O documento descreve a nefelina sienito, uma rocha ígnea rica em feldspatos sódicos. A nefelina sienito é usada como matéria-prima nas indústrias de vidro e cerâmica devido ao seu alto teor de alumina e álcalis. No entanto, os altos teores de ferro dificultam seu aproveitamento industrial. O documento também discute a mineralogia e geologia da nefelina sienito.
O documento descreve a nefelina sienito, uma rocha ígnea rica em feldspatos sódicos. A nefelina sienito é usada como matéria-prima nas indústrias de vidro e cerâmica devido ao seu alto teor de alumina e álcalis. No entanto, os altos teores de ferro dificultam seu aproveitamento industrial. O documento também discute a mineralogia e geologia da nefelina sienito.
O documento descreve a nefelina sienito, uma rocha ígnea rica em feldspatos sódicos. A nefelina sienito é usada como matéria-prima nas indústrias de vidro e cerâmica devido ao seu alto teor de alumina e álcalis. No entanto, os altos teores de ferro dificultam seu aproveitamento industrial. O documento também discute a mineralogia e geologia da nefelina sienito.
O documento descreve a nefelina sienito, uma rocha ígnea rica em feldspatos sódicos. A nefelina sienito é usada como matéria-prima nas indústrias de vidro e cerâmica devido ao seu alto teor de alumina e álcalis. No entanto, os altos teores de ferro dificultam seu aproveitamento industrial. O documento também discute a mineralogia e geologia da nefelina sienito.
1. INTRODUO A nefelina um mineral (Na,K)(AlSiO 4 ) aluminossilicato de sdio, do sistema hexagonal, pertencente ao grupo dos feldspatides, que se forma nas rochas magmticas subsaturadas em slica. O magma, com slica insuficiente para combinar com o sdio e formar feldspato, favorece a formao da nefelina, cujo nome deriva do grego, nephele, que significa nuvem, dado que, quando imerso em cido, o mineral torna-se turvo. Nefelina sienito uma rocha gnea rica em feldspatos sdicos, praticamente livre de quartzo, com a presena de minerais ferromagnesianos, tais como piroxnio sdico, o anfiblio alcalino e a biotita. A rocha ocorre em geral na forma irregular em corpos intrusivos de tamanhos variados e a textura do tipo grantica ou gnissica, cuja individualizao dos gros se obtm na granulometria que varia desde poucos milmetros at 100 m. A nefelina sienito constitui uma das matrias-primas essenciais para as indstrias de vidros e cermicas. Na fabricao de vidros, esse insumo mineral utilizado cada vez mais como fonte de lcalis, que favorece o processo de vitrificao em temperaturas mais baixas, com substancial reduo no consumo de combustvel. Na indstria cermica, a nefelina sienito um substituto virtual do feldspato, em decorrncia do seu elevado teor de alumina. Alm disso, o elevado teor de lcalis diminui a fusibilidade, melhora a capacidade fluxante e permite a sinterizao de corpos cermicos a baixas temperaturas ou com uma menor quantidade de agente vitrificante. Tais razes justificam a procura pelos produtos de nefelina sienito, por parte das indstrias de vidro e cermica.
