Telecartofilia
Telecartofilia é o colecionismo de cartões telefônicos.[1]
A telecartofilia chegou a possuir um grande número de adeptos, devido a que os cartões telefônicos terem sido baratos, fáceis de obter e manter, com temas variados e ilustrações atraentes.
Foi um hobby popular no Brasil de 1994 até o início da década de 2010.[2] Atualmente, o colecionismo, bem como o próprio uso de cartões telefônicos, estão praticamente extintos no país.
História
editarAté a década de 1990, telefones públicos de todo o mundo eram geralmente carregados com créditos a partir de moedas ou fichas telefônicas.[3]
Com o advento da moderna tecnologia dos cartões telefônicos, as pessoas começaram a colecioná-los, separando-os e classificando-os por países, categorias, valores, temas ilustrativos, trocando-os e mesmo comercializando-os.
Com o tempo, algumas peças alcançaram valores expressivos nesse mercado, o que estimulou pessoas a colecioná-los como forma de investimento. Entre os fatores que determinavam a valorização de determinadas peças, encontravam-se a tiragem reduzida, uma série específica, defeitos de fabricação, personalidades do momento, cartões comemorativos, alusivos a eventos esportivos, culturais, entre outros.
No Brasil
editarMuitos testes foram feitos a partir da implantação do projeto TP-Cartão pela Telebrás, ainda em 1987, à época ainda com o sistema da empresa inglesa General Electric Plessey Telecommunications. O sistema escolhido, entretanto, foi o indutivo, inventado pelo engenheiro brasileiro Nelson Guilherme Bardini.[4]
No dia 5 de abril de 1992 a Telebrás apresentou o novo telefone público durante o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1, em São Paulo, tendo o lançamento oficial ao público ocorrido durante a ECO-92 - conferência mundial da Organização das Nações Unidas sobre Meio Ambiente - realizada no Rio de Janeiro de 3 a 14 de junho do mesmo ano. Nessa ocasião foi lançada a primeira série, composta de oito modelos de cartões: Araras Azuis, Aves do Pantanal, Mico Leão Dourado, Tamanduá Bandeira, Vitória Régia I, Vitória Régia II, Jacarés e Tiê-Sangue. Em São Paulo, o primeiro Telefone Público a Cartão foi instalado em outubro de 1993 no Museu de Arte de São Paulo (MASP) quando foi lançado um cartão comemorativo com a fachada do museu.
Em 1994, a Telebrás lançou as primeiras séries, distribuindo-as para todo o país. Já em 1997 as companhias telefônicas estaduais de todo o Brasil lançaram as suas próprias séries.
O Sistema Telebrás foi privatizado em 29 de julho de 1998, dividido em Telesp, Tele Centro-Sul, Tele Norte-Leste e Embratel. A CRT, Algar Telecom, Ceterp e Sercomtel eram companhias independentes e não integraram esse leilão.
A privatização reduziu a variedade dos cartões disponíveis, e há quem aponte que houve perda na criatividade; enquanto as companhias estatais possuíam coleções com aspectos mais culturais, as empresas privatizadas passaram a apresentar cartões mais padronizados. Ainda que a Telefônica Brasil, em São Paulo, por exemplo, tenha mantido, através da Fundação Telefônica, "e com reconhecidas organizações da sociedade civil, séries de cartões telefônicos com o objetivo de divulgar serviços, disponibilizar informações de interesse da sociedade e difundir causas sociais relevantes."[5]
Em 2005, no entanto, a empresa realizou uma série de estampas temáticas sobre o Referendo do desarmamento, quando a série foi acusada de fazer apologia às armas. A partir daí, a empresa decidiu extinguir as estampas temáticas, o que representou um golpe na telecartofilia.[2]
Durante a década de 2010 houve a popularização dos aparelhos celulares, o que ajudou a reduzir o uso de cartões telefônicos, e levou a telecartofilia no país ao declínio.[2] Além do próprio uso maior de tais aparelhos ter tornado os telefones públicos pouco utilizados, as recargas automáticas de celular realizaram uma forte queda na produção e comércio de cartões telefônicos. Entre o trimestres final de 2011 e o inicial de 2012, a queda na venda de cartões telefônicos atingiu a margem de 48%.[2]
Apesar disso, a telecartofilia foi ainda representada no 13º Encontro de Multicolecionismo do Ceará, em 2016.[1]
Referências
- ↑ a b www.opovo.com.br (14 de setembro de 2016). «Colecionadores reúnem história e memória no 13º Encontro de Multicolecionismo do Ceará». Consultado em 15 de agosto de 2019
- ↑ a b c d G1 (17 de maio de 2012). «Queda de 50% na venda de cartões telefônicos em SP afeta colecionador». Consultado em 15 de agosto de 2019
- ↑ Tiago Rafael (25 de dezembro de 2018). «Entre fichas e cartões: os telefones públicos». Consultado em 15 de agosto de 2019
- ↑ Clube Filatélico e Numismático de Taquara/RS. «Um pequeno resumo da história do cartão telefônico». Consultado em 14 de março de 2013
- ↑ www.telefonica.com.br (Outubro de 2004). «Informe de Responsabilidade Corporativa Grupo Telefônica no Brasil». Consultado em 15 de agosto de 2019