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Fazendeiros Do Brasil

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AVuvniva^.

FAZENDEIRO

B R A Z I L,

D O
C

Melhorado na economia rural dos gneros j cultl


vados, e de outios, que se podem introduzir ;
c nas fabricas que lhe -so prprias > segundo O melhor que se tem escri- ,
to a este assuinpto :
D E B A I X O

D O S

A U S P C I O S ,

E D E Q.R D E M
SUA A L T E Z A
R E A L

DE

PRINCIPEREGENTE,
NOSSO SENHOR.
Colligido de Memrias Estrangeiras
P O R

F1U JOSE M ARI ANO DA CONCEIO VELLQSO.


Menor Reformado da Provncia da Conceio
do Rio de Janeiro , &c,
T O M . I. P A R T . II.
W
Da cultura das canas e factura do assacar.

A N N O.
N A OFFICINA

M. DCC. XCVIIIT.

OS SIUO

THADDK

FERREIRA^

* * Wjd, though to song vnfcnownr


s most momentous to my Country*s Weal!
O tratado da Cana , o qual , bem que incogniu
em Poesia, he do maior interesse paia o bem de minha ptria.
Granger. The SugSr Canc. Pem. Cant. I. tf. 16.
* * * ; * Besides , the Cane
Wafted to every quarter of the globe
lakes the vast produce of the Worl our owm
De mais a Cana
A toda e parte do globo conduzida ,
Torna nosso o vasto producto do mande:
Idem, ibid. Cant. 3. & 620*

SENHOR

Parte do primeiro Tomo. do Ftt


zendeiro do Brazil, que prosegue a mesma mai
teria do Assucar, de que trata i primeira, lbs
Augusta prcena de VOSSA ALTEZA REAL
a buscar a Regia approvao , para poder produz'r hum effeito nos povos , a que se destina, iden*
tico ao qae resultou da primeira. A sua Lio
far vr que , sendo o objecto o mesmo Assucar , aqui he contemplado por lados novos e
diffrentes, no s ao da primeira Parte, mas
tambm entre os mesmos que constituem citai
segunda Parte que agora apresento.
Por quanto, na primeira, se tratou do modo ) com que se cultivava a Cana Assuearada ,
ou Cana mel 3 e do modo , com que se lhe extrahia o Sal essencial, e se propunho alguns
planos de melhoramento, astim sua cultura f
como sua factura ; nesta segunda, porm o alvo , que se penende ferir, he o modo de o pu*
i riSEGUNDA

rificar ou tefin, ou reduzir sua mais extr>


mada pureza. Dous Sbios Francezes, M. Duliamei du Monceau, e M. Dtroni de Ia Couture so, os que se abalanro a esta empreza,
com a dhferena <jue primeiro se esfora em
reduzir a princpios luminosos huma Arte, que
na Europa estava entregue totalmente homens,
e os -fio tinho, e ainda qu akedrra sobre
as fabricas d'America, sr o faz historicaihent e , como hum prelimifiat cVse fittti dsegtn
d , por diverso caminho, etK!ffplitdt- fttj
suas primeiras Fabricas d' America, mostra a ma*
terialidade, com que at aqui se fabrica, eu se
cxrrahe o mesmo Sal j e procura dar', por princpios scintificos, hurrt novo plano de o mallufactrr, com o qual se xtrhir no s muito
his em quantidade, mas tambm muito melhot
em qualidade, de sorte que no fique lugar a
ser refinado.
Ah ! Que guia mais segura que M. Dutrofti (dizem os Encyclopedistas) poderiamos escolher , conforme a conta e votos dos Commissafios, nomeados pela Academia de Paris y paia o
exame desta obra, em que seu Author ajuntou
i theoria da Arte huma practica rasoavel, c
vistas infinitamente teis, c fecundas.

t
M. Dutroni se propem generalisar muito
mais ouso do Assucar, do que acrualmente est , pelos grandes bens , que do seu uso resulta a
humanidade; e para isto se propem extrahillo da
inesma quantidade de matria em huma maior
abundncia, extrahillo no' ultimo ponto da sua pureza , vendei! por hum preo muito mais cn>
modo ,. de sorte que possa chegar a rodos, e tr
hum lucro dobrado o seu Lavrador. Todos estes
pontos so de huma grande importncia e conseqncia, para que o seu plano no se faa recommendavel, aos que amo a humanidade, e
a perfeio das Artes.

Sem entrar no'detalhe intrnseco do plano de


M. Dutroni de Ia Couture, contido nesta Obra,
salta aos olhos esfe clculo. Toda a arroba de
Assucar, que se refina, tem dous, e mais arrateis
de terra, ou impurezas, de que se purifica, logo huma caixa de 50 arrobas ter cem arrateis,
ou trs arrobas e 4 arrateis, as quaes multiplicadas por 30 mil caixas, sero 5/5.7*0 arrobas
que exigiro mais taboas, mais pregos, maior vo
nos navios todos os annos, e em 300 annos tem
vindo 28.125.000 arrobas de terra. Accresce este
gasto o das Refinarias na Europa, com o que sobe
p seu valor a hum ponto, que no he accessivel
a

Vi
gente pobre, que he a maior parte, e fie*
toda esta privada do beneficio, que resulta do
teu uso commum.
J o Professor Manso tinha advertido o abu?
so de se transportar a agna com o Alcokol na$
aguas-ardentes, que se* embarco do Brazil, co*
mo se em Portugal no houvessem guas : ( diz
*te Sbio.)
Seguir-se-ha esta secunda Parte huma ter*
ceira, em que se faro vr todos os methodos,
com que os Asiticos fazem o seu Assucar, ex
crahidos do Bengal Sugar, aos quaes ajuntaremes alguns outros Tratados Estrangeiros e Por
euguezes. E , para que nada venha faltar aos Fabricantes deste Sal a seu respeito, se dar tambm Historia do seu Commercio , traduzida do
nglez, Sugar Trade, para lhe servir como de
Appendice; e com esta Obra darei por completa a
minha tarefa neste ramo do Fazendeiro; e por
conseqncia .a execuo do Real preceito, em
quanto a este interessante objecto.
Se o Assucar, SENHOR, no fora objecto to digno da alta, e Augusta proteco de
.VOSSA ALTEZA REAL , como aqueUe, que
faz a base do commercio do Brazil, e , para
melhor dizer, de muita parte do novo mundo,
bas-

vil
bastaria, para a sua recommendaao, ter sido elle,
ou os direitos das Alfndegas deHespanha, pagos pela sua entrada , o que na concurrencia
com o ouro do Mxico, com a prata do Peru,
consignado para o primeiro Palcio magnfico ,
que fizero os Reis de Hespanha.
Bastarfinalmenteter sido da Inveno e Pro*
teco do Senhor Infante D. Henrique # de im*
mortal Memria, que VOSSA ALTEZA REAL
conta entre os seus Augustos Ascendentes , c
nos entre os nossos virtuosos Principes ; ainda
que diga o Author do Sugar Trade, que j se
cultivava pelos Mouros em Granada , contra o
commum dos Historiadores. Salve Deos a Augusta Pessoa de VOSSA ALTEZA R E A L , e
toda a Real Familia , consultando favoravelmente perennidade de seus bellos dias , da sua
grande gloria, e do nosso desejo e necessidade.
Assim o pede
De VOSSA ALTEZA REAL
o mais obediente Vassalo

Fr, Jos Mariant ia Conceio Vdltse,

FAZENDEIRO

DO

B R A Z I L.

TOMO I. PARTE

II.

DA CULTURA DA CANA
o o

ASSU

CiR,

E SUA FACTUR,
EXTRAHIDA DA INGYCLOPEDIA METHODICA*

I. Arte de fazer Assucar.

T<Onos

sabem que o Assucar he huma substancia slida , branca , .doce , agradvel ao gosto ,
muito usada em as oficinas, csinhas ; e ainda na
Farmcia para a confeio dos xaropes, e preparao de outros remdios , de fcil dissoluo na
gua , qua| d hum sabor agradvel , sem lhe
communicar cr ou cheiro.
Conforme a denio dos Cliymicos, e particularmente de M. Macquer, o Assucar he hum sal
essencial , crystalisavel, de hum sabor doce , e engraado contido em maior, ou menor abundncia,
T. . P. II.
A
em

(O
em muites espcies de vegetaes , mas pela maior
parte em mui pequena quantidade * ou embaraada de matrias estranhas, que obsto a huma extraco proveitosa.
A planta, que contm
e que d a mio*
quantidade*deste sal essencial , he huma espcie de
cana , que nasce nos pizes quentes, e qu se chatna Cana "ire Assacar.
M. Dutrone de Ia Coture , Doutor em Medicina , e Scio da Academia Real da Sciencias, e
Artes do Cabo Francez, publicou em 1790 hum
excellente Tratado acerca desta Cana , do qual ns
tiraremos os conhecimentos mais essenciaes, relativos i Arte : de fazer Assucar. A h , ns no poderamos seguir huma guia mais segura , e mais instruda , segundo o juizo, e votos dos Commissarioj
nomeados pela Academia das Sciencias de Paris,
parra o exame desta Obra, na qual seu Author
juntou os exames histricos, a theoria da arte
fcuma pratica arrasoada , e lstas infinitamente,
teis , e fecundas.
II. Historia do AsfUtar.
A Cana diz AI. Dutrone , he de todos os
vegeuesaquele, que p e l a natureza , e riqueza dos
sucos merece mais toda a nossa attencab. Mas ante,
d* nos entregarmos ao estudo desta'planta, e te
nos

( o
nos eccuparmos nos conhecimentos das diferentes
attes, as quaes os seus productos do a matria , e
servem de objecto , subiremos sua Origem * *
Seguiremos o seu trilho no velho-, e novo mundo.
A Cana d'Assucar teve o seu nascimento nas
ndias Orientaes. Os Chinezes de tempos esquecidos conhecero a arte de a cultivar , e de extrahif
delia o Assucar , produco infinitamente preciosa,
conhecida na Europa quasi dons mil annos antes
que a Cnna e fosse.
Os Egypcos
estabelecida- a siia mnarchia *
se antciparo aos outros pvoa em fazer conhecer
A Europa as bellas produces do Oriente. Os Fejiicios i oecupando muitos portos no mar vermel h o , arrancaro das mos dos Egypcos o commercio da ndia. Logo Sldonia, e Tyro serviro, de
entrepostos, de huma infinidade de fazendas at
ento desconhecidas. A celebridade destas Cidades
despertou a ambio de Salomo , e querendo este Prncipe , que os Judeos participassem do commercio da ndia com os Fenicios, esquipou frotas ,
que houvessem de ir pelo mar vermelho a Tarsis,
e a Ofir donde voltaro carregadas de preciosidades , que repartiro a riqueza e magnificncia
em o Reino de Israel.
Alexandre o grande - conquistando a Tyro
e submettendo o Egypto, enriqueceo os seus Vas*
sallos do commercio dos Fenicios, particularmente
A ii
do

* 4 '
-ha pelo mar Kdo da ndia, abrindolhes o canunh* P
. ^ u r a desse huma
oco
e Nilo. Fundou na embota
, ;., foi tao tamosa pesoberba Cidade que ao depois toi
v
.
n ento era pelo nome de
Io seu commerao , como em
seu magnfico fundador.
Conquistada a sia
Alexandre, fez quebrar
as Cachoeiras do E n t r e s e d T g r C ' i b n n d n
aos mercadores do Oriente huma estrada, que este* rios at. ento tinhSo .embaraado.
A paixo dos Romanos pelos* aromas, e especiarias deo ao couimercio da ndia huma nova
grandeza e activ idade ; os Gregos , e os Egypcios
o continuaro no tempo destes poderosos Conquistadores. As suas foras hio abastecer-se a Musiris,
onde os ndios importava as suas mercadorias.
A destruio do Imprio Romano fez a Constantinopla Senhora deste commercio , que ella proseguio pelo Eufrates, e Tigre. Finalmente os Soldoes do Egypto o restabelecero pele mar vermelho , quando concedero, que os Italianos viessem
negociar a Alexandria.
Parece que o Assucar entre os gneros vindos do Oriente . fora o ultimo conhecido, A historia dos antigos Egypcios, des .Fenicios, e dos Judeos no se lembra delle. Unicamente os Mdicos
Gregos fallo a seu respeito debaixo do nome de
Sal da ndia.
He impossvel deixar-se de conhecer , debaixo
des-

C 5>
deste nome al da ndia com o sabor doce e com
os caracteres , que Dioscorides e Plinio descrevem
do Assucar, aquelle , que o nossa commercio chama
Assucar Candi. Da ndia, e da Arbia era que o
Assucar vinha aos Gregos , e aos Latinos 3 mas no
era , porque em alguma destas partes se cultivasse a
Cana , e que se fabricasse o Assucar.
Por esse tempo a Cana do Assucar s crescia
nas Ilhas do Archipelago da ndia, dos Reinos de
Bengalla , de Sio , &c., e o Assucar que nelles se
fazia , passava com as especiarias", e mercadorias dos
paizes, alm do Ganges, conhecidos pelo nome
de grandes ndias.
No decimoterceiro Sculo somente foi , que a
Cana passou para a Arbia
em cuja poca os
Mercadores comearo a viajar as grandes ndias
e a hir comprar nos mercados Indianos os gneros
do seu commercio.
Se a Cana houvesse existido a quem do Ganges at o mediterrneo , se a houvesse n' Arbia ,
n"frica sendo planta , que nasce nos paizes quentes com tanta facilidade . que se reproduz sem cultura , seguramente no teria escapado a tantos povos , que habitio , e discorrero por todos estes
paizes. Seu sumo . sendo to agradvel ao paladar,
como deixario de as conhecer - e de as procurar
com ardor- assim os homens, como as bestas?
Os Petsas , os Egypcios, os Fenicios , os Gregos,

(6>
ges , que calcaro huma grande partia sia com
Alexandre : finalmente os Judeos . os Romanos,
os Christos
os Mahometanos no se lembraro
jamais da Cana antes da poca, em que os mercadores principiaro a iajar pelas ndias. .
Trazendo se o Assucar a M^iris a Ormuz,
?cc. Soubero os Indianos , que <H & extrahia de
huma certa Cana. Guiados desta tradio os habitantes da sia ( a quem do Ganges) examinaro,
se entre as suas Canas haveria alguma , que desse
huma produco to precio? ; e realmente acreditaro . que a tinho encontrado em huma espcie
de Bambu
a que tambm chamao Mamb da
qual os renovos so dulcissimos, e muito agradveis.
Os taes renovos de Bambu , passados trs ou
quatro annos , reumo pelos ns hum sueco concreto esponjoso , branco, e leve , cujo sabor lia
anlogo ao do Assucar , elles o nomearo Saccr
mambu , e o vendero debaixo deste nome e tambm pelo de tabaxir no tempo em que o com*
mercio da ndia foi interrompido. Piso conta, que
as propriedades medicinaes do Sacchar mamb o
fizero sobre maneira precioso , e caro.
Os rabe* tambm procuraro o Assucar nas
plantas do seu p i z , e nomeado Zitccar dhasser ao sueco concreto de huma espcie de Apecyvo , conhecido por elles pejo ,;ome de Alhesur . ou
Athtissar,

O)
Avicenna distinguio trs sortes de Assacar
a saber, Zuccar arundineum , que he' o Sal da ndia, ou o nosso Assucar Candi: Xutear mambu tabaxir dos Persas: e Z w alhasser o dos rabes.
As opinies dos AA. do XIV.
e XV. se
cu'o sobre a identidade do Sal da ndia com 9
Assucar Candi do nosso commercio se diversificjo
e se discutiro fortemente em huma Obra
Latina , cujo titulo he Methidi et Manardi Epistoix Meditinales.
Alguns A A. querio que., o Assucar de Dioscorides, e Plnio no deferisse do Mann; e outros o confundio com o Tabaxir. e o Alhasser.
Hoje porm, que podemos mostrar- que as artes
de faier o Assucar - de o refinar , e de o confeitar
mais de quatrocentos annos estavo nas ndias no
iriais alto ponto de perfeio , estamos totalmente
persuadidos, que estas diversas opinies.no tero
mais partidistas.
I
Os ndios , que trazio Assucar a Ormuz , ennrao sim aos Negociantes, que compravo o seu
Assucar, ser elle tirado de huma Cana; mas no
hes dissero as particulares circunstancias , assim
da Cana , corno do modo de se extrahir delia o
Assucar o que deo occasio s differentes opinies,
que se teve a respeito de huma planta , que dava
,hum producto to extraordinrio ; e igualmente i\o
mesmo pxoducto que se julgara ser huma espcie

cie de'mel formado , sem o beneficio das abelhas :


tambm foi olhado , como huma espcie de orvai h o , cabido do Ceo sobre as folhas de certa casta
de Canas: finalmente veio-se a pensar , que era o sueco concreto , maneira de gomma
de alguma
Cana.
No foi unicamente o receio de perderem hum
dos ramos do seu commercio , o que embaraou aos
ndios o trazerem a Ormuz a Cana , de que se
extrahia o Assucar. A Cana , como Cana , nada
mais seria para os.-Corrrmerciant.es . do que hum
objecto de pura curiosidade , consequentemente
de nenhum valor ; mas, sendo as suas canoas to
pequenas como formadas de hum s po , se conhecer facilmente , que elles s as deverio carregar de gneros de hum preo mais alto que tivessem menor volume , e pezo, vantagem , que
certamente o Assucar e muito menos a Cana no
tinho sobre os outros gneros da sua exportao.
vista disto no se devem admirar que o
Assucar fosse hum dos gneros do Oriente ultimamente conhecidos. Alm disto somente se usava
delle na Medicina , e qualquer que fosse a sua preciosidade a este respeito podia muito bem entrar
em concurrencia com os objectos de luxo , como
pedras fidas, prolas , perfumes aromas.
Senhoreando os Tartaros a Prsia , Ormuz ,
K i s , Bassora ficaro sendo os interpostos das merca-

to
cadorias do Oriente. No X I . , XII. . e XIII. sculos viero estas i Europa por differentes caminhos : algumas vezes sobio pelo rio Indo atravessavo o mar Cspio, e chegavo por terra ao
mar Negro; outras subio pelo golfo Prsico
e
tomavo o caminho para o mar Negro , passando
pela Armnia: tambm chegaro a viajar por Bagdad para irem a Damasco, a Alepo , a Antiochia,
a Acre &c.
Finalmente , tendo os Soldes do Egypto concedido aos Italianos o virem a-. Alexandria
estas
mercancias segundo refere Sanatus , e o Arcebispo de Tyro , constando de dentes de cravo , nozes
moscadas sedas assucares , e outras comas deste
gnero , voltaro a tomar o caminho , que Alexandre lhes abrira antigamente.
Em 1250 Marco Paulo , nobre Venesiano ,
tendo hido a Tartaria por causa de especulaes
mercantis, emprehendeo a viagem da parte meridional da China ; e foi o primeiro que discorreo
pela pennsula do Ganges. Conta elle , fallando de
Bengalla , que este reino produz especiarias, Galanga , Gengibre , e Assucar em abundncia.
Os Commerciantes, que at este tempo havio esperado em Ormuz os ndios, esforados pelo exemplo de Marco Paulo , procuraro ir abastscer-se dos gneros do seu commercio aos seus prprios mercados, e este he o tempo , que faz a
Epo-

poca de nos vir delles assim a Cana do Assucar,


como o bicho da Seda. A Arbia feliz deo ento
o primeiro bero a ambas que dahi passaro a Nufaia, ao Egypto . a Ethiopia , onde se fez muito Assucar como veremos daqui a pouco.
Vasco da Gama que "dobrou o Cabo de BoaEsperana em 1497 refere, que no reino deCalicnt se fazia hum grande commercio em Assucar
e conservas.
Pedro Alvares Cabral , que foi a Cambaya
em 1500 , achou este pai * abundantssimo em Assucar . o qual se fazia hum commercio immenso.
Barlbema refere que Bathecala em IJC era
huma Cidade da ndia mui famosa
e que nella
se fazia hum grande commercio em Assucar , principalmente do Candi , que era feudataria do rei*
uo de Narsinga , e igualmente abundava de Assucar.
Duarte Barbosa diz que pelos annos d e i j i f
em Bathecala nas Costas do Malabar se fazia hum
tico commercio de Assucar em p , porque o no
sabo fazer em pes. O mesmo refere , que em
Bengalla se fazia Assucar branco , e bom , mal
que, no sabendo reduzillo em pes, se niettia em
saccos de panno cobertos de couro bem cozidos:
conclue finalmente . dizendo : Que tambm se fa*
*io conservas de limo , de Gengibre , e de outros
fi-uctos do paiz , que ero excellentes, confeite
com Assucar.

An-

(O
Antnio Pigaferra diz, que em 1519 os habitantes de Zamal ( huma das Ilhas dos Ladres) se
nutrio de figos compridos de hum palmo (bananas) de Canas de Assucar. e de peixes. Que em
Zubut, Ilha ao Sul da China , em Caghicam , e
Pulando os habitantes o tinho mimoseado com vasos pintados,' arrach , e muitos feixes de Canas de
Assucar docissimas ; e que o R e i , ao depois de
os ter cheios de presentes , os regalara com o convite de huma comida, na qual lhes apresentara Canela confeitada com Assucar , e carnes do mesmo modo confeitadas com Assucar em tanta quantidade ,
que elles a partio e comio com colheres feitas maneira das nossas.
A vista dos testemunhos de tantos viajadores
se pde julgar, de quanta antigidade sero as Artes de fabricar o Assucar- de o refinar, edeconfeitar, que estes mesmos acharo to espalhadas por
todas as grandes ndias.
Ainda no podemos averiguar a poca certa,
em que . ao depois da viagem de Marco Paulo,
foi esta Cana trazida Arbia , e ao Egypto, Conforme a authoridade dos viajadores mais antigos , que
podemos consultar. se ver unicamente. que findando o Sculo XIV. assim a cultura da Cana,*
como o fcbrifo do Assucar estavo geralmente et*
palhados pela Arbia, Egypto , e por n.uitas partes dAftica.

Bw

t * >

-.

Barlhe.na assegura que ein I5 s e f a z , a n o '


territrios de Danar. e Zibit
Cidades considerveis d' Arbia, Feliz , hum riqussimo commercio em
Assucar.
Dangaloa . Cidade grande da Nubia , se acreditarmos a Joo Lioni, commerciava tanto em Assucar e m i $ o o , que aba.stecia a toda a Provncia,
se bem todo elle era mascavo , e negro , porque
os seus habitantes o no sabio cozer. Este mesmo viajador diz : que em Derotta Cidade famosissima do Egypto ,. fundada nas margens do Nilo
em tempo dos Romanos havia huma companhia,
que no reinado dos Soldoes do Egypto (isto he
em 1500) lhes pagavo 100,000 sarafins, para tetem o privilegio privativo de poderem fazer Assucar. A inanufactura, ou fabrico desta companhia
era to grande, que figurava ser hum Castello.
Continha dentro em si prensas e caldeiras, em que
se fazia , e cozia o Assucar - e o nmero dos obreiros occupados neste trabalho era to grande , que
o total do salrio que se lhes pagava cada dia,
chegava a 200 sarafins.
O msmo conta tambm que em Thebas,
antiga Cidade fundada sobre as,bordas do Nilo,
o'outro tempo mui famosa , havia em 1500 muito Assucar.
Ultimamente (sobre o mesmo testemunho)
que o Reino de M.irro.os para a parte do Norte
ti-

C n )
tinha huma bella plancie , banhada pelo Pio Sus,
na qual se fazia huma certa poro de Assucar negro ( porque seus habitantes, no O sabio cozer,
nem purgar) , o qual os Mercadores do reino de
Fez viriho comprar a Tejicus , Cidade fundada em
em tempos antigos nesta plancie
pelos Africanos.
A Cana conforme a opinio de D. Francisco
Alvares, se cultivara na Ethiopia em m \ . porm
os seus habitantes , no sabendo tirar dellas outro
partido , a comio crua.
No fim do XIV. Sculo foi , que se trouxe
a Cana i Assyria , Chypre - Sicilia. O Assucar - que
delia se tirava
era da mesma frma que o da
Arbia, e do Egypto, gordo e negro.
Dom Henrique Regente de Portugal tendo
descuberto a Ilha da Madeira em i4ao , fez transportai para cila as Canas de Sicilia- onde havia
muito pouco tempo, que tinho sido introduzidas,
e tendo sido cultivadas na mesma Ilha felizmente,
e do mesmo modo nas Canrias dentro em pouco tempo . aquella , e estas introduziro no commercio os seus Assucares , que merecero ser preferidos a todos quantos ate este tempo giravo nelJe , e com especialidade os da Ilha da Madeira.
Os Portuguezes as levaro Ilha de S. Tbom apenas a descobriro, a qual , segundo a .relao de hum Piloto Portuguez , j em 1520 tinha
mais

( 14 )
j A.i-ar. Os seus habmais de 6o engenhos de Assu-ar.
J o Dar iQ escravos t
tantcs ricos, possmao de aoo par >
i...
e esta Ilha produna
empjegados na sua cultura
v 5
.
, A . e l i r a r que1 se purgava com
ISO.QOQ airrobas de Assucar - H"
, -
u' ...atra Z arrateis
que so
cimas Ccad arroba pezava j *
a,44 cax.)
Tambm se plantou a Cana na Provena (P.
vine de Frana), ma o rigoroso temperamento
do inverno
obrigou ao abandono desta cultura.
Da mesma maneira $e cultivou em Hespanha , e
ainda hoje neste Reino . em Sicilia, e na Madeira se do fabricas de Assucar.
No tempo , em que ChristQvo Colo descobrio o novo mundo certo homem, chamado Per
dro d* Etien , trouxe a Cana em IJ06 Ilha
HespaRhola (hoje S. Domingos.)
Hum Catalo , por nome Miguel Balestro * foi
o primeiro, que lhe espremeo o sueco, e auto,
chamado Goazales de Vellosa , o primeiro, que
fez deste umo o Assucar. O tal Gonzoles edirV
cou hum Engenho junto ao Ria de Nigue , e i
sua custa mandou vir da Ilha de Palma obreiros,
que soubessem fazer Assucar.
Sloane A. Inglez , por authoridade de Pedrff
Martyr, conta que a Cana crescia pasmosament
em a Ilha d S. Domingos-, e que chegava a tanta grossura , que igualava hum punho
e que t
mesma touceira dava de ao ate jo renovos , od

for

C'5 )
gomelcirss , no entretanto, que as plantadas em
Valena somente davo de 5 a 6. Diz tambm que
em 1518 havio nesta Ilha 38 Engenhos. A cul,tura da Cana se propagou nella em to pouco temp o , de tal maneira , que dos diieitos de entrada,
somente dos seus rendimentos , conforme certifico , se fizero os magnficos palcios de Madrkt,
e Toledo, pelo Imperador Carlos V.
O P. Labat commette hum grande erro, fifixando por tanto a primeira Ejpoca do estabelecimento dos Engenhos em o novo mundo , assim
para com os Hespanhoes , como pra com os Portuguezes no anno de 5 80 , por quanto em 1 j 1 i
j havio em S. Domingos 28 Engenhos. No he
crivei que os Portuguezes. tendo descoberto o Brasil em i f 0 0 , houvessem de estar 80 annos, sem
lhe introduzir a cultura da Cana , principalmente,
tendo elles reconhecido a extrema fertilidade deste
ptiz ; e estando a Ilha de S. Thom em to pequena distancia , onde j (1) se cultivavo as Canas , e havio Engenhos de Assucar to considerveis.
Pa( l ) S na Bahia havio j6 Engenhos. 21 que
moldo com gua , e 1$ com bois em l$87 , segundo hum MS. composto nesta era.
Mortim Alfonso de Sousa , Donatrio de Capita*
nia de S. Vicente hoje de S. Paulo , foi o primeer que introduzio a Cana do Assuear ne sua C<tpi\ana em I J J I por diante.

Parece que a Cana no he indgena de parte


alguma d'America ; e ainda que o P. Labat diga,
que foi achada em algumas Ilhas : o testemunho
dos viajadores pouco conhecidos, que elle cita ,
no basta para provar evidentemente , o que elle
adianta a este respeito.
M. Geoffroi escreve , que Piso olhava a Cana como indgena do Brasil. Das prprias expresses deste Aythor s se deve concluir , que ella
he estranha , ou extica ao Novo mundo , para onde ella foi levada de fora.
,,

,,

,,

Sem embargo de que ( h e o que elle diz)


as Canas no sejo prprias. nem indgenas das
Canrias , e S. Domingos , e ainda muito menos da Nova Hespanha, e que ei Ias sejo estranhas a todas estas Provncias , para as quaes fof
ro levadas : com tudo, como foro achadas em
primeiro lugar nas Canrias , convm fallar a
seu respeito, tendo assentado comigo de tratar
de todas as plantas, que podem ter algum uso
em medicina.

A* vista do que fica dito , parece que podemos resolver como cousa certa que a Cana do
Assucar he estrangeira no somente a America,
mas tambm a Europa a Afrjea , e a toda aquel]a parte d'sia, que se situa quem do Ganges
Acabamos de ver a estrada, por onde ella caminhou para se espalhar por todo o mundo , desde
a

a poca , -em que esta planta preciosa foi levada 1


Arbia. Tirando-se-lhe Cana se esquecero da
Tte de se lhe exrtahir p Sal essencial ; e os mefc>s,
que hum acaso offereceo em Arbia aos seus primeiros cultivadores foro totalmente difterentes ,
dos que se prstbavo em as ndias.
As particularidades , com que Rumphio descreve a arte ", que os Chins tinho de crystallisar o Assucar > nos mostro que ella era
fundida nos mais acertados princpios da Chymica.
Lana-se o sueco esprimlJo (expem elle) em
grandes caldeiras, nas quaes se lhe faz hum fogo
vivo; e ao passo que este Assucar se evapora . se
lhe ajunta novo, at que se faa vermelho, e espesso : ento se lana em vasos de terra grandes ,
e covos , que se levo a hum lugar quente. O Assucar frma em a sua supetficie crystaes , que se
tinem em pinhas, ou pencas brancas, as quaes se
chamo torres de Assucar, e o que crystallisa por
baixo , se chama mascavado. Para se purificar o Assucar - ou refinar , se clarifica em grandes caldeiras com claras de ovos. Pem-se-lhe, quando se
coze , huma poro de enxundia de galinha , ao depois se deixa crystallisar em vasos de barro. Os pedaos i que se obtm de Assucar , so alvissimos , empedernecidos, semelhantes ao crystal : chama-se Asoucar macho. Os qne se obtm do mascavado , ctt
T. I. P. II.
B
ks

jos crystaes no so to bellos , menos petrifica


dos , e mais doces , se dizem Assucar Jemen.
* Rumphio no diz huma s palavra do uso da
Cal e das lexivias alkalinas em o trabalho do sueco da Cana, menos em a refinao do Assucarr
donde se pde concluir que nem os Chins
nem os ndios os emprego ; por quanto este Naturalista , cuja exaco he muito bem conhecida,
no se descuidaria d' os fazer lembrados.
Parece , por tanto , constantemente , vista da
frma do primeiro .Assucar que passou Europa
em tempo de Theophrasto-, e- ainda antes; a vista do estado , em que Eartfema e Barbosa o acharo entre os mesmos ndios ( a authoridade de
Rumphio tira toda a dvida) que a arte de extrahir o Assucar e a de o refinar consistia , entre
s ndios, em o conseguir no seu maior ponto de
pureza debaixo de huma frma crystallina. regular - do mesmo modo que vemos o Assucar Candi.
Rumphio diz ,, A arte de cozer o sumo da
Cana-, para se fazer o Assucar , no he muito natiga entre os ndios , e elles, ou a aprendero dos
Chins
ou o cevo do ganho lha fez imagir-ar ;
e at agora ainda os Chins so os nicos , que
rfinV o Assucar em Java, Todavia, como se poder negar que as differentes artes, que pedem a
preparao da Cana , e o trabalho do Assucar para os usos econmicos, haja de ter sido conhecidas-

(19)
das entre os Chins desde a mais remota antigidade.'
Ainda que no soubssemos as particularidades
dos meios , empregados antes n' Arbia , no Egypto,
para purificar o sumo da Cana, para cozer o Assucar , e fazello crystallisar com tudo ns vemos obrigados pelos Assucares graxos e negros , que as manufacturas destes paizes introduziro no commercio ,
a confessar que elles trilharo, hum cauikiho diametralmente opposto ao des Chins.
Os contmerciantes , que trouxero a Cana das
ndias , se descuidaro seguramente de se instrurem,
acerca dos meios de apparelhar o sueco; e as difculdades, que experimentaro os rabes cultivadores , os obrigaro sem dvida a tentar uso de
toda a sorte de ingredientes para o purificar , e
imaginar as formas cnicas para fazer crystallisar e
purgar o Assucar.
Admirados , do que a observao lhes ensinava sobre a appiicao da Cal, e dos alkalis , e satisfeitos das vantagens, que elles julgaro no uso
das formas, no refletiro nos vcios , annexos a
estes mesmos -meios ; mas antes ps olharo como
absolutamente necessrios, ou essenciaes laborao do Assucar, e quatrocentos annos de huma prctica cega tem consagrado os erros destes prime itos tempos.
Os Veneiianos foio os primehos : no ptm>
B ii
ei-

(ao)
dpio imitiro aos Chins. evendio no estado Candi o Assucar. que puiificavab, cozendo e clarificando quatro e cinco vezes os AssUcares graxos,
que comprava aos Egypcios r mas ao depois adaptao uso das formas, e vendeio em paens
Assucar refinado.
Dentro de pouco tempo se estabelecero- fbricas de refinar em as Cidades coinmerciantes de
Europa , e estas crescero em nmero proporo do Assucar - que a Ameiica remettia ao commercio e que a consuminao- deste gnero se augmentava.
III. Exame da Cana d" Assucar, e de suas diferentes partes.
Or caracteres especficos da Cana, OJ genricos tomados das partes da fruetificao , s podem
strvr , as que estudo a Botnica desta planta. Para guiar o cultivador hum conhecimento perfeh
to e histrico da vegetao da Cana, convm considerar no s o ajuntamento de todas as soas
partes r o estado e relao de- cada huma delfas,
examinar a sua estruetura ntima , estudar a marcha dos diversos perodos do seu descobrimento', OM desenvcfvedtira-successiva ; mas tambm pre*
cisa comprehender todas as modificaes, qur experimenta em quanto planta- > e seguir as que rece-

( t t )

cebe e corpo inucoso , producto de suas funcet


para chegar ao mais alto ponto da sua elaborao,
A mudaha deste corpo mucoso em sal essencial tem. sido , e he at hoje, o nico objecto da
cultura da Gana e pelo qual merece , por tanto,
huma atteno mais particular.
A Cana no he natural do novo mundo, como a historia contesta ; pois no se tem encontrado nelle em estado bravio. Na verdade florece j
porm os rgos da frctifiaao so incapazes das
funces essenciaes da fecundao do germen , que
he estril. Ella se reproduz por estaca, e por esta
se multiplica maravilhosamente ;, quer a temperatura da zona torrida, e pde estender-se em as zonas temperadas at o quadragessimo gro de latitude , e ainda alguma cousa mais ; a sua constituio he mais, ou menos robusta , conforme a situao , e exposio do terreno, em que ella cresce.
Pouco sensvel natureza do terreno, parece que
totalmente se sujeita a hum estado particular.
A sua vegetao he constante j mng ella he
mais , ou menoslrpda conforme as estaes , e a
temperatura de cada huma destas : considerada , como planta, gasta $ ou 6 mezes, para chegar ao
seu total crescimento.
A poca de florecer he em Novembro, e Delembro, eflorece, quando a sua,.cultura a no affasta muito do estado natural. O termo da sua flore*

( )
_,
. A , A% aual a dracao fie
recencia marca o da sua vida , na qy.
mais , ou menos comprida conforme as circumstaoCias , quando ella no florece/ Considerada 'em o
estado de cultivada o termo de seu crescimento
he relativo i sua constituio mais ou menos for.
t e , e se alarga de i a *> *** M o r r e , a n t 0
mau cedo, quanto a sua constituio he mais fraca
e nesta poca da sua no existncia he, qu
convm o colheita,
Ella tem trs sortes de suecos , hm puramente aquoso , outro extractivo , o terceiro mucoso. A
proporo e qualidade destes dom ltimos depende de hum nmero infinito de circumstancias particulares , cujo conhecimento causa huma grande
luz nos cuidados', que requer a cultura desta planta:
huma , sem dvida , das mais preciosas, que a natureza tem pfferccido ao homem.
As Canas
e as gramineas ditTerem de quasi todos os vegetaes; em que os seus vasos cevosos , que fazem a parte mais slida destas plantas,
s tem por casca huma pele summamente delgada,
com a qual formo huma haste dividida em certas distancias por hum engrossamento , do qual sahe huma folha , e por huma contraeco, que se
chama n&. Este interiormente appresenta huma separao qne divide-a haste em outros tantos cylndros pela maior parte concavos, qtie se nomeio
entrens , e dos quaes o comprimento varia mais,
ou

( =3 )
ou menos , conforme a espcie

e circumstancias.

individuaes.
Asim a Cana d' Assucar , corr.o nas outras que
o n> so
e nas graminheiras , cada diviso he
assinalada por huma folha. Chamaremos a esta diviso no da Cana , e distingui emos ein cada hum
n da Cana, o n propriamente chamado , o /I-.
tren, e a folha,
primeira vista , qualquer Cana apresena
hum cepo , ou tionco com razes, e Jtuma haste
com folhas.
Deve-se drtinguir o eepo cm duas partes:
a primeira he aoiella, que consta de muitos ns
particulares , cujo nmero constantemente he de
sinco , e algumas vezes de seis, e nunca de sete.
A ua grandeza he de duas linhas , sua superfcie
apresnta huma ordem de pequenos pontos
elementos das razes. Chamaremos a estes nis radicaes,
porque parecem que so unicamente destinados a
lanar razes dividem-se entre si por huma folha
chamada igualmente radical.
No ajuntamento destes ns h e , que ?e frma
a primeira parte do cepo, que ns chamaremos cepo primitivo 5 porque parece servir unicamente para o primeiro descobrimento, dos ns das Canas ,
que o seguem: como elle no poderia bastar a huma numerosa filiao de ns, a natureza dotou o
n , propriamente chamado, de muitas ordens de pon
tos

( 4>
tos elementos das rahes, que se descobrem, quando se necessito . para formar com os nos . donde
He? sahem , hum tronco secundrio.
Acontece algumas vezes que cs pontos dos ns,
que seguem o cepo primitivo , se descobrem . e fo*mp raizes at o momento em que os ns da Cana so asss numerosos e asss compridos, para
ergue em fora da terra aos que os seguem, e quha de formar a haste. Esta segunda parte docepo fica mui forte , e parece que s serve a filiao mais extensa dos ns.
As razes rsulto do descobrimento dos vasos
cevosos . dispostos em raio: concentricos em torno
de cada ponto, e deste ponto apresento em sua
superfcie os ns rad.icaes e aquelles que propriamente se chamo ns. A disposio dos vasos sebosos da raiz*, cortado? a travcz, offerece hum plano circular pouco fechado , cheio de hum tecido
celiular e coberto de huma plle, que primeiramente he branca e cue , ao depois , fica parda , e
escura , e da qual o tecido he muito esponjoso.
As raizes so quasi cylind icas, e o seu dimetro
he pouco menos de huma linha , e o seu maior
comprimento h de hum p ou inais ! ellas na
sui extenso do algumas pequenas raizinhas curtas , e potic-o numerosas.
Todas as Canas de ns
quer formem o cepq secundaiio , ou o tronco, ou iiaastc so divididos

des entre si por huma folha , que lhes he prpria, e que ns chamaremos folha da Cana.
Ainda que seja pouco considervel a extenso
dos ns das Canas , quer em o tronco, secundrio ,
quer em a haste , tem comsigo todos os attributos
que os caracterizo,
O nmero dos ns da haste , ordinariamente,
he de 40 a 6 o , e algumas vezes a 80 , e ainda
mais. Estear ns vario muito em suas dimenses :
tio curtos, ou compridos, grandes ou pequenos ,
delgados ou grossos , e muita parte destas differenas se encontro em os ns da mesma haste algumas vezes,
O n , propriamente chamado , no he huma
simples diviso da Cana , como na maior parte das
outras , e nas graminheiras. He hum verdadeiro annel , do qual a extenso de 5,4,5 linhas , e no
mais. Offerece em .a sua superfcie 2 , ) , 4 , e tambm 5 ordens de pontos meio transparentes dispostos em quinconce , a destinados a produzir raizes ; o qual traz sempre hum boto , que contm
germen de huma planta nova. Huma linha circular meia transparente , asss sensivel vista, a divide do entren.
O entrtn nada apresenta de particular na sua
superfcie: a sua extenso varia de huma linha at
eis pollegadas. Nota-se em a sua parte superior
huma ligeira cstieiteza circular, que se nomca gargan-

f 26 3

. .nuella folha 1 que he


ranta , a qual se termina por aqueiu
\
.
., r-ana. O entreUo he totsipropriamente , dona da Uuia. *>
L n t e subordinado , c i r c u n d a s
em que
acha o n da Cana . quando em raao do seu*,
cobrimento-, e do seu crescimento se v obrrgad,
a encher a funcco, que nos interessa mais nacultura da Cana . da qual leva o seu sueco ao estado
de sal essencial , ao depois de a ter feito passar
por diversas modificaes. Veremos , ao epois, que
a sua acco particular - a respeito do sueco, que eiIa trabalha, tem no s a maior semelhana com
o dos fruetos mucosos ; mas tambm que, pelo respeito desta mesma acco , he elle o frueto rauco
co por excellencia.
Quando se examina a estruetura , ou feitio interior , das diversas partes , de que se forma o todo da Cana , se conhece que ellas so formadas de
vasos sebosos . e de vasos prprios. Sem dvidaa).
guma elias gozo tambm detracheas, eutrculos,
rms estes rgos escapo as lentes , e ao microscpio.
Os vasos sebosos so basranremente grandes,
e seu nmero chega a 1500 e ainda mais. Quando se cor to atravs, elles nada mais apresento do
que huma abertura
no caso de serem simples;
mas se forem compostos
offerecem duas , trs,
e ainda quatro , bastantemente grandes , que polem
ter vistas , e avaliada pelas lentes.
Os

( *7 )
Os vasos prprios , cuja funco he separar
as folhas, na casca, e no interior desta os suecos
particulares , e prprios esta planta , tem huma
disposio symmetrica tal , que apresento , principalmente no interior do entren , cavidades hexagonas, dispostas no mesmo plano , e separadas como as das abelhas, formando em distancias iguae
raios horisontaes , postos huns por cima dos outros.
No ponto ria haste , mais elevado ou menos *
cada vaso seboso se divide em duas partes , das
quaes huma continua na direco vertical, e outra
caminha horizontalmente. A direco horisontal se
entrecruza sobre muitos planos , com as divises
verticaes, e depois de ter formado huma diviso de
huma ou duas linhas de altura , se une em hum
feixe, que fura a casca, e se applica a superfcie
do n , propriamente chamado, debaixo da frma de
hum boto.
Os botes, formados desta sorte , contm a
esperana de huma gerao futura, e se apresento sempre alternativamente t sobre as duas linhas
oppostas.
A separao, que formao as divises horisontaes , divide interiormente os ns das Canas , e intercepta entte ellas toda a communicao em razo
das suas funees particulares.
Acima da ponto de sua diviso, os vasos que
se-

( 28 )
seguem a direco vertical , apresenta em toda a
extenso do n , propriamente chamado., huma face
concava , e outra convexa j pois seguramente, fico
redondas pelo ajuntamento ou encontro de outros
vasos. Os pontos desta unio, ou encontro, se
correspondem em todos os vasos, e algumas veaes
at huma linha de extenso
e se assignaHo por
huma meia transparente que frma a demarcao
entre o n , e o entren ou gomo.
O espao , que os vasos sebosos deixo entre
si de hum a outro repartimento , se enche- pelos
raios . que a disposio symmetrca dos vasos prprios frma.
A casca das Canas apresenta, trs partes nossa considerao , a casta -propriamente chamada, a
filie
e a epidtrme.
A casca propriamente chamada , se frma de
vasos sebosos , dispostos em paralllo sobre hum. plano circular mui fechado.
A plle , que he delgadissima , no principio he
tenra e branca . ao depois fica verde , e de hum
amarello cor de limo ao passo que o n da Cana se vai chegando ao estado de madureza , do
qual o termo se avisa por certas canelas de huma cor avermelhada escura. Destina se este rgo a
certa funeo particular , cujo pioducto passa par*
ps vasos prprios do interior,
A tpsitrmc he huma pellicul,a fina > e trans-.
pa-.

parente, que cobre porcima aplle: he quasi sempre branca e farinhosa na parte superior do gomo:
e algumas vezes he farinhosa e negra.
A tasca
chegada extremidade superior do
gomo ) se divide em dous planos , hum interno t
6 qual passa a formar a casca do n seguinte *
outro externo, que recebe muitos vasos sebosos t que
vem do interior a unir-se aos deste plano, com osjuaes se levanto paralllamente sostidos por hum
tecido reticular para a formao da folha, na qual
se continua a plle, a epiderme e a casca.
Todas as folhas, menos as trs primeiras radicaes, se dividem em duas partes por hum n.
A parte inferior tem algumas vezes mais- do
hum p de altura , e serve de cuberta aos n
seguintes das Canas , que ella aambarca to estreitamente que lhe d huma volta e meia quasi. A suar
face he lisa , polida , e lusidia. A exterior leve
mente arregoada , apresenta huma quantidade inunda de pequenas agulhinhas brancas do longor quasi de duas linhar, cuja insero- he inferior.
A parte superior, que he de hum verde maf
ou menos carregado , tem quatro ps de compra
mento , e algumas vezes mais: erguida per si mef'
ma , se estende , e levanta na atmosfera formando com o eixo da Cana hum angulo tanto menos
agudo , quanto o n , de que ella sahe , se acha mai*
perto d seu crescimento perfeito : sua maior lar-,
gu-

( jo)
gura he de duas pollegadas; e caminha, diminuiu,
do sempre cada vez mais, at acabar numa ponta
alongada.
O n que divide a folha , tem muitas linhas
de extenso: o tecido da sua pelle he mais tenro
mais espesso . e de hum verde mais carregado;
epiderme , que o cobre , constantemente he farnhoa , e interiormente offerece huma dobra , ou refego membranoso delgado , da largura de huma linha ,
e demasiadamente cingida com o corpo da Cana.
A dobra frma entre s i , e a patte superior da Cana hum canal , para o escoo das guas da chuva,
e o mesmo serve de huma barreira , que embaraa os corpos estranhos , e impede os insectos,
que poderia arruinar os ns no seu descobrimento.
LevsmtSo-se as folhas alternativamente sobre
os dois planos oppostos, e apresento na sua dilatao huma semelhana de leque , ou abano.
. IV. Descobrimento ds diferentes parles ia
Carne.
A historia natural de todo o vegetal deve apresentar os fenmenos da fructificaSo, e da fecundao do germen ; as leis que este seme em o seu
desenvolvimento ; as differentes revolues , que
lotTre a planta , desde o seu nascimento at totalrnen-

e>7
mente acabar, e os diversos accidentes entre estess
dois termos.
He por tanto indispensvel ao Cultivador o
estudo . em todas estas vistas de huma planta entregue ao seu cuidado, se elle quer conseguir huma cultura bem entendida-, e arrasoada , como aquecia , que todas as plantas teis que gozo a nosso
respeito a maior estimao , assim como a Cana do
Assucar o trigo , o milho , a vinha, a oliveira ,
as nogueiras &c. devem ter.
Aprofundando-se este estudo , se sabe , qual seja o terreno, qual o clima , que melhor convm
a planta: e aclareando-se-lhe as circunstancias mais favorveis sua vegetao , se lhe mostra a razd de
todps os accidentes, e se guia necessariamente tambm so conhecimento da natureza, e da qualidade dos seiQ productos.
Todas as partes da Cana se frmo . e se descobrem , se auginento , e se levanto successivarnente humas sobre outras de huma tal maneira.
que cada huma dellas em razo da outra funo
de que goza hum todo particular parece correr
os seus tifferentes tempos, independentemente dos
outros. Esta particularidade nos apresenta a Cana
com dous respeitos, que parecem confundir-sc.
Seria baldado , pelo menos n'America , indagar nas partes da fructificao da Cana , o gener
de alguma Cana nova. No boto he, que se vai vet

CiO
* flrimerfa parte do-n da Cana ( o n que se
chama propriamente) por conter este a esperana
de huma gerao- futura t o boto apresenta folhinhas mui pequenas encouchadas entre s i , que lhe
servem de capa. As condies do germen . que tentem , sendo necessariamente as mesmas em todos
os botes , o descobrimento deste germen se sujeita,
tfs mesmas leis, e estas nunca vario em qualquer
parte da Cana, em que se encontre o boto.
Nos primeiros tempos do descobrimento da
Cana he quando se pde ver melhor os ns radicaes , principalmente estando em terra o boto,
qu se descobre; porque as raizes , que ella lana,
a terra , que nestas se embaraa > impedem que se
distingo to claramente , como na primeira circunstancia.
Tendo-se-lhe tirado as folhas radiojes , orinatamente se descobre , dehaixo da do quinto n , o
n da Cana primeiro , que se conhece pelo boto,
que apresenta sobre o lado direito, e igualmente a
linha , que o divide em duas partes. No caso de que
e veja privado destes attributos, se deve contar
tntre os ns radicaes , e ento o seguinte n
apresentar boto
qe deve caracterisar 0 0*
da Cana , e que estar no seu lado esquerdo. Se
Wrnbem acontecer que no seja , o que mui raia vez
contece , com toda a segurana ser ultimo n
fadicai.

f H )
O primeiro n Cana trar ento o seu boto em a parte do lado direito pela alternativa
constante que guardo sobre dons lados ou linhas
oppostas.
Do centro do ultimo n radical costuma sahir
o germen do primeiro n Cana , o qual contm o
principio da vida da Cana , e da gerao' dos ns.
Formando-se o primeiro fica sendo matriz do segundo , este do terceiro , e assim cs demais suecess'vmente.
Estabelecida deste modo esta successo, passa
o principio da gerao do n formado para o outro , que se ha de formar .-neste comenos os ns
formados se descobrem , crescem pondo constantemente entre as suas diversas revolues hum gro
de differena, marcado pelo tempo da sua gerao;
de sorte que os ns da Cana podem ser contemplados , como outros tantos crculos excntricos, cujo centro se acha sempre occupado por hum ponto, que elle mesmo se volta em circulo, e se substitue por outro ponto. Estes crculos que sucessivamente se levanto huns sobre os outros
se
alargo at chegar a hum dimetro determinado
dentro de certo tempo prefixo.
Divido em quatro pocas as revolues , porque
passa o n Cana desde o instante de sua gerao ,
que dura oito ou dz dias at o tempo , ou poca de sua madureza.
T. I. P. II.
C
Na

(34)
Na gerao o esboo do n apparece no centro , debaixo da representao de hum pequeno cone , que tem quando muito . duas linhas de alto e passa poca da formao , sahindo elje deste centro , occupando logo outro o seu lugar.
A primeira parte , que apresenta este esboo
no primeiro tempo da formao, he a folha, que
se levanta 8 , ou 10 linhas : no segundo tempo a
folha chega a 20 linhas e he seguida ento do
n propriamente chamado : no ter cerro chega de
sinco a seis pollegadas: o n , que se lhe segue, he
mais assignalado , e traz hum boto: no quarto adquire dez a doze pollegadas , e he seguido pela
linha, que separa o no do gomo ou entren. Em
fim no quinto tempo a folha se faz to grande,
que apparece claramente acompanhada do gomo da
linha do n.
O n Cana , a este tempo totalmente formado passa a huma segunda poca, e vem a ser. a
do descobrimento
no qual cada huma das suas
partes tem tomado o seu prprio caracter muito
mais decisivamente.
Divide-se esta poca em muitos tempos, qie
Justamente correspondem aos tempos da gerao,
c aos da formao : so marcadas as mudanas, cue
acompanharo estes diversos tempos , assim sobre o
n , do qual todas as partes formadas se descobrem r como sobre o sumo do gome , cuja qualida-

(15)
dade st modificou em differentes gros. Este n
tempo do descobrimento , toma no seu cheiro e
sabor hum caracter doce , hervaceo , idntico ao de
alguns fructos niticosos verdes.
A terceira poca , que vem a ser, a do crescimento , tambm se divide em muitos tempos, que
correspondem igualmente aos da gerao, e aos da
primeira poca.
Estes tempos no so to marcados sobre o
n Cana, do qual as partes formadas e descobertas totno assim torfa a intenso, e energia, de
que so capazes , como tambm sobre o sumo do
gomo , que soffre em cada hum destes tempos hum
gro de elaborao de mais este sumo por huma
sequella de modificaes, que experimenta cessa de
Ser herbaceo ; seu sabor, passando a ser doce e cheiroso adquire uma perfeita semelhana cm os pomos doces.
O sueco dos ns Canas descobertos , e accrestentados* pelo trabalho da mudana em os diversos tempos desta quarta poca , que responde sempre da gerao > e a das pocas precedentes, soffre diversas alteraes > ou modificaes na mudana do sabor doce" em sabor assUcarado, no de seu
cheiro de pomos em hum certo perfume balsamico
particular. c prprio Cana,
Acontece havendo citetmistantis mui favorveis para a vegetao, que immediatamente , de.

c a

pois

(36)
pois do primeiro descobrimento dos ns Canas,
que devem formar o cepo secundrio , o boto , que
apresenta a primeira parte destes ns , se descobre ,
e fornece seus ns radicaes, e passa a foi mar huma segunda filhao sobre a primeira. Muitas vezes o boto do primeiro n Cana desta segunda
filhao se descobre, tambm , e delia se frma huma terceira. As duas ultimas seguem a primeira
muito de perto , e vo formar Cana , como el!a.
So precisos quatro para sinco mezes para hum
cabal crescimento do primeiro n Cana , e neste
tempo a sua filhao he seguida de 1 $ a 20 ns,
que proseguem na mesma progresso a medida,
que cada hum destes ns chega ao termo de seu
crescimento , que se annunca pela perda da sua
folha poca da madureza, e bondade , que tem
o seu termo marcado pelo total dessecamento da
sua mesma folha.
Passados 4 ou $ mezes , quando as folhas dos
dous ou trs primeiros ns Canas , que apparecem
fora da terra , esto seccas, e a Cana apresenta 12 a
1$ folhas verdes dispostas em feio de hum leque : neste tempo, considerada no estado natural,
j tem conseguido todo o seu crescimento por
quanto , achando-se na poca do florecimento, florece , e o principio da vida e da gerao passa inteiramente ao descobrimento das partes da fruetiftKo.