1 Eng o de Minas/UFPE. D.Sc. Eng. Metalrgica/COPPE-UFRJ, Tecnologista Snior do CETEM/MCT 2 Eng a Qumica/UFS, D.Sc. Eng. Qumica/COPPE-UFRJ, ex-Tecnologista do CETEM, atualmente no MPEG. Nefelina Sienito 546 A aplicao dos produtos de nefelina sienito em diversos setores da indstria, especialmente de vidros e de cermicas, encontra, no entanto, dificuldade em relao ao teor de Fe 2 O 3 e da granulometria de liberao dos minerais portadores de ferro. Em alguns casos inviabiliza o aproveitamento do depsito mineral, embora a separao magntica seja efetiva na remoo desses minerais, dentre os quais destacam-se a magnetita e os hidrxidos de ferro. Assim, o aproveitamento econmico dos depsitos de nefelina sienito torna-se vivel, especialmente, quando o teor de Fe 2 O 3 situa-se abaixo de 2,0%. De forma paradoxal, quando o ferro se encontra na forma de sulfetos, a sua remoo constitui uma etapa rdua do processo. Em alguns casos, a conjugao dos processos de flotao seguido de lixiviao, torna-se de uma alternativa tecnolgica para o caso (Frana, 2002; Braga, 1999). Embora o mercado seja favorvel nefelina sienito, h dificuldades em se obter produtos com baixo teor de ferro. Essas dificuldades tornam-se mais acentuadas nas indstrias de vidro e cermica, nas quais sofre a concorrncia de feldspato e aplitos. No Brasil a rocha ainda no utilizada nessa aplicaes, embora haja registro de tentativas nesse sentido. 2. MINERALOGIA E GEOLOGIA 2.1. Mineralogia Sempre que se fala sobre nefelina, um feldspatide, torna-se indispensvel o conhecimento bsico dos conceitos mineralgicos relacionados aos feldspatos, sobre os quais feita uma abordagem preliminar. Feldspato um termo genrico para um grupo de aluminossilicato contendo potssio, sdio e clcio. Os principais minerais so ortoclsio albita (Na 2 O.Al 2 O 3 .6SiO 2 ), anortita (CaO.Al 2 O 3 .2SiO 2 ) e ortoclsio/microclnio (K 2 O.Al 2 O 3 .6SiO 2 ). Os grupos dos feldspatos formam duas sries cristalinas ou solues slidas de minerais. O diagrama da Figura 1 ilustra as sries de produtos comerciais de feldspatos, As reas em negrito representam feldspatos homogneos, enquanto a rea na cor cinza ilustra as variaes nas composies para as pertitas e as antipertitas. No diagrama constam as diferenas de composies entre produtos comerciais, embora no esteja indicada a composio modal do feldspato de produtos individuais (isto , se cada ponto corresponde a um monomineral ou a um produto feldspato) 8 3 O KAlSi 8 2 2 8 3 . . O Si CaAl O NaAlSi Rochas e Minerais Industriais CETEM/2005 547
Figura 1: Diagrama ilustrativo sobre os produtos comerciais de feldspatos, srie plagioclsios (Smith e Bates citados por Kauffman e Dyk (1994)). As composies das fases finais das sries referem-se aos feldspatos com predominncia de sdio, clcio e potssio. Os feldspatos cuja composio qumica varia entre sdio e potssio so ditos feldspatos alcalinos; enquanto aqueles entre sdio e clcio so ditos calco-sdicos ou feldspatos plagioclsios. Com base nos aspectos de estrutura e composio qumica, esses grupos podem ainda ser subdivididos dentro da srie alcalina e plagioclsio. A distino e proporo das fases so importantes na classificao das rochas gneas (Deer et al., 1996). As propriedades fsicas de ambas as sries so muito similares. Os feldspatos tm dureza 6, densidade variando de 2,54 a 2,76 e um lustre vtreo. A cor mais especfica e pode variar do translcido ao transparente, branco ao cinza, verde, amarelo e vermelho. Os aspectos diagnsticos dessas duas sries geralmente exigem auxlios de outros recursos como: pticos, de anlises qumicas, de raios-X, entre outros. No obstante, a presena de albita pode facilitar a distino, at mesmo a olho nu, entre os plagioclsios e os feldspatos rico em potssio. Nefelina Sienito 548 Pertitas so produtos de exsolues de uma soluo slida, inicialmente homognea, de feldspatos patssio-sdio que formam (em um ambiente de temperatura decrescente) um intercrescimento de feldspatos ricos em sdio no cristal hospedeiro de feldspato rico em potssio. Antipertitas so produtos de exsoluo, na qual o mineral