UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PS-GRADUAO "LATO SENSU"

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O IDOSO E O PAPEL DA FAMLIA
Por: Marco TuIo Penao Perera
Orenadora:
Profa. Adrana da SIa SpneII
Profa. Mara da Conceo Maggon Poppe
So PauIo
2009
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PS-GRADUAO "LATO SENSU"
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O IDOSO E O PAPEL DA FAMLIA
Apresentao de monografia Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obteno do grau de especialista em Sade da
Famlia
Por: Marco ulio Pettinato Pereira
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AGRADECIMENTOS
eus, por ser o meu grande amigo.
Aos meus pais, pela mina vida e
educao.
todos que direta ou indiretamente
contriburam na realizao deste
trabalo e que tambm fazem parte
desta idia genial de eus conecida
como FAMLA universal.
4
DEDICATRIA
edico este trabalo quelas pessoas
que valorizam a vida e amais desistem de
seus sonos, sendo capazes de
transform-los em mil razes para viver.
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RESUMO
Neste estudo, abordam-se aspectos relativos velice, ao processo de
envelecimento, comportamento do idoso, dinmica social e qualidade de vida
com a terceira idade. entro deste contexto, a questo primordial que teve o
obetivo de ser respondida neste trabalo, em relao a importncia da
famlia para com o idoso. Concluiu-se que a famlia deve ser o espao do amor/
afeto, da umanizao, da intimidade, da garantia da sobrevivncia, do
desenvolvimento e da proteo integral de todos os integrantes que a
compem, dentre eles os idosos, independentemente da forma como est
estruturada ou do tipo de arrano familiar que compreende. O apoio da famlia
fundamental para quem se encontra na terceira idade, assim como em outras
faixas etrias. A famlia o primeiro suporte psicossocial e as pessoas idosas
necessitam desta instituio, fundamental para sua qualidade de vida. A sade
e a qualidade de vida dos idosos, mais que em outros grupos etrios, sofrem a
influncia de mltiplos fatores fsicos, psicolgicos, sociais e culturais. Portanto,
ter uma boa velice no atributo ou responsabilidade pessoal, pois depende
da interao entre o indivduo e o seu contexto. E dentro desta viso, a
satisfao com a famlia uma importante condio do bem-estar na velice.
Assim, importante o nvel de satisfao e armonia familiar, pois um
entrosamento familiar essencial para o idoso. No caso de idosos debilitados,
a famlia, alm de promover suporte emocional, tem um papel de suma
importncia em termos de proporcionar auda nas atividades de vida diria.
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METODOLOGIA

Este trabalo um estudo descritivo, onde apresentam-se uma
variedade de linas de pensamento que buscam compreender a velice, o
processo de envelecimento, dinmica familiar, qualidade de vida e aspectos
biopsicossociais relacionados com a terceira idade.
O estudo foi extrado de trabalos especializados no assunto, onde
utilizou-se de material bibliogrfico produzido em diferentes reas do
conecimento, procurando o estabelecimento de uma convergncia entre os
conceitos, abrangendo vrios autores, e dentre eles, citam-se: ORRES et al.
(2004), NER (1) e CAO et al. (200). ORRES et al. (2004) afirmaram que
a famlia ainda espao privilegiado para a garantia da sobrevivncia, do
desenvolvimento e da proteo integral aos membros que a compem, entre
eles os idosos, independentemente do tipo de arrano familiar que vigora ou da
forma como se estrutura. NER (1), atravs de uma reviso de literatura,
investigou sobre as condies que permitem uma boa qualidade de vida na
velice, bem como sobre as variaes que esse estado comporta. E dentre
vrios resultados, encontrou que a satisfao com a famlia uma importante
condio do bem-estar na velice. E finalmente CAO et al. (200), analisaram
as relaes familiares na terceira idade, onde abordaram as mudanas de
papis e a dinmica familiar. Uma das contribuies a este estudo se deve pelo
fato de terem afirmado de que a famlia deve ser o espao do amor/afeto, da
umanizao e da intimidade e a relao do idoso com a famlia, a sua
participao, so fundamentais para a boa qualidade de vida dos sueitos.
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SUMRIO
NROUO
CAPULO
dosos, elice, Envelecimento e elice bem-sucedida 11
1.1 dosos 11
1.2 elice 11
1. Envelecimento 1
1..1 Alteraes fsicas do envelecimento 1
1..2 Aspectos sociais do envelecimento 1
1.. Aspectos psicolgicos do envelecimento 1
1.4 elice bem-sucedida 20
CAPULO
A famlia - Conceito, aspectos da famlia e o idoso 2
2.1 Conceito 2
2.2 A famlia como centro de intimidade 24
2. A famlia como centro de abertura 2
2.4 A famlia como elemento teraputico e diagnstico 25
CAPULO
Mudanas, tipos de famlia e o idoso 2
.1 Mudanas na famlia 2
.2 ipos de famlia 2
CAPULO
O idoso e a qualidade de vida
ualidade de vida no adulto maduro
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CAPULO
O idoso e a dinmica familiar 4
.1 Nova viso da dinmica familiar 4
.2 - Novos papis do idoso 4
CONCLUSO 4
LORAFA 0
NCE 2
FOLA E AALAO 4
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INTRODUO

O tema deste estudo sobre a velice, e sero abordados alm de
caractersticas relacionadas ao tema, e ao processo do envelecimento,
implicaes que envolvem aspectos biolgicos, psicolgicos, comportamentais,
e dentre outros, da dinmica social. Mas dentro deste contexto, a questo
primordial que tem o obetivo de ser respondida neste trabalo em relao a
importncia da famlia para com o idoso.
Realizar um trabalo relacionado a velice atualmente um ponto
crucial e a terceira idade o momento de vida no qual necessidade de
reconstruir dignidade, direitos, proporcionando a cidadania. No um momento
de trmino, mas sim de reativar novos sentidos (SOMCNA et al., 200).
A necessidade de conecer o perfil dos indivduos da terceira idade
fruto do grande crescimento populacional e um aumento da expectativa de vida
(SOMCNA et al., 200).
A velice , antes de qualquer coisa, uma questo social, sendo a
excluso do idoso decorrente de ideologias, dos preconceitos internalizados e
expressos na nossa sociedade (SOMCNA et al., 200).
O processo de envelecimento individual, ocorrendo de diversas
maneiras. Mas o ambiente fsico, poltico, cultural em que o omem estiver
situado pode facilitar ou dificultar o processo de adaptao, acelerando ou
retardando o envelecimento (SOMCNA et al., 200).
Em nossa sociedade, a famlia pode dar uma grande contribuio em
relao a ateno populao idosa e portanto, imprescindvel a discusso
da importncia do papel da famlia com os indivduos da terceira idade.
Portanto, neste trabalo, abordam-se aspectos relativos a velice, ao
processo de envelecimento, comportamento do idoso, dinmica social/familiar
e qualidade de vida com a terceira idade, retratando-se o papel que a famlia
tem no relacionamento com o idoso.
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O primeiro captulo analisa questes ideolgicas subacentes aos
conceitos dos termos intitulados idosos, velice, envelecimento e velice
bem-sucedida. O segundo captulo diz respeito discusso do significado do
termo famlia. Alm disso, relata aspectos da famlia, particularizando as
consideraes relevantes no trato do idoso. O terceiro captulo assinala as
mudanas ocorridas no passado na famlia e as configuraes que
caracterizam a mesma atualmente. Apresenta tambm vrios tipos de famlia e
diferentes tipos de relacionamento entre seus membros. No quarto captulo
trata da questo da qualidade de vida, e sobre as condies que permitem uma
boa qualidade de vida na velice, bem como sobre as variaes que esse
estado comporta. No quinto captulo aborda as relaes familiares na terceira
idade, onde ocorrem as mudanas de papis dentro da dinmica familiar.
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CAPTULO I
Idoo, eIhce, eneIhecmeno e eIhce bem
ucedda
Neste primeiro captulo sero analisadas questes ideolgicas
subacentes aos conceitos dos termos intitulados idosos, velice,
envelecimento e velice bem-sucedida.
1.1 - Idoo
Os idosos so populaes ou indivduos que podem ser assim
categorizados em termos da durao do seu ciclo vital. Segundo convenes
sociodemogrficas atuais, idosos so pessoas de mais de 0 anos, nos pases
em desenvolvimento, e de mais de , nos pases desenvolvidos. No entanto,
para alm de critrios cronolgicos, medida que o ciclo vital da umanidade
se alonga, aumenta substancialmente a eterogeneidade entre idosos. nero,
classe social, sade, educao, fatores de personalidade, istria passada e
contexto socioistricos so importantes elementos que se mesclam com a
idade cronolgica para determinar diferenas entre os idosos, dos 0 aos 100
anos ou mais (NER, 200).
A participao dos idosos com anos ou mais no total da populao
vem aumentando significativamente. No cenrio mundial registra-se, oe, o
aumento na expectativa de vida da populao, devido, entre outras causas, aos
avanos no campo da medicina. ados do E apontam que, em 11, os
idosos acima de anos totalizavam 2,4 miles (1, da populao) em
2000, o nmero destes idosos aumentou para , miles (2,1 da
populao). O rasil, brevemente, ocupar o
o
lugar no contexto mundial, com
aproximadamente 2 miles de idosos, o que demonstram as ltimas
proees estatsticas (CAO et al., 200).
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1.2 - VeIhce
A preocupao com a velice ou com o prprio envelecimento antiga.
O primeiro texto dedicado a velice, de autoria do filsofo e poeta Pta-otep,
a descreve de modo pouco favorvel (eauvoir, 10 apud LO et al.,
200). Saespeare referiu-se velice como uma segunda infncia: sem
olos, sem dentes, sem nada. Muito antes, Sneca considerava a velice uma
doena, e um ditado grego anterior dizia que morriam cedo aqueles que eram
amados pelos deuses. talianos de sempre dizem que a vecchia brutta,
enquanto os de oe querem-na tardia, lenta, sana e serena (ROSS, 200).
eauvoir (1 apud CORERO 200), nos diz que no podemos
encarar a velice como um fato esttico. Ela seria o trmino e o prolongamento
de um processo.
