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Ética e Bioética Lino

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TICA E BIOTICA

Prof. Lino Rampazzo - Centro Unisal

INTRODUO As novas descobertas tecnolgicas mudaram profundamente a face da terra e a face do homem que vive na terra. Mudou a maneira de viver e de relacionar-se das pessoas; e mudou a vida mesma das pessoas. A tecnologia nos acompanha desde o nascimento at a morte. As novas tecnologias mexem com a vida humana; possibilitam uma maior regulao da natalidade e conseguem, muitas vezes, vencer a esterilidade com tcnicas que nem se sonhavam poucas dcadas atrs: a inseminao artificial, o beb de proveta etc. No campo da sade, as novas tecnologias possibilitam a cura de muitas doenas, a dilise, os transplantes (rins, fgado, corao...). O PGH (Projeto Genoma Humano) identificou e mapeou os genes presentes na longa molcula do DNA. Todo este desenvolvimento tecnolgico levantou srias questes ticas. A tica se baseia, essencialmente, no respeito da pessoa humana. Essas tecnologias respeitam sempre a pessoa humana? No existe, por acaso, o risco de reduzir a pessoa a um objeto de manipulao? So perguntas que interessam a todas as pessoas. preciso dialogar, numa atitude interdisciplinar, com o seguinte objetivo: colocar o progresso biomdico e tecnolgico a servio da vida humana e de toda a convivncia social, e no contra. Vamos refletir sobre DUAS palavras-chave: TICA E BIOTICA. 1. TICA 1.1 Significado etimolgico e sua definio Etimologicamente, tica origina-se do termo grego ethos, significando o conjunto de costumes, hbitos, valores de uma determinada sociedade ou cultura. Os romanos o traduziram para o termo latino mores, significando o mesmo que ethos, donde provm o termo moralis, do qual se deriva o termo moral em portugus.

-2Na prtica, porm, distingue-se a moral da tica. A Moral diz respeito ao comportamento da pessoa que respeita, ou no, seus semelhantes, tornando, assim, seu comportamento BOM ou MAU. A TICA, por sua vez, a reflexo sistemtica sobre a moral, sendo considerada como um captulo da filosofia. Pode ser definida como: a cincia do comportamento humano em relao aos valores, aos princpios e s normas morais. 1.2 Industrializao, urbanizao, informtica e tica A tica, assunto tradicionalmente reservado aos estudiosos de filosofia e aos mestres religiosos, na atualidade, passou a ser discutido pelos cidados comuns. Por exemplo debate-se sobre a eticidade dos modos de limitao da natalidade, eutansia, pena de morte, homossexualismo; discute-se sobre a tica na poltica, na economia, na administrao pblica, na ecologia, na cincia e tecnologia. Isso explicado pelas mudanas estruturais ocorridas particularmente no sculo XX, que geraram novos comportamentos humanos. Em primeiro lugar, o processo de industrializao, iniciado no sculo XIX, radicalizou-se e expandiu-se vertiginosamente: a humanidade trocou literalmente o arado pela mquina, a vida no campo pela urbanizao, com o conseqente abandono de hbitos e tradies do mundo agrcola. Entre os avanos da tecnologia, ocupam lugar de destaque a biologia e a medicina que alteraram profundamente o ciclo da durao de vida humana: o nascer, o viver e o morrer caem sob o controle da cincia, derrubando tradies e convices que atribuam a foras arcanas ou divinas, muitas manifestaes de nosso corpo. Entre as mudanas estruturais, nos ltimos anos, a convivncia da cincia com a tcnica, deixando para trs a fase de industrializao, abriu a era da informtica. Os braos que construram e movimentaram as mquinas da era industrial foram substitudos, na ps-modernidade, pelos crebros pensantes e criativos encarregados de pensar e inventar novas estratgias tecnocientficas. Numa palavra, a velocidade das informaes e a criatividade so, hoje, o segredo do sucesso do mundo tecnocientfico. 1.3 Microtica e macrotica A reflexo tica acompanhou com dificuldade as transformaes das estruturas organizacionais do mundo e das conseqentes formas ou estilos de