hospedeiro um feldspato plagioclsio rico em sdio e os intercrescimentos so feldspatos ricos em potssio. A nefelina o mais comum dos feldspatides (aluminossilicatos de potssio, tendo sdio e clcio como elementos principais), entretanto, com quantidades menores de ons metlicos. O contedo de slica faz a diferena qumica entre feldspatos e feldspatides, os quais contm cerca de dois teros de slica a menos que os feldspatos alcalinos e, por isso, tendem a formar solues ricas em lcalis, especificamente, em sdio e potssio. O grupo dos feldspatides inclui tambm leucita, sodalita e cancrinita. A estrutura dos feldspatides semelhante quela dos feldspatos e minerais de slica. Contudo, vrios deles desenvolveram cavidades estruturais maiores que as dos feldspatos, como resultado de ligaes de quatro e seis clulas tetradricas. Esse aumento na abertura de estruturas para um certo nmero de feldspatides, em relao aos feldspatos, responde pela diferena nas densidades desses minerais. Assim, se explica a diferena nas faixas de densidade entre esses minerais como entre 2,15 e 2,50, para feldspatides, e entre 2,54 e 2,75, para os feldspatos. (Klein et al., 1985). A nefelina se cristaliza no sistema hexagonal e pode se alterar, formando sodalita, cancrinita e zelita. A sua frmula qumica NaAlSiO 4 , com a possibilidade de ocorrer a substituio do sdio pelo potssio. O clcio est presente em alguns casos, com quantidade varivel de 3 a 12%. Na Tabela 1 encontram-se as composies tericas da nefelina comparadas aos principais minerais do grupo dos feldspatos, bem como as composies de nefelina, albita e microclnio, provenientes da provncia de Ontrio, Canad, e de uma nefelina sienito do Brasil. Rochas e Minerais Industriais CETEM/2005 549 Tabela 1: Composies tericas (%) da nefelina e dos minerais que compem as sries dos feldspatos, bem como a nefelina, a albita e o microclnio da provncia de Ontrio, Canad. Composies tericas da nefelina e dos principais membros das sries dos feldspatos. Feldspatos Na 2 O K 2 O CaO Al 2 O 3 SiO 2
Nefelina 21,8 35,9 42,3 Microclnio - 16,9 - 18,4 64,7 Ortoclsio 16,9 - 18,4 64,7 Albita 11,8 - - 19,5 68,7 Anortita 20,1 36,6 43,3 Composies qumicas de nefelina, albita e microclnio da provncia de Ontrio Brasil Ontrio Canad xidos Nefelina Nefelina Albita Microclnio SiO 2 58,40 43,01 67,90 64,50 Al 2 O 3 23,80 34,01 20,60 19,31 MgO 0,60 0,04 0,06 0,42 CaO 2,60 0,36 0,24 0,07 Na 2 O 7,24 15,42 10,78 2,03 K 2 O 5,57 6,15 0,15 13,59 H 2 O - 0,99 0,22 0,28 Fe 2 O 3 3,30 0,14 ND ND FeO - ND ND ND Densidade - 2,62 2,59 2,55 Fontes: Klein (1985); Kauffman e Dyk( 1994) e Guillet (1994) 2.2. Geologia A nefelina sienito uma rocha gnea e se caracteriza pela escassez de quartzo e presena do feldspatide, nefelina. A rocha formada com base em magmas alcalinos com baixo teor de slica, o que favorece a formao da nefelina em vez do feldspato albita, muito embora, haja nefelina sienito com origem em gnaisses. As nefelinas sienitos so compostas essencialmente de nefelina, plagioclsios sdicos (em geral albita ou oligoclsio) e microclnio, todavia, a proporo desses minerais pode variar segundo faixas extensas. Esses tipos de rocha contm de 20 a 30% de nefelina, no entanto, so encontradas segregaes aproximadamente puras. Os minerais acessrios mais encontrados so: hornblenda, piroxnio, pirita, biotita, moscovita, magnetita, calcita, entre outros que podem ocorrer em propores que variam desde traos at poucos pontos percentuais, tais como: sodalita, cancrinita, granada, zircnio, apatita, corndon, Nefelina Sienito 550 titanita, ilmenita, escapolita, calcita, turmalina, vesuvianita, clorita e zelitas. Para melhor aproveitamento comercial, as jazidas de nefelina sienito devem conter menos que 5% de minerais ferromagnesianos e ausncia de corndon. No Brasil, h vrios depsitos de grande porte de nefelina sienito distribudos principalmente nos estados do Rio de Janeiro, So Paulo, Minas Gerais, Bahia, entre outros. Mesmo assim, a produo de matria-prima contendo lcalis (Na 2 O + K 2 O) ainda advm do feldspato produzido a partir de pegmatitos. 