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Onychophora

filo animal de vermes

Os onicóforos (Onychophora, do grego: onyx, garra + pherein, possuir), comumente conhecidos como vermes aveludados (devido à sua textura parecida com veludo e à sua aparência vermiforme) é um filo de animais segmentados, bilaterais, vermiformes terrestres. Devido às muitas papilas na superfície do corpo, esses animais costumam ser denominados também de minhocas-com-pernas, lagartas ou lesmas, no entanto, todas terminologias falsas, pois pertencem a um filo distinto.[1] Foram descritos, pela primeira vez, pelo reverendo Lansdown Guilding, em 1826, como uma espécie de lesma (molusco). Atualmente, estes organismos fazem parte do grupo proposto Panarthropoda (panartrópodes), do clado Ecdysozoa (ecdizoários), devido principalmente a características mitogenéticas e neuroanatômicas distintas compartilhadas pelos seus membros. Os panartrópodes incluem, além dos onicóforos, os tardígrados (Tardigrada) e os artrópodes (Arthropoda).[2]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaOnychophora
Ocorrência: Eoceno - Recente: 40–0 Ma
Espécie não identificada da família Peripatidae
Espécie não identificada da família Peripatidae
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Onychophora
Grube, 1853
Distribuição geográfica
Distribuição das famílias Peripatidae e Peripatopsidae
Distribuição das famílias Peripatidae e Peripatopsidae
Ordens

Esses animais possuem uma pequena cefalização com três pares de apêndices na cabeça, que são as antenas, as mandíbulas e as papilas orais. O celoma desse filo foi reduzido a uma cavidade hemocélica, e eles possuem uma cutícula de quitina, que é fina, flexível e não calcificada. Além disso, essa cutícula sofre mudas periódicas.[3]

Com exceção dos representantes fósseis, que eram marinhos, as espécies atuais conhecidas são estritamente terrestres, sendo, assim, sempre referenciado como o único filo animal com espécies exclusivamente terrestres. A distribuição destes organismos é restrita às zonas equatoriais e tropicais (família Peripatidae, peripatídeos) e às zonas temperadas do hemisfério sul (família Peripatopsidae, peripatopsídeos). Os onicóforos possuem o corpo recoberto por inúmeras cutículas, que por sua vez são cobertas por minúsculas escamas. Embora sejam segmentados, a estrutura do corpo não apresenta sinais externos das divisões. A tagmose é fraca.

Os onicóforos são interessantes por auxiliarem na compreensão da evolução dos artrópodes, nos estudos de biologia da conservação[4] e de biogeografia.[5][6]

Circulação e trocas gasosas

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A circulação dos onicóforos ocorre através de canais hemais subepidérmicos. Eles não possuem pigmentos respiratórios e seu sistema circulatório é aberto. Além disso, as trocas gasosas ocorrem por meio de traqueias, que foram derivadas independentemente nesse filo, isto é, que não são homólogas a de insetos, aracnídeos ou isópodes terrestres.[3]

Excreção e osmorregulação

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Os onicóforos possuem um par de metanefrídeos modificados por segmentos e suas pernas possuem vesículas eversíveis que servem para a tomada de umidade.[3]

Sistema nervoso e órgãos dos sentidos

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Os onicóforos possuem um pequeno olho na base de cada antena, sensilas pelo corpo. Além disso, seu sistema nervoso é composto por um “cérebro” suprafaríngeo, cordões nervosos ventrais e gânglios em cada segmento e possuem estrutura de “escada de corda”[3]

Reprodução e desenvolvimento

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São dioicos (indivíduos com sexo diferente) e com dimorfismo sexual percebido pelo tamanho, pois as fêmeas são notavelmente maiores. A reprodução ocorre por impregnação hipodérmica, quando os machos depositam o espermatóforo e a[7] presença deste irá estimular os amebócitos especiais do sangue da fêmea a decompor o tegumento abaixo do espermatóforo, então os espermatozoides passarão da superfície do corpo da fêmea para dentro de seu fluido hemocelomático, através do qual acabam alcançando os ovários, onde ocorre a fertilização. Algumas espécies põem ovos (ovíparas), porém a maioria das espécies dá luz a crias vivas (vivíparas). Algumas são ovovivíparas; a fêmea produz ovos, mas estes eclodem antes da fêmea dar a luz. O caso mais comum, como já mencionado, viviparidade, os órgãos reprodutivos das fêmeas funcionam de forma equivalente a uma placenta, alimentando os embriões dentro do corpo materno.[5]

