TCC Marketing de Guerrilha
TCC Marketing de Guerrilha
TCC Marketing de Guerrilha
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO
GUARULHOS 2009
Anderson Batista de Almeida
Guarulhos 2009
II
Almeida, Anderson Batista, 1987-
Marketing de Guerrilha para pequenas empresas / Anderson Batista de
Almeida. -2009. – 65 f.: il. Color.; 30cm
III
Anderson Batista de Almeida
Aprovado em ____/____/______
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
Prof.
________________________________________________________
Prof.
________________________________________________________
Prof.
IV
Dedico este trabalho a todos que direta
ou indiretamente contribuíram para que
eu chegasse até o fim do curso, não só
economicamente, mas principalmente
psicologicamente. Em especial aos
meus pais, que sempre me apoiaram.
V
AGRADECIMENTOS
VI
O inimigo avança, retiramos. O inimigo
acampa, provocamos. O inimigo cansa,
atacamos. O inimigo se retira,
perseguimos.
Mao Tsé-Tung
VII
RESUMO
VIII
ABSTRACT
The traditional marketing is ignored in many small companies, due to the high cost
of their techniques, which no condiz with the reality of the small companies. And
the present study presents guerrilla's marketing, as a solution for those small
companies. With the techniques of guerrilla's marketing, small entrepreneurs can
create actions to maximize their profits, they see the possibility to invest in social
mídias, which don't demand an investment in money, but they demand a good
creativity, for the actions to reach him I publish objective in the necessary way.
So that the small entrepreneurs can have an enough theoretical base to maximize
their actions, the strategic guerrilla techniques are presented, ideals for the
company to find a niche, a segment of the market no explored or explored
precariamente, where he can invest all it capacity, seeking a larger recognition of
the company in the chosen niche. In continuity to strategic guerrilla the techniques
of guerrilla's popularization (propaganda) are presented, that make possible the
small entrepreneur to reach the white public, to call his/her attention and even of
the great media, without great investments for that. To conclude, creativity
techniques are presented, once the creativity is a professional's main demanded
characteristic to want to use guerrilla's marketing, the creativity is presented in it
professional form, where any people can develop her, respecting the proposed
theory.
IX
SUMARIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................13
Capítulo 1.TEORIA GERAL DO MARKETING.................................................17
1.1 História do Marketing...............................................................17
X
Capítulo 4.CRIATIVIDADE EM MARKETING E PROPAGANDA.......................53
4.1 A inspiração...............................................................................53
4.2 Definição do problema...............................................................54
CONCLUSÃO.....................................................................................................61
BIBLIOGRÁFIA.................................................................................................63
XI
XII
INTRODUÇÃO
As micros e pequenas empresas tendem a não investir em marketing por
considerar um gasto desnecessário e muitas vezes alto, o que desconhecem,
porém, é que com o advento e popularização da Internet, abriu-se uma
oportunidade imensa para que pequenas empresas possam interagir com seu
público alvo, captar novos cliente e divulgar seus produto e serviços, e tudo isso a
valores baixos, se comparados as campanhas de marketing e propaganda em
mídias tradicionais. Além disso, o marketing guerrilha faz uso da criatividade e do
inusitado, para atrair mídia espontânea e a atenção do público alvo, campanhas
essas que muitas vezes custam valores irrisórios, e que demandam muito mais
ousadia do que dinheiro. Num mercado competitivo como o de Guarulhos, as
empresas pequenas precisam buscar formas alternativas para garantir sua
sobrevivência.
Segundo o site da prefeitura de Guarulhos [1].
Guarulhos, 8º maior Produto Interno Bruto (PIB) entre os municípios
brasileiros e o segundo entre os paulistas, de acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). Guarulhos que apresenta
taxa de crescimento real de 2,45%, ou seja, quatro vezes mais que o
registrado pelo Estado de São Paulo no período entre 2000 e 2008, e
possui cerca de 360 empresas que dirigem sua produção para o
mercado internacional cujo principal destino são os Estados Unidos. Em
2008, as exportações alcançaram US$ 2,7 bilhão e o saldo positivo da
balança comercial foi de US$ 332 milhões. Guarulhos ocupa a 5ª
posição entre as cidades que mais exportam no Estado de São Paulo e
a 16ª colocação no cenário nacional, segundo o Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Há de se ressaltar que
a atividade industrial é a principal fonte de recursos e de
desenvolvimento do município, e que Guarulhos é segundo maior
parque industrial do Estado de São Paulo, e, certamente o mais
diversificado. São 2.500 indústrias, nos mais variados segmentos. O
comércio e o setor de serviços, especialmente os ramos de Transportes
e Logística, são também atividades com significativa presença em
Guarulhos, em função da localização estratégica do município e da
presença do Aeroporto Internacional de Guarulhos.
13
É importante ressaltar a fim de uma perfeita compreensão das idéias, que além
da definição formal de micro e pequenas empresas, segundo o site do SEBRAE
onde, é considerada microempresa aquela que possui receita anual bruta igual ou
inferior a R$ 240 mil. Já as empresas de pequeno porte são as que têm
faturamento superior a R$ 240 mil e igual ou inferior a R$ 2 milhões e 400 mil. [2]
No marketing guerrilha compreende-se segundo RIES e TROUT (1986) também
como pequena empresa, toda aquela que não tem capacidade financeira e
estrutural para disputar mercado diretamente com as empresas líderes do
mercado, e por isso deve explorar nichos para diminuir o campo de atuação e
aumentar sua cobertura no mercado escolhido (guerrilhar). Segundo RIES e
TROUT (1986, p.89):
Mais importante do que o seu tamanho é o da concorrência. A
chave para a guerra de marketing é fazer suas táticas sob medida
para a concorrência, não para a sua própria empresa.
14
negligenciados, e para esse intuito o marketing de guerrilha dispõem de diversas
armas para suas ações, como viral, buzz, pr stunt, emboscada, dentre outras.
Vale citar que na maioria das ações a principal mídia utilizada é a Internet, tanto
para geração de buzz, quanto para captação voluntária de pessoas para as ações
de PR Stunt, guerrilha urbana etc..., o que não significa, porém, que o marketing
de guerrilha não atinja outras mídias, principalmente o PR Stunt e a guerrilha
urbana, que muitas vezes vão para as páginas de jornais impressos e na tv.