3. LAVRA E PROCESSAMENTO 3.1. Lavra A lavra feita em geral por mtodos a cu aberto. Como se trata sempre de rocha compacta, o desmonte, feito por explosivos na maioria dos casos, utiliza relao estril:minrio sempre baixa, igual a 1:1. O transporte tambm feito de forma convencional, por meio de carregadeiras frontais e caminhes. 3.2. Processamento Os depsitos comerciais de nefelina sienito devem ter granulometria de liberao dos minerais de ganga (biotita, hornblenda, pirita, magnetita, etc) numa faixa que permita a remoo dos mesmos por processos convencionais de concentrao e, ainda, possibilite o emprego industrial do produto final. Tais processos devem proporcionar produtos finais com pureza adequada sua utilizao nas indstrias que exigem insumos com elevado ndice de alvura, para os quais os minerais escuros so os mais nocivos. O xito no emprego dos processos de remoo desses minerais est relacionado granulometria de liberao dos mesmos. Assim, para liberao em granulometria grossa, torna-se essencial o emprego da separao magntica e da flotao, processos, em alguns casos, seguidos de lixiviao. No processamento de nefelina sienito prtica universal iniciar com dois estgios de britagem, primria e secundria, seguidos da remoo dos minerais de magnetita e ferromagnesianos, em geral por meio de separao magntica a mido de baixa e alta intensidade. O produto, aps secagem, ento modo em moinhos com meio moedor de quartzito e classificado em aerosseparadores, de acordo com as especificaes comerciais. Rochas e Minerais Industriais CETEM/2005 551 A flotao tambm empregada em alguns casos, quando h minerais de ferro com baixa susceptibilidade magntica (por exemplo, pirita) ou h chance de obter concentrados de moscovita como subproduto. 4. USOS E FUNES As indstrias de vidro e cermica so as principais usurias de produtos nefelina sienito. Outras aplicaes do produto nefelina sienito incluem a produo de alumina, carbonatos de sdio e potssio, cimento portland, apatita, entre outros. Tambm tem-se ampliado o uso da nefelina sienito para obteno de agregados para a construo civil, visto que essa rocha contm pouca slica e por isso sua resistncia a altas temperaturas superior a do granito, tradicionalmente utilizado nesse segmento. Nefelina sienito para a indstria de vidro O vidro um slido inico, com estrutura amorfa, lembrando a de um lquido. (Atkins, 2001; Chang, 2001). A composio e seleo da matria-prima para manufatura de vidros esto vinculadas de forma significativa aos sistemas produtivos dos vidros e ao mercado dos seus produtos. Portanto, as especificaes para a matria-prima baseiam-se em circunstncias especficas e econmicas, exigindo rgidos controles das caractersticas qumicas, fsicas, alm da ausncia de material voltil, materiais refratrios e baixo custo de produo. A manufatura de vidro inclui uma variedade de formulaes e produtos, cujos materiais podem ser resumidos em trs grupos: vidros de reciclagem, estabilizadores e fluxantes. Estes ltimos so xidos que atuam no vidro a baixas temperaturas, enquanto os estabilizadores so os xidos que imputam ao vidro elevada resistncia qumica. A nefelina sienito tambm utilizada como fonte de alumina na produo do vidro do tipo cal-soda, que uma combinao de slica com os xidos Na 2 O e CaO em igual proporo, cerca de 12% em peso para cada composto alcalino. Essa combinao responsvel pela maior parte dos vidros produzidos, com destaque para os vidros planos e para embalagem. Quando se reduzem as propores de Na 2 O e CaO e adiciona-se Ba 2 O 3 , obtm-se o chamado vidro de borossilicato, dos quais o prex o mais comum. Essa composio resulta em um produto com baixo coeficiente de dilatao trmica, que, por essa razo, adequado produo de embalagens para uso em laboratrio. Nefelina Sienito 552 Embora a alumina (Al 2 O 3 ) no seja majoritria na composio da maior parte dos vidros, a sua participao na mistura varia entre 2 e 15% e depende do tipo de vidro a ser obtido. Quando presente, o Al 2 O 3 confere aos vidros elevada resistncia aos ataques qumicos, aumenta a dureza e a