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Livro 092

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SADE

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APRESENTAO
O ensino de sade tem sido um desafio para a educao, no que se refere possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hbitos de vida. As experincias mostram que transmitir informaes a respeito do funcionamento do corpo e descrio das caractersticas das doenas, bem como um elenco de hbitos de higiene, no suficiente para que os alunos desenvolvam atitudes de vida saudvel. preciso educar para a sade levando em conta todos os aspectos envolvidos na formao de hbitos e atitudes que acontecem no dia-a-dia da escola. Por esta razo, a educao para a Sade ser tratada como tema transversal, permeando todas as reas que compem o currculo escolar. O documento de Sade situa a realidade brasileira, indicando possibilidades de ao e transformao dos atuais padres existentes na rea da sade. Na primeira parte, voltada para todo o ensino fundamental, o texto trata de uma concepo dinmica da sade, entendida como direito universal e como algo que as pessoas constroem ao longo de suas vidas, em suas relaes sociais e culturais. Na abordagem apresentada, a educao considerada um dos fatores mais significativos para a promoo da sade. Ao educar para a sade, de forma contextualizada e sistemtica, o professor e a comunidade escolar contribuem de maneira decisiva na formao de cidados capazes de atuar em favor da melhoria dos nveis de sade pessoais e da coletividade. Na segunda parte do documento so apresentadas as possibilidades de trabalho com as quatro primeiras sries do ensino fundamental, organizando contedos, critrios de avaliao e orientaes didticas para as atividades integradas s reas curriculares, aos demais temas transversais e ao cotidiano da vida escolar. Secretaria de Educao Fundamental

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SADE
1 PARTE

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CONCEPO DO TEMA Introduo


Sade o estado de completo bem-estar fsico, mental e social e no apenas a ausncia de doena. Tantas vezes citado, o conceito adotado pela Organizao Mundial de Sade (OMS) em 1948, longe de ser uma realidade, simboliza um compromisso, um horizonte a ser perseguido. Remete idia de uma sade tima, possivelmente inatingvel e utpica j que a mudana, e no a estabilidade, predominante na vida. Sade no um estado estvel, que uma vez atingido possa ser mantido. A prpria compreenso de sade tem tambm alto grau de subjetividade e determinao histrica, na medida em que indivduos e sociedades consideram ter mais ou menos sade dependendo do momento, do referencial e dos valores que atribuam a uma situao. Diversas tentativas vm sendo feitas a fim de se construir um conceito mais dinmico, que d conta de tratar a sade no como imagem complementar da doena e sim como construo permanente de cada indivduo e da coletividade, que se expressa na luta pela ampliao do uso das potencialidades de cada pessoa e da sociedade, refletindo sua capacidade de defender a vida. Assumido o conceito da OMS, nenhum ser humano (ou populao) ser totalmente saudvel ou totalmente doente. Ao longo de sua existncia, viver condies de sade/doena, de acordo com suas potencialidades, suas condies de vida e sua interao com elas. Alm disso, os enfoques segundo os quais a condio de sade individual determinada unicamente pela realidade social ou pela ao do poder pblico, tanto quanto a viso inversa, nem por isso menos determinista, que coloca todo peso no indivduo, em sua herana gentica e em seu empenho pessoal, precisam ser rompidos. Interferir sobre o processo sade/doena est ao alcance de todos e no uma tarefa a ser delegada, deixando ao cidado ou sociedade o papel de objeto da interveno da natureza, do poder pblico, dos profissionais de sade ou, eventualmente, de vtima do resultado de suas aes. Entende-se Educao para a Sade como fator de promoo e proteo sade e estratgia para a conquista dos direitos de cidadania. Sua incluso no currculo responde a uma forte demanda social, num contexto em que a traduo da proposta constitucional em prtica requer o desenvolvimento da conscincia sanitria da populao e dos governantes para que o direito sade seja encarado como prioridade. A escola, sozinha, no levar os alunos a adquirirem sade. Pode e deve, entretanto, fornecer elementos que os capacitem para uma vida saudvel.

Ampliando o horizonte
No se pode compreender ou transformar a situao de sade de um indivduo ou de uma coletividade sem levar em conta que ela produzida nas relaes com o meio fsico, social e cultural. Intrincados mecanismos determinam as condies de vida das pessoas e a maneira como nascem, vivem e morrem, bem como suas vivncias em sade e doena. Entre os inmeros fatores determinantes da condio de sade, incluem-se os condicionantes biolgicos (idade, sexo, caractersticas pessoais eventualmente determinadas pela herana gentica), o meio fsico (que abrange condies geogrficas, caractersticas da ocupao humana, fontes de gua para consumo,
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disponibilidade e qualidade dos alimentos, condies de habitao), assim como o meio socioeconmico e cultural, que expressa os nveis de ocupao e renda, o acesso educao formal e ao lazer, os graus de liberdade, hbitos e formas de relacionamento interpessoal, a possibilidade de acesso aos servios voltados para a promoo e recuperao da sade e a qualidade da ateno por eles prestada. A humanidade j dispe de conhecimentos e de tecnologias que podem melhorar bastante a qualidade da vida das pessoas. Mas, alm de muitos deles no serem aplicados por falta de priorizao de polticas sociais, h uma srie de enfermidades relacionadas ao potencial gentico de cada um ou ao inevitvel risco de viver. Por melhores que sejam as condies de vida, necessariamente convivese com doenas, problemas de sade e com a morte. Os servios de sade desempenham papel importante na preveno, na cura ou na reabilitao e na minimizao do sofrimento de pessoas portadoras de enfermidades ou de deficincias. Deveriam funcionar como guardies da sade individual e coletiva, at mesmo para reduzir a dependncia com relao a esses servios, ou seja, aumentando a capacidade de autocuidado das pessoas e da sociedade. O conceito de Cidade Saudvel, originado no Canad na dcada de 80, serve hoje como parmetro para nortear projetos de sade que vm se desenvolvendo em diversas partes do mundo, a partir da sua incorporao pela OMS. Considera-se que uma Cidade Saudvel deve ter: uma comunidade forte, solidria e constituda sobre bases de justia social, na qual ocorre alto grau de participao da populao nas decises do poder pblico; ambiente favorvel qualidade de vida e sade, limpo e seguro; satisfao das necessidades bsicas dos cidados, includos a alimentao, a moradia, o trabalho, o acesso a servios de qualidade em sade, educao e assistncia social; vida cultural ativa, sendo promovidos o contato com a herana cultural e a participao numa grande variedade de experincias; economia forte, diversificada e inovadora. Nesse contexto, falar de sade implica levar em conta, por exemplo, a qualidade da gua que se consome e do ar que se respira, as condies de fabricao e uso de equipamentos nucleares ou blicos, o consumismo desenfreado e a misria, a degradao social ou a desnutrio, estilos de vida pessoais e formas de insero das diferentes parcelas da populao no mundo do trabalho; envolve aspectos ticos relacionados ao direito vida e sade, direitos e deveres, aes e omisses de indivduos e grupos sociais, dos servios privados e do poder pblico. A sade produto e parte do estilo de vida e das condies de existncia, sendo a vivncia do processo sade/doena uma forma de representao da insero humana no mundo.