Segundo ARAS (1), a velice uma etapa do desenvolvimento
individual, cua caracterstica principal a de acentuada perda da capacidade
de adaptao, com diminuio da vitalidade e aumento da vulnerabilidade de
todas as funes do indivduo.
Segundo eras (14 apud SALEAS et al., 200), a velice um
termo impreciso e sua realidade difcil de perceber e que nada flutua mais do
que os limites da velice em termos de complexidade fisiolgica, psicolgica e
social. Ento, fica cada vez mais presente a idia de que a velice ainda no
tem contornos definidos e gana significados novos a cada dia, baseados na
experincia daqueles que a vivenciam e atribuem outras leituras para este
perodo da vida, at porque vivenciado, a cada dia mais, por um nmero
maior de pessoas.
Segundo NER (200), a velice a ltima fase do ciclo vital e
delimitada por eventos de natureza mltipla, incluindo por exemplo perdas
psicomotoras, afastamento social, restrio em papis sociais e especializao
cognitiva. medida que o ciclo vital umano se alonga, a velice passa a
comportar subdivises que atendem a necessidades organizacionais da cincia
e da vida social. oe comum falar em velice inicial, velice e velice
avanada.
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A velice um fenmeno preponderantemente feminino. A expectativa
de vida das muleres nos pases menos desenvolvidos de 0 anos e nos
desenvolvidos de 0, mas, em ambos, elas vivem mais que os omens. Nos
pases desenvolvidos, essa vantagem varia entre cinco e oito anos. No entanto,
as muleres tm sade mais precria do que os omens e so vtimas de
osteoporose, diabetes, ipertenso, incontinncia urinria e artrite. Os omens
adultos esto mais expostos a doenas crebro-vasculares e cardiovasculares
do que as muleres mas depois dos 0 anos, o risco das muleres torna-se
cada vez mais parecido com o dos omens. motivos biolgicos para a maior
longevidade das muleres, mas os omens so mais expostos aos efeitos
deletrios do trabalo, da violncia, de acidentes, da pneumonia, de ataques
cardacos e do alcoolismo. Em todo o mundo e principalmente nos pases em
desenvolvimento, as muleres so discriminadas no trabalo e na educao,
tendo menos oportunidades do que os omens, e tendem a ser mais pobres na
velice (NER, 200).
1.3 - EneIhecmeno
Segundo ROSS (200), muitas teorias biolgicas que tentam
explicar o envelecimento e contribuem, cada qual, para compreenso parcial
do fenmeno. Pineiro e iana (200 apud ROSS, 200) apresentam, a partir
do trabalo de ecel-Neto e Cuna (200), uma descrio sumria delas,
dividindo-as em teorias estocsticas e teorias sistmicas. As primeiras
entendem que o envelecimento deve-se acumulao de danos moleculares
que ocorrem ao acaso, ao longo da vida. As perdas das funes e de
informaes das clulas causam a morte do organismo. As segundas as
sistmicas esto baseadas em uma abordagem gentica. uma
programao gentica que provoca, no tempo, um efeito sistmico em cascata
entre as clulas, por meio da interao entre genes e ambiente. e uma forma
ou de outra, em ambos os grupos, percebe-se, em maior ou menor grau, a
base gentica do envelecimento, devido a alteraes programadas e/ou ao
acmulo de erros genticos decorrentes de leses produzidas pelo ambiente.
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o ponto de vista fisiolgico, importante reconecermos que no
envelecemos omogeneamente, isto , nossos diferentes rgos e tecidos
que constituem a unidade no iniciam simultaneamente seu envelecimento,
nem mostram idnticos graus, embora cursem paralelamente o transcorrer do
tempo o fenmeno da eterocronia. Se, por um lado, todas as clulas de
um organismo tm a mesma idade, pois provm de um s ovo, pode-se afirmar
que as idades fisiolgicas so distintas (ROSS, 200)
Segundo MERMAN (2000), envelecer pressupe alteraes fsicas,
psicolgicas e sociais no indivduo. ais alteraes so naturais e gradativas.
importante salientar que essas transformaes so gerais, podendo se verificar
em idade mais precoce ou mais avanadas e em menor grau, de acordo com
as caractersticas genticas de cada indivduo e, principalmente, com o modo
de vida de cada um. A alimentao adequada, a prtica de exerccios fsicos, a
exposio moderada ao sol, a estimulao mental, o controle do estresse, o
apoio psicolgico, a atitude positiva perante a vida e o envelecimento so
alguns fatores que podem retardar ou minimizar os efeitos da passagem do
tempo.
oe em dia, com o avano farmacolgico, a meloria nas condies de
vida e a maior preocupao com a preveno de doenas com boa
alimentao, exerccios fsicos, como caminadas e outras atividades, o
envelecimento est acontecendo em idade mais avanada. 20 anos, uma
pessoa de anos podia ser vista como vela. oe difcil v-la enquadrada
nos moldes da terceira idade (MERMAN, 2000).
1.3.1 - AIerae fca do eneIhecmeno
Segundo MERMAN (2000), do ponto de vista fsico, as principais
mudanas do adulto ovem para o velo so as seguintes:
a) Modificaes externas:
as bocecas se enrugam e embolsam
aparecem mancas escuras na pele (mancas senis)
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a produo de clulas novas diminui, a pele perde o tnus,
tornando-se flcida
podem surgir verrugas
nariz alarga-se
os olos ficam mais midos
um aumento na quantidade de plos nas orelas e no nariz
os ombros ficam mais arrendodados
as veias destacam-se sob a pele dos membros, enfraquecem
encurvamento postural devido a modificaes na coluna vertebral
diminuio de estatura pelo desgaste das vrtebras.
b) Modificaes internas:
os ossos endurecem
os rgos internos atrofiam-se, reduzindo seu funcionamento
crebro perde neurnios e atrofia-se, tornando-se menos
eficiente
metabolismo fica mais lento
a digesto mais difcil
a insnia aumenta, assim como a fadiga durante o dia
a viso de perto piora devido falta de flexibilidade do cristalino
a perda de transparncia (catarata), se no operada, pode
provocar cegueira
as clulas responsveis pela propagao dos sons no ouvido
interno e pela estimulao dos nervos auditivos, degeneram-se
endurecimento das artrias e seu entupimento provocam
arteriosclerose
olfato e o paladar diminuem.
1.3.2 - Apeco oca do eneIhecmeno
O envelecimento social da populao traz uma modificao no status
do velo e no relacionamento dele com outras pessoas em funo de:
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Crise de identidade, provocada pela falta de papel social, o que
levar o velo a uma perda de sua auto-estima
Mudanas de papis na famlia, no trabalo e na sociedade. Com o
aumento de seu tempo de vida, ele dever se adequar a novos
papis
Aposentadoria, que, oe, ao aposentar-se, ainda restam maioria
das pessoas muitos anos de vida, e portanto, elas devem estar
preparadas para no acabarem isoladas, deprimidas e sem rumo
Perdas diversas, que vo da condio econmica ao poder de
deciso, perda de parentes e amigos, da independncia e da
autonomia
iminuio dos contatos sociais, que se tornam reduzidos em funo
de suas possibilidades, distncias, vida agitada, falta de tempo,
circunstncias financeiras e a realidade da violncia nas ruas
(MERMAN, 2000).
1.3.3 - Apeco pcoIgco do eneIhecmeno
Alm das alteraes no corpo, o envelecimento traz ao ser umano
uma srie de mudanas psicolgicas, que pode resultar em:
dificuldade de se adaptar a novos papis
falta de motivao e dificuldade de planear o futuro
necessidade de trabalar as perdas orgnicas, afetivas e sociais
dificuldade de se adaptar s mudanas rpidas, que tm reflexos
dramticos nos velos
alteraes psquicas que exigem tratamento
depresso, ipocondria, somatizao, parania, suicdios
baixas auto-imagem e auto-estima (MERMAN, 2000).
Segundo NER (200), o envelecimento, compreende os processos de
transformao do organismo que ocorrem aps a maturao sexual e que
implicam a diminuio gradual da probabilidade de sobrevivncia. Esses
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processos so de natureza interacional, iniciam-se em diferentes pocas e
ritmos e acarretam resultados distintos para as diversas partes e funes do
organismo. O envelecimento uma experincia eterognea, isto , que pode
ocorrer de modo diferente para indivduos e coortes ( um agregado de
indivduos ancorados no tempo istrico) que vivem em contextos sociais e
istricos distintos. Essa diferenciao depende da influncia de circunstncias
istrico-culturais, de fatores intelectuais e de personalidade e da incidncia de
patologias durante o envelecimento normal. Existem, assim, diferentes
padres de envelecimento, raramente observveis em estado puro.
O envelecimento um processo natural e universal concorrente ao
desenvolvimento, cuos efeitos, oe, so socialmente assumidos como
marcadores do incio da velice por volta da quinta dcada de vida. Mesmo
sabendo-se que comporta grande eterogeneidade decorrente de fatores
genticos, ambientais e subetivos, desde meados dos anos 0, grandes
esforos tm sido registrados no domnio das cincias biolgicas e
comportamentais, no sentido de estabelecer padres de envelecimento com
potencial explicativo e preditivo. Nesse contexto de anlise, so de Scroots e
irren (10 apud NER 200), as definies mais aceitas oe sobre
envelecimento primrio, tambm referido como senescncia ou
envelecimento normal sobre envelecimento secundrio ou patolgico ou
senilidade e sobre o envelecimento tercirio ou terminal.
O envelecimento primrio trata-se de um fenmeno que atinge a
todos os seres umanos ps-reprodutivos, por fora de mecanismos genticos
tpicos da espcie. progressivo, ou sea, afeta gradual e acumulativamente o
organismo. Seu resultado diminuio na capacidade de adaptao. No
uma doena. Comporta gradaes, porque est sueito influncia concorrente
de muitos fatores. Entre eles, podem ser citados: dieta, exerccio, estilo de vida,
exposio a eventos estressantes, educao e alguns traos de personalidade
que se relacionam com a sade, o exerccio de papis, a posio social, dentre
outros aspectos que podem ocasionar diferentes maneiras de envelecer.