durabilidade, acentuando ainda as caractersticas de trabalho dos vidros fundidos. Neste contexto, a nefelina sienito uma importante fonte de alumina (Al 2 O 3 ), alm de prover os xidos alcalinos (K 2 O e Na 2 O). O contedo de lcalis atua como fluxante, baixando a temperatura de fuso da mistura e, conseqentemente, reduzindo a quantidade de carbonato de sdio (Na 2 CO 3 ) a ser adicionado. Isso reduz substancialmente, os custos de produo (Kendall, 1993). A alumina atua ainda como estabilizador, promove a durabilidade pelo aumento da resistncia ao impacto, flexo, ao choque trmico, aumenta a viscosidade durante a formao dos vidros e inibe a desvitrificao. As composies para vidros planos e para embalagens demandam de 1,5 a 2,0% em peso de Al 2 O 3 , valor que chega a 15% para certas fibras de vidro. A alumina o componente majoritrio na fabricao da fibra de vidro, tipicamente o vidro aluminossilicato; por outro lado, nos vidros borossilicatos, alm daqueles para tubo de TV e vidros cal-soda, o menor componente. Quando h carncia na oferta de alumina, soda e potssio, a indstria de vidro utiliza a nefelina sienito, que se transforma numa fonte econmica desses constituintes, em decorrncia, dentre outras, das seguintes vantagens: baixo ponto de fuso e menor temperatura de trabalho do vidro; reduo da viscosidade do vidro fundido e aumento sua trabalhabilidade; aumento das resistncias qumica e fsica do vidro; reduo do consumo de carbonato de sdio, pelo contedo de lcalis fuso mais rpida e elevada produtividade; reduo, de forma significativa, do consumo de combustvel. Para ser usado na indstria de vidro, esse insumo mineral deve ter granulometria que varia entre 350 e 74 m e seu contedo de ferro no deve exceder a 0,1% de Fe 2 O 3 . H uma tolerncia aos teores mais elevados desse metal, desde que no haja controle rgido do ferro para colorao do vidro, como na produo do vidro verde, mbar, fibra de vidro, dentre outros. Mesmo assim, o mximo permitido de 0,35% de Fe 2 O 3 (Harben, 1996). Rochas e Minerais Industriais CETEM/2005 553 Os teores de alumina e lcalis na nefelina sienito devem ser os mais elevados possveis, isto , 23 e 14%, respectivamente. Alm disso, no deve haver minerais refratrios, porque eles resistem ao processo de fuso em temperaturas at 1.600 o C e permanecem no vidro como pelotas, causando defeitos no produto final e inviabilizando sua comercializao (Harben, 1995). Os produtores de vidros exigem ausncia de minerais refratrios nas nefelinas sienito, areias feldspticas e aplitos, que, alm disso, no devem conter: gros de quartzo acima de 1,19 mm; caulim ou espinlios com granulometria acima de 0,84 mm; silicatos de alumnio, cianita, mulita, sillimanita, andalusita, com granulometria acima de 0,60 mm; corndon com granulometria acima de 0,42 mm; zircnio, cassiterita e cromita com granulometria acima de 0,25 mm. Nefelina sienito para a indstria cermica A nefelina sienito empregada na indstria cermica forma uma fase vtrea no biscoito, promovendo tanto a vitrificao como a translucidez. tambm empregada como fonte de lcalis e alumina nos esmaltes, alm de prover a formao de compostos alcalinos insolveis em gua. O produto, finamente modo, usado na indstria cermica de revestimento, pisos, louas sanitrias e de mesa, bem como vrios produtos cermicos para isolamento eltrico e utilizao odontolgica, entre outras finalidades. A baixa temperatura de fusibilidade e elevada capacidade fluxante permitem a nefelina sienito atuar como um agente vitrificante, contribuindo para a formao de uma fase vtrea que liga outros constituintes da formulao. Isso permite um contedo de fundente mais baixo no corpo cermico, menor temperatura e perodo de queima. Sua longa faixa de queima resulta numa resistncia fsica mais elevada do produto final. Para cada tipo de produto cermico, h uma percentagem em peso da nefelina sienito e outros feldspatos na composio, conforme consta na Tabela 2. Nefelina sienito tambm usada na formulao da maioria dos esmaltes cermicos, particularmente por atuar como fluxante nos ciclos de queima rpida e convencional.