Brasil: onde necessrio prevenir e remediar


No Brasil, na ltima dcada, vem se incorporando progressivamente cultura e legislao a concepo de que sade direito de todos e dever do Estado. Entretanto, as polticas pblicas para o setor favorecem a cultura de que a sade se concretiza mediante o acesso a servios, particularmente ao tratamento mdico. A implementao de modelos centrados em hospitais, em consultas mdicas e no incentivo ao consumo abusivo de medicamentos vem resultando, historicamente, numa ateno sade baseada principalmente em aes curativas, desencadeadas apenas quando uma doena j est instalada e o indivduo precisa de socorro.
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Um passo importante foi dado ao se promulgar a Constituio de 1988, que prev a implantao do Sistema nico de Sade SUS. Conforme definido em lei, o SUS tem carter pblico, formado por uma rede de servios regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com direo nica em cada esfera de governo e sob controle dos usurios por meio da participao popular nas Conferncias e Conselhos de Sade. A concepo abrangente de sade assumida no texto constitucional aponta para uma mudana progressiva dos servios, passando de um modelo assistencial, centrado na doena e baseado no atendimento a quem procura, para um modelo de ateno integral sade, onde haja incorporao progressiva de aes de promoo e de proteo, ao lado daquelas propriamente ditas de recuperao1 . A Constituio legitima o direito de todos, sem qualquer discriminao, s aes de sade, assim como explicita o dever do poder pblico em prover pleno gozo desse direito. Trata-se de uma formulao poltica e organizacional para o reordenamento dos servios e aes de sade, baseada em princpios doutrinrios que do valor legal ao exerccio de uma prtica de sade tica, que responda no a relaes de mercado mas a direitos humanos: Universalidade: garantia de ateno sade a todo e qualquer cidado. Eqidade: direito ao atendimento adequado s necessidades de cada indivduo e coletividade. Integralidade: a pessoa um todo indivisvel inserido numa comunidade. O SUS, na forma como definido em lei, segue a mesma doutrina e os mesmos princpios organizativos em todo o Pas, prevendo atividades de promoo, proteo e recuperao da sade. A promoo da sade se faz por meio da educao, da adoo de estilos de vida saudveis, do desenvolvimento de aptides e capacidades individuais, da produo de um ambiente saudvel. Est estreitamente vinculada, portanto, eficcia da sociedade em garantir a implantao de polticas pblicas voltadas para a qualidade de vida e ao desenvolvimento da capacidade de analisar criticamente a realidade e promover a transformao positiva dos fatores determinantes da condio de sade. Entre as aes de natureza eminentemente protetoras da sade, encontram-se as medidas de vigilncia epidemiolgica (identificao, registro e controle da ocorrncia de doenas), vacinaes, saneamento bsico, vigilncia sanitria de alimentos, do meio ambiente e de medicamentos, adequao do ambiente de trabalho e aconselhamentos especficos como os de cunho gentico ou sexual. Protege-se a sade realizando exames mdicos e odontolgicos peridicos, conhecendo a todo momento o estado de sade da comunidade e desencadeando oportunamente medidas dirigidas preveno e ao controle de agravos sade mediante a identificao de riscos potenciais. As medidas curativas e assistenciais, voltadas para a recuperao da sade individual, complementam a ateno integral sade. No Brasil, a maior parte dos casos de doena e morte prematura tem, ainda hoje, como causa direta, condies desfavorveis de vida: convive-se com taxas elevadas de desnutrio infantil e anemias e uma prevalncia inaceitvel de hansenase, doenas tpicas de ausncia de condies mnimas de alimentao, saneamento e moradia para a vida humana. Uma realidade de contrastes se espelha, paradoxalmente, na ocorrncia de problemas de sade caractersticos de pases desenvolvidos: as doenas cardiovasculares vm ganhando crescente importncia entre as causas de morte, associadas principalmente ao estresse, predisposio individual, a hbitos alimentares imprprios,
1. Ministrio da Sade, 1990.

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vida sedentria e ao hbito de fumar. Este quadro sanitrio compe o chamado duplo perfil de morbimortalidade, tpico dos pases denominados em desenvolvimento: convivem hoje, no Brasil, doenas prprias do Primeiro e do Terceiro Mundo.