-3vida da humanidade. Alm disso, as mudanas estruturais ocorridas na sociedade, no campo da tica provocaram a passagem da microtica para a macrotica. sabido que a tica grega, medieval e moderna, at meados do sculo XX, ocupou-se, com nfase prioritria e, s vezes exclusiva, da ao individual; a tica sempre cuidou que a ao, que comea e termina no sujeito, seja realizada com liberdade, conscincia e deciso pessoal. Hoje vivemos a experincia da prioridade do sujeito-social devido s transformaes supracitadas. Aqui, o sujeito da ao moral no o indivduo, mas o grupo, a associao, a comunidade poltica. Numa greve, por exemplo, no h uma pessoa responsvel do movimento, mas uma entidade, um grupo organizado e publicamente identificado. A mesma reflexo vale para o ato da eleio, ao nica feita por muitos, milhares e milhes de votantes. Portanto, na viso macrotica inscrevem-se as atividades feitas em grupos econmicos, tecnocientficos, sindicais, polticos e religiosos. 2. BIOTICA 2.1 Origem do termo Desde 1971, quando apareceu o vocbulo biotica no artigo escrito pelo onclogo Van Rensselaer Potter, da Universidade de Wisconsin (E.U.A.), com o ttulo The science of survival, e no ano seguinte, no volume do mesmo autor com o ttulo Bioethics: bridge to the future, esse nome teve um rpido e grande sucesso. Potter diagnosticou com seus escritos o perigo que representa para a sobrevivncia de todo o ecossistema a separao entre duas reas do saber, o saber cientfico e o saber humanista. A clara distino entre os valores ticos, que fazem parte da cultura humanista em sentido lato, e os fatos biolgicos est na raiz daquele processo cientfico-tecnolgico indiscriminado que, segundo Potter, pe em perigo a prpria humanidade e a prpria sobrevivncia sobre a terra. O nico caminho possvel de soluo para essa iminente catstrofe a constituio de uma ponte entre as duas culturas: a cientfica e a humanstico-moral. Em outros termos, a tica no deve se referir somente ao homem, mas deve estender o olhar para a biosfra em seu conjunto, ou melhor, para cada interveno cientfica do homem sobre a vida em geral. A biotica, portanto, deve se ocupar de unir a tica e a biologia, os valores ticos e os fatos biolgicos

-4para a sobrevivncia do ecossistema como um todo. O instinto de sobrevivncia no basta: preciso elaborar uma cincia da sobrevivncia que o autor identifica com a biotica. Trata-se de superar a tendncia pragmtica do mundo moderno, que aplica imediatamente o saber sem uma mediao racional e, muito menos, moral: a aplicao de todo conhecimento cientfico pode ter, de fato, conseqncias imprevisveis sobre a humanidade, at por efeito da concentrao do poder biotecnolgico nas mos de poucos. Na concepo de Potter, portanto, a biotica se movimenta a partir de uma situao de alarme e de uma preocupao crtica a respeito do progresso da cincia e da sociedade. Outra caracterstica do pensamento biotico que essa nova reflexo deve se ocupar, ao mesmo tempo, de todas as intervenes na biosfera e no apenas das intervenes sobre o homem. H, portanto, uma concepo mais ampla em relao tica mdica tradicional. 2.2 Campo de estudo da Biotica Em 1978, a Encyclopedia of Bioethic fala sobre a biotica nos seguintes termos: Biotica um neologismo derivado das palavras gregas bios (vida) e ethike (tica). Pode-se defini-la como sendo o estudo sistemtico da conduta humana no mbito das cincias da vida e da sade, utilizando uma variedade de metodologias ticas num contexto interdisciplinar. O mbito das cincias da vida e da sade compreende, por isso, a considerao da biosfera, para alm da medicina; as intervenes podem ser as que se referem s profisses mdicas, mas tambm as das populaes, p. ex. as que se referem aos problemas demogrficos e ambientais; a especificidade desse estudo sistemtico define-se pela referncia a valores e princpios ticos e, por isso, definio de critrios, juzos e limites de licitude ou de ilicitude. Enquanto tica aplicada ao reino biolgico, que designa um universo muito mais amplo do que o da medicina, a biotica abraa a tica mdica tradicional e se amplia incluindo: a) os problemas ticos de todas as profisses sanitrias; b) os problemas sociais unidos s polticas sanitrias, medicina do trabalho, sade internacional e s polticas de controle demogrfico; c) os problemas da vida animal e vegetal em relao vida do homem. Os instrumentos de estudo da biotica resultam da metodologia interdisciplinar especfica que se prope examinar de modo aprofundado e atualizado a natureza do fato biomdico (momento epistemolgico), ressaltar suas implicaes num plano antropolgico (momento antropolgico) e