Ecologia

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Os onicóforos são encontrados em ambientes de clima tropical úmido na América Tropical, África Equatorial e no Sudeste Asiático,[8][9][10][11][12][13][14] porém há espécies australianas e sul-americanas encontradas em clima temperado.[15][16]

Possuem hábitos noturnos e vivem em ambientes úmidos e protegidos da luz. Já foram registrados em cavernas, em baixo de pedras, entre folhas de bromélias e, muitas vezes, em troncos em decomposição junto a cupins, que são uma de suas presas, e no interstícios do solo.[17][18][19]

São predadores, se alimentando de grilos, cupins, besouros e outros pequenos invertebrados, não muito maiores que eles, prendendo-os ao substrato com a secreção expelida de suas glândulas de[20] muco que são consideradas nefrídios modificados; estas se abrem na extremidade das duas papilas orais, que se localizam em posição adjacente às mandíbulas. Essas papilas se assemelham a "pistolas" que disparam um líquido adesivo que paralisa suas presas. Esguicham a secreção proteica (a secreção adesiva) à uma distância entre 30 a 40 centímetros de distância, que ao contato com o ar se coagula e imobiliza a presa.[21][22] Isso permite que o onicóforo se aproxime da presa, roa a parede corporal e injete nela enzimas digestivas. Estas produzirão uma pasta semi-digerida, resultante da degradação enzimática externa, que facilitará ao onicóforo absorver partes de sua presa, e é um método de alimentação parecido com o dos aracnídeos.[23]

Taxonomia

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São conhecidas cerca de 177 espécies atuais de onicóforos, agrupadas em 2 famílias e 49 gêneros, além de 3 espécies extintas. Inúmeras espécies ainda não foram formalmente descritas.[24]