N-

(37)
Neste tempo os ns Canas, que se formo ,
presento, ou mostro claramente duas partes ,
tias a primeira he sem boto , e pontos elementares das raizes; e as divises dos vasos sebosos
os quaes nos ns, que lhe precedero, se portaro
transversalmente para formarem o boto , passo para as folhas i donde vem que o nmero destes vaso; diininuindo-se em os ns , proporo que elles se formo, stes ns , que por isso se vem a
alongar mais e mais, s conservo hum pequeno
nume; o de vasos simples ; e ainda em a sua casca , que com isto se faz demasiadamente delgada.
O ultimo n , que se chama fiexa - tem 4 ou
5 pcs de comprido , e acaba por hum pendo, ou
b ndeira Qanlcnla) de flores estreis com 18 para
ao pollegadas de altura.
A parte inferior das folhas dos uHHrbs ns
he muito comprida, e frma huma capa ou coberta muito unida , que acompanha a flecha at i
ultima bandeira , t a sustem.
As folhas, assim como os ns , donde ellas
sahem , se secco -ao mesmo tempo que a flecha ,
e cahem com ella: e sem embargo de que o principio da vida , e da gerao dos ns esteja anniquilado, com tudo as folhai dos ns Canas . dotados de boto, que ainda no esto em o ultimo
termo da sua poca , conservo o seu ar ou representao , e o seu verdor.
Es-

(3?)
Este facto demostra entre o cpo , a fotft
hum movimento particular , do qual os beneficio*
se refundem em o n de cada folha.
No se achando a Cana no tempo da flore.
cencia, ou se a esta poca a cultura se aparta muito do seu estado natural , ella no florece: ento
o principio da vida passa gerao dos novos ns,
gerao que se continua at que os vasos sebosos
do cepo, ficando lenhosos , no permitto mais aos
suecos aquosos o passar.
Devem-se distinguir em a Capa dous movimentos , hum que pertence ao systema dos vasos sebosos , e corre por todas as partes da planta, euj"i vida entretem , e providenea a gerao dos ns;
outro particular , que toca ao systema dos vasos
prprios.* e entretem a funo prpria, e particular de lida n,
Eu dou ao ajuntamento de todas as partes da
Cgna , considerada em geral, a simples denominao de Cana.
Nomeio Cana de Assucar ao ajuntamento dos
ns que , por suas folhas esto em respeito com o
c-.po em qualquer distancia , que ellas estejo delle apartadas , por quanto em as diversas revolues , que soffrem estes ns he , que o corpo mu
coso se labora , para se voltar em Assucar
Chamo Cana de Assucar o ajuntamento de ns,
que checando ao teimo da sua uitima, poca contem

C 3 9 )
t m o Assucar cabalmente formado, e no terfl
mais necessidade dos benefcios da vegetao. Deveu ento ser considerados, como tantos fiuctos mucosos estando maduros. Tal he a Cana , quando se
recolhe para se lhe tirar o Assucar.
r

V. Dos diversos estados que apresenta a Cana devidos mfatna do Sol, do elima, 0 da cultura.
Se as influencias do Sol e do clima ; Se *
educao modifica a educao physica e moral dosanimaes j se a natureza tem assignado a cada espcie os lugares, em que ella deve habitar e que
lhe cumpre nunca deixar pelo perigo
a que se
expem , de adoecer e morrer: os vegetaes que
muito mais immediatamente se nutrem da terra ,
devem por esta razo ser, e so com effeito , muito mais sujeitos tambm s suas influencias.
As influencias do Sol, do clima , e da cultura , so as plantas responsveis da sua constituio mais ou menos forte, do seu vigor e da faculdade de satisfazer com maior energia as funes
diversas, que lhes so prprias,
Se a escolha de algumas varia sobre a natu.
reza do terreno , todas concordo em procurar a
aco do ar da luz , e do Sol, e se houver algumas , que dem preferencia a esta , ou quella expo-

(40)
posio , ser para recaber esta aco de huma maneira mais particular, e mais prpria sua constituio individual.
As plantas, que se mudo de terreno, e de
clima, ou perecem ou experimento huma alterao mais ou menos sensivel quer em a sua constituio quer em o producto das suas funes.
Os vegetaes, que a natureza dotou de rgos
prprios para trabalharem o corpo mucoso , par o
levar a hnm estado doce e assucarado , parecem ser
os mais sensiveis a estas diversas influencias: elles
antes querem huma terra solta e dividida, do que
terrenos fortes e alagadios ; requerem sobre tudo
huma posio favorvel para receber a acco do ar,
da luz e do Sol, agentes , que gozo da maior
aco na elaborao, e perfeio da matria assuparada.
Sabe-se que em Chypre . Madeira, Hespanha,
e nas nossas Provncias meridionzes, onde se cul-
tiva a vinha com menor cuidado talvez , do que nos
arredores de Paris e no Norte da Frana, o sumo
da uva he infinitamente mais rio em matria as-?
sucarada, * que esta matria he muito melhor trabalhada nestes lugares i gozando sempre de hum
bailo Ceo
a aco da luz
e do Sol he mais
forte e mais constante , que nos arredores de Paiis,
onde as chuvas so mais freqentes, e onde o Sol
muitas vezes c por muitos dias suecessivos est anuviado.
As
;

(4i )
As mudanas, que os multiplicados cuidados da
Ailtura fazem experimentar aos vegetaes , unidas
as influencias do Sol , e do clima , so algumas vestes de tanta grandeza principalmente , nos que produzem fructos mucosos. que lhes do lugar a variedades infinitas, e que parece fazellos differir entre si mesmos por maneira tal , que se fazem quasi desconhecidos.
M. Duhamel mostrou que se devia reduzir todas as variedades das arvores de fructos de huma
espcie a esta mesma espcie , tomada no estado
de bravia.
Todas as vinhas cultivadas foro desta sorte
produzidas originariamente de muitas espcies bravias. O mesmo se deve dizer das pereiras, maceiras, Scc. &c.
Ainda que a Cana i primeira vista parea no
differir de si mesma ; todavia o estudo profundo
desta planta , e a observao luminosa fazem vr,
de huma maneira clara as modificaes
que ella
tem recebido : as differenas, que ella apresenta ,
tanto em si mesmo , como em o produeto de suas
funes , so notadas pelo modo mais sensvel ,
no s em as diversas partes da Ilha de S. Domingos , por onde andei, mas ainda nos seus diversos bairros.
Rumphio, que s fallou das Canas como Naturalista , reduzio a trs variedades, tomadas da cr,
as

(4*)
as que elle vio. As differenas, que offerece esta
Cana, no escapara aos Chins; pois que , segundo o mesmo Author , distinguem ^uas sortes d
Canas. Chama Tec-sie * primeira , qual reduzem todas, as que tem a casca delgada
Gamsia a segunda, que s as que tem a case
grossa.
Das diversas observaes, que fiz acerca das
mudanas, e modificass que a Cana recebe a*
sim do clima , como do terreno , da cultura , das
influencias das estaes d'agua , da seceura do ar,
da luz do Sol , julgo que poderei reduzir todas
as variedades desta planta a dois estados principaes
tomados no s da fora doa seus vasos sevosos,
do seu porte , de estado particular dos ps, doi
gomos , mais ainda das differenas relativas su*
constituio forte , ou fraca, que apresenta o seu
sueco esprimidOk
Desta sorte distingo a Cana de constituio
forte , e a Cana de constituio fraca. Distingo (
ainda nestes dois estados , matizes particulares, qus
do lugar s subdivises , que- passo a expor.
A Cana de huma forte constituio no seu
primeiro passo he firme sobre o cepo , resiste aoi
esforos do vento que a no arranca , e nunca
a quebra: com igual valor supporta a abundncia
das chuvas e a sua falta , e opera as suas revolues morosamente: e a poca do seu acabamento

(43)
te he mais remota, e s comea pouco antes de
dezoito mezes at os 20.
Esta sorte he a melhor, e mais rara : ella
se acha na enseiada Cal de Sa na barranca Oest.
do lio branco. Tambm a encontrei em Artcbonir
te , e nas Ganaivas,
A Cana d'Assucar apresenta i j a l i ns Ca
nas, cujas folhas so mui compridas , e mui largas , de hum bello verde : como os vasos sevoso*
desta sorte de Canas so fortssimos, as folhas permanecem muitssimo tempo ao depois de sccas.
Nas Canas assucaradas os ns Canas so grosIssimos muito entofados , e compridos acima de
duas eu trs pollegadas so amarelloi, e algumas
vezes mostro huma tinta verde, principalmente ,
sendo o terreno novo ; o boto , que traz o n
propriamente chamado * he mui grosso e o espao , que oecupa , penetrando a casca , d ao n nesta parte at duas linhas de extenso de mais,
que na parte opposta : donde vem , qu a inter*
posio do n toma huma obliqidade relativa .
grossura do boto. A quantidade dos ns Canas
anda ordinariamente pelo nmero de trinta e cinco a quarenta e cinco.
Esta Cana assucarada he mui pouco sensvel
s influencias (do Outono) da atrazada estao , di2-"m os Francezes , seu sueco he abundante , e
contm. hum forte cheiro da Caca. A sua desseca.

(44)
l o algumas vezes he embaraosa pela- assistncia
de huma matria saponacea extractiva muito abundante.
Seu sueco he rico de- sal essencial de huma
excellente qualidade, cuja extraco he muito fa.
cil , sobretudo . quando a intenso do seu cozimento
no passa o termo 88 do thermometro de Reamur. Este tem o cheiro balsamico prprio da Cana em hum ponto muito alto. Em tempo algum
ser preciso cortar esta Cana assucarada antes de 18
ate 20 mezes.
A Cana de huma forte constituio , no segundo gro apresenta os mesmos caracteres, que a
que acabamos de descrever , mas exprimem-se com
menor fora.
Rija sobre o seu cepo reziste a aco do vento , e supporta muito bem a gua , e seceura : co
rnea a descahir aos dezeseis e dezoito mezes. Encontra-se nos bairros de Moren , Limonade '. nos outros porm muito menos.
A Cana d*Assucar apresenta doze at quinze
ns, cujas folhas so longas,, de hum verde tenro . e aturo muito tempo depois de resequidas.
A Cana assucarada mostra ordinariamente de
jo a jj nsvCanas, que so assim menos grossos,
como menos estofados, do que os da Cana assucarada forte do primeiro gro. A sua longura tambm he de duas a trs pollegadas a sua cr ama<tel:

C 4J )
rella , e ainda de mbar: muitas vezes a epiderma
se ennegrece na parte superior do gomo. A interposio do n he menos oblqua j pois o seu boto he menos grosso.
Esta Cana he pouco sensvel s influencias (do
Outono) da estao atrazada : seu sueco he asss
abundante , a dessecao muito fcil : he rica de
sal essencial bellissimo , e de boa qualidade cuja
extraeco em todo o tempo he facillima: tem hum
leve cheiro de Cana.
A Cana de huma constituio forte no terceiro gro traz os mesmos caracteres , que as duas
antecedentes j mas no expressados to fortemente.
Cresce em terras fortes, e altas , a saber, morros,
montanhas r regozija-se com abundncia das chuvas *
e se doe com as seccas. Principia o seu descahimento aos i j , e 16 mezes : he firme sobre o sen
cepo, e resiste aot esforos dos ventos.
A Cana dAssucar apresenta dez at treze n
Canas cem folhas curtas estreitas, de hum verde
cr de cidra, ou limo: e duro pouco depois do
seccos.
A Cana assucarada produr 20 at ?o ns Canas ,- que so pequenos pouco estufados. alguma
vezes direitos , e curtos de huma at duas pollegadas , de huma cr amarella de cidra 3 sensvel s>
influencias da m estao r e convm cortalla de
15 a 16 mezes.
Sei

(40
Seu sueco he pouco abundante ; mas he rico
srn sal essencial de huma bellissima qualidade : algumas vezes apresenta huma mui grande poporo
de matria saponacea extractiva , que faz a dessecao embaraosa , e ru inosa a extraco do sal eisenciai , e sobretudo quando se lhe applica hum
gro de cozimento de 90 a 92.
Particularmente depois dos grandes calores he
que esta matria se acha em maior proporo, e
que ella he ento mais prejudicial. O sal essencial
he de huma qualidade muito boa, esempre lana
hum cheiro balsamico muito forte.
A Cana de huma constituio fraca he ou boa,
ou m
A de huma constituio fraca , e boa he , a eua
actualmente se acha mais espalhada: cresce muito
bem nas plancies. O estado do terreno modifica a
*ua constituio , mas nem por isso a muda. A
-abundncia de chuvas tambm a enfraquece
ea
voita muito m: a excessiva secea, e a faz mur
char , e ultimamente a mata.
O seu acabamento corre com a estao em ser
mais, ou menos prompto: comea ao undecimo
-te duodecimo mez, e algumas vezes no 1 5 o , e 16a
no resiste por muito tempo ao vento , que a vol*
i a dcima para baixo e algumas vezes a quebra:
e outras vezes a encorcova , e entorta.
A Cana de Assucar apresenta ia a i ; ns

Ca-

( 47 )
Canas com folhas compridas de dous at trei ps ,
de cr verde branda : no persiste muito tempo
ao depois de secca.
A Cana assucarada traz 20 a to ns Canas $
que conforme as circunstancias so pequenos, grossos , compridos de j a 4 pollegadas , pouco estofados , muitas vezes direitos, algumas reintrantes 1
de hum amarello alaranjado , algumas de cr de ei*
dra : pela maior parte a poca d seu acabamento
se annunca por estrias de hum vermelho , algum
tanto escuro. A interposio do n propriamente
chamado, he quasi horisontal. Seu sumo , que h
algumas vezes muito abundante, he fcil em se dessecar.
Em a primeira sazo he rica de sal essencial*
cuja extraco se faz muito bem: o sal he beHo
e boa qualidade
e conserva hum ligeiro chei:
balsamico. Na m estao he pobre de sueco; s
se pde extrahir o sal por hum cozimento muito
moderado e este sal ento traz hum cheiro semelhante ao do po , quando se tira do forno.
A Cana de huma constituio fraca , e m , cre*4
ce em terras lumidas
e pantanosas. Cresce em
terras novas tambm postas em cultura pela pri*
meira vez , e que so frescas ; requer seccas excessivas , e deteriora-se com a abundncia das chuvas ao menos em razo da matria assucarada. Sobre o seu p he dbil, o vento a destro* quasi
tem-

C 4O
sempre e pela maior parte a quebra. O seu acabamento final he aos 15 e 16 mezes.
A Cana de Assucar apresenta 1$ a 16 nr
Canas com as folhas compridas , largas , d'um verde carregado
os quaes aturo ao depois de seccos.
A Cana assucarada offerece de 10 a 40 ns
Canas grossos. compridos de 4 a 5 pollegadas,
raramente estofados e quasi sempre direitos. Sua
cr he de hum amarello plido
tirante algumas
vezes para verde. A interppsio do n propriamente chamado algumas vezes he oblqua.
Muitas vezes tem sueco abundante: a dessecao he sempre fcil : em huma estao de seccas compridas he rica em sal essencial
que
se obtm com facilidade
e que he bom, principalmente
quando se maneja bem o seu cozimento.
Ao depois de muitas guas , particularmente
no outono, he pobre de sueco : traz huma poro
maior. ou menor de corpo mucoso , que no pde chegar ao estado de sal essencial : neste caso
se precisa manejar o cozimento com o maior cuidado , querendo se ter este sal
que sempre traz
coinsigo o cheiro do po, que sahe do forno Esta casta de Canas he pela maior parte muito mal
feita , e torta.
A vista destas circunstancias, se conhece quanto

(49)
to importa ao cultivador , o conhecer muito bem
a Cana 3 e o fim ou alvo, das sua funes commuas, e particulares; para que posso empregar a
propsito , e com proveito os diversos agentes d*
vegetao , e da madureza para clirijir, e favorecer
igualmente bem a sua aco . assim sobre a Cana do Assucar , como sobre a Ca.na assucarada.
Sendo a gua hum dos mais poderosos agentes da vegetao da Cana , todo o cuidado , do que
a cultiva , se deve voltar sobre os meios de a poder ajudar- e adiantar todo o possivel com toda
a gua , que ella poder receber, seja pela chuva ,
seja pela rega ; .e para isto he necessrio que a
terra seja muito bem dividida.
A terra offerece , conforme a sua natureza , e as
suas circitmstancias , embaraos maiores e menores
a esta feliz condio. Embaraos que so precisos
vencellos pela lavoira, ou trabalho , pelos adubos.
jfeu estrumes
e mistura com terras calcareas, e
areias, &c.
Distingue-se a Cana pelos respeitos, que acompanho a sua produco ; em Cana plantada , e ein
renovos, ou Cana soca.
A Cana plantada resulta do descobrimento
dos botes de huma estaca (coto) , ou planta mettida na terra e esta contm ordinariamente a Cana do Assucar, de que se corta as folhas - e os
dons ou trs ltimos ns da Cana assucarada. PaT. I. P. II.
D
*a

(JO)

ra se plantar se fazem covas d e i ; a S pollegadas


quadrados , e $\e oito a dez de profundeza.
A terra cavada enxada se pem ?obre as
bordas da cova e as estacas deitadas em plano (4
oc 5.) so primeiramente cobertas d' huma , ou duas
pojlegadas de terra. A cova fica ento em a mais
favorvel disposio para receber
e conservar a
gua , assim da chuva , como da rega. O estado de
diviso, em que a teria se acha, permitte facilm nte que as raizes. a po so penetrar e que se posso estender tudo , quanto cuizerem ou poderem.
Multiplicando se , e estendendo-se as raizes , do em
grandssima abundncia a gua necessria ao prcm->
pto d-cobrm.etito dos botes . e a vegetao da
Cana plantada.
O garfo da Cana resulta do descobrimento
dos botes dos ns que formavo o cepo secundrio da Cana, que se acaba de cortar.
A terra que cobre estes cepos, cujo ajuntamento frma huma touceira maior ou menor, cnrijada por hum > ou mais annos de ai ueive (re,ouso) resiste mais ou menos ao rebentamento (descobrimento) destes botes; a resistncia que ea
oppem s raizes faz que o nmero , das que se
descobrem , seja maior ou n.enor ; e tambm cue ,
sendo menos compridas, forneo menos gua para a vegetao de cada garfo , ou renovo. Enrijada deste feiti pelo alqueivc. , a terra he muito
me-

O* )
menos trespassada pela gua ou das chuvas, U
das reas. As pequenas eminncias que formo os
tufcs dastouas, impedem que a agu no chegue
s rai/es se no for muita.
As circumstancias pouco favorveis vegetao do g.irfo ou renovo da Cana fazem , que o n.
mero das que se descobrem seja menor , e que
ve"efem com menos forca.
Quando chesro ao ponto de Canas assucardas , apresento maior aaesso ao ar e ao Sl ; e
se ei Ias no so to bellas , como as Canas de Assucar - so com certeza infinitamente melhores co*
mo o so as Canas assucaradas.
A observacSo e a experincia ensino : que i
se as Canas plantadas so mais numerosas, e melhores que os renovos das Canas , a defecao do
seu sueco e a extraco do seu Sal essencial, que
cilas com sigo trazem reruerem hum maior cuidado : e que este sal essencial
alm de no ser
to bom tmnbem he de huma inferior qualidade.
As circumstancias mais, nu menos favorveis
vegetao, que apresenta a terra o estado das Canas que ella produz , exigem ser attendidas na
plantao em Ordem distancia
na qual humas
se devem pr das outras, istolie-, de huma a Outra cova.
Deve-se plantar a Cana, que he forte erri o
primeiro gro, em distancias menores nas terras ,
D ii
que

que se cultivo a muito tempo, do que aquellas


que se cultivo em terras novas, ou ainda bravia;.
A Cana forte de segundo gra'o equer o ser
plantada perto
porque s cresce em terras, nas
quaes se planto muito tempo.
A que he forte no terceiro gro , requer ainda
ser plantada muito mais perto do que a do segundo gro; porque, ella crescendo em lugares
levantados , morros, apresenta sempre ao ar muito
accesso, e tambm ao Sol, e igualmente a terra
destes he mais solta.
A Cana fraca , e boa deve ser plantada tan'o
mais perto entre s i , quanto a sua constituio for
melhor, e que ella estiver mais exposta acco
do ar , e do Sol ; e que a terra for mais leve.
A' Cana fraca, e m deve ser plantada tan!o
mais distante, quanto a terra for mais forte , mais
nova , e que ella for mais hmida , e quanto as Canas
so menos expostas a aco do ar ; e do Sol ; porque,
sendo estas circunstancias favorveis vegetao, e
muito pouco elaborao da matria assucarada,
cumpre pr muita distancia entre ellas - para que
a vegetao seja menos vigorosa , e que o ar e
sol tenho o maior accesso nellas.
Toda a arte do Lavrador consiste , em que saiba bem modificar, segundo as circunstancias, a aco da gua do ar, do Sol, plo que pertence
-vegetao , c elaborao da matria assucarada
As-

( 55 )
Assim nas terras em que a vegetao he
muito foue muito acfiva , he preciso , que se plante em grandes distancias, edeixar que a Cana rebene de renovo prlo espao de muitos annos successivos: e pelo contrario-, sendo muito fraca , he
preciso replantalla de novo , ou trabalhar as socas.
O Author do ensaio acerca da arte de cultivar
a Cana prope para favorecer a vegetao de lavrar as socas e de enterrar as palhas. Facilmente
se entender , vista do que acabamos de dizer acerca da Cana que esta prtica be boa , quando for
conveniente augmentar a vegetao, e de aproveitar-se de toda a gua da chuva e da rega.
Muitos habitantes, pouco tempo , tem tentado de metter isto em uso , o foro bem succedidos , conforme as suas esperanas. Tudo , quanto este Author recommenda acerca dos cuidados - e preparaes que convm dar terra
h* bem entendido.
| . .VI. Sobre a economia vegetal da Cana.
Se nos no for possvel (continua M. Dutrone) de profundar a causa do movimento , que d
vida aos vegetaes, deveremos ao menos estudar os
seus effeitos em as ftinces das differentes plantas,
que vivifica , e sobretudo em acuellas, cujos prediletos tanto nos interesso . e entre estas certamente
no

($4)
no ha alguma , que nos merea mais do que a
Cana.
Estas vistas nos obi igro a examinar primeiramente , a influencia da terra, e da gua em o
descobrimento do germen desta planta, e em sua
vegetao ; a aco de suas folhas , assim na sua
vegetao, como em a elaborao, de seus suecos:
depois em seuir as modificaes de corpo mucosa em o gomo, e a progresso, que conduz este
Corpo de huma maneira, quasi imperceptvel ao estado do sal essencial,!.
Es.t* estudo me apresentou^ a analogia mais
completa entre o n Gana , e a maior parte dos
fructos mucosos, doces , e assucarados.
Parece que as experincias de Boyle prvo,
que a terra., em que as raizes dos vegetaes
se
descobrem, e se accreicento , no entra em o systema da circulao da planta
para se haver de
pr em o nmero constitutivo dos seus princpios:
ella s pde pois ser contemplada, como huma esponja mais , ou menos penetravel , ou permevel
gua , que retm , e fixa as raizes, consentindo
que ellas se estendo.
O Illustre Author da Physica das arvores mosi
trou tambm que a uuica funeo das raizes he
de attrahir da terra, que ellas penetto, a gua ,
da que ella est ensopada,
Sobre esta gua se exercita o movimento , que
d

>

d a vida s plartas e que ra realidade parece ser


o primeiro e o maior r;:eio , que a natureza applica em a sua veet.\o.
A organizao da Cana mostra , que efla gasr
ta muita apua em a sna vegetao
e elaborao
de seus suecos, que seu cepo he provido de huma mui
ande quantidade de raizes : o nmero dos vasos
sebosos , de que o seu talo he provido , sobe- a mais
de 'mil e quinhentos , e estes va.sos , cujo calibre he
inui gran i , so quasi to os compostos, e por isso
e^ta planta prefere s terras hmidas ; e a experincia diria nos ensina que ella vegeta com tanto
maior fora , e actividade , com quanta recebe huma maior abundncia de gua , quer esta seja da
chuva quer de lega.
Quar.do o boto, que. como j disse, contm o germen de huma-Cana nova, he mettido na
terra , a gua o penetra logo se incha , as peque-1
nas folhas , que o encapo se deseinbrulho , os ns
ladicaes se alongo , e lano raizes: e logo estar
trs partes, que formo o cepo primitivo trabalhas no primeiro desenvolvimento daplantula, para a qual o cepo parece ser unicamente destinado.
Os ns Canas da plantula, que so o primeiro produeto do trabalho do cepo , lano raizes ,
e olhas , com as quaes estes ns formo o cepo secundrio , que deve servir para o crescimento mais
extenso di planta,
Pa-

( 56 )
Parece que o boto , sendo dotado de todas
as condies essenciaes ao descobrimento do germen que elle contm , nada recebe da Cana, de
que elle sane , e que
se ella lhe administu alguns socconos, quando muito estes s servem para descobrir ou desenvolver o cepo primitivo.
O primeiro descobrimento da planta resulta
da aco combinada das raizes, dos vasos seibosos;
e da aco das folhas, da casca ; e dos vasos prprios , que formo a substancia meduilar dos ns
Canas vem a resultar a transmutao dos suecos puramente aquosos , administrados pelas raizes , e vasos seibosos em suecos prprios suecos que tomo
as diversas modificaes, que daqui a pouco exporemos.
A observao, e a experincia mostro , que
as folhas so rgos particulares , destinados a encher
as funees mais importantes da economia vegetal:
ellas apresento na sua estruetura vasos seibosos
cujas divises, e ramificaes se multiplico infinitamente , confundindo-se com a pelle.
A gua , conduzida por estes vasos , he levada , ao depois de passar por todas as suas modificaes , a huma condio , ou estado muito mais
favorvel. para a combinao dos differentes princi*
pios, que as folhas tiro do ar e da Luz. Quer
pura, quer decomposta a gua concoire afirmaros
suecos, que pawo da folha ao systema dos vasos
pro*

( $7 )
prprios, ou de hum ponto mais alto de elaborao : estes suecos so crados, cheirosos, e saborosos , e nas suas qualidades tomo sempre hum caracter que lhe vem da prpria organizao da
planta.
J vemos , que a folha era a parte da planas , que se formava primeiro, e que passava para
o ar livre na poca do descobrimento do n de
que ella nasce: o que mostra, que as suas funces so essenciaes ao descobrimento , e crescimento do mesmo n , e o prova a experincia : porque , cortando-se as folhas, de huma Cana, no somente o n , de que sahio a folha, no apparecc *
ou se descobre , como tambm a mesma Cana perece.
Querendo-se lembrar , do que temos dito da
folha , se ver , que ella tem as condies mais favorveis , para receber a aco do ar , da lei do
Sol e das influencias electricas da atmosfera , agentes dos mais poderosos da vegetao.
Deste modo vem o sueco aquoso da folha do n Cana a receber o primeiro movimento,
que o ha de conduzir ao estado mucos heibaceo.
Em a poca da formao do n Cana todas as
suas partes so esboaas pelo movimento , que vivifica a planta, e passada ella . fco quasi abandonadas , ou entregues a si mesmas : parece que pehs
suas

(5*)
suas prprias foras he que devem passar por tod.is as suas revolues , e converter o corpo mucoso em sal* essencial , depois lhe ter feito experimentar diversas modificaes , que himos expor.
A seiba , que a folha recebe dos vasos seibosos da haste, ou talo, a gua, que ella absorve
pela sua supeifcie inferior, combinadas com os
princpios , que o ar, e a luz fornecem , formo,
durante o descobrimento do n Cana, hum sueco
mucoso, que, ao depois de ter tomado o caracter
herbaceo , desce em a parte inferior-' da folha , pasta a casca
e ao systema medullar do gomo,
ou entren , onde este caracter se fortifica ainda
mais.
Em o crescimento do n Cana ficando as
suas partes mais fortes , do ao.sueco, que ellas
Jaboro , huma nova modificao , cujos gros so
mareados pela proporo
e qualidade da matria
glutino'sa, principio do corpo mucoso puro : esta
nuteiia serve de base ao principio do cheiro do
sabor ,> e da cr deste cerpo , o qual neste novo
e tado he doce , e lana o perfume do pomo raineta bem maduro,
O movimento, de que goza o n Cana , ao
depois do seu crescimento , volta inteiramente todo a elaborao do corpo mucoso : elaborao,
que he marcada em diversos gros *, assim pelo sabor assucarada, que se descobre medida, que o
sa-

( $9)
;abor doce se enfraquece, como pelo cheiro balsa*
mico particular Cana que se estabelece medida , que o cheiro da ma desapparece.
Ests trabalho he o da madureza
em que o
corpo mucoso chega ao estado assucarado., do qual
passa para o de sal essencial esbulhando-se da parte colorante amarella , bahamica, prpria da Cana ,
durante a sua maturao , obrada pela aco* do ar
da luz e do Sol , que o n Cana, do qual a folha ento est secea recebe mais immediatament e : aco
que d as molculas constituintes do
corpo mucoso , voltado j em sal essencial , toda
a foia daggregao , qu ellas podem adquirir . e
que ellas exercito , com a mesma presteza com
que se ajunto convenientemente , unindo-se debaixo de hnma frma slida crystallina , e regular.
Esta he a estrada , por onde caminha a natureza na formao do corpo mucoso e na sua converso no estado herbaceo . doce assucarado, e o
de sal essencial.
Approxini3ndo-se o que se. passa na maior parte dos fructos mucosos doces, assucarades, se ver entre elles
e o n Cana huma perfeita analogia.
Os fructos s se apego arvore , que os produz por hum pedunculo . formado de alguias vasos
seibosos, e da casca ; estes vasos apresento, dividindo-se , o esboo , ou rascunho vascular do fructa ,

(6o)
eto i que a pelle do pedunculo cobre , tomando huma textura particular.
Este ajuntamento frma hum orgo , que trabalha pelo movimento , de que goza a sua organizao prpria , o sueco seiboso, que recebe , e que
elle converte em corpo mucoso, hcrbaeo , doce,
e assucarado.
As diversas modificaes , e os matizes quasi
infinitos, que ellas nos fferecem nos djfferentes
fructos doces , e assucarados, so devidos principalmente , huma matria glutinosa, que pela aco do ar da luz e do Sol se combina era a,
pelle do frueto de diversas maneiras, e em propores differentes ao principio da cr , do cheiro , do
sabor j e pelo favor deste principio vem esta
matria a passar para a substancia parenchimatosado
frueto cujas qualidades tem tanta maior energia,
quanta a aco do Sol sobre o frueto tem sido
mais constante, e mais forte : o que evidentemente se mostra pela delicadeza do sabor - efinezado
perfume dos fructos, que do as arvores de tronco alto , e bem ventiladas que so mais expostas
a esta aco.
A vista desta exposio , se conhece , que a natureza segue na maior parte dos fructos mucosos a
mesma marcha, que em o n Cana, para formar,
e elaborar o corpo mucoso; mas que a perfeio
deste corpo he levada neste ultimo a hum gro
tal,

(6r)
tal , a que frueto nenhum pde chegar , e que esta vantagem a deve pr testa dos fructos mucosos, como o mais perfeito.
. V1J. Dos suecos da^Cana considerados na
mesma Cana.
Tendo considerado as diversas partes da Cana , tanto acerca delia em si mesma * como das
suas funces. M. Dutrone passa a examinar seus
differentes suecos, taes quaes existem*nos rgos,
onde se formo , e se elaboro.
Este exame nos conduzir (diz este sbio Naturalista) a hum conhecimento mais perto, mais
exaqfo do sueco esprimido da Cana assucarada.
Nos vegetaes a seiba se renova continuamente
pela gua que as raizes chupo da terra , e que
cilas levo ao systema dos vasos seibosos , que a
distribue pelos diversos rgos, para servir s suas
functes.
Trazendo-se lembrana , o que acabamos de
dizer acerca do feitio das raiies , do nmero , e calibre dos vasos seibosos da Cana , se formar facilmente huma ida , de que esta planta recolhe e
contm muita gua.
Ensina a observao , que se consome delia huma
quantidade prodigiosa-na vegetao, e no trabalho
de seus suecos, aos quaes distinguirem* em sueco
se-

( 62 )
siboso , sueco saponaceo extractivo, e sueco mucoso.
A gua, considerada

em o systema dos vawj

seibosos , no he perfeitamente pura ; pois tem em


dissoluo huma matria

que frma com ella a

seiba, ou sueco seiboso.


A quantidade de seiba contidas em os vasos seibosos da Cana assucarada

he muito considervel,

sobretudo ao depois de chuvas abundantes.


Em a espresso da Cana- o sueco seiboso corre da extrfmidade dos seus vasos, e com facilidade se pde receber em huma colher. He perfeitamente claro , e limpo . e parece puro, como a agira
distillada ; mas ainda que no' traga cr

sabor ou

cheiro , guardando-se por muitos dias em huma r*


doma , se alterar, e delle perceber huma matria
fibrosa . que lhe perturba a transparncia , e se de
posita lentamente.
Parece .que esta matria unida ao principio,
que a tinha em dissoluo , he o corpo mucoso puro , q u e , combinado com a gua, frma o sueco
seiboso da Cana.
Permitfa-se nos ( d i z

M. Dutrne) fazer

aqui huma ligeira digresso sobre o corpo mutoso


puro.
Este corpo

parece ser a substancia alimento*

sa do reino vegetal j pois existe em todas as plantas ,

e no systema dos vasos seibosos vem formar-

( o, )
mar-se e que recebe o seu primeiro gro de elaborao e no somente serve de aumento planta , mas tambm parece , que ea acha ainda rcelle a base de todos os produetos e unido a huma'
quantidade de sgua frma a seiba.
Approximado - tonia huma consistncia slidas
ento se faz perfeitamente claro , e limpo, e tem
o nome de gomma. Se o privarem da gua apparecer debaixo da forma de hum p branco summamente fino , asss conhecido pelo nome de amtdon (polvilho).
. O corpo mucoso puro nestes ties estados no
traz nem cr nem cheiro nem sabor sensveis:
e assim , quando for dissolvido em huma grande
quantidade de gua, sua presena se apresentar
pela sua decomposio , pela qual se sepro hum
cido e huma matria fibro-a : esta matria unindo-se fr-tina huma espcie de membrana- chamada
mofo que no he solvel nem em agua# nem em
espiiito de vinho , nem nos cidos, e que parece
possuir todos os caracteres da matria glutir.osa.
Se o corpo mucoso ^uro der em sua decomposio espontnea hum cido
e huma matria
gluiinosa
se concebe ficmerte que estes dous
p-incipios podem ser separados em o vegetal pela
acco de hum rgo particular : que separados se>
podem unir a outros principio que os modifiquem,
apartando-os mais ou mtnos do seu estado primitivo
P-

r<4)
Pde-se tambm conceber que estes dos princpios , ficando unidos , podem ser modificados , sem
que se rompa a sua combinao , e formar ento
todas as modificaes do corpo mucoso , conhecidas debaixo do nome de mucilages , de corpos mi:.
cosos, farinhosos , cidos, doces, assucarados. e Assucar.
J assignmos debaixo de sueco mucoso herbaceo a primeira modificao , que recebe o corpo
mucoso puro em o n Cana : este sueco espremido , entregue a si mesmo d sempre em a sua
decomposio hum cido . e hum bolor abundantes.
Em a segunda modificao designada com o
nome de sueco muce-so doce, a substancia glutino*
sa, principio do corpo mucoso que j traz o caracter herbaceo
recebe em huma maior proporo o principio da cr - do sabor, do cheiro, que
constitue o sueco mucoso doce , cuja cr he de
cidra ento, e de mbar ; e que com o sabor doce , que o caracterisa tem o perfume das Rainetas.
A decomposio espontnea deste sueco espremido he , segundo as circumstancias , ou cida ou
espirituosa. No primeiro caso d hum cido ; huma substancia glutinosa # e huma matria summamente fina , que tem huma parte colorante resinosa. No segundo elle se despega do gaz carbnico,
a se frma o espirito de vinho, que fica unido i
gua.

( 65 )
jfa ; e ao sueco muito doce , que no terri Mt)
decomposto: es'e ajuntamento apresenta hum li
qr perfeitamente anlogo ao vinho s mas, o
que se chama cidia.
"'Em a terceis modificao a parte coiorante
do sueco mucoso doce toma hum caracter resi
roso que muda o chsiro ce tem de mas em
cbeiro balsamico prprio das Caiias ; b seu sabor
doce tambm t muda em hum Sabor "doce assucarado.
O sueco neste fiovd estado he perfeitamente
anlogo ao mel e toma o nome de sueco muco
st nssticarado. Esprimido , a sua decomposio h e i
como a do sircco mucoso ce ou deid Ou espiritosa e ella d os mesmos princpios'.
Em a ultima modificao , o scco mucoso
assutarado s? acha cabalmente esbulhado da sua
cr de cidra e tanhbem do seii cheiro baNrnit
co ; e o seu sabor assucarado est muito mais descoberto. Fste ultimo estado he aquelle , que const'tue sal esendal 2o sueco mucoso , contido em as
cellulas qu frma a subsrncia medullir dd'n Cana onde elle apparcce perfeitament-j claro.
O m o as cellulas. so perfeitamente separadas
c".i solitrias, e que entre ellas no tem coitimonico
al^uina o sueco s pde escapar, quando for t'ipiimido pela fora das mosndas do Engenho lnr^edi.itamente.

T. I r W l f t

Es-

( 6 >
Esta particularidade approxima tambm o no"
Cana . a condio dos fructos muco<os doces e
assucarados. Como elles, pde ser offendido, e arruinado em alguma das suas partes , sem que as
outras ter.ho experimentado alguma alterao: o
que tambm mortra , que he impossvel
que o.
sueco mucoso possa decorrer da Cana, e que nunca esta planta pde aptesentallo fora das suas cellulas , nem em estado de calda nem em estado
concreto.
Refkctindo-sc , em que o ultimo n da Cana assucarada que contem o sueco mucoso sal estenciai, he seguido dt huma vintena de ns, que formo a Cana d' Assucar ; que o sueco mucoso est
em cada hum destes ns em hum gro de elaborao particular , marcado por X a 10 dias de
differena : e que em cada hum destes gros -toma pelo menos i ou 10 matizes differentes, se adquirira huma leve ida do nmero de modificaes , que o corpo mucoo deve padecer em a combinao de seus diversos princpios, para checar ao
estado de sal essencial.
Para fazer mais sensive] a transmutao do corpo mucoso puro em corpo mucoso doce e assucarado , contarei hum exemplo to curioso, como
admirvel , tomado do frueto da bananeira.
Quando a banana tem chegado a hum certo ponto de crescimento , se recolhe ainda verde
tam-

(7

tambm : depois de a haver feito cozer em agita ,


c tella esbulhada da sua pelle
ma

ella conserva a fr-

e apresenta hum cylindro de 6 a 8 pollega-

das de comprimento , cuja substancia _ quasi inteiramente amidacez

he firme branca , sem cheiro

pouco saborosa : neste estado ella frma hum excellente alimento para os escravos. Cortada por pequenos pedaos
sivos aO Sol

e exposta por alguns cjias succes-,


se desseca, e ento se pode reduzir

em p muito fino, e este p h", quasi todo . amido.


Quando se deixa a banana sobre a planta, ella amadurece: a sua pelle ,

que se faz amarella

elabora , pela aco do ar, da Luz , e do S o l , huma


matria glutinosa , que serve de base ao principio
da cr

do cheiro , do sabor

que passa pelo fa-

vor deste principio em a substancia interior do frueto , e o muda em huma substancia molle ,

pol-

posa, e de cr amarella , cujo sabor he doce ,


assucarado.
Este frueto, em o qual seria impossvel ento
encontrar-^ huma partcula de amido
perfume agradvel
mesmo

e seu sueco

lana hum

abandonado a si

passa a fermentao espirituos.

Os alperses apresento as mesmas transmutaes


de huma maneira bem notvel.
No systema

dos vasos prprios

se vem

Operar 0 sueco saponaceo extiactivo, que nos falta


considerar.
ii

( )
A seiba , trazida nos vasos prprios dasfol!ia<:4
e da casca, apresenta em a matei ia glutinosa huma base aos princpios , que estes rgos tiro doar da luz , e d i gua: princpios , aos quaes esta
matria deve a er o cheiro , o sabor e a dissolu
bihdader, qualidades , que at este dia lhe tem gianjeado o nome de sueco saponaceo extractho; porque , sendo igualmente solvel em- gua , e em espirito de vinho < se julgou que este sueco era o
produeto da combinao de hum sal , e de hum
leo,
Muitos faeto,- e experiercias mostro eu a
base do sueco saponaceo extraetno'he buma matria glutinosa : ver-se-ha ao depois, qual he a act
dos reactivos sobre este sueco, e porque meios ss
pde ele decompor.
A cr d casca da Cana tem- parte no sueco
saponaceo extractiv
que facilmente se tira pela
gua : ella tem ainda em maior proporo a huma
matria resinosa ,- que s -he solvel em o espirito
de vinho.
A gua quente, que est saturada , flor carre*gada do sueco saponaceo extractivo da casca da Ca*
na assucarada traz hutn cr de mbar com cheiro de mas bem maduras.
Ainda que a1 substancia- medirllar parea ser
stimimr.nente branca , todavia contem huma peoue
na quantidade de sueco saponaceo , que a gua ferven-

( 69 )
sndo dissolve , e que d a esta gua huma leve,
cr de cidra , ou limo , com o cheiro de mas.
O espirito de vinho dissolve , como a gua ,
sueco saponaceo da casca e da substancia medullar. No parece qu.: os cidos tomem parte nelle:
pelo contrario se pensa que os fixo mais intimar
mente parte slida da Cana.
Os alkalis o despeo em huma poro tanto
maior quanto s.o mais custicos , e quanto se
ajudo de hum gro de c<!or mais forte. A substancia medullar - esbulhada rio sueco saponaceo pelos alkalis traz huma cr de cidra que he resiuosa, e forte.
A dissoluo do sueco saponaceo pelos alkalis e a cor resinosa que traz a substancia medullar,
que se sujeitou sua aco , merecem huma atten*
co muito particular em razo , do que havemos de
dizer ao depois acerca do uso das lexivias, em a
arte de fazer Aisucar e de o refinar.
O sueco saponaceo pas<;3 na espresso da Cana, assucarada em beneficio do sueco seiboso, que
serc de q estender,

Do

7o)

% VIII, Do sueco esprimido da Cana assucarada.