Cabelos brancos, rugas, flacidez muscular e dficits sensoriais so indicadores
do processo de envelecimento normal. Outras alteraes afetam as
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capacidades funcionais energticas (metabolismo, circulao e respirao) e
biomecnicas (diminuio de fora, mobilidade e resistncia). Ocorre
diminuio da resistncia ao frio e ao calor e da capacidade de adaptao a
mudanas de temperatura. ambm se reduz a tolerncia ao estresse fsico e
psicolgico. As perdas psicomotoras so intimamente relacionadas com a
aprendizagem, a memria e a inteligncia, motivo pelo qual exercem um papel
capital na adaptao psicossocial das pessoas. As perdas em
instrumentalidade podem afetar a auto-estima e o senso de controle, com
reflexos sobre a motivao e o funcionamento psicossocial (NER, 200).
uando o indivduo que envelece preserva caractersticas e
funcionalidade comparveis s de indivduos mais ovens, quando ele preserva
a plasticidade comportamental (definida como a possibilidade de mudar para
adaptar-se ao meio, como por exemplo, por meio de novas aprendizagens) e
seu funcionamento excede o de seus contemporneos, diz-se que tem um
padro de envelecimento timo ou bem-sucedido (NER, 200).
O envelecimento secundrio ou patolgico um processo que diz
respeito a alteraes ocasionadas por doenas associadas ao envelecimento
que no se confundem com as mudanas normais desse processo. Como
exemplo, pode ser citada a esclerose mltipla, que costuma aparecer entre a
terceira e a quarta dcada de vida em virtude de programao gentica
inerente molstia, e no por causa do processo de envelecimento normal,
caracterizado por alteraes sensoriais, psicomotoras, em capacidades
biomecnicas, no espao fsico, dentre outras. oenas associadas ao
envelecimento, como por exemplo, as molstias cardiovasculares, as crebro-
vasculares e certos tipos de cncer, exibem uma crescente probabilidade de
ocorrncia com o aumento da idade, em parte por causa de mecanismos
genticos, em parte em virtude de fatores ambientais, do estilo de vida e da
personalidade. emncia senil e doenas neurolgicas tpicas da velice so
exemplos adicionais de molstias associadas ao envelecimento, que sua
prevalncia na populao idosa muito maior do que em idades anteriores,
mas sua etiologia no est bem estabelecida (NER, 200).
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O envelecimento tercirio ou terminal est relacionado a um padro
de declnio terminal caracterizado por um grande aumento nas perdas fsicas e
cognitivas, num perodo relativamente curto, ao cabo do qual a pessoa morre,
quer por causa de doenas dependentes da idade, quer pela acumulao dos
efeitos do envelecimento normal e do patolgico. No se sabe ainda o quanto
ele universal, mas o fenmeno de acumulao de perdas reconecido
como o ponto final das doenas terminais que ocorrem em qualquer idade. A
interao entre os trs tipos de envelecimento mais provvel na velice
avanada (NER, 200).
Alm disso, respeito do envelecimento, eauvoir (1 apud
CORERO 200), afirmou que um fenmeno biolgico: o organismo do
omem idoso apresenta certas singularidades. Acarreta consequncias
psicolgicas: determinadas condutas, com usta razo, so consideradas
tpicas da idade avanada. em uma dimenso existencial como todas as
situaes umanas: modifica a relao do omem no tempo e, portanto, seu
relacionamento com o mundo e com sua prpria istria. Por outro lado, o
omem nunca vive em estado natural: seu estado le imposto tanto na
velice como em todas as idades, pela sociedade a que pertence. A
complexidade da questo devida estreita interdependncia desses pontos
de vista. E ainda: a sociedade determina o lugar e o papel do velo, levando
em conta suas idiossincrasias individuais: sua impotncia, sua experincia
reciprocamente, o indivduo condicionado pela atitude prtica e ideolgica da
sociedade a seu respeito. e modo que, uma descrio analtica dos diversos
aspectos da velice no pode ser suficiente: cada um deles reage sobre todos
os outros e por eles afetado. (eauvoir, 1 apud CORERO, 200).
1.4 - VeIhce bem-ucedda
O termo velice bem-sucedida, apareceu na erontologia nos anos 0,
associado a uma importante mudana ideolgica ocorrida no campo, que
consistiu em considerar que a velice e o envelecimento no so sinnimos
de doena, inatividade e contrao geral no desenvolvimento. esde ento, a
erontologia passou a investigar tambm os aspectos positivos da velice, o
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potencial para desenvolvimento que resguardado pelo processo do
envelecimento e, principalmente, a eterogeneidade, a multidimensionalidade
e a multicausalidade associada a esse processo. Adicionalmente, preciso
incluir a idia da eterogeneidade da velice, vista como fenmeno no s
biolgico, mas tambm construdo socialmente (NER, 200).
importante mencionar que a categoria velice, assim como infncia,
adolescncia e uventude, tambm construda social e istoricamente. sso
pelo fato de que quando necessitamos de uma idade a partir da qual se
considerar uma pessoa idosa tem a ver com uma construo social (Cordeiro,
200). Ento, neste contexto de que a velice uma categoria socialmente
produzida, ebert (1 apud CORERO 200) informou que faz assim
distino entre um fato universal e natural o ciclo biolgico, do ser umano e
de boa parte das espcies naturais, que envolve o nascimento, o crescimento e
a morte e um fato social e istrico a variabilidade das formas de conceber
e viver o envelecimento.
Para CORERO (200), isso significa que a velice, na sua qualidade
de destino biolgico, vivida de maneira varivel, segundo o contexto social. A
forma como se d o processo de envelecimento, as possibilidades fsicas,
mentais e sociais no so as mesmas para todos. muitas variveis que
interferem no modo como as pessoas envelecem. A classe social qual o
indivduo pertence e que le confere uma determinada posio no mercado de
trabalo, que le d sua viso de mundo, que determina inclusive suas lutas,
seus anseios e seus bitos determinante tambm no processo de
envelecimento. O omem carrega as marcas de seu trabalo, das
intempries, do vivido. Essas marcas esto presentes nos corpos e rostos de
quem envelece.
ambm no podemos esquecer que o ser umano fruto de uma
poca, cuos acontecimentos istricos marcam, de forma direta ou indireta,
sua vida. Portanto, ao tratar do envelecimento umano, no podemos pensar
em um nico modelo de velice sem corrermos o risco de cair em
reducionismos ou nas armadilas das idias estereotipadas. Acreditar que o
tempo da velice simplesmente um tempo de declnio e de fecamento para
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o mundo uma delas. Mesmo porque a realidade nos mostra que, cada vez
mais, as pessoas que envelecem buscam caminos variados na tentativa de
viver da melor forma esse perodo da vida (CORERO, 200).
Os principais conceitos associados ao termo velice bem-sucedida so
os seguintes:
1.4.1 Segundo Roe e an (1 apud NER, 200), lderes dos
Estudos Mac Artur sobre meia-idade e velice:
a) aixo risco de doenas e de incapacidades relacionadas a doenas
b) Funcionamento mental e fsico excelentes
c) Envolvimento ativo com a vida
1.4.2 elice produtiva, assim definida por Featerman, Smit e
Peterson (11 apud NER, 200):
a) Exerccio de trabalo remunerado
b) Exerccio de trabalo no-remunerado mas de valor econmico (Ex:
cuidar dos netos, de idoso e da casa, trabalos voluntrios)
c) Envolvimento em atividades de lazer
d) Contribuies do aumento da populao idosa e do envelecimento
saudvel, criando novas demandas para a economia, para as profisses e para
as instituies sociais
e) Contribuies para a meloria da sade, da capacidade funcional e
da satisfao dos idosos
1.4. Sade mental positiva, que inclui auto-aceitao, domnio sobre
o ambiente, relaes positivas com os outros, propsito, crescimento pessoal e
autonomia (Rff, 1 apud NER, 200)
1.4.4 Sade fsica e mental, satisfao geral com a vida, satisfao
com domnios especficos do funcionamento, tais como a sade e as relaes
sociais, atividade, integrao social, senso de controle e senso de significado
da existncia (Neri, 2004 apud NER, 200)
1.4. Realizao do potencial para o alcance do bem-estar fsico,
social e psicolgico avaliado como adequado pelo indivduo e pelo seu grupo
de idade, tendo como parmetro as condies obetivas disponveis para tanto,
bem como os valores sociais a respeito dessas condies e a respeito do que
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ou seria desevel para que as pessoas pudessem realizar seu potencial
(altes & altes, 11 apud NER, 200).
1.4. Com base em investigaes sistemticas sobre a inteligncia e
o funcionamento intelectual na velice, altes e altes (11 apud NER,
200), estabeleceram um modelo psicolgico de velice bem-sucedida que,
para eles, significa a possibilidade de manuteno da competncia em
domnios selecionados do funcionamento, por meio dos mecanismos
psicolgicos de seleo, otimizao e compensao (SOC). Para os autores,
selecionar para investimento aquelas capacidades que esto preservadas ou
nas quais o idoso altamente competente faz com que ocorra otimizao
dessas competncias. Essa otimizao compensar perdas ocasionadas pelo
envelecimento e garantir a continuidade da funcionalidade.
Para finalizar este captulo, vale mencionar que importante procurar
compreender o processo da velice, do envelecimento e o significado da
camada velice bem-sucedida. Alm disso, essencial conecer o perfil dos
indivduos da terceira idade, pois segundo SOMCNA et al. (200), distinguir
seus anseios, expectativas, diversidades e percepes, definir, no padres,
mas atributos referentes a esta faixa etria.
A seguir, vamos entrar no universo da instituio intitulada de famlia,
pois fundamental para este estudo.
23
CAPTULO II
A FamIa
Conceo, apeco da famIa e o doo
Neste segundo captulo sero apresentados significados do termo
famlia. Alm disso, sero relatados aspectos da famlia, particularizando as
consideraes relevantes no trato do idoso.
