Caninae
A Caninae, cujos membros são conhecidos como caninos,[6] é uma das três subfamílias encontradas na família dos canídeos. As outras duas subfamílias de canídeos são as extintas Borophaginae e Hesperocyoninae.[7] A Caninae inclui todos os canídeos vivos e seus parentes fósseis mais recentes.[5] Seus fósseis foram os primeiros encontrados na América do Norte e são datados até a era do Oligoceno, então se espalhando para a Ásia no fim do Mioceno,[6] cerca de 7 a 8 milhões de anos atrás.[7]
Caninos | |||||||||||||
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Ocorrência: Oligoceno – Recente | |||||||||||||
Os três grandes clados caninos, representados por um chacal-de-dorso-negro (da tribo Canini), uma raposa vermelha (da tribo Vulpini) e uma raposa-cinzenta (do gênero Urocyon). | |||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||
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Gêneros[1][2][3][4][5] | |||||||||||||
Taxonomia e linhagem
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Segundo Kathleen Munthe, "características derivadas que distinguem os caninos de outros canídeos incluem pré-molares pequenos, simples e bem espaçados, um úmero sem forame entipicondilar e um metatarso 1 reduzido a um rudimento proximal."[8]
O gênero Leptocyon (grego: leptos magro + cyon cão) inclui 11 espécies e foi o primeiro canino primitivo. Eles eram pequenos e pesavam cerca de 2 kg.[6] Eles aparecerem primeiramente no Condado de Sioux, Nebraska há cerca de 34–32 milhões de anos, durante o início do Oligoceno.[5] Essa foi a mesma época do surgimento dos Borophaginae, com os quais eles compartilham muitas características. A dentição e crânio dos Borophaginae surgiram para fortes mordidas fatais em comparação com os Leptocyon, que são especializados em caças presas rápidas e pequenas. A espécie L. delicatus é o menor canídeo da história. No fim do gênero, há cerca de 9 milhões de anos, uma linhagem de Leptocyon se parecia com a raposa moderna.[6] As várias espécies de Leptocyon se dividiram há cerca de 11,9 milhões de anos entre as tribos Vulpini (raposas) e Canini.[5]
Os caninos passaram dois terços de sua história na América do Norte antes de se dispersarem para a Ásia, Europa e África há 7 milhões de anos. Uma das características que os distingue dos Borophaginae e Hesperocyoninae é seu peso reduzido em seus membros e pernas mais longas, que podem ter ajudado em sua dispersão. O primeiro canino a chegar na Eurásia foi o animal do tamanho de um coiote Canis cipio, cujos fósseis foram escassamente encontrados na Espanha. Entretanto, a posição do C. cipio no gênero Canis ou Eucyon ainda não é clara.[6]
Relações filogenéticas
editarResultados de análises de aloenzimas e cromossomos já sugeriram diversas divisões filogenéticas:
Divisão | Imagem | Gênero | Espécies |
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Canina[9] | Canis Lineu, 1758 |
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Cuon Hodgson, 1838 | |||
Lycaon Brookes, 1827 |
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Lupulella Hilzheimer, 1906 | |||
Cerdocyonina[9] | Speothos Lund, 1839 |
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Lycalopex Burmeister, 1854 | |||
Cerdocyon C. H. Smith, 1839 | |||
Chrysocyon Smith, 1839 | |||
Atelocynus Cabrera, 1940 | |||
Vulpini[9] | Nyctereutes Temminck, 1838 |
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Otocyon S. Müller, 1835 | |||
Vulpes Garsault, 1764 | |||
Urocyon[9] | Urocyon Baird, 1857 |
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Análises de DNA mostram que os primeiros três formam clados monofiléticos. As subtribos Canina e Cerdocyonina formam a tribo Canini.[10] Dados moleculares indicam uma origem norte-americana dos Canidae vivos há cerca de 10 milhões de anos e uma origem africana dos Canina (Canis, Cuon e Lycaon), com os chacais sendo os mais basais deste grupo.
O clado sul-americano Cerdocyonina é enraizado pelo lobo-guará e o cachorro-vinagre, e a tribo Vulpini pelo feneco e raposa-afegã. A raposa cinzenta e a raposa das ilhas são basais aos outros clados; entretanto, essa diferença topológica não é fortemente apoiada.[11]
O cladograma abaixo é baseado na filogenia de Linndblad-Toh (2005)[11] modificada para incorporar descobertas sobre espécies de Canis,[12] Vulpes,[13] Lycalopex[14] e Dusicyon.[15]
Caninae |
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Referências
editar- ↑ McKenna, M.C.; Bell, S.K. (1997). Classification of Mammals above the Species Level. Columbia University Press.
