). 570 (7760): 182–188. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/s41586-019-1279-z 
  2. Massilani, Diyendo; Skov, Laurits; Hajdinjak, Mateja; Gunchinsuren, Byambaa; Tseveendorj, Damdinsuren; Yi, Seonbok; Lee, Jungeun; Nagel, Sarah; Nickel, Birgit (30 de outubro de 2020). «Denisovan ancestry and population history of early East Asians». Science (em inglês). 370 (6516): 579–583. ISSN 0036-8075. doi:10.1126/science.abc1166 
  3. Moreno-Mayar, J. Víctor; Potter, Ben A.; Vinner, Lasse; Steinrücken, Matthias; Rasmussen, Simon; Terhorst, Jonathan; Kamm, John A.; Albrechtsen, Anders; Malaspinas, Anna-Sapfo (11 de janeiro de 2018). «Terminal Pleistocene Alaskan genome reveals first founding population of Native Americans» (PDF). Nature. 553 (7687): 203–207. ISSN 1476-4687. PMID 29323294. doi:10.1038/nature25173 
  4. a b c Hanel, Andrea; Carlberg, Carsten (setembro de 2020). «Skin colour and vitamin D: An update». Experimental Dermatology (em inglês). 29 (9): 864–875. ISSN 0906-6705. doi:10.1111/exd.14142 
  5. a b Lazaridis, Iosif; Nadel, Dani; Rollefson, Gary; Merrett, Deborah C.; Rohland, Nadin; Mallick, Swapan; Fernandes, Daniel; Novak, Mario; Gamarra, Beatriz (25 de agosto de 2016). «Genomic insights into the origin of farming in the ancient Near East». Nature. 536 (7617): 419–424. ISSN 1476-4687. PMC 5003663 . PMID 27459054. doi:10.1038/nature19310 
  6. Lazaridis, Iosif; Patterson, Nick; Mittnik, Alissa; Renaud, Gabriel; Mallick, Swapan; Kirsanow, Karola; Sudmant, Peter H.; Schraiber, Joshua G.; Castellano, Sergi (18 de setembro de 2014). «Ancient human genomes suggest three ancestral populations for present-day Europeans». Nature. 513 (7518): 409–413. ISSN 0028-0836. PMC 4170574 . PMID 25230663. doi:10.1038/nature13673 
  7. a b «Origem das misteriosas múmias de Tarim, na China, surpreende cientistas». Revista Galileu. 29 de outubro de 2021. Consultado em 1 de outubro de 2023 
  8. a b Hunt, Katie (28 de outubro de 2021). «Pesquisa de DNA revela detalhes sobre passado dos humanos a partir de múmias». CNN Brasil. Consultado em 1 de outubro de 2023 
  9. a b «ADN revela inesperada origem de múmias encontradas no deserto da China». Diário de Notícias. 28 de outubro de 2021. Consultado em 1 de outubro de 2023 
  10. Dutchen, Stephanie (17 de setembro de 2014). «New Branch Added to European Family Tree». Harvard Medical School (em inglês). Consultado em 1 de outubro de 2023 
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