Parmigianino
Girolamo Francesco Maria Mazzola (Parma, 11 de janeiro de 1503 — Casalmaggiore, 24 de agosto de 1540), mais conhecido por Parmigianino (que significa "pequeno parmesão") ou ainda Parmigiano, foi um proeminente pintor italiano do maneirismo, tendo atuado em Florença, Roma e Bolonha, além da cidade natal.[1]
Parmigianino | |
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Nascimento | 11 de janeiro de 1503 Parma |
Morte | 24 de agosto de 1540 (37 anos) Casalmaggiore |
Nacionalidade | Italiano |
Cidadania | Itália |
Etnia | Italianos |
Ocupação | pintor, artista gráfico, aquafortista, desenhista, gravurista, relator de parecer, artista visual |
Obras destacadas | The Circumcision, Auto-retrato, Portrait of a Man in a Red Beret, Madonna with the Long Neck |
Movimento estético | Alta Renascença, maneirismo |
Biografia
editarEra o oitavo filho de Filippo Mazzola e Maria ser de di Guglielmo. Seu pai morreu de peste dois anos depois de seu nascimento, e os meninos foram criados pelos tios, Pier Ilario Filippo e Michele Mazzola, modestos pintores provincianos. Estes receberam uma encomenda de Nicolo Zangrandini para a decoração da capela de São João Evangelista, em 1515, trabalho que foi concluído pelo jovem Parmigianino. Aos 18 anos de idade já havia completado o Casamento de Catarina para o retábulo de Santa Maria, em Bardi. Em 1521 foi enviado a Viadana (junto com o pintor Girolamo Bedoli, que veio depois a se casar com sua prima), a fim de escapar das guerras entre as tropas francesas, imperiais e papais. Em Viadana pintou dois painéis em têmpera, com destaque para o São Francisco da igreja de Frati de' Zoccoli, e o Casamento Místico de Santa Catarina para a de São Pedro. Trabalhou ainda com Correggio, que naquele momento realizava seu grande ciclo de afrescos em Parma.[1]
Mudando-se para Roma, em 1524, conhece a obra de Michelangelo e Rafael Sanzio, que lhe influem decisivamente. Nesta cidade sabe-se que tomou parte das tertúlias que ocorriam em casa de Paolo Valdambrini, secretário do Papa Clemente VII, às quais acorriam Rosso Florentino, Perino de Vaga e Giulio Romano. Entre as obras deste período destacam-se A Visão de São Gerônimo (1525), Casamento Místico de Santa Catarina e o Retrato de Lorenzo Cybo (todos do mesmo ano).[1]
Depois do saque de Roma em 1527, instalou-se em Bolonha e posteriormente em Parma, onde passou os últimos anos de sua vida atormentado pelos constantes requerimentos do capítulo da igreja de Steccata, que exigia-lhe a conclusão dos afrescos que lhe haviam sido encomendados em 1531.[1]
Encarcerado por conta das dívidas, conseguiu fugir para Casalmaggiore. Ali, enquanto tratava de resolver seus problemas com uso da alquimia, morreu com apenas 37 anos.[1]
Obra e estilo
editarA importância de sua obra supera amplamente as poucas obras que hoje existeme. Entre estas contam-se A Conversão de São Paulo, de 1527, A Virgem da Rosa (1529), A Virgem com Longo Pescoço (c. de 1535 - imagem), o Auto-retrato diante do espelho côncavo, a Escrava Turca e a Antea.[2][3][4]
Sua obra e personalidade se afirmam em contato com o primeiro maneirismo toscano, e através das obras dos grandes mestres Rafael e Michelangelo, conseguindo traduzir de forma original os modelos do Renascimento com uma orientação já plenamente maneiristas. Para ele, a função da arte era transmitir sensações estranhas e excitantes, para o que teria de criar um necessário artificialismo. Assimilaria de Correggio o classicismo, convertendo-o em maneirismo, mantendo o ilusionismo do primeiro, mas traduzindo-o em modelos mais decorativos e com maior vitalidade das formas.[2][3][4]
No "Casamento de Santa Catarina, de 1521, há uma rebuscada elegância nas formas e uma composição onde todas as figuras giram ao redor do pedestal da Virgem, um corpo geométrico que vai repetir-se deliberadamente em toda a composição, inclusive o marco arquitetônico aparece em formato semicilíndrico.[2][3][4]
A Visão de São Jerônimo, realizada depois de sua chegada a Roma e depois de conhecer as obras de Rafael e Michelangelo, é uma obra que resume todas essas experiências. A dimensão de seus personagens e sua expansividade forma são inspiradas no segundo, mas a energia própria do mestre é reduzida e substituída pela elegância. Há grandiosidade nas aparências e dignidade na representação do tema, ainda que pareça haver se evaporado todo o sentimento especificamente cristão. Esta representação ilustra a atitude das crenças da Roma sob Clemente VII, virtualmente indiferente aos valores tradicionais da devoção cristã, para quem os símbolos religiosos e o dogma só possuíam uma dimensão estética.[2][3][4]
Nas obras posteriores à sua estadia romana manterá o ar elegante e em certos momentos majestoso, tendo cada vez mais uma beleza abstrata e uma graça artificial.[2][3][4]
O Museu do Prado possui três obras suas: uma Sagrada Família, que pertencera ao escultor Pompeo Leoni, um pequeno busto de Santa Bárbara e o Retrato do Conde de San Secondo. O retrato de sua esposa é considerado de qualidade inferior, possível obra de ajudantes, se bem que seja bem interessante por estar acompanhada dos filhos de ambos.[2][3][4]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e Rossetti, William Michael (1911). «Parmigiano». In: Chisholm, Hugh. Encyclopædia Britannica (em inglês) 11.ª ed. Encyclopædia Britannica, Inc. (atualmente em domínio público)
- ↑ a b c d e f Hartt, Frederick, History of Italian Renaissance Art, (2nd edn.)1987, Thames & Hudson (US Harry N Abrams), ISBN 0500235104
- ↑ a b c d e f The Story of Art, E.H. Gombrich, London: Phaidon Press, Ltd., 1995 ISBN 0-7148-3247-2
- ↑ a b c d e f «Parmigianino». Artble (em inglês). Consultado em 25 de agosto de 2024
Ligações externas
editarMedia relacionados com Parmigianino no Wikimedia Commons
- Parmigianino's biography, style and artworks
- Parmigianino Biography at the National Gallery
- Parmigianino Gallery at MuseumSyndicate
- Prints & People: A Social History of Printed Pictures, um catálogo de exposições do Metropolitan Museum of Art (totalmente disponível online como PDF), que contém material sobre Parmigianino (ver índice)