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Derviş Mehmed Zillî, conhecido como Evliya Çelebi (em turco otomano: اوليا چلبى; Istambul 25 de março de 1611 – Istambul ou Cairo, 1682~1685), foi um viajante e escritor turco que viajou através do Império Otomano e territórios vizinhos durante quarenta anos.[nt 1] Foi homenageado pela UNESCO em 2011 como Homem do Ano.[3]

Evliya Çelebi
Evliya Çelebi
Estátua de Evliya Çelebi em Eger, Hungria
Nome completo Ibn Darwish Mehmed Zilli • اوليا چلبى
Nascimento 25 de março de 1611[1]
Istambul, Império Otomano
Morte 1683[1] ou 1684[2]
Istambul ou Cairo
Ocupação viajante e escritor

Biografia

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Embora tenha nascido em Istambul, então capital do Império Otomano, a família de Evliya Çelebi era de Kütahya.[nt 2] O seu pai, Derviş Mehmed Zılli, era um joalheiro da corte otomana e a sua mãe era uma ex-escrava abecásia.[1] Como membro de uma família rica e bem relacionada, recebeu uma excelente educação, tendo frequentado um madraçal e a escola do palácio imperial, onde estudou árabe, caligrafia e música. Tornou-se conhecido como recitador do Alcorão e foi favorecido pelo sultão reinante, Murade IV.[2]

Supõe-se que tenha aderido à ordem sufista de Gülşenî, pois conhecia muito bem o tekke (hospedaria) dessa ordem no Cairo e por um grafito onde se refere a si próprio como "Evliya-yı Gülşenî" (Evliya dos Gülşenî). Iniciou as suas viages em Istambul tomando notas sobre edifícios, mercados, costumes e cultura. Em 1640 fez a sua primeira viagem fora da cidade. A sua coleção de notas de todas as suas viagens formaram uma obra de dez volumes chamada Seyahatnâme ("Livro de Viagens"),[nt 2] também chamado Tarihi Seyyah.[nt 1]

Morreu depois de 1683,[1] provavelmente em 1684. Não é claro se estava então em Istambul[2] ou no Cairo.[nt 2]

Obra literária (Seyahatnâme)

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Çelebi cultivou a rihla, o género literário clássico árabe de relatos de viagem que é adotado em várias partes do mundo muçulmano.[nt 1] Embora muitas das descrições desta obra tenham sido escritas de forma exagerada e por vezes fossem pura ficção ou má interpretação de fontes de terceiros, as suas notas são amplamente aceites como um guia útil para os aspetos culturais e estilo de vida das populações do Império Otomano do século XVII.[nt 2][1][4]

Evliya viajou pela Hungria e Áustria e visitou Viena «com o olho treinado de um guerreiro de fronteira». Durante o século XVII houve vários confrontos entre otomanos e austríacos que culminou no segundo cerco (o primeiro tinha sido no outono de 1529) da capital das margens do Danúbio, no verão de 1683. O cerco fracassou porque o exército sitiante, comandado pelo vizir otomano Kara Mustafá, se deixou surpreender pela coluna aliada de socorro franco-alemã-polaca comandada por Carlos de Lorena e Jan III Sobieski.[nt 1]

Çelebi foi um grande viajante e um grande romântico, às vezes fantasioso, como quando se refere a uma obviamente mítica expedição envolvendo 40 000 ginetes tártaros através da Áustria, Alemanha e Holanda até ao mar do Norte. O seu estilo literário é excelente e destaca-se a minúcia e precisão das suas descrições geográficas, de pessoas e grupos sociais. Por exemplo, sobre os membros da Casa Real da Áustria opina:

Por vontade de Deus Todo Poderoso, todos os imperadores desta casa são igualmente repulsivos no seu aspeto. E em todas as igrejas e casas, assim como nas moedas, o imperador é representado com o seu feio rosto, e certamente, se qualquer artista ousasse retratá-lo com um belo semblante seria executado, pois ele considera que assim o desfiguram. Estes imperadores estão orgulhosos da sua fealdade.

No entanto, outros juízos de Evliya Çelebi sobre a sociedade austríaca são altamente favoráveis e inclusivamente bajuladores. Sobre as mulheres vienenses diz que «graças à pureza da água e aos bons ares são formosas, altas, de esbelta figura e traços nobres». Também discorre sobre a vasta e bem cuidada biblioteca da Catedral de Santo Estêvão de Viena.[nt 1]

Ao contrário de outros viajantes e escritores muçulmanos, Çelebi evita cuidadosamente qualquer comparação explícita entre o que viu na Áustria e o que os seus leitores conhecem em casa. Nas histórias magistrais com as quais entretém o público, podem apreciar-se informações importantes e detalahadas sobre o exército, o sistema judicial, a agricultura e as características topográficas da capital.[nt 1]

Uma das particularidades interessantes da obra de Evliya são as menções às línguas faladas nas regiões que visitou. São mencionadas cerca de trinta línguas e dialetos turcos. Çelebi realçava as similaridades entre várias palavras do alemão e persa, apesar de negar qualquer herança indo-europeia. As suas notas sobre o curdo da Anatólia Oriental são muito valorizados por linguistas. O Seyahatnâme contém igualmente as primeiras transcrições de muitas línguas caucasianas e do tsaconiano (a língua da região grega da Tsacónia) e os únicos trechos escritos em ubykh existentes fora da literatura linguística.[nt 2]