Temos visto em os rgos da Cana os succoi
elaborados

que elles contm

e igualmente exa-

minado o seu estado particular. Os suecos seibosos,


e mucosos sal essencial so absolutamente privados
de c r : o sueco saponaceo extractivo considerado
em os vasos prprios, que formo a substancia medullar do n Cana

tambm parece ter a mesras-

privao da r ; m a s . quando fica livre, adquire a


Cr de cidra, ou limo : logo veremos qual seja a
proporo do sueco seiboso, e tambm quanto seja
varivel esta proporo.
Facilmente se conceber que oi suecos muco
s o s , e saponaceos devem igualmente variar, segundo as circumstancias , lembrando-se . do que deixamos dito acerca da dirTerena, que as Canai apresenta entre si, se reflectir : que os suecos so prodctos particulares de cada n Cana ; e por isso
acreditara" sem repugnncia que elles devem apresentar

muitas variedades

c mathes infinitos nai

suas quajidades , o que se deve entender bem ( como cousa essencial

para se checar a hum conhe-

cimento intimo do sueco da Cana assucarada espremido


Os suecos da Cana assucarada , esmagada pe*
l presso das moendas .

rompem os -.ases, que


os

(71

os contm e com sijo levo os fragmentos aos


quaes esto mais , ou menos , intimamente unidos , e
coilundidos : este sueco frma hum todo homogeneo , conhecido pelo nome de sueco da Cana , sueco esprimido g<i'/><0*
O sueco esprimido he hum fluido ppaco de
hum pardo desmaiada, tirante a cr da azeitona : seu
stbor he doce e assucarado : lana o cheiro balsamico da Cana : he doce ao tocar e levemente gordo
Fnna-se de, duas partes, huma slida , outra fluida , unidas entre si mais , ou menos intimamente
conforme as circumstancias.
Trataremos primei-amente da parte slida,
cujo conhecimento he importantssimo por cansa
das dificuldades
que offeiece no trabalho
ou
obra dtste juceo.
Os esburciinmentoj da Cana chamados fetulas
como acabamos de dizer - que formo a parte slida do sueco esprimido, so de duas sortes. Huma grosseira, que provm da casca e traz, com
cata poro i!e sueco saponacro
huma matria
verde resinou , muito abundante. A outra he de
huma fineza sumiria , e vem da substancia medullar sua propo-a he tanto mais considervel,
quanto os vasos desta substancia ero mais fracos e
tambm conduz huma poro de sueco saponaceo,
que algumas vezes lhe est mui intimamente unido.
Mui-

Muitos agentes o:no o ar , o calor . os alk.


lis , &c. decompe o sueco esprimido , separandq,|he as feculas da, parte: fluida.
Quando se expe este sueco ao ar em grandssima superfcie isto he
mujto estendido , s.
pro se, as feculas . e. se precipito no fundo do,
vaso : a 'parte fluida , que as sobrenada , oS-Te^e
a cr de cidra muito fraca , devida ao. sueco saponaceo , quq passou com elle juntamente na espresso.
Neta decomposio, o sueco saponaceo, que
se prende as feculas , no se acha separado j e a
parte fluida dacantada toma o. nome de sueco depurado. , ( guarapa. ).
A gua contida na, guarapa , exposta ao ar,
e Sol , se evapora c\e huma maneira constante , e
graduada. As molculas do sal essencial seguem,
pproximandQ-s
a mvcha lenta da evappiap.
mais favorvel para. a sua unio crystajlina , e regular. O Assucar se apresenta ento debaixo d*
frma de crvstaes, cobertos c\e huma leve tinta de
idia que d o sucg saponaceo, e que envernisa a
sua superfcie.
Este nriiio de defecar o sueco esprimido > e
de exjrahir de He p s*l essencial he certamente muito mais natural c o IR.IS simples Mas sendo imi
praticava) e.m ".-rande . se deve fazer de sorte, que
j;s pcjssa gpproximju; p. mais , que (br possvel na
es-

(73 )
escolha de todos acuelles que forem possveis pa-
ra se poderem empregar.
O calor decompe o sueca da Cana , comq
quasi todos os suecos espremidos, ao simples gro
rio btnho de mana j mas a sua aco , levada ainda
a maior fervitra , raras vezes bastar para separar
inteiramente a fecula da segunda, sprte : ella , muitas vezes ainda , favorece sua unio com a parte
fluida
e a faz mais ntima : ento he que xe vi
pbrirado a recorrer aos alkalis, para a separar.
Faremos vir . que nos us,os rios meios, # de que
ate o presente se tem servido para o trabalho d
suco da Cana
se tem sido obrigado at aqui ,
a empregar os alkalis ; ainda que houvessem citeumstancias , em que s o calor bastaria , para separar cabalmente as duas sortes de feculas.
Separando as feculas e unindo as debaixo d e '
grandes floculos
o calor llies tira todo o suceq
saponaceo que ella pde dUsolver: este sueco pe
a gturapa em huma circumstancia menos favorvel,
para a extracp do sai essencial , o qual no he
aquelle , que s -tem recebido a aco do ar.
As feculas , e a guarapa, que passaro pela
aco do ar - e do calor unicamente , conservo o
Cheiro bals-imco da Cana.
De todos os agentes os alkalis so aquelles ,
dos quaes a aco sobre o sueco da Capa he mais
forte, e mais assinalada. Elles n'hum instante o .decora-

< 7+>.
compe, separando-lhes as duas sortes de feculat
debaixo da frma, de grandes floccos , que s precifito, se a sua aco passa para frio , e do qual
tiro todo o sueco saponaceo , e com tanta maior
certeza
com quanta elles forem mais custicos.
Combino-se com este sueco em a maior proporo e a sua combinae, que parece saponacea,
d guarapa hum cheiro de lexivia , tanto mais
forte., quanto o alkali for mais abundante , e mais
puro
A separao das feculas pelo calor , e pelos alkalis se obra tanto melhor , quanto a parte colosante resinosa , que comsigo trazem . he mais abundante : quando a fecula da segunda sorte for privada delia ou que s a traga em pequena quantidade : ento ella pde ser tida em maior diviso
pelo calor , e ainda dissolvida pelos alkalis.
Assim ensina a observao, que os suecos esprimidos trazem tanto maiores difficuldades em o
trabalho quanto a escuma, formada pela segunda
sorte de fecula, lie menos corada, e que possuem
em hum menor ponto o cheiro*balsamico da Cana.
Entretanto he cousa mui fcil ver , que o>
alkalis , despojando as feculas de todo o sueco saponaceo , que comsigo trazem , e ainda dissolvendo os em algumas chcuinstncias, hajo de ser
rtaste sentido rtnoios pela assistncia do sueco sapo-

<75 )
poriaceo . com o qual se acho combinados na crystailizao do sal essencial.
A aco do. lcool, ou do espirito de vinho
sobre as feculas no sueco esprimido no he sensvel : somente por algumas horas lhe suspende a
tua decomposio espontnea.
Parece que os cidos 'hajo de dividir mais as
feculas, e favorecer a sua unio com a parte fluida: elles lhes altero a cr verde, a qual muda
em a cr d huma folha morta ou murcha.
Se o sueco esprimido das Canas frescas
ou
novas for abandonado a si mesmo , sero as feculas as primeiras que hajo de entrar em a decomposio e de determinarem a fermentao cida em
toda a massa do fluido : as da primeira sorte se sparo : huma parte se precipita e a outra vem nadar sobre a sua superfcie. As da segunda sorte se
conservo mais divididas neste primeiro momento
pelo cido, que se dejcobre : mais ao depois ellas se precipito.
Desde que a fermentao cida for bem estabelecida
se continuar por } ou 4 meres* pela
decomposio graduada do sal essencial. Esta decomposio tem huma marcha vagarosa , que se pde acompanhar por gros pesando de tempos em
tempos, no peialiquor de Baume o sueco em fermentao , cujo pezo especifico se diminue pouco de
a a } gros por mez. Poc este feitio hum sueco , cu.jo

(.76)
Jo pezo era de 10 gros no traz comsigo rmij
do que meio gro , passado trs para quatro metes de fermentao.
Nesta decomposio do sal essencial se separa
huma substancia membranosa , clara, e transparente , sobre a qual os menstruos no tem fora , e que
d o ammoniaco , ou alfli voltil em. a distillaco.
O cido , que se frma em o primeiro movimento da decomposio espontnea, dividindo as
feculas
as tem mais unidas parte fluida > e a
separao pelo calor - e os seus alkalis so tanto
mais embaraosos , quanto este movimento teve
lugar maior quantidade de tempo. E as$im a presena da fecula , que no pde ser tirada offender
muito a rystajlizalo do sal essencial , e ainda algumas vezes a faz impossive).
O sueco esprimido , do qual se tem tirado as
feculas da primeira sorte, e huma parte da segunda pelo calor e pelos alkalis passa a fermentao
espirituosa, quando for abandonada a si mesma.
A poro de feculas da segunda sorte , qus
permanece uriida parte fluida , se decompe em o
primeiro movimento desta espcie de fermentao,
Delia despega elle certa espcie de gaz carbnico,
e neste despegamento ellas se sepro completamente da parte fluida a qual , tratada ao depoi^
do piimeiro movimento, d hum sal de huma qualidade muito superior, ao gue se. tem obtido.
D

(7)5
IX. Do sueco da Cana depurada.
O sueco da Cana assucarada espremido, es4
bulhado das suas feculas , apresenta suecos seibo*
sos , muosos e saponaceos, Unidos, formando juntamente hum fluido homogneo claro , transparente . de cor de cidra ou limo , de cr de mbar,
o qual se deve chamar sueco de Cana depurado:
Conservaremos a denominao de guarapa geralmen*
tt recebido ainda que este seja dado (segundo d
P. du Tertre ) a htrma bebida preparada com "
Sueco espremido: c\a qual se tem separado, e tirado as feculas por fervura
e pela escumadeira 4
depois de lhe haver deixado experimentar hum le-'
ve "movimento de fermentao cida, Como quer?
qfie esta bebida no esteja mais em- us , pde-sef
todavia applicar a denominao Ai guarapa ao sueco'
da Cana depurado.
A proporo e a qualidade dos suecos seibo-e
sos nnr:oros e saponaceos extuiciivos vario maisv
ou' menos em a guarapa , n^o s conforme a espcie de Cana e conforme a e/.io; mas ainda'
conforme huma multido de circumstancias devida?
ao local, e ao tempo de c:ida estao.
A acjua deve ser contemplada com a guarapa
debaixo de dous estados differentes. No primeiro
est em relao com os suecos xnucosos, e saponaceo

(?*)
ceos extractivos , que ella tem em dissoluo: ento he chamada gua de dissoluo , e toma com
estes suecos o nome de mellado $ em o segundo est superabundantemnte a gua de dissoluo em
huma proporo maior - ou menor
e esta superabundancia , qualquer que ella seja , d a este ajuntamento o nome de guarapa.
A gua debaixo desta relao varia de 6o a
85 libras por quintal de guarapa , de sorte que 0
' aerometro pde presentar hum meio seguro, e fcil de se assegurarem n'hum instante da quantidade de
Assucar , que contm hum sueco espremido de hoz
qualidade ou huma calda , ou claro, e de determinar a som ma d' gua , que he preciso tirar-se-lhe, para
o levar ao estado de melado.
A differena , que apresenta proporo dgua
superabundante , he algumas vezes to considervel,
que tenho achado no mesmo Engenho com trs
mezes de intervallo guardpa de 14 a 5 gr. doareo*
metro : o primeiro continha 25 livras u onas de
Assucar por quintal : o segundo 9 livras ") onas.
O sueco mucoso cuja proporo varia enf razo inversa da gua , varia ainda em sua qualidade , no somente , em qtir elle leva a hum gro
mais , eu menos forte as condies, que o constituem sal essencial-; mas tambm no que he mais.
ou menos apartado deste estado.
Ns reduzimos a* trs qualidades prineipaes todas

(79)
ia as diferenas , que apresenta a guarapa a esto
respeito. Assim a guarapa de boa qualidade he
aquella da qual o sueco mucoso esti todo inteiramente no estado de sal essencial.
A guarapa de qua'idade medocre contm huma poro maior
ou menor de sueco mucoso
privado de algumas das condies necessrias sua
constituio de sal essencial : estado que designamos debaixo do nome de sueco mucoso assucarada.
Finalmente a guarapa de m qualidade , contm tambm huma poro de corpo mucoso doce.
Sup/ostas estas distinces, he fcil vr que
a guarapa h tanto mais medocre, e tanto mais
m, quanto contem , em huma proporo mais considervel o sueco mucoso no estado assucarado , e n
estado doce.
Se ao depois de se ter defecado pelo calor,
e alkalis o sueco espremido dos ns Canas , chegado , ao seu crescimento se evapora este sueco,
que contm o corpo mucoso no estado doce . toma huma cr escura mui carregada
e huma
consistncia de calda gordurosa ; applicando-se-Jher
hum gro de calor acima do termo 84 (thermometro de Reamur) O corpo mucos se dtcofn
pem.
O sueco espremido dos ns Canas tomados,
quando maduros onde o corpo mucoso est no estado assucarado , defecado . e evaporado , toma i tulmen-

C*0
mente huma cr muito escura , e a consistncia
de melado apesinhado -, apenas pde supporfr H
gras i sem se decompor: entretanto que o corpo
mucoso sa essencial pde suppOrtar no sueco da
Cana de boa qualidade hum calor de mais de ico
gros.
Todavia he fcil conhecer quanto a presena
do corpo mucoso doce, e assucarado pde ofender a extraco do Assucar - oppnndo-se assim ao
Seu cozimento como cristallizao.
O sueco saponaceo extractivo he mais ou
tnenos abundante . conforme ^a constituio da' Ctia , e a exposio , em que ella se acha : a ella
lia verdade a guarapa deve a sua cr , que varia
'desde a ligeira de cidra, ou limo . at o parda
escuro, segundo que d calor , e os alkalis, esbiiJharfdo do sueco as feculas , que estas trazem, ao
lreScerito rfiais", ao que passa naexpresso;
Dissemos j que os alkalis , combinando-se corri
'o sueco saponaceo, davd sua cr huma interilo tanto maior , quanto er mais puros, e que,
"destruindo-lhe b cheiro balsamico da Caria < davd
tambm guarapa hum cheiro de lexivia.
Os cidos mmeres, e o vinagre radical avTVehto a cr vinhos da guarapa e a mudo efrt
lr amarella de mbar, conforme o gro de concentrao.
Os cidos vegetaes, taes, corno o cremor de
tat-

(li )
tartaro, O sal? da alleluia ou oxalis, o cido dtric afracasso a sua cr, e em parte a destroevn.
O cido oxalicO saccharino cabalmente a destroci
Ento a base deste succt
privada do principio
colorante, que a tinha em dissoluo , appareae em
huma forma slida branca , e insoluvel a todos os
menstruos.
Comprehender-se-ha sem trabalho , que o sue1*
to saponaceo , tendo por base huma matria solida , tida em dissoluo pot hum principio colorante , ser tanto mais ruinoso extraco do sal essencial , quanto se achar deste sueco em maiar proporo na guarapa; donde se deve concluir que os
alkalis so tanto mais r/rejudicraer? quanto a sua
aco cobre o sueco saponaceo , que elles seprSo
das feculas , for mais forte ? e que , em a necessidade de os empregar, para obrar a defecao do sue-*
co espremido se deve examinar com cuidado t->
dos os meios de conduzir esta aco.

* t. Pi tu

iw-

(8a)

INTR.OBUCXO
A

TRATADO DE DUHAMEL.

As antes de expor as doutrinas , e M usta


df Bt. DyttOBe acerca da fabricao da C*f
na- de Assucar, e acerca dos. meio* de 11.cll1ar.1llu,
* de lhe aperfeioar o trabalho , devemos tambm
enriquecer cate artigo com os exames- teis, e interessantes de M. Dfeainel- du Menceau , no se
devendo desprezar cousa alguma r quando se trata
1* dar o descobrimento conveniente importante
art*- moderna de fazer Assucac , ainda debaixo do
tisco de voltar tambm a. alguns de seus primeiros
elementos.
OOHOS.

O que se segue he hum extracto da Memria de M. Duhamel qual se acerescentou algumas nota , que vem enxeridas na edio de Nsi*Chatel.

3)
$ X. Arte d refinar o Atstcdn
O Assucar, de que se faz hum to grande
ionsiimitio, he o sai essencial de huma espcie de
Cana que se cultiva no Brasil i na Nova Hespanha ,
m S. Chtistovo , Guadalupe Mai-tinisa , S. Domingos t e em quasi -todas as Colnias HespanholaJ
Inglas e Francezas, que esto situadas entre os
dous trpicos.
S os Frnce?es fabrico em S. DomirgeV
Assucar em quantidade para Europa. Possuem 72}
Engenhos, que em 1774 produziro 240 milhes
de Assucar bruto, e trreo. 0 Hespanhoes em a*
suas posresss se applic mais1 criao, e strsteoto dos animaes earallrs fmiares..
N Europa porm somente em Andaluzia se
tncontro algumas Cns de Asucar.
Os antros dero hum nome gemuico a estas
Canas de arando , que seguramente conheeio. Thophrasto < e Plnio nos ensittSo , que usavo do seu
sueco.
Entende-se que iaciano faUar a seu i*spsto.
qnandd disse! Quiqut bibunt ienev dulces ib artidint ittceot.
Mas os antigos ho corihecio a arte de condensar este sueco de o purificar
e de o reduzir em huma massa xsnoa , cociet* , e slida,
F i;
-tO'

(*0
que he huma sci? de crystallisao, a que cba
mamos AsSuear*
0'Saech*r arundineum dos rabes, o Tahaxir, de que se lembra Avicenna
no parece
d:fFerir da Cana de Assucar - mas o tabaxir ou ru-d
mamb he huma arvoreta da qual diz o mesa o Aucenna, que d hum sueco lactecerte e doce, o
que he a4111 do Hortui malabaricus, onde se pde vr a descripo ; como tambm em Piso de- baixo do nome de arund* bambu ; e em Bauhino
com o appelido de Arando orlar. O Saeehar Alhasser he huma espcie de mana , ou de lagrima , qiie
decorre de outro arbusto em Arbia e no Egy.
pto. Alpino - o traz na sua obra sobre as plantas
do Egypto.
A Cana de Assucar, maneira das outras etpecies de Canas tm as suas flores juntas em espigas no tem petalos, menos se quiserem que
sejo certas palhas ou folh?s que esto por dentro do calis
e neste caso se pde dizer que ai
Canas de Assuc'srr tem dons acompanhados de fio*
ou pellos. Frma-se o calis de muitas escama d'
entre as quaes strheirf- trs estantes, que tem no
topos corpos oblongos , que se sepro em dous: o
pistillo se compem de dons estilos avelutadot
ctrrvos , e terminados por estigmas: na base dos estilos se encontra hum embrio oblongo r que -t*
volta em huma semente pontuda.
A

(5 )
A Cana do Assucar tem os seus tlos direi
tos , guarnecidos de ns, donde reben to folhas
compridas delgadas, pontudas que aambarco o
talo na sua base.
Em lur-ar de ser como a substancia tias nossas
Canas, pouco succulenta , e asss firme, pois nos
servem para os canios, de rue se formo as avenidas , e passeios
os tlos da Cana do Assucar
tem pouca comhtencia : crava se lhe facilmente a
unha na sua suptificie - e ellas so inteiramente
formadas de huma medulla . ou polpa succulenta ,
cujo sabor he doce a assucarado. Neste ponto consiste principalmente a sua utilidade.
A grossura , e altura destas Canas dependem
da fertilidade do terreno : viro-se algumas que chegaro a 20 ps de altura , e que pezavo mais
de 20 libras. Qiuato mais ellas forem expostas ao
Sol tanto mais devem ser assiiearadas. Todavia ,
para se poder txtrahir dellas hum bom Assucar facilmente se devem colher em boa sazo, e quando ellas ttjin chegado a hum bom ponto de roadureza , o que se conhece pela cr - que deve ser
ama.ella , seu talo liso . secco , e quebradio.
Cbamo s Canas de huma grandeza extraordinria Canas creoulas: costuuio vir nas teiras virgens muito gordas. So menos prprias para a factura do Assucar ; porque , sendo muito aquosas o
seu suoco coalha rruji dificilmente pela falta de gro.
Cozem-se s para melado."
Pa-

( 6 )
ara evitar este inconveniente > o fabricantes
de S. Domingps raias vez* planto Canas, em ter-"
ras vjrgens. Cpnrtfa-se, semeando Apil e continua
tanto tempo , quanto a terra pde dar colheitas sof
frfveis.
Quando a colheita comea a- ser iraucietttfi r
se planto Canas , que crescem de estaca, Phtnt
tambm algodo , para prepara* a terra , para crratr
a Cana ; e ainda Ur-ucu, ou qualquer oivtro vegetal , que seja propio a desengotduraHa Tambm p-a.
rurq cL-ejmar- na sua superfie* os aibusiqs, e ber-j
|-as que sf mondo.
Recolhem-se . e- moem-;e~ at Canas nos ran-*
des Engenhos e se coze q Assucar todo q armo.
e" medida que se corto os Canavises administro as acendajhs para aquentar as caldeira. As-,
jim os ha-hitaint** no sl$> os senhore de escolher a esta da colhejta. , para a fabricao do
A*nicar< Elles unicamente ciidb do adiantar a
cultura, e-otwbalho, para moererrt a maior quantidade de Canas, que lhes for possivc-l, perto da
primavera, estao a mais-favorvel, em-que o Assucar toma melhor gr". M<s as Canas plantada, p>ra moer todo oapno, amadurecem suepessivamente
humas depois- das outras ? e se prto em todas as
tstaes.
Os Refinadcres d Europa conhecem pela- maior
pu. 'inenpr gr dos A-ssucares a sja^o , em que- f'
f

( *7 )
rio feitos. Nos grandes Engenhos de S. Domingos
se d> quatro , qu; nioem com bestas dia . e noite tudo o anno mas que aproveito . quanto podem . A boa exao. Piecisa-se at 30 bestas , para os ,
fazerem nadar bem. Os que tem a vantagem de
p sentem luin Fngepho dgua, fazem o trabalho
de ti es Engenhos d bestas.
As Canas mais petadat so as melhores : a sua
medulla deve ser parda e ainda hum tanto escura,
glutinosa c de hum sabor muito doce. A nittueza do terreno contribua muito , para a boa qualidade das Canas.
Nas terus gordas, e fortes as Canas w fazerfl
muito altas, mis o seu sueco que he abundante j
d corri dificuldade hum Assucar bem granado 5
peio contrario
as Canas- que crescero em hum
terreno al^um tanto solto , eqUe tem seu declive,
que tenha b.istate fundo; c que est exposto a
Sol da hum Assucar granado i e1 abundante , e eoift
facilidade.
Como e te lugar no seja prprio para nos ei>
tendermos Sobre o resultado da differerite natureza
des terrenos nos limitaremos a di2r eiff comir.um :
que nos que so hinidos, o sueco d^s Canas he
sobrecarregado de fleuma
e necessita ser mui-t cozido; e que nos terrenos muito sccos, como o sgeco he mui gjutinoso 4 se faz preciso estendeilo com alguma gua , para se poder clarificar.
Quo-

(2)
Quando o terreno, em que se querem plan-t
tar as Canas, he bem trabalhado , e rossado se traa a
cordel tratos, em distancia de dous ps huns dos
outros, se a terra for magra ; ou de trs ps e meio,
se ella for muito boa.
Faz-se , segundo a direco destes tractos, covas de quasi quinze pollegadas de comprimento de
4 ou 5 ppllegadas de largura , e 7 a 2 de profundeza.
Planta se em cada cova duas estacas de Canas
de 15 a 18 pollegadas de comprimento , e se pem
de modo , que se veja sahir em cada extremidade
da cova , a ponta ou remate da Cana de quasi 4
pollegadas de comprimento.
Como quer que a,s raizes nasa, e saio oasi
sempre dos ns , estimao-.se as estacas, que tenhq
mais destes , e esta he a razo , porque se escolhem
as estacas das pontas ou altos das Canas abaixa
a espiga ou bandeira; mas pde-se immedumente no contar com isto, e tirar muitas estacai
da mesma Cana,
O verdadeiro tempo de plantar as Canas he
t estaap das chuvas; porque ao. fim de 8 dias,
que forem plantadas, se Jhe chover, tero j grilado.
Os Fabricantes, tiue tem agua.para regar os seu
Canaviaes em toda a etao , gozo de huma avar.tagejn inapreciayej., Planto e cpuo. em t-da a eit

(*)
taSo. J mais os seus Caraviaes padecero seccrj.
ras mas para isto he preciso que o terreno seja
igualado em declive com os canaes de esco , para
que a gua se no demore em parte alguma. Deve ser o mesmo que os prados na Europa
onde
se o terreno for plano, seno tira pro-.eito al?um
da rega e s Arrosaes de vrzeas podem ser regados
sem prejuzo.
Requerem as Canas, serem mondadas cuidadosamente tanto que vier crescendo a herva bravia.
Fica-se livre deste trabalho , quando ellas pelo seu
crescimento podem jurTocar a herva , que lhe nas
cer junto. Deve-se affastar toda a espcie de gadi
dos Canaviaes , e peiseguir os ratos, que so mui
gulosos dellas.
Os fabricantes de S. Domingos, que conhecem
a utilidade das cobras para destruir os ratos, cuidSo em as procurar - e fazer vir - ainda de lugares
distantes por pretos de Nao Arada , que como
oi Egypcios, as tem em grande venerao. Eiles t>a-i
aem estes amphibios para os Canaviaes. s-as cobras casso os ratos rios quaes so amigas , e ou
os comem , ou os obrho a fugir, p. intipalmente,
quando as Canas esto a ficar maduras he que se
requer o acautellalas da destruio dos latos.
O que fica dito, he quanto b/sta para dar hu-,
ma ida da cultura da Cana. Digamos dguma couta do seu corte, qu colheita.
Co.

(96)
Corte-se as Canas no fim de 1 4 , i; i<j
tnezes , em luima palavra, logo que ellas tenlio
ehegado ao Seu ponto de madureza ; por quanto
d maior inconveniente cortallas mais cedo , do qu
mais tarde , isto he , mais verdes do que mais maduras.
Deixando-se amadurecer de mais, ou como dizem , passar , no se far o Assucar to facilmente . e este no ser to bom.
Nas terras magras, e de pouco fundo he prtei o teplantar os Canaviaes ao depois do segundo
erte ; mas ellas subsistem so annos e mais ar)
bons ten*noi : as velhas socas lano. ate i{
tSlos r deve-se cuidar em as enteirar, QU cobrir de
teria todas as veies, que se virem descobertas.
Prepra-se , para se cortarem as Canas , arrancando os cips e que ti terem creido ao depoh da ultima monda : algum tempo depois se coito as Cimas corti.huma serpe : ato-se em faixes s se con*
dtizem ao Engenho para se lha tirar o sueco sem
perdi de tempo ; porqie se a houver se experimentar ftysn prejuzo considervel vindo ellas 4
aquecer. e fermentar.
As Canas coiuda sS coritrazidas em feixe*,'
ou gavdss por bois at borda dos" CaflavMr-J
donde si carrejaid/? sobte carretas!, que no entra rtci Canaviaes^ r*rta evitar qtff a rodas nao'
machuquem os renovo) nascentes.
Cor-

( o )
Cortadas as Caras, se lar preci< esprc^er-lhes
sueco o que se exe<u' chupando as a pa-war
os grossos c)liidios de ferio, que se cbamo tnoenfn , o< quaes [elas suas voltas, e revoliioe, as
esmago , e aperto fortemente em hum espao
que he do tamanho de hum* linha , ou linsw ar
mew , e o sueco , esprtmido por elles , porre cm cophe- destinado a recebll ( panai do frio ao Bratir).

Cemo f*uer que se dem trs cylindros em casta Engenho , se faz passar por ente dou deste;
cadj Cana ; isto he , pelo do meio e de bom.-dos lados
huma preta a recebe do outro lado do Engenho;
ella a dqbra em dous , e a abriga a repassar para
O lado , donde veio entre Q rollo dt> meio e o do
0 itro lado; com p qus fica remoido todo o seu
sueco.
A Cana , cujo sueco foi moid, se chama bagasso , o qual se faz se coar, paia se queimar dibat?
xo das caldeiras,
A nioenda- do meio em os Engenhar de S
Domingos he mais grossa que ar dos lados : seu
dimetro he maior. Tem-se achada-quer, por este1
iii: o novamente adoptado., se faz esta? obra utait
exacta e mais depressa.
Como o sueco ria Cana tem; huma grande dis
poi-o para fermentar e azedar, se haja de lavas
muitas veies as moenda, para se i w tirar toda a
cau-

(9* r
causa da fermentao: e tambm por isso se deve
no demorar em pr o sueco na caldeira, para -s*
cozer.
O sueco da Cana que tambm se chama vinho . ou guarapa he hum liquor agradvel de se
beber , e que se julga ser mui saudvel. Elle he
mais, ou menos doce , mais ou menos assucarado , conforme a madureza das Canas , e o terreno)
em que ellas crescero. Assim ha guarapa que requer ser mais cozida que a outra: toda devem ser
desengorduradac , e clarificadas : em fim serem suficientemente concentradas pelo cosimento, para qus
sal essencial se lhe separe ao menos em parte do
melado ; e que elle se crystallize.
Estas dirferentes operaes se executo , fazendo
passar a guarapa successiv amente em differentes caldeiras.
Para se entender , o que se obra , he preciso
ber que a guarapa se compe do sal essencial dl
Cana dissolvida em muita rlema e misturada com
huma substancia gorda , e de melasso.
Ora hum sal estendido em huma quantidade
de a?ua muito grande no se crystaliizar , e a substancia . do melasso causa hum grande embarao i
crystallizao: de mais esta matria gorda estendida
em huma suficiente quantidade d*agua excita fortemente a fermentao.
O que 'faz perceber que, para se obter o sal.
es-

f 9, )
essncia! crystatlkado , ou granado, i em hum estado , em que elle no possa alterar-se pela fermentao he preciso concentrallo , e desembaraai]o da substancia gorda , ou mucosa mais grosseira1:
eu a chamo mais grosseira j porque ainda lhe fica
muita no Assucar pois que elle he inflammavel
e susceptvel de fermentao , sempre que se estenda em suficiente quantidade de gua.
Se as caldas e conservas, que se fazem de
Assucares pouco refinados , como so os mascavados
s pouco sujeitos a se candir a razo disto Ire
porque a substancia gorda, ou mucosa, que elles
contm , frma httm empecilho crystallizao. Se
as caldas e se as conservas, pouco cozidas , so arriscadas a fermentao, e a azedar, he pela razo de
conterem asss de flegma . para que a fermentao
se obre. Fe se tira muito espirito ardente das grossas caldas e da guarapa , he pela razo de que contm muita matria gorda , ou mucosa . que pete
fermentao* produz o espirito ardente : se as conservas e mdassos, que se fazem de hum bom Assacar bem limpo, so sujeitos a candir ke pela r>
zo , de que a substancia mucosa qne se lhe tirou pela clarificao facilita esta crystallizao.
Munidos destes conhecimentos corramos rapidamente s differentes operaes , que se fazem nos.
Engenhos das Ilhas.
O sumo da Cana se ajunta em hum deposito.

rn. Tira-se deste deposito , e w enche cm a t.


tapa , que se ajuntou , quando corria das loend*
em hum eoche , ou parol J algumas vezes tambm a guarapa corre peisi mesma ao passo, qtte
se vai espremendo em hiima grande caldeira.
Conforme for a tia qualidade mais, ou msnos gorda , se lhe lana a lexivia de cal, e de cinza e algumas vezes tambm cinza pura , e aluItten : depois se lhe tiro as escumas.
Entretanto em S. Domingos no se gasta algum aiumen na manufaetur do seu Assucar. Mais-passa a olhallo como prejudicial sade. Oaluinen he hUm sal composto do cido vitriolico urjdo com husna terra argillosa he muito adstringente,e a sua causticidade no lie menor. Muitos Mdicos de reputao condemno o seu Uso interior nt
Medicina , ainda ue administrado em mui .peqatna dose. Taes so M. Cartheu^er, e Baron. Outros admittera o seu uso com precauo ein certos casos somente , e em mUi pequena dol.e.
Passa-se successivamente a calda por muitas cs!
deiras, segundo esta ordem 4 , { 2 , 1 zc:tttcentando-se-lbe sempre lexivia de cal , e de tirai >
e escirmando-se com cuidado. Quando a calda estiver bem clarificada n ultima caldeira 1 , se leva o
seu cozimento ao ultimo ponto , e se deposita era
huma tina grande para esfriar.
Se a guarapa , ou calda for bem cozida, e
de*

(9f )
djengordurada , te lhe formar bttma costra d
Assucar grossa
e depor a sua gr pelos lados,
e se precipitar esta no fundo ; porm se a calda
nSo for bem deaengordurada, eu se o coziment
nato for levada ao sm ultimo ponto preciso, neste
taso a gr %b se separar muito imperfeitamente,
e quando absolutamente estiver fris.
Seja o que for , mexe-se fortemente a gr
com a calda
e se transporta esta ainda quente
para os coches, que esto no lugar, em que se devem encher as barricas.
O meio mais seguro de s fazer hUtn bin Asf
sucar das Canas, ao depois da lexivia feita , consiste
em lanar nas caldeiras , que esto a fogtr qtiai**
do ellas corneo a fervuta com borbulbe, huma
grande quantidade de gua com hum balde , 0 que
obriga a escuma a sob ir sem demora , e com este
methodo se pde tirar de huma vez com . escu*madeira t o que em cincoenta se no fatia , quando
se lhe HO lana gua fria. He .cousa sabida , e
certa
que quanta mais gua fria se lanar nas
caldeiras, tanto mais facilmente se despuffl, e
Assucar se faz melhor. Me huma prtica geralmente adopu-da hoje eu* S. Domingos^
Esfiiada a calda- suficientemente d srNNMf^
ra
que se lhe possa ntredasir- e dedo, s* n*
chem ai barricas, que est desrampadas por huma
das suas extremidade r e- postas em pi dom <&**
pa-

( 9 )
fiara Cima a outra descana sobre huma grade,
ou engradamento de taboas, que fica por cima de
hma grande cisterna, para onde escorrem, e se
ajunto os melassos ( m e l de tanque).
Abre-se no fundo das barricas, que s sento
nas grades , dous ou trs furos , nos quaes se iiitroduzem algumas Canas, para que possa escoar-se o
tnelasso sem levar Assucar , ou gro comsigo.
Enchem s e , como j disse , estas barricas da
calda, que est em os coches, quando o seu gro
de calor consente , que se lhe introduza o dedo;
porque se a lanarem muito quente, c antes que
gr se tertha formado, se perderia muito Assucar - que o melasso levaria comsigo para o tancjae,
Deixando se porm esfriar muito , o melasso
coalharia

Ou congelaria , e ficaria huma grande

parte com a gram -> mas quando se guarda o ponto , que acabamos*.de indicar, huma parte dom:*
lasso corre em o tanque

e fica

em as barricas

hum sal essencial mais ou menos escuro, que se


chama Assucar bruto , ou mascavado.
Quanto mais gr tiver

menos se abate nas

barricas o mascavado : mas necessariamente ie abate cm todas as barricas: o que as obriga a encher
com o mascarado , que se tira de algumas barrica;,
das quaes se tem j purgado o melasso.
Pem-se o fundo nas barricas, ao depois de purgadas, e se remettem aos Rvfinadores dEurepa. Conhffte-

(91

base facilmente que devem haver mits qalid*-


des differentes destes mascavados , conforme a qualidade do terreno que produzio as Canas, e conforme a mestria , oU destreza do Refinador - que
souber desengordurar melhor a calda oU mel, e
cozello at hum ponto conveniente e ultimamente conforme o tempo, se a gr purgar mais ou menos o seu melasso : por quanto hum bello mascavado pde dar mais de duas quintas partes de
Assucar branco , ao passo que outros se desfazem,
e deicahem totalmente em melasse (me/ d tanque. )
Consiste a bondade do Assticar bruto , ou do
mascavado em ter o gro grOsso, claro , tirante t
branco ; duro , secco e se este for bem purgado
do melasso : e ainda mais no deve sentir no cheiro a queimado nem no gosto a azedo.
Como a cabal perfeio dos Assucares brutos
depende de que elles sejo bem purgados do me-
lasso (chamado) , se adopfoU a prtica de pr a guarapa clarificada e cozida em calda nas grandes frmas , e de o barrar.
* *
Para se barrar o Assucar nas formas que s
cones se volro estas com a ponta para baixo, e
e pf.em sobre 0 fundo da base hurna terra argiJosa pura que no ferva com os cidos vegetaes :
deve ser branca e destemperada convenientemente ,
e reter alguma poro de gua e deUalla ntreT, I. P..II.
G'
tan*

(9 )
tanto correr pouco a pouco : esta gua , escoandose, leva comsigo inSensivelmer.te o melasso , e o
despega do gro do Assucar que fica mais puro ,
e mais branco, Esta argilla se assemelha terra
de cachimbo de Inglaterra, ou de que se fazem
outros em Goudeou em Roam.
Quebro-se as cabea_s d 01 pes, que fico escuras | e ao depois ^de os ter seccos na estufa, se
pilo., para se fazerem mascavados mais, ou menos
brancos, conforme o cuidado , que se teve em clarificar o melado , e de o barrar - e assim estes mascavados nada mais so do que o Assucar em p.
Tira-se tambm nas Ilhas Assucar feito das
escurnas e dos melassos, que correro em o tanque : e se clarifica , como na Europa , o Assucar
to bem.
Mas no me alargarei sobre todos estes artigos , porque sero comprehendidos na arte do Refinador
que faz o principal cbjecto desta obra:
tudo quanto disse acerca do. trabalho-, que se faz
n' America . s foi para se conhecer donde nascem as differenas , que seeneontro entre as cassonadas , e mascavados que se trazem para Europa.
Recebe-se das Ilhas i. Assucar bruto ou
mascavado z. Assucar passado ou cassonadq pardo f. Assucar barrado , ou mascavado branco 4.*
Assucar refinado e pilado.
Antes ds entrar na miudeza da refinao do
' As-

(99)
Assucar da Cana, daremos d' antemo algumas observaes geraes acerca do Assucar. O Assucar em
eral he hum sal essencial crystallizavel, de hum
sabor doce, e agradvel, dissoluvel nJagua, contido mais ou menos abundantemente em o sueco do
maior nmero de vegetaes: o que produz a maior
quantidade , que conhecemos he a Cana descripta
acima , que cresce nos paizes quentes, e que se chama Cana de Assucar.
Recebe a cristallizao , quando se sabe cristallizar regularmente. Frma ento grandes cristaes
cbicos, aos quaes se chamo Assucar Candi, de
cr esbranquiada, ou mais vermelha, segundo o
methodo, que se praticou.
O Assucar parece composto d' hum cido unido a
huma quantidade de terra attenuada , e em hum estado mucilaginoso com huma certa quantidade de hum
leo doce , t no voltil o qual est em hum estado inteiramente saponaceo , isto he no estado d<s
huma inteira dissoluo n' gua , pelo intermdio
do cido.
Este sal he tambm, mui susceptvel de fermentao espirituosa , quando se estende em huma
siifciente quantidade de gua , e como todas as
matrias capazes de huma fermentao . da mesma
natureza , he huma substancia, que pdt servir de
sustento aos animae.
Disse que o Assucar era mais , ou menos conG ii
t>

( 100 )

tido nos outros vegetaes: como os nabos, gros verdes , couves - plantas de gros fai inaceos , em quanto verdes , cenoira , todas as espcies de bisnagaj,
acelgas brancas . e vermelhas ou betarabia, comotambm diversas raizes, que os Selvagens cornem ,
que ns no conhecemos bem. M. Margraf fez
diversas experincias sobre imiifa*s destas plantas,
por solues e cfarificaes, esgotamentos, e ebulies, para lhe extrahir o Assucar.
Diversas arvores
e arbustos podem tambm
dar Assucar como o acer ou platano, hetuia , ouabedul e outras como a Cana arvore , ou mairibi
dos rabes, Apooyno ou Aveassar dos Egypcios.
Os Selvagens , e os Francezes do Cand tiro Aisucar de huma espcie de acer . a que os Inleie
chamo Sugar maple, e os Jroque7es Ozequtt* , descript por Joo Ray Acer montanum candidum , isto
he , o erahle rouge pie me dos Francezes.
Ainda se d ontra espcie de Acer Assucar , ao qual" Gronovio , e o Cavalheiro de LiBn
assignalo pelo acer folio polmato angulato fiorefere apetalo fessili Jructu pdunculato corj/mbose Gron.
fi. virg. 41 Jiin. hort. upsat.
Nada mais fazemos do que indicar rapidamente estas plantas do Assucar - para servir de Suppfc
m e n t o . a que se disse acima , como se a Canr
fosse a nica planta que o podasse produiir bem.
Ora na realidade e!h lie a nica , que o d em
abundncia , e com proveito-,
S-f

( 101 )

XI. Recepo das barricas.


Quando chego as barricas de Assuc3r s Refinarias , st- pezo para se avei iguar , se o seu peso se conforma factura , e se deposita , em o armazm debaixo, ou em hum selleiro que deve ser
secco. Arrumao-se numas sobre outras. As barricas se
conservo no armazm em que se arrumaro e separadamente os mascavados , e os mascavados brancos.
Seria de !v.:m rrande proveito que os armazns em que se uardo os Assucares , fossem ladrilhados
e com declive e que na parte baixa
do armazm houvessem hum ou dous buracos que
tivessem chamados de hum par de ps de profundeza
em terra , nos quaes se ajuntassem os melassos , que
continuamente correm das barricas d' Assucar bruto , e s pai ao quando estas se quebro. Sem esta
providencia , seia muito pouco asseiada , e no daria hum piowipto accesso s barricas
nem lhes
permittiria fazellas Aliar - sem se sentir como eiv
grudadas - ao passo qua escorrendo os melassos nos
buracos de que acabamos de faliar - se cuidaria ein
os aproveitar , loto que elles fossem cheios*, e com este cuidado se conservaria o armazm limpo , e nada se perderia.
Recebem-sc os Assucates brancos, e brutos em
bar-

( 102

barricas que pezo de 700 a 800 arrateis , quando


vem de Martinica ; e os Assucares brancos, e brutos de S. Domingos chego em barricas de 1200
a 1500.
j XII. Do lugar, em que se armo os tanques par
0 Assucar - e do trabalho que nelles se lhe faz.
No lado do armazm , que descrevemos, se
construem quatro tanques, para o mascavado, e dous
para o branco com repartimentos, ou tabiquej de
boas taboas de carvalho.
O vo destes tanques, ou grandes tinas devem ter 12 ps em quadrado: so tapados por taboas fixadas sobre trs - dos seus lados.
O.pavimento do tanque he assoalhado em frma de de *ros levantados, ou de amphiteatros, quasi 6 pollegadas acima do pavimento da camera: a
dianteira he aberta, mas logo que se lhe lana o
Assucar, se pem horizontalmente sobre a dianteira taboas , cujas extremidades sejo encaixadas nas
ranhuras feitas em huma das faces dos pilares ou
Derrotes, que esto na dianteira dos tabiques, que
se passo os tanques: o cimo destes tanques se fecha , como a maior parte das casas dos negociantes com barcoens pondo se as taboas, em lugar
de ser a plumo, horisontalmente.
Estes tanques se destino a receber os mascava- :

(1j)
vados de differente qualidade. Distinguem-se em 4
classes , hum se nomea dons , e neste se pem o
melhor Assucar da primeira qualidade, de que se
fazem os pes de duas libras ; outro se chama trs
o que quer dizer que neste se pem o Assucar,
que faz os pes de j libras . que he o que se reputa da segunda sorte.
O 3. 0 tanque se chama o 4. ou o 7. 0 o Assucar que nelle se guaida , he para servir aos pes
deste pezo.
Pem se em o 4. 0 tanque o mascavado mais
escuro, e mais gordo que se encontra nas camadas das barricas, em que o melasso se suppein mais
que em. outra parte alguma
o q-ie chamo barboate porque delle se fazem cs grandes pes, que
conservo este nome e que tem de pezo to para
60 libras estando purgados do seu melado. Tambm os ha de 70 e mais. Ao depois se ver que
estes grandes pes se empreeo , ao depois de bem
purgados do seu melasso, em se fazer delis 9 Assucar refinado.
He bom estar acautellado , ou adverti.Io que
as denominaes de dons, trs e quatro e de- sete
so imaginrias : s servem a des;gnar as difrerentes naturezas do Assucar bruto : porque se ver logo que se pde farer hum bom Assucar - e pes
pequenos do mascavado que se depositou em O tanque num. 4. O Assucar chamado barbute, lie o
uni-

( 1^4 )
nico , que seno deixa de derreter para se refinar.
As denominaes de pes, em pequeno, e em
grande 2 e do mesmo modo em >, 4 , 7 no
tem ainda relao com o verdadeiro pezo dos AJsucares refinados ; porque o pequeno 2 peza de
e 1 at 2 e I ; e o grande 4 lib. at 4 e I : QS
2

) quasi & s L o 4. 0 10

o 7, 0 entre 16 e 18

Jibras.

Pelo que toca aos mascavados brancos, do-se


muitas fabricas de refinar , em que seno faz caso algum delles: e nestes termos basta hum s tanque ;
p'outras porem se pem aparte os mais bellos mascavados brancos pelas razes, que daremos ao depois , e tem se dous tanques, servindo o segundo de
receber os mascavados pardos. ou que de alguma
sorte s?o gordos alguma cotisa. Finalmente os tanques para os mascavados hrancos so inteiramente semelhantes , aos que servem para os masclvados pardos,
Rol!o-se as barricas do armazm
para os
tanques de Assucar e se pem sobre huma das
suas extremidades e se quebro , como diremos.
Quebrar as barricas , he termo recebido nas
fabricas de refinar assbn como fazer nlri para
se haver de dr?er julgar as diffsrent,es espcies d
?Tttsca.vadQ , pardo b^nc-'

#-

( io) )
Modo de quebrar as barricas - e fazer pizeZ
Tendo-se posto as barricas defronte aos bancos sobre huma das suas extremidades , muitos
obreiios trazem huma espcie de cutello , a que chair.o serpe , e outros huma torquez ou p de cabra e despego os arcos , que se acho seguros com
preos em a ranhura ou enalhe das aduellas: fundeio , ou abatem a parte de cima , e depois com
grandes golpes da serpe corto os arcos, que esto em torno da parte superior das barricas menos
dous.
Voho ao depois as barricas sobre a outra extremidade , e lhe tiio o segundo fundo corto os
arcos e menos dous deste lado arranco os pregos que os seguro : ao depois corto os dous arcos reservados na parte de cima das barricas , a
rua! at ento tem estado debaixo. As aduellas ,
logo que o Assucar cabe ptlo seu pezo em monte , se aparto.
Os mesmos obreiros ajunto as aduellas hurnas depois de outras raspo-nas com o corte das
serpes , ou com huma trolha para de^pegar o Assucar que fica nellas pega.io ; e lano de parta
as aduellas, e arco-; que* servem do accendalhas de
baixo das caldeiras.
No mesmp tempo os outros obriros separo,
com

( l6 )

com ps , e ainda com as mos as differentes qualidades do Assucar , que se acho nas Barricas:
huma mesma barrica contm muitas vezes, a, j ,
4 , 7 , e de gordo nas barbutas.
Antigamente se fazia esta escolha com muito
cuidado mas neste comenos no se lhe d muita
atteno Os trabalhadores lano com suas ps,
ou palhetas cada huma ds qualidades do mascavado em o tanque., que o contm. Isco nas fabricas
de refinar se chama escolher , ou faier a escolha,
Para concluirmos o que pertence a este artigo, supponhamos que cada espcie de'mascavado,
ou de mascavado se pem nos tanques j e que se
quer principiar a. refinao Requer-se o pr o Assucar nas caldeiras: para isto se pem defronte di
tanques hum monto
e em cima hum tinote.
Dous trabalhadores pem com as ps o Assucar
bruto em o tanque
em quanto os outros continuo em levar nos tinotes o Assucar s caldeiras.
Entretanto he mui commodo encher os tino'tes, ou celhas, antes do os pr sobre o monte: e
tambm seno arrisco a espalhar o Assucar por
cima das bordas
e a pizar com os ps o que
pde cahir.
No mesmo Iu>ar . em que se acho os tinotfes ou quasi tudo. deve haver huma pia emque se lancem os mascavados em p , e hum crivo,
Cm que este se peneire , mas coinO 0 Assucar em
p

( io 7 )
p se destina a formar o fundo dos pes , ns
.foliaremos acerca delle no lugar destinado a esta
operao.
$ XIII. Da oficina , ou praa das caldeiras , em
que se clarifica e se coze 0 Assucar.
Servem-se para conduzir os mascavados, ou mascavados brancos as caldeiras de hum tinte feito de po
branco , e leve , com arcos de ferro , e guarnecido de
duas azelhas pelas quaes pego dous homens e
pe sobre o monte e estando cheio pelos que tem
as palhetas nas mos hum destes, dando as costas
tinota e o outro dianteira , seguro-na pela rafthura, e a levo caldeira.
Tem-se posto perante a caldeira huma, taboa,
a que chamo collo , chanfrada circularmente por
hum lado , para abraar a redondeza da caldeira , e
do outro lado esta taboa he cortada quadrangularmen!s e serve para impedir os tinotes de certo
pezo arruinar taboa de chumbo , que cobre a
banqueta diante d:is caldeiras.
Em algumas fabricas se pue huma alsa sobro
o collo, e os trabalhadores que trazem os tinotes
cheios de Assucar - os pe sobre esta alsa : ao depois disto caminho pelo estrado
tiro os tinotes, e despejo o Assucar em a caldei-a. O uso
desta alsadeira he desconhecido em muitas fabricas.

Os

( <oS)
Os mesmos serventes , que trazem o Assucar
nos tinotes os pe sobre o collo , e depois os puxo at a borda das caldeiras , e os vazio por inclinao com cautela. Poupco-se deste modo dous
Jiomens, que so inteis, montados sobre os pru
mos , ou estrados, esperando somente o vazar os
tinotes. Este motivo faz que seja vantajoso que
as caldeiras estejo enterradas : as que forem muito altas necessito
que se lhes faa huma eicadinha.
Quando se raisturo com o Assucar bruto o
mellado escorrido dos Assucares refinados. se poe
sobre a caldeira , que se quer encher dous pedaos
de madeira unidos com as travessas sobre a ampliao
que se acha acima desta caldeira : estes
padaos se chamo o portador, e se lhe pe por
cima seis potes cheios de mellado , para que tenlio
tempo de se esgotar na caldeira
que j tem a
sua gua de cal; porque esta se pe d'antemo nas
caldeiras.
A gua de cal requer huma miudeza particular . mas no he fora de propsito, dar huma idl
geral d.\ disposio da fabrica , onde se/assentoi
as caldeiras, destinadas , 3ssi:n para cfarificar, como
para cozer o Assucar.

Des-

( icr9 )
5 XIV. Dcscripo da fabrica, onde esto- as
caldeiras.
Ha nesta casa huma , ou duas grandes tinas,
que servem para fazer a gua de cal X por esta raz
se chamo tanques de cal. Em algumas fabricas
tanque de cal he feito de alvineria : procurar-se-hia
huma grande commodidade , que esta bacia seja asss levantada , para que , sendo furada na terceira
parte de sua altura, a gua de cal possa sahir por
hum tubo para as caldeiras.
Como esta cmcina deve estar quasi mstica
daquella, em que esto os tanques do Assucar , ser
he faz de ordinrio huma porta*, que communic*
de huma para a outra.
Tambm he bom ter junto ao mesmo lugar
casa de formas, quero dizer Ingar em que se pe
Assucar nas formas. Ao depois se explicaro -as
operaes , que netla se fazem.
Nas fabricas devem haer quatro caldeiras de
folhas de cobre unidas cem pregos, ou tachas:
fundo, qiie he'a nica parte exposta ao fogo , deve seT de huma s pea asss grossa: duas destas
caldeiras so destinadas a clarificar o Assucar - e huma s a cozida do Assucar clarificado.
Em muitas fabricas no ha mais do que trs
caldeiras, era outras huma quarta, que serve a pas-*
sar

( no)
sar, e a encolher, isto h e , a concentrar as jcumas, e na falta desta quarta caldeira , se fazem as
escumas (isto he frase usada ) em hum da de
clarificar.
A parte perpendicular sobre as costas das cal*
deiras he d* cobre, e se junta s caldeiras. Augmenta se quasi do duplo a capacidade das caldeiras , pondo-lhe adiante huma bordadura precintada
de folhas de cobre rebitsdas sobre huma barra de
ferro: o que se chama bordadura, ou borda, que
se ajunta caldeira por meio de ganchos de ferro.
Pe se tambm na parte posterior das caldeiras montadas huma espcie de alargamento em frma de funil. Como esta parte . que se noma explanada , ou escarpa Tiio fica exposta ao fogo , se veste de
chumbo : serve para fazer voltar s caldeiras o Assucar derretido que se poderia derramar ; e tain-J
bem para conter as escumas, que estofando st
tnui'0 , se espalho por cima das bordas das caldei-.
ras e por esta razo em muitas fabricas, se pe
sobre esta bordadura huma segunda borda guarne-^
cida de duas orelhas
que se alargo sobre a es- j
carpa , ou alargamento forrado de chumbo.
Nas fabricas , em que se no usa desta secunda bordadura se usa hum panno cheio.de palha,
e molhado, que se pe sobre a primeira bordadura , quando se v subir a estuma
e que est s
ponto de se derramar por cima da caldeira.
Aia-

( I I I )

Ainda que as bordaduras se juntem muito exas


ctamente se lhe pe nas juntas pedaos de pannos
veihos pata que o Assucar derretido no trespasse.
Cites pannos na terminologia dos Refinadores se
chamo loques. Clarifica-se o Assucar nas caldeiras.
Ha huma caldeira , que serve a encurtar , ou
em termos da arte pata fazer escumas. Dissemos,
que se davo muitas fabricas onde falta esta caldeira : neste caso se fazem estas escumas em huma* das caldeiras de clarificar.
No se lhe acerescenta bordadura caideira de
cozer : hum contramestre se serve de hum po de
prova para conhecer
se o Assucar est no seu
gro do cozimento.
*
Tem-se ainda huma caldeira
que no est
montada sobre alguma fornalha , mas jue em razo
de sua grande profundeza est enterrada, esellada
em huma alvenaria slida
chama-se caldeira do
claro ; porque se lhe pe dentro Assucar clarificado , at que a caldeira de cozer esteja em estado de o receber.
Estabelece-se hum peneiro
que tenha hum
panno que sirva para filtrar, e acabar de filtrar a
clarificado. Tem se esta caldeira coberta com huma
sarapilheira , ou tampa de taboas, para que o p de
carvo lhe no haja de decabir em cima,, e ujar
o clarificado

To-

( iiO
Todas as caldeiras, menos a do claro , que ei-.
Ia s contm trs., ou quatro tantos , que cada huma huma das outras, so quasi iguaes na
grandeza : so meio cylindricas , e tem quasi quatro ps e quatro pollegadas de dimetro por dentro. O fundo he chato pezo ico lib. : as taboas , que lhe formo as bordas , tem 4 linhas de
grossura mas o fundo he grosso de duas linhas.
Deve-se estabelecer a caldeira do claro perto
das de cozer , quanto se poder , para que se possa
"rompta
e commodamente encher a caldeira de
cozer. Tambm algumas vezes seda huma espcie
de tina grande , em que se lana o claro , que se passa caldeira de cozer per hum tubo , que se lhe
dsYmmunica.
As eminncias em costa de bah , que se acho
entre as caldeiras se chamo cofres. So formadas
pelas escarpas, ou funis de chumbo , que esto
na parte posterior das caldeiras
e interiormente
contm as ventosas, de que paliaremos ao depois.
Pobre hum destes coffres entre as caldeiras se estabelece a tina grande , que serve para conduzir o melasso clarificado das caldeiras para clarificar na caldeira do claro. Lana-se com huma colher grande
ou concha encabada o melado clarificado na bacia
da tina , que faz o offcio de funil. O Assucar
clarificado , sendo conduzido pelo tubo da tina,
cahe por meio da sua prpria inclinao sobre a
briu-

( I ' J )

brtnqueta , que cobre a caldeira do claro , ou clarificado.