2.1 - Conceo
A famlia a fonte primria de suporte social informal, onde se almea
uma atmosfera comum, de aquisio de competncia e de interao entre os
membros (Pelzer & Fernandes, 1 apud ORRES et al., 2004).
A famlia faz parte da cultura desde tempos mais recentes, e
reproduzida por intermdio dos diversos espaos de socializao e dos vrios
aparelos ideolgicos, como, por exemplo, a Escola e a grea (Caldern &
uimares, 14 apud ALCNARA, 2004).
A famlia um ncleo de pessoas que convivem em determinado lugar,
durante um lapso de tempo mais ou menos longo e que se acam unidas ou
no por laos consanguneos, tendo como tarefa primordial o cuidado e a
proteo de seus membros e se encontra dialeticamente articulado com a
estrutura social na qual est inserida (Mioto, 1 apud CAO et al., 200).
Alm disso, a famlia um sistema ativo em constante transformao,
ou sea, um organismo complexo que se altera com o passar do tempo para
assegurar a continuidade e o crescimento de seus membros componentes
(Andolfi, 1 apud MERMAN, 2000).
Segundo LEME et al. (1), a pessoa umana do que vai nascer,
crescer e morrer precisamente como pessoa umana, exige como prprio da
sua natureza e dignidade ser amada radicalmente e a ttulo de ustia.
24
iferentemente de qualquer grupo que ao longo da vida podemos pertencer
como membros o municpio, a fbrica, o partido, o clube de esportes, a
associao recreativa, o grmio profissional s em famlia valemos por
sermos aquele eu mesmo, nu de qualquer qualificativo, irrepetvel. Alm disso,
s em famlia valemos de modo incondicional, isto , no s por ser eu mas
inclusive apenas por ser eu, independentemente da mina utilidade ou
rentabilidade social, poltica, econmica, profissional, etc.
Estas consideraes podem ser aprofundadas considerando a famlia
sob o triplo aspecto de centro de intimidade, centro de abertura, e como
elemento teraputico e diagnstico, particularizando os aspectos relevantes no
trato do idoso (LEME et al., 1).
2.2 - A famIa como cenro de nmdade
ntimidade o que no ser umano o define como pessoa. o ambiente
interno, onde ao tomar decises livres e ntimas escrevemos a nossa istria
de vida, nica e irrepetvel, onde definimos nossa biografia, que unto biologia
caracterizar-nos-o como pessoa. escobrir-se a si mesmo na sua dimenso
pessoal requer conecer-se cada vez melor. escobrir-se aos demais, nesta
mesma dimenso, requer ser capaz de comunicar sua intimidade aos outros,
transmitindo o seu ser pessoa ao ambiente, em outras palavras,
personalizando-o (LEME et al., 1).
O membro idoso da famlia e na famlia, sea a tia solteira ou viva, pais,
irmos mais velos, etc., tem muito a contribuir aos demais membros da
comunidade familiar, pois tem uma maior istria pessoal a oferecer ao
ambiente, representando ainda a istria, da estrutura familiar em si, como
grupo social. So, portanto, os principais portadores daquilo que particulariza
cada um como um ser biogrfico e no apenas biolgico (LEME et al., 1).
Sua idade representa assim uma condio essencial para a particular
contribuio que pode dar e passa a ser valorizado exatamente na condio e
porque idoso. Sem dvida, por outro lado, este sentir-se til, no por um falso
paternalismo, mas de uma forma natural, deve contribuir significativamente
para o equilbrio psquico do indivduo (LEME et al., 1).
25
2.3 - A famIa como cenro de aberura
Como centro de abertura entende-se a convivncia, a resposta
necessidade que o ser umano tem de abrir-se aos demais para conseguir
realizar-se. O idoso exige cuidados, tem costumes que se referem a outras
pocas, manias. A abertura, particularmente nos ovens, comea quando se
reconecem as diferenas entre as pessoas e se notam as suas necessidades.
Neste particular, o membro mais idoso, pode ser o motivador deste olar para
fora de si mesmo, essencial para o equilbrio e a felicidade. Nem s a
felicidade, no entanto, est dependente desta convivncia intergeracional. oda
a perspectiva do desenvolvimento cultural de uma determinada poca passa
lentamente por esta convivncia. No sem motivo que Ortega asset
define como mvel da istria no a luta pelos meios de produo, mas a
convivncia entre geraes que so contemporneos sem serem coetneas
(LEME et al., 1).
2.4 - A famIa como eIemeno erapuco e dagnco
Segundo LEME et al. (1), a velice carrega uma queda geral da
capacidade de adaptao. al situao, que ocorre de maneira obetiva nos
diferentes sistemas orgnicos do idoso, manifesta-se de maneira ainda mais
evidente em suas caractersticas psicossociais. A queda da adaptao psquica
pode ir desde a incapacidade de aceitar ou administrar uma situao de
catstrofe como a viuvez, a presena de srios problemas financeiros, etc. at
a total incapacidade adaptativa, mesmo a situaes simples como o sair de
casa para um passeio. Por outro lado a queda de adaptao social pode se
manifestar pela dificuldade de aceitao da mudana de ambientes, desde uma
casa diferente at uma simples mudana nos mveis do quarto. A esta
diminuio da capacidade adaptativa do idoso s variaes sociais observa-se,
paralelamente, um aumento de sua dependncia do ambiente familiar,
caracterizado pelo prprio idoso como um local de estabilidade e de proteo.
Nestas condies, o idoso aceitar muito melor qualquer ao diagnstica ou
26
teraputica, sea ela medicamentosa ou no, que considere sua ligao a este
ambiente, reeitando, muitas vezes a princpio, as que no o fizerem.
, portanto, de fundamental importncia ao profissional da sade que
tem o obetivo do sucesso diagnstico e teraputico considerar, segundo LEME
et al. (1), com ateno e critrio as peculiaridades familiares do idoso
procurando adaptar s mesmas seus cuidados de sade. Neste sentido, o
conecimento da arquitetura do domiclio, seus obstculos ambientais, sua
rotina de funcionamento de orrios de trabalo, refeies etc., disponibilidade
de apoio por parte de familiares, empregados ou agregados ao idoso no um
conecimento ocioso ou bizantino, mas parte essencial da ateno sade.
27
CAPTULO III
Mudana, po de famIa e o doo
Neste terceiro captulo sero relatadas as mudanas ocorridas no
passado na famlia e as configuraes que caracterizam a mesma atualmente.
Sero apresentados tambm vrios tipos de famlia e diferentes tipos de
relacionamento entre seus membros.
3.1 - Mudana na famIa
Com efeito, o papel da famlia, importante em qualquer estgio da vida,
torna-se particularmente relevante durante dois perodos polares: o perodo
educativo propriamente dito, isto , infncia e adolescncia, e, em outro plo,
na senectude. Em ambas as situaes, a considerao do indivduo como
pessoa a nica forma de desenvolver, por um lado, e de manter, por outro, o
equilbrio afetivo e fsico do ser umano, propiciando seu desenvolvimento
armnico e natural, valorizando todas as suas potencialidades de maneira
global. Portanto, cabe a pergunta: ual a funo que verdadeiramente da
famlia ? Ser famlia no outra coisa que realizar o nascer, viver e morrer
segundo aquelas exigncias de amor radical, incondicional e devido, derivadas
da dignidade pessoal de quem nasce e morre (LEME et al., 1).
A famlia nuclear, tal como a conecemos oe, composta por pai, me e
filos, nem sempre foi assim. Ela resultado e caracterstica das sociedades
modernas e industriais. Podemos at mesmo dizer que a sua predominncia
deve-se ao crescimento do individualismo, estilo de vida e valor refletidos na
propriedade, na lei, nos ideais sociais de felicidade e na realizao individual,
no deseo e na expectativa de mobilidade geogrfica e social (CAO et al.,
200).
28
Nas sociedades pr-industriais, os mais velos, detentores do poder
econmico, ocupavam papis socialmente importantes como conseleiros ou
uzes. No perodo pr-industrial, o idoso era mais integrado famlia e
sociedade, que por sua vez eram mais solidrios, amparando-o e protegendo-
o. O papel dos idosos era mais afetivo na medida das suas possibilidades,
responsabilizavam-se pelo cuidado com crianas, servios domsticos, alm
de terem prestgio social e reconecimento (CAO et al., 200).
A partir da segunda metade do sculo , os avanos tecnolgicos e
cientficos, alm da meloria das condies de igiene, proporcionaram o
aumento da populao idosa. A industrializao por sua vez determinou a
necessidade de mo-de-obra que atendesse demanda do desenvolvimento
econmico acelerado (CAO et al., 200).
Mudanas no contexto socioeconmico, sociopoltico e sociocultural do
pas, certamente influenciaram e influenciam as famlias oe. urante e
mesmo um pouco antes de iniciar-se o processo de modernizao da
economia, tivemos o aumento das grandes cidades, pela migrao dos que
procuravam trabalo e melores condies de vida (CAO et al., 200).
lobalizao e neoliberalismo geraram aumento do intercmbio de bens
e servios no mundo, com obrigao de maior produtividade no trabalo e uso
de maior tecnologia, com exigncias e requisitos de maior capacitao para se
enfrentar o mercado de trabalo (CAO et al., 200).
O processo de mudana foi dinmico, rigoroso e aliado s crises
econmicas pelas quais passou o pas, expulsou muita mo-de-obra, pelo
desemprego fazendo aumentar a informalidade do trabalo (CAO et al., 200).
A famlia enfrentou esta crise, vendo o aumento do desemprego e a
muler incorporar-se ao mercado de trabalo, de forma crescente, o que
contribuiu para a questo das mudanas nos papis sexuais tradicionais de
provedor (pai) e cuidador (me), com impacto na vida das famlias (CAO et al.,
200).