Nos dez volumes do seu livro, Evliya Çelebi descreve as seguintes viagens:[nt 2]

  1. Istambul e arredores (1630)
  2. Anatólia, Cáucaso, Creta e Azerbaijão (1640)
  3. Síria, Palestina, Curdistão, Arménia, e Rumélia (1648)
  4. Anatólia Oriental, Iraque e Irão (1655)
  5. Rússia e Balcãs (1656)
  6. Campanhas militares na Hungria (1663/64)
  7. Áustria, Crimeia e Cáucaso (1664)
  8. Grécia, Crimeia e Cáucaso (1664)
  9. A peregrinação a Meca (1671)
  10. Egipto e Sudão (1672)
  1. a b c d e f Parte do texto foi baseada no artigo artigo «Evliya Çelebi» na Wikipédia em castelhano (acessado nesta versão).
  2. a b c d e f Parte do texto foi baseada no artigo artigo «Evliya Çelebi» na Wikipédia em inglês (acessado nesta versão).

Referências

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  1. a b c d e Kreiser, Klaus (2005). «Evlıy Çelebı». www.ottomanhistorians.com (em inglês). Packard Humanities Institute / Historians of the Ottoman Empire. Consultado em 4 de outubro de 2010. Cópia arquivada em 4 de outubro de 2010 
  2. a b c «Evliya Çelebi». Encyclopædia Britannica (em inglês). Consultado em 4 de outubro de 2010 
  3. «www.thebookoftravels.org» (em inglês). Consultado em 4 de outubro de 2010 
  4. Demır, Gül; Gamm, Niki (25 de setembro de 2010). «Turkish Golden Routes project traces footsteps of Evliya Çelebi». Istambul. Hürriyet Daily News & Economic Review (em inglês). Consultado em 4 de outubro de 2010. Arquivado do original em 27 de setembro de 2010 

Bibliografia

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Em turco

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  • Evliya Çelebi. Evliya Çelebi Seyahatnâmesi. Beyoğlu, İstanbul: Yapı Kredi Yayınları Ltd. Şti., 1996-. 10 vols.
  • Evliya Çelebi: Seyahatnamesi. 2 Vol. Cocuk Klasikleri Dizisi. Berlim 2005. ISBN 975-379-160-7 (uma seleção traduziada para turco moderno para crianças)

Em inglês

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  • Robert Dankoff: An Evliya Çelebi Bibliography
  • Robert Dankoff: An Ottoman Mentality. The World of Evliya Çelebi. Leiden: E.J. Brill, 2004.
  • Evliya Çelebi’s Book of Travels. Evliya Çelebi in Albania and Adjacent Regions (Kosovo, Montenegro). The Relevant Sections of the Seyahatname. Trad. e ed. Robert Dankoff. Leiden and Boston 2000. ISBN 90-04-11624-9
  • Evliya Çelebi in Diyarbekir: The Relevant Section of The Seyahatname. Trad. e ed. Martin van Bruinessen and Hendrik Boeschoten. New York : E.J. Brill, 1988.
  • The Intimate Life of an Ottoman Statesman: Melek Ahmed Pasha (1588-1662) as Portrayed in Evliya Çelebi's Book of Travels. Albany: State University of New York Press, 1991.
  • Narrative of travels in Europe, Asia, and Africa, in the seventeenth century, by Evliyá Efendí. Trad. Ritter Joseph von Hammer. London: Oriental Translation Fund of Great Britain and Ireland, 1834. vol. 1, vol. 2.

Em alemão

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  • Im Reiche des Goldenen Apfels. Des türkischen Weltenbummlers Evliâ Çelebis denkwürdige Reise in das Giaurenland und die Stadt und Festung Wien anno 1665. Trad. R. Kreutel, Graz, et al. 1987.
  • Kairo in der zweiten Hälfte des 17. Jahrhunderts. Beschrieben von Evliya Çelebi. Trad. Erich Prokosch. Istanbul 2000. ISBN 975-7172-35-9
  • Ins Land der geheimnisvollen Func: des türkischen Weltenbummlers, Evliya Çelebi, Reise durch Oberägypten und den Sudan nebst der osmanischen Provinz Habes in den Jahren 1672/73. Trad. Erich Prokosch. Graz: Styria, 1994.
  • Evliya Çelebis Reise von Bitlis nach Van: ein Auszug aus dem Seyahatname. Trad. Christiane Bulut. Wiesbaden: Harrassowitz, 1997.
  • Manisa nach Evliya Çelebi: aus dem neunten Band des Seyahat-name. Trad. Nuran Tezcan. Boston: Brill, 1999.
  • Evliya Çelebis Anatolienreise aus dem dritten Band des Seyahat-name. Trad. Korkut M. Buğday. New York: E.J. Brill, 1996.
  • Klaus Kreiser: Edirne im 17. Jahrhundert nach Evliyâ Çelebî. Ein Beitrag zur Kenntnis der osmanischen Stadt. Freiburg 1975. ISBN 3-87997-045-9
  • Helena Turková: Die Reisen und Streifzüge Evliyâ Çelebîs in Dalmatien und Bosnien in den Jahren 1659/61. Praga 1965.

Ligações externas

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  • «Evliya Çelebi» (em inglês). Gjirokastra Conservation and Development Organization (www.gjirokastra.org). Consultado em 4 de outubro de 2010