Na frente das caldeiras e dos coffres se frma huma platabanda , ou banqueta , cuja dianteira
he bordada de hum grosso cordo ,'qtre se levanta
at altura de trs pollegadas : e todo he coberto de huma pasta de chumbo , que se inclina hum
pouco por hum regato para a parte dos buracos, que
esto entre as caldeiras.
Estes buracos, que se chamo panellas, ou escudellas , so cobertos de cobre , e figurados , como
timbales maneira das pamllas dos Confeiteiros.
Esta disposio he muito bem entendida para
receber o Assucar que estufa , e que passa muitas vezes por cima da bordadura - quando se clarifica ou ainda o Assucar clarificado quando passa
por cima das bordas da caldeira de cozer,
Fazem se as aberturas para os cinzeiros, e nt
lado as portas , pelas quae,s se introduz os carves
debaixo das caldeiras , que correspondem s fornalhas.
Nestas fabricas se tem sempre grandes provimentos de carves de terra para se evitar o accen*
der lenha debaixo das caldeiras.
Serve se de hum tonei ou pipa , no qual se pe
o sangue de boi, que serve para clarificar o Assucar. Pe-se muitas vezes fora da fabrica, por evitar o seu rno cheiro.
'
A fumaa das fornalhas se dissipa pelas chaT. I. P, II.
H
mia

II4-)

mines mas isto no basta, para deixar de escapar


pelas caldeiras huma tal quantidade de vapores,
que quando o ar est grosso , e o fogo acceso de- baixo das quatro caldeiras apenas se v claro : por
esta razo no tem assoalho por cima das caldeiras. Pratico-se no tecto trapeiras, que so destinadas a facilitar a dissipao dos vapores.
Emprego se espcie de rodos
como uso
os pedreiros , para mexerem o seu cimento : do-se
de differentes frmas, e todos setvem para mexera
cal em hum tanque : chama-se mexer a cal.
Finalmente dispe-se huma estufa.
Neste comenos que se tem adquirido noes
geraes da disposio dos differentes utenslios , que
devem amobilhar a casa das caldeiras , vamos dar algumas midas relaes , e comearemos por explicar como as caldeiras so collocadas sobre as suas
fornalhas.
. XV. Estabelecimento das caldeiras.
Suppondo as portas pelas quaes se introduz o
fogo debaixo das caldeiras . e huma arcada, que
conduz ao cinzeiro. Como as caldeiras s recebem a
aco do fogo pela parte do seu fundo , precisa considerar-se que so recebidas em hum macio de alvenaria , onde est posta a fornalha, em que queima o carvo de terra , que se lana pela porta.
Se o carvo de terra no for continuamente
ani-

( Mi )
animado pela correnteza do ar no se queimar.
E por esta razo se lana sobre huma grade de
ferio, debaixo da qual ha hum grande cinzeiro de
sinco ps de profundidade que recebe o ar exterior por huma galeria , que .embeica na arcada. Para se formar alguma ida destas galerias, precisa figurar defronte da areada , de que acabamos de falJar profundezas., pas quaes.se haja de descer por
meio de escadas, para se chegar s ramificaes, qii
galerias , que vo corresponder ao cinzeiro , que esto
debaixo da fornalha,
Desce-se de facto nestas cavidades, para se tirar deltas com huma colher ou p as cinzas juntas no cinzeiro , puxando-as s. cavidades pelas galerias, que tem iS para 10 pollegadas de. largura ,
e dous ps- de altura.
':Conhece-se-que as galerias administro huma
jrande quantidade de ar que anima.o fogo posto sobre as grades, Todas estas galerias so, fejtas
de abobadas de tijolos : mas as cavidades , .que tem
quasi trs ps de largura , e sinco de prorundidade , so cobertas de taboas, ou com grades., para
que possa entrar o ar mais livremente em as galerias, r.
Perebendo-se. que ,0 fogo no . queima cotr
fcasaate. ardor , se necessita dar entrada ao ar nos
cinzeiros-,, e para is,tq ^se; passa, huma p de ferro
; entre, ,a> .barras , que forma a. grade da fornalha
*

(fiitS)
que tem trs pollegadas e meia de grossura. Para
. acabar a fornalha , s lhe falta' dar huma sahida ao
fumo. A este fim se lhe fazem em o macio da cantaria tubos circulares de hum p de altura, e seis
pollegadas de largura que se chamo ventosas. Sahem das fornalhas , e vo acabar nas chamins
com vinte pollegadas de largura , e dezoito de
grossura. Cada fornalha terfl trs ventosas , e em
certas lugares passo humas por Cima das outras.
Tinlmente as bocas exteriores , que tem vinte pollegadas de abertura , e que so fortificadas por barras boas de ferro , se fecha com portas de ferro
hatid.
Sendo a disposio,' acabada de dar - para trs
fornalhas, f do meio recebe duas galaria*, e suas
ventosas acabo nas duas chamins. Mas, havendo
quatro caldeiras , cada fornalha somente recebe o
ar de huma nica galaria, o que requer huina pequena mudana na construco. Irr.aginar-sc-ha facilmente.
XVI. Das tinas de cal, eoperaes'relativas.
A gua de cal he huma substancia acre e
alkalJrra "que goza de muita affinidade com as ma'feriai' gordas , ou mucosas , e com as quaes" faz
huma substancia saponacta ,' por cujo motivo se usa
'muito delia na Chymrca*para desgcnordrar os suocti
de-

( "7 >
depurados das plantas, quando se quer -tirar destas
os seus saes essenciaes.
Por este motivo tambm se lhe d hum grande uso na refinaria, quando se quer deseagordurar
o Assucar derretido, ou tirar-lhe o que elle tern
de viscoso, ou mucoso e facilitar a separao do
gro. Huma das suas propriedades he dar maior
corpo s escumas, que sem ella se apresentario
muito mais molles , de sorte que ficavo sujeitas a
pastar atravz dos buracos da escumadeira ,. quando tendo-se-lhe lanado a gua de cal se faz
mais grossa , mais despegada , e , permitta-se-mo
dizello assim , mais granulada, de sorte que a escumadeira a pde reter facilmente.
Mas a sua singularidade mais essencial he fazer menos oleosa , menos filante a calda clarificada , e dt lhe dar desta sorte , ao depois de clarificada e cozida , a facilidade de formar o seu gro.
Sem ella muitas matrias , ainda asss brancas , no
produzirio nas caldeiras do enchimento , e nas formas mais do que huma massa espessa, cheia de
hum gro muito fino , e muito molle, cuja calda ser/a muito embaraosa de se separar.
A gua de cal se faz da maneira seguinte. Estabelece-se por baixo da torneia , que vem do reservadouro, ou totalmente perto deste , huma grande tina de castanho com arcos de ferro
que tenha nove ps de altura , e seis de dimetro interior.

( uS )
for. riterra-se seis ps em -hum macio de pedra
que tenha 7 3 8 pollegadas de grossura e.de altura sobre a terra trs , ou quatro ps.
Pem-se nesta tina , que se chama a tina da
cal quasi 4 barris de gua com doze alqueires de
cal viva.'' M"ve-se , e braceja-se a cal com huma
palheta, ou espcie de colher , ou de rodo, de
que se servem os pedreiros , para fazerem o seu cimento , e se mexe todas as noutes para que a gua
tenha o tempo de se fazer clara de noute ; porque he preciso que a gua , que se ha de lanar
nas caldeiras, no esteja turva.
Por este motivo , quando se tem muito trabalho a fazer
se tem algumas vezes
alm da
grande tina de cal, outra pequena , que se pem
por baixo da grande. Enche-se de gua decai clara antes de lhe pr nova gua , e nova cal em a
grande ; porque se deve fazer de conta que se carece de hum alqueire de cal , para clarificar qualquer caldeira de Assucar.
De tempos em tempos se despeja a grande
tina , e se lana em huma cova que se tem no
quintal a cal que se juntou no fundo. Pde ainda servir para cimento dos pedreiros , ainda que
se pertenda que ella seja inferior, a que no foi
lavada.
J disse que nas refinarias , novamente estabelecidas , se pem a tina de cal em pedraria, e que
quan-

( ne )
uando se possa , se ponha esta mais alta que as
caldeiras , de modo que a aga lhe possa vir
por canos ou tubos , o que poupava muito trabalho. Mas no se precisa tomar a gua da cal , seno na tera parte da altura do depsito , ou reservadouro para que ella possa sahir clara sem a
mistura de partculas trreas.
Algumas vezes se usa de huma bomba para
fazer subir a gua da tina estabelecida em baixo,
mas precisa-se que o fundo da homba no haja de
descer mais abaixo da metade da altura do reservadouro da cal; porque de outra maneira toldaria a
gua.
XVII, Como se enche a caldeira.
Supponhamos que se poz defronte da caldeira,
que sequer encher, a gol Ia de taboa. Pem-se nos
dous lados da boca do forno dous poiaes. Sobre estes sobem dous serventes , e lano gua de cal
na caldeira em quanto outros trazem gua de cal
em celhas, segurando-as pelas azas.
Quando chego , descano as suas celhas nas
gollas de taboas , e os dous serventes as despejo na
caldeira , que s se enche at sua primeira bordadura ; pois que na segunda no se lana , seno
quando o caldo se levanta.
Enche-se deste medo a caldeira de gua de
ai at quad os dous teros da sua altura , ou seis
pol-

( I.20 )

pollegadas abaixo da sua borda , no comprehendendo a bordadura ; porque se precisa quasi outro tanto de Assucar bruto.
Traz-se ao depois o mascavado em celhas de
azas por dous homens , e se acaba de encher a caldeira at quasi ao alto da bordadura. Mas aqui os
dous servidores, que trouxera a celha , a descane
na golla da taboa , e sobem elles mesmos sobre os
poiaes, e deito o mascavado na gua de cal , levantando-o muito alto , no s para que o Assucar se misture com a gua de cal ; mas ainda para
no arruinar a bordadura das caldeiras, o que aconteceria . pondo-se sobre ella as celhas.
Tendo-se caldas finas, que devo entrar no
Assucar - o que o trouxer o por em huma caldeira, e se lhe lanar em cima potes cheios de calda. Alguns contramestres pratico lanar sangue de
boi n caldeira
misturado com o mascavado. e
fazer bracejar o sangue com o mascavado em a caldeira . antes de lhe misturarem gua de cal. No
ciuero censurar esta pratica pois a pertendem justificar por muitas experincias. Mas no posso deixar de dizer que seria muito melhor no misturar
r sangue seno quar.do a caldeira est prtempta para ferver; porque, quando seno pem o sangue,
reno quando a fervura comea , a gua de cal, tendo feito com a calda molculas S2ponaceas , o sangue , que se lana em o banho , tendo-se feito muito

c0

to quente, se Coze, e faz


como huma rede,
que ajunta todas as molculas saponaceas, e as leva superfcie em escumas, o que deve fazer huma perfeita clarificao , o que no acontece ,quan-.
do se pem o sangue antes da gua de cal ; porque est trabalhando ao mesmo tempo sobre a
gordura do Assucar, e sobre a do sangue , e se lhe
dimiuue a aco sobre a patte viscosa da calda...
De resto confesso que , para se poder confiar
nesta theorica , se precisa que ella haja de ser confirmada pela experincia ; por quanto , como j disse , do-se refinadores, que se julgo asss fundados em experincias, para pensarem de huma maneira differente : com tudo eu posso suppr sem
inconveniente que seno pem o sangue desde
principio com a gua de cal, e vou seguir as operaes do refinador , para indicar como se conduz a
clarificao,
XVIII, Maneira de clarificar o Assucar.
Em quanto os potes de calda se esgoto , se.
pem na fornalha lenha boa, para o que se servem mufffc vezes de aduellas e arcos das prprias
barricas, que tem servido ao Assucar. Pem-se-lhe
fogo , e por cima carves , para se atear hum bom
fogo debaixo da caldeira , o que se continua pelo
espao de hora e meia, ou , o que he melhor,
ate

C i )
t que o Assucar principie a sobir. Na primeira
meia hora , se mexe , ou move continuamente o Assucar , para se derreter o mascavado , e impedir que,
precipitando-se , e apegando-se ao fundo da caldeira , se no queime.
Para se mover deste modo o Assucar, se ser*
vem de huma grande esptula de madeira , que tem
quasi a figura de hum pequerur remo , a que sedeo
nome de mexedor. Tem oito ps de comprido,
e a p seis pollegadas de largo.
Precisa lembrar-se que nas refinarias se d 9
nome de Assucar ao liquor , que contm o gro,e
que verdadeiramente he hum melado , pois que este
no he outra cousa mais do que Assucar derretido em gua : conservo o nome de melasso para o
liquor , que se escorre dos gros.
Quando a caldeira comea a aquecer-se, no
se tendo antes deitado o sangue de boi com a
gua de cal , se pem dentro ento , e de bem alto , hum pequeno alguidar com sangue de boi, e
se continua a mover com o mexedor. Em se deixando/de mover a calda sobe : o que quer dizer:
que do fundo da caldeira se excito vapores, que de
tempos em tempos fazem apparecer algUft borbolhamentos , ento se lana a segunda ala, ou arco de ferro ou cobre das caldeiras $ porque a primeira foi posta antes de descarregar a caldeira,
de sorte que , quando se pem a segunda ala, a
:

cal-

( m y>
caldeira se acha cheia quasi at borda da primeira ala, ou arco. Por: tanto ella fica com toda a
altura desta segunda , que serve para impedir quer
o caldo haja de passar por cima desta caldeira, o
derramar-se pela banqueta.
Tendo-se posto a segunda ala, e se v que*
o Assucar est prompto a lanar as suas primeiras
fervuras , se diminue o fogo , pondo para o lad
dos ventiladores , e laneando-lhe por cima carvo
molhado com a p concav e ainda gua com
pucaro, ou com huma colher grande. Convm muito que se lhe diminua o fogo , para que o Assucar
nada mais faa que ferver ou borbulhar ; porque
se fizer grandes borbolhamentos , as escumas se misturaro com o Assucar , e falharia a clarificao , ou
pelo menos haveria grande trabalho em os separar.
Precisa-se que o pequeno fogo , que se lhe
conserva , esteja de hum lado da caldeira , para que
a pequena fervura haja de lanar as escumas do outro lado onde ellas se ajunto , at se levantarem
mais altas que a segunda bordadura. Deixo-se subir as escumas
e assim que tiverem subido , se
apaga o fogo, lanando-se gua em cima com hum
pucaro , e por este motivo se deve ter -sempre junto s caldeiras, celhas com gua. Estando o fogo
extincto , as escumas se abatem , ellas se firmo mais,
ou , faltando segundo a arte , se secco , o que requer
hum boin quarto de hora.
En-

( "4)
-*. Ento , se a caldeira for elevada , se .lhe faz che*
gar o canape , ou degro, para leyaotaro clarificador,
que, lhe ha de tirar as escumas com huma grande
etcumadeira de cobre ^ a qual se maneja com ambas as mos, e com geito , para no embrulhar as
escumas com o Assucar. Passa se logo a escumadeira por baixo da camada de escumas : tiro-se,
se lano em hum alguidar, ou celha. Esta deve
estar posta defronte das caldeiras. Apoia-se o cabo
da escumadeira sobre huma das azas da celha, e
voltando sobre o guine , se deixa por algum tempo
escorrer na celha.
&v O Clarificador deve cuidadosamente a juntar todas as suas escumas , rapar com o seu iiutrumentpjas pores <de escuma, que se apego s caldeiras por cima do nivel do Assucar ; e pr tudo
t>a celha , que hum dos serventes leva a huma caldeira rolante , para lhe aproveitar a calda fina, quando se tiver junto certa quantidade, como havemos
de explicar ao depois.
-. No caso de se terem quatro caldeiras, montadas , se hajo de passar logo todas as escumas para huma dellas, e de se diminurem logo: ao der;
pois se clarificaro. Torno a fallar da calda que se
clarifica.
Ao depois de se terem tirado as primeiras escumas o Clarificador deve examinar , se foi clarificado , quanto bastava ; para isto mergulha
sua

tua eseumadeira 'na caldeira , e a tira , deixa es


friall por hum instante alguma cousa tendcna ant
plano; ao depois, voltando-a para hum dos- lados
examina, se o panno , ou toalha, que corre -da eseumadeira est bem clara ; porque , pondo a contra
a luz, no devem apparecer pores de escumas,
nem anuviamentos.
Jamais se clarifica o Assucar perfeitamente , seno ao depois de se tirarem as primejfas escumas : acaba-se a.clarificao , dando-lhe isto ., a que
hamo cobertas,* o que se faz , misturando em huma
celha hum pouco de sangue com gua de cal. -Lana-se de muito alto a mistura nos Assucares, move-se com o mexedor, esperta-se mais o fogo por
hum do lados, para se fazer subir huma segunda
eicuma , que se deixa seccar - como a primeira, a
qual do mesmo modo se tira , o que ss repete at
que a toalha , que corre da eseumadeira , seja transparente.
Toma-se tambm esta calda em huma pequena colher de cobrir , da qual se deve vr fundo .
atravs do Assucar - to limpo , como seno tivesse
cousa alguma neita colher.
ViGtarificadores , que acabava a sua operao,
derramando no Assucar huma celha , ou duas ete
gua de. cal sem mistura de sangue. Elles aceendem o ^ftjg,; ao depois, o diminuem ;, ;para deixar
formar huma escuma ligeira >, que ao depois liro
eo-

( I2 )

omo a primeira , e , .percebendo parcellas de., escumas , que rolo na calda , lhe do o fogo alguma cousa vivo , para as obrigar a subir superfcie do Assucar ; mas acahavo sempre, diminuindo o sen fogo j
para que as escumas se formassem tranquillarnente.
Estando bem clarificado o Assucar liquido, se
toma hum cano, estabelece-se a bacia deste s o
-bre os cofres,. que esto entre as caldeiras, e se
pem a extremidade do tubo em huma caldeira, chamada clarificadeira. V-se claramente-,que , lanando
se com hum pucaro a calda purificada na bacia do
cano , a calda corre pelo tubo para a caldeira da
clarificar , que de ordinrio tem 6 ps de dimetro , e outro tanto de profundidade.
Mas para reter todas as impurezas do clarificado se pem sobre as caldeiras de clarificar duas
barras de ferro , que as atravessa, e que sustenio hum
-grande cesto de vimes , que se chama paneiro,
obra-se este paneiro com hum coador de panno i
atravz do qual o clarificado , que. corre pelo canal,
se filtra , depondo nelle a arca que se. acha ein e
mascavado, e as pequenas impurezas, quehajo-de
escapar vigilncia do Clarificado!-*
O coador he hum pedao de pairroo branco
bem felpud ,. e apisoado: pouco a poeo, engrdssnrdo-se o coador , poder o Assucar- no atra
vessr . o u passar mais. Neste caso- he prsoiso intioduzir-lhe outro , ao depois >de se. ter. irada cora
hu-

( "7 )
huma colher todas as pores de escuma , que foro retidas pelo coador. Lanfo-se estas substancia*
carregadas de escumas na caldeira destas.
Em algumas fabricas de refinar - se tem muitos pedaos de pannos cortados , do tamanho dos
cestos, para os terem mo , e quando (iro hum*
porem outro. Em outras porm tem hum grande
pedap de panno . que tem cinc quartos de largura , e doze para quinze varas de comprimento-;
dobro-se em Zigzag em huma caixa e assim que
se engrossa huma poro , se affasta hum pouco ,
e se pem outra poro no paneiro. Em ambos os
casos as bordas do panno devem -ficar da parte: de
fora do paneiro , e se ftxo com ganchos , ou alfinetes de. ferro.
De ordinrio tanto que os pannos engrosso,
os fazem cahir em huma caldeira,rolante posta ao
lado da caldeira de clarificar, que se tem com gua
para desengordurar o panno. Para os fortificar, se orlo com huma bordadura de panno grosso, dando-se a esta oito , ou nove pollegadas de largura. Le>
vq-se ao rio os pannos engrossados, para os lavar*
ao depois se estendem em alguma das galerias da
fabrica., para se enxugarem , onde se conservo at
quando se haja de ter necessidade deites ; porque
o Assucar no corre tambm a travz dos pannos
molhados.
Ainda que a acrimonia da gua da cal se dimi-

( 128 .)
mnus pela gordura d sangue, e do Assucar; com
tudo os pannos no deix-o de se arruinarem pelo
calor do Assucar. Ainda muito mais se arruino , deixando-se nas caldeiras por muito temp , onde j dissemos, qu- os punho ; pois que a gua carregada
de Assucar fermenta azeda, e damnifica os pannos , ou coadores aO ponto de os pr em estado de
no servirem. Estas differentcs razes obrige a rehovallos freqentemente.
Como fico mais arruinados pelo meio que
pelas bordas se podrio cortar em dous e cozer
ambas as bordas, queficaria;neste caso nomeio;
e neste estado 'podrio continuar a dar algum servio por mais algum tempo; porque hum coador,
que tem perdido todo o seu plo
no filtraria
mais, como era necessrio.
Quando o clarificado se filtra, ainda lhe resta ser cozido
e assim requer o ser transportado
para outra caldeira , que se faz facilmente, e cora
prmptido com hum pucaro , estando a caldeira'de
clarificar perto da -de cozer. Mas o - terreno no
permitte sempre gozar desta commodidade , e ento a caldeira de clarificar est destacada da de cozer.
Donde . sendo preciso levar longe clarificado, para o pr na caldeira de cozer
por, no* perder o
Assucar- se pem junto caldeira d clarificar huma casta de canap, que se chama assento, coberto de huma chapa de chumbo; que tem huma
par-

( no )
parte sobre o espaldar , ou cestas da cadeira , e
cahe em babadouro na caldeira. Ha hum buraco n
meio do assento da caldeira
debaixo do qual se
pem hum pote de mellado ou calda pata receber - o que se lhe derrama. Tambm nella se pem
as bacias , que o Clarificador enche com hum bafde
como vamos explicar.
Tem-se hum balde , que pende pela azar em
hum gancho post por baixo do cesto de passar.
O Clarificador toma o balde para esgotar o clarificado , e encher com este as bacias mas tendo
despejado parte da caldeira de clarificado , esta caldeira he muito alta , para que se possa lanar o Assucar clarificado , ento se passa pela aza do barde hum- gancho; elle tira o Assucar , levanta
gancho , e o leva borda da caldeira por outro
gancho, que se agarra a elle ; e estando o balde
* porte de se pegar com a mo , o toma com
esquerda , e derrama o clarificado em a bacia, que
hum dos serventes toma , e leva o Assucar clarificado caldeira de cozer.

r . i. p. ir.

Dif-

C i j o )
XIX. Diferentes modos de o clarificar.
Do se em geral trs modos de clarificar qualquer liquor , primeiro , por precipitao , segundo,
fjjltrao , terceiro , elevao. Paliarei aqui da primeira em geral , e no da que compete particularmente ao Assucar.
Os Cirieiros laiifico a cera , ou o cebo, fazendo que os corpos estranhos, mais pezados que
as matrias, se precipitem . ou eaio nos fundos dos
vasos, onde os entretem por muito tempo em hum
estado de fuso, para que as matrias estranhas tenho tempo de cahir.
Os liquores , que se podem deixar por muito
tempo em repouso , de si mesmos se clarifico por
precipitao. Por este modo he que a borra se precipita no fundo dos tonneis cheios de vinho, cerveja , vinho de mas , ou cidra, &c. e d mesmo modo o sedimento do Caf. Muitas vezes para se haver de facilitar a precipitao das matrias
que tem o mesmo pezo especifico que os liquores,
que se pem a clarificar
se misturo com estes
liquores claras de ovos , ou colla de peixe , que antes de tudo se estendem pela superfcie do liquor,
e fazem huma espcie de toalha , que pouco a pouco se vai precipitando ao fundo, e leva aps de si
todos os corpos estranhos.
Des-

C m)
Deste modo se clarifica o vinho, e a cerveja,
que se ca ; clarifica-se o Caf com raspas de veado. Mas he preciso que o liquor, que se ha de
clarificar , tenha menor pezo que os ovos, ou elia de peixe , ou raspas de veado ; porque , no sendo assim nadario continuamente por cima dos liquores , e estes seno clarificario.
Este modo de clarificar no convm ao Assucar
seria preciso deixar o clarificado frio por
muito tempo nos vasos , onde se azedaria e se
perderia parte. Tambm no sei se os ovos, a elia, e o mais so especificamente mais pezados que
Assucar derretido.
Faz-se tambm a clarificao por firtrao,
por ex ; quando se passa o vinho sobre os cachos de
gros
ou vinho novo por mangas hypocraticas
por esponjas algodo, ou folhas de papel pardo,
Este modo de clarificar no convm s substanciai
espessas e viscosas: quando se quizerem valer dei*
le , se hajo servir de filtros que no tenho os
poros to pequenos. Para filtrar o Assucar derretido por papel pardo
ser preciso fazello muito
ralo em muita gua , com o que se ficaria obrigado a fazer ao depois grandes evaporaes o que
custaria muito. Isto faz que se contentem de filtrarem o clarificado por hum panno. Por este motivo esta sorte de evaporao se admitte r.o do Assucar.
1 ii
O

O terceiro modo de clarificar he , lanando no


liquor huma substancia
que primeiramente seja
asss fluida , para se misturar com o Assucar derretido , e que, cozendo-se promptamente , abrace com
as suas partes as substancias . que affligem o liquor - e assim as bolhas de gua-, ou vapores rarefeitos, que o determino a subir superfcie debaixo de huma forma esponjcsa
se chamo escuma.
Valem-se deste meio na clarificao- do Assucar , e as substancias , que se applico, para fazer
esta obra , so claras de ovos batidas com gua,
ou sangue de boi. Estas duas fluidissimas substancias , sendo batidas com gua , se misturo muito
bem cem o Assucar derretido,
Como ellas cozem mui promptamente; e suai
partes estejo cheias de ar, ou de vapor formo,
engrossando-se pelo cozimento . huma espcie de filtro , que, subindo superfcie do liquor, trazem comsigo tudo , quanto pde perturbar o Assucar e o
trazem superfcie com as impurezas em frma de
escuma
a qual se deve acautellar de quebrar,
porque , despegando-se das bolhas de ar , que as determina a subir superfcie do liquor , as escumas,
que ficario com o mesmo pezo do Assucar, no
trabalharia no liquor - seno por pequenas parcellas as quaes seno podrio tirar com a eseumadeira : outras partes mais pezadas se precipitaria
no

CiJ )
no fundo da caldeira
onde passar io pelo perigo
de se queimarem.
As seguintes observaes confirmaro esta theoria. i . Procurei substituir colla de peixe s claras
de ovos : no produzio escuma alguma ; porque ella seno cozeo. i. Fervendo se a pequenos gtirgulhes o Assucar, em que se tinha posto claras
de ovos, ou sangue de boi , levantou superfcie
escumas espessas. }. Fervendo se o Assucar em
grossas bolhas, huma parte das escumas se misturo com o Assucar, porque as vessiculas , que causo a sua leveza , se qtiebro , e huma parte das
escumas rolo no Assucar. 4- Deixando se esfriar
o Assucar, as escumas se precipito 5 a parte superior da caldeira no fim de meia hora ter mais,
de huma pollegada de altura , e o Assucar parece quasi perfeitamente depurado : mas em baixo n
estar: no fim de 24 horas toda a escuma se precipita no fundo da caldeira : eu cuido que isto depende , de que os vapores contidos nas vessiculas se
condenso e as escumas se volto ento mais pesadas que o Assucar. j . As escumas se misturo
tambm com o Assucar . qHando se movem , o que
nasce de se quebrarem as vessiculas, de que depende a sua leveza. Convm finalmente conceituarss que as partes de cal fazem com a substancia mais
gorda, e mais mucosa do Assucar derretido molculas saponaceas.
Es-

( M4)
Esta propriedade da gua da cal de se tinir
aos corpos gordos he muito bem fundada i. pela propriedade que tem de fazer tenuissraos os
leos mais gordos. 2. pelo que representa na fabrica de sabo i. pelo que se observa na retificao dos leos empireumaticos
vegetaes , ou
animaes 4. 0 pelo effeito , que produz na preparao
dos couros ;. querendo-se conseguir hum sal essencial de hum sueco de planta, que seja muito
gorda, e esteja disposta para cahir em putrefaeo,
se pem este dentro no somente da gua de cal,
mas tambm da cal viva em pedia.
Ns suspeitamos que se faz huma unio das
partes mais viscosas
e mucilaginosas do Assucar
derretidas com a cal, e a esta unio chamamos molculas saponaceas ainda que certamente ellas no
formo hum verdadeiro sabo, e ainda que seno
mostrem com o Assucar
como corpos estranhos-.
Julgamos por tanto que as claras de ovos, ou que
o sangue . misturado com o Assucar derretido, hajo de ajuntar no somente os corpos estranhos, cue
fluctu em o liquor - mas tambm "a todas as molculas saponaceas , e que as trago comsigo superfcie em figura de escumas.
Lana se a clara de ovo, ou o sangue de boi
de muito alto para que elles se misturem com o Assucar. Se os movem rapidamente , he para que se
misturem melhor, Mas convm muito que se faca
pai

( M5 )
parar todo o movimento , logo que asclfas de ovo,
ou o sangue se cozo , por no se quebrarem as ves*
siculas dheias de ar, ou de vapores , qe fazem a
leveza das escumas.
Por esta mesma razo se precisa ctmnnir
fogo, para que huma grande fervura rro faa furar
as vessiculas cheias cie ar. Tambm devem tirar"
brandamente as escumas , para que alguma cousa sfc
no prCcipite no fiindo , e para que o sangue , ou oi
vos, vfndo a cozer-se, subo superfcie."
Rortipendo-s. as vessiculas que do s escumas a sua leveza , s haverio dous modos de as tirar : i. pr filtrao atrvz d coador * seria
preciso coar o liquor miito quente, para qe, estando a calda mais Ifquida\ passasse irielhor pelo
panno: 2. seria pr o Assucar a resfriar, e pr
em huma caldeira as impurezas. Mas para"' qcre~ esta ptecipitaao se faa- melhor , seria"necessrio
que o Assucar se estendesse em muita agu , ento se temeria a fermentao , principalmente no es!
tio.
Conheo qtie se podrio clarificar as cadas,
sem gua de cal , mas duvido que se psso pelas" claras de ovos, ou pelo sangue somente tirar
da calda alguma cousa da gordura, ou da" vscosidade que se oppem separao do gro. NS-r
Ilhas onde o meflado h mui gordo", no smente emprega' cal erri pedra, mas tambm , elles ait-

( U6>
gmento de mais a mais a virtude alkalina, ajun*
tando-se-lhe cinzas.
Quando, por algum incidente as escumas se
misturo com o Assucar , ou chega a subir superfcie , lano no Assucar hum pouc de sangue,
misturado com gua de cal, e lhe augmentd o fogo :
utros se optento da gua de cal unicamente,
V i , ao depois desta addico f levantar-se a escuma
alguma cousa. Talvez se sahirio melhor, lanando na gua de cal alguma calda azeda, esta excitaria huma efervescncia;, que poderia ser proveit0S1

Confesso que a gua de cal poderia trabalhar


no. Assucar de outro modo que na formao das
molculas saponaceas, talvez que pela sua accimo-,
rjia ella diminuiria a. viscosidade da calda. A experincia _. de M. Bronville e Villboure parece que
confirma isto. Elles clarificaro perfeitamente o As*
suca,, sem lhe ajuntar a gua de cal, mas ao depois, de o haverem provado pelo cozimento no
podero conseguir hum gro bem secco. Tendolhe acer escentado gua de cal bem forte , nosubjo cousa alguma superfcie do Assucar- que tinha, sido. bem clarificado, entretanto, tendo-se este Assucar encolhido , fez hum bello gro, que
antes seno podra , conseguir.
Bem claramente se v nisto hum notabiliwi*
mo efTejto da gua de cal. Mas como far ella
is-

C IJ7 )
isto ? Ser formando com a parte mais gorda da
calda huma espcie de sabo, mas que sabo ? Hum
muito lquido que seno mostra sensivelmente? Ser
gttenuando , e dividindo a - substancia mais viscosa
da calda! No me atrevo a diidir: qual deli as
leja.
Antigamente se empregavo muitos ovos em
plarifiar o Assucar,, mas ao depois que sisoubej
que o, sangue clarificava melhor', e que causava
menos desahjment , j seno servem delles, e s
do sangue nas fabricas de refinar. No se deve julgar que he cousa indifTerente empregar; o sangue,
de diffcrntes espcies de anicnaes, para o clarificar.
Muitas yez,es se tem experimentado que o sangue, de vitejl* , e de carneiro clarificava', muito jhri
feriormente; e tambm que de, boi ainda era
muito mgjhor, quando principia a corromper-se d
que fresco. Parece que o sal voltil, que se despega do sangue trabalha sobre a parte gorda: d
Assucar ,. e concorre com as partes da cal a desengordurallo. Certificaro que , quando em todas as
fabricas de. refinar d' Orleans ^rabalbavo. muit,
os assougues dtsta Cidade , no administrando quart-t
tidade de sangue suffkiente para o seu trabalho ,
os Refinadores, o fazio vir. de Paris. Volto a tomar
fio dos trabalhos d refinao,.

X>

(IJ)

$ XX. Do cozimento do Assucar


Tendo-se clarificado bem o Assucar, e coado
pel coado,r ,-se -transporta como dissemos da caldeira de clarificar para a de cozer, Esta no he
bordada, eomo as OHtras. Enche-se at o meio cora
o clarificado. Tendo-se posto o Assucar na caldeira , se lhe accende o fogo debaixo , o qual deve
ser muit activo y e porque he conveniente', e muito
proveitoso que o casamento se faa cnTpromptido , se anima ..tiando-d , para que passando livremente entre a travessas da grade , O' carvo ardi
com vivacidade.
Alguns minutei," "depois de estar o fogo debaixo da caldeira , o Assucar se incRarif muito; d se
derramaria; no-se lhe abatendo o caldo, o que
se faz , lanando hum: pouco de manteiga:-'no Assucar , que se coze , e mexendo-se continuamente
com o pio de provi.Tendo a calda tomado a suaJFervura , no se
levanta mais ao menos por algum tempo. Todavia he necessrio espreital ; porque algumas* veies sobe de re-phte sobretudo , 'estando perto de
scar cozida.
Conserva-se est fervurar quasi trs quartos, e
o contramestre percebe que seu melladoJ se approxima ao ponto de cozido, em a frma de hum
cil

(mio )
r aldo , e a grossura do Assucar se conhece sobre hum.
pio de experimentar, e algumas vezes ainda porque
o Assucar incha.
Ento o experimenta , passando o poltegar sobre
o po carregado do mellado. Chegando ao depois
o dedo index' ao pollegar, e apartando-os , julga pelo fio do mellado", que se prolonga de hum dedo
ao outro , se o mellado chegou ao seu graVde cozimento. Nesta experincia lhe deve ficar o~ dedpollegar por baixo.
O Refinador , ou contra-mestre conhece a
'natureza do fio, que se estende entre os seus dedos.,, se acaso o Assucar tem chegado ao seu gr
de cozimento , que lhe pertendem dar*
'*'
No se pde- assignae regra certa a este respeito :. todavia julgo- ter notado que, quebrando-se
o fio junto ao dedo index y. que est no alto - es-*
t e acontecimento he sinal, de que o Assucar no
est asss cozido ; quando, se quebra mais perto do
pollegar, que est em baixo , e que a parte do fioj
que corresponde ao index, se encolhe, avisinhando se ao dedo , he sinal de que o Assucar tem che-*
gado ao. ponto , ou gro do seu cozimento.
No encobrirei que Jiufn destro Refinador me
assegurou que este fio no he a nica cousa , qoe
o regula j porque varia segundo o tempo , e as
estaes.;
Hum Assucar cozido no mesmo ponto, 4pel
in-

( 140-)
jbvrno dar hum fio considervel, principalmentej
estando o tempo, secco, e disposto a geada: e n
estio ou nada dari
ou dar muito pouco , principalmente estando o tempo hmido , e pezado.
O oontramestre neste caso he obrigado a regular-se unicamente pel caldo, ou unicamente pelo modo com que o Assucar se conduzi no po
de prova, ou finalmente, o que he mais seguro,
pelo gro de grossura do liquor entre os seus dedos. E assim ao tacto pertence decidir mais seguramente.
-Convm muito conseguir exactamente o pon-*
t o verdadeiro do cozimento ; porque se o meUadtf
ou caldo no estiver cozido, quanto baste, se elle
no se encolher asss, estando o Assucar dissolvido em muita phleugma , o gro no se lhe separar em quantidade suficiente
e - lhe decorrer
mlrit mellasso ; se pelo contrario , o cozimento for
rruito forte e o Assucar cozido se engrossar muito , ficar huma quantidade de mellasso adberente
ao gro, e a mesma , que delle se separa, experimentaria muita difnculdade.
Como se mistura juntamente em huma mesma
caldeira o Assucar de differentes cozidas', se o conttamestre perceber queria primeira foi muito forte coza a segunda, hum ir-ouco abaixo da primeira , e misturando-se estas differentes cozidas., huma
cdtrege a outra.
Des-

(>4i

Deste expediente se usa algumas vezes, ma*


be mister procurar o no se ver obrigado a este
recurso.
Qualquer Assucar, muito carregada de flegma,
est sujeito a fermentar , e a azedar ; hum mellado bem clarificado , mais apertado do que aquelle,
de que falamos , mas quanto convenha para se fazer Assucar . formaria pela continuao do tempo
os grossos crystaes , que chamamos Assacar Candi.
No he este , o que se quer nas refinarias.
Quando se aperta o ponto do mellado, a separao do gro se faz com presteza : de repente
se frma hum grande nmero, de crystaes pequenos , que no tem huma figura bem determinaday
e por este motivo se dizem gro.
Os differentes Refinadores no concordo absolutamente entre si acerca do ponto do cozimento : huns cosem hum pouco menos que os outros.
Os que cozem menos , perfendem que quando^
O mellado corre' mais I/quido . o gro he mais branco , e que elle se une melhor : e que fz fttirr
Assucar mais fechado : os que cozem huin pouco
mais, pertendem qrte pelo primeiro mefhodo corre
mais mellasso , e se tem menos gro.
Mas os primeiros lhe respondem que , com isto
ettes no so obrigados de barrar o seu Assucar tanto - como os que o cozem-mais ; porque como mellas-

142 )

lasso cerre per si mesmo , experimento menor quebra nesta operao. O que vem a ser ceito he,
que se pde por ambos os methodos fazer hum
bom Assucar.
Em qualquer methodo-, que se siga', se concebe que he muito proveitoso apanhar o momento do xozimento; e por esta razo , logo que se
houver de chegar a elle-, se precisa promptamente vasar a caldeira , para se levar o Assucar cozido casa de encher,
Com este fim se pem na banqueta dos fornos,
plos dous lados da caldeira de cozer, duas rodilha:
de palha, sobre as,quaes se descano r as duas bacias.
Em algumas Refinarias se prefere o sujeitar,
ou calar as bacias na banqueta com cunhas de po,
porque as rodilhas de palha , embebendo-se do mellasso, fco pouco aoeiadas.
Hum servente ordem do Contramestre , abre
porta do forno, lana gua no fogo, para o
apagar.
Logo o Contramestre , pondo-se diante da caldeira , enche de Assucar cozido , ainda do mais fluido,
as bacias que esto ao seu lado . e logo que as
enche , que se faz com muita limpeza, os serventes as tiio
e vo-nas vasar nas caldeiras de
encher , e to depressa que a caldeira de cozer,
est vasia , se enche cem outro Assucar clarificado,
para se lhe dar huma segunda cozida.
Ob-

< HJ )
fj XXL Obstrves sobre a fervura

do liquor.

Quando se faz aquecer gua em hum vaso d*


vidro , se v formarem bolhas na parte mais quente e no fundo do liquor. Estas bolhas, que sahein do fundo , se furo , quando liquor toma
maior calor, e sobem superfcie por hum modo
imperceptvel. Rompendose lano pequenas gotas de gua , as quaes, cahindo sobre os carves ,
excito huin ,pequeno estrondo.
Ouve-se tambm hum pequeno assobio no liquor : dizem ento que a gua ferve. Pouco depois
lhe succedem grossos borbulhes : a gua fumega
muito ; mas as expulses de gottinhas d' gua , de
que faltei , paro.
Pondo-se ao fogo hum liquor espesso c vrsceso , como o do Assucar clarificado , ordinariamente
este sobe na caldeira de cczer - ainda antes de tomar
a sua fervura neste caso o Assacar se assemelha
a hum liquor espumoso,
Huma quantidade de pequenas bolhas, que se
no podemv despegar deste liquor viscoso , como dV,
gua , se ajnnto , e fazem o estufamente da massa
total.
Tomando fervura o Assucar, toda a caldeira
parece estar coberta de grandes botelhas largas >
como escudos: ento o Assucar comea a abaixarse ,

(M4)
se , o que nasce , segundo me parece , da fora com
que os vapores se levanto , que faz quebrar as botelhas , e no consente que se ajuntem na superfcie em grande quantidade. As grossas bolhas succedem hunaas outras ; e quebrando se espalho
muito fumo.
Estando a fervura bem estabelecida, coze-se o
Assucar , em baixo totalmente , e no sobe mais,
Ento a grossa fervura fura no meio da caldeira e lana todas as bolhas para as bordas, onde as botelhas furo, e se reproduzem continua
mente.
Huma prova de ser a grande abundncia e a
fora dos vapores , os que furando as bolhas . impedem que o liquor no suba , vem a ser que,
abrandando-se o fogo , a fervura do meio fica pouco a pouco menor. Ao depois desappareco, e as
botelhas, que a fervura grande mandava para as bordas , se espalho por toda a superfcie do Assucar:
ento o Assucar se incha de novo, e tanto mais,
quanto mais se diminue o fog.
Outro facto , que merece ser notado , he que,
quando o Assucar est mais perto de ser cozido,
ento he o tempo , em que estufa mais, ao que parece , porque lhe cresce a viscosidade.
Em todos estes casos, se impede o AssUcar
de-, se levantar - pondo na caldeira hum pouco do
manteiga. Logo a fervura, que se levanta , se abate ,

( 45 )
te ; e se nota , que se precisa mais manteiga - quando o- Assucar chega ao seu ponto de cozimento,
d que no seu principio.
Sigmos a enumerao dos factos , antes de formar algum discuiso sobre a causa > que" s produz.
i Quando o Assucar se approxima ainda i mais
ao seu' cozimento , ias. bolhas diminuem a sagros*
sura-, -o.st fazem mais pequenas e toda. a massa
do Assucar apparcce em escuma , quero dizer, que
em,lugar de hum pequeno> nmero de bolhas grandes, se frkm hum sem nmero das pequenas.
Este ultimo fenmeno dependeria ainda do engrossamento do liquor ,. o qual embaraa qu muitas bolhas pequenas seno uno , para formar huma
grande.: Os factos so certos : nada mais fao, do
que entrevellos mas elles loro examinados por
M. de Goeudreville.
Peo que as minhas explicaes s seja tomadas , como simples conjecturas- Todavia poderia
dar-lhes algum pezo , fazendo notar que os bellos
mascavadas, que d muito gro, formo muitas botelhas . quando fervem ; mas ellas so pouco sujeitas a subirem
de maneira que muitas vezes se
cozem , sem se recorrer , manteiga. Pelo contrario- os mascavados muito grossos , os-melados , que.se
cozem ss , para fazerem bastardos, sobem de modo
que se vem obrigados a empregar muita manteiga. ;
J V I . P. II.
K
Pu-

C 4-6 >
Parece me natural .attribuir a causa destes dous
difEerentes eftitos, a que o bom Assucar he menos viscoso do que , o que se cozeo.para bastardo* Mas
approKimemos ao que respeita, Assucar , alguns factos mais.,- pertencentes s substancias .que postas no fogo incho.
,I.i A.-gua;,- q*'. se: far/emr rem burnJ vaso
muiti largo, se incha.-muito pouco , quando ferve ; mas ,^tteadse ferver a,gua em hum vaso
alargado por baixo., e estreito no alto , a fervura
da gua se lei/anta muito 5 porque todos os vapores, sendo obrigados a escapar per huma abertura estreita, tem muita fuca-, para sublevar liquor,
IL.-Pond-se Caf etmhum vaso , cheioide aua
fervendo j : se levanta, muxter a -fervura-, at estar o
p. d Caf bem misturado com apua ; e eu julgo:
qut o ar - contido dntre as molcula* do Caf, contribue a este estufamento ; mas cessa , estando o podo Caf bem misturado com gua. Alm d que
este p mais leve , quando o Caf est secco, -nada por cima , e faz huma costra ou codea, que
se oppem sabida dos vapores , mas se: destros
esta costra pela mistura do Caf em toda a massa
da gua.
III. O chocolate-,-que faz a gua espessa, e
viscosa a incha muito, e se .incha ainda mais,
quando se faz o chocolate em leite, porque tude
he ento mais espesso."
-Ma-

C '47 )
IV. Mexendo-se com huma colher qualquer
liquor que incha muito , se v safiir muito fumo ,
6 o caldo abater-se : o que nasce , ao meu parecer ,
de se lhe dar sahida aos vapores.
V. Denamando-se alpuma pouca de gua em
huma cafeteira, em que se levanta a aga , a fervura
se abati, ho somente por causa da frieza do liquor - mas tambm , e principalnr.enre porque esta
gua , que se lhe' ajunta , facilita a dissipao dos
vapores que se manifesta por huma espessa fumaa , que escapa, Eu disse principalmente, porque
se abate a fervura , assim com gua quente, como com a-jua fria.
VI. $e em hum liquor vscosO , que ferve a
grandes borbolhes se derramar algum tal liquor
fi , quasi ao mesmo instante se v levantar huma grande fervura mas se em lugar d' gua fria*
se lhe derramar deste mesmo liquor muito quente no acontecer este estufamento.
Eu julgo que isto depende de que , sendo a
liquor frio mais pezado que o quente o precipitar
no . fundo d tato , e que o ar , que elie conumv
rarefai-eudo-se,, (frma no- fund da vaso bolhas dw
vapores , com nos liquores friosi : em lugar que:
nos liquores qientes, estando purgados do ar- sr
raistu o- cOtn toda a massa do liquor . semi se pre*
erpHas no fundo.
Pondo se em huma caldeira de coser huma-.cer-r
K ii
ta

(U48ta,quantidade de Assucar frio i- e desde ento mais


espesso, tirado da caldeira o 'caldo purificado , se
pde notar que o Assucar se estufa , e toma a sua
grossa fervura, toda* a superfcie estremece por hum
movimento 'convulsivo : todo o Assucar treme, e
lana ferv.ucas pontudas , ou pytamidaes: ouve-se ento hum estrondo considervel como em os canudos de hum rgo.
Este^estrondo- causa huma tal agitao , que os
vidros da;praa-.dasicaldeiras , e assim como dasofcinasjvismhas- estremecem com mesmo : esta agitao cessa - logocqueapparecem, as-grandes fervras.
Achar-se-ha ao depois a expskifb de huma
industria -dos Refnadores , para -pararem a fervura ,
quando seno cozem os mela-.-os , mas, antes disso,
queto tornar a tomar a serie' das operaes da Refinao. ,
XXIII. Preparao das jotmas.
Ns deixamos a casa das caldeiras , e para acompanharmos o Assucar -cozido , at que elle- se tenha
{jeito em -po ?deyeriamos passar por huma sala,
ouie se chama -He encher. mas com nesta se far
uso das formas; no podemos deixar de explicar,
que, cousa ellassejo , e dizer a seu respeito algumas > palavras-, as preparaes, que se fazem precisas dar lhes : paia as fazerem capazes de receberem
o Assucar, .ainda, tambm -fluido.
Pei-

( MO )
Deixamos por tanto o nosso Assucar: em huma caldeira que, est na casa de encher, e que
ae chama a caideira.de correr, 'himos faiJar dos
vasos, onde se lanara o Assucar ao sahir desta
caldeira de correr, antes de se pr nas formas, .o
As formas so vasos de barro cozidos, de figura conica , tanto por dentro , como por fora ; a
sua figura interior se mostra pela que tem os pes
de Assucar que so amoldados.por ellas.
Estas, formas so de differentes cores conforme a qualidade- dos barros , que se uso pelos
oleiros.
Alguns oleiros preferem , os que so brancos,
outros os vermelhos; mas a cr he muito indif-v
ferents , com tanto que estes vasos hajo de ser
bem cozidos, bem unidos e que a sua figura seja, exactamente cqnica para que os pes de Assucar posso. sahir delles facilmente.
Acho-se algumas , que so-alguma cousa ovaes:
o que he hum tanto inconveniente ; porque prec sa de reparaljas , para largar os pes , com a mesma facilidade > que aquellas que s perfeitamente . rolias.
Do se nas Refinarias vasos de seis grandezas
differentes, a saber, dous pequenps , que devem ter
onze pollegadas de altura, e sinco,de dimetro no
pe : dous grandes . que tenho treze pollegadas de
altura , seis de dimetro : trs de nove pollegadas
de

( M)
de altura', sete pollegadas e meia de dimetro;
quatro de dezanove pollegadas de altnra , oito de
dimetro: sete de vrite e trs po'llegadas de alt*
ra , dez polegadas de dimetro. Os dos bastardos mascavos fundidos tem'trinta plegda de altura ; e
quinze de dimetro.
Pde-se fazer de conta que huma forma, que
tiver trinta para trinta e sinc' arrateis de Assucar
clarificado , e cozido dar quas? hum po, que,ao
s*hir da estufa , pezar quinze para^dzasete arrateis
bem entendido , que nesta conta no entra o Assucar suprfino nem o Real.
As formas so fu-adast de hum pequeno buraco , para deixarem escorrer o melasso , e se pein
sobre -hum pote , que sustente a forma, e receba
o melasso.
A maior parto destas pahellS ,'*n pote*, tem
trs ps 5 mas do-se Refinarias, que antes querem,
que no tenhSo ellas estes ps , porque se accrescento a corpo da panelfa pelo oleiro, e per isso
sedejpega*> fadnfistite , e fica a panei Ia perdida.
Melhor he -que tenho seu assento lar* , e a abertura no alto o que se chama o pescoo r bem reforados.
He preciso que a grandeza das panerras seja
proporcionada das formas.
As panellas, pira as duas formas pequenas, tem
o poli. de altura, contm trs quartilhos; para
as

( 1 5 ; i >,
ti duas' gtaf.de* . devem ter 7 pol. 'de altura, e
contm ditas medidas 5 pata' as trs , tem 8 pol. de
alrura , elevo } medidas para as 4 , tem 10 pl.
de altura e leva 4 medidas ; para as sete , tem
hum p de alto, e lvo 6 medidas; finalmente
para os bastardos OU mascaves tem 1; a 16 pol.
de dimetro , e levib a medidas.
A ilida que seno reeeblds oleiros formas rachadas i no se cfeixa de lhes-pr arcos de madeira , qb
rodem o seu bojo mais lang1, oU maior dimetro.
Algtims vezes se pem nas fottras 'grandes
trs ; hum , como dissemos , na parte mais larga }
o segundo na tera parte da sua altura"; o ttSceiJ
ro $ ou 6 pollegadas acima do seu dimetro mais
estreito.Fazem-se estes arcos de Avelleiras, ou d outra madeira branca que se tacho en diias , ott: trs
partes, e que s pem da parte rachada endireitada tom huma plaina. No se a*o com vim>S [i
mas se enlao , como em hum n , cm dos'pequenos dentes . ojue embarab desatar-se.E Em'*huma
palavra estes arcos se assemelha -aos dbs pequenos
barris. <
Quando1, pela continuao do trabalho, as frmas se abrem qualquer dos serventes vefli da
Refriari,. que j seno pde cccupar em outros
trabalhos , as concerta!" Para o poder fazer - pem
sobre a parte de fora dx frma , e prihdprm-rre
no

( 5-* )
no lugar arruinado cavacos , que os Tanueiros tiro com a sua encho das aduellas, de que "elles procura fazer barris novos. Os Tanueiros < vendeflijestes cavacos aos jaccos , ou cargas. Oconcertador aperta os cavacos naorrna com
mais , ou menos arcos, segundo estiverem mais,,
ou menos arruinadas. Este trabalhador pem. a forirja,
que elle quer arquear . sobre huma meza slida, ou
sobre hum cepo com p, ou parte mais larga para
baixo, e a cabea , ou parte pont" aguda para inn,
Toma a medida do arco mais comprido.' cortado pelo ..comprimento, , adelgaa-lhe as pontas, ou
extremidades-; faz-lhe entalhes ; curva rea, e
enlaa as extremidades :,. pem os cavacos, onde he
necessrio ; bate os crculos com a masseta , que he
huma' cunha de madeira rija de 7 a 8 pollegadas
de^cp-nprido , e de trs de largo e numa,-, pol|egada, fj<? grossura na ponta mais grossa que ordinariamente forma hum punho redondo de j para
6. pollegadas ,de comprimento.
Tern a.forma na mo esquerda . e a,masseta
na djreita , e correndo huma face da masseta, ao longo da forma, ou dos cavacos bate o arco , e o
faz, df?ser igualmente de. todos os lados fazendo
voltar-, a forma com apino, esquerda,: acaba de faier.
d^ois,entrar,,o arco, o que^ for possvel ,,mettendo
a rnasseta sobre o arcp e bate ind por, cima , com
huma.espcie de malho quadrado.