-5identificar as solues ticas e as justificativas de ordem racional que sustentam essas solues (momento aplicativo). A reflexo sobre a biotica tem hoje configurados trs diferentes momentos: a biotica geral, a biotica especial e a biotica clnica. A biotica geral, que se ocupa das fundaes ticas, o discurso sobre os valores e sobre os princpios originrios. A biotica especial, que analisa os grandes problemas, enfrentados sempre sob o perfil geral, tanto no terreno mdico, quanto no terreno biolgico: sade pblica, fertilidade, engenharia gentica, aborto, doao e transplante de rgos, eutansia, experimentao clnica, meio ambiente etc. 2.3 Engenharia Gentica, questo ecolgica e biotica

A Biotica, em suma, uma disciplina relativamente nova que trata de problemas ticos relacionados vida humana, principalmente a descobertas recentes na medicina, Biologia e Engenharia Gentica, o que tem trazido alteraes profundas nos padres habituais que, em muitos casos, simplesmente no previam situaes hoje possveis do ponto de vista cientfico, porm no mnimo problemticas do ponto de vista tico. Alguns exemplos mais contundentes so os casos, tornados possveis pela inseminao artificial, de barrigas de aluguel. At que ponto tico uma mulher alugar seu tero? Quem finalmente a me em um caso como este? Que implicaes isto poder ter para a criana no futuro? Estas so algumas das questes que, em grande parte, permanecem em aberto e tm sido muito discutidas. A clonagem, a possibilidade de reproduo da vida por meio de avanos tecnolgicos na Gentica suscita tambm perplexidades com as quais estamos apenas comeando a lidar. Quanto questo ecolgica, h uma reviso de nossos parmetros habituais de relao com o meio ambiente, envolvendo uma srie de questes ticas. Desde o incio do perodo moderno (sc. XVI), e principalmente aps a Revoluo Industrial (sc. XIX), nossa cultura ocidental tem vivido a ideologia do progresso, segundo a qual podemos e devemos explorar a natureza, extraindo desta a matria-prima para seu desenvolvimento tcnico e industrial. S muito recentemente o ser humano tem despertado para os riscos e conseqncias desastrosas dessa atividade. Problemas como poluio, destruio de ecossistemas provocando a extino de espcies animais e vegetais, esgotamento de recursos etc., nos revelam que em nome do aparente

-6bem-estar de uma gerao podemos estar legando s geraes futuras um mundo devastado e um meio ambiente at mesmo inabitvel. Novas responsabilidades surgem, portanto, na medida em que adquirimos uma maior conscincia da importncia do meio ambiente. No s devemos reconhecer o mundo em que habitamos como uma realidade viva com a qual devemos nos relacionar eticamente, como tambm devemos reconhecer que de um ponto de vista tico temos uma grande responsabilidade com o futuro da nossa e das demais espcies que habitam este mundo, e que esta responsabilidade deve orientar nosso relacionamento com a natureza. 2.4 A Biotica e seus Princpios Responder aos problemas apresentados pelo progresso cientfico significa repropor a pergunta sobre o valor da pessoa, sobre suas prerrogativas e sobre seus deveres. O valor fundamental da vida, o valor transcendente da pessoa, a concepo integral da pessoa (sntese unitria de valores fsicos, psicolgicos e espirituais), a relao entre pessoa e sociedade so pontos de referncia para a biotica. Estes valores devero ser confrontados e compostos com os problemas emergentes do desenvolvimento da cincia biomdica, que, apesar do entusiasmo provocado pelas suas recentes descobertas, no pode esquecerse dos desafios das doenas no dominadas, da preveno dos males provocados pela prpria sociedade tecnolgica e gerados pela explorao ecolgica. Com estas premissas, pode-se enunciar e explicar alguns princpios e orientaes da biotica. a) A defesa da vida fsica A vida corprea no exaure toda a riqueza da pessoa que tambm, e antes de mais nada, esprito e, por isso, como tal, transcende o prprio corpo e a temporalidade. Todavia, com relao pessoa, o corpo co-essencial, sua encarnao primeira, o fundamento por meio do qual a pessoa se realiza, se expressa e se manifesta. emergente, portanto, a importncia desse princpio em ordem manifestao dos vrios tipos de supresso da vida humana: homicdio, suicdio, aborto, eutansia, genocdio, guerra de conquista e assim por diante. No possvel aceitar, de um ponto de vista tico, a hiptese da supresso