As mudanas sociopolticas aconteceram de forma acelerada nos
ltimos 40 anos da ditadura a uma incipiente democracia que luta para
29
instaurar leis que contemplem tanto os direitos do cidado como uma maior
participao do cidado (Constituio de 1) (CAO et al., 200).
no contexto sociocultural, tivemos o advento e a massificao da
cultura audiovisual, com a presena massiva da tev nos lares, levando
(atravs das novelas, principalmente) a uma outra perspectiva de novos
modelos, padres e valores familiares. Alm da influncia cultural, o modelo
televisivo afeta a comunicao familiar, bem como a dimenso do mundo
privado (CAO et al., 200).
A sociedade moderna, apesar dos avanos, trouxe algumas dificuldades
para o segmento dos idosos. Na sociedade capitalista, ou neoliberal, o ser
umano importante como parte do sistema produtivo, enquanto contribui para
a expanso do capital. O valor pessoal igual produtividade assim, os dois
segmentos teoricamente improdutivos as crianas (futuros trabaladores) e
os velos (trabaladores no mais produtivos) no so considerados
importantes, apenas dispendiosos (CAO et al., 200).
O capitalismo vem sendo prdigo nessas criaes: individualiza e faz
aparecer, ao longo dos ltimos sculos, as antes indistintas infncia e
adolescncia (Aris, 1 apud MOA, 200) mais recentemente, cria a
meia-idade e, para no falar em velice, inventa a terceira idade (Lenoir, 1
apud MOA, 200). Entretanto, para acud-la em sua insuficincia expressiva,
recorre a uma inevitvel quarta-idade (ritto da Mota, 1 apud MOA,
200 Peixoto, 1 apud MOA, 200), que rapidamente se est
prolongando numa quinta idade, povoada pelos recm-descobertos, mas
numerosos, centenrios (ritto da Motta, 200 apud MOA, 200). Ao mesmo
tempo, contraditoriamente, tornam-se imprecisos os limites entre as idades.
Crianas pressionadas pelo mercado de consumo, via mdia e internet,
adultizam-se cedo, tornando-se pr-adolescentes aos sete, oito anos.
Adultos plenos e de meia-idade infantilizam-se em moda e modos e at
desencavam os antigos e pueris cadernos de confidncia, transformando-os
em blogs e perfis/revelaes da intimidade no orut (MOA, 200).
Podemos dizer que a famlia de antigamente tina papis mais rgidos,
mais demarcados, mais estveis e definidos, com um maior grau de
30
ierarquizao, enquanto que a famlia de oe mais dinmica e flexvel, com
uma ierarquia menor e papis que mudam com mais facilidade (MERMAN,
2000).
Ento, altera-se o calendrio existencial tradicional, quase se eliminando
a cance de previsibilidade mais ou menos imediata nas traetrias de vida
sociais alcana-se, em compensao, nveis de liberdade e individualidade
nunca antes sonados. As alternativas so numerosas e, no raro, polares.
Estuda-se tardiamente, ou toda a vida. em-se filos antes do casamento ou,
por outro lado, com muito mais idade, at no limiar da velice. Sai-se de casa
depois da ora ou, caso se saia cedo, pode-se voltar, tangido pelo
desemprego ou pelo descasamento ou no se sai nunca. Separaes e
posteriores recasamentos propiciam distncias etrias e geracionais grandes
entre os filos, irmos criados em diferentes ncleos domsticos. Embora
distncias nem to maiores quanto nas antigas e prolficas famlias quase sem
descasamentos, e de convivncia cotidiana. cada vez mais pais-avs. A
variedade de arranos e padres de comportamento quase ilimitada (MOA,
200).
Alm disso, estudar a famlia penetrar num contexto social
caracterizado por organizaes diferentes, nas quais o modelo de sociedade
burguesa, representada pelo padro de famlia nuclear (pai, me e filos),
embora predominante, no nico (ALCNARA, 2004), o que devido a
questo da longevidade, presena de um nmero cada vez maior de
geraes em coexistncia muito mais duradoura do que em qualquer outra
poca da istria, ao mesmo tempo em que os arranos familiares vo se
tornando mais e mais complexos e variados. So famlias de quatro e cinco
geraes, das quais, nada raro, duas so de idosos, constituindo segmentos
sociais que, em verdade, tambm representam maneiras diferenciadas de ser
idosos, inclusive quanto situao e posies na famlia (Motta, 200 apud
MOA, 200). So muitas as alternativas: pais velos com filos idosos
ovens pais muito idosos com filos tambm velos filos idosos ou de meia-
idade constituindo a muito falada e pouco pesquisada gerao
intermediria ou piv, aquela que se desdobra e se divide em cuidados e apoio
31
simultneos tanto a filos e netos como a pais de mais avanada idade, alm
de constituda (segundo a diviso sexual do trabalo tradicional) em maioria
por muleres (Langevin, 1 apud MOA, 200 oldani, 1 apud
MOA, 200 elbes & amu, 1 apud MOA, 200 Motta, 200 apud
MOA, 200).
Nesse panorama de longevidade e simultaneidade maior de geraes,
uma das consequncias naturais refere-se a possibilidades muito mais amplas
de exerccio de papis sociais. As pessoas vivem mais longamente os seus
papis e, ao mesmo tempo, um nmero maior e simultneo de papis e de
relaes de parentesco para o que tm a contribuio dos novos padres de
comportamento enseados pelas tambm novas relaes de gnero (MOA,
200).
Segundo CAO et al. (200), em relao s famlias do passado,
podemos assinalar as mudanas mais significativas que caracterizam a famlia,
oe:
Famlia nuclear (casal com ou sem filos)
iminuio do nmero de filos
Aumento das famlias que tem a muler como cefe de famlia
Nascimento de filos fora do casamento
Aumento da gravidez entre adolescentes
Aumento da participao da muler no mercado de trabalo
Mudanas nos papis tradicionais do omem na famlia (cuidado com filos
e tarefas domsticas)
Envelecimento da populao
Crescente impacto dos meios de comunicao de massa (especialmente a
tev) na vida cotidiana
Aumento da diversidade familiar novos modelos (separaes, famlias
reconstitudas, famlias mistas, famlias omossexuais)
Crescente conscincia da gravidade da violncia domstica (inclusive, oe,
com o aumento da violncia contra idosos)
Crescente conscincia da dignidade da criana e dos seus direitos
32
Aumento da durao do ciclo de vida familiar (devido ao aumento da
esperana de vida).
Segundo CAO et al. (200), as mudanas sociais, apesar de afetarem
todas as famlias, no afetam todas as famlias da mesma forma existe o
impacto da mudana e, como a mudana est sendo absorvida, uma
adaptao das famlias a ela.
3.2 - Tpo de famIa
Segundo MERMAN (2000), existem diferentes tipos de famlia:
.2.1 A famlia suficientemente sadia: No existe uma famlia
perfeitamente sadia, at mesmo porque os critrios referentes ao que sadio
ou patolgico so bastante relativos, sob diversos pontos de vista. No entanto,
dentro dessa relatividade, cabe enumerar algumas caractersticas que esto
presentes naquelas famlias onde predomina uma armonia, uma atmosfera
saudvel entre as pessoas, que possibilita um crescimento de cada um e de
todos.
a) Os titulares da famlia pai e me tm a importantssima funo
de servirem como um modelo de identificao para os filos. Assim, se os pais
so mentirosos, ou agressivos, ou generosos, ou intolerantes com os velos,
etc., os filos, quase certamente, tambm sero. imprescindvel que aa
uma coerncia entre aquilo que os pais dizem, fazem e o que realmente eles
so !
b) eve existir uma clara delimitao de lugares, papis, posies e
funes de cada um. Ou sea, o pai tem as suas atribuies, a me tem as
dela, aos filos cabem outros direitos e deveres, um eventual velo que more
unto tambm deve aceitar o seu novo papel no contexto familiar, e assim por
diante. No existe nada pior para a estruturao de uma famlia do que aquela
em que uma subverso dos respectivos papis e lugares que deve caber a
cada um (por exemplo: os filos mandarem nos pais, etc.).
c) Uma condio fundamental para uma estruturao sadia diz respeito
necessidade de que aa, por parte de cada um e de todos, um
reconecimento das inevitveis diferenas que existem entre as pessoas,
33
assim como tambm bastante til que aa um reconecimento e uma
aceitao dos respectivos alcances, limites e limitaes.
d) Cada integrante do grupo familiar, muito especialmente os pais deve
ter suficientemente desenvolvida a capacidade de empatia (ou sea, de
conseguir se colocar no lugar do outro) e a de continncia (isto , de conseguir
conter as necessidades e as angstias, suas prprias e as dos outros).
e) As frustraes so inevitveis e necessrias para o crescimento
quando elas forem ustas e coerentes no entanto, repetidas frustraes
demasiadamente excessivas, escassas, incoerentes ou inustas promovem um
clima de submisso ou rebeldia, o surgimento de sentimentos de rivalidade,
invea, cime, vingana, dio, confuso, abandono, etc. O velo
particularmente mais sensvel e vulnervel a tudo isso.
f) Em resumo, quando predominam os sentimentos amorosos (o que
no significa a inexistncia de manifestaes agressivas, de distintas formas),
aver o desenvolvimento de tolerncia, respeito recproco e solidariedade. O
contrrio disso vai acontecer quando ouver a predominncia de sentimentos
ligados ao dio.
g) Mais particularmente em relao ao velo, regra que acontea que
ele ser tratado pelos seus filos da mesma forma como estes foram tratados
por ele: cada um cole o modelo que semeia.
.2.2 Famlia simbitica: A principal caracterstica desse tipo de
famlia consiste no fato de estarem aparentemente ligados unicamente pelo
sentimento de um grande amor entre todos os familiares, mas na verdade
nenum deles ter conseguido uma autntica emancipao e a sadia conquista
de um espao prprio. Assim, na famlia simbitica, todos vivem
excessivamente grudados e qualquer separao mais prolongada de algum
deles, embora til e necessria, vista como se fosse uma espcie de
deslealdade ou prenncio de tragdia. Nessas condies, no nada raro o
risco de que os pais infantilizem um ou mais filos, de sorte a program-los
para que esse filo constitua-se no seguro-solido da velice de um dos pais.