' ( H*)
Acerca das formas grandes , chamadas bastardas , se fortifco com mais cuidado, e se cobrem
os cavacos com espcies d ripa, qu e se. chamio
molhos de varas: estas so ripas.- delgadas de p
brmco, do comprimento da formar, so refendidas
e trabalhadas pela .plaina, de maneira que s tenlno
trs quartos de linha de grossura , at huma pollegada do fim-de huma das suas extremidades-, onde se deixa toda a grossura da madeira, para que
esta elevao , que faz , como hum gancho , sustenha hum arame
qub se pem no cabo pequeno ;- esta elevao se chama o gancho, do: pio da
vara.
Arranja-se, pois as varas, humas juntas s outras ,n totalmente ao redor, da, cabea da forma
atande-as-fortemente com duas voltas de arame .
em toda 9 roda da rodilha , que faz a cabea da
formai, prendendo as pontas do arame porrhum milho ., -que; se faz com os alicates,
Arranja-se ao depois todo o comprimento das
varas sobre a cenvexidd das formas , e se brigo da mesma maneira..que os cavacos ,.pot arcos
que se encaixa com -fora. Quando os cavacos s
mui grossos,, se delgaso com- a plaina.
Determina-se ,0 concerto, das formas < no s
por economia, como tambm ^paraUhe tirar! servi-o , eilm disto ; porque as formas velhasab melhores , que as' novas, porque o Assucar se lhe pe<

154)

ga menos. Tatfibem se no poderia servir das for.


mas novas se no as tivessem posto de molho-, anttj
por-quatro, ou cinco dias em huma caixa cheia de
gua , em que se tivessem lavado as formas de
que se tinho servido . o que as enclre da calda
do Assucar . para que ella seja em fermentao;
pois de tempos em tempo* se vm sahir da agu
da caixa, em que se pe afouma, bolhas grandes,
o que he huma prova certa de estar em fermentao.
Desprezando-se o pr de molho . da sorte que
disse as formas novas- o gro se apegaria to fortemente ao seu interior - que seno tiraria para fora os pfts d'Assucar seno aos pedaos^,
Ht -mister - fazer - molhar . e lavar- com cuidado
em gua clara as formas velhas , sempre que se queiro servir deltas , e assim como os potes , logo que
tiverem acabado de servir. Mas, como o Assucar se
crystalliza em os potes, que tivera mellado-, pau
no se perder este Assucar , antes da se metterem
os potes n'agtra , se arranho, ou raspo, por dentro
com huma esptulas de ) ferro i r e se faz cahir em
huma vasilha o Assucar, que se despegav ;
Para se porem de infuso na gua, assim os
potes , como as formas e alimpallos ao depois;
e isto he , que se chama caixa" das formos, evem
a ser huma caixa grande com cinco ps de-largura,
quatro de profundeza, feita de taboas' fortes de
car-

( MS )
arvalho , callfetsdas com mttsg", apertadas humas s outras com gatos , ou escantoneiras de ferro.
Por Cima e no meio do comprimento da caixa , tem huma batida de ferro chato , qe a atravessa e se destina a sustentar huma taboa , que
se lhe pe por diria e que se estende por todo
o seu comprimento: esta taboa serve para sOpiportar toJas as formas , que se Iavo , e para receber
as que esto lavadas , e que se preciso deixar esgotar ou enxugar.
Esta caixa estando cheia de gua , se lhe trazem as formas em pilhas ' se forem formas para
Hus , devem as pilhas serem compostas de dez formas se as formas forem para trs I as pilhas d e vem ser de oito , e* assim se lhe vai diminuindo
o nmero i proporo , que as formas s maiotes , de sorte qe s ho de pJor inais de cluas,
quando houverem de ser formas para mascavados,
ou bastardos.
He mister que estas pilhas s pnh nl "p
na caixa. Para isto se servem de hum gancho que
apanhe a forma mais baixa pela brdY e tendo
ha mo esquerda, qe estiver no alto da pilha , S
ds da pilln perpendicularmente , '"arTase
gancho.
... Algumas vezes acontece, que algumas- pilhas
se deito no funde das caixas , empara as endireitas se
servem de hum aieo, cuannei encabado s passa-se
a pon-J1

( i>6 )
a ponta da ultima forma em o annel, e assim se
levanta a pilha. Este instrumento se chama o D<rector , ou o an.tel da caixa

das

formas.

Estando as formas mergulhadas dous ou trs dias,


.se tiro da gua , humas ao depois das outrasr: hum
servidor deita diante de s i , sobre a taboa da caixa

a forma que acaba de tirar : ao depois disto

com hum retalho de branqueta

ou de panno I.

va bem a forma , assim por dentro, como por for a , e logo que a tenha lavado

a pem por dian-

te de si na taboa , com a extremidade aguda pau


cima

e a deixa enxugar.
Como acontece muitas vezes , quebrarem-se as

formas,

e que os,seus pedaos cahem no fundo da

caixa, se apanho com huma marra concava , penetrada de buracos , que se chama tira pedaos.,
Estando as formas lavadas

e enxutas, se tra-

zem para a taboa de tapar, ou arrplhar. onde hum


servente recebe humas ao depois de outras. Principia , dando-lhe alguns golpes com o chato de huma
pequena cacheira ( i ) da grossura de meia pollegad a , larga de trs, comprida de sete para oito. Elle conhece pelo som , se a forma no est rachada,
ou se a racha est bem tapada , e sustentada pelos
cavacos

e arcos. Se assim no estiverem, se poro


de

( i ) Instrumento de po , de que se servem, emS.


Domingos, para apertar os arcos de madeira das formas de Assacar.

( M7 )
de parte para a levarem ao offieial cue as concerta.
Tendo-se conhecido o seu boin estado , tomose em huma celha pequenos retalhos de Unho , que
se en-opo de gua
e se fazem rolhas que se
chanio tapadelras - e as mettem no buraco da ponta das forma* e lhe do por cima huma pancada
coir O chato da cacheira , ou ttiasso , ao que chamo tapar as formas.
Com esta operao se fecha bdraco , que est na cabea das formas para que o Assucar
que se pozer dentro , estando ainda quente , n
cce em muito grande quantidade ; por quanto/
quando se deixa esfriar o Assucar nas formas
o
gro ou gr se frma ; e quando se lhe tiro as rolhas socorrer, ou escoar o melasso ou mel de
tanque.
Estando as formas tapadas se pem em huma officina , que est no mesmo livel , e que se nomea enchimento. Aqui se tinha deixado o mellado
cozido , que se guardava em huma caldeira movente : passemos a esta officina , para seguirmos as operaes que nela se fazem.
XXIV Do enchimento , c das diferentes operaes ,
que nella se fazem.
Dissemos que se trazio nas bacias o Assucar
clarificado , e o cozido em huma , ou duas caldeiias

( M? )
ras moventes , que esto na officina,, chamada .
chimento.
Pem.se nestas caldeiras j , 4 , f 6 , e at
7 cozidas, segundo a quantidade de Assucar que
se quer cozer
e quando se tem evacuado a primeira cozida, se move (este he O termo usado)
ou se mexe fortemente o Assucar novamente trazido: emprega-se para isto hum.mexedor semelhant e , aos de que, .acima falamos., quando se exps a
maneira de se clarificar o Assucar. O effeito deste
movimento, ou mexedura he dar-lhe facilidade para formar o seu gro.
Na realidade hum quarto de bota, ou menos,
ao depois desta operao
se forma na superfcie
do Assucar cozido, que at aqui.era hum simples
liquor huma costra ou codea da grossura de huma pequena pea de prata. Estf.he,composta de
huma infinidade de pequenos gtos,, unidds hunj
com os outros .tomando a consistncia em todo a
vo da caldeira, Engro.sa se ao depois hum pouco
mais , e se acha guarnecido por baixo de gros mais
grossos que os que o compem, e que tem o ar
de pequenos gros de sal, em quanto grossura.
Frmo-se, gjqs semelhantes em todas as paredes das caldeiras, ou por baixo da costra , de que
falamos ; precipita-se no fundo huma quantidade
maior - ainda destes, mesmos gros. Trazendo-se a
segunda cozida ,. mexem-.se ambas , primeira e segunda

( M9 ).
da juntamente.-Do-se algumas Refinarias , que mexem at quatro vezes o Assucar nas caldeiras .quando se lhe pem novas cozidas - No espao de tempo , que intermedia de huma a outra cozida , se*
frmo novas costras na superfcie do Assucar ; e
continua a precipitar-se o gro ro fundo. Finalmente se lhe pem as duas., ou trs ultimas cozidas.
Quando se pe seis ou sete , sem se mexer o
Assucar , se contento com despejarem brandamente, as novas cozidas em as antigas: a codea ento.
se quebia somente cm hum lugar ; porque se deixa
correr o liquor. mui lentamente , e em pequeno
volume, Chamo a esta operao escorrer , ou escoar ;
e por isvo chamo a estas caldeiras de escorrer.
Com tudo es costras, continuo a engrossar-se na
superfcie do Assucar.
Os gros , apegados s paredes da caldeira , se
augmento, e se fazem como gros de sal ordinrio
e o gro se deposita uo fundo das caldeiras
em tanta abundncia , que algumas vezes se encontro sobretudo nos Assucares , feitos de boas matrias, na grossura de trs e quatro dedos: formose montinhos, ou pelotes destes gros at a grossura de mim ovo. Tendo-se despejado a primeira
conda , se raspa com huma esptula de ferro todo
o gro, que se encontra, pegado pelas paredesLdas caldeiras: e ao depois, com o mexedor se despega tambm o gro do fundo das caldeiras.
Me-

( i6o )
Mexe-se, e mistura-se cuidadosamente todo este gro com o que ficou liquido , e se pe. tudo
no estado de se poder despejar nas orinas. Para
isto se tenha cuidado de se pr junto rs caldeiras
do enchimento, dous, caaapds. So estes humas especies de cavalletes de madeira, que tem trs pollegadas. quadradas com dous ps de altura , e quinze
pollegadas de largo . e servem de se porem neflesas
bacias, .no tempo que estas se enchem. Muitas vezes vezes se pe huma meza coberta de folha, ou
chapa, de chumbo sobre o canap , e esta frma hum
babador na caldeira , para no se perder o Assucar.
No tempo
que a ultima cozida , chamada
cozida para encher-, se aeha no fogo ,,se trazem at
formas arrolhadas para a casa do enchimento, e os
serventes as planto que he o mesmo que dizer
as ppe d p com as pontas para' baixo , procurando que a extremidade- larga , ou o fundo esteja bem aolivel. Pe-se em trs ordens , ourenqus; mas se forem do mascavado ,- s em duas;
por ser preciso que os trabalhadores , que trazem
as bacias , posso encher todas as formas, sem passar entre ellas o que no aconteceria, se as trei
ordens tiverem huma largura muito grande, si'
Tendo-se postas trs ordens deformas,em todo comprimento do enchimento , se -pe outras
trs . para se encherem ^ao depois-* e para -qe se
impea que ellas no se revirem, se apoio. com
pe-

( r. )
pedaos de formas quebradas , e das quaes se po
fundo- em baixo ; e qUahdo se pe a segunda ,
ou terceira Ordem , se tiro estes apoios, para os pr
defronte da.s formas qUe se planto ' actUalment.
Tende postos os canps junto s caldeirai
com a tira de chumbo , que os cobre , e por cima as bacias de enchimento , que drfferem pouco
das outras (unicamente em no terem as suas bordas-superiores orelhas eticurvadas para dentro) hum
contramestre e muitssimas vezes os serventes tambm , despejo o Assucar - enchendo as suas bacias e
as levo at as formas, para lhe lanar dentro. Seja o que for , hum obreiro lana o Assucar na
Caldeira com huma culher grande , e enche as bacias.
Os serventes as vo tomando logo que ellas
esto cheias . pegando lhes pelas, azelhas, e ajudarido-se das suas pioprias coxas, nas quaes pe
fundo das bacias. Elles se pe por diante das formas plantadas, e brandamente despejo o Assucar
cozido ainda fluido pelo lado do bico da bacia e nesta primeira vez s enchem huma quarta parte das
formas.
Volta segunda vez a lanar ainda o Assucar
nas mesmas formas
que ento as enchem pela
ametade : ao depois em huma terceira as enchem
em trs quartas partes, e as acabo de encher com
O que est no fundo das caldeiras, no qual se acha
T. I. P. II.
L
.mui-

< 162 )
muito. gro. Observa-se, esta ordem , enchendo se
as formas ; porque o gro , formando-se a medida,
que o mellado se esfria na caldeira d enchimea-?
t o . se de repente tivessem, sido cheias as formas,
as primeiras no conteria tanto^gro , como as
ultimas.
Todavia o uso de se encher por quatre vezes , ou em quatro tempos differentes , as caldeiras,.
somente, taro lugar nos pes de sete libras, quan;
do do Assucar das duas caldeiras do enchimento t
se pertende fazer hum.
Do este nome a huma certa quantidade de
pes , que se enchero de muitas cozidas juntas.
e incorporadas juntamente nas caldeiras (V correr
c assim em qualquer dia se fazem 4 , 5 , 6, 7
enchimentos,, o que quer dizer ; que se despejo
as caldeiras do enchimento 4 , $ , 6 , 7 vezes: cada enchimento se compe de j , 4 5 , 6 colidas , e mais conforme a quantidade de pes, que
se querem fazer em cada hum dos enchimentos,
ou por cada vez que se enche.
O uso ordinrio sobre tudo em todas as pequenas formas at 4 libras . he de no as encher
seno duas vezes. Enche-se primeiramente ao menos trs quartos da forma e ao depois se acaba
de encher com o Assucar mais granado , que se
acha no fundo das caldeiras Ainda que se tenb
cuidado de encher as formas no tempo , que
9

C 'Oi )
0 Assucar cozido , ainda esteja muit -quente, elt
precipita como j o tenho dito, o gro crystalrizado no undo da caldeira. Raspa-se com huma esptula : ajuota se no meio da caldeira, e se a junta com o ruiniihol encabado: pe se nas- bacias ,
c os serventes aeabo de encher as forrrfns com
este gro em parte formado , que igualmente o
repaiteirt pelas formas. Deixa se o Assucar esfriar
nas formas.
Tendo resfriado
quanto seja" sfncienfe
o
que varia ir-uito nas refinarias- pois s pertende,
que a belleza do Assucar depende muito desta circumstancia : seja o que for, quando se v , que
se tem formado na sua supeificie hilma codea , oU
costra de gros , se opala , o que quer dizer , que
todos os obreiros tomo em suas mos aquiilo . que
elles chamo huma facat ou cutlt. Este he hum
pedao de po delgado , e chato , comprido de trs
ps e meio at quatro , conforme a grandeza dai
forma, d largura de pollegada e meia, e grossura de cinco linhas no meio - e que = diminuindWse es'a para os dous lados', frma dous gtimes embotados : a extremidade do- alto he arredondada na
longitude de seis a sete pollegadas, para lhe sefvir de punho , ou cabo.
Quebra-se, pelo dizer assim, o gro do Assucar coin este cutlo
ou spadetla. Crta-se perpendicularmente : tira-se inteiramente , e se torna
L ii
a

( 1-64 )
a encravar d * novo , fazendo-se- por trs vezes a
\olta de ^ada- -forma ,' como mais miudamente explicaremos em hum instante;.- Deixo-se ainda as
ib^nastIesfrjaj:. por meia hora mais , ou por trs
quartos , conforme for a sua grandeza: finalmente ,
tendo-se .formado na superfcie das formas hum
nova costra , que ,o Refinador julga estar asss grossa , pu,,carregando-lhe em cima com o seu dedo,
a faz mover. Esta operao ainla se faz come
cutlo , ou espadella , e ella s he huma repetio
da, primeira, que se fez, e se chamou opahsr. i
Os sei-v-antes quebro as cstras com asespa,dellas ; a o depois cr avo a espadella at o fundo
da forma : elles as riro, logo que vem na ponta
da espadella algum mellasso: ao depois pasSo a
parte chata da 'espadella em torno totalmente , fazendo correr contra o interior da forma , para lhe
despegar o Assucar. e para que no haja hum s
ponto da cavidade ou vo da forma , onde o Assucar fique pegado e por amor disto se passa trs
vezes em roda da forma.
No se precisa esperar muito . para o mexer;
porque se tiver. unido , e comeado a fazer massa .- vindo a espadella a. quebrallo . lhe faria hum
grande prejuzo ; porque faria na massa do gro rego? , que se encherio de mellasso: de maneira,
que Assucar no seria nunca to fechado, ou
unido neste lugar
como o seria nos outros: i
gua

IO",

gua do barro tambm lhe poderia formar canaes.


De manh muito cedo se sobem as formas nos
granei o s , ou cameras altas por espaos vazios que esto em differentes andares e se chamo Traquas.
Quando os pes sSo pequenos
como os assoalhos das fabricas de refinar so baixos, os obre iros os do n,o , mas quando so grandes , elles
se valem , para, montar as formas - '.e os potes do
que'elles chamo huma rodiiha. Isto realmente he
huma rodiiha de cordas suspensa por quatro cordas >
que se unem em burri'gancho d mesmo modo,
que se faz com a concha de qualquer balana,
Heclaio que , pondo-se a forma nesta rodiiha ella
haja de ficar direita; ento com a corda nica
com que se suspende no gancho,, ejque se passa
em huma roldana se levanta a altura . em que
se quer. Quando se querem fazr subir corpos pezados , como batto , se servem , ou de huma tina ,
que tenha duas azelbis, para se lhe pegar por dous
ganchos ou se valem de alguma celha , que s
tenha* huma, na'qual-se introduz hum gancho unicamente.
Esta communicao dos differentes andares , como dissemos acima, he commoda, eexpedita assim, para fazer subir, como para descer os mellado?, e o barro.
Snrn.euabargo disso, paia descerem os; me liados se
servem algumas vezes de hum canal , ou resistro.
Filiaremos ao depois. a este respeito.
Das

( 1-6*6 )
. XXJV. Da operaes. que se fazeni nas tasol
de purgar , ou nos graneiros.
Deixo-se primeiramente enxugar ou escorrer
de si mesmos os mellados mais -liquido-, ou, mel1-sos. O lugar, em que o Assucar se purga, te
chama Graneiro das peas. (casas de purgar).
Em quanto esta Operao se faz lentamente,
e per si mesmo, se ccupa nas lojas a preparar d
barro. Ao depois se leva o barro casa de purgar
para barrar , ou aterrar, ou pr huma camada de
barro no funde das formas ( n o alto d-dlas: pois
so cones inversos). Finalmente d-se alguma preparao aos pes para os dispor a entrarem nas
estufa*.. Himos a explicar todas estas dt&crentes operaes em outros tantos artigos particulares.
Somente advertiremos que em algumas Refinarias , tende cortimodidade , se deixa por alguns
dias as peas grandes
como os bastardos fundidos correrem o seu primeiro mellasso em hum lugar quente at que estejo boas, para se cobrirem.
-Ao depois disto se tiro para as plantar . e governar sem calor , at que fiquem bbas , para se desce-'
brirem: ao depois: disto as torno pr no fogo como antes, para que se purguem mais prompts
mente.
Este desarranjamento no tem lugar nos Assu-

( 6 7 )
sucares refinados. Estes de ordinrio frco na Cmara das peas onde se pe ao sahir da casa de encher , at que se posso introduzir na estufa.
De cosa de purgar (granier aux pieces).
Quando os pes, cada hum em suas formas ,
esto pos os nas casas de pugar , se destapa cada
huma delias quero dizer, que se lhe tira a buxa ,
ou tapadeira de trapos, que servia na abertura da
porta ; e para que o rheriasso escorra melhor , se
fura a ponta do po cm hum furador , que se
chama sobetla. Immediatamente se pe cada forma
coin a ponta para baixo sobre huma pahella proporcionada sua grandeza , como disse acima.
He muito curioso . o que se passa acerca de Cada hum destes pes. Apenas estas formas esto Sobre suas panellas . ou potes , o mellasso entra a
escorrer. As primeiras gotas , qtie descem pela ponta , obro sobre: a massa que est na parte superior, e a mais larga, huma leve mudana, de cr.
Ento toda a massa, que at essa hora parecia ser
avermelhada , comea - btar-se . ou manchar-se de
branco. Ao passo-, - que o mellasso vai escorrendo
pouco a pouco , se vai augmentando o branco da
massa , e passadas oito , dez doze horas para o
Assucar bom , apparece de hum amarelo claro, puxando para branco. Todavia este branco differe
mui-

( i6S )
muito daquelle, que elle ha de adquirir ao depois
de. barrado.
,:
Dixase tambm purgar por muitos dias, e
neste tenpo absolutamente se enche o pote ou
panella , sobre que he. posto.-A pezar distara forma seno diminue de volume , e fica cheia inteiramente , como. se .lhe no houvesse,decorrido huma s gotta de mellasso mas cqin tudo. o seu pezo se dimiue grandemente; porque tudo., quanto
delia sahio , enchia exactamente os voszinhos, ou
interstcios que se acho interpostos por todc-^os
gros., que compem este po, o qual neste tempo somente frma hum corpo grandemente roroso.
Precisa logo, para esta primeira operao , que
parece ser nica obra da natureza, huma separao de duas substancias entre si bem opppstaj, Por
huma parte o sal essencial , chamado Assucaii, fica na forma, tendo huma consistncia slida , como
hum gro secco , apurado, de huma cr loura,*
desembaraado de hum liquor, que o penetrava,
e parecia estar todo envolvido com elle at hum
ponto de identificao.
Por outra parte rre em o pote ou panella
hum liquor grosso glutinosa, vermelho , e que.(pelo tiabalho , porque deve passar para vir a ser reduzido ein bastardo, como severa adiante)somente poder .render hum sal de huma qualidade muito ,inferior ao da matei ia, que o produzio. A arte

( ido )
de refinar, parece cousa pouca nesta primeira ope-
rao; pois se v que nella no tem outra parte,
seno pela substraco do tapume , ou rolha da ponta da forma. Todavia deve-se dizer que esta operao no pde ser boa
seno pela destreza d
Refinador, ou quando nada , do que coze o Assucar.
Requer-se que , quando elle coze o Assucar,
lhe haja de deixar bastante gua, para que este liquor viscoso , chamado mellasso
se separe facilmente do Assucar - e por outro lado que tambm
no deixe muito ; porque a sua quantidade seria
abundantssima . e que o gro, de que se comporia o po, faria hum corpo disforme pela grandeza das molleculas ou crystaes que no serio mais
fechados, e pela grandeza dos intervallos.
O mellado mais fluido, e o que he mais gordo , ou untuoso , e que tem a menor disposio
para fornecer o gro .decorre logo de si mesmo
em o pote ; e quando as forma* se prn < desorde-j
nadamente nas casas de purgar. Ueixosenestees*
tado perto de oito dias , se as formas forem de
grandeza tal, que posso dar 4 011 '6. Mas domo.
os bellos masavpdos purgo corq -maior presteza ,
que os que. so pardos , e como o mellasso escorre,
melhor , quando o ar he'quente e -hmid--qutf
quando he frio esecce, he melhor tirar alguns-.pesdas formas , para se examinar - em que estado se
acha

( 170 )
acha o gro. Por quanto serra perigoso o deixai
por muito tempo o Assucar em as formas, antes de
o barrar: o gro se endureceria de tal sorte que no
sem possvel tirar os pes das formas, e o mellasso endurecido no gro, o abandonaria com difficuldade , ou ainda, a gua do barro , para lhe separar o
mellasso dissolveria a maior parte do gro.
Quando se trabalha muito . a casa de purgar
se acha inteiramente cheia de formas plantadas sobre os seus potes : tendo-se unicamente o cuidado
de deixar, em huma das suas extremidades, hum
espao vazio, capaz de conter 100 ou 150 potes:
sendo necessrio e-te espao para os mudar, assim
como himos explicar.
Que cousa seja mudar l
Estando os potes cheios, ou quasi, de mellasso , correria o risco de se derramar, se os no despejassem. Alm disso convm pr parte os differentes mellassos ; porque os primeiros so mais gordurosos , que os que se escio ao depois. Tira-
por tanto os potes debaixo - das formas os que tiverem recebido o primeiro mellasso : despejo-se em
potes maiores e se deixo esgotar nelles , e neste
tempo se arrumo as formas em outros , que j
astejo despejados. Isto he , o que chamo mudar.

( 171 )
Que cousa seja raspar.
Tendo s mud.ido todos os potes de huma casa de purgar se comea a operao , que se chama
raspar. Para isto se tiro duas formas de cima dos
seus potes, e se pem sobie a boi da da caixa de
raspar, de modo que a extremidade larga* pouse sobre duas ti avessas desta caixa , que tem dous ps
de comprimento , dezeseis pollegadas de largura, e
nove de profundeza : ao depois cm -huma faca ordinria se lhe cerna a roda teia da base do po , pifa despegsr da**parte interior da forma ; e o Assucar, que a faca separa cah no'fundo dacaixide
raspar.
'
A medida que as formas so despejadas , se
pouso cm o fundo inls lago para baixo sobre
taboas postas nas formas , qvr es tio jantadas nos1
seus potes, e re deixo nesta sitda- permeia hora , ou tresqrrartos , antes de as abalar quero tier,'
de as tirar das suas formas. Disse que convinha tirar os pes das formas , antes que estivessem muit
seccs , para Ocaittetlar,' a que elles contratio comas formai nUiG-rtfdherenci*. Por este motivo se ras-'
pfe -para desrpege d fondo os pes ; porque #
parte mais larga do pSo, que'ficB no alto , estando mais scca que o resto jHa' mais pegada a for-?
ma , e se conserva o pio meia', ou trs quartos d
ho-

( 17 )
hora, antes de os abalar

em huma postura inversa,

ou voltada, para que mellasso


to na ponta

que se tinia jun-

e que o tinha summainente nume-

decido haja de recahir no corpo do po , que estar muito duro. Esta manobra faz

que todos os

pes tomem huma solidez quasi igual

ou unifor-

me , o que os dispem a sahir mais facilmente das


formas , ou a serem abaladas,
'Como se abalo.
Tomo-se humas ao depois de outras as formas abaladas, e voltadas , como se disse , trazemse sobre hum cepo para as abalar, isto he, dizer
para, tirar, os pes das formas

ento se- pem a

palma da mo ponta mais larga

ou no fundo do

po : do-se-lhe algumas pancadas brandamente com


a boida da forma no cepo : e quando, se percebe
que po deixa a forma , se levanta esta com a
tt) direita , e o

po fica na esquerda. Examina-se

q estado deste ,

se o po for bem unido e igual

pelo comprimento da forma , se q g/ jtem huma


cr de prola, se a cabea onde se juntou o mellasso . no est muito parda , se julga que. o Assucar foi bem refinado e pelo contrario,, percebeno-se signaes

de cr arnarella , ou -vermelha, ou

ainda denegrida, se pde estar certo, qqe Q Assuca


est unetuoso , e que para lavar estas manchas com
o barro, ser necessrio haver muita quebra.

Lo-

( 73 )
Logo que se tenha examinado po , se o*
bre com a prpria forma, ef s conduz para a outra extremidade da casa de purgar, para os plarr
tar
e fornecer as camadas. Chamo plantar', o*
pr a forma com a pequena extremidade em baixo , e formar as camadas - isto he .fazer bandas ,
ou fileiras de formas
que atravessem a casa ,"e
que constem de 12 formas , postas humas a lado
das outras; se as formas houverem de ser para pes
de duas ou trs : no se pem mais de dei , s
as formas forem para quatro e unicamente oi o se
forem para sete: o que determina a no dar mais
que certa largura aos leitos, para que se lhe possa
chegar ao meio.
Deixa-se por tanto entre cada leito hum camiJ
frhp , que tenha a largura de trs ps, e o mesmo
caminho por todo o seu comprimento. Estando
tudo plantado , e disposto por camadas se fazem
os fundos , como explicarei ao depois de haver fllado do modo de se reduzir em p o Assucar branco , qut se deve empregar neste uso.
Metboio de se pilar o Assucar.
Tem-se necessidade de pilar o Assucar , como brevemente explicarei. E assim , quando se no
tem mascavado branco, qe he o Assucar refinado
trreo, ou barrado, que se remette das Ilhas , convm

C 174)
vim pr em p os mascavados: neste caso no se
acha; porque todo o Assucar que nos vem dai
Ilhas, sobretudo, o de S. Domingos , so alvissimos. Todavia convm attender se a escolha dos
mascavados, que so mais , ou menos branco;,
conforme os lugares, de que se tem cortado oi
pes; porque por mais cuidado , que se tenha de cia.
rifcar o mellado , dos diversos matizes desde o un*
do at a cabea o effeito no he igual em todo
o comprimento das formas grandes , que se tem
por costume empregar nas Ilhas..
Segue-se disto, que se do mascavados de sortes mui differentes , e os melhores so os qus s
devem escolher para fazer os fundos ; mas como
nas Ilhas se pifa grosseiramente , ou s se contento de os quebrar em midos pedaos, para os
embarricar - se vm obrigados a soccalos de novo,
Para isto se faz hum g ande pilo cagado em hum
grande tronco de arvore de i j a 15 ps de comprido, e 15 a 18 pollegadas de largo em esquadria. Estando a barrica fundeada , se despeja no pilo : pouco a pouco se lhe vai lanando dentro o
Assucar
que ella contm , tirando- com hum
gancho e os obreiros, postos peo comprimento
do pilo , e tendo nas mos o pilador-, oir mos
com que se pila, fazem Assucar em p , ajunra-o ao depois com huma p , para se ir lanando
pouco a pouco em hum crivo feito de arame de

f-

( >7J )
ferro , que se arranja em huma ceifa, e o que. ,s
no coa ou passa o crivo , que se chama torrfn
se lana de novo no pilo para se soecar de novo.
Como o crivo de arame tem as malhas muito grandes , o Assucar coado no he muito fino. Seria melhor , e menos embaraoso ter crivos, mais: finos. O
Assucar deve ser pilado nas lojas ao p da casa de
enchimento. E assim para se recolher ao graneiro ,
se pe em celhas de azas , e se sobe pelo traqa.
Moda de se fazerem os fundos.
Para se fazerem os fundo, se a junta com huma colher todo o Assucar cahido na caixa de raspar e pe em huma celha com o Assucar que
se tem posto no pilo , e com esta mesma colher
se enche o vcuo, que se acha no fundo de cada
forma at meia pollegada abaixo da borda , sendo
este espao necessrio
para se encher de barro.'
Verse que os mellassos escorridos nos potes deixo
hum vo no alto da forma , e este vo se auginenta, quando se lhe tira o Assucar amarei Io , principalmente quando se v que tem formado manchas*
pardas por cima. Para encher este vo h e , que se
lhe acerescenta Assucar refinado , e em p , e so
precisos quasi cem arrateis para fazei os fundos de
mil arrateis.
Or se lhe pozessem Assucar liquido , clari-

( >7)
ficado, e cozido", lhe havia de escapar mellasso,
que humedeceria, e amarelaria o gro em vez , de
que o Assucar em p , no tendo de que se purgar , no pde produzir damno algum , ou quebra;
mas he precis unir-se bem, e 'tapar esta camada
de Assucar em p : sem o que , a gua , que deve
sahir do barro , e vai procurar os fundos , se ajuntaria nas cavidades , c faria derreter o gro, occa*
sionando canaes. Tendo-se feito os fundos; se cobrem de barro , mas antes de se. propor esta operao , he preciso que faltemos do barro.
Do barro que se p&e por cima das' formas t it
sua preparao.
Quando nos laboratrios de Chymica se chego a obter crystaes de sal no meio de huma guame muito gorda , os crystaes impregnados delis
se fazem amarellos: e para os acclarar se lavo,
o que quer dizer, que se lhe lana gua fria por
cima em grande quantidade, a qual logo se despeja,
para que leve comsigo a impresso , que fez a
gua-me , sem derreter, nem dissolver os crystaes,
que por esta lavagem fco muito mais transparentes.
O mesmo se faz nas Refinarias para alimpar
o gro, separando-o do mellasso unctuoso , que lhe
tira a sua alvura, e a sua transpaiencia. Mas ist
se

( 177)
<se executa com muita industria. Estando o Assucar
nas formas, se cobre com huma camada de barro desfeito em gua : este barro pouco a pouco deixa a
gua , que contm : a gua atravessa por. instillao toda a grossura do po d'Assucar : dissolvei , ou desfaz o mellasso e levando o comsigo , deixa o gro do Assucar embranquecido. Poucos barros ssb prprios para este uso: todo o que
se emprega em Frana vem de pert de. Ruo,
-ou de Saumur. No ha dvida que se poderia encontrar em outras paragens, se quizessern ter o trabalho de o procurar. Deve ser brapco, para mo
cobrir o gro : precisa que seja fino e desfeito
sem mistura . alguma de pedras ou ara.s: deve
ser unctuoso ao tacto , amassavel e insoluvel nos
.cidos, Elle em muitas cousas se assemelha a argilla ; mas foge desta , ou differe, em que esfa conserva a gua , que se lhe lana para a amassar , e o
barro, de que se .falia , a solta pouco a pouco.,
Pondo-se em hum filtro o barro desfeito , parte da gua se escoa , ao passo que a humidade da
argilla somente se dissipa em vapores, e por evaporao, E assim a bondade dos barros ,,que se
emprego nos Assuares, quasi. se reduz s trs condies seguintes. I. De n tingir a .gua, em que
se dissolve. II. De a deixar .filtrar de huma maneira doce , e insensvel. III. De no se embeber mu*
to da gordura , ou unctuosidade do Assucar.
T . . P. IL
M
A

( 17? )
A terra ou barro que tinge a gua , em que
se lava , pde imprimir a sua cr no gro, que ella atravessa. O barro gordo , e fofte , que no
solta-a gua de que se embebeo , o u q n e a faz
voltar para a superfcie . onde se dissipa em vapores , no he prprio para barrar o Assucar; pois
que o bom effeito dos barros , que se tflprego;-,
consiste em huma instiltaao, que lava 0 gro. Os
barros muito arenosos , deixando escapar a aga muito promptamente , fario fontes nos pes ; u , pelo menos , huma grande quebra no gio. Finalmente os barros , que se embebem da gordura, "e que
no a abandono facilmente no podem servir segunda vez: o que causaria huma grande perda,
que se evita com Os bons barros , que contmulinente servem sem experimentar muita diminuio.
O barro, que nos trazem de Ruo , chega embolias f como os sabonetes: o de Samur vem em burricas. Tira-se dos matos, quebrando-o com o alvio,
ou enchda.
Para o preparar - se lana o barro com a 'pi
em hum cocho , que p6l menos haja de ter cinco ps -de dimetro, e quatro de altura: rio meio
da altura tem huma aberta, que se fecha com huma tampa. Estando o cocho cheio de barro at o
meio
se lhe acaba de encher o resto com gua
bem limpa. A este tempo sobe hum trabalhador
sobie huma "taboa , que se pem no cocho, mofe'
e

( >79 )
e* mexe fortemente a gua
e barro com hum
instrumento encabado em cruz
qe se - chama o
mexedor do cocho ou cocha do barro.
Tendo se o barro precipitado , e que a gua
se fez clara se lhe abie a tampa d cocho , para
lhe sahir a gua
fecha-se ao depois , e se lhe
torna a pr segunda gua. Tfabalhe-e de novo
com o mexedor deixe-se tambm precipitar obarro, para lhe fazer sahir a gua , que o tem lavado, e tornar-se-lhe apor nova ,- o que se chama
refrescar. Deixando-se corromper a gua n barro ,
esta contrahiria hum mo cheiro , que communicaria ao Assucar. Esta manobra se repete em oito dias. No tomando a gua alguma impresso
mais de cr verde
ou amarella , e que ella j
no tem gosto algum d barro','o qual pela operao do mexedor 'ficou , como humas papas, na ultima lavagem, se deixa sahir a maior parte da gua,
at que sobre o barro no fique mais que hum
panno d'agua de f' a 4 pollegadas de grossura.
A este tempo trs, ou quatro obriros tomo
mexedores , mexem a superfcie do barro com a
gua i que lha ficou , e para isto devem fazer com
os seus mexedores o mesmo movimento, que do
os remeiros aos setis pequenos remos. Eshndo a
superfcie bem desfeita se pce n' hum cepo hum
balde , ou celha feita de aduellas com arcos de
ferro , e com hum. mexdor ; no qual se lana huM ii
ma

( i8o)
ma camada de barro
que est muito amollecido , e ao depois se traz ao coador , que he como hum timbale de cobre de dous ps de dimetro , penetrado de foros, e que tem huma, ou
meia linha de dimetro. Este coador se estabelece
sobre huma tina , e se segura por quatro travessas
de madeira , juntas humas s outras. No centro deste coador cahe huma vassoura cujo cabo passa livremente em hum buraco feito em huma taboa,
para o receber sem oppresso, e para que o possa conservar em huma posio vertical.
Lano-se as celhas cheias de barro em o
coador , e hum homem , fazendo trabalhar circularmente a vassoura , obriga o barro a passar pelos buracos , e a cahir na tina. No tempo desta
operao os obreiros continuo a fazer os mesmos
movimentos na outra tina , e no fim de hum certo tempo se tira outra camada de barro , para a
trazer ao coador : o que se deve continuar em
quanto houver barro na tina. Tendo elle passado
pelo coador , se acha preparado;: e neste tempo
se est certo que todas as partes do barro esto
desfeitas, e que elle est em termos de poder servir. Aos pedaos de barro velho , que, se tiraro de
cima das formas , e que se fizero seccar sombra , se faz o mesmo que os novos barros, e servem para os mesmos usos. Ainda se julgo pot
melhores , que os novos. Querem que elles causem

(ig. )
sem menor quebra , ou perda. Preparado
ro desta maneira, se pe nas celhas
ou
e se levo casa de purgar pelo alapo.
panhemo-lo nesta casa para vermos, como
bre.

o bartinas,
Acomse co-

Como se cobre o fundo dos pes com barrai,


Estando os fundos feitos, e estando as forma*
arranjadas por ordem , ou em fileiras , como acima
dissemos, se cobrem de huma camada de barro.
Para isto , estando este preparado , e posto nas casas de purgar , huin servente toma nas suas mos
huma pequena colher de cobre, que possa levar
huma medida na qual ha hum cano, para se lhe
metter hum cabo de po de quasi trs ps de
comprimento, A consistncia do barro deve ser
tal, que fazendo-se-lhe hum pequeno rego d'huma
pollegada quasi de profundeza, no deve este fechar-se inteiramente , mas sim pouco a pouco. E
assim fica sendo humas verdadeiras papas.
Os serventes tomo a sua colher pequena , e
com este instrumento tomo o barro, que est no
balde , e o lano nos fundos. Ora , por ser preciso maior poro- de barro nos pes grandes , que
nos pequenos
devem proporcionar a grandeza
das suas colheres pela dos pes. Pelo que acima
dissemos, se sabe que a operao do barro consiste

( iS* )
te em rifo. .deixar pouco a pouco escapar a gua,
,para que esta lave. o gro: donde se segue que,
pondo-se a camada muito grossa, a quantidad ds
gua , que delia escorreria, faria derreter muitogrio,
e haveria huma grande quebra, ou descaminho. Por
esta razo he conveniente , que se haja de proporcionar grossura do barco qualidade do Assacar,
pondo-a menos espessa nos Assucares finos, que
naquelles, que esto carregados de meljassos grossos.
-finalmente a grossura das pores do barro, tendo perdido a gua que continha , he de trs para quatro linhas. .Para que o barro trabalhe bem
nos pes, nojprecisa que elle ferva , nem que forme escumas-grapfjes: e tambm no deve espalhar
cheiro algum. Deve-se acautellar que elle se no
seque, ou-pelo vento, ou pelo Sol ; por ser preciso que a sua gua atravesse os pes , e por esta
razo se deve ter'cuidado de se fechar exactamente todas as entradas aos ventos. No fim de duas
ou trs horas se conhece, se os fundos foro mal
feito? ; porque se o barro gretar em qualquer lugar , que isto acontea , ser hum sinal que a agira,
achando huma sahida mais livre por hum lugar,
que pelo outro , se abrio huma vereda, que pede
formar hum canal no caso de se no remediar*
tirando o barro e botando o Assucar em p nos
lugares , e:n que os pes fizero covas.
Deixa-se esta camada de barro seccar-se em o
pes

C 18} )
pes, o qu: gasta 8 at 10 dias, conforme o ar
estiver mais . ou menos secco vendo-se porm que
o barro tenha largado a sua gua toda, se abrem
as janellas
para que se seque
e se despegue
mais facilmente dos pes. Neste tempo para se
descobrirem os fundos, se separa o barro por toda
a roda das frmas com huma faca , e se levanta
fundo , o que se faz facilmente
estando suffiientemente secco. Raspa se com huma faca em huma caixa aquella parte de barro , que tocou Assucar para lhe separar as pores do Assucar que
lhe "podem estar adherentes , e os bolos de terra,
que se chamo esquives , se pe em os cestos , para
os deixar enxugar sombra: ao depois se lavo
em muitas guas, e se prepro do mesmo .modo ,
cqmo j disse, que os barros novos.
Escovo ou alimpo os fundos dos pes nas
mesmas caixas em que se pozero as pores do
Assucar que ficaro pegadas ao barro , e a alimpadura traz hum p negro , que ficou pegado ao
Assucar: ento se abalo, ou se tiro alguns pes
das suas formas , para se examinar o effeito d o primeiro barro. O fundo dos pes peja maior, parte
he branco mas as suas cabeas so carregadas de
mellasso. Para acabar de se purgar os gros , setorno a fazer novos fundos com Assucar e m g . Sobre estes fundos se pe de novo hum. novo barro,
precisamente como o primeiro , e se deixa seccar
do

( 1*4)
do mesmo modo , fechando todas as janellas,
partes, por onde possa entrar o vento , para que o
hlito no seque o barro. Todavia, tendo o barro
executado o seu fim , he conveniente que se abro
estes lugares, para que se hajo de tirar mais facilmente , quando se queira pr huma terceira camada de barro.
Ordinariamente se barro por 2 , ou } vezes
os pes de 4 e de 7 de sorte que raramente
acontece barrarem-se quatro vezes . e ainda Os que
So maiores , e os que so feitos com mascavados"
pardos, ou Assucar bruto : porque
faltando geralmente , he necessrio no prodigalisar o,barro nos
Assucares - que se fazem com mascavados brancos.
Para se evitar a quebra , ou diminuio , se quando as abalo
houverem de perceber vermelho,
ou alguma impresso de mellasso na cabea , se hajo
de refrescar , o que se faz , pondo se algum barro
sobre o que j se tem posto, sem se lhe tirar
este , nem se haver de fazer novas covas , ou fundos.
Conhecendo-se que o Assucar abatera alguma
cousa na forma , se tem fundamento para suppr,
que fora a causa disto , o no ter sido bem purgado do seu mellasso ; e para se haverem de certificar desta causa se separa todo o barro ao redor
da forma , e se vira esta sobre huma p de taboa
delgada , que deve ser redonda , e mais larga que
a

< 11)
a boca da forma: ao depois se aballo , ou se tiro alguns pes das formas , para se conhecer s
acaso a sua ponta tem algum vermelho, ou algum
mellasso. Havendo pouco , se torna a pr na forma o po ,' e a pr-lhe por cima o barro : ento se estrica, termo dos refinadores, que quer
dizer , que se tapo as fendas com huma faca de
po delgada , flexvel, e curva nas suas costas, com
que se amassa o barro , que quer seccar-se , para
fechar ou tapar as rachas , e fendas , que se formaro no barro : para se unir forma, ponha-se por
cima huma nova camada do mesmo para que a
forma fique de todo igual
como se a houvessem
de refrescar huma segunda vez.
Fazendo-se a primeira refrescadura hum par
de dias, ao depois de se ter posto o barro elle
no se abrira ; e por isso se lhe poupa o estricar ;
pois , sem esta cautella, a gua da refrescadura entraria pelas fendas e arruinaria os fundos, sendo
necessrio que ella atravessasse o antigo, ou primeiro barro. Se , abalando-se, se achar o Assucar bem
limpo ainda na cabea , se tiro as formas dos potes , para se lhe despejar o mellasso, e se arranja
nas casas de purgar , sem se observar a ordem das
fileiras : ao depois se tomo os pes , huns aps dos
outros, para lhe tirar o barro , que se lhes despegS por pes, ou por lascas que se pem nos cestos. J disse como isto se fazia j ao depois com
hu-

i86)

huma faca , que imita s da cozinha , se tira o barro , que se apegou i fprma , e se pem no cesto
das lascas, e ao depois se aballa,
Se for bem branco o po, que se tira da forma, se torna a pr na mesma , e ao depois se pem
o fundo em huma caixa , por se no perder o Assucar que se lhe separa , e se faz esta operao com
huma broxa de pellos de compridos, Esta broxa he redonda : tem quasi quatro pollegadas de dimetro:
os pellos tem outro tapto comprimento, e he penetrada, de hum furo ; por onde se lhe enfia huma
fita , na qual o abalador, que o aballa , enfia o punho , para ter a broxa ao porte da mo. A respeito dos pes, que tem a ponta vermelha , se pem
de parte para os estricar ou para receberem hum
novo barro, o que causa sempre huma perda aos
proprietrios. Por este motivo , achando-se s na ponta huma pequena mancha
que se chama segundo . se pem na* prprias formas com q seu barro por cima , sem se lhe pr novo, ou , como dizem , sem o refrescar. De ordinrio isto he bastante para dissipar a mancha pela pouca gua contida no po:
e esgotando-se esta gua , leva comsigo. o resto do
mellasso , que a causava.
Mas he indispensvel fazerem-se novos fundos,
e porem-se novos barros nas que tiverem manchai
-grandes, a que chamo Cadetes Se os Cadetes no
fossem muito defeituosos , se podrio contentar de
os

(1*7;
s refrescar, ao depois de os baver estricado, e se
pouparia -fazerem novos fundos, Tendo as pontas
do* pes perdido todo o seu :vernfielho ,,e que ella
est limpa d,mellasso,. se quereria, que fossem alguma cousa seccas j porque , como ,toda a humidade
do po dscft para a sua. ponta. , cahe nos,potes
mujto!,mellasso cla.ro , que nada he mais seno o
Assucar branco dissolvido pela gua , que desce de
todo o po. Ist seria huma perda para o proprietrio > e como hum,a poro, do. gro da cabea se
acha derretida, esta parte.do p fica arecnta : de
majs omp o gro neste lugar he menos conchegad q , -fica sendp, ou apparecendo menos branco.
Isto no he tudo : estas cabeas, muito humedecidas, so sujeitas a ficar nas formas; e neste
caso, em Jugaj, de terem pes, vendveis, s se tem
mascavos: para se impedir este accidente, se volto
os pes de cima para baixo , para que a humidade haja, de recahir nel.las. Pem-se no Cundo , que
s tem mascates, hum pedao de papel azul e por
cima deste, huma ,roda. de taboa. fina e se volta ,
ou vira o, po, sem o tirar da sua forma : finalmente pem-se a rodella , que; cobre a base , ou o
fundo sobre o pote : ento a gua desce para a
grande extremidade, e a cabea se volta hum pouco mais firme. A gua , que decorre do barro, leva
comsigo , como j se disse , o mellasso , mas ella
.no embranquece o Assucar, que foi mal clarifica-

(188)
cado. Hum Assucar, que foi refinado, para ser A*J
sucar commum nunca adquirir a alvura do Assucar Real , ou do superfino , ainda que o barrem
quatro vezes. Alm disto , he preciso acauttllar
que o fundo seno humedea muito , porque ento o po de si mesmo se abateria. He verdade
que , como junto ao fundo ha huma grossura' de dous
dedos travessos , a qual , tendo-se feito com Assucar em p , e estando secca , fica de ordinrio mais
slida que o resto , conhece-se - se ella mantm esta firmeza arranhando-a com a unha : mas se
nesta experincia for encontrada muito branda, se
precisaria voltar a forma, e polia com a ponta para baixo , para prevenir que o fundo seno abata
debaixo do pezo do po, ainda qe a rodella de
po contribua muito para embaraar este inconveniente.
Quando , por meio destas precaues, os pie'
tomo huma certa firmeza se tiro das formas, e
se pem com r extremidade grande, ou com a
* boca para baixo nas casas de purgar , sobre pannos
estendidos pelo pavimento ou assoalho , para que
se hajo de seccar por algum tempo , antes de se metterem na estufa. Os tempos hmidos se fazem temer nestas circumstancias. Algumas vezes, achan*
do-se as masss dos pes muito hmidas obrigo a
tomar a pollas nas formas, para as revirar. No inverno se accendern as estufas , e se espalho brazeitos

( i8o )
ros pelas casas de purgar e no estio se abrem as
janellas , e frestas para se seccarem os pes.
Disse que se accendio as estufas , o que suppem haver estufas, cujos tubos , sendo mui compridos , penetro todos os andares das casas de purgar. Nestas estufas se queimo carves de terra ,
que conservo pelo inverno hum calor moderado,
e necessrio ; porque , como o frio faz o mellasso
menos fluido , fica elle tendo maior dificuldade em
se separar do gro. Servem tambm para embaraar
que o barro se gelle ein o cimo das formas , ou
sobre os fundos.
Em quanto aos braseiros , ou fogareiros, que
se chamo caixas de fogo , estes s compem de
huma panella Ou braseiro de folha de ferro , que
tem 25 dedos de dimetro , e que se descana em
huma trempe de ferro. Pem-se-lhe carvo de madeira , e estando acceso , para se prevenirem os accidehtes do fogo , se pem por cima da panella hurh
capitei de folha de ferro
penetrado de buracos ,
ou hum cobre fogo , que "trha a figura d hum
cone truncado ; a parte truncada deve ter onze pollegadas de dimetro, e tem hum cabo. Espalho-se
estas caixas por todos' os lugares , por onde se tem
necessidade de ugmentaro calor. "

Des-

, ( ro;)
Dscripo da estufa.