Buscando o horizonte possvel


Uma concepo to ampla de sade pode levar a crer que o desafio que se impe demasiadamente grande para ser enfrentado ou demasiadamente caro para ser custeado. O relatrio do Fundo das Naes Unidas para a Infncia (Unicef), Situao Mundial da Infncia 1993, combate com nfase essa idia. Demonstra que o atendimento de necessidades humanas elementares dentre as quais destacam-se alimentao, habitao adequada, acesso gua limpa, aos cuidados primrios de sade e educao bsica vivel em uma dcada, a um custo extra de US$ 25 bilhes anuais, em nvel mundial. Cita, para fins de comparao, que essa cifra inferior ao gasto anual da populao dos EUA com o consumo de cerveja. O relatrio reportase ao sucesso obtido no cumprimento de metas, como a vacinao de 80% das crianas do mundo at 1990. Bangladesh, por exemplo, ampliou a cobertura vacinal de suas crianas de 2 para 62% em apenas cinco anos, entre 1985 e 1990. interessante lembrar que, neste sculo, uma doena milenar como a varola foi eliminada e a paralisia infantil est prestes a ser erradicada. (...) o fato que, apesar de todos os recuos, houve maiores progressos durante os ltimos 50 anos do que nos 2.000 anos anteriores. Desde o final da Segunda Guerra Mundial (...) as taxas de mortalidade entre recm-nascidos e crianas caiu para menos da metade; a expectativa de vida mdia aumentou em cerca de 1/3; a proporo do nmero de crianas no mundo em desenvolvimento que entraram na escola subiu mais de 3/4; e a porcentagem de famlias rurais com acesso a gua limpa subiu de menos de 10% para quase 60%. Na prxima dcada, existe uma clara possibilidade de romper com aquilo que pode ser chamado de ltima grande obscenidade: a desnutrio, as doenas e o analfabetismo desnecessrios, que ainda obscurecem a vida e o futuro da quarta parte mais pobre das crianas de todo o mundo2. O que se deseja enfatizar que grandes saltos na condio de vida e sade da maioria da populao brasileira e mundial so possveis por meio de medidas j conhecidas, de baixo custo e eficazes, sensveis j prxima gerao. So desafios grandiosos mas exeqveis. Numerosos exemplos podem ser encontrados em experincias locais, especialmente em alguns municpios brasileiros que ousaram cumprir a lei e garantir a ateno sade, produzindo impacto expressivo sobre as taxas de mortalidade infantil, de desnutrio, de doenas transmissveis, ou ainda sobre a incidncia de doena bucal. Sem dvida, a melhoria das condies de vida e sade no automtica nem est garantida pelo passar do tempo, assim como o progresso e o desenvolvimento no trazem necessariamente em seu bojo a sade e a longevidade. A compreenso ampla dos fatores intervenientes e dos compromissos polticos necessrios so exigncias para sua efetivao. Neste cenrio, a educao para a Sade cumpre papel destacado: favorece a conscincia do direito sade e instrumentaliza para a interveno individual e coletiva sobre os determinantes do processo sade/doena.

2. Unicef, 1993.

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ENSINAR SADE OU EDUCAR PARA A SADE?


No primeiro caso (ensinar sade) o foco colocado numa formao sobre sade e na coincidncia de conceitos que fundamentou a proposta clssica de insero dos programas de sade no escopo da disciplina de Cincias Naturais. Entretanto, essa estratgia no se revelou suficiente para a garantia de abordagem dos contedos relativos aos procedimentos e atitudes necessrios promoo da sade. Quando inicia sua vida escolar, a criana traz consigo a valorao de comportamentos favorveis ou desfavorveis sade oriundos da famlia e outros grupos de relao mais direta. Durante a infncia e a adolescncia, pocas decisivas na construo de condutas, a escola passa a assumir papel destacado devido sua funo social e por sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho sistematizado e contnuo. Deve, por isso, assumir explicitamente a responsabilidade pela educao para a sade, j que a conformao de atitudes estar fortemente associada a valores que o professor e toda a comunidade escolar transmitiro inevitavelmente aos alunos durante o convvio escolar. Os valores, que se expressam na escola por meio de aspectos concretos como a qualidade da merenda escolar, a limpeza das dependncias, as atividades propostas, a relao professor-aluno, so apreendidos pelas crianas na sua vivncia diria. A tendncia a conformao de hbitos legitimados pelos diversos grupos de insero do aluno e no necessariamente aqueles considerados terica ou tecnicamente adequados. Pesquisa recente do Ministrio da Sade revelou que a maioria dos estudantes de segundo grau que usa algum tipo de droga considera o consumo prejudicial sade! No caso, os valores afetivos e sociais associados ao consumo habitual de drogas so muito mais decisivos do que o conhecimento dos agravos que causam. Isso no quer dizer que as informaes e a possibilidade de compreender a problemtica que envolve as questes de sade no tenham importncia ou que no devam estar presentes no processo de ensinar e aprender para a sade, mas sim que a educao para a Sade s ser efetivamente contemplada se puder mobilizar as necessrias mudanas na busca de uma vida saudvel. Para isso, os valores e a aquisio de hbitos e atitudes constituem as dimenses mais importantes. A experincia dos profissionais de sade vem comprovando, de longa data, que a informao, isoladamente, tem pouco ou nenhum reflexo em mudanas de comportamento e a mera informao, ou o biologismo que valoriza a anatomia e a fisiologia para explicar a sade e a doena , no d conta dessa tarefa. Os detalhes relativos a processos fisiolgicos ou patolgicos ganharo sentido no processo de aprendizagem na medida em que contriburem para a compreenso das aes de proteo sade a eles associadas. No pressuposto da educao para a Sade a existncia do professor especialista; o que se pretende um trabalho pedaggico cujo enfoque principal esteja na sade e no na doena. Por isso, o desenvolvimento dos conceitos deve ter como finalidade subsidiar a construo de valores e a compreenso das prticas de sade favorveis ao crescimento e ao desenvolvimento. Ao longo da aprendizagem e do desenvolvimento, os conceitos adquirem importncia cada vez maior ao instrumentalizar os alunos para a crtica diante dos desafios que lhes sero apresentados de maneira crescente em suas relaes sociais e com o meio ambiente, no enfrentamento de situaes adversas, de opinies grupais negativas para a sade ou diante da necessidade de transformar hbitos e reavaliar crenas e tabus, inclusive na dimenso afetiva que necessariamente trazem consigo. Nessa concepo, os contedos do tema no sero suficientemente contemplados se ficarem restritos ao interior de uma nica rea. Concepes sobre sade ou sobre o que
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saudvel, valorizao de hbitos e estilos de vida, atitudes perante as diferentes questes relativas sade perpassam todas as reas de estudo escolar, desde os textos literrios, informativos, jornalsticos at os cientficos. Por outro lado, para ser construda a viso ampla de sade aqui proposta, necessrio ter acesso a informaes de diversos campos, como, por exemplo, as mudanas histricas e as diferenas geogrficas e socioculturais que interferem nas questes da sade. O trabalho na rea de Educao Fsica, por sua vez, tem uma interao especial com a educao para a Sade, como se pode ver na leitura do documento correspondente. A organizao do trabalho das reas em torno de temas relativos sade permite que o desenvolvimento dos contedos possa se processar regularmente e de modo contextualizado. Pode-se, por exemplo, medir a estatura dos alunos e cotej-las, desenvolvendo, a partir desse exerccio, o conceito de medida, o estudo de diferentes formas de registro das informaes coletadas, a herana gentica e a diversidade, o estado nutricional de cada aluno e do grupo. O tratamento transversal do tema deve-se exatamente ao fato de sua abordagem dar-se no cotidiano da experincia escolar e no no estudo de uma matria. Na realidade, todas as experincias que tenham reflexos sobre as prticas de promoo, proteo e recuperao da sade sero, de fato, aprendizagens positivas, at porque no se trata de persuadir ou apenas de informar, mas de fornecer elementos que capacitem sujeitos para a ao.