- ↑ Mammal species of the world : a taxonomic and geographic reference. Don E. Wilson, DeeAnn M. Reeder 3rd ed ed. Baltimore: Johns Hopkins University Press. 2005. OCLC 57557352
- ↑ Lyras, George A.; Geer, Alexandra A. E. Van Der; Dermitzakis, Michael D.; De Vos, John (11 de setembro de 2006). «Cynotherium sardous , an insular canid (Mammalia: Carnivora) from the Pleistocene of Sardinia (Italy), and its origin». Journal of Vertebrate Paleontology (em inglês) (3): 735–745. ISSN 0272-4634. doi:10.1671/0272-4634(2006)26[735:CSAICM]2.0.CO;2. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ Sotnivoka, M. (2006). "A new canid Nurocyon chonokhariensis gen
. et sp . nov .(Canini, Canidae, Mammalia) from the Pliocene of Mongolia". Courier Forschungsinstitut Senckenberg. 256: 11. - ↑ a b c d Tedford, Richard H.; Wang, Xiaoming; Taylor, Beryl E. (3 de setembro de 2009). «Phylogenetic Systematics of the North American Fossil Caninae (Carnivora: Canidae)». Bulletin of the American Museum of Natural History (em inglês): 1–218. ISSN 0003-0090. doi:10.1206/574.1. Consultado em 14 de julho de 2021
- ↑ a b c d e Wang, Xiaoming (2010). Dogs : their fossil relatives and evolutionary history. Richard H. Tedford, Mauricio Antón. New York: Columbia University Press. OCLC 822229250
- ↑ a b Miklósi, Ádám. (2007). Dog Behaviour, Evolution, and Cognition. Oxford: OUP Oxford. OCLC 763156538
- ↑ Munthe, Kathleen. Janis, C.M.; Scott, K.M.; Jacobs, L.L., eds. «Chapter 7, Canidae». Cambridge University Press. Evolution of Tertiary Mammals of North America: 124–143
- ↑ a b c d Wayne, Robert K. (junho de 1993). «Molecular evolution of the dog family». Trends in Genetics (em inglês) (6): 218–224. doi:10.1016/0168-9525(93)90122-X. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ The behavioural biology of dogs. Per Jensen. Wallingford, Oxfordshire: CABI. 2007. OCLC 86083540
- ↑ a b Broad Sequencing Platform members; Lindblad-Toh, Kerstin; Wade, Claire M; Mikkelsen, Tarjei S.; Karlsson, Elinor K.; Jaffe, David B.; Kamal, Michael; Clamp, Michele; Chang, Jean L. (dezembro de 2005). «Genome sequence, comparative analysis and haplotype structure of the domestic dog». Nature (em inglês) (7069): 803–819. ISSN 0028-0836. doi:10.1038/nature04338. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ Koepfli, Klaus-Peter; Pollinger, John; Godinho, Raquel; Robinson, Jacqueline; Lea, Amanda; Hendricks, Sarah; Schweizer, Rena M.; Thalmann, Olaf; Silva, Pedro (agosto de 2015). «Genome-wide Evidence Reveals that African and Eurasian Golden Jackals Are Distinct Species». Current Biology (em inglês) (16): 2158–2165. doi:10.1016/j.cub.2015.06.060. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ Zhao, Chao; Zhang, Honghai; Liu, Guangshuai; Yang, Xiufeng; Zhang, Jin (fevereiro de 2016). «The complete mitochondrial genome of the Tibetan fox (Vulpes ferrilata) and implications for the phylogeny of Canidae». Comptes Rendus Biologies (em inglês) (2): 68–77. doi:10.1016/j.crvi.2015.11.005. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ Tchaicka, Ligia; Freitas, Thales Renato Ochotorena de; Bager, Alex; Vidal, Stela Luengos; Lucherini, Mauro; Iriarte, Agustín; Novaro, Andres; Geffen, Eli; Garcez, Fabricio Silva (25 de julho de 2016). «Molecular assessment of the phylogeny and biogeography of a recently diversified endemic group of South American canids (Mammalia: Carnivora: Canidae)». Genetics and Molecular Biology (3): 442–451. ISSN 1678-4685. PMC 5004827 . PMID 27560989. doi:10.1590/1678-4685-GMB-2015-0189. Consultado em 15 de julho de 2021
- ↑ Slater, Graham J.; Thalmann, Olaf; Leonard, Jennifer A.; Schweizer, Rena M.; Koepfli, Klaus-Peter; Pollinger, John P.; Rawlence, Nicolas J.; Austin, Jeremy J.; Cooper, Alan (novembro de 2009). «Evolutionary history of the Falklands wolf». Current Biology (em inglês) (20): R937–R938. doi:10.1016/j.cub.2009.09.018. Consultado em 15 de julho de 2021