Estando o Assucar bem enxuto, comexpliquei


acima , se leva a estufa. Esta he huma espcie de
pavilho quadrado, que tem por obra iS ps em
fium sentjdo , edez n'outro. Faz$m,-s.e:Jh parqdes
as&s grossas , como de dous ps , ou de dous e meio,
para que o calor lhe no fuja. A porta somente
deve ter sinco ps e meio de altura , e z6 dejlargura entre os painis. Ser bom que os painis hajo de .ter batentes ,, ou entalhes por dentro, e
por fora,. para se. lhe fazerem respiradqres dobrados , hum que se; abra por dentro , e o outro por
jTra , para que, rqelhor se possa ..epnsfryar o calor.
Huma das paredes he aberta pu^ e lhe pr- a^abertura da estufa , que se chama o cofre, na qual se
pem ,fogo^ Este cofre he de ferr fundido .longo de. trinta pollegadas , largo de,vn,te e duas, e
alto de vinte e quatro. A grossura de duas boas pollegadas.,,
Das^eislados, que formo pf|Jcof*SL, quatro
so de ferr ,. e fundidos, de huma s pea, e dota
so abertos, a saber, o do fim , e o debaixo; o
do alto entra trs , ou quatro pollegadas em a alvenaria onde he exactamente fechado com cacos,
e boa argamassa, ou terra de forno. O vo debaixo

( i9i

xo he apoiado sobre huma forte grade . onde se


pem o carvo de terra , e o fogo.
Debaixo desta grade ha hum grande cinzeiro,
cuja boca fica por baixo da fornalha , e da mesma
grandeza. Dentro da estufa , e em toda a circumfereneia do cofre , se levanta com Seis pollegadas de
altura huma pequena parede de tijolos , que forma
como him socco , ou pedestal para fazer parSr Tipmaa , e impedir que ella no penetre ha estufa:
adiante do forno ha huma-porta fortificada com barras de ferro e fechada com hirh suspiro, otr resrpirador de ferro batido. Ella tem de-15 a 14 pollegadas de abertura. Por baixo da estufa , e por dentro he ladrilhado : a altura desde de cima do ornato , ou entalhe da porta at o assoalho do alto , se
divide em Seis por duas ordens de bravetas, 011 vigotas de j a 4 pollegadas de quadrado, que so
"rtiettidas pelas extremidades na-s paredes a saber,
huma na em que est o cofre , e a outra na parede
opposta. Duas vigots destas- s cortadas-, e selKe
faz por Cima em huma das extremidades hilri
trtivao , de sorte que lhe fique no Meio bum espao
vasio , com cinco ps-e meio d'hum lado, e sete pes ti outro. Este vo ie estende" por toda a altura da estufa.
Pfgo'-se "sobre estas vigotas ertas grades, que se
charriSo ripados", d lnirna ba pollegada de largura>
e duas de grssuta. Devem ser afwadas a garlope ,
e

C i 2 )
e feitas de castanho bem secco. Sobre este ripado
he que se pem os pes d' Assucar por todos os
andares, desde o cimo da porta at o alto da estufa ; o que faz seis andares , de sorte que de cima
das ripas de hum.andar at abaixo das vigotas do outro se do 28 pollegadas. O vo , que se deixa no
meio da estufa , serve para se communicar huma
com a outra , para se lhe poderem pr os pes de
Assucar. Mas, como esta estufa de ordinrio he tomada em. huma das, casas- da Fabrica.de refinar,, se
governo. pelas differentes alturas das aberturas, que
communio com a casa de purgar, o que he de
huma grande commodidade para pr
e tirar os
pes da estufa.
Estas aberturas so exactamente fechadas por
boas portas. Sobre tudo he preciso que haja huma destas janellas em a casa de encartuxar, para
que se tire todo o Assucar da estufa por este lugar onde se deve pr em papel , e corda, Como poderia acontecer que os pes , que estiverem
por cima do cofre , se quebrem , ou se esboroem
por causa do grande color da estufa ; por evitar esta desordem, que poderia pr o fogo estqfa.se
estabelece por cima do cofre huma meza de feiro fundido, de seis linhas de grossura , que he sustentada por hum eavallete de ferrpt,, Esta meza, que
ainda seria melhor, se fosse maior que o cofre*
embaraa a grande aco do fogo de trabalhar sobre

(195)
bre os pes, que est no andar mais baixo , e
jmmediatamente acima do cofre, e recebe fragmentos do Assucar que
cahindo o corpo do cofre,
serio queimados.
O alto da estufa a huma certa altura , he
fechado por hum forro forte
ao qual se fazem
aberturas de dous ps quadrados , que se podem fechar com hum alapo, No principio das estufas,
quando sahem muitos vapores, se deixo os alapes abertos mas ao depois se fecho alguns para se concentrar o calor. Em huma Refinaria bem
disposta convm que hajo duas estufas ; porque
sendo os pes grossos mais diffkeis de se seccarem, que os pequenos, precisa que cada huma das
estufas tenha a sua qualidade de pe*, o que se
pde observar, quando se tem duas, As portas das
duas estufas esto encerradas em huma espcie de
tambor ou vestibulo para que seno esfriem as
estufas, quando se tem necessidade de abrir as suas
portas.
Modo de se porem os pes de Assucar na Ettufd,
Quando se tem suficientemente tirado o*
pes do Assucar quero dizer quando a gua espalhada pelo corpo do po do Assucar che em a
massa ; e que a cabea prece no ter mais a'gum
matiz de cores, se pe hum papel perto dos
pes, que se tem deixado no assoalho da casa de
X. I. P. II.
N
Jjur-

( 194 )
purgar. Pe-se este papel em hum de seus fundos , e no outro , que se acha no alto , se pe huma taboa, na qual o trabalhador pousa seis pes,
se forem pequenos ; se grandes dous, e tambm
trs , dos que se querem trabalhar. No se pondo
na taboa mais de dous j se forem de quatro, ou de
sete. Tambm muitas vezes se trazem hum a hum,
pondo-lhe huma mo por cima
e a outra por
baixo
esta o sustem pela ametade do seu comprimento He preciso destreza para manejar estes
pes: como necessariamente
os que so muito
tenros, correm o risco de serem damnificados neste transporte. Quando alguns se dividem em dous,
se lhe ajusto as duas ametades , e o calor da estufa solda os pedaos , mas estes pes soldados no
do som algum , quando , tirando se da estufa, se
lhe do golpes. Muitos se quebro de tal sorte,
que se no soldo mais
e se vem obrigados a
vendellos as lascas, ou de os tornar a pr no Assucar.
Sendo levados os pes i estufa , os trabalhadores , que esto no interior
estabelecidos nas taboas . postas nas vigotas , os tomo hum a hum , e
os v passando de mo a mo , para os arranjarem
nos ripados. Quando todos os andares da estufa esto guarnecidos de sete para oito pescentos, se accende o fogo , que he preciso dirigir com economia,
fazendo somente nos primeiros dias hum fogo mui
br

( 191 )
brando, que se aUgmenta insensivelmnte. A direco do fogo se deve incumbir a huma pessoa
prudente , e acostumada a esta manobra ; porque
muitas vezes, acontece que
tendo-se posto bom
Assucar na estufa , tira-se de huma cr pardosa ;
por ter sido o fogo mal dirigido, e forado nos
primeiros dias. Se nos grandes calores do estio , se
exposer alguns pes ao Sol em hum lugar onde
nSo houver p , estes pes se seccar pela continuao , pois que o Sol dos bons dias do estio faz
chegar o termmetro a 6o gros , onde muitas vezes no chega o calor da estufa ; pois he de 5 $ ,
e estes pes assim seccos sero de huma fina alvura ; mas este meio, que j foi experimentado,
em alguns pes , he impraticvel em grande. He de
necessidade o recurso as estufas , e nestas he muito impoitante faier-se no principio hum fogo
brando , e moderado.
A experincia ttm ensinado , que huin calor
brando secca o Assucar e que huitt muito vivo o
avermelha. Algumas vezes as superfcies ds pes,
que se tiro da estufa so desiguais', e grosseiras.
A esta falta chamo rafife j porem esta no he causada pelo calor da estufa. Quando ss poe nella os
pes j vo sendo , o que ho de sempre ' ser. Elles s temem os golpes da estufa. :J raflage procede de ser hum po bem ou mal mexido u
porque o mexero muito frio-, ou porque o tirN
r

( i96 )
ro da forma muito cedo. Tendo-se aquentado a
estufa muito vivamente , se percebem terem os peshum dos seus lados hum pouco avermelhado ou
bem , se vem aqui, e alli manchas vermelhas, ao
que chamo golpes da estufa. Finalmente tambm
acontece , que os pes , que se tem posto muito
humidos na estufa, e que nella recebem hum calor muito vivo, se acamo huns por cima dos outros e que as partes , que fico em ,contacto , se
soldo. A isto dizem Assucar que foi abatido. Pelo contrario, aquecendo se a estufa pouco a pouco , a humidade se exhala em vapor: ella se dissipa insensivelmente , e os pes sahem da estufa unidos , brancos , e sonoros.
Augmenta se o fogo pouco a pouco, at que
faa subir O termmetro de Reaumur quasi a 50
gros acima do Zero. Os pes devem ficar na estufa mais , ou menos tempo , conforme a sitt
g: ossura , mas o tempo, que commummente gas
to na estufa , so oito dias. No se d inconveniente algum , que se demorem mais tempo, antes se
julga ser a maior demora mais proveitosa; Todavia , quando se aperta pelas remessas , se aligeiro
as estufas , pondo-se . nos foges , carvo de noite;
mas de ordinrio se satisfazem de o pr de tarde ; e porque o trabalho da Refinao principia
muito cedo , a estufa se encontra pouco fria. Para se
saber, se o Assucar est suficientemente secco se
ti-

C'97)
tira hum po da estufa, quebra-se com o faco
ou r.artello, e tendo-se-lhe separado os pedaos ,
se carrega com a unha no Assucar do centro do
po ; se resistir, julga-se que o Assucar tem estado o tempo sufficiente na estufa
e se ceder,
se julga o contrario.
No se precisa tirar d' hum golpe todo o Assucar da estufa ; os pes se fenderio em infitos lugares , como acontece ao vidro, e loua,
quando se tira de repente dos fornos, e se esfrio.
Estes pes assim fenddos no terio som : o que
lhe diminuir o valor , ou o preo , ainda que realmente o Assucar fosse muito bom. Sem embargo
disto ha razo , para requerer que o Assucar tenha
som ; por ser este hum sinal d estar bem secco no
seu interior ; pois os que no estiverem , batendose no dar som algum. Abro se por tanto as
portas, e janellas , para que se dissipe o calor - e
tendo-se a estufa esfriado em parte os ofnciaes
se pe nas taboas postas sobre as vigas, que frmo os andares; tomo os pes
e huns os d
aos outro". O que fie* perto a huma das portas ,
as deporita em huma taboa do mesmo modo, coin
que as pozero na estufa , e os serventes os v
transportando , para as que esto na casa d' encartuxar.
Podendo-se-, deve haver na casa da estufa huma porta, que corresponda a esta camera, ou que
lhe

(i98 )
lhe fique o mais pdt , que poder ser! e no caso
que assim seja , ento os ofTiciaees do a mo,
huns aos outros, os pes para os fazer sahir todos
por esta porta. Em muitas fabricas de refinar no
se pe os pes sobre taboa alguma , antes de as
levarem i casa dencartuxar. Os serventes, que esto,
por fora da casa da estufa , recebem os pes i
m o , os passo para o seu brao esquerdo, sobre
o qual tem huma folha de papel pardo estendido.
Abarco ordinariamente seis pes se he do grande , ou do pequeno dois ; quatro se he do trs e
assim diminuem proporo que a grandeza dos
pes se augmenta.
Da comera de encartaxar, e do que nella seftu
Trazem-se os pes
que se tiro da estufa,
para a camera d" encartuxar . e se pe devagar sobre mezas cobertas de pannos. Os officiaes se pe
ao redor destas mezas; cada qual toma o seu po,
c vc primeiramente se elle tem alguma falta , ou
defeito, como v. g. , alguma ruptura, algum
mancha ruiva , ou queimadura. Chamo-se lnnn'i
os que no tem algum destes defeitos : estes se
pe em papel, e ss ato sem divisa , ou sinal algum. Mas
tendo qualquer dos defeitos acima
mencionados se chamo Rales, os quaes tambm
se pe em papeis, e ss ato , levantando huma da

pn*

( 199 )
pontas do papel , que cobre a ponta do po , a qual
se chama cartuxo.
Hum official pe diante de si huma folha
de papel azul : pe-lhe por cima hum po, deixando ficar sobras no papel t medidas pela altura da
cabea do po , da ametade do seu comprimento ,
de maneira que a base corresponda ao meio da folha de papel ; e depois se cobre o po : elle
apoia na parte do papel, que sobeja do po, para
o aproximar base , e tendo chegado pelo mesmo
modo os dous lados , bate a base do po coberto
sobre a meza, para applainar todas as dobras.
Nada mais falta, para.se fazer do que cobrir
a cabea com huma ponta, a que chamo capuz ,
ou capello. Para o fazer, o official pe diante de
si em diagonal meia folha de papel azul ; e por
cima outra meia folha de papel branco , para embaraar , que a cr do papel no manche o Assucar. Pe a cabea do po , que est coberta pela
base , sobre hum dos ngulos da meia folha que
deve fazer o capuz , frina huma ponta que haja
de cobrir a ponta aguda : finalmente volta o papel , que excede o po , como a extremidade de
hum capuz, e lhe d por cima huma pancada com
a mo, para lhe machucar esta parte , ou ponta.
Para atar os pes
o official rodeia a extremidade da corda pelo dedo index da sua mo direita , coin a qual apanha a ponta do po , inclinan-

( soo )
nando a hum pouco. Passa com a mo esquerda a
corda por baixo da base do po, e com a mesma
mo a conduz para a ponta : e passando-a ainda
por baixo da base , frma huma cruz. Acaba , fazendo-a aparar
e dando hum n com a outra
ponta da corda , que tinha enrodilhada no dedo.
Empapellados
e prezos os pes , esto em
termos de se entregai em aos Negociantes. Arrumo-se por espcie nas casas, Apezar de sei em seccos os armazns , os pes fico com maior pezo
do que antes tinho , quando sahro da estufa ; e
os que vendem a mido para receberem maior lucro pelo pezo , guardo o seu Assucar nas lages
assz hmidas.
O Assucar real sepe do mesmo modo, que
o outro em papeis menos o cobrir-se com papel
fino violete ' e que se forra por dentro com papel
branco , assim no fundo ou base, como na ponta. Os Refinadores ompro o seu papel em resmas das fabricas , o que faz que conservem muitos
trabalhadores, o que he hum grande beneficio para
as Provincias
em que ellas se acho estabelecidas. Julgo que a razo de se cobrir o Assucar com
papel azul he para qui a cr deste faa parecer
o Assucar mais branco. Acontece algumas vezes,
quando se transpo ta , que o azul do papel se pega
sobre o Assucar, Para se prevenir este inconveniente , e conservar-se a alvura dos Assucares finos'
se

(lOI

se forra o papel azul com o branco , principalmente na ponta , por ser esta a parte , que mais
o dinariamente se examina
quando se compra o
A-sucar. Alm de que como se vende o papel ,
e a corda com o Asuicar no se tem motivo algum;
para se poupar.
Estando os pes vendidos, se pe em huma
grande balana hum grande cesto , cheio todo de
pes d'Assucar > para os pezar todos por junto , e
ao depois se arrumo em grandes toneis. Para isto lhe entra hum homem dentro, e pe a extremidade grossa para baixo, e lhe frma desta sorte a primeira carreira ou camada: na segunda lhe
pe as pontas para baixo , e caminha sobre os fundos para que fiquem os pes bem apertados, huns
com os outros. Estando o tonei cheio at a boca ,
sahe para fora
e salta em terra , e sobe sobre
hum e-cabello, ou estrado, e o acaba dVncher ,
conservando sempre a mesma ordem , com que
principiou. Apezar disto , quando n?.o cabem no
tonei trs ordens de pes com a grossa extremidade para baixo , o que se chama trs alturas , ento ss acama ou delta a terceira ordem
o que
em termos de refinaria se chama fazer huma roseta. Estando o tonei cheio , se tampa e se lhe prega hum arco de ferro em o jabre
e ento fica
o Assucar em .termos de ser transportado por cariocas, ou barcos ao lugar do seu destino.
Das

202

Das escumas , e modo de tirar o melado.


Disse, na clarificao do Assucar, que as es
cumas se lanavo em huma tina, ou caldeira movente. Disse mais , que estas escumas continho
muito bom melado , e que podio ainda formar
muito bom gro. Do se alguns Refnadores, que
no cozem ; ou , na sua linguagem , que no apuro as suas escumas, seno tendo junto huma grande quantidade *, mas outros as cozem , assim que as
vo ajuntando , tendo unicamente para este trabalho huma caldeira determinada. Eu louvo muito
esta prtica; porque o gro se perde , proporo
que o melado se vai azedando , ou fermentando.
Tem-se huma caldeira , posta sobre huma forsralha, como qualquer , das que se destino a cozer o Assucar ; ou a clarifcallo. Pe-se sobre a escarpa duas pontas de barrotes
nas quaes se p5e
lium cesto , e neste huma bola de paano forte
de Guibray. Trazem as escumas nas celhas de donde as tiro com huma colher - e as lano n'huina
caldeira a clarificar. Deitosa lhe algumas celhas
d'agua de cal : accende-se o fogo debaixo desta
caldeira , e com hum mexedor se misturo bem
estas escumas com a gua de cal.
Apparecendo as escumas bem desfeitas n'agua,
se Iano na bola, e e que houver mais lquido
cor-

( aoi )
correr na caldeira. Mas como ficaria ainda nuitaycalda nas escumas se dobro sobre ellas as bordas
da bola , as quaes antes estavo voltadas sobre as
bordas exteriores do cesto, e se pe sobre a bola uo cesto o redondo para as escumas, o que
se faz de muitas taboas seguras por barras com duas
azelhas de cordas.
'
Carrega se o redondo de muitos pezos : o que
frma huma espcie de prensa , que obriga a calda a sahir das escumas. Estando ellas bem esgotadas , se accende o fogo debaixo da caldeira
para
dar a calda huma certa consistncia , ou gro de
cozimento, que no basta, para tomar ponto, ou
fazer prova. Contento-se com concentrar ; porque no se deve por esta calda nas frmas. Misturo se com os mascavados , assim como as outras
caldas finas ; para serem clarificadas , ao depois de
cozida-i, como temos explicado ; porque a calda tirada das escumas he menos gorda que as outras
todas.
Para se saber se a calda est em ponto ou
assz cosida , o que quer dizer se as escumas esto bem , ou quanto basta , concentradas se mergulha a eseumadeira na calda , e pondo-a ao depois
sobre o gu.ue . ou corte , a toalha . que faz a calda , cahindo, deve ser interrompida
ou quebrada
aos poucos.
Pde ser, que no se clarifiquem , o que muitas
ve-

( ao4 )
rezes acontece, as escumas , quando se cozem,
neste caso se ponha a sua calda em bacias para
se vasarem em potes grandes em que se guardem,
at que haja occasio de se clarificarem mascavados
brancos , ou pardos.
Clarificando se mascavados muito escuros, ai
escumas so gordas, e neste caso , em lugar de pr
o melasso no Assucar , se pe nas formas, e se
trata, como os bastardos.
Do trabalho dos melassos,
Disse que , tendo-se deixado os melassos purgar se mudavo dos potes, e que os primeiros
melassos ero vermelhos, e menos prprios a darem o gro que , os que cotrio a depois de se
terem mudado : estes so bons para entrar no Assucar
sem alguma preparao. Os mais finos , e os melhores
de todos os melassos so os que se purgo nos
potes , ao depois de se terem barrado. Estes quasi que unicamente so o mesmo Assucar derretido.
E assim os melassos finos devem sem outra preparao , entrar nas caldeiras com os mascavados
brancos cue se vo purificar. As preparaes, de
que himos a fallar
s dizem respeito aos primeiros.
Tendo-se junto huma suficiente quantidade-,
no tendo as caldeiras as suas bordadura, se pe
duas

20{

duas travessas de madeira sobre as escarpas, e se


lhe despejo os potes cheios de melasso at que
as caldeiras se encho at o meio. Lano-se quasi trs baldes de gua de cal era cima de dezoito
potes cheios de melasso , bem entendido que todas
estas propores vario, segundo a qualidade do
melasso. Quanto mais for louro, e espesso . tanto
mais gua de cal necessita. Accende se lhe o fogo , e no se lhe lana sangue para o clarificar ,
mas se coze at a prova. Neste cozimento se levanta muito a fervura , e he preciso mexello continuadamente, para impedir que com a fervura ,
se no derrame por fora das caldeiras.
Os obreiros imaginaro huin meio, bem simples , e muito engenhoso de poupar esta fadiga S
pe no melasso de que se faz a reduco , huma forma,
de bastardo quebrada pela ponta. Esta forma pelo seu
pezo cabe no fundo da caldeira , e fica posta direita sobre o seu fundo. A ponta do cone trunca
do deve ficar mais alta, que o -nvel do melasso,
cinco a seis pollegadas. Levanta-se a fervura no seu
interior , e sahe , como por huma fonte de repuxq,
pej[a abertura do alto. Esta fonte se espalha toda
em roda e recahe no melasso , do qual abate a
fervura precisamente, como se se lhe derramasse gua
quente de continuo no melasso , de maneira que.
com este artificio fico os obreiros dispensados de
s fazerem trabalhar continuamente com o mexedor.

< 206 )
dor. Fazem maior uso destas formas nas escumas;
porque esttlfo muito , quando se concentro , do
que nos melassos , que se cozem para os pr nas
formas dos bastardos.

Convm advertir que


fazendo se bastardos,
se no satisfazem de cozer os melassos unicamente na caldeira de cozer; pois o trabalho iria
muito mais lentamente ; mas, ao mesmo tempo,
se cozem nas duas caldeiras, assim na de cozer,
como na de clarificar. Isto se faz , podendo-se. n'
hum dia encher seis caldeiras na casa d' encher.
Em quanto o melasso se coze
se lhe prepro
cinco
ou seis caldeiras moventes no lugar, que
precede ao d'encher , ou neste mesmo; e , tendo o melasso chegado ao seu ponto de cozimento, se transporta para as caldeiras , distribuindo o' nas seis, o
qe se chama fizer redondo. Tendo-se desta maneira despejado as Caldeiras de cozer , se sobro melassos , fazem outro cozimento , e para outro redondo se transporta o melasso para as mesmas caldeiras , o que se continua at se encherem as seis
caldeira*.
Estando as seis caldeiras do enchimento cheias,
se' enchem as grandes forinas dos bastardos , que
se tem "tapadas - e postas na casa de encher; mas
atnda se enchei estas formas para redondas, despejando-se somente em cada forma quasi a sexta
patt', do que se ac;t>a- m. cada bac** partqu haja

(o7 )
ja em cada huma das formas melasso de cada hama das seis caldeiras. Deixo se as formas com as
suas rolhas por duas , ou trs vezes vinte e quatro horas.
Passado este repouso , hum obreiro , tomando
huma forma destas com ambos os braos , a levanta , e dando huma pancada no joelho, a leva adiante , mas como elle tem tido a precauo de dar
com o p na extremidade da rolha : esta se arranca logo , levantando ainda a forma , e dando outra
pancada do modo acima, transporta a ponta sobre
huma rodiiha, e passndo-lhe por dentro huma la-,
vanca , dous obreiros pem esta nos seus hombros#
e levo a forma a hum traas que correspondeu**
casa de purgar j onde a fazem sobir: logo a pirt
sobre hum estrado . para a furar com hum furado
de po rijo.
i"-/
Pem-se por baixo da ponta da forma hum
balde ou celha , que ter.ha gua , para haver de receber o pouco melasso que corre e para que abi
possa molhar o cravador, para que mais facilmente
oossa entrar na cabea do po porque , ao depois
deter inettido o cravador huma certa quantidade,
je retira , se molha n' gua do balde , e se crava de>
novo, o que se repete varias vezes, por ser preciso que o cravador entre pela forma oito, ou det
pollegadas, e molhando-se o cravador, se humedece alguma cousa o gro , o que facilita a entrad

( aos )
da do cravador , e obriga o melasso a correr no
pote.
;**, Pe-se as peas bastardas nos seus potes para purgarem o seu melasso , por quasi quinze dias}
e depois se mudo , e se pe as peas sem formar leitos, contentando-se com pollas ao nivel, e
para isto se procuro potes de differentes alturas,
para que em toda a casa de purgar - a superfcie da*
formas esteja igual ; porque , como ellas so fortes , se pe. taboas por cima que sustentem hum
obreiso , que estando de joelhos, faa os fundos com
huma trolha, e as cubra de barro menos carregado de gua do que para os Assucar es finos, para
que a gua , que escorre do barro leve menos quantidade de gro , que he gordo, e tenro.
Refresco-se estes bastardos huma
ou duas
vezes, conforme se julgar , que he necessrio ao
gro. Estando o barro secco, se tira fora, e apesar disto , se deixo os bastardos purgar por dous,
ou trs mezes. A balo-se de tempos em tempos,
para examinar - em que estado se acho os pes,
mas como estes so muito pezados , se despego
pelo barro. Se os bastardos
segundo o exame,
estiverem muito carregados de melasso , se diz, que
elles esto verdes , e se deixo ainda purgar. Se s
a cabea estiver loura , se tiro os bastardos dai
suas formas; e muitas vezes huma parte da cabea "fica em a forma ; mas quer isto acontea, ou
no,

( 209 )
nao , se corta com huma faca tqdo, o que for
ruivo ; e se ajunta com as cabeas, para se recozerein como diremos. Pem-se o testo em caldeiras de clarificar com o Assucar bruto , ou mascavo branco.
Paia se tirarem as cabeas, que ficaro nas formas , se pem estas com o fundo para baixo, sobre o Assucar bruto , cortado pela faca : passa-se
pelo buraco da cabea hum cravador de ferro , e ,
voltando-se circularmente o cravador, o Assucar - que
tinha ficado na cabea cahe: pem-se no mesmo
lugar outra forma : obra-se com o cravador do mesmo modo, e tendo-se junto huma quantidade de
cabeas, se fazem derreter , como vou explicar.
Mvthodo de derreter as cabeas.
Levo-se as cabeas, e o Assucar , que se cortaro com a faca, para huma caldeira assentada: ajunta-se-lhe hum pouco d'gua de cal ,.unicamente a
quantidade precisa para lhe derreter o gro, accende-se algum fogo , para lhe facilitar o derretimento na gua de cal j move-se e mexe-se bem o Assucar com a gua de cal. No se acaba o cozimento ; mas quando o Assucar est bem quente,
se leva em huma coadeira, estabelecida em huma
caldeira rolante , e com hum . mexedor . se quebra
os pedaos do Assucar , no derretido , para o faT. I. P. II,
O
zer

210

zer cahir na caldeira. Estando tudo isto ft, s<


tira a coadeira , e se move ainda na caldeira , para acabar de desfazer o gro. Em quanto o Assu
car est quente , se enchem as formas de bastardo:
esfriando estas, se destapo e se deixa correr o
melasso , e em lugar de os barrar . como nos bastardos se descem para huma adega ou cava asss esquentada, para fazer o melasso mais fluido;
e o gro , que resta nas fo mas, se pem com o
Assucar bruto , e mascavos brancos em as caldeiras de clarificar. A isto chamo fundidos, ou edeas fundidas', derretidas.
Sabe-se que o melasso purgado primeiro, de
toda a sorte de formas , e de Assucares he mais
gordo, ou unctuoso e menos disposto a dar gro
que aquelles , que escorrem depois. Ora os segundos , e ainda os primeiros melassos que correm
dos bastardos de que acabamos de fallar; se cozem do mesmo modo que os melassos de que se
fazem os bastardos. Pem-se tambm nas formas sem
as barrar e o gro , que delles provm , se chama
Vergasse. Tendo purgado este gro o seu melasso,
se torna a dissolver ou a derreter, como se vio
acima , para as cabeas } e ento chamo a estas peas , derretidos de Vergesses , como se chamo os
outras derretidos de cabeas. Barro-se estes derretidos de Vergesses } e o Assucar que elle rende,
entra nos finos.
Quau-

(-211)

Quando os Vergesses j no s bons ; e qu$


elles do mal o seu melasso, se torno a derreter
de novo, como as cabeas dos bastardos com hu
ma pouca d' gua de cal e a hum calor brando.
Estes Vergesses assim refundidos , se chamo Verpuntes, que se fundem , ou derretem, tendo purgado o seu melasso
e elles so conjunclamente
com os Vergesses , os que se chamo fundidos dos
Vergesses. Ordinariamente s se envio Hollanda,
os mellassos de Vergesse de Verpunte , e fundidos
de Vergesses no cobertos. Todos os outros se recozem , para se lhe tirar nas refinarias todo o partido possvel. He verdade que, sendo caras as bar-t
ricas de melasso , se tira grande proveito de mandar a Hollanda os primeiros, que vem dos bastardos , antes que elle-; sejo barrados ; mas no se
pratica nas refinarias do interior do Reino.
As de Nantes Arrochella, e Marselha, sendolhes fcil embarcallo, podem tirar vantagem % mas
como em Orleans he preciso enviar os melassos a
Nantes pagar as carroas , a diminuio , a commisso , no lugar do embarque ; com tantas outras,
despezas que reduzem o proveito a cousa nenhuma , por isso he mais vantajoso trabalhallo , e tirar-lhe todo o gro.
A respeito (das batbotas (*) que fazem a parte
O ii
mais
(*) Mascavados mui carregados de mellassos, qa
preciso de trabalhos particulares.

( 212 )

fnas gorda dos Assucares brutos, se derrete este


mascavado baixo , como se fundem as cabeas dos
bastardos separadamente
ou com estas cabeas.
Pem-se nas formas, para purgarem o seu melasso.
Barro-se ao depois como os bastardos
e entrSo
no Assucar fino. Os seus primeiros e segundos melassos , cobertos oU no , entro nos bastardos, como dissemos.
Acaba se de dizer que os primeiros, e segundos melassos dos bastardos servem a fazer Vergesses que se cozem do mesmo modo , que se corem
os bastardos. Com tudo os Vercesses tem algumas
manobras, que seno fazem nos bastardos, porque
o melasso das Vergesses he mais unctuoso, roaise;pesso, e menos cheio de gro, que o dos bastardos.
E assim
querendo-se fazer huma cozida de
Vergesses - se escolhem as melhores formas, porque tomando as rachadas
custando formar-se o
gro em o melasso da Vergessc, que se conserva
liquido por muito tempo , se verteria pelas fendas
da forma , e tudo se viria a perder.
Pela mesma razo se haja de pr. no fundo de cada forma, quando posta na casa d'encher,
a grossura de quatro ou cinco dedos d''Assucar bastardo , que tenha passado pela estufa , e que se tenha tapado.
Calca-se o Assucar em p na cabea da forma ,,

(l)
hia com hum pilo de madeira, pira reter o melasso na forma , at ter-se formado o gro, e quando se movem estes Vergesses na casa d* encher, o
que somente se faz huinavez, se acautelle o tirar
o Assucar do bastardo com a ponta da faca , de que
se servio para o mover. Demais conservo se estas
pecas por muitos dias , para dar tempo ao melasso
d se firmar e quando se descer em a cava para
se fazer purgar o sei melasso , se pem por baixo das formas, okide o melaSso parece hum pouco
sumido hum pedao de panno claro qu* se chama hum leque para suster o melasso , e embaraar
a que haja de correr promptamente.
Finalmente quando se faro estas peas
se
servem de huma sovellai, e no da cavilha , para
que o melasso purgue de vagar porque algumas
vezes acontece qe todo elle corre no pote. He
ptecis que1 se phha este Vergesse em hum lugar
quente , para conservar este melasso em huma certa- fluidez , que lbe permitta correr ; por ser de sua
natureza espesso', e viscoso. E por esta razo 'se-conserva em as cavas, onde se tem estas formas, hum
contnuo fogo de carvo d madeira. Eu confess,
diz IYI. Du Hamel que eu no 'me sahiria bem
desta parte do Refinador - se no fosse expressamente soceorrido pelos Refinadores d' Orleans neste ponto. Entretanto ainda se do outras manobras
delicadas, para se tirar todo partido possvel dos

ytr-

( 314 )
Vergesses.' Vendo-se trabalhar
se comprehendern
facilmente , mas para se explicar com clareza so
muito diffieultosas. Parece que os Refinadores se fazem disto hum segredo , mas no ha quem o no
saiba.
He necessrio advertir que o trabalho de refinar , varia muito -,' segundo as, differentes Refinarias mas o que acabamos de dizer a este respeito , bastar para guiar aos empreiteiros deste trabalho , e, fazendo alguns ensaios . podero encontrar
novas practicas teis mas que se apartaro muito
pouco das que acabamos de descrever. O primeiro
melasso, que corre dos Vergesses,, s, he bom para,
fazer aguaardente ou tafia. Pem se em barris, e
se manda para Hollanda ,. por ser prohibido fazerse desta aguaardente em Frana. Esta prohibio
causa muito prejuzo aos,Refinadores Francezes. Os
Mdicos, que foro consultados pela Corte , no hesitaro responder com muita leveza^: que estas guasa,'dentes mais acres , que, as de vinho , ero corcosivas, e contrarias sade, Terio sido mais exactos .<se dissessem : que ellas ero desagradveis, e
mal distilladas, mas hum bom Chymico no se embaraaria de fazer do melasso aguaardente isenta
deste defeito que s. nasce da parte unctuosa , ou
gorda do melasso , que se "queima na distillao.
Este grosso melasso
ainda contm Assucar,
mas custaria muito tirallo, Ora a f i m , de que nada

T j )
da falte ao desejo . acerca da fabrica do Assucar ,
passo a dar outras practicas, que me foro comn:unicadas por hum sujeito muito instrudo nesta
arte, e que as practicava , quando os mascavados,
que lhe vinho commettidos das Ilhas, estavo mui
carregados de melasso.
Do Assucar Real.
Para se fazer Assucar Real , que he o mais
branco , e mais transparente , se escolho os mascavos brancos que so as vezes de belssimo Assucar socado. Pem-se a clarificar nas caldeiras , a refinar com huma gua de.cal mui dbil , para que
q gro seno avermelhe. Alguns lhe accrescento alguma pedra hume.
Clarifica-se este bello melasso , com hum pouco de sangue e se passa pelo coador, o que se
repete muitas vezes. Coze se hum pouco abaixo da
prova , para que s haja aquelle gro, que est
mais.disposto a crystaliisar-se , que forme o po ,
e o melasso se purgue abundantemente no pote.
Fazem-se os fundos com Assucar superno
e, se barrea , como ordinariamente se faz. Estas operaes causo muito descahimento , ou quebra, mas
s se perde o cozimento, os melassos volto a entrar nos Assucares de grossos pes. Finalmente he
bpn que estes pes sejo bem seccos , antes de os
po-

(2id)
porem nas estufas, onde se pem longe do fogo,
para evitar o maior calor da estufa.
No se tendo bons mascavos brancos, para se
fazer o Assucar Real, se vem na preciso de socar
bom Assuca^ refinado, ou tambm se refino matrias ordinrias , pem-se nas formas
e se deixa
purgar o primeiro melasso; e se cobrem de barro.
Estando os pes quasi brancos se tiro das formas,
corto-se-lhes as cabeas , onde tiver alguma cousa
de ruivot lano-se na caldeira as massas, que estiverem perfeitamente apuradas do melasso ruivo.
Clarifica-se este bello Assucar
concentra-se pelo7
cozimento, e trata-se esta bella matria , como o
explicamos acima. Es-aqui continua M. Du Hamel
tudo quanto pude aprender acerca do Assucar Real,
no querendo os Refinadores dizer-todos os detalhes da practica, que elles seguem , sendo que MM'
Vandebergue fazem em Orleans Assucar Real muito melhor - que o que nos vem de fora.
Qualidades que deve ler o Assacar refinado.
A belleza do Assucar refinado , e posto em
po consiste na sua alvura, junto pequenhet d<*
seu gro , que deve fazer a superfcie dos pesr
igual e unida. Finalmente, este Assucar deve se?
secco , sonoro , duro e hum pouco transparente f;
Tendo-se lembrana, do que temos dito sob*
)

(-117

o trabalho do Assucar , se conhecer qe ha no


nielasso partculas de sal essencial , que tem muito maior disposio a crystallisarem-se-que as outra?,
pois sendo sempre hum-pouco gordas fazem hum
gro menos duro , menos branco e menos transpaiente. Estas partes pois, que so mais prprias a
crystallisarem-se so
as que formo o Assucar
Real; e o superfno : he por tanto necessrio tirar-se partido das demais , salvo a vender-se mais
barato o Assucar menos perfeito, que ellas do.
Por1 este fim se fazem os seus pes grossos, mas
he bom estar prevenido a respeito disto' mesmo
que fazendo-se em grandes formas o Asucar refinado , como para o superfno , seria to bom como
o Assucar Real mas tem prevalecido o uso de se
preferirem as formas pequenas. Pensa-se que o Assucar deve ser tanto melhor - quanto mais pequenos forem os pes ; e por esta causa , effectivament e , os Refinadores fazem es pes pequenos com a
sua mais bella matria.
Os Assucares super finos foro conhecidos em
Frana mui poucos annos. Antes entrava esta sorte d'Assucar es vindos de Hollanda , para a uxaria
do R e i , e das pessoas opulentas. MM. Vandeberge,
tiraro este ramo de commercio Hollanda, e enriquecero o interior do Reino. Tambm foro el- :
ks , os que imaginaro pr o Assucar barrado sokre os pes, barrando-os. Este objecto deo lugar a*
hum

(*i8 )
hum forte consummo de mascavos brancos , e a
hum maior uso do barro nas Ilhas. Os direitos do
Rei se augmentro.
Se em qualquer Refinaria seno quizesse fazer
mais do que Assucar superfno , ou Real, se experimentaria muita quebra : porque seria necessrio reduzir-se em melasso todo o gr, que temos dito
ter menor disposio a crystallisar se , e por esta razo , todo o gro tirado dos melassos, seria intil,
Para se aproveitar tudo , quanto for possvel, he
preciso que se faco Assucar es communs. lem o
resultado vantajoso , de ser procurado pelas pessoas
menos opulentas, em melhor preo : e os Assucares
menos perfeitos , tem a vantagem de adoearem mais,
que os outros.
Parece que o melasso he quem faz a doura do
Assucar. Como,todas as espcies d" Assucar contm
melasso , todas tem doura , e assim as que tem
mais.melasso , tem mais doce que as outras. Ora
como todas as fundies e lexivias tem por fim
separar os -melassos , segue-se que o groficartanto
menos doce , quanto mais for clarificado- E assim
se tem huma dobrada economia , quando se compra
hum .Assucar menos branco, que de ordinrio se
faz em pes grandes ; custa menos
e assucra
mais.
. Pde-se por conseqncia reduzir o Assucar,
que se vende nas Refinarias , a trs espcies,
a sa-*

( 2'9 )

a saber- i. o dous o pequeno dous, o trs


o quatro, e o sete . que se noineo todos Assucar ordinrio e que todo se embrulha em papel
azul. 2. 0 o superfno , que se pem em papel violete. }. finalmente o Assucar Real que se pem
em papel violete , mais fino que o do superfno.
He certo que se poderia faier superfno e ainda o
Real em grandes formas. Fazem raras vezes Assucar Real. O Assucar superfno tem substitudo , e
excedido tambm o Real de Hollanda.
.;- Este Assucar custa muito caro em razo do
seu fabrico , por causa da nimia alvura. Deve ser
de tal sorte transparente que , pondo se luz do
Sol, se perceba a sombra dos dedos nos pes mais
grossos. O superfno deve tambm ter alguma cousa desta perfeio.
A respeito dos bastardos , dos-Vejgesses, dos
fundidos da cabea , so todos Assucares -imperfeitos , que somente se vendem- ao depois de refinados , como acontece aos Assucaresbrutos -, aos mas*
cavos brancos.
Do Assucar tapado.
Em Marselha se faz hum Assucar , a que cha-mo tapada, que tem a alvura, do Assucar Real.
Conforme as noes., que. eu pude adquirir acerca,
deste Assucar, he feito do Assucar escolhido entre os bons bastardos, que seno deixo seccar de
to-

220

todo nas estufas. Pulverisa-se , e se passa por peJ


neiras de seda , ou finas : ao depois se enchem com
Assucar em p , formas, que sahem de estar d*
infuso em gua muito limpa. Escrevem de Marselha ser preciso , que a forma seja de cobre, Se
assim he convm que seja muito bem estanhadaj
porque ficando muito tempo o Assucar nas formas,
poderia contrahir o gosto do cobre , ou do verdete.
Calca se este Assucar differentes vezes, com hum
mo de pilo chata por baixo ; abalo-se os pes sobre
huma taboa , e se-Jevo na- mesma taboa estufa,
A pouca humidade , que ficou nos gros, faz
que elles se uno huns com os outros ; e aindaque estesj pes sejo feitos com Assucar refinado
ordinrio, so-to alvos , que cego, lustrosos epezados. Mas , demorando-se algum tempo , ainda que
seja muito pouco , em hum lugar, hwmido, os seus
gros ficao como dos mascavos brancos, No me
atreveria a certificar: que, o que acabo de dizer sobre o Assucar tapado , seja muito exacto; porque-,
os que o practico guardo hum grande segredo.
Mas eu estimo muito huma practica , que faz o Assucar commum to bom , como o mais refinado 5
porque se teria a vantagem de ter hum Assucar
branco mais doce . primeiro, que assucararia nuii?
e segundo, que sria menos caro.

(22i

Assacar Candi.
O Assucar Candi he o verdadeiro sal essencial das Cannas crystallisado lentamente, e em grossos crystaes. Estando o melasso bem clarificado , se
faz cozer ainda menos, do que he preciso para prova. Derrama-se em formas velhas tapadas , que se
pem em lugar fresco, Ao passo que o melasso se
esfria , frma os seus crystaes; no fim de oito para
dz dias , se levo as foi mas para a estufa e se
pem sobre hum pote , e no se destapo inteiramente , para que o melasso possa correr pouco a
pouco.
Estando as formas despejadas ou vasias e que
os crystaes do Assucar Candi esto bem seccos se
tiro as formas da estufa abrem-se para se. lhes,
tirar o Assucar que fica adherente forma, .Podem-se suspender nas formas coroas
coraes ou.
letras, que se fazem com palhas ou midos ra-?
mos d' Avelleiros. O Assucar se crystallisa sobre as;
varas , e se tiro cobertas ou vestidas dos fragmentos de crystal. Colorindo-se o melasso com a
Cochonilha
os crystaes tomaro huma leve cr,
de Ruhs, com o Anil ou ndigo . se faro hum
tanto azues &c. &c. Pde-se tambm aiomati-,
zallos com essncias de flores ou com mbar. Mas
|udo isto respeita mais aos Confeiteuos , que aos
Re-

( 222

Refinadores ; e premeditadamente , ou de propsito


no se faz nas Refinarias o Assucar Candi. Forma-se de si 'mesmo, no fundo dos potes, ou boioens,
onde s tem guardado o melasso e se arranha,
ou raspa , como temos dito, para o tornar a lanar no Assucar.
Aguaardente de melasso.
Pem-se melassos grossos , e as escumas concentradas , ou apertadas de ponto , pelo mesmo modo , que j explicmos, em huma celha com gua;
e se deve preferir para i?to a lavagem dos potes,
das formas e da que ser io de lavar as caldeiras.
Cobre-se a celha com taboas e depois de se ter
mexido ; e encorporado o melasso com a agU3, se
excita huma grande fermentao. Tira-se lhe a escuma e se esta excitar no nariz hum cheiro forte , e vinhoso se tira com huma eseumadeira: ento este liquor tendo tomado huma cr de cerveja se ponha na caldeira para distillar, como o vinho que se queima.
He preciso advertir que , como os melassos o
muito uncttiosos, ou gordos , se adherem sempre
ao interior das caldeiras ao passo que o fluido se
vai evaporando: esta poro se queima , e communica aguaardente hum cheiro muito desagradvel,
Para se evitar este inconveniente , precisa que estas

( 22J )

tas distillaes se faco em banho maria, e ter grande cuidado em fazer lavar bem as caldeiras , todas
as vezes que estas se houverem de despejar. Temse espalhado tanto o uso do Assucar , quanto a
Arte d* Assucararia he em si mesma importante:
Ella he to til to essencial s Colnias Francezas, e s Refinarias estabelecidas em Frana , que
he do nosso dever , e obrigao , ajuntar neste Diccionario os conhecimentos, que se publicaro para
estender o seu commercio, e aperfeioar o seu fabrico?

Fim de M. Da Hamel,

en-

( 224 )

Continuao de M. Dutrone.
O EjA-rtos por tanto concedido , accrescentar tambm Memria , que acabamos de descrever de AI.
Du Hamel , o Tratado de M. Dutrone de Ia Gouture sobre as Assucararias. Tocou a este Sbio Naturalista ,, o espalhar huma nova luz, sobre todos-,
os processos, muito prpria para aperfeioar, o eumo das Canoa"*. Elle ser, quem nos dicte, e ensine , o que se deve fazer- quer seja para se emendarem as practicas viciosas, quer seja para se lhe
substiturem as que forem mais comenientes; quer
seja finalmente , para que se posjo tirar das Cannas todas as vantagens possveis , pelos meios mais
seguros , mais promptos
e menos dispendiosos,
ou mais econmicos. Alem d que dando as doutrinas de M. Dutrone , sobre este assumpto, nz
Encyclopedia Methodiea
enchemos as vistas patriticas deste bom , e til Cidado , e as de toda
a Colnia de S. Domingos, que quiz generosamente prestar o seu concurso , para que se espalhasse
o seu trabalho os seus exames , e as suas experincias.
M. Dutrone observou , por tanto, que a extraco do Assucar da Canna Assucarada; e o traba.
Iho do seu umo , ou sueco exprimido , pedem huma

( "J )
ma serie d trabalhos numerosssimos , mas muito
distincts ; e para elle nos poder, fazer conhecer
Ioda a sua extenso
e poder ao mesmo tempo
dar-nos huma ida muito , e>acta , divide o seu
trabalho em quatro partes priricipaes, que se vo
expor successiva e ordenadamente, A primeira parte deste trabalho conhece como seu objecto ,
colheita, e expresso da Canna assucarada. .A segunda se refere ao trabalho do sueco espremido. A
terceira abraa todas as operaes , pertencentes
extraco do: seu sal essencial. A quarta finalmente,
tem por objecto a fermentao e a distillao dai
guas mes chamadas mellassos ou xaropes amargos.
Da Colheita, e espre \sp da Canna assuearadai
As Ganhas cortadas pelos. negros, negras , se*
ato ento em feixes para se trazerem para 6
Engenho com facilidade. As dos morros se condui
zem s costas de bestas. As dos planos s acarretadas em pequenos carros, ,ou paviolas; puxados po
bois ou-mulas e lanadas junto do Engenho era
hum lugar cercado, a que chamo pur a eanne,
(no Brazil picadeiro).
Do o nome de Motilint (no Erazil Engenhos")
s mquinas , de que se valem , para a espresso do1
icco das Cannas. Estas mquinas, se formo prinT. I. P. II,
E
i-

C 7 )
ra poderem ser espremidas, pela segunda vez, na
linha da maior apprcximo destes dous cylindro
(et vice versa , o cylindio do meio , volta da esquerda direita.)
Tendo passado por estas duas esprese*
Canna .volta a apparecer na primeira face toda desorganisada , e j privada dos seus suecos. Os sUccoS,
produetos da primeira., e da segunda expresso, cabem na mez, e misturando-se no canal, aberto
em huma das suas extremidades correm para os
tanques ( parol do frio ) , chamados bacias do sueca
espremido. De ordinrio se do duas. destas bacias,
e se pem na mesma Assucararia , oti em alguma
das casas adjacentes ao Engenho. No entrarei em
huma exposio minuciosa, ou relao detalhada a
respeito, destes moinhos, ou mquinas ; somente
diremos , que as potncias qe lhes promovem o
seu movimento , ou so bestas, ou gua, ou ar*
Nas nossas Colnias , so unicamente bestas e guas"
as empregadas. Mas nas Colnias Inglezas, onde ha
ventos regulares e constantes , tambm se do alguns destes moinhos de vento At agora no termos applcado o calor, como hUrfia potncia iirr
tnediata, se bem os AA. da boiiba de fogo aEr-no, que seria huma cousa mu:o fcil.
As mquinas A ssucareiras , contempladas errt
fazSo da potncia > qe as move se dividem entre* , pelo nome desta ^potncia. As d'gua , so a
Um
t ii
mais

( t )
mais 'commodas e menos. dispendiosas. As pretu
fazem o servio do Engenho , mas so ajudadas pelos negros buaes e pouco inteligentes, porm robustos. Encarrega se a hum preto , o ser feitor deste
trabalho o que quer dizer, espreitallo e dirigilo. Cornfc-se por lavar as moendas ou cylindros,
a meza a bica , que conduz o sueco espremido
(guarapa no Brazil), e os tanques (paroe) que o
recebem. : Cada hum deve ter assignarado o posto,
em que deve servir conforme a sua capacidade d'
inteUignci, e foras.
Lev-s as Cannas do picadeiro ao Engenho,
e se pem junto sua meza donde as pretas que
olh primeira face do.Enoenlro . as introdazem ,
ou mettem entre as moendas. Ao depois de tererri
passado para a face opposta , so tomadas, e obrigadas de novo
a repassar por huma
ou duas
pretas.
Tendo decorrido huma vintenna de annos,.se
adaptou a estas mquinas
na sua seeunoa face-,
outra mquina chamada a -dobradeira ( doableuse') ,
que serve de obrigar a Canna a repassar, ou a passar segunda vez sem necessidade de algum. Esta mquina economisa o servio d' huma, ou duas
pretas.
<.
Tem-se hum preto velho, empregado em apanhar os pedaos das Cannas ;. que cahem; em cirna
da meza , para no embaraqar'. *.entupindo o canal

( 329 )
nal por onde corre a guarapa , que ella va ao
parol.
A' Canna , depois de ser espremida por duas
vezes, adquire o nome de bagao. Ato-se em grandes feixes , e se levo para- os. ranchos ou aipendradas, a que chamo bagaceiras casas do bagao. Nesta casa se arranjo cuidadosamente ,, de
sorte que elles posso Seccar para haverem de ser\ir de pabulo ou cevo combustvel s fornalhas.
Algumas fico to esmagadas, e reduzidas a tantos estilhassos , que se carreso em cestos ou jacaies.
N.-s \arzeas ou plancies em que as chuvas
no so to repetidas , se pem ao ar em grandes
pilhas , ou montes.
As mquinas movidas por bestas exibem hum
servio maior - relativamente sua potncia motrice , do que aquellas que so movidas pelas 'guas.
Para se applicar esta potncia, (as bestas) basta
duas alavancas, (almanjarras) que passem horisontalmente pelo centro do eixo docylmdro do mejo.
As bestas que se apolico a este trabalho,
ou so bois, ou mulas. Mas os de bois s ha em
Martinica e no em S. Domingos. O servio desates animaes he muito vagaroso, e no corresponde de sorte alguma i actividade do cultivador e fazendeiro desta Colnia. Mas , para o servio do Engenho de bestas, he preciso huma tropa , cuja fora se proporcione quantidade de Cannas, que se
per-

( 2JO )

pertende moer , e raras vezes esta quantidade he,


quanta baste. Dividem-se por tiros de trs bestas,
cada hum dos tiros se emprega de cada vez , hum
em cada alavanca (jilmanjarra') por huma hora , ou
duas continuadas a que chamo quarto. Todos os
tiros fazem o seu quarto successivamente. Occupose dous , ou trs escravos, em tratar dos animaes,
e em ajuntajlos em hum lugar - a que chamo pore
das bestas situado perto do Engenho , para que
se tenha no tempo que for preciso. Hum crioulinho
guia o tiro das bestas em cada alavanca- Estas moendas esto postas em huma casa a que chamo,
casa de moer. Muitas de bestas so descobertas.
Dos meios que se emprego no trabalho dos tucctt
espremidos, ou Canna molda.
Pela necessidade, que se tem , de se applicar
no sueco espremido a aco do calor - se emprego
fornalhas de diversa construco e feitio, e caldeiras de natureza e formas differentes. Aqui s fatiaremos das fornalhas , que servem para as caldeiras de ferro , e destas caldeiras, cujo uso he geralmente recebido nas nossas Colnias, havero sessenta annos. Foro os Hollandezes os primeiros, que
as levaro de ferro fundido ao novo mundo, e que
Usaro dellas imitao dos moradores da Ilha de
Java que segundo a relao de Rumphio, se servio dellas ha mais d' hum Sculo.

