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Ficha Informativa

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Miura

Miguel Torga
Aco
Relevo:
- Aco central O estado de esprito do touro Miura, pautado
pela sua angstia e sofrimento em plena arena, aquando a tourada.

- Aces secundrias A presena de outros touros na arena,


sacrificados antes de Miura; Os sentimentos e recordaes de Miura,
quando ainda se encontra no curro.

Composio:
- Encontramo-nos perante uma aco fechada, visto que sabemos
qual foi o final de Miura a sua derrota e consequente morte que levou ao
final da narrativa.

Construo da intriga:
- Encadeamento (os acontecimentos sucedem-se cronologicamente)

Sequncias narrativas:
(passvel de alteraes e de diferentes interpretaes)

Introduo linhas 1 a 7

Miura encontra-se no curro, esperando a sua vez de entrar na arena.

Desenvolvimento linhas 8 a 131



Miura sente-se j angustiado ao ver-se enclausurado naquele espao e
saudoso no que toca s recordaes do seu passado feliz, enquanto os
outros touros so j toureados. Entretanto Miura entra na arena, sentindose nervoso e agitado, que acabam por ser estados de esprito visveis ao
longo de todo o desenvolvimento, aliados ainda fria sentida pelo touro
durante a tourada, que o levava a experimentar adrenalina; o toureiro
investia constantemente e Miura respondia, acentuando os estados de
esprito j enumerados.
Ponto culminante linha 103


Miura ataca o toureiro, ferindo-o, causando uma imediata reaco no
pblico.

Concluso linhas 132 a 137



Miura, sentindo-se j cansado e vencido, entregou-se ao ataque do
homem que lhe proporcionou a morte, atravs daquela ltima investida, que
fez o touro sentir-se aliviado, aps tanto sofrimento.

Narrador
Presena:
O narrador no participante porque limita-se a narrar a histria na 3
pessoa, sem participar nela.
Exemplos:
Dali a nada, ele (L.14); Ele miura, o rei da campina(L.14); Parou. Assim
nada o poderia valer(L.80); Sem lhe dar tempo(L.98)

Cincia:
O Narrador quanto ao ponto de vista ou cincia, omnisciente, pois, sabe
tudo ao pormenor, o pensamento e os sentimentos das personagens, bem
como o seu passado.
Exemplos:
-olhava-o como se olhasse um brinquedo inofensivo; E de novo Miura
gastou nela a exploso da sua dor; Refrescou as ventas com a lngua
hmida e tentou regressar ao paraso perdido(L.23)

Posio:
Quanto posio, considermos o narrador subjectivo, porque narra
os acontecimentos, fazendo comentrios e emitindo a sua opinio, ainda que
por vezes implicitamente como por exemplo:
-O senhor homem sabia bem quando e como as fazia.; Miura, joguete nas
mos dum Z-Ningum!; Mas era um novo palhao, que trazia tambm a
nuvem, agora pequena e triangular.

Espao

Fsico (lugar onde a aco se realiza)


Interior Curro
Exterior Arena

Psicolgico (o lugar do pensamento e emoo das personagens)


Plancie

Social (ambiente social onde se movimentam as personagens)


A arena amantes da tourada

Tempo cronolgico (acontecimentos narrados por ordem cronolgica)


No existe uma localizao temporal especfica no conto, esta -nos dada a
partir de expresses que evidenciam a progresso do tempo.
Exemplo:
Dali a nada (L.14); Comeou a ouvir-se (L.16); Depois (L. 21); Seria
agora? (L. 26); Algum tempo depois (L. 38); Chegara a sua vez (L.46).

Tempo psicolgico(quando a personagem tem recordaes ou memrias


tempo subjectivo).
Sempre que Miura relembra o passado e a felicidade a vivida (tentou
regressar ao paraso perdido L.23).

Tempo da histria (poca em que a histria se desenrola)


Adapta-se a qualquer poca, visto que as touradas remontam poca
medieval.

Tempo do discurso (tempo cronolgico criado pelo narrador)


Linha 18-22 fala-nos das noites passadas ao luar, uma analepse,
depois remete-nos novamente a um tempo presente, na arena Linha
26 seria agora
Gritos e relmpagos escarlates de todos os lados (L. 103) resumo.

Personagens
-Miura,

personagem principal do conto pois toda a histria se

desenrola com base nos seus sentimentos e emoes, quanto aos processos
de caracterizao caracterizado directamente e indirectamente.
Caracterizao directa: Um ser livre e natural e caracterizao
indirecta: nervoso, o que se pode concluir com a anlise da frase embora
ardesse numa chama de fria, tentou refrear os nervos.