Claro que as técnicas de marketing guerrilha podem perfeitamente ser usadas por
empresas de grande porte, tanto que já vem sendo usadas por muitas das
maiores empresas do Brasil e do mundo, como Brahma, Fox TV, Nokia, Red Bull
dentre outras empresas, ainda mais na situação atual do mercado, onde a crise
força as empresas a cortarem gastos, mas ao mesmo tempo venderem mais do
que antes. Mas infelizmente as empresas, e até mesmo muitas das agências e
profissionais da área, desconhecem essas técnicas, ou possuem conhecimentos
precários do conceito, perdendo-se em informações contraditórias que poderiam
ser evitadas com uma base teórica um pouco maior do assunto e perdem assim, a
oportunidade de aumentar substancialmente sua participação no mercado.
E é com o objetivo de estudar a viabilidade e as vantagens da utilização do
marketing de guerrilha em Guarulhos que esta monografia foi desenvolvida.
15
No 3º capítulo serão abordadas as técnicas de marketing guerrilha propaganda,
técnicas muito úteis e utilizadas por empresas de todos os tamanhos no Brasil e
no exterior.
16
1. TEORIA GERAL DO MARKETING
Nesse capítulo serão explicadas a história e conceitos principais do marketing
tradicional, características do marketing direto, que é a principal ferramenta em
que os dois tipos de marketing (tradicional e guerrilha) convergem, bem como os
princípios da propaganda.
17
1.1.1 O QUE É O MARKETING
Segundo KOTLER (1998) o marketing possui diversas definições, mas a que
melhor atende é essa:
Marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e
grupos obtém o que necessitam e desejam através da criação,
oferta e troca de produtos de valor com outros. (p.27)
18
apartir da análise delas, é possível saber se realmente o mercado pretendido é
viável para a empresa.
As principais variáveis a serem consideradas são:
19
1.1.3 AS NECESSIDADES E O COMPORTMANETO DOS CONSUMIDORES
Conforme SHIMOYAMA e ZELA (2002, p.8) “O marketing não cria necessidades,
mas apenas a identificam, para que possam ser satisfeitas, com soluções
adequadas”. Segundo KOTLER (1998) “o marketing começa com as necessidades
e desejos humanos”
É importante salientar a diferença que existe entre necessidade e desejo.
Segundo KOTLER (1998)
Necessidade é um estado de privação de alguma satisfação
básica, desejo é algo que as pessoas buscam satisfazer, embora
o objeto de desejo não vise suprir uma necessidade básica. Por
exemplo, temos necessidade de tomar água e desejo de tomar
um suco de laranja. (p.27)
20
Fatores psicológicos: Conforme SHIMOYAMA e ZELA (2002, p 9): as escolhas de
compra são influenciadas por quatro importantes fatores psicológicos: Motivação,
percepção, aprendizagem, crenças e atitudes.
21
1.2 MARKETING DIRETO
Segundo LEVINSON (1989, p.186), “Marketing Direto é aquele que tenha por
objetivo produzir lucros sem um encontro pessoal”. Dentre todas as ferramentas
do marketing tradicional, o marketing direto é a ferramenta mais utilizada no
marketing de Guerrilha.
Em outras palavras, no marketing direto busca-se uma resposta imediata do
cliente, pois conforme LEVINSON (1989, p.187), no “marketing normal à mídia não
lhe dá um retorno tão instantâneo e honesto”
Segundo LEVINSON (1989), além do telemarketing, que é a mais conhecida
técnica do marketing direto, o marketing direto engloba diversos outros meios de
se chegar ao consumidor, dentre eles pode-se citar:
Mailing List: Manter uma lista de emails de clientes potenciais, ou seja, com o perfil
que a empresa busca, ou que já demonstraram interesse em produtos da
empresa. Por esse meio é possível enviar ofertas, promoções, informações,
dentre outras utilidades. A grande vantagem é que os emails geralmente são
respondidos rapidamente, pois redirecionam para o site da empresa, ou para o
serviço de tele vendas, que sana qualquer dúvida a mais que o cliente tenha, e
realiza a negociação para concluir a venda.
Mala Direta: Caracteriza-se por cartas enviadas às residências, contendo
geralmente promoções ou ofertas de produtos, ou em alguns casos, até mesmo
parabenizando seus clientes em datas comemorativas, como aniversários, natal
etc...
Cupons em Jornais e Revistas: Na maioria do caso trata-se de promoções onde os
clientes respondem a um questionário, onde deixam explicito alguns dados úteis,
como endereço, email, interesses pessoais, visão da empresa, que podem ser
usados para futuros contatos.
Televisão e Rádio com resposta direta: Técnica geralmente utilizada pelas rádios,
onde se lança uma promoção e o cliente deve ligar para participar. Alguns
anunciantes utilizam estratégias semelhantes na tv, onde apresentam um produto,
e faz uma promoção para as primeiras pessoas que ligarem solicitando o produto.
22
No rádio também ocorrem esses tipos de anúncios por parte de empresas, mas
em menor número.
Telemaketing: A técnica mais conhecida e utilizada do marketing direto caracteriza-
se por contatos telefônicos com o cliente, onde se busca persuadir o consumidor a
realizar a compra no momento da ligação. É uma técnica popular devido a sua
grande eficiência, agilidade e facilidade de mensuração dos resultados.
Além destes, há outras modalidades como Catálogos, quadro de avisos
eletrônicos etc..., que se parecem muito com as técnicas já descritas.
Ainda conforme LEVINSON (1989), dentre algumas vantagens do marketing
direto, destacam-se:
ü Cria-se uma sensação de urgência: Geralmente as peças de marketing direto,
deixam explícito seu prazo de validade, e o fato de saber que existe um
prazo, motiva as pessoas a agirem, sem pensar muito. Segundo
LEVINSON (1989 p.187) “O Fato de saber que existe um prazo fatal motiva
muita gente a agir, ao invés de perder tempo pensando”
ü Facilmente avaliável: Após a data de vencimento da promoção, o empresário
tem a possibilidade de avaliar se a campanha teve o resultado esperado ou
não. O marketing de mídia não oferece um feedback tão rápido e honesto.
