Ursu
Ursu(m) (Uršu(m)) ou Uarsua (Warsuwa)[1] era uma cidade-estado hurrita-amorita[2][3] no sul da Turquia, provavelmente localizada na margem oeste do rio Eufrates,[4] e ao norte de Carquemis.[5]
História
editarUrsu foi uma cidade comercial governada por um Senhor (En). Era uma aliada de Ebla e aparece nos tabletes de Ebla como Ursaum.[6] Mais tarde foi mencionada nas inscrições de Gudea (c. 2 144-2 124 a.C., de acordo com a cronologia média) como uma cidade onde era possível adquirir resinas de madeira.[7] Uma carta assíria datada do século XIX a.C. percebe a existência de um templo do deus Assur em Ursu.[8]
No início do século XVIII a.C., Ursu aliou-se com Iamade contra Iadum-Lim de Mari.[9] As relações com a Assíria também ficaram tensas, e os homens de Ursu foram convocados por Iapa-Adade e seus Habiru para atacar as terras de Sansiadade I da Assíria.[10] Os textos de Mari mencionam um conflito entre Ursu e Carquemis: as tribos de uprapeanos e rabeanos atacaram Ursu através do território de Carquemis, o que fez Ursu atacar um contingente de tropas de Carquemis e civis avançando como ao longo da margem do rio Eufrates.[11]
Mais tarde, Ursu se tornou um rival econômico de Iamade[12] e entrou numa aliança com Catna e Sansiadade para atacar o soberano de Iamade Sumuepu (c. 1810–1780).[13] A morte de Sansiadade e a ascensão de Iarinlim I de Iamade pôs fim a essa rivalidade, uma vez que Iamade foi elevado ao posto de Grande Reino e recebeu autoridade direta sobre o norte, oeste e leste da Síria,[14] deixando Ursu sob sua esfera de influência sem anexação.[15] As tábuas de Mari mencionam alguns reis Ursu deste período, incluindo Senã[16] e Atrusipti, que visitaram Mari no décimo segundo ano do reinado de Zinrilim.[11]
Quebraram o aríete. O rei estava zangado e seu rosto estava sombrio. Eles constantemente me trazem más notícias, que o deus da tempestade o leve embora em um dilúvio! ... mas não ocioso! Faça um aríete à maneira hurrita e deixe-o ser colocado no lugar. Corte um grande aríete das montanhas de Hassu e deixe que seja colocado no lugar'
Hatusil I descrevendo as dificuldades durante o cerco de Ursu[17]
Conquista hitita
editarO rei hitita Hatusil I atacou Ursu em seu segundo ano de reinado, cercando a cidade por seis meses. Tinha oitenta carros[18] e executava suas operações na cidade de Lauazantia (localizada no moderno distrito de Elbistão, província de Kahramanmaraş) nas encostas dos montes Tauro, a leste da Cilícia.[19] Apesar de receber ajuda de Iamade e Carquemis, Ursu foi queimada e destruída. Suas terras foram saqueadas e o espólio levado à capital hitita Hatusa.[20]
A história de Ursu após a conquista é ambígua. No século XV a.C.. aparece nas Tabelas de Alalaque como "Uris" ou "Uressi",[4] e "Urussa" é mencionado no tratado entre os hititas Tudália II e Sunassura II de Quizuatena como parte do território destes últimos. A cidade tornou-se parte do império hitita e foi mencionada pela última vez em registros que datam dos períodos finais desse império.[21]
Referências
- ↑ Diakonoff 2013, p. 272.
- ↑ Freedman 2000, p. 619.
- ↑ Hansen 2000, p. 60.
- ↑ a b Smith 1956, p. 42.
- ↑ Gurney 1973, p. 241.
- ↑ Barjamovic 2011, p. 200-201.
- ↑ Drower 1973, p. 559.
- ↑ Leick 2009, p. 537.
- ↑ Wu 1994, p. 131.
- ↑ Smith 1956, p. 39.
- ↑ a b Barjamovic 2011, p. 202.
- ↑ Teissier 1996, p. 1.
- ↑ Kupper 1963, p. 19.
- ↑ Hamblin 2006, p. 255.
- ↑ Bryce 2014, p. 27.
- ↑ Klengel 1992, p. 75.
- ↑ Bryce 2005, p. 72.
- ↑ Drews 1995, p. 106.
- ↑ Gurney 1973, p. 245.
- ↑ Lloyd 1999, p. 39.
- ↑ Barjamovic 2011, p. 203.
Bibliografia
editar- Barjamovic, Gojko (2011). A Historical Geography of Anatolia in the Old Assyrian Colony Period. Copenhague: Imprensa do Museu Tusculano
- Bryce, Trevor (2014). Ancient Syria: A Three Thousand Year History. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 978-0-19-964667-8
- Bryce, Trevor (2005). The Kingdom of the Hittites. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia
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