Quanto composio, uma personagem modelada porque sofre


mudanas de estados de esprito experimentando diferentes emoes
acabando mesmo por morrer.
-O primeiro toureiro uma personagem secundria mas de grande
importncia neste conto, quanto aos processos de caracterizao, ele
caracterizado directamente como sendo magro, doirado, leal,
danarino,

pequenino

sendo

tambm

caracterizado,

de

maneira

indirecta, como sendo corajoso (e ainda sem compreender olhava tal


herosmo), directo (atacou de frente), confiante (olhava-o como se
olhasse um brinquedo inofensivo).
Quanto composio, uma personagem modelada pois experimenta
estados de fsico diferentes, entra na arena so e sai brutalmente atingido
pelo toiro.
-O pblico representa uma personagem secundria pois intervm na
histria ao bater palmas e ao chamar Miura de cornudo. Quanto aos
processos de caracterizao, caracterizado de maneira indirecta pois o
acto de bater palmas revela estados de esprito como euforia, prazer,
alegria, nervosismo
Quanto composio, representa uma personagem modelada porque sofre
alteraes de estados de esprito ao longo do conto.
-Os homens representam uma personagem irrelevante no conto, por isso
so figurantes.
Quanto composio, representa uma personagem plana porque no sofre
alteraes ao longo do conto.

-O Malhado uma personagem secundria. Quanto composio, uma


personagem plana pois no apresenta qualquer tipo de evoluo.

-O Bronco uma personagem secundria, tal como o Malhado. Quanto


aos processos de caracterizao, caracterizado indirectamente como
sendo frgil, no habituado a estas manifestaes, o que se pode concluir
com a frase O Bronco no fazia bem o papel
Quanto composio, uma personagem plana porque no sofre qualquer
alterao ao longo do conto.
-O Segundo toureiro uma personagem secundria. Quanto aos
processos de caracterizao, caracterizado directamente como sendo
um Z ningum, ou seja uma pessoa sem importncia e indirectamente
como sendo um cobarde pois no enfrentou o touros como o primeiro
toureiro, saltou a vedao e fugiu.
Quanto composio uma personagem modelada porque tem mudanas
de estado esprito ao longo do conto (primeiro comeou confiante e depois
saltou a vedao como um cobarde).
-O terceiro toureiro uma personagem secundria, quanto aos
processos de caracterizao, caracterizado directamente como sendo
um palhao e um bom actor.
Quanto composio uma personagem plana pois no sofre alteraes ao
longo do conto.

Modos de Representao e expresso da


Narrativa
- Narrao: so os momentos de avano na histria, os verbos esto
predominantemente no pretrito perfeito, ou no presente como podemos
observar nos exemplos a seguir:
1) Comeou a ouvir-se
2) Rpida e vaga a sombra do companheiro passou-lhe pela vista turva

3) Subitamente, abriu-se-lhe sobre o dorso um alapo, e uma ferroada


fina, funda, entrou-lhe na carne viva. Cerrou os dentes, e arqueou-se num
mpeto.
4) Mas o homem que visou, que atacou de frente, cheio de lealdade
inesperadamente transfigurou-se na confuso de uma nuvem vermelha, onde
o mpeto das hastes aguadas se quebrou desiludido.

- Descrio: so os momentos de pausa na aco, os verbos esto


predominantemente no pretrito imperfeito e a classe predominante o
adjectivo, como se pode observar nos exemplos a seguir:
1) Miura o tinha j distncia de um arranco, e ainda sem compreender
olhava um tal herosmo, enfatuadamente
2) Estava pois encurralado impedido de dar um passo, espera que lhe
chegasse a vez!
3) Um ser livre e natural, um toiro nada e criado na lezria ribatejana de
gaiola como um passarinho condenado a divertir a multido
4) A plancie!... O descampado infinito, loiro de sol e trigo O ilimitado
redil das noites luarentas, como bocas mudas, limpas, a ruminar o tempo A
fornalha escaldante, sedenta, desesperante, que o estrdulo das carregas
levava ao rubro

Modos de Expresso:
- Dilogo: corresponde s falas das personagens e apresenta marcas
grficas prprias como os dois pontos e o travesso
1) Miura! Cornudo!
2) Eh! Boi! Eh! Toiro!
3) Eh! Toiro! Eh! Boi!

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