ü Conveniente para o cliente: O cliente tem a comodidade de realizar suas
compras sem sair de casa. Além do mais, segundo LEVINSON (1989,
p.188) os clientes “podem receber qualquer coisa que tenham pedido
dentro de poucos dias, embora a maioria dos consumidores não se importe
em esperar algumas semanas”
ü Possibilidade de seleção: A empresa pode com o marketing direto atingir
somente o mercado desejado, que pode ser segmentado por classe social,
sexo, idade, dentre outras variáveis.
ü Suporte a equipe de vendas: O marketing direto pode ser facilmente usado
como uma prévia da venda a ser realizada pelos vendedores e
representantes comerciais, pois vai criando um desejo no consumidor, o
que facilita a ação da equipe de vendas. Além do mais, segundo
LEVINSON (1989, p.190) com o marketing direto é possível “atingir
23
compradores de cidades pequenas que não são visitadas por sua equipe
de vendas”.
24
• Lembrar: Advertir o consumidor que o produto pode ser necessário no
futuro, e indicar onde pode ser comprado.
25
• A mensagem leve benefícios aos consumidores, seja emocional, sensorial
ou mesmo racional.
5. Como mensurar:
Conforme KOTLER (2003) as campanhas de propaganda exigem “uma pré-
mensuração e uma pós-mensuração”. Ainda segundo KOTLER (2003) as
empresas “devem tentar medir os resultados de cada meio de comunicação, e de
cada veiculo específico”.
26
2. MARKETING DE GUERRILHA ESTRATÉGICO
Nesse capítulo será abordado o conceito de marketing de guerrilha estratégico,
nascido apartir do conceito do marketing de guerra, onde o mercado é tratado
como um campo de batalha, disputado por diversas empresas, cada uma com
suas táticas especificas para alcançarem a vitória.
27
espontânea, por meio de ações como buzz marketing, PR Stunt, viral, emboscada
etc...
Numa época onde segundo BRITO em seu site [6], as mídias tradicionais estão
saturadas de campanhas de propaganda e as pessoas não são mais tão
influenciadas como antigamente por essas campanhas, o marketing de guerrilha
foi ganhando espaço no mercado por possibilitar um contato mais direto com o
público, e pelo seu custo bem menor, comparado aos métodos tradicionais de
propaganda. Exemplos disso foram às ações de emboscada utilizada pela Brahma
na Copa de 1994, a campanha de buzz marketing utilizada pela Nokia, para
divulgar seu evento “Nokia Trends”, as ações de buzz e PR Stunt utilizada pela
rede Fox para divulgar a 2ª temporada do seriado 24 horas, dentre tantas outras
ações utilizadas por grandes e pequenas empresas ao longo dos últimos anos.
Essa concepção de marketing guerrilha ganhou uma maior visibilidade do que a
inicial, pois representou uma nova forma de criar campanhas de propaganda,
muito útil para pequenas empresas, e de boa utilidade para empresas maiores
fugirem do “padrão”. Prova disso é que no Brasil já existem agências
especializadas em marketing de guerrilha, como a Espalhe, agência referência na
área e a Wunderman, que utiliza técnicas de guerrilha, misturadas com técnicas
tradicionais, e figura entre as maiores agências do país.
28
2.1.1 CONCEITO DE MARKETING GUERRILHA ESTRATÉGICO
Segundo RIES e TROUT (1984), o marketing de guerrilha quanto estratégia,
nasceu inspirado no conceito de guerrilha bélica, onde um exército menor busca
agredir um exército menor por meio de ações em campos geográficos pequenos e
com rápidas investidas. O marketing de guerrilha vem da idéia do marketing de
guerra, que difere em partes do marketing tradicional, pois diferente deste, que é
orientado para o cliente, onde:
ü Busca-se descobrir o desejo do cliente por meio de pesquisas.
ü Desenvolver um produto que agrade esse público.
ü Comunicá-los sobre o produto e seus benefícios.
Conforme RIES e TROUT (1986, p.45): “As batalhas de marketing são combatidas
dentro da mente. Dentro de sua própria mente e da de seus clientes em
perspectiva, todos os dias da semana.”
No marketing de guerra, busca-se a orientação nos concorrentes, pois o mercado
é comparado a uma zona de guerra, onde as empresas batalham pelas fatias
desse mercado, e, portanto as empresas devem buscar estratégias para dominar
ou defender fatias desse mercado, conforme RIES e TROUT (1986)
Para ter sucesso hoje em dia, uma empresa precisa ser orientada
para o concorrente. Deve procurar seus pontos fracos e lançar
contra eles os seus ataques de marketing. (p.14)
29
Ofensivamente: Geralmente utilizada pelas empresas grandes, mas que não
dominam o mercado e desejam aumentar sua participação e conquistar a
liderança, pois “tem que ser uma empresa suficientemente forte para montar e
sustentar uma ofensiva contra o líder.” RIES e TROUT (1986, p.63). Caracteriza-se
pelo lançamento de opções de produtos/serviços no mesmo padrão da empresa
líder.
Flanqueando: A estratégia de flanqueamento é geralmente utilizada por
empresas grandes, mas que não possuem condições de concorrer com as líderes.
Conforme RIES e TROUT (1986):
Um movimento de flanqueamento não exige necessariamente um
produto novo, diferente de qualquer coisa no mercado. Mas é
preciso haver algum elemento de novidade ou exclusividade. O
cliente em perspectiva deve colocar você em uma nova categoria.
30
2.1.2 PRINCÍPIOS DA GUERRILHA
Para que a pequena empresa sobreviva no mercado, ela tem que obedecer certos
princípios, os quais estão listados abaixo:
1º Princípio: Encontre um segmento de mercado bastante pequeno para
defender
Para uma empresa pequena, é de vital importância buscar diminuir seu campo de
atuação, pois assim ela ganha no campo escolhido uma visibilidade tão ou maior
do que a empresa líder do segmento. Segundo RIES e TROUT (1986, p.89):
“poderia ser geográficamente pequeno, ou em volume, ou em outro aspecto difícil
para uma grande empresa atacar”. No quesito geográfico, uma empresa pode
possuir pouca capacidade logística e produtiva para atender a todo o mercado de
um determinado segmento, mas a partir do momento em que limita seu campo de
atuação, passa a atender ao mercado muito bem, e geralmente até melhor do que
a empresa líder a este segmento, pois “o varejista local desenvolve a mercadoria,
alimento ou serviço, de maneira a atender aos gostos locais” RIES e TROUT
(1986, p.90), já que o único foco da empresa, passa a ser ele. Além do mais, um
segmento menor significa gastos com propagandas mais centralizados, ou seja, a
pequena empresa ganha a vantagem de poder trabalhar sua divulgação no
mercado de forma muito mais personalizada, o que diminui gastos e aumenta a
efetividade.