C*n )
Para expor melhor o ajuntamento de trabalhos , que requer o sueco espremido, para se lhe
extrahir o sal essencial, descreveremos a disposio
interna e externa dos edifcios construdos a este
fim. Estes se dividem em duas partes, huma interna a que chamo Assucararia -. e a outra externa,
a que chamo Galeria dos fornos. A sua disposio he de tal sorte , que o servio d' huma e outra , he totalmente separado. Os fornos se situo
n'Assucararia de huma maneira tal , que o servio
em razo ao cinzeiro, e ao fogo he todo exterior.
Costumo assentallos na parede , que divide a Assucararia da galeria , e esta* parede concorre a formar huma das suas paredes lateraes. As aberturas
do cinzeiro, e d fogo de cada forno, correspondem na galeria.
A parte superior dos foinos ( o laboratrio)
chamado vulgarmente cquipage, apresenta no interior d'Assucararia quatro, ou cinco caldeiras de ferro , cuja frma he mais ou menos oval. Estas caldeiras so sustentadas entre si por obras de pedreiro , que as levantao acima das suas bordas, conforme o seu alargamento , e formo huma escarpa
mais ou menos alta, que augmenta o seu vo ou
fundo.
A galeria dos fornos se cobre por huma meia
gua, ou guapiara. Ella he aberta por todos os lados , e corresponde a toda a extenso dos fornos,
e

(' 5 2

e abriga das injurias do ar os fbrneirs , e a lenha


precisa para o consummo das ditas fornalhas.
O servio dos fornos tem por objecto, assim
o pr-hes a lenha no seu fogo, como o transportar ou tirar lhe as cinzas do cinzeiro, por fr
da galeria. A quantidade d* escravos , que se devera
pccupar em conduzir os bagaos para os fornos,
se determina pela distancia das casas , onde estes
s amontoo", e pelo consuirimo deste aquecimento que
com as folhas da Canna chamadas palhas he o que unicamente se usa. De ordinrio se
tem dous negros em cada boca de fornalha para
o seu servio.
Em todas as Assucararias ha duas esquipaej
para o trabalho do sueco espremido da Canna. Distin<~uem-se ou pela capacidade das caldeiras, em
grande e pequena equipagem
ou pelo nmero.
Ellas so acompanhadas de huma , ou duas bacias,
qe lhes so ou prprias ou communs, e estas so
as que recebem o sueco espremido , do modo que
j dissemos. Na maior parte das Assucararias se
do dous fornos que correspondem igualmente a
g'eria e ao interior da Assucararia , hum tem duas
caldeias dispostas, como as das esquipaes para o
sueco espremido. Servem para se cozerem os melados , e se chamo do cozimento do melado. A outra unicamente tem huma grande caldeira , com
htima escarpa por cima muito alta, e alargada. Serve

(*55 )
ve para se fazerem as clarificaes , e se chama a
esquipao de chirifiear.
Cada huma destas caldeiras, que formo a esquipno do sueco espremido (guarapa') recebe o
seu prprio nome. A primeira esquipao se chama
a grande
por ser d' huma maior capacidade que
as outras. A segunda se chama a aceada . por se
depurar o sueco nesta caldeira , elevar ao seu maior*
gro de pureza , ou limpeza A terceira se chama
farol', porque aqui o refinador espera sem dvida
t u ; o caldo lhe apresente os signaes , que lhe posso dar luz sobre o gro , e proporo das lexivias,
que deve empregar.. A quarta se chama a do melado (Sirop) ou de apertar . porque a guarapa'cozida , ou calda deve nelle chegar ao seu ponto de
concentrao , o que nunca acontece. A quinta , e
ultima se chama a batedeira, ou de bater porque
a nica aco do fogo , chamada cozimento , que
recebe o caldo cozido nesta caldeira
causa algumas vezes hum estufamento to grande
que se
. faz parar - batendo fortemente a matria com huma eseumadeira.
Perto da caldeira de bater se v huma tacha
fechada em parte, pelas paredes do forno, que se
chama a resfriadeira. Para esta se passa a guarapa , ou calda j apertada no seu ponto conveniente que se tira da de bater. Perto desta de resfeiar, pu ein alguma distancia , conforme a commodi-

(-154)

didade do lugar - haver outra caldeira de resfrw,


maior que a primeira
na qual em hum instante
se despega a matria cozida , da qual a primeira se
acabou d' encher.
Na superfcie da borda da equipage , entre cada caldeira, ha huma bacia pequena , d' hum p de
dimetro com duas outras pollegadas de profundeza , onde se lano as escumas , que se recebem
por hum canal , que est posto pela borda da esquipao , e se levo grande. Perto desta grande,
est huma caldeira , que recebe as grossas escumas.
Os vasos , em que se pem o Assucar a crystallisar , so celhas grandes de po , ouformasconicas postas na Assucararia,
No momento, em que se d principio ao trabalho do Engenho se prepro os negros d'Assucararia ,. os incumbidos do servio exterior alimpo
os fornos e ajunto acendalhas na galeria. Os
Assucareiros (assim se chamo os que esto incumbidos do servio interno) lavo a esquipao, prepro a cal viva , fazem gua de cal, e huma dissoluo de alkalis ( i ) fixos, ou sejo dePotassa,
ou de Soda . que se acho no commercio j preparados para este uso , sejo finalmente cinzas de certos vegetaes, as quaes alguns sujeitos applico virtu*

( 1 ) Veja-se o I. Toma da Alographia, aue im


primi o atino passado.

(*55 )
e que per si mesmos as pre-

tudes particulares
pro.
Logo que huma bacia est cheia de sueco espremido , se despeja na grande , que se enche at
certo ponto ! pem-se ento no sueco que ella
contm , cal viva em substancia. Esta cal he , ou medida , ou pezada: tambm alguma vez se pem ao
acaso. A sua proporo deve ser relativa ao seu gro
de pureza ao estado em que esto as Cannas , que
fornecero o sueco, ou em razo do tempo, ou da
sua idade, ou do lugar em que se colhero. A
carga desta grande , estando lexiviada desta sorte
se despeja nas caldeiras que se seguem, e se reparte entre a da calda, e a do farol. A grande
carregada de no\o ao ponto determinado recebe esta quantidade de cal, que se julga conveniente
e ao depois se despeja inteiramente na aceada. Finalmente a grande , cheia pela sua medida ,
recebe a proporo de cal determinada, e ento se
comea a pr o fogo
estando a batedeiia cheia
d' gua.
A da calda e do farol sendo , depois da
de bater, as caldeiras que se aqiiento mais e mais
promptamente , as matrias feculentas se sepzro do
sueco espremido , apresento-se superfcie , e so
separadas pela eseumadeira , debaixo do nome de escumas. Logo o sueco entra em ebullio , ou fervura , ento, tiradas todas as escumas grossas ss
des-

< 256 )
despeja a de bater e se enche com., a merade do
producto
que contm a caldeira do mellado ou
calda, A este tempo , sendo conveniente , se ajunto as trs caldeiras, (de bater . do mellado , e a do
farol) ou huma poro de cai viva , ou dgua de
cal ou de dissoluo d' Alkali.
A aceada , e a grande , se aquent suecessivamente e se lhe tiro as escumas, ao passo que
ellas vem apparecendo na sua superfcie. >endo muito .rpida a evaporao, na de bater, se enche logo de todo o producto da do mellado j passa-se o
producto da do farol, pata a do mellado , e se vasa
ametade do da aceada para a do farol. Nestas duas
caldeiras (a aceada e o farol) se ajunto na correnteza do trabalho, a cal ou as dissolues alkalinis,
havendo necessidade. Finalmente a de bater se enche de novo com o producto da do mellado; o
producto da do farol se passa pra a do mellado,
o da aceada para a do farol e a aceada se enche
do producto da grande
que se vai enchendo a
seu turno novamente com a guarapa.
A de bater recebe parcialmente a carga de z,
J 4 grandes mais ou menos, conforme o gro
de riqueza, e a qualidade do sueco esprenvdo, ao
depois qus este sueco, tendo passado parcial e suecessivamente por todas as caldeiras, foi lexiviado, e
escumado tanto , quanto a disposio e ordem deste trabalho tem permittido. Tendo-se junto na d*
li-

"bater . a somma conveniente c!e mellado se continua a .-.co do fogo , para obrar o- cozimento , cujo
ponto he relativo ao projecco , ou- intento que se
tem acerca -d sal essencial. Se este no houver
de ser barrado , se traz a hum termo , de que %z
pde ter a certeza pelo dedo : termo que corres-ponde acs 94 ou 97' grdos do Thermometro de
Reamur. Projectando-se barrar este sal se faz chegar este cozimento a hum ponto menos avanado , do qual igualmente se dfc-w certificar com
dedo, e que corresponde aogrdoQO ou 9; do mesmo thermometro.
Cozido o producto da batedei a . no peno conveniente se suspende o- ,fot;o . e se despeja toda'
na primeira, resfjriadeira. Enrlie-se logo a de bater
com o producto da do mellado - torna-se a atear
fogrt, eise,iDntirirua este trabajha.ipela mesma maneira que acabamos de expor acetoa do sueco espremido , proporo que viera- vindbidat mnendas
O producto d; de bater, recebilo. na de resfrisr-y
se chama cosida.,.eu balaria* PassavJpgo a ser. despejado na segunda de resfri.tr - ou se deixa , at queS
se tenha conseguido huma < segunda batede-ra. Estar
recebe hurti pdnto de cozimento . alguma cousa
mais forte . que- o primeiro , ao qual se ajunta tudoao depois. :*ira unio chamo 'enchimento. Mistuw.
ra-se tudo com hum mexedor- e se o ponto d
cozimento tiver sido determinado , com a inteno ,
de

( 2 , )

de deixar o sal essencial no estado bruto, se leva


o enchimento para huma celha cn'e se estende, e
quasi n' hum instante se crystallisa. Enche-se esta
celha de quatro , ou cinco enchimentos successivamente que se estendem e crystalliso huns sobe
os outros.
Tendo-se inteno de barrar o S2l essencial,
sendo menos forte o ponto de cozimento a que
se leva o mellado , o enchimento se divide pelas
formas conicas, arranjadas na rasa de purgar d'Assucararia. Enchem-se estas forma--, por trs ou quatro vezes repetidas , at se encherem;
Dos meios , que se emprego para a extraco do Sol
essencial da Canna do Assucar.
Dissemos que a terceira parte do* trabalho
que requer o corte da Canna Assucarada, do seu
sueco espremido',.- re referia ao sal essencial, que
traz este sueco. E.ta terceira parte no tem somente por objiecto a crystallisao., a purgao, o
barreamento . e a dessecao do sal essencial da
Cnria , mas tambm o cozimento dos-mellados, que
dclle se sepro , e a extraco do sal, que traz
este mellado. Acabamos de vr que >p mellado cosido se pem a.crystallisar ou nas/tinas, ou celhai
nas formas conicas. As tinas feitas.de madeira , ter
i para l ps.d- comprido., e j a o d e largo4
e

( -59 )
e hum p de profundeza: de ordinrio basto trs
em huma Assucararia, para fazer crystallisar o sal
essencial bruto. As formas so vasos de barro cosidos. As que se emprego nas nossas Colnias , tem
dous ps de alto , a sua base IJ a 14 pollegadas
de dimetro. A sua ponta he penetrada de hum buraco , cujo dimetro he d' huma poliegada , que se
fecha com huma rolha, ou com hum torno.
Leva-se o sal crystallisado d'Assucararia para
humas casas particulares, a que chamo casas de purgar , onde se arranjo para que melasso se separe , e ento dizem purgar. Estas casas onde se
purga o sal essencial bruto , tem 6 a 80 ps der
comprimento, e ao a 24 de largura, to formar
das de duas partes, huma inferior - chamada bacia
ou tanque para o melasso; a outra superior,^chamada sobrado.
O tanque do melasso he huma cavidade , que
corresponde a toda extenso da casa de purgar.
Fazem-se as suas paredes, e o seu pavimento de
pedra e argamassa. Algumas vezes a sua profundeza chega a seis ps , e ainda mais , e o seu fund
tem alguma inclinao e delive , para hum dos
lados.
Cobre-se este tanque de grossas peas de pos,
redondos , ou quadrados., dispostos parallelamente , a
duas , ou trs pollegadas de distancia. Estas peas for
uao assoalho t ou sobrado, que serve de payimento

( 24 )
to casa de purgar , e que esto ao nive! da fer*
ra sem altura alguma. Pem se neste tr-boado em
p as barricas, que de*.em receber O sal essencial
para pingar. O fundo dellas he penetrado de j ru
4 buracos d' huma pollegada de dimetro , ou pouco menos. O melasso cozido ,-com que se enchero
as tinas se abandona , at que o sal essencial <e
crystallise , e esfrie a hum certo ponto , ento se
tira com ps de ferro
e se t az paa as barricas postas nas taboas da casa de purgar. Uso prllie tantas Cannas Assucarada-? , quantos so os buracos no fundo das barricas. . Estas Cannas teirr o
cbrViprimento . que basta para hirem do borato,onde se mette huma das suas extremidades, at o
fundo superior.
- O melasso
que se separa do sal essencial,
escapa pelos buracos do fundo , e pelo espao , que
deixo entre si as peas da barrica cue no so
estreitamente fechadas. Enche se a barrica totalmente e se pem de p por hum tempo mais ru
menos dilatado para dar tempo ao mela-so de se
purgar o que no acontece \i mais completairen't. As casas de purgar onde se pem o me'asso'
que se quer barrar
so edific;os n uito maiores,
qte as outras em que ?e levo a privar o sal essencial- bruto. Estes edifcios' comiTruirrrnente so*
construdos em quadrado O seu interior s divide'
erh repartimentos- por travessas de madeira. Estas?"
pe-

(41 )
peas mveis , saltem horisontalmente , d'huma das
paredes lateraes do edifcio. Guaido entre si quasi a distancia de cinco ps e a trazem parallelamente a dous ou trs ps da outra parede, sustentadas por pequenos pontaletes , em altura de deus
ps e meio.
Estes repartimentos , chamados cobanas . tem
entre si 10 a i j pollegadas de distancia , e esta
serve de passagem para o servio das formas quando se barro. O sal essencial crystallisa nas foi mas,
e tendo passado 15 at 18 horas d' estar a esfriar,
se tira da Assucararia para a casa de purgar. As
formas de que se destapa o fundo
esto postas
sobre potes proporcionados sua grandeza. Ao depois de 24 horas ,,estando j o mellasso separado
do sal essencial , e /corrido nos potes
se mudo
as formas para outros potes , e se pem com cuidado nas cabanas , para serem barradas
ou barreadas.
O barreamento tem por .objecto
tirar por
meio da gua, a poro do mellasso, que fica na
superfcie dos pequenos crystaes de sal essencial,
unidos , e aggregados em huma massa conica , que
se chama po. A este fim se une bem a base do
po, amontoando alguma cousa o sal essencial , e ao
depois se lhe lana em cima o barro desfeito na
gua em consistncia de papas. O barro faz o ofcio de huma esponja ; a gua , nelle contida , tras-

P. II. T. I,

pas-

( *4* )
;passa tanto mais lentamente , quanto elle he mais
.subtilmente desfeito. A gua,- levada pelo seu
prprio pezo
dissolve o melasso que, ficando
.mais fluido
caminha para a parte mais baixa da
forma
e corre dentro do pote , em que foi
posto.
Pode-se empregar toda a espcie do barro, seja branco . ou preto effectivamente , com tanto po.rm que se haja de preparar antes muito bem.
Secco o primeiro barro , de que se tiver coberto o
po se tira e se lhe pem hum segundo, e ao
segundo hum terceiro: este tirado, estando secco,
se deixa o po na forma por vinte dias, para que
o melasso se exce , ou. corra absolutamente, ento se tira das formas e se expem ao Sol por
algumas horas , sobre hum plano horisontal frito
de maame. Este plano, chamado escarpa, tem
20 ps de comprido , e 12 para 1 $ de largo. Tendo-se posto ao Sol este po , se mette na estufa
onde elle soffre , por 1 j dias hum gro de calor,
que lhe consome a poro d' gua , que lhe sobra
ao depois do barrado.
As estufas so certas casas ou edifcios feitos
de maame
que tem quasi 20 ps quadrados,
dos quaes o interior apresenta differentes andainas
em que se arranjo os pes. Pela parte debaixo
tem huma fornalha , cujas aberturas esto para fora. Tendo-se tid na es tufa, quanto baste, o ps

(341)
do sal essencial he soccado em grandes celhas de
po que se chamo celhas de soccar. Estas celhas
tem o comprimento de ia para j$ ps, e j 0114
de largo, e se pem em huma casa particular a
que chamo casa de soccar . ou o soccadouro e tambm na mesma casa de purgar ou purgdouro. Estando o sal soccado se pem em barricas, se torna a soccar segunda vez para o apertar mais e
por este modo passa para o commercio, com o nome de mascavado , ou de Assucar barrado. O cozimento dos melassos se conta pela terceira parte
d trabalho. As caldas , que resulto do sal essencial bruto, lanado em barricas, do modo que expozemos, tem o nome de melassos. Estes 011 so
Vendidos , ou levados casa de distillar (Rhumerie)
para se fermentarem , e distillarem.
As primeiras caldas (melassos) que correm da
formas , onde se pz sal essencial a crystallisar - para ser barrado se chamo melassos grossos; mas as
que correm no tempo, e ao depois do barreament o , se nome melassos finos. Todos os oito dias
se cozem os melassos grossos na repartio., ou
esquipao dos mellados. Est , como j ^dissemos,
se pem na Assucararia ; e algumas vezes em parte
do purgdouro , ou casa de purgar. Constantemente se compem de duas caldeiras de ferro : a primeira posta immediatamente sobre o fogo , se chama de bater (batedeira) 5 e a segunda se noma
Qii

( *44 )
a do melasso. Todas se enchem do melasso grosso,
quanto basta para hum cozimento. A carga do batedouro cozida a hum ponto de se poder certificar com o dedo e que corresponde ao termo t9
e 90 do .thermometro de Reaumur se lhe tira o
fogo para a despejar na primeira resfriadeira: enchese ento a batedeira
alm da que j tem , com
huma carga nova de melasso. O cozimento, posto
na primeira resfriadeira , se reparte pelas outras,
que esto em pequena distancia da esquipao. Continua-se este cozimento assim nos meiassos grossos,
que se reparte sempre por estas resfriadeiras, aonde se deixa , at que se estabelea , ou se deixem mostrar oomeos de crystallisao. Ento se
enchem as formas, que se tinho abandonado at
o memento , em que o sal essencial tem tomado o
estado de po. Depois desta se arranjo em potes,
para que recebo o melasso , que resuda do sal essencial. As formas , depois de purgadas , so postas
em- novos potes , e arranjadas na casa de purgar,
lugar aonde se barrea o sal essencial. Os melassos
finos se cozem e se meneo como os grossos., pouco mais ou menos. Os que provm do sal essencial extrahido dos grossos, se chamo melassos
amargos e se vendem , ou se levo casa de distillar para serem distillados , ou fermentados como os melassos.

Per-

( *4 )
Fermentao . e distillaSo dos melassos.
Os primeiros e segundos melassos amargos so
fermentados, e distillados em officinas prprias, ou
casas -particulares denominadas de distlllar. ou do
alambique. Na primeira parte destas casas se pem
de p sobre canteiros tonneis, ou coxos , que se
-chamo vasos de fermentao. Estes recebem os
melassos diludos com gua, com tal proporo,
que cheguem no areometro, ou peza liquores a 11
at 12 gros : neste estado , estes melassos tem o
nome de melassos fermentados a quem os Francezes chamo Rape. Fermentados os melassos , se lano nos alambiques, para se distillarem. O producto obtido he a gua ardente, ou cachaa , conforme
o estado do melasso , e as circunstancias, que acompanharo a sua distillao , e fermentao.

Ob-

( 240

Observaes sobre os primeiros meios empregados nas Colnias Francezas , para o trabalho do primeiro sumo da Canna , e sobre aquelles , cujo uso ainda
hoje he geralmente recebido.
X N Os primeiros tempos , em que os Francezes
trabalharo n" America o sueco da Canna, para a
extrao do sal. essencial
usa vo mais cominummente de quatro caldeiras de cobre e algumas vezes de $ , 6 , at 7 to ias de grandeza differente relativa , postas humas junto s outras na mesma direco , e cada huma sobre seu fogo particular. A
primeira entre ellas , e a maior servia para dar ao
sueco espremido o gro de calor necessrio para separar as matrias succulentas da primeira sorte, chamadas escumas. Na segunda se separavo pelo intermdio dos Alkalis as matrias feculentas da segunda sorte , chamadas matrias gordas, por terem
algumas vezes a mencionada apparencia. A terceira
servia para evaporar o caldo ou guarapa , at a consistncia do mellado. Tambm nesta caldeira se applicava a aco dos alkalis guarapa , quando se
julgava necessrio. A quarta servia de cozer a guarapa reduzida ao estado de mellado , e as que sobravo servio de supplemento segunda, c terceira,
O

(M7 )
O producto de cada caldeira , cuja capacidade se
diminua progressivamente passava totalmente da
primeira para a segunda , desta para a terceira, ,
desta para a quarta
e assim por diante , sendo
maior o nmero das caldeiras. No era permittido
despejar de huma em outra caldeira, sem ter chegado ao estado conveniente.
Como cada caldeira tenha seu fogo particular , podia-se por necessidade suspender o gro do
fogo em cada huma dellas, sem demorar , e retardar o trabalho nas outras.
Tambm era costume filtrar a guarapa , passando de huma caldeira para outra, e os filtros empregados ero feitos de teias e de l. Os alkalis
apossavo-se da matria gorda do Assucar - e o fim
do uso dos alkalis consistia em separar com maior
facilidade , e obter o Assucar mais secco. Ento reconhecia-se no sumo da Canna certa escuma , cuja
e denegrida , , huma matria gorda , A ssucar ,
melasso, e gua. Perto de 172$ se dispozero todas as caldeiras em hum s fogo , maneira dos
Inglezes. O caminho , que at ento se tinha seguido , era simples e fcil o que exigio a nova disposio das caldeiras ainda que mui difiic Ide estabelecer-se , e impossvel de executar-se , foi todavia adoptado : Porque esta disposio diminua o
grande consummo da lenha, e ei te objecto era asss importante. Ento usava-se de madeiras, e este
com-

(*4)
combustvel tornava-se de mais em mais raro ; assim por causa desta vantagem no se fez caso das
dificuldades e inconvenientes do caminho, oumethodo novo.
IEsta considerao, unida opinio estabelecida acerca do uso dos alkalis, causou obstculos muito grandes ao conhecimento do sumo espremido,
e perfeio dos meios de se lhe extrahir o sal
essencial. Djscorrco-se (a ignorncia raciocinadora lie
a

mais temvel inimiga que tem as Sciencias, e


as Artes) sobre a necessidade exclusiva das ces, o
dos alkalis conhecidos pela practica. Esforro-se em
adivinhar a razo , porque se requer o emprego destas substancias , e attribuiro existncia d' hum
cido no sueco espremido. Esta ida foi anciosamente recebida , e geralmente adoptada. Ella chegou a conseguir - por muitos annos, o titulo d'huma demonstrao , segundo a opinio de muitos
Chimicos , e principalmente de Bergman.
Posto que algum facto , ou alguma experincia no tenha demonstrado hum cido no sueco espremido , com tudo no se duvida da existncia d'
hum ser
sem o qual se cuidava ser impossvel
explicar o emprego, ou uso dos alkalis. Desde ento se vio, que no somente o emprego destas substancias era obrigado por este cido , mas tambm
Se lhe attribuiro todas as difficuldades, que apresentava o trabalho . quer pelo que pertence ao sueco
es-

( -*49 )
espremido , quer aos meios , quer m disposio
destes. Tem se olhado para este cido , como para
hum inimigo capital
a quem se deve combater.
Como se no tem conhecido outra cousa mais que
esta , de todas as dificuldades , que se apresentaro,
se pensou , no haver mais que hum nico meio
de a destruir e todas as tentativas se encaminharo a descobrllo. Alguns cuidaro encontrallo na
cal viva , outros na . Potassa , outros na Soda > outros porm mais delicados nas cinzas d'algumas plantas , outros em fim em certos saes neutros , taes
como o Alumen &c. &c. &c. Mas , muito tempo,
todos concordo , que , alm da dificuldade de se haver hum alkali prprio para neutralisar o cido do
sueco espremido
ainda se necessitava ao depois
de se ter descoberto este empregallo em quantidade conveniente para a saturao precisa do cido :
e por isso se esfriaro em procurallo e se oceupro em indagar certos signaes , que fixassem o ponto da saturao deste cido chymerico. muit
tempo este ponto serve de objecto dos votos,. e
exames dos Refinadores
Tendo-se visto , que o Assucar se acompanha
sempre d' huma poro de melasso , mais, ou menos abundante; e que este melasso no podia ser
tirado antes do seu cozimento se imaginou que ,
depois d' huma justa saturao do cido , se poderia pelo cozimento , unir todo o Assu car em hum
ag-

( 250 )
-aggregado , cujo melasso se separaria com tanta mais
facilidade , quanto mais este aggregado se tivesse
unido. Vantagem que sempre se esperou d' hum
gro de cozimento mais forte, e as dificuldades,
que houvero, em se conseguir este fim , foro imputadas ao cido, ou muito , ou muito pouco saturado.
Depois da intima persuaso da existncia de
hum cido , causa de todos os obstculos, que se
apresentaro na extraco do sal essencial da Canna do Assucar , os mais sbios Refinadores estabelecero como principio; o ser necessrio lexiviar o
sueco espremido com preciso , para lhe saturar o
cido, e cozer a guarapa a hum gro, ou ponto
muito forte , para lhe separar todo o Assucar do
melasso , e apertallo mais a si mesmo , unindo
em huma massa muito slida , e conchegada. A cega crena d' hum cido no sueco espremido , a esperana d' achar hum meio de saturar, em todas as
circunstancias este cido, causa chymerica de todas
estas dificuldades , que apresenta o trabalho actual,
occupro de tal maneira o espirito de todos os
Refinadores - que no somente no viro, nem os
vcios essencialmente aferrados aos meios que elles emprego nem aquelles, que resulto da marcha necessariamente desordenada , que estes meios
requerem ; mas tambm que elles no attendro
s differentes partes , que formo o sueco espremi-

(2JI

mido , nem aos corpos estranhos , que accidentalmente se encontro no sueco,


Tendo Bergman descoberto que resultava d
decomposio do Assucar pelo cido nitrieo certo
cido particular chamado cido Saccharino. Elle ,
ao depois da extrema afinidade deste cido com
a cal, que o u;o deste alkali em as Assucararias,
e nas Refinarias , tinha sido necessitado , ou obrigado pela presena d' huma poro do cido saccharino , unido ao sueco espremido , e ao melasso ,
de que os Assucares brutos esto mais
ou menos manchados. Conjectura esta , que se arraigou tanto mais , quanto se sabia por tradio que o uso
da cal era absolutamente geral, o que no aconteceria , se tivesse havido algum que desse hum conhecimento exacto da Canna , e da natureza do seu
sueco espremido.
Os fautores do cido, fazendo-se mais fortes
pelo descobrimento do cido saccharino, e pelas conjecturas de Eergman, no encontraro mais alguns
incrdulos : com tudo a opinio, e , muito menos
ainda, o erro d* hum grande homem , podem ser ttulos , que prevaleo contra a experincia e a verdade. Se Bergman' tivesse Cannas d' Assucar
e
tratasse o seu sueco espremido chymicamente, presto reconheceria que a cal , e os alkalis decompunho este sueco, empregando a sua aco nas feculas j e no que, sepaiando-as da parte fluida na
fi-

2$*

figura de floccos as esbulhavo do sueco saponaceo extractivo que ellas contm ; donde conclue ,
que o nico fim porque se deveria procurar no
uso da cal e dos alkalis , era fazer a inteira sepao das feculas : mas sem dvida no teria deixado de fazer observar . que os alkalis tenho a vantagem de separar completamente as feculas, que
no obravao isto sem algum inconveniente , visto
que elles as despojavo de hum sueco saponaceo,
cuja presena na guarapa era prejudicial extraco do sal essencial.
Os Refinadores desenganados acerca da extenso das vantagens
que lhes do os alkalis, nada mais vejo nelles em hum maior nmero de circunstancias , que hum meio de separar as feculas.
Abro por tanto os olhos a respeito das caldeiras de ferro , quanto a sua natureza , a sua forma
seu pouco asseio $, e quanto a sua disposio nas fornalhas e as escarpas, com que as alargo e finalmente quanto a marcha desordenada,
que seu uso permitte. Saibo elles por tanto que
os diversos suecos requerem hum particular tratamento , e que a marcha dos seus meios no se
prestando a alguma modificao , fica nociva em
hum3 multido de circunstancias
particularmente
no cozimento. Finalmente zellem elles a limpeza,
como huma das condies das mais essenc-iaes no trabalho do sueco espremido.
As

C*S5 )
As caldeiras de ferro . e as escarpas de maame cattso grandssimos inconvenientes , e se nego absolutamente s vantagens que offerece a limpeza. Estas caldeiras so mui quebradias e a sua
fractura , fazendo parar o trabalho , causa perda de
tempo , perda de caldeira , perda de materiaes, despezas de reparao alterao na fornalha , que 'se
pem na necessidade de a demolir em parte para lhe tirar a caldeira quebrada, menos solidez no
maame novo , que sustem a nova caldeira. Huma
caldeira nova , huma escarpa reparada, tmem novas immundicias, e fora todos estes inconvenientes,
ainda fica o <hiedo de vr repetir o mesmo accidente , em hum instante , ou nesta mesmissima Caldeira nova, ou em outra. Parece' cte se lhe dera
de propsito, a forma elliptica , -para alterar e decompor o Assucar. Estas caldeiras, mettidas inteiramente no fogo que nunca se faz parar - quer se
despejem ou se encho a guarapa que se acha
abaixo do ponto
em que ellas esto selladas recebe hum gro de calor que no pde soffrer
e se decompem.
Esta decomposio he algumas vezes to gran-*
de
que rra batedeira se formo codeas, ou costras carbonneeas
que lhe encasco por inteiro o
interior. obr-jando-o a queimalla muitas vezes no
decurso do dia, o-que se faz , parando o trabalho,
e lanando na batedeira bagaos accesos , ou incendia-

( 254 )
diados. Finalmente ellas descarrego sem cessar sobre a guarapa , qual do huma cr negra.
Ainda que as escarpas sejo slidas, ellas se
deterioro continuamente. Na verdade a sua deteriorao no faz parar o trabalho , mas faz cahir
na guarapa pedaos d' argamaa, e concertada fica
muito rpida pela aco da guarapa na cal, com
que se forma a argamaa. O reparo, desta escarpa
causa tambm perda de tempo , perda de materiaes,
e produz novas immundicias no trabalho que se seguir.
A situao da fornalha , opposta parede, faz o
servio das caldeiras muito mais laborioso, e ainda perigoso: como as que passo , seno podem chegar por hum lado acontece que os negros, que a
escumo , s o. fazem da ametade da superfcie, que
apresenta a guarapa , que elles no podem ievar
a eseumadeira em toda a sua extenso sem avanar
corpo sobre as caldeiras, e correr o risco de ca*
hirem nellas, e para se remediar este inconveniente , so obrigados a escumar sem descanar. He impossvel estabelecer-se nas caldeiras de ferra huma
marcha constante, e fcil na execuo: a riqueza,
e qualidade do sueco espremido a fazem varia; a
cada passo ; a actividade do fogo mais, ou menos
forte em cada caldeira , ou pelo que pertence ai
fornalhas , ou pelo que respeita ao aquecimento, se
desordena sem cessar : tambm a desordem do tiobf

(*5S )
balho arruina pelas dificuldades, que se seguem ,
ainda mais que as caldeiras , ou escarpas por seu
pouco asseio, e limpeza. Carrega-se de ordinrio a
grande de mil e quinhentos at dqus mil arrateis
de sueco espremido como ella est muito distante
do que se chama fogo propriamente muitas vezes acontece, que o sueco , que tem , no ferve :
ento inutilmente recebe a aco do calor no espa*
o d huma hora, ou mais. O toldamento , que causa a aco de se despejar em a asseada, torna a
dividir as feculas que se tinho separado e reunido em flocco , faz a defecao mais dificultosa.
Apenas a guarapa, ou caldo da asseada se despoja d'huma parte de suas feculas se precisa logo
passar huma poro em a caldeira do farol , que,
no se tendo despejado toda , recebe com o caldo
que tem , hum caldo muito menos lexiviado, e
muito menos escumado , mas alguns minutos ao
depois se precisa passar a caldo do farol para o
mellado, onde se mistura com hum caldo muito
mais escumado , e mais evaporado: finalmente, quando se necessita encher a batedeira , se passa huma
parte do caldo do mellasso
que se no tem inteiramente escumado
e cuja maior concentrao no excede a 20 gros do areometro : e algumas vezes apenas chega a 12. Este caldo se mistura com o da batedeira , que est muit mais concentrado , ou com o ponto mais apertado , ento a
por--

(2C.

poro de feculas est empedernida*-, e n se


pde desembaraar. Deixa-se concentrar na batedeira , at chegar a consistncia de calda $ enchendo ao depois novamente de sorte , que o caldo
de huma batedeira chega vinte vezes ao estado de
calda , e muitas vezes excede : e vinte vezes se
affasta-, por se lhe lanar novo caldo , ou guarapa. A calda tambm padece esta alternativa quasi
outras tantas vezes , como a batedeira ; a do farol
outras tantas vezes como a da calda. S a asseada
recebe huma nica vez o seu enchimento.
Nunca se pe no sueco espremido . que enche a grande seno huma parte da lexivia, que
se julga necessria j quando se despeja na asseada-,
ou se lhe acereseenta huma pequena poro lanada, no fundo ; o caldo recebe ainda huma poro
de . lexivia, e esta. poro deveria bastar
mas os
sinaes , que se espero das escumas,' da cr do caldo , do estado das bolhas , que frma o caldo,
quando ferve no se apresento sempre , 011 no
se apresento to depressa ; ou porque a aco do
fogo no seja to; forte ou porque a fecula varie
na quantidade , e em qualidade ; ou finalmente porque o caldo ou guarapa se ache mais , ou menos
estendida pela gua : pois todas estas circumstancias a retardo
e as altero. Se convier encher
calda
ou mellado, receber do farol , que est
mais ou menos lexiviado. Nesta caldeira ainda se
ajre*

( *57 )
ipreiento mafa ou menos os mesmos inconvenientes onde he ijualmente muit dificultoso ter-se
ilguin sinal para se parar; porqu se ignora a quantidade do caldo, de que se tem cheio, e tambm
o gro de concentrao , a que chega , ou em que
se acha, ao depois da mistura.
Tambm estes sinaes so modificados , e alterados pela aco do fogo, que he mais forte nesta caldeira ; por tanto se acho na mesma incerteza , e se continua o trabalho ao acaso. Mas suppondo a marcha do trabalho bem estabelecida , a
lexivia bem fixada
ainda se estaria muito longe
do fim que se deve propor; porque , "podendo unicamente separar as feciiks do sumo espremido , era
preciso alm disso, tirallas, e a eicmdeira somente no bastaria a pezar do maior uidado , que
pozessem em o fazer. Suppondo-se finalmente que
se pudessem tirar todas as escumas, o que he abr
solutamente impossvel
restario ainda as matrias terrosas, que se acho por accidente no caldo ,
e do mesmo modo todas as impurezas , que nascem assim das caldeiras , como das escarpas. Esta
marcha he to viciosa , qiinto a aca do fogo na
batedeira he mais forte e quanto O caldo he mafs
rico , e de melhor qu;lidade ; porque ento a sua
concentrao na batedeira sendo mais rpida , se
gasta menos tempo nas outras caldeiras
para se
julgar do ponto de lexivia e para lhe tirar as feT. J. P. II.
R
eu.

Os* )
cuias; pois em qualquer estado, em qtre-^esteja o
caldo , relativamente lexivia, e s fecuhjs, no
se devem demorar em encher a batedeira. A necessidade de vigiar continuamente no emprego da
lexivia , de escumar sem cessar, e de encher a batedeira todos os instantes quasi . e as outras caldeiras successivamente , pede da parte do refinador
hum cuidado continuado em todo o tempo darolao , que pde durar quinze dias, e ainda mais
tempo. Requer da parte do preto hum tal trabalho , que deve aturar por 24 horas, sem hum minuto de descano.
Ora he impossvel exigir d* hum refinador huma tal tarefa , e tanto mais , quanto elle se acha
encarregado d' espreitar tambm o trabalho das moendas , das casas do bagao . das casas das fornalhas,
ou de cozer, e da de purgar. He impossvel que o
preto seno descuide , e que seno aproveite de todas as occasies que se lhe offerecerem , para descanar , ou pelo menos de aliviar todos Os seus
movimentos. Por esta razo no passa dia algum.
em que seno commetto algumas faltas, tanto da
parte do Refinador
como da dos escravos , independentemente das outras, qe so prprias da
marcha do trabalho , e particularmente de noite so
estas faltas muito mais freqentes e maiores. Desta exposio se colhe , que he impossvel remediar
as que foro feitas , ou por excesso de lexivia , ou
por'

( MO
por falta de escumao , com tanto que o caldo
esteja na batedeira Quando o sueco espremido he
pobre, e de m qualidade , precisa-se de huma poro de caldo muito maior ; para formar hum cozimento : a primeira, quantidade , de que a batedeira
foi cheia , se acha exposta por trs . ou quatro hqr
ras aco do fogo , e alternativa d' hum? maior,
ou menor concentrao. Facilmente se conhece que
a aco do fogo , e esta alternativa de concentrar
o, continuadas por muitas horas devem alterar
o caldo , e tanto mais o altero , quanto mais for
elle de peior qualidade. Lexiviad ou no, escumado , ou no , o caldo melado , ou calda de que for
suficientemente cheia a batedeira, se cozer , ou para que o sal essencial, que se deve tirar delle seja
barrado , ou branqueado, ou para que seja bruto Distinguem-se duas sortes de cozimentos , huma para
o sal essencial a banear-se ou branquear-se , que se
deve pr a crystallisar em formas ; a outra para o
bruto, que se deve pr a crystallisar em tanques. A

P rimeira se chama cozimento em branco : a secunda


cozimento em bruto. No se julga cozimento , o que
se certifica com o dedo, no gro do calor, que se applica ao caldo mellado , mas sim consistncia slida , mais , ou menos apertada , que appresenta a ag^regafjo do sal essencial ao depois do resfriamento.
Seja qual for o estado , e a qualidade do caldo mellado, que se coze , para se conseguir o sal
R ii

s-

( 2O )

essencial bruto se procede sempre , procurando darlhe hum certo gro de cozimento , mediante o qual,
se possa obter em massa argregada, e esto capa-'
citados, que a lexivia muito espalhada pem o caldo lnellado na circunstancia muito conveniente de
rffrer este gro. Mas como o de m qualidade ,
pezar da - preciso da lexivia se oppm a este
fim pela -proporo de sueco mucoso, no estado
doce e assucarado, em que est ; como seno concebe , como seja possvel obter se o sal essencial de
outra sorte , que p.o seja debaixo da forma aggregada com o intento de o levar a este estado,
se applica ao caldo mellado hum gro de calo.-,
tanto maior; quanto elles so mos e o gro se
levanta 3 9 7 - ^thermometro d Reaumur) e ainda
mais. Acontece muitas vezes que cs suecos mueosos doces, e ssucarados, entro em decomposio,
muito abaixo deste gro : e com tudo isto se lhe
continua sempre a aco do fogt, bm queselhs
nnuncie esta' decomposio pelo derretimento Ai
hum vapor hranco , e por hum cheiro picante, que
affecta agiiella. Algumas vezes a decomposio chega to longe' que a matria se inflainma. A matria cozida he . como j o expozemos lanada na
celha ,' ond ella se converte presto em huma massa
slida , que encerra todas as matrias immu; d.is, estranhas ao sal essencial.
QUebra-se esta masv '-'"n instrumento* de fer/o -

(*P1,)
ro e ainda quente se lapa nas barricas.; o melasso , cuja fluidez se ajuda pelo calor, se separa e
escapa logo assim que pde por todas as aberturas, que fico entre as peas, pouc fechadas, que
formo estas barricas ; mas com a mesma presteza ellas se acho tapadas, e no podendo, encontrar sahida ou esco, seno pelo fundo , fica sendo
muito vagaroso; porque o. melasso , ainda que seja fluido , "necessita penetrar huma pea. de quatro
ps, para passar. Mas se o caldo mellado- for de boa
qualidade amassa do sal essencial, de que a barrica est cheia, se achar purgada at os dous teros , algumas vezes os trs quartos , passados dous
ou trs mezes de estada nas bacias. Porm se for
de m qualidade , o sal, essencial formaria huma massa com o melasso, como bolo , em toda a capacidade da barrica : massa que nunca se purgaria. O cozimento applicado ao caldo mellado, d qual se quer
branquear - ou barrar o sal essencial que neste caso se pem a crystallisar nas formas, se funda nos
mesmos princpios : traz comsigo os mesmos inconvenientes.
Geralmente cumpre que no tempo do embarque das Colnias de Frana, a quantidade de melasso , que corre das barricas cheias d' Assucar bruto , quebrem 10 a jo por cento: perda que seno
pde disfarar. e que toda inteiramente cahe sobre o proprietrio, quer o carregue para FTana ,
quer

202^)

quer b vrida em o seu trapiche ; porque o mercador nunca compra o Assucar bruto nas Colnias,
:eno em razo da quebra, que estes Assucares bruto? devem soffrer - e que sempre se lhe avalio pelo mais alto. Esta quebra no se limita unicamente ao tempo do embarque. Ainda recolhido nos armazns' dos portos de Frana continua; e todo o
tempo , que dura o seu transporte , seja para o Es-,
trangeiro, seja para o interior do Reino : finalmente , s acrba , quando passa para as Refinarias, em
que s-* despejo as barricas. Por exemplo, S. Domingos d atualmente cento e vinte milhes d'
Assucar bruto ao commercio. Supponha-se 20 por
100 de perda (termo mdio da sua quebra no embarque) , somente chego a Frana 96 milhes. A
Colnia e a Metrpole logo perdem annualmenfe
vinte e quatro milhes de mellado , o qual, se a calda
fosse geralmente trabalhada pelo novo methodo,
daria quasi 12 para i j milhes de Assucar vendvel e muitos milhes de Rhum , ou Tafia. No
he esta a nica perda , que experimenta o proprietrio. As bacias do mellado so, como dissemos,
feitos de maame ,< ou alvenaria , e rebocados d'
argamassa. O melasso decompem muito promptamente a argamassa , penetra a alvenaria, e se perde , penetrando a terra.
Ainda que esta perda no seja visvel, cot
tudo no deixa por isso de ser. menos real, e, atten-

(i6i

tendendo-se que a fluidez do melasso he maior que


a do azeite , no duvidaro acreditar , que a perda
que se tem por esta marcha, deve ser grande. O
Assucar bruto, que se traz a Frana vem carregado com as matrias feculentas , e trreas d'huma
poro de melasso , mais, ou menos abundante , pegado sua superfcie. Os Refinadores Europeos
vem tambm em todas as matrias estranhas ao Assucar hum cido a saturar ; por cujo motivo elles
emprego a gua de cal na refinao , e no cozimento dos melassos. Quando se pem o sal essencial em crystallisao nas formas, fica sempre , de.pois de purgado no po, que, apresenta a massa
agregada deste sal , huma poro de melasso , que
s procura despojar por meio da gua
pela operao do branqucamento , ou barreamento,
Mas as matrias slidas, feculentas e trreas,
que se acho nesta massa , defendem o melasso da
aco da gua : fica com ellas , e mancha , ou inficiona o sal essencial que , ao depois da barreao , fica tanto menos puro , e menos branco * quanto for
mais abundante proporo destas matrias. Os
Assucares barrados, em o districto drt Cabo, geralmente so os melhores de S. Domingos ; porque
nesta parte as Assucararias so muito mais diminutas
e os Refinadores vigio este trabalho com
maior cuidado. Os Assucares brutos da parte do
Porto do Principe, so os melhores da Colnia ,
e os

( 24 )
e. QS mais estimados no commercio , e nas Refinarias ; particularmente os das vrzeas do Cal de Se
e de Vases, Deve a sua superioridade que., nestas
vrzeas
as Cannas Assucaradas so perfeitamente
bpas, e o seu sueco espremido o da melhor qualidade possvel } mas as suas mquinas Assucsreiras,
ou Assucararias geralmente so mui pouco asseadas,
e o seu trabalho he dirigido com tanto descuido,
e desleixo que o Fazendeiro no tira os proveitos , e lucros , com que o ronvido circumstancias
locaes to favorveis. Eu vi diz M. Du Trone em
a vrzea de Cal de Sac hum Fazendeiro vender o
seu Assucar branqueado mais barato . que o que no
estava. No se admiraro deste facto quando souberem que a poro de melasso , que cobre o Assucar bruto emm.tscra ou encaita , colorando as,
todas as matrias feculentas e trreas , que totalmente s?no percebem, e cuja presena no tem de
sorte alguma influencia no seu preo e valor; pois
que sempre se avalia pela cr rijeza, sequido,
&c. do Assucar.
Mas quando pelo barreamento se lhe tira o
melasso , neste caso todas as impurezas fico descobertas e por este gro de alterao , que causa
a sua presena , se regula o preo do Assucar barreado ou embranquecido. A diffrena que faz este preo ao do Assucar bruto
no paga sempre
as despezas da quebra no barreamento , nem to
pou-

(*6c )
pouco a sua mo d" obra. E assim muitos Fazendeiios, persuadidos de ser impossvel que os seus
Assucares se embranqueo , renunciaro o barrallos,
ou barreallos, e se contentno com fazellos em bruto. Taes so os eftVitos , que causo os prejuzos
e a i^noranja. Claramente se v que privando-so
por hum trabalho bem entendido . e bem ordena
d*> o sueco espremido de toda a matria slida,
o sal essencial, que delle,se vier atirar- r.o apresentar mais no branqueamento , ou barreamento obstculo algum aco d' gua que depois de ter
despojado inteiramente o melasso , o far todo pu-ro. Por tanto todas as operaes que constituem
a arte do Assucareiro , e a do Refinador devem ter
por alvo caminharem maior pureza possvel. Em
quanto ao embranquecimento , este s deve ser contemplado como hum acidente , de que se assenhoreat, loco que checarem a conseguir huma pureza extrema para a qual nada devem desprezar - pelo respeito , que diz , a segurana do pblico no
uso do Assucar. A este mesmissitno alvo tambm
atiro particularmente todos - os meios , que temos
proposto e estabelecido , e dos quaes himos agora
fazer a exposio.,

AV?