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OBJETIVOS GERAIS DE SADE PARA O ENSINO FUNDAMENTAL


A educao para a Sade cumprir seus objetivos ao conscientizar os alunos para o direito sade, sensibiliz-los para a busca permanente da compreenso de seus determinantes e capacitlos para a utilizao de medidas prticas de promoo, proteo e recuperao da sade ao seu alcance. Espera-se, portanto, ao final do ensino fundamental, que os alunos sejam capazes de:

compreender que a sade um direito de todos e uma dimenso essencial do crescimento e desenvolvimento do ser humano; compreender que a condio de sade produzida nas relaes com o meio fsico, econmico e sociocultural, identificando fatores de risco sade pessoal e coletiva presentes no meio em que vivem; conhecer e utilizar formas de interveno individual e coletiva sobre os fatores desfavorveis sade, agindo com responsabilidade em relao sua sade e sade da comunidade; conhecer formas de acesso aos recursos da comunidade e as possibilidades de utilizao dos servios voltados para a promoo, proteo e recuperao da sade; adotar hbitos de autocuidado, respeitando as possibilidades e limites do prprio corpo.

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SADE
2 PARTE

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OS CONTEDOS DE SADE PARA O PRIMEIRO E SEGUNDO CICLOS


Selecionados no intuito de atender as demandas da prtica social, segundo critrios de relevncia e atualidade, os contedos de educao para a Sade esto organizados de maneira a dar sentido s suas dimenses conceitual, procedimental e atitudinal profundamente interconectadas. Essencialmente, devem subsidiar prticas para a vida saudvel. Na busca de atingir os objetivos elencados de modo coerente com a concepo de sade anteriormente exposta, os contedos foram selecionados levando-se em conta os seguintes critrios: a relevncia no processo de crescimento e desenvolvimento em quaisquer condies de vida e sade particulares criana e sua realidade social; os fatores de risco mais significativos na realidade brasileira e na faixa etria dos alunos do ensino fundamental; a possibilidade de prestar-se reflexo conjunta sobre as medidas de promoo, proteo e recuperao da sade; a possibilid ade de traduo da aprendizagem em prticas de cuidado sade pessoal e coletiva ao alcance do aluno.