Quando a escolha é feita com base no pequeno volume, o que se busca
principalmente é diminuir o risco de empresas maiores se interessarem em entrar
no mesmo segmento, pois o fato de uma empresa adotar estratégias guerrilheiras
não altera a lógica, a grande empresa ainda supera a pequena.
Independente de a segmentação ser geográfica ou de volume, o mais importante
para uma empresa guerrilheira é manter a liderança no mercado escolhido, “esta é
uma estratégia clássica de guerrilha: concentrar-se em um nicho ou segmento de
mercado onde possa defender-se contra a líder do ramo.” RIES e TROUT
(1986,p.90).
31
2º Princípio: Independente da posição conquistada no mercado, nunca haja
como líder
A exemplo do que ocorre na área bélica, onde as guerrilhas utilizam todos seus
homens no campo de batalha, enquanto os exércitos maiores possuem um grande
número de soldados em serviços de suporte (alimentação, logística, médicos,
etc...), a pequena empresa deve buscar ser a mais dinâmica possível, fugindo das
tendências burocráticas típicas de grandes empresas, a pequena empresa deve
ter o máximo possível do seu quadro de funcionários na linha de frente, vendendo,
atendendo, produzindo. Nas empresas grandes, “alguns empregados da empresa
passam anos sem jamais ver um cliente ou um vendedor da concorrência.” RIES e
TROUT (1986, p.93)
A grande vantagem da pequena empresa com relação as grandes, é que ela
consegue se adaptar rapidamente as mudanças, pois seu sistema de tomada de
decisões é rápido, muitas das vezes se limitando a decisão de uma única pessoa.
Conforme RIES e TROUT (1986):
Uma guerrilha também pode tirar vantagem de seu pequeno
tamanho para tomar decisões rápidas. Isto pode ser um bem pre-
cioso na competição com as grandes empresas de âmbito
nacional, para as quais uma decisão rápida significa 30 dias de
trabalho da assessoria em vez de 6 meses. (p.93)
32
O inverso também é valido, ou seja, “as guerrilhas devem usar sua flexibilidade,
saltando rapidamente para dentro de um mercado quando vêem uma
oportunidade” RIES e TROUT (1986, p.94). Vale citar que muitas vezes essas
oportunidade são abertas por empresas grandes que por algum motivo
abandonam um mercado, e abrem oportunidades para pequenas empresas
atuarem, conforme RIES e TROUT (1986):
Algumas vezes uma guerrilha pode penetrar e tomar conta de um
território que uma marca nacional está abandonando por uma
razão ou outra. Freqüentemente a guerrilha pode penetrar
rapidamente para preencher a lacuna, enquanto o mercado ainda
está lá. (p.94)
33
ocupação etc.” RIES e TROUT (1986, p.96). A vantagem disso é que a pequena
empresa tem a vantagem de comercializar um produto semelhante ao
comercializado pela empresa líder, porém personalizado para uma faixa específica
do público, jovens, idosos, pessoas de rendas menores, pessoas de renda
superiores etc...Vale citar, que as táticas de guerrilha geográfica e guerrilha
demográfica podem ser usadas em conjunto.
Guerrilha de Indústria: Essa tática baseia-se na idéia de desenvolver produtos
específicos para uma necessidade em particular de um ramo do mercado, ou seja,
são comuns determinados ramos da área industrial demandarem produtos
específicos, com configurações próprias para suas necessidades, e as empresas
grandes não podem modificar ou criar uma linha de produção especifica para
esses ramos, pois é um investimento que não compensa, porém uma empresa de
pequeno porte pode aproveitar-se dessa situação, e assim desenvolver um
produto específico para esse público. A guerrilha de especializar-se
profundamente em um segmento, ao invés de buscar diversas soluções
superficiais para vários nichos.
Como citado por Ries [1986, p.97]:
“A chave para o sucesso de uma guerrilha de indústria é ser es-
treita e profunda, em vez de ampla e rasa. Quando uma guerrilha
de indústria começa a ampliar suas ambições, em vez de aprofun-
dá-las, você pode esperar por problemas.”
34
Guerrilha de extremidade alta: É comum as empresas grandes fabricarem produtos
de valores médios para atenderem a todas as parcelas do mercado, porém as
parcelas com maior poder aquisitivo da sociedade demandam produtos
exclusivos, que não são usados por qualquer pessoa, pois é uma forma de
ostentação e status. Por isso, muitas empresas pequenas guerrilham criando
produto de alto nível, com valor mais alto do que o comum, e as empresas
maiores, que tem uma imagem geralmente ligada a produtos de massa, ou seja,
de classe média, preferem não investir num mercado de luxo. Porém, as
empresas guerrilheiras dessa área são obrigadas a vencer um grande temor, pois
como citado por RIES e TROUT (1986)
“Muitas guerrilhas potenciais da extremidade alta hesitam em
saltar para o mercado. Elas se preocupam por que suas marcas
não têm a mística para justificar os preços extravagantes que
estão pensando cobrar.” (p.98)
35
3. MARKETING DE GUERRILHA (PROPAGANDA)
Nesse capítulo serão abordadas as diversas ferramentas utilizadas pelas
empresas e agências de propaganda guerrilheiras. Dentre essas ferramentas
destacam-se:
Emboscada, PR Stunt, Viral, Buzz Marketing, dentre outras.
Foco: Apesar de que com o passar dos anos, as grandes empresas passaram a
utilizar técnicas de marketing guerrilha, e hoje em dia muitas empresas a utilizam
como complemento a seus programas de marketing, o marketing de guerrilha
nasceu para ser utilizado por pequenas empresas, para que elas pudessem
ganhar mercado, mesmo não tendo como competir com empresas maiores.