Nefelina Sienito 554 Tabela 2: Faixa percentual de participao dos feldspatos inclusive a nefelina sienito na composio dos produtos cermicos. Produtos (%) Produtos (%) Louas 17-20 Pb vitrificado 25 Cozinha (loua) 10 Isolante eltrico 25-35 Azulejos 0-11 Pisos 55-60 Porcelana dental 60-80 Fonte: Singer, citado por Kauffman e Dyk (1994) Na indstria cermica, a nefelina sienito , em geral, utilizada moda na granulometria abaixo de 74 m; ainda assim, h casos de moagem abaixo de 53 ou mesmo 37 m, dependendo do processo e do produto final a ser obtido. A ausncia de minerais escuros no produto de nefelina sienito resulta num corpo cermico uniformemente branco, isto , sem mancha. Na prtica, o comum misturar o produto de nefelina sienito argila plstica, caulim, talco, entre outros, de acordo com a mistura ponderada das matrias-primas. Para alguns produtos cermicos, alguns porcelanatos, a nefelina sienito e feldspatos podem participar com at 60% em peso da mistura. Nefelina sienito usada na pigmentao e nas cargas O desempenho de um mineral quando empregado como carga est ligado s suas prprias caractersticas e quelas impostas pelo beneficiamento a que o insumo mineral foi submetido. Entre as operaes do beneficiamento destacam-se a moagem, classificao, calcinao, flotao, separao magntica, tratamento de superfcie. Das propriedades mais relevantes que se atribuem ao insumo mineral para uso como carga, destacam-se: dureza, granulometria, forma das partculas, cor, ndice de refrao e propriedades qumicas. Quando finamente moda, a nefelina sienito usada como carga nas indstrias de tintas (latex e sistemas alcalinos) para uso nas reas de trfego intenso; como cobertura primria nas pinturas metlicas; nas madeiras para evitar manchas; nas tintas selantes. As vantagens consistem na alvura elevada, ausncia de reatividade, maior valor agregado, melhores facilidades para formular e aplicar. Rochas e Minerais Industriais CETEM/2005 555 Nos plsticos, a nefelina sienito usada como carga na manufatura do carpete de espuma. A vantagem que ela possui densidade mais baixa que o carbonato de clcio e o talco. Para uso em cargas, o produto de nefelina sienito deve tambm possuir alvura elevada, cerca de 96-98%, o que implica um contedo significativamente baixo de minerais escuros. No Canad so comercializados produtos com granulometria abaixo de 4,5 m, ndice mdio de refrao de 1,53, absoro em leo de 22 a 29%. Nefelina sienito usada como fonte de alumina, carbonatos de metais alcalinos e insumo na produo de cimento portland. Concentrados de nefelina sienito so usados na Rssia para extrair alumina e, em maior parte, alumnio metlico. O processo tambm inclui a recuperao dos carbonatos de sdio e potssio, cujo resduo aproveitado na produo de cimento portland. O processo de obteno do alumnio metlico com base em nefelina sienito, ainda no se tornou uma alternativa vivel, uma vez que o metal extrado de bauxita continua mais competitivo, em termos de processo e custo de produo. 