Burgher
Burgher são os descendentes de portugueses e neerlandeses no Seri Lanca. Os Burghers Portugueses são um grupo étnico do Seri Lanca descendentes de cingaleses e portugueses,[2] católicos e falantes do indo-português do Ceilão, uma linguagem crioula de origem portuguesa.
Burgher |
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População total |
37,061 (2012)[1] |
Regiões com população significativa |
Línguas |
Língua inglesa, língua cingalesa, língua tâmil, crioulo português do Seri Lanca |
Religiões |
Cristianismo |
Etnia |
Portugueses, Neerlandeses, .... |
Origem
editarO Seri Lanca era conhecido dos gregos e dos romanos, que o chamavam de Taprobana.[3] Os primeiros europeus a visitar o Seri Lanca foram os portugueses: Dom Lourenço de Almeida chegou à ilha em 1505. Os portugueses ocuparam primeiro a cidade de Cota mas, devido à insegurança do local, fundaram a cidade de Colombo em 1517, e gradualmente estenderam seu controle pelas áreas costeiras. Muitos cingaleses se converteram ao cristianismo. Em 1602, quando o capitão neerlandês Joris Spilberg chegou à ilha, o rei de Kandy pediu-lhe auxílio. Porém, somente em 1638 os neerlandeses atacaram pela primeira vez, e apenas em 1656 Colombo foi tomada. Como resultado do domínio neerlandês, mestiços de neerlandeses e cingaleses, conhecidos como burghers existem até hoje no país, tal como muitas famílias com nomes de família de origem portuguesa.
Burghers portugueses
editarOs Burghers portugueses são maioritariamente descendentes de mestiços de origem portuguesa e cingalesa, geralmente pai português e mãe cingalesa ou mãe descendente de portugueses com pai singalês. A sua origem remonta à chegada dos portugueses, após a descoberta do caminho marítimo para a Índia, em 1505.
Quando os neerlandeses tomaram as costas do Seri Lanca em 1656, antigo Ceilão Português, os descendentes dos portugueses refugiaram-se nas montanhas centrais do reino Kandyan, sob domínio cingalês. Com o tempo descendentes de portugueses e neerlandeses casaram entre si. Embora a língua portuguesa tivesse sido banida sob o domínio neerlandês, estava tão difundida como língua franca do Índico que até os neerlandeses a falavam.
No século XVIII a comunidade euroasiática (mistura de portugueses, neerlandeses, singaleses e Tâmeis), conhecida como Burghers cresceu, falando português ou neerlandês. Os burghers portugueses, mais interligados, professando o catolicismo e falando um crioulo português, apesar das desvantagens sócio-económicas, mantiveram a sua identidade cultural portuguesa, reforçada pela "União Católica Burgher" em Baticaloa. O crioulo português continuou a ser falado entre as famílias Burghers neerlandesas como língua informal até ao fim do século XIX.
Burghers no Seri Lanca atual
editarNo Seri Lanca atual o crioulo limita-se à linguagem falada, geralmente por burghers na província oriental, em Baticaloa e Triquinimale. Atualmente o inglês tornou-se a língua comum, com o cingalês ensinado nas escolas como segunda língua. Existe ainda o povo Kaffir do Seri Lanca, de origem africana, na província do noroeste Putalão. Portugueses, neerlandeses e Ingleses trouxeram os kaffirs para trabalhar no Seri Lanca, acabando também estes por adotar a cultura e religião portuguesa.
No Censo de 1981 os Burghers (neerlandeses e portugueses) contavam cerca de 40.000 (0,3% da população total do Seri lanca). Muitos burghers emigraram para outros países. Existem ainda 100 famílias em Baticaloa e Triquinimale e 80 famílias Kaffir em Putalão que falam o crioulo português; o último contacto com Portugal foi em 1656. Numerosos apelidos de origem portuguesa permanecem até hoje, como Perera, Pereira, Abreu, Salgado, Fonseca, Fernando, Rodrigo e Silva que se tornaram parte da cultura do Seri Lanca.
A população Burgher no mundo será de 100.000 aproximadamente, concentrada sobretudo no Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Notas
editar- ↑ «A2 : Population by ethnic group according to districts, 2012». Census of Population & Housing, 2011. Department of Census & Statistics, Sri Lanka
- ↑ Sidney Arnold Pakeman, "Ceylon", Praeger, 1964
- ↑ Ver também a utilização do nome Taprobana em Camões, Lusíadas, Canto I
Bibliografia
editar- Teotonio R. De Souza, "Indo-Portuguese history: old issues, new questions", Concept, 1985
- The Portuguese Cultural Imprint on Sri Lanka