Além do mais busca aumentar e investir na carteira de clientes já existentes, ao
invés de focar em novos clientes, pois “eles são uma espécie em extinção,
porque novos concorrentes estão tentando, todos os dias, cortejá-los, nem que
seja apenas para uma venda” LEVINSON (1989, p.66)
36
3.1.2 MÍDIAS DO MARKETING DE GUERRILHA
Quando o marketing de guerrilha foi conceituado por LEVINSON, na década de
80, ainda se aceitava comprar espaço em mídias tradicionais, como rádio, jornal
impresso e televisão, porém com o passar dos anos, devido principalmente ao
público, pois segundo Ewen [7] “tem muita mídia e é sempre a mesma coisa.
Tem muito comercial de TV, outdoor, painéis, jornais, on-line, rádio, revista que
as pessoas não prestam atenção”. Portanto segundo Ewen [7]
O marketing de guerrilha ajuda as empresas a criarem uma
experiência capaz de gerar atenção e envolver as pessoas. Os
consumidores podem participar das ações e interagir. É uma
forma de criar um diálogo, diferente de uma mensagem unilateral
dos meios tradicionais.
37
clientes, dentre outras coisas, tendo um gasto muito baixo com tudo isso.
Segundo Ewen [7]:
“Precisamos saber o que vamos fazer, se vamos entreter as
pessoas, se vamos fazer um vídeo, colocar fotos no Flicker. É
preciso ter certeza de que a experiência criada vai gerar o
resultado esperado.”
38
3.2 AS TÉCNICAS DE MARKETING DE GUERRILHA
Aqui serão abordadas as diversas técnicas utilizadas por empresas e agências
que utilizam o marketing de guerrilha. Tais técnicas exigem de seu idealizador
uma grande criatividade, bom senso e adequação.
39
Para contornar esta situação, as empresas recorrem à criatividade, criando
peças “camufladas”, para contaminar redes de relacionamento. Um caso típico
desse tipo de estratégia, foi à estratégia utilizada pelos produtores do filme “A
Bruxa de Blair”. Conforme Persona [11], para divulgar o filme, foram distribuídos
panfletos nas escolas, os quais levavam as pessoas por meio da curiosidade a
entrarem no site do filme, onde se tinha a acesso a informações a um suposto
vídeo encontrado em uma floresta, feito por jovens que haviam desaparecido
naquela floresta investigando a lenda da bruxa de Blair. Em pouco tempo,
milhares de pessoas que acreditaram naquilo, divulgaram o site para amigos,
parentes, e a ação pequena e simples, gerou uma repercussão enorme.
É necessário não demonstrar profissionalismo nas peças, pois “quanto menos
oficial ou comercial for, maior a probabilidade da mensagem virar "buzz" ou
rumor e adquirir um caráter viral.” Persona [11]. O motivo dessa necessidade, é
que os novos consumidores tornaram-se excessivamente exigentes e seletivos
para propagandas tradicionais, evitando-as tanto quanto possível, conforme
Persona [11]:
As novas gerações ficarão cada vez mais "vacinadas" contra
propagandas no formato convencional e cada vez mais
vulneráveis àquilo que sai do convencional, que surpreende até
por sua precariedade e caráter pessoal.
Conforme Persona [11], a grande dificuldade para uma empresa que trabalha
com marketing viral, é mensurar sua efetividade, mas por outro lado, é
relativamente simples para a empresa saber se a campanha foi bem sucedida,
pois basta acompanhar se houve aumento na visualização dos vídeos virais,
comentários em blogs e redes sociais, e outros indicadores do tipo.
40
3.2.2 BUZZ MARKETING
O buzz marketing, também conhecido como marketing boca a boca, tem como
princípio, como o próprio nome indica, a transmissão de informações sobre um
produto ou serviço entre pessoas, sem o auxílio de mídias contratadas. A idéia é
criar um impacto, o qual leve as pessoas a comentarem com outras a respeito do
que foi absorvido. Segundo site Artigonal [12], “o buzz marketing se aproveita de
notícias e eventos para fazer com que “certas” pessoas descubram e tomem
consciência da marca e tornem-se entusiastas pela mesma”. Assemelha-se
muito ao marketing viral, tendo como principais diferenças o fato de que
diferente desse, o buzz marketing não se limita à divulgação via Internet, e que o
buzz marketing é mais segmentador nas suas ações, pois diferente do viral, não
busca atingir qualquer pessoa, mas sim pessoas com perfis pré-determinados.
Para se criar uma campanha de buzz marketing, é necessário que se respeite
pontos fundamentais:
41
enviada a formadores de opinião, como blogueiros, promoters e
DJs.
42
3.2.3 MARKETING DE EMBOSCADA (AMBUSH)
O marketing de emboscada, também conhecido como ambush marketing, é uma
arma de marketing de guerrilha muito útil em eventos patrocinados, pois conforme
artigo em Internativa [15], “é uma estratégia que consiste em tirar proveito
publicitário invadindo um evento ou espaço de um veículo de comunicação sem
amparo contratual com os detentores do direito”.
O marketing de emboscada possui a vantagem de possuir um menor custo, pois
as empresas que optam pelo marketing de emboscada não necessitam de
investimentos tão altos quanto seus concorrentes, e muitas vezes obtém uma
visibilidade tão grande ou até maior que o concorrente que investiu um capital
maior. Conforme Internativa [15]:
O clássico sinal de “número 1” que os jogadores brasileiros faziam
nas comemorações de gols na Copa de 94 (em homenagem à
Brahma) e os estudantes que tatuaram o símbolo da Reebook em
suas testas na Maratona de Boston em 2003. Em ambos os
casos, as empresas citadas pegaram carona em eventos cujos
direitos foram comprados – a custos elevadíssimos – por seus
concorrentes: a Kaiser, a Antarctica e a Adidas.
Não se tem uma data exata da criação do marketing de emboscada, mas segundo
Portal Exame [16] o “primeiro episódio envolvendo marketing de guerrilha
(emboscada) ocorreu durante a Olimpíada de Los Angeles, em 1984”., quando a
Kodac, então concorrente da patrocinadora oficial do evento, a empresa Fuji,
patrocinou a transmissão do evento em um canal de televisão.
O marketing de emboscada destaca-se em eventos esportivos. Em 1994 tivemos
um exemplo de ação que até hoje é case em diversas palestras e cursos a
respeito do marketing de emboscada, foi o caso da Brahma, conforme citado por
João Henrique, em seu site [17]:
A Brahma ficou fora das cotas de patrocínio da TV Globo (Kaiser)
e BAND (Antarctica) e a solução foi fazer um programa próprio
com o Jô Soares no SBT (jornalismo da Copa) e contratar os
jogadores da seleção.