Blocos de contedos
Os contedos selecionados foram organizados em blocos que lhes do sentido e cumprem a funo de indicar as dimenses individual e social da sade. So eles: Autoconhecimento para o autocuidado e Vida coletiva. possvel, desejvel e necessrio que sejam feitas interconexes entre eles, pois essas dimenses so inter-relacionadas. Ao mesmo tempo que contextualizar sade essencial para a compreenso dos determinantes do processo sade/doena remetendo responsabilidade em assumir compromissos coletivos com a realidade, fundamental o papel motor de cada ser humano na sua sade pessoal. A luta pela ampliao das possibilidades de desfrutar as potencialidades de cada indivduo e da sociedade como um todo produto da integrao entre essas duas dimenses. O conjunto de contedos apresentados a seguir destina-se ao trabalho pedaggico nos primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental. O eixo para o aprofundamento da temtica ao longo dos ciclos acompanha o processo de crescimento e desenvolvimento dos prprios alunos. Caminha-se progressivamente para a ampliao das relaes espaciais e sociais, da relevncia cada vez maior da dimenso conceitual e da responsabilizao autnoma e solidria pela sade pessoal e coletiva. AUTOCONHECIMENTO PARA O AUTOCUIDADO A razo de ser deste bloco o entendimento de que sade tem uma dimenso pessoal que se expressa no espao e no tempo de uma vida, pelos meios que cada ser humano dispe para criar seu prprio trajeto em direo ao bem-estar fsico, mental e social. Isso requer sujeitos com identidade, liberdade e capacidade para regular as variaes que aparecem no organismo; que se apropriem dos meios para tomar medidas prticas de autocuidado em geral e, especificamente, diante de situaes de risco. Para atender a essa meta necessrio que o trabalho educativo tenha como referncia as transformaes prprias do crescimento e desenvolvimento humanos e promova
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o desenvolvimento da conscincia crtica em relao aos fatores que intervm positiva ou negativamente. Assim, a introduo de conhecimentos sobre o funcionamento do corpo humano visa a formao de sujeitos do processo sade/doena que possam conhecer-se e cuidar-se, valorizando sua identidade e caractersticas pessoais. A identificao das semelhanas e diferenas entre as pessoas, sejam hereditrias ou adquiridas, inclusive em termos de traos de temperamento, permite reconhecer a diversidade e a pluralidade, que no se confundem com discriminao preconceituosa ou com a aceitao da desigualdade. Inclui-se, neste ponto, o desenvolvimento de postura respeitosa e colaborativa com relao a pessoas portadoras de deficincias. Trabalhar maneiras saudveis de lidar com situaes de derrota (em esportes, por exemplo), de competio, de conflitos, so recursos que favorecem o respeito s diferenas e a busca de posturas mais solidrias e interdependentes. A higiene corporal tratada como condio para a vida saudvel. A aquisio de hbitos de higiene corporal tem incio na infncia, destacando-se a importncia de sua prtica sistemtica. As experincias de fazer junto com a criana os procedimentos passveis de execuo no ambiente escolar, como lavagem das mos ou escovao dos dentes, por exemplo, podem ter significado importante na aprendizagem. O grande desafio na abordagem da higiene corporal levar em conta a realidade do aluno, no empobrecendo os contedos em condies adversas, mas buscando as solues crticas e viveis. O conhecimento dessa realidade condio fundamental; portanto, pesquisar, recolher e elaborar informaes sobre os usos e costumes da comunidade, analis-los e avaliar sua eficcia, um caminho para articular conhecimentos, atitudes e possibilidades de ao. Situaes extremas como a ausncia de sanitrios ou gua potvel no domiclio no podem ser encaradas como fatores imobilizantes do processo de ensino e aprendizagem. Naturalmente, a educao no cumpre o papel de substituir as mudanas estruturais necessrias para a garantia da qualidade de vida e sade mas pode contribuir decisivamente para a sua efetivao. A alimentao adequada outro fator essencial no crescimento e desenvolvimento, no desempenho de atividades cotidianas, na promoo e na recuperao da sade. A desnutrio e as anemias so ainda importantes problemas de sade pblica no Brasil e fatores primordiais para a baixa capacidade de reao s doenas. Considera-se, por exemplo, que raramente uma criana morre por sarampo mas, inmeras vezes, por complicaes decorrentes de sua baixa resistncia por desnutrio. A alimentao inadequada apresenta-se como principal problema a ser enfrentado e, portanto, a pesquisa de alimentos ricos em nutrientes e a necessidade de se adotar um cardpio equilibrado e compatvel com as possibilidades oferecidas pelas particularidades de cada realidade so formas acessveis ao trabalho da escola no sentido de prevenir a desnutrio e as anemias. Por outro lado, a obesidade tambm hoje um problema de sade de grandes propores, com elevada prevalncia entre jovens de diferentes grupos sociais. O consumo excessivo de acar, especialmente entre as crianas, destacado como um hbito alimentar a ser transformado, no se justificando o grau de consumo (em todo o pas) por necessidades calricas e sim por fatores culturais, o que causa prejuzos amplamente comprovados, particularmente sade bucal, contribuindo tambm para a obesidade precoce. A associao que se faz com freqncia de que uma criana gorda uma criana saudvel e bem alimentada deve ser reconsiderada, uma vez que as anemias e a obesidade no so mutuamente excludentes e esta ltima um importante fator de risco para doenas crnicodegenerativas (como hipertenso arterial, diabetes e problemas cardiovasculares), cada vez mais importantes entre brasileiros de todas as classes sociais. O trabalho conjunto da escola com a famlia e demais grupos de referncia para o aluno essencial, levando-se em conta os recursos disponveis e os padres culturais consagrados. O conceito
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de uma dieta universal correta deve ser evitado, sob pena de desestimular a construo de um padro alimentar desejvel e compatvel com a cultura local composto a partir dos alimentos ricos em nutrientes prprios de cada realidade. A associao direta entre higiene e alimentao precisa ser enfatizada. O reconhecimento da possibilidade de contaminao de gua e de alimentos por fezes, por produtos qumicos e agrotxicos, assim como a identificao de gua, alimentos e objetos contaminados como fontes de doena so elementos componentes do preparo do aluno para uma alimentao saudvel. Um instrumento metodolgico integrador dos contedos bastante rico o exerccio de construo da histria de sade individual com a introduo peridica de elementos que ganhem importncia em funo do crescimento e desenvolvimento e do processo de aprendizagem, incluindo a cada momento dados como idade, peso, estatura, troca de dentio, transformaes corporais e comportamentais. Um cuidado importante o de evitar assumir linhas prescritivas, como se o objetivo fosse normatizar a vida privada do aluno e padronizar condutas. Contedos a serem desenvolvidos: identificao de necessidades e caractersticas pessoais, semelhanas e diferenas entre as pessoas, pelo estudo do crescimento e desenvolvimento humano nas diferentes fases da vida (concepo, crescimento intrauterino, nascimento/recm-nascido, criana, adolescente, adulto, idoso); identificao, no prprio corpo, da localizao e da funo simplificada dos principais rgos e aparelhos, relacionando-os aos aspectos bsicos das funes de relao (sensaes e movimentos), nutrio (digesto, circulao, respirao e excreo) e reproduo; adoo de postura fsica adequada; identificao e expresso de sensaes de dor ou desconforto (fome, sede, frio, priso de ventre, febre, cansao, diminuio da acuidade visual ou auditiva); valorizao do exame de sade peridico como fator de proteo sade; finalidades da alimentao (includas as necessidades corporais, socioculturais e emocionais) relacionadas ao processo orgnico de nutrio; identificao dos alimentos disponveis na comunidade e de seu valor nutricional; valorizao da alimentao adequada como fator essencial para o crescimento e desenvolvimento, assim como para a preveno de doenas como desnutrio, anemias ou cries; noes gerais de higiene dos alimentos relativas produo, transporte, conservao, preparo e consumo; reconhecimento das doenas associadas falta de higiene no trato com alimentos: intoxicaes, verminoses, diarrias e desidratao; medidas simples de preveno e tratamento;
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identificao das doenas associadas ingesto de gua imprpria para o consumo humano; procedimentos de tratamento domstico da gua; rejeio ao consumo de gua no potvel; medidas prticas de autocuidado para a higiene corporal: utilizao adequada de sanitrios, lavagem das mos antes das refeies e aps as eliminaes, limpeza de cabelos e unhas, higiene bucal, uso de vestimentas e calados apropriados, banho dirio; valorizao da prtica cotidiana e progressivamente mais autnoma de hbitos de higiene corporal favorveis sade; responsabilidade pessoal na higiene corporal como fator de proteo sade individual e coletiva; respeito s potencialidades e limites do prprio corpo e do de terceiros.