5. ESPECIFICAES Os produtos de nefelina sienito so comercializados segundo os valores das suas unidades fluxantes (isto , o total de Al 2 O 3 mais o contedo de lcalis) e com preo mais elevado do que o dos derivados do feldspato. Esse custo, entretanto, compensado pela economia no consumo de fluxante, particularmente o carbonato de sdio. Geralmente, a escolha de uma determinada matria-prima leva em conta as vantagens e desvantagens tcnicas, muito embora prevalea como critrio o custo total de toda matria-prima utilizada, caso das indstrias de vidro e cermica, esta ltima com mais flexibilidade que a primeira. Suprir o mercado das indstrias de vidros e cermica com produtos competitivos exige ateno especial na obteno de produtos sempre com as mesmas caractersticas fsicas e qumicas. Essas caractersticas variam entre regies e pases, advindas, entre outros, dos seguintes fatores: origem e/ou natureza da matria-prima, alm do tipo de beneficiamento empregado; Nefelina Sienito 556 tipos de produtos a serem manufaturados e dos seus ndices de sofisticao; processos de produo dos bens de consumo fabricados com bases nesses insumos minerais. Cada particularidade confere matria-prima uma caracterstica especial. Portanto, a mesma matria-prima pode conter caractersticas diferentes, quando beneficiada por mtodos distintos, embora haja o compromisso de se obter o mesmo produto final. A usual substituio de uma matria-prima por outra de natureza diferente conduz a especificaes completamente diferentes, o que deve ser evitado. Desse modo, a uniformidade no fornecimento de matria-prima com caractersticas qumicas e fsicas constantes constitui o principal desafio dos fornecedores de insumos minerais para as indstrias cermica, de vidro, etc. Nas indstrias de cermica e de vidros, impurezas refratrias, tais como zirco e corndon, so extremamente indesejveis. Isso decorre das suas elevadas temperaturas de fuso, que fazem esses materiais permanecerem inalterados, aps o tratamento trmico a que foram submetidos, o que causa srias imperfeies ao produto final. Outras impurezas indesejveis indstria cermica so os minerais que emitem gases, CO 2 ou SO 2 , tais como calcita, cancrinita, sodalita e pirita, aos quais se exige ausncia ou limites prximos de zero na composio das massas cermicas. O flor, na forma de fluorita, causa dificuldade na vitrificao, em ambos os processos, cermico e de vidros, por isso, reservam-se cuidados especiais na sua utilizao (Kendall, 1993). Para disponibilizar no mercado produtos uniformes, em termos de caractersticas qumicas e fsicas, os consumidores elaboraram um conjunto de especificaes para os produtos comerciais de nefelina sienito, resumidas e ilustradas na Tabela 3. Para atender a tais especificaes, necessrio um sistema rgido de monitoramento, comeando com as sondagens geolgicas, passando pelo circuito de beneficiamento com vrios pontos de controle, incluindo determinaes de Al 2 O 3 , Na, K, CaO, MgO, Fe 2 O 3 , entre outros. Alm disso, anlises granulomtricas at a faixa ultrafina so imprescindveis. Finalmente, cone de fuso e determinaes da alvura a seco do produto final so necessrias como requisitos adicionais no controle do processo.
