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Marzobã (em persa: مرزبان; romaniz.: Marzbān;[1] derivado de marz, "fronteira", e o sufixo ban, "guardião") foi uma classe de marqueses ou comandantes militares incumbidos do comando nas províncias fronteiriças do Império Sassânida entre os séculos III-VII.[2]

Etimologia

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Dinar de ouro de Sapor II (r. 309–379)
 
Dracma de Cosroes I (r. 531–579)

A palavra persa marz é derivada do avéstico marəza e mrz (fronteira) e ban é cognata do avéstico e persa antigo pat (protetor). A forma marzobã, que sugere uma origem iraniana norte, foi emprestada ao armênio, juntamente com as grafias marz e marzpanut'in (marzopanato), e para o siríaco como marzbana, quando no século IV e V passou a indicar os governadores militares fronteiriços do Império Sassânida.[2]

Pelo século VI, as grafias marzebã (marzban), marzevã (marzvan) e marzabã (marzaban) foram arabizadas como marzubã (plural: maraziba, marazibe). No árabe também se formou o verbo marzaba (nomear alguém como marzubã), o substantivo marzaba (marzubanato) e adjetivo marzubani. Além disso, as formas siríacas tardias marzubana e marzuana (marzuwana) e a forma armênia tardia marzavã provavelmente vieram da forma árabe ou da forma persa marzobã.[2]

História

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O marzobã de Assuristão é atestado do reinado de Sapor II (r. 309–379) até o começo do século VI e diz-se que ainda sob Sapor II, foram estabelecidos marzobãs em Perisapora e na terra irrigada pelo Eufrates. Pelos séculos V-VI, Nísibis esteve sob o controle de um marzobã que comandou ao menos sete mil homens em 504, bem como Amida, como atestado nos registros do cerco bizantino de 504-505.[2] Outrossim, foram nomeados aos Estados do Cáucaso sob autoridade sassânida, como a Armênia. Ali, o marzobã, que podia vir de famílias aristocráticas locais, tinha autoridade sobre taxação, justiça, religião e comércio, sendo incumbido por organizar os arquivos armênios na capital provincial de Dúbio.[3]

 
Dracma de Artaxer I
 
Dracma de Hormisda IV (r. 579–590)

Após a reorganização do território persa sob Cosroes I (r. 531–579), o marzobã tornou-se alto oficial administrativo e militar no novo sistema. Segundo o historiador Iacubi, na hierarquia dos oficiais sassânidas, o marzobã esteve abaixo do aspabedes e patecospã e acima do governador distrital xarije; segundo Almaçudi, numa descrição anacrônica do reinado de Artaxer I (r. 226–241), o marzobã foi um representante do aspabedes. Durante o reinado de Hormisda IV (r. 579–590) e Cosroes II (r. 591–628), os oficiais militares dos distritos imperiais foram chamados marzobãs. Segundo Almaçudi um marzobã foi senhor de um quarto do império, um general, um vazir (wazir) ou o governador de um distrito administrativo e, segundo as fontes, estes oficiais não podiam auxiliar uns aos outros sem autorização do .[2]

As fontes sugerem que durante o período sassânida tardio havia uma categoria de grandes marzobãs que habitava a capital imperial (Ctesifonte) e era empregada com embaixadores ou generais. Segundo o relato de Abu Maomé Alabdi, Cosroes II estava rodeado por maraziba e quando os muçulmanos começaram sua expansão eles confiscaram as terras dos maraziba de Ciçorá e aquelas da família real. Pelo século VII, embora o termo marzobã tenha se tornado mais frequente, marzobã continuou a ser empregado para os governadores da Babilônia (Babil), Alaça, Hira, Balade e Mesopotâmia Superior (Aljazira).[2]

Nos registros da conquista muçulmana do Império Sassânida, menciona-se que os maraziba estiveram envolvidos na organização da defesa do império e/ou na conclusão de tratados com os árabes em Ambar, Almadar, Daste i Maiçã, Sus, Ispaã, Rei, Ardabil, Pérsis, Carmânia, Zaranje (Sajistão), Nixapur, Tus, Sarachs e Marve. Isso, para Clifford Edmund Bosworth, é um indicativo da natureza militar deles e/ou porque alguns deles, como o persa Alurmuzã, eram grandes nobres e não precisavam serem sempre nomeados ao posto. Ao que parece as fontes árabes usam genericamente o termo marzobã para indicar o xarije (shahrij) de Pérsis, o padegosbã (pahdghosban) de Ispaã, o aspabedes de Sajistão e o canaranges de Coração. Além disso, os árabes empregada o termo marzobã para citar o governante heftalita de Badghis, Herate e Puxanje.[2]

 
Dinar de ouro de Cosroes II (r. 591–628)

Sob domínio muçulmano o título de marzobã continuou a existir em Marve e Pequena Marve, onde são registrados titulares iranianos. O termo passou a ser empregado como um nome próprio e as variantes Marzubana, utilizado por mulheres, e Almarzubani, um nisba para alguém que descenda de alguém chamado Marzubã, surgiram. Além disso, começou a ser empregado metaforicamente na poesia para denotar um governante ou mestre ou um líder dos majus.[2]

Referências

  1. Hoyland 2011, p. 46.
  2. a b c d e f g h Bosworth 1989, p. 633.
  3. Adalian 2010, p. 284.

Bibliografia

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  • Bosworth, Clifford Edmund (1989). The Encyclopedia of Islam, Volume 6, Fascicules 107-108. Leida: Brill. ISBN 9004090827 
  • Hoyland, Robert G. (2011). Theophilus of Edessa's Chronicle and the Circulation of Historical Knowledge in Late Antiquity and Early Islam. Liverpul: Imprensa da Universidade de Liverpul. ISBN 9781846316975