Ver também

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Referências

  1. Ruppert, Edward E.; Fox, Richard S.; Barnes, Robert D. (2005). Zoologia dos invertebrados: uma abordagem funcional-evolutiva. São Paulo: Roca. ISBN 978-85-7241-571-2 
  2. Telford, M.J.; Bourlat, S.J.; Economou, A.; Papillon, D.; Rota-Stabelli, O. (2008). «The evolution of the Ecdysozoa». Philos. Trans. R. Soc. Lond., B, Biol. Sci. 363 (1496): 1529–1537. doi:10.1098/rstb.2007.2243 
  3. a b c d Brusca, R.&; Brusca, GJ (2007). Invertebrados. Rio de Janeiro: Guanabara. 968 páginas 
  4. Oliveira, I.S.; Gustavo A. Lacorte, Andreas Weck-Heimann, Lívia M. Cordeiro, Alfredo H. Wieloch & Georg Mayer (2015). «A new and critically endangered species and genus of Onychophora (Peripatidae) from the Brazilian savannah – a vulnerable biodiversity hotspot». Systematics and Biodiversity (requer pagamento). 13 (3): 211-233. doi:10.1080/14772000.2014.985621 
  5. a b Monge-Nájera, Julián (1995). «Phylogeny, biogeography and reproductive trends in the Onychophora» (PDF). Zoological Journal of the Linnean Society (London) 114: 21-60 
  6. Monge-Nájera, Julián (1996). «Jurassic-Pliocene biogeography: testing a model with velvet worm (Onychophora) vicariance.» (PDF). Revista de Biología Tropical 44: 159-175 
  7. Gary J. Brusca, Richard C. Brusca (2007). Brusca & Brusca. [S.l.: s.n.] 
  8. Read F.L.S., V. M. ST.J. (1988). «The Onychophora of Trinidad, Tobago and the Lesser Antilles». Zoological Journal of the Linnean Society. 93 (3): 225–257. doi:10.1111/j.1096-3642.1988.tb01362.x 
  9. Oliveira, I.S.; Wieloch, A.H. (2005). «Macroperipatus machadoi sp. n. (Onychophora: Peripatidae) da floresta atlântica de Minas Gerais, Brasil» (PDF). Lundiana 6 (suppl.): 61-66 
  10. Sampaio-Costa, Cristiano; Chagas-Junior, A.; Baptista, R.L.C. (2009). «Brazilian species of Onychophora with notes on their taxonomy and distribution». Zoologia. 26: 553-561 
  11. Brito, Samuel V.; Pereira, J.C.; Ferreira, F.S.; Vasconcellos, A; Almeida, W.O. (2010). «Epiperipatus cratensis sp. nov. (Onychophora: Peripatidae) from northeastern Brazil». Neotropical Biology and Conservation. 5 (1): 47-52. doi:10.4013/nbc.2010.51.07 
  12. Oliveira, I.S.; Wieloch, A.H.; Mayer, G. (2010). «Revised taxonomy and redescription of two species of the Peripatidae (Onychophora) from Brazil: a step towards consistent terminology of morphological characters». Zootaxa. 2493: 16-34. ISSN 1175-5334 
  13. Oliveira, I.S.; Franke, F.A.; Hering, L.; Schaffer, S.; Rowell, D.M.; Weck-Heimann, A.; Monge-Nájera, J.; Morera-Brenes, B.; Mayer, G. (2012). «Unexplored character diversity in Onychophora (velvet worms): a comparative study of three peripatid species». PLoS ONE. 7 (12): e51220. doi:10.1371/journal.pone.0051220 
  14. Chagas-Júnior, Amazonas; Sampaio Costa, Cristiano. «Macroperipatus ohausi: redescription and taxonomic notes on its status (Onychophora: Peripatidae).». Revista Biologia Tropical. 62 (3): 977-985. doi:10.15517/rbt.v62i3.11643 
  15. Porter, Carlos E. (1905). «Los onicóforos.» (PDF). Revista Chilena de Historia Natural: IX: 124-128. 
  16. Reyes Arellano, D.; Reyes, R; Segura, B. (2013). «Onicóforos chilenos: Fósiles vivientes.». Chile Indómito. 3: 85-96 
  17. Picado T, Clodomiro (1911). «Sur un habitat nouveau des Peripatus.». Bulletin du Musee National d’Histoire Naturelle, Paris. 17: 415-416. 
  18. Endrody-Younga, S.; Peck, S.B (1983). «Onychophora from mesic grassveld in South Africa (Onychophora: Peripatopsidae)». Annals of the Transvaal Museum. 33 (23): 347-352. ISSN 0041-1752  [ligação inativa]
  19. Peck, S.B. (1975). «A review of the New World Onychophora with the description of a new carvernicolous genus and species from Jamaica.». Psyche. 82 (34): 1-358. 
  20. Gary J. Brusca, Richard J. Brusca (2007). Brusca & Brusca. [S.l.: s.n.] 
  21. Morera-Brenes, Bernal; Monge-Najera, Julian (2010). «A new giant species of placented worm and the mechanism by which onychophorans weave their nets (onychophora: Peripatidae).». Revista Biolologia Tropical 58: 1127–1142. PMID 21246983. Arquivado do original em 2 de abril de 2015 
  22. Concha, Andrés; Mellado, Paula; Morera-Brenes, Bernal; Sampaio Costa, Cristiano; Mahadevan, L.; Monge-Nájera, Julian (2015). «Oscillation of the velvet worm slime jet by passive hydrodynamic instability». Nature Communications (6:6292). doi:10.1038/ncomms7292 
  23. Monge-Nájera, Julián (1994). «Ecological Biogeography in the Phylum Onychophora» (PDF). Biogeographica. 70 (111-123) 
  24. Oliveira, Ivo; V. Morley St. J. Read, Georg Mayer (2012). «A world checklist of Onychophora (velvet worms), with notes on nomenclature and status of names». ZooKeys. 211: 1-70. PMID 22930648. doi:10.3897/zookeys.211.3463. Consultado em 9 de agosto de 2015 

Ligações externas

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