.2. Famlia dissociada ou dividida: O que caracteriza a famlia
dessa natureza a evidncia de que no lugar de uma saudvel integrao
34
entre pais, filos e netos prevalece uma formao de subgrupos, por exemplo,
quando a fila o xod do pai ou o filo todo da mame, e assim por diante,
em inmeras combinaes possveis, com o risco de que um dos pais ou um
dos filos fique sendo o privilegiado. Uma outra possibilidade na famlia dividida
a atribuio de aspectos contraditrios e ocultos dos pais aos filos, de modo
que um deles pode cumprir o papel de estudioso, srio, amvel, enquanto ao
outro filo possa caber o papel de bode expiatrio, portador de todas as
mazelas da famlia. possvel que o filo excludo torne-se um desafeto e
inimigo do recaador. fcil deduzir o quanto esse tipo de situao pode
complicar futuramente o convvio do velo com a famlia.
.2.4 Famlia narcisista: Costumeiramente, os membros de uma
famlia narcisista acreditam serem os donos da razo e da verdade,
possuidores dos melores valores e atributos, e assumem uma postura algo
arrogante e onipotente em relao s outras pessoas. A lgica do narcisismo
costuma ser do tipo bipolar, ou sea, no existe meio termo, pois para o
indivduo narcisista ele o melor ou o pior, o mais bonito de todos ou ento
feio, etc. Em consequncia disso, tais indivduos so tiranos, paranides,
actanciosos e toleram muito mal qualquer tipo de frustrao. Um indivduo
marcadamente narcisista, quando velo, suportar pessimamente toda e
qualquer perda de alguma condio fsica, mental ou social que sustentava o
seu narcisismo.
.2. Famlia com perdas de limites: Nesse caso, pode aver um
srio preuzo na estruturao de uma famlia sadia e armnica, pois isso
exige uma adequada colocao de limites, o reconecimento de limitaes e
das diferenas e a manuteno da necessria ierarquia, de papis, lugares,
posies e funes de cada um na constelao familiar.
.2. Famlia depressiva: Em famlias desse tipo predominam a
tristeza, a apatia e o pessimismo generalizado, alm de, muitas vezes, um culto
permanente a familiares mortos, em detrimento do prazer de viver.
.2. Outros tipos: Alm das modalidades acima referidas, vale
destacar aquelas famlias que se configuram com uma caracterologia
predominantemente obsessiva (prevalece o perfeccionismo, um controle
35
exagerado e uma intolerncia com tudo e com todos) fbica (a timidez e a
evitao de tomada de iniciativas e experimentao de situaes novas a sua
caracterstica mais notria) paranide (as pessoas so desconfiadas, super-
sensveis, querelantes, provocadoras e criadoras de caso) sadomasoquista (o
vnculo entre o casal ou entre os irmos ou dos pais com um ou mais filos
caracteriza-se por uma alternncia de amor e dio, em meio a maus-tratos e
umilaes recprocos) ipocondraca (existe uma espcie de cultura familiar
voltada para a busca de possveis doenas, com interminvel troca de
mdicos, exames laboratoriais e, principalmente, uso abusivo de
medicamentos).
Segundo MERMAN (2000), os vrios tipos de famlias enumerados
acima, levam a diferentes tipos de relacionamento entre seus membros:
elos e filos entrosados, com os pensamentos, sentimentos e atitudes
em armonia. Parecem uma orquestra, na qual o maestro a vida e os
msicos tocam todos a mesma msica, no mesmo rtmo e no mesmo tom
Estruturas familiares com conflitos, fragmentadas, frgeis, indefinidas e
rgidas, o que cria uma srie de problemas para o velo e para a famlia
elos que se queixam dos filos e filos que se queixam dos velos
Filos que verbalizam: Ela nunca deu nada e agora quer que a gente d
tudo
Filos que, por terem o limiar de pacincia com o velo muito pequeno, do
muito para no se sentirem culpados e acabam se estressando
Pais que no querem abdicar de seu papel de autoridade e que no
aceitam sua velice
Filos que no do valor capacidade dos pais, que no deixam os velos
assumirem sua independncia, e vice-versa
Filos que afirmam: Eu coneo meu pai, sei do que ele gosta e precisa
Em uma mesma famlia de trs filos, dois estarem sempre vendo aspectos
negativos na me e positivos no pai, ou vice-versa, enquanto o terceiro filo
est sempre de bem com os dois
Casais que se do muito bem, convivendo com as coisas boas e se
tolerando nas suas neuroses
36
Filos que tentam resolver suas raivas passadas em cima de pais
debilitados
Filos que tratam os velos como coitados. Os velos aceitam e se sueitam
a isso, comungando dessa idia e s vezes por serem dependentes dos
filos e no terem algum que os acompane para lutar contra a situao.
Para finalizar este captulo, vale mencionar que importante conecer
as mudanas ocorridas no passado na famlia e procurar compreender as
diversas configuraes que caracterizam a mesma atualmente.
Alm disso, como a base e a raiz da estrutura social a famlia, pode-se
inferir que o estudo do relacionamento do idoso com a famlia de primordial
importncia no estudo das peculiaridades da vida e da sade nesta fase da
vida (LEME et al., 1), ou melor, no estudo de sua qualidade de vida que
ser o tema do prximo captulo.
37
CAPTULO IV
O doo e a uaIdade de da
Neste quarto captulo ser abordada a questo da qualidade de vida e,
principalmente, sobre as condies que permitem uma boa qualidade de vida
na velice, bem como sobre as variaes que esse estado comporta.
uaIdade de da no aduIo maduro
Segundo NER (1), identificar as virtudes da idade madura um
desafio intelectual com o qual se envolveram vrios pensadores ao longo dos
tempos. iv-la de maneira positiva questo existencial que se prope a um
nmero crescente de pessoas em todo o mundo, uma vez que o
envelecimento populacional est se generalizando. dentificar as condies
que permitem envelecer bem, com boa qualidade de vida e senso pessoal de
bem-estar, tarefa de vrias disciplinas no mbito das cincias biolgicas, da
psicologia e das cincias sociais.
A promoo da boa qualidade de vida na idade madura excede
entretanto os limites da responsabilidade pessoal e deve ser vista como um
empreendimento de carter sociocultural. Ou sea, uma velice satisfatria no
um atributo do indivduo biolgico, psicolgico ou social, mas resulta da
qualidade da interao entre pessoas em mudana, vivendo numa sociedade
em mudanas (Featerman, Smit e Peterson, 10 apud NER, 1).
Essas transformaes no se restringem velice propriamente dita,
mas abrangem todo o curso de vida e so contextualizados por fatores
normativos ontogenticos, por fatores istrico-culturais e por fatores ligados
istria de vida individual (altes, 1 apud NER, 1).
Segundo NER (1), avaliar a qualidade de vida na velice implica na
adoo de mltiplos critrios de natureza biolgica, psicolgica e
socioestrutural. rios elementos so apontados como determinantes ou
38
indicadores de bem-estar na velice: longevidade sade biolgica sade
mental satisfao controle cognitivo competncia social produtividade
atividade eficcia cognitiva status social renda continuidade de papis
familiares e ocupacionais, e continuidade de relaes informais em grupos
primrios (principalmente rede de amigos).
A teorizao e a pesquisa sobre o tema refletem essa multiplicidade de
critrios e de indicadores. Porm, ainda no foi possvel estabelecer com
clareza o grau de importncia de cada um, suas inter-relaes e a direo de
causalidade entre eles. O que se sabe que as diferentes variveis
relacionadas qualidade de vida na velice podem ter diferentes impactos
sobre o bem-estar subetivo (NER, 1).
Atualmente, qualidade de vida na velice, bem-estar psicolgico, bem-
estar percebido, bem-estar subetivo e, mais recentemente, envelecimento
satisfatrio ou bem-sucedido (successful aging) so expresses tidas como
equivalentes. Formam um construto global, referenciado a diversos pontos de
vista sobre o envelecimento como fato individual e social (NER, 1).
oenas, perdas de papis ocupacionais e perdas afetivas, que tm
maior probabilidade de ocorrncia para idosos do que para adultos ovens,
podem ocasionar diferentes graus de ansiedade, dependendo da istria
pessoal, da disponibilidade de suporte afetivo, do nvel social e dos valores de
cada um. Portanto, uma velice satisfatria largamente mediada pela
subetividade, e referenciada ao sistema de valores que vigora num perodo
istrico determinado, para uma dada unidade sociocultural (altes e altes,
10 apud NER, 1).