-7direta e deliberada da vida de algum para favorecer a vida de outros ou as melhores condies poltico-sociais de outros. No mbito da promoo da vida humana est inserido o tema da defesa da sade do homem. O assim chamado direito sade aponta para a obrigao tica de defender a promover a sade para todos os seres humanos e proporo de sua necessidade. A este respeito pronunciou-se, j em 1948, a Constituio da Organizao Mundial da Sade, no seu art. 25. b) Liberdade e responsabilidade Partindo do princpio pelo qual a liberdade-responsabilidade constitui a fonte do ato tico, podem-se considerar alguns reflexos no campo da biotica. Assim, a liberdade-responsabilidade do mdico no pode transformar o tratamento em coao, quando a vida no est em questo. o problema do consentimento do paciente. H um consentimento implcito desde o momento em que o paciente se pe nas mos do mdico para que faa tudo o que for necessrio para o tratamento e a recuperao da sade. Este consentimento, todavia, no dispensa o mdico do dever de informar o paciente sobre o andamento da terapia e de pedir ulterior e explcito consentimento todas as vezes que houver circunstncias no previstas: um tratamento que comporte risco, ou a experimentao de um remdio. preciso ter sempre presente que a vida e a sade so confiadas prioritariamente responsabilidade do paciente e que o mdico no tem sobre o paciente outros direitos superiores aos que o prprio paciente tem a respeito de si mesmo. c) Princpio de totalidade ou princpio teraputico este um dos princpios basilares e caractersticos da tica mdica. Fundamenta-se ele no fato de que a corporeidade humana um todo unitrio resultante de partes distintas e unificadas orgnica e hierarquicamente entre si pela existncia nica e pessoal. O princpio da inviolabilidade da vida, que primeiro e fundamental, no negado, mas, ao contrrio, posto em prtica toda vez que, para salvar o todo, e a prpria vida do sujeito, preciso intervir de maneira mutilante sobre uma parte do organismo. Fundamentalmente, esse princpio regula toda a licitude e a obrigatoriedade da terapia mdica e cirrgica. por isso que o princpio se chama tambm princpio teraputico. O princpio teraputico tem aplicaes particulares no somente nos casos gerais da interveno cirrgica, mas tambm em casos mais especficos,

-8como a esterilizao teraputica ou o transplante de rgo. Alm disso, este princpio tem sua aplicao na norma da proporcionalidade das terapias. De fato, ao se pr em prtica uma terapia, esta deve ser avaliada dentro da totalidade da pessoa: por isso precisa haver uma certa proporo entre os riscos e danos que ela comporta e os benefcios que ela traz. Pr em prtica tratamentos desproporcionais, ou para enganar o paciente, dando a impresso da eficincia, ou para satisfazer o pedido do paciente ou dos parentes de fazer de tudo sem resultados previsveis, pode significar uma atitude de agressividade ou de insistncia teraputica. d) Socialidade e subsidiaridade A pessoa essencialmente aberta sociedade e a socialidade uma caracterstica intrnseca da personalidade. A prpria situao de fato comprova que a vida e a sade de cada um dependem tambm do apoio dos outros. Assim, o princpio da socialidade obriga cada pessoa a se realizar na participao da realizao do bem dos prprios semelhantes. No caso da promoo da vida e da sade, isso importa em que cada cidado se obrigue a considerar a prpria vida e a do outro como um bem no apenas pessoal, mas tambm social, e obriga a comunidade a promover a vida e a sade de cada um, a promover o bem comum pela promoo do bem de cada um. Para nos darmos conta da importncia desse princpio tico, basta considerar a situao da sade no caso de poluio e de epidemias contagiosas, basta observar o conjunto de servios que constituem a assistncia mdica, em que a recuperao da sade se torna possvel medida que existe mltipla colaborao de profisses, de competncias e de intervenes legislativas. O princpio de socialidade pode chegar at a justificar a doao de rgos e tecidos, que, embora comporte certa mutilao do doador, pode estimular o voluntariado assistencial e, como aconteceu em quase todo o mundo, fazer surgir obras assistenciais (hospitais, centros de sade...) somente pelo sentimento de servio fraterno dos sos para com os doentes. Mas, em termos de justia social, o princpio obriga a comunidade a garantir a todos os meios de acesso aos tratamentos necessrios, ainda que seja a custo de sacrifcios dos que esto bem. E neste momento que o princpio de socialidade se une ao de subsidiaridade, pelo qual a comunidade deve, de uma parte, ajudar mais onde mais grave a necessidade (ter mais cuidados com quem mais necessita de cuidados e gastar mais com quem est mais doente) e, de outra, no deve