VIDA COLETIVA nos espaos coletivos que se produz a condio de sade da comunidade e, em grande parte, de cada um de seus componentes. Nas relaes sociais se afirma a concepo hegemnica de sade e portanto nesse campo que se pode avanar no entendimento da sade como valor e no apenas como ausncia de doena. O reconhecimento da pertinncia a grupos sociais com normas de convivncia, costumes, valores e interesses compartidos, assim como o respeito e valorizao das diferenas com outros grupos, permitem perceber a responsabilidade pessoal pela proteo sade coletiva. Na escola, possvel propiciar o desenvolvimento das atitudes de solidariedade e cooperao nas pequenas aes do cotidiano e nas interaes do convvio escolar, como, por exemplo, a colaborao na conservao da limpeza do ambiente, incentivando para que essas atitudes se estendam ao mbito familiar e aos ambientes pblicos, para que tal responsabilidade se transforme em prtica de vida. importante gerar oportunidades de reconhecimento do espao circundante para identificar inter-relaes entre sade e meio ambiente e medidas prticas de proteo ao alcance da criana. Muitos dos problemas de sade so associados ausncia de saneamento bsico. A desnutrio e a anemia decorrentes de carncias alimentares ou de debilitao fsica em funo de diarrias infecciosas repetidas e verminose crnica tm ainda grande destaque dentre os indicadores de morbidade. A maioria dessas doenas passvel de preveno, sendo vivel, como j se demonstrou em diversas experincias, alterar essa realidade num curto espao de tempo, apesar da presena de fatores ambientais desfavorveis, rompendo-se o crculo vicioso por meio da informao, da identificao das relaes entre higiene e transmisso de doenas e da mobilizao para a interveno sobre os fatores de risco. Tornar-se defensor de medidas concretas que protejam o ambiente, assim como evitar situaes que arriscam a prpria sade (brincar em gua poluda, por exemplo), so possibilidades ao alcance dos alunos. Mtodos de trabalho irracionais na indstria, na agricultura e polticas urbanas equivocadas tm comprometido gravemente a salubridade do meio ambiente. Para a formao de uma conscincia ambiental, a escola pode oferecer, alm de informaes relevantes, a oportunidade de aprendizado de diferentes formas de ao para a proteo e a recuperao ambiental, em especial as que favorecem diretamente a sade coletiva. Crianas so, sem dvida, bons agentes de sade e o estabelecimento de relaes entre o ambiente e a qualidade de sua prpria vida possibilita ao educando entender-se como protagonista, que participa da produo do ambiente e afetado por sua qualidade. O sentido
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de responsabilidade de cada um e de cada grupo social pela produo do ambiente global devem estar sempre presentes. Os principais riscos sade relacionados vida associativa na faixa etria mdia do estudante de primeira a quarta sries so as doenas transmissveis, os acidentes domsticos ou de trnsito (atropelamentos) e os decorrentes da violncia social maus-tratos, acidentes com armas de fogo, violncia sexual ou agravos sade associados ao trabalho infantil. No estudo das doenas transmissveis, destacam-se o reconhecimento da possibilidade de adquirir doenas por contato direto e indireto e a identificao do portador, do doente e de objetos contaminados como fontes de infeco, valorizando-se, assim, a associao dos agravos sade s fontes de infeco para a construo de uma postura preventiva. Por isso, a informao relativa aos sinais e sintomas das doenas transmissveis mais comuns tem maior relevncia do que o detalhamento de sua patologia. O estudo das vacinas do calendrio oficial deve ser conduzido no sentido do reconhecimento, pelos alunos, de seu prprio estado vacinal. Esse tpico pode ser abordado em atividade conjunta com o servio de sade da regio, visando no s a obteno de informaes, mas tambm gerando oportunidades para que os alunos conheam e aprendam a utilizar os recursos existentes na sua comunidade. O grau de aprofundamento em medidas prticas de preveno s doenas sexualmente transmissveis/AIDS depende significativamente do interesse do grupo. O perodo de iniciao sexual com parceiros muito varivel entre diferentes pessoas e grupos sociais. Mesmo consideradas as particularidades de cada classe, o trabalho precoce de discernir fatos e preconceitos pode ser decisivo para o cuidado de si e de parceiros em situaes presentes ou futuras. Os acidentes podem ser abordados tanto do ponto de vista das medidas prticas de preveno como da aprendizagem de medidas de primeiros socorros ao alcance das crianas. Neste ponto, importante atentar para a capacidade de agir nessas situaes, para o que as crianas precisam de informaes e de segurana. A iniciao no consumo de drogas mostra-se um fator de risco, em determinadas realidades, j entre alunos de primeira a quarta srie. fundamental o reconhecimento da situao local. Este assunto inclui-se em Vida coletiva porque o consumo de drogas apresenta-se fortemente associado s condies socioculturais, especialmente na infncia, j que os hbitos de grupos sociais prximos criana determinaro em grande parte o acesso ao fumo, ao lcool ou aos entorpecentes. A depender da realidade do aluno, o consumo de drogas pode ser fator de incluso ou de excluso social. No h evidncias de que a opo pelo consumo sistemtico de drogas que limitam a sade relaciona-se negativamente com informao sobre suas aes e efeitos. As relaes afetivas, socioculturais e econmicas constituem fatores extremamente significativos. Por isso fundamental para a sade a distino entre uso e abuso, assim como a compreenso da importncia em preservar a capacidade de escolha, evitando a dependncia. De qualquer maneira, ao se discutir drogas necessrio diferenci-las. As drogas no so todas iguais. So distintas do ponto de vista do risco orgnico, da dependncia que provocam, da aceitao legal e cultural que desfrutam, implicando distintas situaes de risco para as crianas. As atitudes de repdio discriminao preconceituosa de diferenas e a situaes de violncia e autoritarismo devem ser trabalhadas por meio do reforo permanente dos direitos das pessoas, e das crianas em particular, tomando-se como referncia o Estatuto da Criana e do Adolescente. Da mesma forma que no bloco de Autoconhecimento, bastante rico trabalhar o tema Vida coletiva com o recurso da construo e atualizao peridica da histria de sade da coletividade
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na qual o aluno est inserido, como instrumento de apropriao de sua histria e de visualizao de relaes entre condies de vida e sade. Este bloco de contedos busca recuperar a cultura de sade do aluno para que ela possa ser trabalhada de forma consciente, complementando o saber popular da vizinhana com o saber oriundo do ensino e da aprendizagem escolares. A experincia de identificar e atuar sobre as necessidades de sade da comunidade contribui na formao para o exerccio da cidadania. Contedos a serem desenvolvidos: conhecimento dos recursos disponveis para a criana (atividades e servios) para a promoo, proteo e recuperao da sade, das possibilidades de uso que oferecem e das formas de acesso a eles; formas de participao em aes coletivas acessveis criana em sua comunidade; conhecimento do calendrio vacinal e da sua prpria situao vacinal; principais sinais e sintomas das doenas transmissveis mais comuns na realidade do aluno, formas de contgio, preveno e tratamento precoce para a proteo da sade pessoal e de terceiros; agravos ocasionados pelo uso de drogas (fumo, lcool e entorpecentes); conhecimento das normas bsicas de segurana no manejo de instrumentos, no trnsito e na prtica de atividades fsicas; medidas simples de primeiros socorros diante de: escoriaes e contuses, convulses, mordidas de animais, queimaduras, desmaios, picadas de insetos, tores e fraturas, afogamento, intoxicaes, cimbras, febre, choque eltrico, sangramento nasal, diarria e vmito, acidentes de trnsito; fatores ambientais mais significativos para a sade presentes no dia-adia da criana: sistema de tratamento da gua, formas de destino de dejetos humanos e animais, lixo e agrotxicos; mapeamento das transformaes necessrias no ambiente em que se vive; relaes entre a preservao e recuperao ambientais e a melhoria da qualidade de vida e sade; rejeio aos atos de destruio do equilbrio e sanidade ambientais; participao ativa na conservao de ambiente limpo e saudvel no domiclio, na escola e nos lugares pblicos em geral; solidariedade diante dos problemas e necessidades de sade dos demais, por meio de atitudes de ajuda e proteo a pessoas portadoras de deficincias e a doentes.