Em uma reviso de literatura respeito da investigao sobre as
condies que permitem uma boa qualidade de vida na velice, bem como
sobre as variaes que esse estado comporta, NER (1) encontrou muitos
resultados, dentre os quais:
Envelecer bem significaria estar satisfeito com a vida atual e ter
expectativas positivas em relao ao futuro. A satisfao na velice
dependeria da capacidade de manter ou restaurar o bem-estar subetivo
ustamente numa poca da vida em que a pessoa est mais exposta a
39
riscos e crises de natureza biolgica, psicolgica e social (Cavan, urguess,
avigurst e old-ammer, 14 apud NER, 1 Pollac, 14 apud
Passut e engston, 1 citado por NER, 1)
Envelecer bem depende de quatro condies: atividade, capacidade de
afastamento, satisfao com a vida e maturidade ou integrao da
personalidade (avigurst, 1 e 1 apud NER, 1 Neugarten,
11, 1, 1, 1, 1, 1 apud NER, 1 uttman, 14,
1, 1 apud NER, 1)
So importantes dois condicionantes da boa qualidade de vida ao
envelecer: a) o equilbrio de energia entre o indivduo e o sistema social e
b) um sistema social estvel (altes e altes, 10 apud NER, 1)
Envelecer satisfatoriamente depende do delicado equilbrio entre as
limitaes e as potencialidades do indivduo o qual le possibilitar lidar, em
diferentes graus de eficcia, com as perdas inevitveis do envelecimento
(NER, 1)
er uma boa velice, sea l o que isto signifique, no atributo ou
responsabilidade pessoal. epende sim, da interao entre o indivduo e o
seu contexto, ambos em constante transformao. Os limites desse
envelecer bem significam ento um referencial, orizonte ou ideal, sueitos
a condies e valores istrico-culturais (Rff, 12 apud NER, 1)
A sade biolgica um dos mais poderosos preditores do bem-estar na
velice (Rudinger e omae, 10 apud NER, 1)
A sade percebida e as maneiras como as pessoas lidam com problemas
de sade so ainda mais preditivas do que as condies obetivas de
sade, avaliadas segundo parmetros mdicos (Rudinger e omae, 10
apud NER, 1)
A satisfao com a famlia uma importante condio do bem-estar na
velice (Rudinger e omae, 10 apud NER, 1)
efeitos da interao entre status social, variveis de personalidade,
interaes dentro da famlia, atividades desempenadas fora da famlia e
satisfao na vida (Rudinger e omae, 10 apud NER, 1)
40
A situao econmica e psicolgica oferece suporte material para o bem-
estar subetivo. Este por sua vez influencia os modos de lidar com os
diferentes graus de qualidade da abitao, com a vizinana, com a
independncia econmica e com as expectativas relativas estabilidade
financeira (Rudinger e omae, 10 apud NER, 1)
A capacidade de iniciar e manter contatos sociais, mediada por fatores
motivacionais e cognitivos, influencia a percepo sobre a qualidade da vida
diria. A uniformidade e a variao na vida diria podem ser percebidas
como prazerosas ou desagradveis por diferentes pessoas, ou at pela
mesma pessoa, em diferentes momentos de sua vida. e qualquer forma,
este um importante preditor de satisfao na velice (Rudinger e omae,
10 apud NER, 1)
A avaliao que o idoso faz de sua situao atual outro mediador
importante de sua satisfao na vida. O senso de bem-estar pode variar em
funo do nmero de eventos importantes e de presses percebidos
durante o ano anterior do ponto de vista individual sobre a reduo de
oportunidades e contatos sociais da forma como o idoso lida com a morte
da extenso de sua perspectiva de tempo futuro de como valoriza seu
passado, e de como faz uso de suas possibilidades atuais (Rudinger e
omae, 10 apud NER, 1)
senso de bem-estar pessoal afeta a percepo de qualidade de vida atravs
de um largo espectro de domnios, tais como: satisfao financeira,
satisfao com as condies de abitao e satisfao com a sade,
ustamente porque pessoas felizes tendem a construir suas situaes de
vida de forma mais positiva e so mais capazes de obter bons resultados
em suas relaes interpessoais do que pessoas propensas infelicidade
(Stones e osma, 1 apud NER, 1)
As pessoas podem sentir-se desamparadas se suas aes no so
suficientes para alterar o que les acontece (Seligman, 1 apud NER,
1)
A atribuio de fracasso a deficincias pessoais, generalizadas e
duradouras, podem produzir em qualquer pessoa de qualquer idade, e no
41
s sobre as mais velas, um profundo senso de ineficcia (Peterson e
Seligman, 14 apud NER, 1)
A interferncia do senso de ineficcia, pode ser intensificado por
preconceitos do prprio idoso e das pessoas que o cercam. O declnio
contnuo do senso de auto-eficcia pode ocasionar declnio cognitivo e
perdas no funcionamento do comportamento (andura, 1 apud NER,
1)
Com a idade tende a aumentar a noo de vulnerabilidade a influncias
externas e provenientes do envelecimento biolgico, muitas das quais so
vistas como incontrolveis (randtstdter e altes-tz, 10 apud NER,
1)
uanto maior o senso de controle pessoal, mais intensos so os
sentimentos de satisfao e que, quanto menor, maiores as possibilidades
de depresso, preocupao e desamparo (randtstdter e altes-tz,
10 apud NER, 1)
A aspirao ao senso de significado na vida um motivo universal e
altamente relevante ao austamento umano (Franl, 1 e 1 apud
NER, 1)
A religiosidade tambm tem sido considerada como fonte potencial de
significado pessoal e bem-estar espiritual, de aceitao da morte, do
encontro de um sentido de transcendncia para a da vida, e de satisfao
com a vida (oenig et al., 1 apud NER, 1 lazer e Palmore, 1
apud NER, 1)
A questo da qualidade de vida deve ser vista na perspectiva do curso de
vida como um todo, em que um indivduo saudvel e em transformao
constante desempena tarefas vitais, num contexto sociocultural (itmer e
Seene, 12 apud NER, 1)
Os estressores egocntricos so mais preditores de declnio na qualidade
de vida fsica e psicolgica do que os no-egocntricos. Os estressores de
conotao egocntrica so aqueles que afetam principalmente o idoso. Os
de significado no-egocntrico afetam os seus entes queridos, ou outros
significantes (Aldin, 10 apud NER, 1)
42
Pessoas mais velas tendem a exibir desempeno cada vez pior em
situaes altamente desafiadoras, complexas ou estressantes (liegl e
altes, 1 apud Scaie, 10 citado por NER, 1)
Em pessoas mais velas, as perdas que ocorrem nos mecanismos
cognitivos, como por exemplo memria imediata (utilizada durante o
processamento da informao) e memria a curto prazo (necessria
reteno de material recm-aprendido), acarretam preuzos sobre os
comportamentos de vida diria e sobre as possibilidades de fazer novas
aprendizagens. Entretanto, essas perdas podem ser compensadas pelo
desenvolvimento de conecimentos prticos, referentes organizao e ao
maneo do ambiente (Sinner, 1 apud NER, 1)
Um dos aspectos mais importantes da sabedoria na velice saber
escoler pontos de referncia para auto-avaliao. Evitando a comparao
com os mais ovens e concentrando-se na observao das competncias de
seus contemporneos, eles podem conseguir conservar seu senso de
eficcia pessoal por um perodo mais extenso (andura, 1 apud NER,
1).
Para finalizar este captulo importante ressaltar que a identificao, anlise e
avaliao das caractersticas observadas referente qualidade de vida ainda
se constituem um desafio, sea do ponto de vista social e poltico, enquanto
indivduos excludos istoricamente e auto-excludos, sea at quanto suas
limitaes orgnicas (SOMCNA et al., 200). Mas para propiciar condies
que permitam uma boa qualidade de vida na velice, fundamental estudar a
dinmica familiar que ser o tema do prximo captulo.
43
CAPTULO V
O doo e a dnmca famIar
Neste ltimo captulo sero tratadas as relaes familiares na terceira
idade, onde ocorrem as mudanas de papis dentro da dinmica familiar.
. 1 - Noa o da dnmca famIar
Segundo ORRES et al. (2004), as mudanas nos arranos familiares
ocorreram devido s novas formas de unio conugal, a opo por casamentos
sem filos, filos sem casamentos, divrcio, experincia de vrios casamentos,
insero da muler no mercado de trabalo e escolarizao precoce. A muler
exercia papel central na famlia, sendo que sua identidade era determinada
pela criao dos filos e pelo cuidado da casa e dos membros da famlia.
Atualmente, a muler administra outros papis sociais conuntamente com os
citados acima, estabelecendo vnculos profissionais, de amizade e de lazer,
antes reservados mais aos omens.
Com o aumento da longevidade, aumentou o nmero de vivos por
geraes, mas diminuiu o nmero de membros na famlia devido diminuio
da fertilidade, ocorrendo uma verticalizao da estrutura familiar, ou sea,
diminuiu o nmero de membros na famlia, bem como a quantidade de tempo
gasto nos vrios papis familiares (Faras & ogan, 1 apud ORRES et al.,
2004).
As mudanas ocorridas na estrutura familiar impossibilitam identificar um
modelo nico ou ideal de famlia. Pelo contrrio, ela se manifesta como um
conunto de traetrias individuais que se expressam em arranos diversificados
e organizaes peculiares. Essa nova estrutura familiar contribui para que
existam novas formas de relaes entre geraes (Costa, 2000 apud ORRES
et al., 2004).
44
As alteraes ocorridas ao longo da istria se refletem nas vivncias
afetivas da famlia em sua totalidade, e em cada elemento que a compe. A
carncia de modelos estveis gera insegurana, dvidas e conflitos, e as
transformaes sociais redimensionam a forma de viver no grupo familiar.
ndivduos de geraes diferentes necessitam se posicionar de maneira flexvel
na vida para se adaptarem s mudanas. odas as transformaes ocorridas
ao longo da istria com os arranos familiares refletem-se diretamente nas
relaes intergeracionais, nos valores e nas funes da famlia. Outrossim,
contribuem para uma nova viso da dinmica familiar em que o idoso est
inserido, uma vez que direcionam a construo de novas formas de relaes.
Contudo, a fora da coeso do grupo familiar definida pelos vnculos afetivos
desenvolvidos, que podem persistir mesmo quando o ncleo familiar se
desagrega (osi, 14 apud ORRES et al., 2004).
A despeito de todas as mudanas, a famlia ainda espao privilegiado
para a garantia da sobrevivncia, do desenvolvimento e da proteo integral
aos membros que a compem, entre eles os idosos, independentemente do
tipo de arrano familiar que vigora ou da forma como se estrutura (ORRES et
al., 2004).
no campo familiar que as pessoas aprendem e desenvolvem suas
prticas de cuidado bastante influenciadas por sua cultura. eralmente a
famlia quem decide o momento de procurar pelos agentes do campo
profissional ou do campo popular e tambm quem estabelece o contato com
esses profissionais (SANOS, 200). A famlia tem um papel de suma
importncia, no s em termos de proporcionar auda nas atividades de vida
diria como, tambm, em proporcionar suporte emocional ao idoso. nesse
ponto que incidem as maiores dificuldades dos familiares ao cuidar da pessoa
idosa. A tarefa de cuidar do idoso fragilizado e de alta dependncia no
domiclio altera toda a dinmica familiar. As rotinas domsticas tero que ser
definidas com base nas necessidades do idoso, pois ele passa a ser o foco de
ateno da famlia. introduzido uma nova rotina, desestabilizando e
deslocando relaes de intimidade no grupo familiar. A relao de dependncia
entre o idoso e o cuidador familiar introduz, sem dvida, uma nova percepo
45
de si e do outro. ambm introduz constrangimentos e restries e nus
sociais, fsicos e financeiros (Mendes et al., 2002 apud ORRES et al., 2004).