A Brahma pagou para que os jogadores comemorassem seus gols com um gesto
de número “1”, o slogan da Brahma na época da copa, que veiculava a campanha
na tv, “a número 1”, onde toda vez que alguém em um bar levantava a mão e fazia
43
o gesto número 1 com o dedo indicador, o garçom trazia uma Brahma, assim, a
cada gol da seleção as pessoas viam o dedo dos jogadores fazendo o sinal de
número 1, e logo lembravam da marca.
Fora isso, a Brahma distribuía também á torcida que comparecia aos estádios,
uma mão gigante com o dedo indicador levantado, em sinal de número 1, sem que
a torcida soubesse que estava fazendo marketing para a marca, assim, toda vez
que as câmeras focalizavam a torcida, todos viam também o “número 1”, ou seja,
a Brahma conseguiu tornar sua marca mais visível do que a patrocinadora oficial
do evento, que gastou milhões pelo direito de exclusividade, mas ficou limitada a
banners nos estádios, enquanto a Brahma agia de forma oportuna e criativa, e
com um investimento bem menor. O resultado disso, conforme João Henrique
[17]:
A Brahma assumiu a liderança de venda de cervejas no 1º.
Semestre de 1994 e o projeto entrou na galeria dos casos
mundiais de AMBUSH MARKETING (Marketing de Emboscada)
44
Porém é necessário ser ético nas ações, pois há casos onde empresas utilizaram
técnicas de emboscada de forma antiética, e a ação acabou se transformando em
um antimarketing, com as empresas sendo duramente criticadas. Foi o caso da
Red Bull, que em janeiro de 2007, se aproveitou do desabamento de uma obra do
metrô, na cidade de São Paulo, onde morreram 7 pessoas, para divulgar sua
marca, enviando moças, conforme Mundo do Marketing [19] “vestidas com um
uniforme provocante que exibia a marca do produto, elas eram protagonistas de
uma cena totalmente desconexa com a realidade daquele cenário de areia, choro
e suor”, que distribuíam o energético da marca aos bombeiros que trabalhavam na
busca dos corpos soterrados, a ação foi considerada de mau gosto pela crítica, e
a empresa foi vítima de críticas em diversas mídias.
45
também não podem circular com uniformes que estampem o
logotipo de outras empresas sem autorização do governo.
Mas vale ressaltar que, conforme artigo no site Resultato [21]: “Não há
regulamentação sobre o tema no Brasil e tampouco jurisprudência”
Porém é importante a empresa que utiliza o marketing de emboscada estar atenta
a todas as possibilidades.
3.2.4 PR STUNT
PR Stunt baseia-se na criação de situações diferentes e inusitadas, com intuito de
chamar a atenção da mídia, pois conforme Guerrilha Pedia [22]:
Os veículos de comunicação (rádios, revistas, jornais, tevês, sites
e blogs) procuram incessantemente notícias e pautas para as
suas publicações, havendo aí uma grande brecha para se
conseguir mídia espontânea
46
3º - Assistir à televisão .........................................................46 %
4º - Ouvir música (usando qualquer dispositivo) ....................36 %
5º - Ir ao cinema .................................................................30 %
6º - Ler livros (impressos ou on-line) ...................................25 %
7º - Ler revistas (impressas ou on-line) ...............................16 %
8º - Jogar videogames ou jogos de computador .................14 %
9º - Ouvir rádio .....................................................................13 %
10º - Ler jornais (impressos ou on-line) ...............................12 %
Pela análise fica evidente, o poder da Internet, televisão, rádio e jornais possuem,
embora os dois últimos estejam um pouco abaixo na preferência. São essas
quatro mídias principalmente que as ações de PR Stunt buscam atingir.
Portanto, segundo Guerrilha Pedia [22] “a efetivação do PR Stunt se dá por meio
do trabalho de relacionamento com a imprensa, realizado por agências de RP
especializadas na ferramenta”, que se encarregam de informar os fatos aos
principais veículos de comunicação.
Conforme Guerrilhapedia [22]: “além da economia de verba, a vantagem adquirida
é a credibilidade transmitida pelo veículo a partir de uma notícia”
47
Figura 4: Arte Urbana [23]
A arte urbana demanda um perfeito senso de adequação, para que a ação não
seja mal interpretada pelo público, a exemplo do que ocorreu com a Mattel,
famosa por ser a fabricante da boneca Barbie, que em 2005, para divulgar o
lançamento de uma nova boneca, segundo Administradores [26]: “pintou uma rua
toda de cor-de-rosa para promover a boneca. A ação, obviamente, irritou os
moradores. Os consumidores sentiram que seu espaço foi invadido”.
Portanto, nas campanhas de arte urbana, deve-se respeitar o perfeito equilíbrio
entre criatividade e adequação, para atingir o público da forma desejada sem
incomodar as demais pessoas envolvidas. Um bom exemplo é o da empresa Kraft,
fabricante do pó Royal, que criou a seguinte peça:
48
Figura 6: Arte Urbana 3 [27]
(www.brainstorm9.com.br/images/royalpredio.jpg - Acessado em 13/09/2009)
49
3.2.6 GUERRILHA URBANA
As técnicas de guerrilha urbana têm como características a criação de situações
extremamente inusitadas, onde o público pode interagir com os profissionais.
Segundo Você vê Comunicação [28]: “quase sempre envolvendo o uso da
internet, com baixo investimento e que buscam a repercussão por meio do bom e
velho boca a boca.”
A guerrilha urbana é usada por diferentes tipos de empresa, grandes e pequenas,
e até mesmo organizações não governamentais. Exige criatividade, e algumas
vezes artistas ou voluntários, para encenarem as peças criadas.