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CRITRIOS DE AVALIA
Os critrios de avaliao aqui apresentados servem como parmetro para que o professor possa realocar recursos para o cumprimento dos objetivos propostos. A apropriao total dos conceitos, procedimentos e atitudes desejada apenas ao final do segundo ciclo. Expressar suas necessidades de ateno Sade Espera-se que o aluno seja capaz de perceber, discernir e comunicar sensaes de desconforto ou dor, sabendo localiz-las em seu corpo e buscando ajuda quando necessrio. Responsabilizar-se com crescente autonomia por sua higiene corporal, percebendoa como fator de bem-estar e como valor da convivncia social Espera-se que o aluno seja capaz de executar aes de higiene corporal de maneira autnoma e reconhecer a importncia de sua realizao cotidiana. Incluem-se entre as aes bsicas: lavar as mos antes das refeies e aps o uso do banheiro, tomar banho dirio, cuidar de cabelos e unhas, escovar os dentes aps as refeies e utilizar adequadamente o sanitrio. Conhecer e desenvolver hbitos alimentares favorveis ao crescimento e ao desenvolvimento Espera-se que o aluno seja capaz de descrever as necessidades nutricionais bsicas do organismo humano, indicando os alimentos adequados para a composio de um cardpio nutritivo utilizando os recursos e a cultura alimentares de sua regio. Conhecer e evitar os principais riscos de acidentes no ambiente domstico, na escola e em outros lugares pblicos Espera-se que o aluno seja capaz de identificar e evitar os principais riscos de acidentes, e de valorar adequadamente as situaes de risco integridade e sade pessoais e de terceiros. Conhecer e utilizar medidas de primeiros socorros ao seu alcance Espera-se que o aluno seja capaz de realizar procedimentos bsicos de primeiros socorros em caso de pequenos acidentes. Incluem-se: a higienizao de ferimentos superficiais, o uso de compressas frias em caso de contuses, o controle de perda de sangue pelo nariz, etc. Ao final do segundo ciclo, o aluno deve ainda ser capaz de discernir problemas de maior gravidade, reconhecendo a necessidade de buscar auxlio de adultos e/ou profissionais de sade. Reconhecer as doenas transmissveis mais comuns em sua regio Espera-se que o aluno seja capaz de reconhecer as doenas transmissveis mais comuns em seu meio, identificando as condies sanitrias associadas sua ocorrncia, as formas de contgio e preveno, assim como os sinais, sintomas e cuidados bsicos para a cura. Relacionar-se e comunicar-se produtivamente nas diferentes situaes do convvio escolar Espera-se que o aluno seja capaz de levar em considerao a presena, possibilidades e necessidades de outros, assim como as suas prprias, na organizao de suas aes e poder, pela
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comunicao, estabelecer com eles critrios de convivncia e formas de resolver situaes de conflito. Conhecer os recursos de sade disponveis e necessrios para a sade da comunidade Espera-se que o aluno seja capaz de demonstrar conhecimento crtico a respeito da funo dos diferentes servios de sade, assim como das formas de acesso aos servios existentes na regio em que vive. Agir na perspectiva da sade coletiva Espera-se que o aluno seja capaz de ter atitudes de responsabilidade e solidariedade em relao s necessidades de sade coletivas, colaborando com seus diversos grupos de insero em aes de promoo, proteo e recuperao da sade.