As mudanas na dinmica familiar ao cuidar do idoso fragilizado podem
ter efeitos positivos ou negativos para o cuidador e para o idoso que est
recebendo cuidados, dependendo de como a famlia administra as
responsabilidades e de como enfrenta dificuldades e situaes de presso
relativas ao seu papel. sso vai depender do estilo de vida, expectativas sociais,
crenas, experincias em cuidar, tomada de decises, relacionamentos e
situao econmica de cada famlia (Eliopoulos, 1 apud ORRES et al.,
2004).
importante compreender as relaes entre o idoso fragilizado e sua
famlia, e os estados afetivos compartilados pelo grupo familiar no contexto do
cuidado. Como era e como est a relao do idoso com o cuidador familiar e
outros membros prximos da famlia ? uais so os indivduos envolvidos no
cuidado ? uais so suas experincias ? ual o grau de autonomia de cada
um deles ? uais as expectativas da famlia ? Essas so algumas questes
que afetam diretamente o contexto familiar e a prtica das tarefas relativas ao
cuidado desempenadas pelos cuidadores familiares, sobretudo daquelas
famlias que enfrentam situaes de pobreza e vulnerabilidade (ORRES et al.,
2004). Alm disso, segundo NER et al. (2001), o suporte informal oferecido
pela famlia ao idoso a face visvel de um universo complexo e multifacetado,
o das relaes intergeracionais. fundamental compreender isso, e tambm,
que o lugar ocupado pelas demandas de cuidado no cenrio social e familiar
funo de muitos elementos interligados, e no simplesmente das
necessidades dos idosos.
Um aspecto que merece ateno especial diz respeito aos conflitos
acionados pelo estado de incapacidade do idoso e pelas demandas de
cuidado. Muitas vezes, elas reavivam velos problemas e reacendem questes
esquecidas ao longo dos anos (ORRES et al., 2004).
. 2 - Noo pap do doo
46
Segundo CAO et al. (200), o aumento da esperana de vida entre
omens e muleres possibilita mais convivncia entre as geraes e assinala
uma tendncia de novos papis para os membros mais velos da famlia
(avs), sea do cuidado das crianas, sea de provedor da famlia dos filos,
sea de participao ativa no dilogo intergeracional.
A auda prestada pela pessoa idosa a sua famlia, como fenmeno
natural e culturalmente esperado, tem crescido significativamente tendo em
vista a fragilidade da situao econmica (vivida pela imensa maioria da nossa
populao) que tem dificultado o acesso ao mercado de trabalo, com a
consequente falta de independncia econmica e financeira (CAO et al.,
200).
Esta situao tem contribudo em certa medida para o que camaremos
de mudana de mentalidade em relao pessoa idosa a interdependncia
econmica faz com que as relaes familiares entre as diversas geraes situe
o idoso como pessoa significativa para as trocas econmicas e, portanto,
necessria e importante para a solidariedade intrafamiliar (CAO et al., 200).
Espera-se da famlia que sea espao do amor/afeto, da umanizao,
da intimidade, num contexto crescentemente competitivo, desumanizado, onde
o tempo de vida familiar/convivncia diminui e se restringe ao essencial (tempo
dedicado a tev, nternet, trabalo, transporte) (CAO et al., 200).
Alguns aspectos sociais, oe especialmente, afetam a relao da
famlia com o idoso: o crescente fenmeno da violncia, o desemprego,
pobreza e trfico de drogas. evidente que os efeitos destes aspectos na
dinmica do cotidiano familiar so desastrosos, rebatendo consideravelmente
na relao do idoso com a sua famlia (CAO et al., 200).
Nas comunidades de baixa renda, a atuao do trfico de drogas cada
vez mais intensa, comandando bairros inteiros, oferecendo trabalo aos
ovens e muitas vezes aos idosos que, por no possurem melores
alternativas para gerir seu sustento, acabam sendo atrados tornando-se
membros de quadrilas e grupos de traficantes. Especialmente os idosos
cooptados para darem suporte ao trfico, muitas vezes com apoio e estmulo
47
da famlia, garantindo desta forma recursos para sobrevivncia (CAO et al.,
200).
O desenvolvimento de solidariedade intergeracionais e familiares (rami,
1 apud CAO et al., 200), quer por afeto, responsabilidade ou obrigao,
tem levado a sociedade a pensar na necessidade de reconecimento do papel
de cuidador e tambm na necessidade de auda, suporte, orientao aos
cuidadores, ou a famlias cuidadoras (CAO et al., 200).
O cuidado na interveno unto s famlias cuidadoras, outros
cuidadores (vizinos e amigos) e profissionais que atendem a pessoas idosas
lembra-nos que:
"A complementaridade destes tipos de interveno, com o idoso e com o
cuidador, particularmente importante na medida em que as demandas das
pessoas idosas contm tanto a dimenso afetiva dos cuidados como a
natureza tcnica dos cuidados requeridos" (rami, 17 apud CAO et al.,
006, p.6).
Os cuidados com a terceira idade situam-se num contexto de ateno a
uma populao que tem uma vulnerabilidade particular, remetendo questo
da qualidade de vida. Entendemos qualidade de vida como uma situao de
qualidade material, qualidade relacional, qualidade social, qualidade espiritual,
e outras, at cegarmos qualidade total, como resposta da nossa civilizao
aos anseios e demandas da populao na modernidade (CAO et al., 200).
Os cuidados pessoa idosa podem ser oferecidos no prprio domiclio,
ou em uma instituio. Em ambas as situaes, a relao com a famlia, a sua
participao, so fundamentais para a boa qualidade de vida dos sueitos,
cumprindo as exigncias da rede relacional e afetiva (CAO et al., 200).
Relaes familiares na terceira idade um tema significativo da vida
familiar, da vida em sociedade. Especialmente ao pensarmos na famlia e em
todas as mudanas pelas quais vem passando, no podemos deixar de lado o
aspecto das relaes intergeracionais associados a afeto, responsabilidade e
ao novo papel que o idoso est assumindo na famlia, sea de auda nos
48
aspectos financeiros, sea de solidariedade relacional/afetiva (CAO et al.,
200).
Refletir sobre as relaes familiares na terceira idade extremamente
relevante, para pensarmos e construirmos um pas que acole e considera
importante o seu idoso. Para as famlias, esta importncia est relacionada s
mudanas de papis e a prpria dinmica familiar no novo sculo (CAO et al.,
200), e para o idoso esta importncia est relacionada quanto a sua qualidade
de vida, como relatado neste trabalo.
49
CONCLUSO
A famlia deve ser o espao do amor/afeto, da umanizao, da
intimidade, da garantia da sobrevivncia, do desenvolvimento e da proteo
integral de todos os integrantes que a compem, dentre eles os idosos,
independentemente da forma como est estruturada ou do tipo de arrano
familiar que compreende.
O apoio da famlia fundamental para quem se encontra na terceira
idade, assim como em outras faixas etrias. A famlia o primeiro suporte
psicossocial e as pessoas idosas necessitam desta instituio, fundamental
para sua qualidade de vida. A sade e a qualidade de vida dos idosos, mais
que em outros grupos etrios, sofrem a influncia de mltiplos fatores fsicos,
psicolgicos, sociais e culturais. Ento, ter uma boa velice no atributo ou
responsabilidade pessoal, pois depende da interao entre o indivduo e o seu
contexto e neste aspecto a famlia pode contribuir em muito para que o idoso
tena uma boa velice.
rios elementos so apontados como determinantes ou indicadores de
bem-estar na velice, mas a satisfao com a famlia uma importante
condio do bem-estar na velice. Assim, importante o nvel de satisfao e
armonia familiar, pois um entrosamento familiar essencial para o idoso.
Neste aspecto, necessidade de dilogo e austes na (re)definio dos
papis familiares.
Para finalizar vale mencionar que a famlia pode contribuir no que se
refere ao diagnstico e a teraputica do idoso. Alm disso, no caso de idosos
debilitados, a famlia, alm de promover suporte emocional ao idoso, tem um
papel de suma importncia em termos de proporcionar auda nas atividades de
vida diria. Os cuidados pessoa idosa podem ser oferecidos no prprio
domiclio, ou em uma instituio. Em ambas as situaes, a relao com a
famlia, a sua participao, so fundamentais para a boa qualidade de vida dos
idosos, estabelecendo a relao da dinmica social e afetiva.
50
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2000.
52
NDICE
FOLA E ROSO 2
ARAECMENO
ECARA 4
RESUMO
MEOOLOA
SUMRO
NROUO
CAPULO
dosos, elice, Envelecimento e elice bem-sucedida 11
1.1 dosos 11
1.2 elice 11
1. Envelecimento 1
1..1 Alteraes fsicas do envelecimento 1
1..2 Aspectos sociais do envelecimento 1
1.. Aspectos psicolgicos do envelecimento 1
1.4 elice bem-sucedida 20
CAPULO
A Famlia - Conceito, aspectos da famlia e o idoso 2
2.1 Conceito 2
2.2 A famlia como centro de intimidade 2
2. A famlia como centro de abertura 2
2.4 A famlia como elemento teraputico e diagnstico 27
CAPULO
Mudanas, tipos de famlia e o idoso 2
.1 Mudanas na famlia 2
.2 ipos de famlia
53
CAPULO
O idoso e a qualidade de vida 40
ualidade de vida no adulto maduro 40
CAPULO
O idoso e a dinmica familiar 4
.1 Nova viso da dinmica familiar 4
.2 - Novos papis do idoso 0
CONCLUSO 4
LORAFA
INDICE 57
FOLA E AALAO
54
FOLA DE AVALIAO
Nome da Inuo: Unerdade Canddo Mende
TuIo da Monografa: "O doo e o papeI da famIa"
Auor: Marco TuIo Penao Perera
AaIado por: Profa. Mara da Conceo Maggon Poppe