Rochas e Minerais Industriais CETEM/2005 557 Tabela 3: Anlises qumicas de um produto de nefelina sienito e suas caractersticas fsicas, bem como as especificaes para um produto comercial, valores em percentagens, de nefelina sienito praticadas no Canad e na Noruega. Anlise tpica de um produto de nefelina sienito e suas caractersticas fsicas Caractersticas Fsicas Composto (%) Densidade 2,61 SiO 2 61,40 Granulometria Al 2 O 3 22,74 aberturas (m) % retida Fe 2 O 3 0,06 147 0,01 CaO 0,70 104 0,04 MgO traos 74 0,45 Na 2 O 9,54 53 1,40 K 2 O 4,95 43 3,10 P.F. 0,60 -43 95,00 Anlises qumicas tpicas de nefelina sienito comercializada no Canad e na Noruega Composto Noruega Noruega Canad Canad Canad Noruega Canad SiO 2 57,00 56,50 60,30 59,70 60,70 57,00 59,99 Al 2 O 3 23,80 22,50 23,70 23,50 23,30 23,80 23,7 Fe 2 O 3 0,10 0,40 0,10 0,40 0,07 0,12 0,08 TiO 2 0,10 - - - - - 0,001 CaO 1,30 2,50 0,30 0,50 0,70 1,10 0,37 Na 2 O 7,90 7,50 10,40 10,20 9,80 7,80 10,60 K 2 O 9,00 8,20 5,00 5,00 4,60 9,10 4,80 MgO - - Traos 0,10 0,10 - 0,20 BaO 0,30 - - - - 0,30 - SrO 0,30 - - - - 0,30 - P 2 O 5 0,10 - - - - - - F < 40 ppm < 40 ppm - - - < 40 ppm - Cl (S/H 2 O) < 0,15 ppm - - - - < 18 ppm - Cl (Total) < 100 ppm < 100 ppm - - - < 75 ppm - PF 1,2 - 0,30 0,60 0,70 - 0,37 S/H 2 O = solvel em gua; PF = perda ao fogo. Fontes: Kendall (1993) e Harben (1995) Nefelina Sienito 558 6. MINERAIS E MATERIAIS ALTERNATIVOS O fonlito o equivalente vulcnico da nefelina sienito, comercializado na Frana, Alemanha, Republica Tcheca, Canad etc. No Brasil, esse bem mineral explorado comercialmente em Lages, Santa Catarina, onde foi testado como fundente em substituio nefelina sienito nos processos cermicos de revestimento (Braga, 1999). Os fonlitos, em geral, so portadores de minerais de ferro com teores mais elevados, comparados queles da nefelina sienito. De algum modo, esse fato dificulta o emprego dos fonlitos em substituio s nefelinas sienitos. H casos, no entanto, em que a substituio torna-se possvel; principalmente, nos processos cermicos. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ATKINS, P. e JONES L. (2001). Princpios de Qumica. Bookman, Porto Alegre. 914p., p.691-734. CHANG, R. (2001).Qumica, 5 a Edio. McGraw-Hill.1117p., p.496-519. FRANA, S. C. A. e SAMPAIO, J. (2002). Obteno de feldspato a partir de finos de pedreira de nefelina sienito e utilizao como insumo para a indstria cermica. In: XIX Encontro Nacional de Tratamento de Minrios e Metalurgia Extrativa. Recife, Anais, p.651-656. GUILLET, R. G. (1994). Nepheline Syenite. In: Industrial Minerals and Rocks, 6 th
Edition, D. D. Carr (Senior Editor), Society of Mining, Metallurgy, and Exploration, Inc. Littleton, Colorado, p.711- 730. HARBEN, P. W. (1996). Bauxite. In: Industrial Minerals A Global Geology. 462p., p.175-185. HARBEN, P. W. (1995) The Industrial Minerals HandyBook II. 253p. Metal Bolletin PLC. London, p.183-186. KAUFFMAN, R. A. e DYK, D. V. (1994). Ferdspars. In: Industrial Minerals and Rocks, 6 th Edition, D. D. Carr (Senior Editor), Society of Mining, Metallurgy, and Exploration, Inc. Littleton, Colorado, p. 473-481. KENDALL T. (1993). Feldspar & nepheline syenite The alumina providers. In: Raw Materials for Glass & Ceramics Industries. IM Glass & Ceramic Survey. KLIEN C. e CORNELIUS S. HURLBUT, JR. (1985). Manual of Mineralogy after James D. Dana. John Wiley & Sons, Inc. New York.
Rio de Janeiro, 09 de dezembro de 2005.
Joo Alves Sampaio Chefe da Coordenao de Processos Minerais COPM
Panini de Farelo 1 Ovo 1 Colheres de Sopa de Farelo de Trigo 2 Colheres de Farelo de Aveia 3 Colheres de Leite 1 Colherinha de Café de Fermento em Pó 1 Pitada de Sal