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ORIENTAES DIDTICAS
A organizao dos contedos de educao para a Sade deve ser encarada como um roteiro geral de possibilidades de instrumentalizao dos alunos para prticas favorveis sade, levando em conta seu grau de desenvolvimento de capacidades cognitivas, afetivas e psicomotoras. necessrio haver flexibilidade na abordagem dos tpicos indicados, tendo em conta as experincias e as necessidades sentidas e expressas pelos prprios alunos, a fim de que os contedos ganhem significado e potencialidade de aplicao. Para o alcance dos objetivos do contedo curricular de educao para a Sade, devem-se considerar os seguintes aspectos: A organizao do trabalho em torno de questes da sade. interessante que o professor organize trabalhos de diferentes reas em funo de problemticas de sade para que, ao tratar desses temas, os alunos aprendam a lanar mo de conhecimentos de Lngua Portuguesa, Matemtica, Cincias Naturais, Histria, Geografia, etc. na busca de compreenso e de solues para questes reais, assim como na aprendizagem de procedimentos efetivos que os capacitem a agir nessas situaes. Fazer campanhas ou seminrios, mobilizando diversas classes e realizar pesquisas, divulgando as informaes produzidas, so formas de aprender, de socializar conhecimentos e de desenvolver atitudes de compromisso com a sade coletiva. A promoo de debates em torno de fatos importantes como a ocorrncia de epidemias ou catstrofes climticas ou sociais que ameacem a sade coletiva, assim como a pesquisa do sistema de saneamento bsico da regio, podem ser recursos que permitam o desenvolvimento de um trabalho integrado das diversas reas. essencial o trabalho conjunto com a famlia e grupos de forte presena social, influentes na formao de opinio entre os alunos. Deve-se levar em conta que o conceito que se tem de sade varia consideravelmente entre diferentes grupos sociais. O professor e a comunidade escolar estaro trabalhando com valores e estes no sero necessariamente nicos ou eternos. A promoo de eventos na Unidade Escolar ou na comunidade pode gerar momentos privilegiados de relacionamento com familiares, propiciando, por exemplo, debates sobre as prticas alimentares ou sobre as formas de preparao dos alimentos. O desenvolvimento dos contedos deve levar em conta as particularidades da faixa de crescimento e desenvolvimento da classe, que pode ser bastante heterognea, para que o professor possa trabalhar os procedimentos, as atitudes e os conceitos de interesse para a maioria do grupo. O reconhecimento da fase do crescimento e desenvolvimento e das necessidades e agravos mais comuns naquele perodo da vida, assim como dos cuidados em sade a eles associados, so considerados elementos motivadores da aprendizagem. Procedimentos e atitudes no-concretizados podero ganhar prioridade independentemente da etapa formal (srie ou ciclo) em que o aluno se encontre, a depender das necessidades de sade especficas ao grupo. Os contedos apresentados so aplicveis a diferentes realidades, mas a sua traduo em prticas concretas de sade exige adequao e detalhamento para a realidade sanitria de cada local. O trabalho conjunto da escola com os profissionais e equipamentos de sade que atuam em sua rea, em busca de troca de informaes, subsdios e sintonia, pode potencializar significativamente o trabalho do professor, assim como dos Servios de Sade. interessante que sejam promovidas atividades conjuntas para o rastreamento da situao vacinal das crianas, a aplicao de testes simplificados de acuidade auditiva e visual (significativas para o rendimento escolar) ou a realizao de procedimentos coletivos em sade bucal. O desenvolvimento de atividades escolares pode partir da utilizao de materiais educativos produzidos pelo Sistema de Sade. Hbitos constroem-se cotidianamente e se alteram caso no voltem a ser objeto de avaliao e justificao. No so ensinados e aprendidos aps uma nica abordagem, devendo ser geradas
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oportunidades de aplicao sistemtica diante das manifestaes de interesse por parte dos alunos, do diagnstico peridico do professor, dos pais, da comunidade escolar e da ocorrncia de doenas na regio. Em suma, necessria a adoo de abordagens metodolgicas que permitam ao aluno identificar problemas, levantar hipteses, reunir dados, refletir sobre situaes, descobrir e desenvolver solues comprometidas com a promoo e a proteo da sade pessoal e coletiva e, principalmente, aplicar os conhecimentos adquiridos.

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FICHA TCNICA
Coordenao Ana Rosa Abreu, Maria Cristina Ribeiro Pereira, Maria Tereza Perez Soares, Neide Nogueira. Elaborao Aloma Fernandes Carvalho, Ana Amlia Inoue, Ana Rosa Abreu, Antonia Terra, Clia M. Carolino Pires, Circe Bittencourt, Cludia R. Aratangy, Flvia I. Schilling, Karen Muller, Ktia L. Brkling, Marcelo Barros da Silva, Maria Ambile Mansutti, Maria Ceclia Condeixa, Maria Cristina Ribeiro Pereira, Maria F. R. Fusari, Maria Heloisa C.T. Ferraz, Maria Isabel I. Soncini, Maria Tereza Perez Soares, Marina Valado, Neide Nogueira, Paulo Eduardo Dias de Melo, Regina Machado, Ricardo Breim, Rosaura A. Soligo, Rosa Iavelberg, Rosely Fischmann, Silvia M. Pompia, Sueli A. Furlan, Telma Weisz, Thereza C. H. Cury, Yara Sayo, Yves de La Taille. Consultoria Csar Coll Dlia Lerner de Zunino Assessoria Adilson O. Citelli, Alice Pierson, Ana M. Espinosa, Ana Teberosky, Artur Gomes de Morais, Guaraciaba Micheletti, Helena H. Nagamine Brando, Hermelino M. Neder, Iveta M. B. vila Fernandes, Jean Hbrard, Joo Batista Freire, Joo C. Palma, Jos Carlos Libneo, Ligia Chiappini, Lino de Macedo, Lcia L. Browne Rego, Luis Carlos Menezes, Osvaldo Luiz Ferraz, Yves de La Taille e os 700 pareceristas - professores de universidades e especialistas de todo o Pas, que contriburam com crticas e sugestes valiosas para o enriquecimento dos PCN. Projeto grfico Vitor Nozek Reviso e Copydesk Cecilia Shizue Fujita dos Reis e Lilian Jenkino.

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AGRADECIMENTOS
Alberto Tassinari, Ana Mae Barbosa, Anna Maria Lamberti, Andra Daher, Antnio Jos Lopes, Aparecida Maria Gama Andrade, Barjas Negri, Beatriz Cardoso, Carlos Roberto Jamil Curi, Celma Cerrano, Cristina F. B. Cabral, Elba de S Barreto, Eunice Durham, Heloisa Margarido Salles, Hrcules Abro de Arajo, Jocimar Daolio, Lais Helena Malaco, Ldia Aratangy, Mrcia da Silva Ferreira, Maria Ceclia Cortez C. de Souza, Maria Helena Guimares de Castro, Marta Rosa Amoroso, Mauro Betti, Paulo Machado, Paulo Portella Filho, Rosana Paulillo, Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva, Sonia Carbonel, Sueli Teixeira Mello, Tha Standerski, Vera Helena S. Grellet, Volmir Matos, Yolanda Vianna, Cmara do Ensino Bsico do CNE, CNTE, CONSED e UNDIME.

Apoio Programa das Naes Unidas para o Desenvolvimento - PNUD Projeto BRA 95/014 Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura UNESCO Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educao FNDE

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