Castelo das Três Coroas
O Castelo das Três Coroas foi um palácio real da Suécia localizado em Estocolmo, no local onde se situa o atual Palácio Real de Estocolmo. Segundo a tradição, uma cidadela que Birger Jarl elevou a castelo real em meados do século XIII. Em 1697, por ocasião do velório do rei Carlos XI, um enorme incêndio devorou os edifícios e mais de 18 000 livros e 1 100 manuscritos, tendo assim desaparecido 80% da documentação medieval sueca. [1]
História
editarPlanta inicial e história medieval
editarO castelo consistia em duas partes: o högborgen (fortaleza), localizado no ponto mais alto da Gamla stan, com uma torre de menagem no meio; e o ekonomigården (exploração agrícola), um grande espaço muralhado situado a um nível mais baixo nas margens do Norrström, a norte da fortaleza. O ekonomigården foi utilizado mais tarde para erguer o palácio renascentista do grande castelo, e a cota do terreno elevada para um nível ligeiramente mais baixo da do actual palácio.
O högborgen, situado ao longo da parede leste da torre de menagem, teve funções residenciais e foi preservada até ao grande incêndio de 1697. No ekonomigården foram erguidos edifícios de serviço contra a parede norte, à margem do Norrström. Mais tarde foi construída uma exploração agrícola menor, a leste da fortaleza, nas margens do Skeppsbron, chamada de Smedjegården.
A torre situada no alto do pátio fortificado do castelo (mais tarde chamada de Lilla borggården) era, provavelmente, mais antiga, embora no início fosse bastante mais baixa do que se viria a tornar.
Provavelmente recebeu o nome Três Coroas na época do rei Magno II, em meados do século XIV.
Ampliações renascentistas e barrocas
editarQuando, em 1521, Gustavo I quebrou a União de Kalmar, fazendo da Suécia um país independente, o Castelo das Três Coroas tornou-se na principal residência real. Gustav Vasa dotou o complexo duma cintura de defesa externa, enquanto João III promoveu a construção dum magnífico palácio renascentista com elegantes acabamentos. Nesta época foram construídos:
- Um novo piso real (entre o Norrström e o Storkyrkan), uma nova ampliação ao lado da antiga muralha ocidental do ekonomigården, incluindo uma portaria (a sudoeste da torre), e a noroeste da torre;
- Uma ala a todo o comprimento, com um salão nobre na muralha ocidental da antiga fortaleza (contra a Catedral de São Nicolau de Estocolmo - Storkyrkan);
- Uma nova igreja paladina, na zona do Norrström, a qual formou metade duma ala situada na muralha norte do ekonomigården. Parte desta igreja ficava, também, a nordeste da torre.
A noroeste da torre, João III decorou o seu glorioso salão de audiência com pavimento de cobre, o chamado fyrkanten. Esse mesmo cobre foi usado para pagar o "resgate de Älvsborg". Entre as torres nordeste e noroeste foi criado um estreito corredor sobre a fila setentrional dos telhados, incluindo a igreja do palácio, o chamado Gröna gången. Este chegava até à capela católica de Catarina da Polónia, a esposa de João III, instalada na torre nordeste. Além disso, João III acrescentou dois andares à torre central (Esta já havia sido aumentada um andar, na época de Gustav Vasa, por razões estratégicas e militares).
No final do século XVII teve início uma campanha de transformações sob direcção do arquitecto Nicodemus Tessin. O palácio recebeu uma fachada barroca romana, a norte, junto à ponte Norrbro. O Palazzo Farnese em Roma terá servido de modelo para esta nova ala.
Incêndio
editarNo dia 7 de Maio de 1697, um grande incêndio destruiu o Castelo das Três Coroas, tendo sido completamente demolida a maior parte daquele palácio, à época com mais de 400 anos. O incêndio foi descoberto pelo curador do palácio, Georg Stiernhoff. O oficial encarregado de prevenir os incêndios, Sven Lindberg, informou o pessoal real que o incêndio não poderia ser extinto, uma vez que não podia chegar aos equipamentos de extinção por o incêndio ter cortado os acessos até eles. A família real, com a sua corte, foi forçada a evacuar o palácio. Os criados tentataram salvar tanto quanto possível os bens reais. O fogo espalhou-se rapidamente a todas as partes do o palácio. Uma vez que o palácio era feito em madeira e cobre, as quentes placas daquele material pegaram fogo ao telhado.