-9suplantar ou substituir iniciativas livres de cada um e dos grupos, mas garantir seu funcionamento. e) Os princpios de autonomia benefcio e justia Na literatura especfica sobre biotica, sobretudo na inglesa, encontra-se a referncia a outros princpios fundamentais que deveriam guiar o mdico na sua relao com o paciente e em geral em toda ao ou escolha no campo biomdico. Beauchamps e Childress (1989) elaboraram uma espcie de paradigma tico voltado para quem trabalha na rea da sade, com o fim de fornecer uma referncia prtico-conceitual que os pudesse orientar nas situaes concretas. Esse paradigma constitudo pela formulao dos princpios de autonomia, benefcio e justia. O princpio de autonomia refere-se ao respeito devido aos direitos fundamentais do homem, inclusive o da autodeterminao. Esse princpio se inspira na mxima no faas aos outros aquilo que no queres que te faam e est, portanto, na base de uma moralidade inspirada no respeito mtuo. sobre esse princpio que se fundamentam sobretudo a aliana teraputica entre mdico e paciente e o consentimento aos tratamentos diagnsticos e de terapias. O princpio de benefcio no comporta somente o abster-se de prejudicar, mas implica sobretudo o imperativo de fazer ativamente o bem e at de prevenir o mal. O princpio de justia se refere obrigao de igualdade de tratamento e, em relao ao Estado, de justa distribuio das verbas para a sade, para a pesquisa etc. Este princpio foi gestado ao longo dos trs ltimos sculos como parte da conscincia da cidadania e luta pelo direito sade, at chegar a ser um direito de todos. A biotica nasceu dentro do prprio contexto de evoluo dos pases de Primeiro Mundo: ela fruto de uma sociedade que atingiu a democracia - com pleno exerccio da cidadania, com a afirmao do sujeito instrudo - de uma sociedade pluralista e secularizada. Mas o desafio, aqui, como elaborar uma biotica para os pases do Terceiro Mundo, levando-se em contas a realidade da vida dos pobres, que so a grande maioria, bem como o contexto a partir do qual ela se estrutura. No

-10se podem desconsiderar as necessidades bsicas que estruturam a vida humana, tais como alimentao, sade, habitao, trabalho. CONCLUSO 1. comum vivermos no meio de muitos pobres e miserveis, sem o reconhecimento efetivo dos direitos fundamentais (vida, sade, moradia, educao, saneamento bsico etc.); comum assistirmos e, talvez, contribuirmos para a o desrespeito vida e a poluio do meio ambiente: mas tudo isso no normal. 2. Reto conhecimento, reta inteno, reta palavra, reta ao, reta vida, reto esforo, reto saber, reta meditao [Buda] ( Sermo de Benares). 3. O homem, quando virtuoso, o mais excelente dos animais, mas, separado da lei e da justia, o pior de todos [Aristteles ]( Poltica, Livro I). 4. Tudo o que quereis que os homens vos faam, fazei-o vs mesmos a eles [Mateus 7,12]. 5. Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca simplesmente como meio [Kant] (Fundamentao da metafsica dos costumes, 2 seo).

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