Diogo Cão
Diogo Cão foi um navegador português do século XV. Acredita-se que pertencesse a uma família radicada em Vila Real,[2][3] local onde se conjectura que terá nascido em data desconhecida, havendo historiadores que especulam que, provavelmente, terá nascido algures na década de 1440.
Diogo Cão | |
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Diogo Cão chegando ao Congo | |
Nascimento | c. 1440 Vila Real[1] |
Morte | c. 1486 |
Nacionalidade | Português |
Ocupação | navegador |
Família
editarFilho natural de Álvaro Fernandes, Fidalgo da Casa Real.[4]
Biografia
editarEscudeiro da Casa de D. João II de Portugal,[5] tendo sido enviado pelo mesmo em expedições, a primeira das quais em que terá participado terá sido ao Golfo da Guiné, em 1480.[3]
Comandou duas viagens de reconhecimento da costa sudoeste africana, entre 1482 e 1486, havendo alguma controvérsia entre historiadores, quanto à cronologia exacta destas.[3]
Na primeira, ocorrida entre 1482 e 1484, percorreu a costa desde o Cabo de Santa Catarina até ao Cabo do Lobo e depois até à foz do rio Congo, tendo penetrado no reino do Congo[2] e estabelecido as primeiras relações com esse reino.
Na pendência desta expedição também chegou à foz do Zaire e avançou pelo interior do rio, tendo deixado uma inscrição comprovando a sua chegada às cataratas de Ielala, perto de Matadi.[3] Com efeito, Diogo Cão é reputado como tendo sido o primeiro navegador português a servir-se de marcos de pedra para assinalar o itinerário da passagem dos seus navios,[2][6] deixando dois marcos por viagem.[6]
Ao chegar à foz do rio Zaire, Diogo Cão julgou ter alcançado o ponto mais a sul do continente africano (Cabo da Boa Esperança, inicialmente chamado Cabo das Tormentas). Contudo, na verdade, o mesmo viria a ser dobrado pela primeira vez, por Bartolomeu Dias, poucos anos depois.
Ainda no ensejo desta primeira viagem de reconhecimento, Diogo Cão chegou à enseada de Lucira Grande (mais tarde conhecida como «Angra de João de Lisboa»), hoje em dia designada Baia de Moçâmedes, na região de Namibe, em Angola.[3]
No regresso descobre ainda a ilha do Bom Ano,[3] se bem que há autores que disputam esta descoberta, atribuindo-a antes a Fernão Pó, numa expedição anterior de 1473.[7]
Na segunda expedição, decorrida de 1485 a 1487, terá chegado ao Cabo da Cruz (na actual Namíbia). [6] Introduziu a utilização dos padrões de pedra, em vez das cruzes de madeira, para assinalar a presença portuguesa nas zonas encontradas.
Teve mercê de Armas Novas por Carta de 14 de Abril de 1484. As Armas que lhe foram concedidas são: de cor verde, com duas colunas de prata, rematadas cada uma por uma cruz de azul e firmadas sobre dois montes, moventes de um terreiro, tudo da sua cor, tendo como timbre as duas colunas do escudo passadas em aspa e atadas de verde.[8]
Depois destas duas expedições, desaparece da documentação da época, o que leva alguns historiadores a conjecturar que terá morrido ou caído em desgraça.[6]
Casamento e descendência
editarIgnora-se com quem casou, mas teve geração, hoje extinta na varonia:
- Pedro Cão, casado com Brites Figueira de Azevedo, com geração;
- Manuel Cão, casado com Helena Lobo Pinheiro de Lacerda, com geração;
- André Afonso Cão, General de Galés de Entre Douro e Minho, casado com Genebra de Magalhães, sobrinha materna de Fernão de Magalhães, com geração (uma neta deste casal, D. Francisca de Magalhães, instituiu um morgadio em 1574, o qual passaria, duas gerações mais tarde, para os senhores da Honra de Barbosa, por via de matrimónio);[9]
- Isabel Cão, casada com Baltazar Gonçalves Ferreira, com geração.
Nas artes
editarDiogo Cão é citado em diversas obras artísticas, como n´Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões ou no poema Padrão constituinte da obra Mensagem de Fernando Pessoa.[10] O navegador é personagem também no romance As Naus, de António Lobo Antunes.[11]
Foi também o primeiro navegador a utilizar um padrão de pedra no ato da marcação.[6]
Foram impressos uma nota de 1 angolar de Angola, bem como selos da Metrópole e das Colónias, com a sua imagem.
Referências
- ↑ «Diogo Cão». Infopédia em linha. Porto Editora. Consultado em 30 de janeiro de 2012
- ↑ a b c Infopédia. «Diogo Cão - Infopédia». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 15 de janeiro de 2023
- ↑ a b c d e f Bigotte de Carvalho, Maria Irene (2003). Nova Enciclopédia Larousse vol. V. Lisboa: Círculo de Leitores. p. 1417. 1578 páginas. ISBN 972-42-2816-9. OCLC 959016748
- ↑ "Nobiliário das Famílias de Portugal", Manuel José da Costa Felgueiras Gaio, Carvalhos de Basto, 2.ª Edição, Braga, 1989, Vol. III, p. 174 (Cães)
- ↑ "Armorial Lusitano", Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 3.ª Edição, Lisboa, 1987, p. 129
- ↑ a b c d e Bigotte de Carvalho, Maria Irene (1997). Nova Enciclopédia Larousse vol. V. Lisboa: Círculo de Leitores. p. 1418. 1578 páginas. ISBN 972-42-2816-9. OCLC 959016748
- ↑ Portugal, Rádio e Televisão de. «Pó e Ambó - Portugal Sem Fim - Documentários - História - RTP». www.rtp.pt. Consultado em 15 de janeiro de 2023
- ↑ "Armorial Lusitano", Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 3.ª Edição, Lisboa, 1987, p. 136
- ↑ Cardoso, Augusto--Pedro Lopes (2021). D. Francisco de Azevedo e Ataíde: Subsídios para a sua biografia. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra. p. 110. ISBN 978-9892621036
- ↑ «Arquivo Pessoa: Obra Édita - III. PADRÃO -». arquivopessoa.net. Consultado em 15 de janeiro de 2023
- ↑ Antunes, António Lobo (2006). As naus 6a. ed ed. Lisboa: Publicações Dom Quixote. OCLC 151056622
Ligações externas
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