Pouco depois do incêndio ser extinto, o inquérito sobre as causas de tal sinistro só foi empreendido demasiado tarde. Um tribunal real descobriu três possíveis culpados. Sven Lindberg – o encarregado pela prevenção dos incêndios no palácio – e Anders Andersson e Mattias Hansson, soldados de fogo escalados para a noite, devido ao relatório feito a Sven Lindberg.
A investigação sobre o seu paradeiro quando o incêndio deflagrou revelaram que Anders Andersson estava a fazer um recado para a esposa de Lindberg, contra os regulamentos de observação de incêndios então vigentes. Mattias Hansson havia abandonado o seu posto para se deslocar à cozinha, onde foi buscar alguns alimentos. Mattias afirmou que a esposa de Lindberg lhe havia dado permissão para fazê-lo – uma declaração que ela negou.
O tribunal real concluiu que Lindberg havia usado os soldados para os seus recados pessoais e da sua esposa. Também foi descoberto que ele havia aceite subornos em troca de colocar pessoas em certas posições no palácio.
Em Fevereiro de 1698 foram lidas as sentenças. Sven Lindberg e Mattias Hanson foram condenados à morte, uma vez que ambos haviam negligenciado os seus deveres. Anders Andersson foi condenado a uma punição física, correr entre duas filas de soldados que o agrediam enquanto passava. As sentenção de morte foram, mais tarde, substituídas pela mesma punição agravada com seis anos de trabalhos forçados na Fortaleza de Carlsten em Marstrand. A redução não teve efeito para Sven Lindberg, uma vez que faleceu enquanto corria entre os soldados.
Renascimento
editarMais tarde, foram feitos planos para reconstruir um novo palácio no local das antigas fundações. Nicodemus Tessin foi o arquitecto responsável pela reconstrução. o novo edifício, o Palácio Real de Estocolmo, foi concluído em 1754. Nicodemus faleceu em 1728, pelo que nunca chegou a ver a obra concluída.
Informações turísticas
editarNo topo do Monte do Palácio, entre a Storkyrkan e a esquina sudeste do actual Palácio Real de Estocolmo, encontram-se duas interessantes marcas de pedra sobre a colina. A primeira assinala o bastião sudoeste do Slottet Tre Kronor (representado na pintura de Johan Fredrik Höckerts reproduzida acima). A outra é o coro no extremo este da Catedral de São Nicolau, onde Gustav Vasa tinha lacrimogénios que permitiam que as armas do palácio pudessem disparar mais livremente.
Os planos de reconstrução
editarO arquitecto e artista Jacob Hägg foi quem chegou mais próximo duma reconstrução do castelo medieval, ao apresentar uma proposta para o museu da marinha de Kastellholmen no início do século XX. A proposta foi apresentada numa bela pintura a óleo que hoje pode ser admirada no Museu Nacional de História Marítima (Sjöhistoriska museet), em Djurgårdsbrunnsviken.
No âmbito da Exposição Internacional de Estocolmo de 1897, o arquitecto Fredrik Lilljekvist havia recriado livremente o castelo medieval, donde resultou a construção duma miniatura da velha fortaleza.
Notas e referências
- ↑ Hadenius, Stig; Torbjörn Nilsson, Gunnar Åselius (1996). «Tre kronor». Sveriges historia - Vad varje svensk bör veta (História da Suécia – O que todos os suecos devem saber) (em sueco). Estocolmo: Bonnier Alba. p. 181. 447 páginas. ISBN 91-34-51784-7
- ↑ "Incêndio do palácio em Estocolmo no dia 7 de Maio de 1697"
Ligações externas
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