Conforme citado anteriormente, a guerrilha urbana tem uma forte ligação com a
Internet, onde muitas das ações são planejadas e difundidas, principalmente em
redes sociais, como por exemplo, os flash mobs, segundo Guerrilha Pedia [22],
“mobilizações instantâneas ou temporárias, geralmente organizadas através de
celulares e internet, na maioria das vezes sem um propósito claro”, com o intuito
de gerar buzz e mídia espontânea, técnica muito utilizadas por ong`s, como a
ação organizada pelo greenpeace na data de 22/08 em São Paulo:
50
Outra modalidade de guerrilha urbana é chamada de perfomance, e consiste na
criação de performances em cenários públicos, de grande movimentação da
população. As ações de perfomance muitas vezes exigem um orçamento alto em
comparação a outras técnicas do marketing de guerrilha, mas isso é compensado
pelo seu alto grau de eficiência em atrair a atenção do público e da mídia. Muitas
vezes as ações exigem a contratação de artistas como cantores, dançarinos e
atores, para encenarem as situações pretendidas de forma perfeita.
Um grande exemplo de ação de performance aconteceu em janeiro de 2009 na
cidade de Londres, idealizada pela empresa de telefonia britânica T-Mobile, a
ação contou com a participação de 350 dançarinos em uma estação de trem em
Londres. A ação ocorreu de forma surpreendente, os 350 bailarinos que estavam
no meio do público iniciaram uma coreografia, segundo site Marketing On-line [30]:
Quando começou a tocar uma música e pessoas começaram a
dançar, incluindo transeuntes que se motivaram a participar da
dança, filmarem com o celular, contarem a amigos, gerando forte
boca-a-boca.
Além do mais, segundo publicado em Marketing On-line [30]: “a ação conta com
um canal no Youtube que traz outros vídeos com o por trás das cenas, o
treinamento, a reação do público e as lições de como se fazer à dança.”
O que foi reforçado pela ação seguinte, onde foram montadas tendas em áreas
públicas, onde se tocava a música da coreografia, e as pessoas podiam entrar
para mostrar que aprenderam a dança. Segundo o site Marketing On-line [30], até
Abril de 2009, o vídeo da coreografia teve 9,8 milhões de visualizações. Além do
mais a campanha conta com recursos multimídias onde as pessoas podem
colocar a foto dos rostos de até 3 pessoas em corpos que dançam a coreografia e
enviar para amigos, bem como postar vídeos pessoais da coreografia em
situações inusitadas como casamentos, aniversários e outras situações, o que
tornou a campanha também um case de marketing viral.
51
Figura 8: Guerrilha Urbana 2
52
4. CRIATIVIDADE EM MARKETING E PROGPAGANDA
Umas das principais características que um profissional deve possuir para se
aventurar em Marketing Guerrilha é a criatividade, uma característica que pode ser
desenvolvida por qualquer indivíduo. Para isso, basta que se respeite as etapas
da criação profissional.
4.1 A INSPIRAÇÃO
No campo de propaganda e marketing, essa é uma palavra que deve ser
esquecida, segundo MENNA (1982) a inspiração está mais afundada na
superstição das pessoas do que na realidade.
O motivo para esse repúdio a inspiração é óbvio, profissionais de criação
trabalham com prazos, e não podem se dar ao luxo de ficarem reféns da
inspiração, aguardando que um surto criativo os auxilie a qualquer momento. Além
do mais, o termo inspiração, nasceu historicamente como elemento de valorização
da individualidade do artista entre os séculos XVIII e XIX, que veio a tona durante
o movimento artístico conhecido como Renascimento, e posteriormente foi
reprimido durante o movimento Barroco e Classicismo, mas voltou fortalecido
durante o Romantismo. Como inspiração, a idéia era de colocar um algo pessoal
nas obras, se exprimir, se auto projetar, ou seja, ter uma visão pessoal de algo, e
sua obra ser uma representação dessa visão.
A inspiração surgiu do idealismo dos burgueses, conforme MENNA (1982):
Como burguês livre, o artista romântico defende subjetiva e
objetivamente a afirmação de seu “eu” em contraposição ao
estado de servidão “impessoal” de seus antecessores. Assim, ele
condiciona sua criação a uma novo e indispensável fator que
somente poderia nascer nele mesmo, do fundo de sua
individualidade, e que não poderia ser controlado por quem quer
que seja: a inspiração. (p.37)
Atualmente nossa realidade não demanda uma “inspiração”, pois como já citado
anteriormente, não podemos desperdiçar tempo aguardando uma inspiração, pois
trabalhamos através de encomendas, com prazos, portanto o profissional de
criação deve buscar desenvolver os meios profissionais de criação. Segundo
MENNA (1982):
53
O domínio da técnica profissional, aplicada ao domínio, de uma
musica técnica mental, praticamente infalível, como um isqueiro a
gás, voltou a ser a fonte segura de toda a sorte de tarefas de
criação. Está técnica mental pode, e deve, ser aprendida, assim
como pode, e deve ser continuamente, aprimorada e enriquecida
ao longo da vida.(p38)
54
4.3 FASES DO PROCESSO DE CRIAÇÃO
O processo de criação em propaganda pode ser dividido nas 4 fases seguintes:
Preparação: Após definido o problema que a pessoa terá que resolver, ela deve
iniciar a fase de pesquisa e manipulação da maior quantidade de dados possíveis
acerca do produto ou serviço que será divulgado. O profissional de criação deve
buscar todo tipo de informação acerca do que irá anunciar, através de leituras,
experimentando o produto, ouvindo opiniões dos outros etc...
Segundo MENNA (1982):
Saber tudo sobre ele devassá-lo, conviver com ele dia e noite, pô-
lo em cima da mesa, enquanto se aquecem os neurônios com o
problema fundamental: o que devo dizer ou mostrar, para que
cada pessoa que veja esse anuncio concorde em comprar isso?
(p.150)
55
Iluminação: Conforme já explicado, essa fase pode ocorrer com o homem de
criação durante a fase de preparação ou durante a incubação, é o momento em
que a solução surge.
56
4.3.1 ADEQUAÇÃO
O que diferencia profissionais de criação, de simples pessoas criativas, é que o
profissional de criação deve saber que nem sempre a alternativa mais apelativa, é
a mais viável. Conforme MENNA (1982, p.120): “Chamar a atenção é a coisa mais
fácil do mundo, caso ignoremos o sentido de conveniência, de adaptação.”
57
de criação se identifica com o público escolhido, e, portanto entende perfeitamente
sua mentalidade, porém o profissional de criação necessita estar apto a criar para
qualquer público, independente de seus gostos pessoais.
Porém nem sempre o excesso de intimidade é um ponto positivo, valendo o
exemplo de produtos direcionados a jovens, apesar do público jovem em sua
maioria utilizar muitas gírias, uma criação com excesso de gírias nem sempre é
bem interpretada, portanto nesse caso, muitas vezes é mais viável utilizar uma
linguagem mais limpa e direta.
Segundo MENNA (1982):
Se eu tenho que anunciar qualquer produto a jovens hoje, confio
muito mais numa linguagem franca, direta, honesta ao Maximo do
que muito apelo a suas curiosas gírias, (mesmo as que eu
conheço), ou a excesso de familiaridade com o seu mundo, que
busco compreender, mas que definitivamente não é o meu.
(p.135)
São pequenos detalhes que muitas vezes são considerados insignificantes, mas
que fazem muita diferença.
Portanto, pode se definir a adequação como a qualidade superior, pois segundo
MENNA (1982, p.136): “É ela quem dá a idéia criativa à tonalidade exata e eficácia
em função da venda!”
O homem de criação tem que estar atento ao fato que grupos humanos diferem
entre si por conceitos estéticos, sociais e psicológicos, portanto a propaganda de
uma empresa jamais poderá obter sucesso se não respeitar essas diferenças, e
não empregar linguagem adequada às pessoas que pretende influenciar.
É importante também que o conceito de adequação não prejudique a força criativa
do homem de criação, pois a boa propaganda geralmente não é a propaganda
comportada, média, sem brilho, mas sim a que contém ousadia, que assume
riscos, porém, riscos calculados. Portanto a melhor qualidade da adequação é
calcular os riscos, e não eliminá-los.
58
4.4 ASPECTOS TÉCNICOS
O homem de criação deve sempre respeitar os seguintes aspectos:
Dizer tudo criativamente: É preciso saber definir tudo com graça e originalidade.
Segundo Menna [1982, p.232]:
“Há sempre dois modos (pelo menos) de expressar um mesmo pensamento: o
óbvio e o criativo. E o óbvio raramente convence”
Portanto é necessário ao homem de criação estar apto a criar tudo de forma nova,
intrigante, espirituosa ou dramática.
Diga a verdade: É fato que qualquer propaganda deve ser baseada em argumentos
verídicos, não pode conter dados falsos, o que poderia resultar em processos
judiciais contra a empresa, porém, em muitos casos, por motivos diversos a
empresa opta por omitir certas informações. Esse problema ocorre pelo fato de
que há uma dificuldade grande em explorar a verdade de forma persuasiva.
Segundo Menna [1982, p.234]:
“As pessoas muitas vezes estão de tal
forma envolvidos em preconceitos e
temores, que na hora de autorizar um
anuncio – algo publico, devassado,
irreparável – a inversão poética, a
fantasia desculpável, a verossimilhança,
a omissão, a habilidade em contornar
59
desconhecidos problemas, torna-se a
tentação de todos.”
60
CONCLUSÃO
Conclui-se que o marketing tradicional possui um foco maior em empresas de
grande porte, com alto poder de investimento, enquanto as pequenas empresas,
não consideram válido investir em marketing, devido ao grande investimento
necessário para se manter um programa de marketing, principalmente
propagandas freqüentes, nas mídias tradicionais, necessárias para a solidificação
da imagem da empresa, junto ao público alvo. Como alternativa a isso, o
marketing de guerrilha apresenta a possibilidade de investimentos bem menores
em mídias alternativas, principalmente Internet, e ações diretamente junto ao
público alvo, o que possui a vantagem de não ser prejudicada pela repulsa
desenvolvida pelo público a propaganda tradicional nos últimos anos. Porém, a
Internet é uma mídia utilizada principalmente por jovens, e produtos voltados para
públicos de idades mais elevadas não teriam grande sucesso se anunciados na
Internet, principalmente o público de baixa renda, que não possui fácil acesso à
tecnologia.
É importante ressaltar que o marketing de guerrilha envolve custos, que em muitas
situações, podem superar anúncios em certas mídias, como rádio e jornais,
dependendo a técnica utilizada, e a forma como ela será criada, logo, é importante
que assim como acontece no marketing tradicional, antes de se aventurar em uma
campanha de guerrilha, que seja feito um planejamento, definido o objetivo que se
deseja alcançar com a campanha, e controlar os resultados, de forma a manter
bases reais da viabilidade do investimento, pois o marketing de guerrilha, apesar
de relativamente simples, não deve ser tratado como uma aventura, algo que a
empresa utilize esporadicamente para ganhar a simpatia na região ou aparecer na
mídia, mas sim com objetivos bem definidos, como tornar a marca ou empresa
mais conhecida junto ao público, divulgar um novo produto ou serviço, reforçar a
imagem da empresa, aumentar o número de vendas, ou qualquer outro objetivo do
gênero. Porém uma regra básica do marketing tradicional também é
importantíssima no marketing de guerrilha, para o real sucesso da campanha, é
importante que o produto ou serviço seja de boa qualidade, pois caso contrário,
61
uma grande divulgação de um produto ou serviço de má qualidade, somente
aumentará a quantidade de pessoas insatisfeitas com a empresa.
Percebe-se a partir dos estudos, que o ideal para uma perfeita divulgação da
empresa, é que se utilize as técnicas mais simples do marketing tradicional, como
o marketing direto, juntamente com o marketing de guerrilha estratégico, buscando
um nicho ou segmento onde a empresa possa atuar sem o problema de ter que
disputar mercado com grandes empresas, o que garante uma vantagem
competitiva, além de que maximizam as campanhas de marketing e propaganda,
que por atenderem a uma área menor, demanda um investimento monetário
menor, atentando-se sempre ao fato que a região deve ser suficiente boa para
garantir a continuidade da empresa.
Portanto, se utilizado de maneira profissional e coerente, respeitando-se as regras
de adequação, o marketing de guerrilha apresenta-se como uma ótima ferramenta
para auxiliar no crescimento e sobrevivência das pequenas empresas, mas se
utilizado de maneira irresponsável, ele pode ter o efeito inverso, difamando a
empresa.
62
BIBLIOGRAFIA
Meio Impresso
COBRA, M. Administração de Marketing 2ª Edição, 1992, Editora Atlas S.A
63
Meio Eletrônico
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65
[18] Figura 2: Emboscada
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