( 26rS )

Novos meios de se extrahir o sal essencial da Canna


do Assucar.
A arte do Assucariro (continua M. Dutrone)
tal, como at agora tem existido , se limita a huma
simples lembrana dos meios applicados cultura
da Canna , para lhe extrahir o sal essencial, e ao
habito ou costume de fazer a applicao destes meios.
Mas esta arte , considerada unicamente debaixo des*
tes dous pontos de vista, he huma rotina cega,
a Uai he impossvel
que Refinador algum possa
emendar ou melhorar.
Saber que se applico taes meios para a cultura , para o corte e moagem ; saber que se faiem
taes e taes operaes no seu sueco , quando espremido , e no sal essencial que d este sueco - conhecer de que maneira se emprega estes meios,
e como se fazem estas operaes: tudo isto he no
saber cousa ai guina , ignorando-se , quaes sejo as
differentes partes que constituem seu sueco espremido , e qual seja o sal essencial , que delleseextrahe
no se possuindo noes algumas sobre a
natureza e aco dos diversos agentes de que se
servem , assim na cultura da Canna , como no trabalho do seu sueco: no se tendo igualmente alguns conhecimentos de todos os materiaes, e utenslios , ou instrumentos : que se emprego, assim
em

( 6

em razo da sua natureza , como das suas propriedades particulares : finalmente no se referindo
alguma Sciencia alguns princpios as operaes,
os meios, e os factos, que devem servir de base
arte do Assucariro.
Ao estudo destes differentes objectos , e os conhecimentos , com que elle convida , he que cumpre levantar o Fazendeiro , ou Cultivador e o Refinador e fazei Io superior ao escravo , a quem huma longa practica e exerccio , hum longo habito
dero' a vantagem , se somente a antigidade e o
habito podem ser ttulos na practica d' huma arte
jlluminada. So decorridos trs Sculos, desde que
se cultiva a Canna n' America, sem que Author
algum se resolvesse escrever sobre a cultura desta planta cousa alguma. Houvero dous, que no principio deste Sculo dero huma simples exposio
do trabalho , que viro fazer , e que elles mesmos
executaro na cultura , e colheita da Canna no trabalho do seu sueco espremido para lhe extrahir o
sal essencial, e sobre este sal , para o purgar, e
branquear.
O Author do ensaio sobre a arte de cultivar
a Canna , narra os meios que vio empregar- e que
elle prprio seguira : expem o maior nmero de
vicios, que lhe ando a par. e falia mui claramente dos prejuzos, e ignorncia dos Refinadores.
Alguns Refinadores sensatos conhecem muito
bem

C *6o )
bem os vcios da sua arte . mas apenas lhes tem si*
do possvel pallealos
augmentando o nmero de
pretos paia poderem exigir delles maior cuidado,
e exaco. Sem dvida faz admirar o vr que j
Canna do Assucar
ou Canna mel, cuja cultura
faz a riqueza . e a prosperidade das Colnias, que
os meios de se prepararem os seus productos, que
foro e continuaro a ser sempre a base do commercio entre o antigo e novo mundo , se tenha absolutamente abandonado por trs Sculos s mos
mais cegas : e assim seno tenho tido at agora seno algumas histoietas acerca desta planta, infinitamente preciosa , e nada sobre a arte importantssima de a cultivar , de se lhe extrahir o sal essencial: se
he que se deve o nome de arte meios muito mal
entendidos e desordenados estabelecidos pelo acaso , e consagrados pelo costume , e pela ignorncia.
Ns pois descrevemos , ao depois de ter examinado com o maior cuidado e em todos os respeitos possiveis , os meios geralmente praticados presentemente : quero dizer que, ao depois de ter estudado de raiz a Canna , e ao depois de ter conhecido o mais ntimo do seu sueco espremido vimos
quaes ero as operaes que exigia o trabalho il-.
luminado deste sueco; e dahi todos os meios, que
se lhe podio applicar , se nos apresentaro de si mes-.
moJ ao nosso entendimento. Ora na escolha , dos
rue

O9 )
que estabelecemos, no s consultmos os princpios'da Chymica a mais s, mas tambm a mesma experincia, sendo est, a qe fixou e determinou a ordem , que deveramos dar ao seu todo,
ou colleco; e se ho de vr na exposio , que
passamos a fazer , todas as operaes perfeitamente distinetas': "vef-se-ha tambm qe ellas se seguem,
sem se confundirem e que, em todos os movimentos de todos os nos-.os meios, a ordem da sua marcha he simples . fcil a valer-se delia , e segura na
execuo ; ver-se ha ainda que esta marcha , pra
haver de servir em toclas, em qualquer circumstan'*
i

cia em que o ache o sueco espremido , e a gu.v


rapa
qn dia no requer sempre a presena do
Refinador e que a pde confiar aos prprios escravos " "sem que eiles a hajo de desordenar e
que" todas as faltas que so o effeito inevitvel c/a
sua negligencia jpdm ser sempre reparadsorn
facilidade.
' '"""
O sueco espremido , estando formado , como
j dissemos' as partes slidas fluidas , unidas' entre si, e estendidas por huma grande proporo d*
gua o primeiro fim , que se deve propor no trabalho deste sueco, he a separao , e abstraco das
partes slidas, ou feculas. Chamaremos defecao
do sueco espremido . o ajuntamento das operaes ,
que tendem a despojalla de todas as matrias slidas foeulentas, e trreas : estas matrias arrancadas ,

( 270 )
d a s , fco a gua , o sueco mucoso, o saponaceo extractivo , que juntamente formo a guarapj. Observamos que esta tinha huma quantidade d'gua superabundante , a que tem relao com as matrias
solveis: a separao desta gua deve consequentemente s e r , posterior ao das feculas , o objecto do
trabalho na guarapa ou caldo. Chamaremos evaporao aco do calor na gua. Tiradas as feculas,
e a gua superabundante , resta a gua , que est
em respeito com as matrias solveis , chamadas
guas de dissoluo. O tirar-se certa poro desta
gua, constitue o objecto do trabalho, na guarapa
calda. Chamamos cozida a aco do calor na gua
da guarapa calda. Desta exposio se colhe com evidencia que o trabalho

do sueco

espremido con-

siste em trs operaes principaes suecessivas', mas


mui distinetas , que so a defecao do sueco espremido , a evaporao

da guarapa , e o cozimento do

mellado.
Dos novos meios d'obrar a defecao do sueco esprimido , e da evaporao da guarapa.
A defecao he a primeira , e a mais impot-5
tante operao , que exige o trabalho do swcco espremido : tem por alvo o desembaraar inteiramente das matrias feculentas , e de as tirar: ella se
estende ainda s matrias trreas, que se encontro

O?- )
ccidentalmente no sueco. Os meios empregados para decompor o sueco espremido e separar-lhe as
fecuas so o calor, e os alkalis. Os que se devem empregar . para as tirar, assim como as matrias trreas, so a eseumadeira, o filtro e o repouso. O calor em a sua primeira aco, que se
alarga at a ebullio , ou fervura , trabalha particularmente nas primeiras feculas, que elle separa facilmente e que puxa superfcie do fluido, donde se tiro cem a eseumadeira. Quanto as da segunda sorte , estas- requerem para serem tiradas hum
gro de calor, que estabelea huma fervura forte.
Muitas vezes acontece sobre tudo em as primeiras ,
quando o sueco espremido he de boa qualidade,
que unicamente o calor possa ser bastante para obrar
a separao completa das segundas feculas ; ainda
que os floccos , que ellas formo , no sejo sempre asss volumosos
para serem tirados pela eseumadeira ; basto porm que sejo bem separados *,
porque ento no escapo ,aos filtros
e aos repousos.
Nestas circumstancias, fico desobrigados de se
servirem da cal , e dos alkalis vantagem , que se
no pde ter pelo antigo methodo, onde se vem,
obrigados, corr.o j dissemos , de a empregarem ,
no s para haverem de separar as feculas
mas
ainda para as haverem de reunir debaixo da forma
d'huma escuma espumosa , que a eseumadeira pde

o?o
de reter , .e tirallas com facilidade. Resistindo as feculas ao calor , cumpre ento empregar simutaneamnte a aco dos alkalis. Em todas as circumstancias se haja de dar preferencia cal; porquanto , separando-se as feculas, somente lhes tira huma pequena poro do sueco sapwnaceo; quando
sua aco lhes "no baste, o que rara vez acontece , se deve favorecer com a Potassa , ou com 3
Soda. Como a cal , e os cidos no servem neste novo methodo
seno d' r.judar acco do calor para a separao das feculas , ho se est obrigado
em tempo algum a empregallos em huma to grande quantidade como no antigo, onde
precisa que elles tambm siivo de dar huma consistncia espumosa
que a eseumadeira possa reter.
Apezar de fodo o cuidado , e do maior escrpulo que se tenha em tirar as feculas, quando st
apresento, he impossvel de se effeituar o tirallas
perfeitamente s com a eseumadeira. Este meio no
he s insuficiente para as feculas
mas tambm
para as matrias trreas , que accidentalmente se encoritro no sueco espremido. Estas matrias vem da
Canna que se mancha com ellas , do vento , que
as deposita nos engenhos, nas bicas que conduzem o sueco e tambm nos paroes ou recipientes. Tambm vem da cal que se emprega, /^
sempre arrasta comsigo huma poro de' terra cali
ca-

O?* )
carea maior , ou menor ou areia. Ao depois de se
haver reconhecido a impossibilidade absoluta de rifar inteiramente com a eseumadeira . assim as feculas prprias,do sueco espremido, como as matrias trreas , que lhe so estranhas , mas que sempre se encontro nelle em proporo maior
ou
menor, vemos que he indispensvel filtrar, deixar
repousar a guarapa antes de a cozer e para este
effeito imaginmos adaptar fornos ao laboratrio ,
que tenho duas bacias, que encho maravilhosamente este fim , e com as maiores vantagens.
No actual trabalho se filtra a guarapa passando do melado para a batedeira ; mas nesta filtrao somente se tiro as matrias slidas summamente grosseiras , porque os filtros , de que se
servem , ou so peneiras d* arame , ou hum linho
E assim esta fltrao passa a ser cousa nenhuma.
Finalmente para que se possa capacitar da colleco das operaes que requer o trabalho do sueco espremido , e seguir a ordem que elles devem
guardar entre si , himos expor , qual deve ser no
interior da Assucararia , a exposio dos nossos meios
para o melhor suecesso da sua marcha. Todas as
operaes que requer o trabalho do sueco espremido > podem ser feitas no mesmo forno e ainda
em dous separados, Como o forno em - que se podem fazer todas snccessivamente, deve ser preferido no maior nmero das fazendas ; porque enchen*
T. I. P. II.
S
do

( 274 )
do com hiim igual successo, o fim , que se propem , offerece huma economia de 8 a jo escravos,
e de multa lenha. Tomamos por exemplo , e seguiremos nelle a marcha do processo com to boa
vontade , quanta poder ser sem que tenhamos necessidade d' entrar em novos detalhes, fazer applicao desta marcha aos outros dous fornos , que
propomos, para as grandes fazendas ou engenhos,
que necessto de meios mais poderosos.
A parte do forno , que corresponde ao interior da Assucararia se dever chamar Laboratrio,
ella apresenta nos fomos compostos trs ou quatro
caldeiras, postas sobre a mesma linha ; nos fornos
sobre compostos , se forma de dous Laboratrios,
que se unem , p3r fo; marem unidos, to somente
hum , ao qual se pde dar differentes frmas. Seja qual for a disposio do laboratrio, a marcha
do trabalho he'sempre a mesma. O laboratrio deve ser arranjado n'Assucararia , de' maneira que os
eus dous lados, e a extremidade formada pela caldeira de cozer, estejo solitrias em toda a Sua extenso , para que o servio fique fcil ; e para que se
possa executar- com a maior economia de pretos,
de tempo, e de meio? corvm' fazer-se tudo isto,
para a maior perfeio do trabalho. O Labortori
que apresenta interior da Assucararia ce tomamos por exemplo, offerece quatro caldeiras de cobre que devem conter 4 ou 5 milheiros. A p*
-inei-

< 27S )
meira que recebe o sueco espremido , se chama caldeira de dessecar; a segunda se chama segunda caldeira de dessecar - a terceira caldeira de evaporar ~,
e a quarta caldeira de cozer.
Estas caldeiras se assento mui conchegadas humas s outras,, no deixando entre si de distancia,
mais do que 2 para 3 pollegadas de grossura. O
muro que as fixa , frma as paredes do laboratrio ,
cuja menor grossura he superiormente de 15 para
iS pollegadas. A superfcie deste muro tambm
concorre a formar o laboratrio. Ella offerece hum
plano inclinado de 7 para % pollegadas,- da borda
exterior das caldeiras, e apresenta entre cada huma
dellas, pequenas bacias onde se lano as escumas,
que se vo tirando das caldeiras com a eseumadeira , e conduzidas pelos canaes primeira de dessecar. Entre este muror", e a caldeira , est huma bacia, que recebe as primeiras feculas, donde ellas
correm para fora por hum tubo , que as leva a huma caldeira disposta para as receber.
Estas bacias, e canaes, so feitos de postas de
chumbo soldadas , e guarnecidas de cobre , que veste toda- a superfcie das paiedes do laboratrio : este guarnecimerito igualmente he soldado ao redor
das caldeiras, que tambm so entre si soldadas:
desta sorte o laboratrio mostra a maior limpeza,
Beve*se marcar ao centro das bacias, que se acha
entre a caldeira de cozer; e a de evaporar a aberS

tu-

( *76 )
tura d' hum canal, que desce pela grossura das paredes , e que se pr.asegue horisontalmente , por baixo do ladrilho at o fundo d' hum caldeiro de
cobre , assentado ao p das bacias de decantar * marca-se ainda na superfcie do laboratrio . em cada
lado da caldeira de cozer a abertura d' hum canal,
que vem das bacias de decantar monta a grossura
da parede, e se abre perto da borda. Hum resfriador. posto ao depois da caldeira de cozer, faz parte tambm do laboratrio.
Duas bacias postas era pequena distancia do
laboratrio, a quem pertencem como accessorios,
servem para filtrar e para deixar a guarapa evaporada em hum gro determinado. Chamo-se estas
bacias , bacias de filtrar, e de evaporar e devem
ser asss grandes , para poderem conter todo o sueco espremido, conduzido ao estado de guarapa-em
24 a 26 gros do areometro , que pde dar o Engenho em 24 horas. Devem ser feitos de pedra,
forrados de chumbo , e absolutamente cobertos de
muitas caixas - cujo fundo , seja formado de grades
de vime. Sobre este fundo se estabelecem por filtros , primeiramente alguma l ao depois hum panno , e huma peneira de arame.. Dous canaes de
chumbo . formo huma communicao entre estas
bacias e o laboratrio , e se lhe traz a guarapa evaporada para o caldeiro , posto ao per de cada bacia , onde. hum preto o toma , e derrama em cima

C *77 )
ma dos filtros : o outro que tem a abertura n
fim da bacia, e est fechada por hum batoque, e
traz a guarapa filtrada e decantada a caldeira de
cozer.
O fundo das bacias de decantar deve ser levantado meia pollegada acima do nivel da abertura,
que apresenta o canal perto da borda da caldeira
de cozer. O interior d' huma Assucararia , deve apresentar dous laboratrios, e cada hum destes , deve
ter relao com duas bacias de decantar. Devem-se
ter dous fornos em todas as Assucararias, para seno verem na preciso de pararem o trabalho
quando acontecer algum incidente ao de que se servem. Esta precauo he tanto mais necessria , quanto no se podendo guardar as Cannas , sem se alterarem , se perderio todas as que se achassem cortadas. As bacias do sueco espremido fco sendo
coinmuns a todos os laboratrios. Ns' as arranjamos por fora das Assucararias , assim em razo da
limpeza como para terem o sueco espremido mais
frio. Devem-se cubrir d* hum tecto bem firme , ou
serem abobedadas. Estas bacias dobres em chumbo , so bastantemente grandes para conterem cada
hum trs milheiros pelo menos. Devem-se encher
d" huma medida fixa e determinada , sempre igual
em cada carga , para que se possa dar huma conta exacta , assim da quantidade do sueco espremid o , que chega Assucararia, como da quantidade
da

C7* )
da cal , empregada por quintal deste sueco, paraba separar as fculss.
Com cumpre conhecer-se bem o gro de riquezas do sueco que se trabalha
se faz preciso
hum areometro , para o pezar de tempo em tempo. Estando tudo convenientemente preparado para
cada operao , e que huma bacia de sueco espremido est cheio mediHa , que se tem fixado para
a carga , se faz correr o sueco em a primeira caldeira de dessecar. Em hum instante se assegura da
proporo , ou quantidade da cal viva, necessria
para obrar a separao das feculas ; para este effei*
to se deve servir d'huma balana hydrostatica, inventada por hum Inglez , e introduzida em S. Do*
mingos poucos annos. Esta balana, certamente'
muito engenhosa , serve para fazer conhecer a quantidade de feculas, que se do no sueco espremido,
e o respeito , ou quantidade da ca] necessria, para
as separar. Ainda que ella no possa indicar qual
seja a quantidade rigorosa de lexivias, necessria
dessecao completa , he todavia muito boa , para
determinar a somma da cal , que se deve empregar em primeiro lugar. O seu uso he tanto mais
Seguro , quanto a proporo da cal que indica, no
se acha nunca em excesso.
A cal assim pezada se pem na carga, de
.ue a primeira de dessecar est cheia. Para que a
sua aco se leve ao mesmo tempo sobre todas as1
par-

( 79 )
partes do sueco, se cuida muito em a estender
movendo a carga com huma colher por hum minuto ou dous , ao depois de despejar toda em a
caldeira de cozer. Tendo cheio todas as caldeiras
de huma carga , assim lexiviada , se comea a aquecer. As caldeiras recebem hum gro de calor relativo sua proximidade do fogo
propriamente
chamado. O sueco da caldeira de cozer - he o primeiio , de que se sepro as feculas ; a aco do
calor se leva suecessivamente s caldeiras seguintes. As primeiras feculas, so tiradas pela eseumadeira em cada huma das caldeiras, assim que ellas
vem vindo -juperficie do fluido : derramo-se nas
bacias, e se levo ao seu destino, As da primeira
de dessecar se lano na bacia que est entre ella , e a parede , donde ellas correm para fora na
caldeira, posta para a receber.
Lano-se as feculas da segunda sorte nas pequenas bacias que apresenta o laboratrio: esto
arrastadas aos canaes pelo sueco que se tira com
ellas , e levadas na primeira de dessecar . onde so
tiradas novamente com as desta caldeira. Escumose sempre tanto que a evaporao se for fazendo , e se acerescenta a cada carga se for conveniente , ou cal em substancia , ou huma lexivia de
cal , ou d' alkali. Quando o caldo da caldeira de
ozer chega a 22 ou a 24 gros do areometro .
se suspende o fogo , e se tira com huma colher
(re-

( 2go )
(rsminhol) este caldo se lana em huma bacia, pequena , que corresponde bacia de decantar , que
se pertenJe encher. Com a mesma presteza cora
que se tiver despejado a caldeira de cozer se encher com a carga inteira da caldeira d'evaporar;
continua-se a aquecer , e successivamente se passa
a carga da segunda de.defecar . para a caldeire dt
evaparar ; a da primeira de defecar em a segunda,
e a primeira se enche no mesmo instante de huma
nova carga de sueco espremido,
Tanto que o caldo evaporado no gro determinado chega ao caldeio , posto ao p da bacia
de decantar hum preto o toma, e opem nos filtros ; cahe na bacia ao depois de se ter despojado das matrias slidas que trazia : continua-se a
escumar , e a evaporar , passando siiccessivamente a
carga inteira, de huma para a outra caldeira, e o
caldo da caldeira de cozer para a bacia de decantar - at que fique cheia. Deve se dispor a marcha
do trabalho , de tal maneira que a primeira bacia
de decantar se ache cheia , junto s 6 ate 8 horas da tarde ; ento o caldo evaporado, sempre no
mesmo gro , he levado da mesma maneira em o
segundo pelo canal que lhe corresponde , e se continua este trabalho toda a noite. Junto s 5 ou
6 da manh , se apaga o fogo
se despeja a caldeira de cozer ; e ao depois de se ter lavado bem,
havendo necessidade, se tira o batoque da primeir

( *8i )
ra bacia; o caldo filtrado , cerre pelo tubo , que
delia sahe , e chega perfeitamente puro caldeira
de cozer , tendo deposto nas 8 ou Io horas de repouso , as matrias feculentas e trreas que , pela
sua extrema delicadeza
pUder escapar aos filtros.
A caldeira de cozer cheia , por este meio, de
huma .quantidade de caldo conveniente para fazer
hum cozimento , se fecha o batoque , e se examisii se a defecao foi bem feita. Paia isto se tomi o caldo em huma colher de prata , se lhe do
algumas voltas a differentes lados , para se vr se
traz alguma cousa , que se perceba aos olhos , ou
com huma lente : seno trouxer cousa , que se possa vir ou com os olhos, ou com a lente se misturem com este caldo , que parece muito claro e
transparente , algumas gotas d' agus de cal filtrada,
e se torne a examinar de novo. Se ao depois d'
hum , ou deus minutos seno perceber algum corpo slido nadar no liquor e que o caldo he de
boa qualidade, se pde estar certo , que a defecao foi completa : ento se faz aquecer para acabar a operao, e fazer-se o cozimento. Se o caldo for de qualidade medocre , me ser pieciso
empregar como pedra de toque, huma dissoluo
d' alkali custico bem filtrado e misturado com
gua de cal. Se a aco deste agente , manifestar
a presena de alguns fioecos, de matria fecujente,

2*2

te . ento se passe ao caldo alguma lexivia, ou de


cal, ou de alkali , da qual se regula a proporo
conforme a quantidade destes floccos , que neste ca*
so so sempre pouco abundantes. Presto se separaro pelo concurso da lexivia , e do calor que os levanta superfcie , onde podem ser apanhados pela
eseumadeira , e tirados com facilidade.
Quando a gua de cal filtrada , e o alkali no
sepro feculas, se a cr do caldo for d' hum pardo muito escuro , se pde presumir que a sua inteno provm em parte , do excesso de lexivia quis
tem o sueco japonaceo extractivo em dissoluo, e
algumas vezes tambm huma poro das segunda
feculas: neste caso o cido sulfurico, ou vitriolic,
muito espalhado pela gua, e o cido oxalico podem servir de pedra d toque *. por quanto , se o
excesso tiver sido na cal, hum e outro a precipto , formando com ella hum sal solvel. Se o excesso for da Potassa, ou da Soda, huma e outra
igualmente sero neutralisadas pelo cido oxalico,
do qual a aco se conduz tambm sobre a parte
colorante do sueco saponaceo. Ento a base deste
sueco se precipita debaixo da forma de floccos
brancos, do modo que a poro das segundas feculas , que os alkalis poder dissolver. Para se remediar o excesso de lexivia , se pde empregar 6
cido sulfurico muito aguado ou huma dis*oluo,
seja de tartaro , seja de sal de azedas (oxalis) *e
]'*

( 2J )

js de sal de limo , seja o cido oxalino. Mas para empregar sem inconveniente e com felicidade
estes diversos cidos he preciso ter luzes , ou conhecimento grande das suas propriedades , e ter a
mo bem exercitada em conduzir, a sua aco. Felizmente pde-se dispensar em a marcha que ns
expomos, ter nunca necessidade de seu uso , procurando se com alguma diligencia, boa cal, e pezando-se esta com cuidado.
Em quanto se coze o enchimento da caldeira
de cozer, e successivamente todo o producto da primeira bacia de decantar,, se continua a escumar e
a evaporar nas trs caldeiras precedentes, e se conduz o caldo da caldeira d' evaporar, tanto que elle
tiver chejado ao ponto d' evaporao determinado ;
passa-se desta caldeira , para a segunda bacia de decantar ( pelo meio da pequena bacia , e do canal
que lhe correspondem) contina-se a encher esta
segunda bacia , desta maneira ( fazendo passar o
caldo pelos filtros) at o ponto em que todo o
producto do primeiro se ache cozido, o que deve
acontecer pelas 6 ou 8 horas da tarde. Neste momento , se passa a carga da caldeira d' evaporar ,
para a caldeira de cozer , que neste caso serve d*
evaporar. Lave-se, se for conveniente , a primeira"
bacia de decantar e se encha novamente , como
da primeira vez , com o caldo evaporado , na caldeira de cozer , tanto que houver de chegar ao ponto
determinado..
A

(284)
A segunda bacia , se deixa- em repouso pot toda a noite , e no outro dia , pelas $ horas , se procede ao cozimento do caldo desta bacia , assim como no dia antecedente se tinha feito , como da
primeira. Estabelecido huma vez este trabalho, se
Continua observando sempre a mesma alternativa.
V-se que nelle , cada caldeirada de sueco espremido passa , sem se confundir
d' huma para outra
caldeira onde elle recebe suecessivamente o gro
de calor - que convm marcha da defecao, e
da evaporao. Do mesmo modo se v , que se pde regular a lexivia, sobre cada carga, ou caldeirada e seguir os signaes, que apresento as escumas , as bolhas do caldo , ou guarapa posta em fervura , &c. Signaes porm sobre que seno deve ter
toda a confiana. V-se ultimamente que, na filtrao e decantao , feitas como acabamos de expor,
todas as matrias slidas , que escaparo eseumadeira , se tiro com muita felicidade , e sem augmentarem a mo d' obra ; porque a marcha de to*
do este trabalho , no requer hum maior nmero
de escravos
que aquelles, que ordinariamente se
emprego no servio , que exige a condueta do trabalho das caldeiras de ferro. A defecao V\e evaporao , comeo quasi ao mesmo tempo, e caminho juntos at as bacias de decantar > onde a
defecao acaba.
As caldeiras de cobre , que tem alguma conve-

(28j

vexidade no fundo , recebem o calor de, modo, que


este agente , penetrando o sueco espremido em toda a sua estenso
apanha as feculas , que no
podem escapar a sua aco e as faz subir superfcie. Esta aco sobre ellas, no deve ser nem
muito lenta, nem muito rpida. Nas caldeiras de
cobre , se se est senhor de as poder graduar sua
vontade. Logo que se conhea a nrair e a menor
actividade de seu forno se regula a carga da primeira de defecar - augmentando-lhe .-ou diminuiudo-lhe a quantidade do sueco espremido:- de modo
que ella se ache sempre nesta primeira
quando
convier despejalla, ou transfegalla , no ponto que se
deseja relativamente defecao. Nunca a evaporao offender nas caldeiras seguintes a separao.
e a tiradura das escumas com a eseumadeira , dando ao caldo huma densidade , ou espessura , qe
as - faa embaraosas.
A carga da primeira de defiter', podendo de/
dous a trs de sueco , e esta carga passando" inteiramente de huma caldeira na outra , acontece qe a
proporo da gua , que traz o eldo he sempre
muito grande, para deixar sfoculas a liberdade d
se separarem , e de se apresentarem eseumadeira ;
porque ainda que seja rpida a evaporao, se pde livremente regular-lhe a marcha , at hum pow*
to determinado para a filtrao, e decantao. Go*
nhece-je este ponto , por meio d* hum areometra>,

for-

( a86 )
formado de huma bola de cobre , de duas at trs,
pollegadas de dimetro, com hum tubo de at
55 pollegadas. Dentro se lhe lano gros de chumbo de maneira que no gro 24 do areometro de
Eaume a bola mergulhada no fluido , fique coberta
at o nascimento do tubo. Tendo se feito conhecer
este ponto ao escravo feitor ou inspector, se lhe
incumbe espreitar este trabalho : pde se-lhe encarregar este cuidado toda a noite, e tanto de melhor vontade , quanto o cozimento tendo somente lugar de dia, os escravos s tem de pezar a cal
para cada carga do sueco espremido que se lana
na caldeira de defecar. e , ao depois d' escumalla,
lanaro o caldo nos filtros,
A conducta , ou marcha das caldeiras de ferro,
muito longe de gozarem destas vantagens, tem pelo contrario todos osvicios oppostos. So estes tanto mais notveis
quanto o sueco espremido for
mais rico , e de melhor qualidade * e.que a aco
do calor for mais forte., e mais activo na batedeira ; por ser ento preciso encher sem cessar. seja
qual for o estado do caldo: e neste caso , todas as
operaes se confundem nesta caldeira , onde a defecao , a evaporao , e o cozimento fazem incessantemente hum circulo , at o momento - em que
estiver suficientemente cheia , ou carregada, para
poder-se ento proseguir e levar avante o cozimento. He fcil ver-se , ao depois da exposio , que te*
mos

C 7 )
inos feito , da marcha da defecao, da evaporao,
e do cozimento no laboratrio com quatro caldeiras de cobre . que quando nos laboratrios das Assucararias que propuzeinos se fizerem estas trs
operaes a marcha do trabalho ser sempre a mesma , ainda que repartida.
O cozimento feito s na caldeira que apresenta o laboratrio d' hum forno simples, ou nos
dous que apresenta o laboratrio d* hum forno sobre composto , r.o ser mais distiricto, que a cair
deiia de cozer do laboratrio de quatro caldeiras.
Somente deve requerer alguns escravos mais porm nas grandes fabricas ou fazendas, esta contemplao no dee ser causa para huma escusa ;
antes pelo contrario , como he essencial, que o trabalho se haja de fazer coin rapidez, se deve ento
repartir a marcha.
Do cozimento , t do uso do thtrmamefro para se certificarem dos seus diversas gros.
Fntretanto ningum deve duvidar cue o caldo no haja de ficar. com effeito , perfeitamente
despojado de todas as matrias slidas , peJos meios,
que temos estabelecido ; e que - summamente .possa ser cozido ou sobre o mesmo forno , ou sobre
outro separado ; que se pde antes de o cozer ,
ertificai-se do seu estado , e remediar-se facilmente
afal-

( 2?8 )
a falta , ou defeito , que houver de ter ou por
diminuio , Ou por excesso de lexivia; que se pde fazer neste calde na caldeira , toda a operao;
que se quizer em ordem maior perfeio do trabalho , que se pertender: finalmente , por se ter a
vantagem de se cozer somente de dia , vantagem
que no deixa de ser infinitamente grande; porque
o Refinador branco-pde applicar todos os seus
cuidados, a todos os cozimentos e porque fica desobrigado de vellar a noite , attendendo-se, a que;
ficando o trabalho unicamente reduzido a defecao , e a evaporao , pde ficar abandonado e entregue ao escravo ou preto inspectoir.
No ha meio algum , que possa augmentar a
proporo do sal essencial, que contm o caldo,
convertendo o corpo mucoso doce e assucarado em
Assucar. Nada menos se podem tirar os suecos mucosos, doces , e assucarados nem to pouco o sueco saponaceo extractivo , antes do sal essencial, por
serem estes diversos suecos mais solveis que elle.
O que se deve por tanto procurar d' extrahir - no
melhor estado possvel he a maior quantidade deste sal : para se conseguir isto, convm applicar ao
cozimento do mellado , ou guarapa em calda, e a
crystallisao do sal essencial
que elle contem,
os princpios Chymicos, pelos quaes se obtm os
saes , que cpystalliso resfrian do. A presena das matrias solveis , que se acho no mellado , com o sal
es-

( *89 )
essencial , faz huma Lei destes princpios, e huma
tal Lei que he tanto mais rigorosa , quanto na calda , ou mellado de m, e medocre qualidade , s
suecos mucosos, doces, e assucarados, quasi no podem soffrer aquelle mesmo gro de calor , que o.
tal essencial. Elles entro em decomposio , quando se pertende appliear-lhes o mesmo gro de cozimento , como os mellados , ou caldas de boa qualidade. O cozimento . como j dissemos , he a aco do calor , sobre a gua da dissoluo do Assucar.
Nunca os Refinadores, quer d' America , quer
da Europa , concebero idea alguma exacta da aco do calor no cozimento; Elles expem muito
bem. alguns dos seus effeitos . aos quaes d-er-o differentes denominaes mas nunca soubero nem
ao menos entendero, qfte cousa era esta acco ,
que elles multiplicadas vezes chamaro COZIMENTO
(Cuisoii) , termo consagrado arte do Confeitero.
Os conhecimentos do Refinador se limito a algumas denominaes, das quaes se servem para designar o estado particular , em que se acha a guarapa , que se pettende cozer. No momento que esta
guarapa chega ao estado de mellado u de calda , lhe introduz huma eseumadeira e a-tira
e
.lendo-a posta ao ar , dando-lhe algumas voltas , a
encosta logo: se a calda , que lhe fica pegada, corre , formando gottas separadas , que- cahem lentamenT. I. P. II.
T
te,

( 29 )
t e , assignala este estado por esta expresso :/fo
gotla. Comeando o cozimento , se o mellado ', que
cobre a eseumadeira , introduzida na caldeira , e tirada acima do fluido
e tendo-a horisontalmente
cahe, faz toalha , assignala esta aco pela palavra : fax, panno.
So deste modo os primeiros gros do cozimento : os outros mais avanados so tomados dos
signaes , que d matria , tomada entre os dedos. Esta prova consiste em tomar com a ponta
do pollegar n' huma colher ou mexedor, que se
introdtizio na calda
ou mellado , que est a cozer huma pequena poro desta calda , e se alarga
o index ou o dedo do meio , a ver. se tem adquirido asss consistncia para se pegar ao dedo, e
seguido, fazendo hum fio, proporo que os dedos se affasto hum do outro , o que direm fat
fio. Tendo tambm o caldo adquirido maior consistncia , e que o fio , feito desta sorte , se sustenta bem . se leva o pollegar para a base do dedo
mnimo, ficando o index fixo no ar , mas se nesta
operao se quebra o fio , dizem ento quebro-se o
fio. Os outros termos se tomo do modo, porque
se forma o fio do que se quebra, e dos diversos
accidentes, que elle apresenta, encolhendo se ao depois de quebrado. T o j a a sciencia do Refinador
em nada mais consiste principalmente que na lera1
branca destas denominaes, e de algumas outras
que

( 291

,cpe nada mais importo , ou sigriifco que Estas,


B-se tambm algumas espresstfes, que so relativas, como so , cozimento forte, fraco, bom. Mas como na operafi do cozimento no ha ponto algum
fixo , ou determinado , estas expresses , no significando cousa alguma mais que o projecto do Refinador acerca da matria , que coze , relativamente a
sua qualidade, da vasilha , em que elle' a pem
a crystallisar . e ao estado , em que o espera conseguir . que certamente he hum projecto de que elle se affasta mais, ou menos proporo da sua
ignorncia, ou de algum accidente. Em huma temperatura de 20 gros so precisas trs panes d'
gua e cinco d' Assucar, para satisfazer a aco
reciproca destes dous entes dos quaes o produc,t
fluido , no ponto de saturao , se chama Mellado.
A operao do cozimento ou a aco de cozer em termos do Refinador sendo como j o
definimos, a aco do calor na aglia da dissoluo
do Assucar , est aco applicada aO mellado, deve
necessariamente comear , e acabar no gro do thermometro sempre- fixo. 'Experincias* repetidas nos fizero ver - e demonstraro esta verdade , que fizemo' em dissolues de quintaej fictcios, e reaes d'
Assucar refinado ,: perfeitamente puro . nas quaes applicamos a aco do calor em diversos gros. A
depois" de ter reconhecido . que o primeiro termo
desta aco principiava aos 8} gros d thermomeT i

tr

. ( 292 )

tro de Reaumur- e que a ultims acabava em 110


estabelecemos ( tendo sempre a experincia diante
dos olhos) , entre estes dous termos, a escala segimrte a qual, em cada hum dos seus gros annuncia
pela somma d Assucar passado ao estado de sJido , ao depois da cozida proporo da gua, que
0 calor tem tirado nesta. operao. Ora, obrandose sobre hum quintal dAssucar dissolvido, e posto
em estado-de calda por 6o libras d'gua, a aco do
calor em hum gro determinado (88 por exemplo),
se obtm huma somma d' Assucar determinada, a
qual, tend sido huma vez conhecida , (52 arrates),
faz necessarcimente conhecer a proporo da gua (ji
lib. 4 on. 2. oit.) , que foi evaporada , e a ( 1% lib.
1 2 onas , 6 oit.) que ainda fica combinada no estado
de melasso a outra poro d'Assucar (48 anatcs.)
Ainda que se ache na gua de dissoluo, que
traz o mellado ou melasso (Vesou Sj/rope tr *?/
sope Vesou) matrias solveis , que no so sal essencial
a gua todavia est unida a este sal em
huma proporo relativa e determinada. Conseqtien-temente se deve empregar o.thermometro , para fixar e determinar o cozimento , cujo producto slido l>e sempre relativo proporo da gua, que
o calor lhe tira em cada^ gro deste instrumento.
Na verdade a somma deste produet: se affastara
tanto da quantidade annunciada .pela nossa escala
quinto estas matrias estiverem ein maior abundai"*
cia.

( 29 J )
cia. O uso do thermometro no cozimento , mui longe de excluir a prova , que se faz com o dedo ,
ou dedos , que no deixa de ser asss commoda ,
seive , pelo contrario , a fazer clara a sua practica ,
e menos equivoca. Elle d aos Refinadores termos
fixos, e de relao, pelos quaes se pde muito bem
regular com toda a segurana.

Segue-se a escala.

Se-

( 294 )
Dos novos meios de fazer crustallisar, purgar,
&c. o sal essencial da Canna assucarada.

O Assucar he hum sal essencial , quesecrystallisa pelo resfriamento. A experincia tem mostrado , que as molculas desta sorte de saes, requerem para tomar a forma crystaliina , mover-se livremente no fluido, que as tem isoladas, ou em solido , para que posso exercitar humas sobre as outras a sua afinidade reciproca. Estas molculas tomo em a sua reunio huma forma tanto mais belIa , e mais regular quanto a proporo da gua,
que se lhes deixa, he maior. Quando se deixa no
Assucar - que se quer crystallisar , huma grande quantidade d'gua frma crystaes mui grandes, e mui
regulares, em cujo estado tem o nome d Assucar
Candi. Sabe-se que os saes so tanto mais puros, e
mais perfeitos , quanto a forma debaixo da qual
elles se apresento , se avisinha mais quella , que
a natureza lhes determinou. Portanto o Assucar Condi est no caso do estado mais perfeito
que se
pde desejar - e os meios que convm empregar,
para extrahir o sal essencial da Canna , devem con*
secuentemente ser fundados sobre este principio da
Chymica , crystallisar em muita gua , estabelecido
pa-

C/20J )
para todos os saes que crystalliso a frio. Neste
principio he que convm estabelecer o cozimento
do mellado , ou calda , e em virtude delle se deve
dar as vasilhas em que se pem a crystallisar o
sal essencial a forma mais conveniente crystallisao, e a purgao deste sal. Fallaremos antes de
tudo , do modo de purgar. da sua disposio interna, paia a extracco dosai ssencial, por este novo mcthodo.
Das casas de purgar , ou purgarias.
Em o nosso novo methodo ,- as purgarias, ou
(casas de purgar) servem para se pr o sal essencial a crystallisar - e a purgar. Estas casas, ou edifcios , devem ser asss largos , e construdos sobre a
nesma linha, para que se possa andar a servir com
menos trabalho , e verse unicamente com hum s
golpe de vista , tudo quanto nelles se faz ou obra.
Elles interiormente apresento muitas enfiadas de
crystallisadouros - estabelecidos sobre, canaes que
aabo em bacias. Todos os crj/stallisadouros devem ter a mesma forma , e o mesmo vo. Huma
quantidade certa se destina para receber a calda cozida na Assucararia e os canaes sobre que
se estabeleceo, tem suas bacias particulares. Outros crustallisadouros porem se desdiro a receber
as primeiras caldas das guarapas cozidas: seus canaes
tara-

(296 )
tarriben tem huma bacia particular. As segundas, terceiras e quartas caldas cozidas devem ter tambm
seus crystallisadouros , e suas bacias, para que os
productos em Assucar e as caldas seno confimdo , e que se posso tratar separadamente. A experincia nos tem mostrado que a' somma da matria , que une o maior nmero de circumstancias,
favorveis crystallisao do sal essencial da Canna Assucarada era de 15 para 16 ps cbicos, e'
depois deste conhecimento, foi que ns determinmos a forma , e as dimenses da caixa , que hiinos
descrever.
Demai? imaginamos dar no fundo desta caixa
diversas disposies, das quaes o effeito he menos
ejuro e menos cmmodo que aquelle , em que nos
temos fixado. A caixa do crj/stallisadouro, deve ter
5 ps de comprimento , e trs de largo. Seu fundo se conforma a dous planos inclinados de seis
pollegadas cuja unio frma hum canal, que corresponde linha central da maior dimenso. Tem
este canal 12 a i ; buracos de huma pollegada de
dimetro pira o esco dos melassos. A sua profundeza nos lados he de nove pollegadas, e se augmenta para o canal donde tem 15 pollegadas. A
caixa do crystallisadouro, deve ser de tabooens d"
huma pollegada de grossura e forrado de lminas
de chumbo mui delgadas. Convm antes de forrar
a caixa furar os buracos do canal, e queimar com
lui-

( 207 )
huma bala de ferro avermelhado , a circumferencia
destes buracos , de inodo que apresente huma ligeira concavidade . em cujo meio se ache o buraco.
Por esta disposio, ao depois da purgao , no existe huma gotta de melasso na caixa. Os buracos
so uainecidos com argolas de cobre estanhadas , ou
delata soldadas interiormente , e pregadss, redobradas exteriormente , e cravadas no fundo. Feitas as
caixas desta sorte , e forradas com cuidado, apresento todas as vantagens possveis em quanto
c-vstallisano . e purgao do Assucar, e em quanto
solidez.
Est;,belecem-se estas caixas sobre travessas fixas, sustentadas por pontaletes a 8 e 10 pollegadas acima da terra. Fazem-se as travessas com tabooens de 2 pollegadas de grossura , serrados pelo
comprimento e da largura de 3 pollegadas. So
pregadas e fiyas nos pontaletes a 10 pollegadas da
linha centtal do canal
do qual seguem para!leiamente a direco. Os canaes sobre cue se estabelecem estas caixas so feitos d'alvenaria , e inclinados para a bacia que recebe os melassos. Cevem
ser rebocados e forrados de pasta de chumbo. Ainda que estejo inclinados, com tudo as travessas esto em hum plano horisontal e guardo o nvel
entre si. As bacias do melasso , situadas na extremidade dbs canaes, so cavadas com muitos ps
d' altura o mais perto que poder ser da Refirar;*.

(- 298 )
So feitas d' alvenaria, e forradas de chumbo, O
seu vo deve ser quasi da ametade da somma das
caixas, de que ellas recebem os melassos. So cobertas com taboens , ou pianchas flor da terra, e.
apresento huma abertura, em frma de alapo ,
na ponta ou extremidade, que corresponde Refinaria.
Fixa-se o cozimento do caldo , ou mellado, per
Io thermometro. O gro , que convm , para obter,
na maior proporo o sal essencial crystallisada
em caixas
na frma mais bella e mais regular;
he o de 87 e meio a 88. Estando-se seguro do
gro do cozimento conveniente apaga-se o fogo,
pondo-se no fogo dous ou trs molhos de cabeas de Canna , ou de bagaos verdes: neste caso
sem correr risco algum de se queimar o Assucar,
se despeja o producto da caldeira de cozer em a
resfriadeira
que faz parte do laboratrio. Donde
instantaneamente se leva tudo para huma caixa,
da qual tanto antes, se teve o cuidado de tapar os
buracos com tomos de po, forrados de palha de
milho. Ainda se precisa cuidar em pr ao redor
destes tornos, cujas pontas sobresahem interiormente j ou 4 pollegadas , huma pequena quantidade.
d' Assucar , sobre que se derrama algum mellado
cozido . que esfr iando-se presto, faz corpo com o
Assucar , agarra-se ao torno , e o segura. As caixas
fazem a funeo da segunda resfriadeira. Enchemse

( 299 )
se das duas colidas , que se misturo bem juntamente no momento , em que se ajunto.
Posta a matria nesta caixa', se esfria lentamente , e passando-se 24 heras a crystallisao len-<
dc-se estabelecido na superfcie, nas paredes, e no
fundo do crystallisadouro cumpre imprimir ento
ein toda a massa , ainda fluida , hum ligeiro movimento , com hum mexedor, lembrando se de levantar do fundo , para a superfcie , o sal essencial , que
iielle se acha depositado. Feita esta operao , acrystallisao se faz ao mesmo tempo em toda a
xenso da caixa e se o movimento for bem feito e a tempo , dentro de i ou 6 horas, ser geral,
e igual crystallisao desd' o fundo at superfcie. Sabe-se que se do huma multiplicidade de consideraes , para se ter no movimento, que se appiica matria em crystallisao, em razo da sua
qualidade , do gro de cozimento que rcebeo , do
gro do resfriamento, em que se acha , e em razo do estado em que se pde conseguir o sal essencial.
Passados, 4 ou 5 dias, estando o total da massa fria, cumpre tirar as torneiras ento a purgao se faz promptamente , e passados 6 ou 8 dias,
ella fica absolutamente completa. O sal essencial
bem purgado do seu melasso , he ligeiramente hmido, mas expondo-se ao ar por pouco tempo ,
fica perfeitamente secco. Deve-se nestes termos embar"

( }oo )
,
barricallo, onde se socca como os Assucares em-:
branquecidos, ou barreados.
Cozendose o mellado em 88 gros, se obtm ametade, e ainda mais . da quantidade ilo sal
essencial , que elle contm , e se a defecao', e
crystallisao forem bem feitas , este sal tocar ento O mais alto gro de perfeio , pureza, e bel-,
leza , que elle pde adquirir em bruto. Querendose barrar o sal essencial provindo da calda purificada , do modo, que exposemos , ento se serve para o pr a crystallisar - ou das caixas que acabamos
de descrever ou das formas. Servindo-se porm
das caixas
precisa-se augmentar o gro do cozimento e fazell ir de 85 a 90 j precisa-se tambm vigiar com maior cuidado a todas as circumstancias , que devem acompanhar o movimento,
que se vem obrigados a applicar matria em crystallisao. Mas empregando-se as formas, cumpre
dispor huma parte da casa de purgar emcabanas,
para as receber - como se vio, na disposio interna das Purgarias pelo antigo methodo. Estabelecese na Assucararia, ou casa de purgar, huma segunda resfriadeira de cobre - que possa levar de dous
a trs inilheiros com que se enchem as formas arranjadas para este fim . ou na Assucararia, ou nz
Purgaria e no demais do trabalho, se procede do
ir.odo que j fica dito.
No se podem empregar formas , seno na calda

( 501 )
da de boa qualidade
tendo em vista o gro do
cozimento
que o seu vo
e -figura conica exigem , gro , que prscisa ir de 90 a 92 que as
'ms caldas no podem supportar. Neste caso precisa-se de necessidade recorrer s caixas, como tambm para a crystallisao do sal essencial que <re
<quer extrahir de todas as sortes de mellados OH
caldas. Proced-se na purgao dos pes do sal essencial na preparao que se lhe convm fazer para O branqueamento e nesta ultima preparao , da
maneira que temos descripto. Deve-se notar aqui
que a guarapa , tendo sido esbulhada de toda a matria slida no apresenta na crystallisao purgao . branqueaeo , e dessecao do sal essencial*,
pela estufa algumas dificuldades e que depois de
ter passado pOr estas diversas operaes
este sal
-he perfeitamente puro e to brrrco , como se pde querer.
Ns fizemos construir diz0 RI. 'Dutrone , pata
dessecar na estufa o sal essencial'extrahido, e emhrarquecido , Segiudo ;o novo metlodo, huma estufa de construco semelhante s" do nosso Paiz.O
-Sal essencial, recebe nella aco do Sol, o qe
desobriga de se pr sobre a escarpa. Est estufa de
dia se aquenta pelo Sol e de nOit qualquer pequeno fogo basta para.lhe suster a temperatura conveniente . que he de 36 a 40 gros- Este modo de
estufar he 'prefervel , por ser mais ex peditiv me.
nos

J02-)

,nos dispendioso , e que d ao sal essencial huma


vista mais branca e mais brilhante. Como o local,
no permittio dar que construmos,. a melhor disposio possivel no offerecemos o seu plano , porque no queremos seno , o que a experincia no;
tiver ensinado , ser muito vantajoso por todos os
lados e que se possa seguir com toda a certeza,
e segurana. As caldas, que se sepro do sal essencial na purgao , se chamo (Syropsvesou) melassos para os distinguir dos outros, Estes mesmos
melassos se distinguem do i. 2.0 - e 3. 0 producto , &c.
Hhnos expor qual seja a disposio que convenha dar ao laboratrio do forno , que serve para cozer o melasso, e para o clarificar. Em hum
pequeno edifcio chamado Refinaria adjacente s casas de purgar - e situado quasi junto ao centro, se
deve estabelecer hum forno singelo , para cozer os
melassos , e par* os clarificar - conforme for necessrio. Daremos adesciipo com a dos fornos da
Assucararia. O laboratrio do forno de cozer o caldo apresenta huma s caldeira de cobre, A parede , com que, elh he cercada pela sua circumfe-|
jpncja, tem na parte superior 1; a 18 pollegadas
de grossura ; a sua .superfcie forma hum plano inclinado de 5 -para 6 pollegadas da borda externa
da caldeira
onde tem soldado huma bordadura
de. cobre , ou chumbo que a cobre por toda a sul
ex-

( PI )
extenso. Sobre as costas do laboratrio se encontro dous pequenos tanques , que recebem os melassos que vem a cozer Tambm servem de filtrar
a calda , quando se clarifica. Estes tanques so feitos de alvenaria e forrados de chumbo : o seu fundo fica ao nvel da borda da caldeira , em a qual
se despejo por meio d' hum pequeno tubo. Devese estabelecer sobre as paredes lateraes da Refinaria hum canal para levar aos tanques os melassos,
que se lano em huma bacia pequena , posta na
extremidade deste canal junto das bacias das caldas.
Em hum laboratrio disposto deste feitio, se
pde cozer muito mais melasso, do que se coze
nas esquipaes de mellado , formadas de duas caldeiras de ferro. To depressa se enche a caldeira
d' huma quantidade de mellado conveniente , se lhe
pem o fogo , e em quanto se coze , se enchem ds
tanques situados aos seus lados, para que ella possa ser cheia , o mais breve que for possvel , por se
no perder tempo algum. Sendo os mellados de boa
qualidade , se faz ir o gro do cozimento a termo
8 8 : fixo-se com o thermometro, ao qual diz relao a prova que se faz com o dedo" : pra-se
ento ofo*r,o, pondo no fogo alguns molhos de
cabeas de Cannas e se despeja a caldeira na res>
friadeira posta pot este motivo , junto delia. N
instante em que se encher do mellado dos tanques

( $04 )
qus , tirando a rolha da torneira ou tubo , se lhe
accende outra vez , o fogo. Estabelecido huma vez
eite trabalho , se continua sempre do mesmo modo.
Leva-se este primeiro cozimento para huma
Caixa
preparada do modo que j dissemos aci.
m a : presto se lhe ajunta o outro , que lhe succede , os quaes , tendo se misturados, se deixo. Todos os cozimentos seguintes se hiro unindo dedout
a dous, e se abandonaro por 24 horas. e algumas
veies por mais tempo. Passado este , e esfriando em
hum ponto conveniente , que se conhea com o
dedo , se abala a carga na caixa com hum mexedor e dentro em poucas horas a crystallisao se
effeitua e *se faz mais geral e uniforme em toda, a estenso da massa. Passados j 011 4 dias, se
destapo os buracos da caixa: a purgao no principio he mui rpida , mas no se completa seno no
}cabp de 18 dias : ento o sal essencial, he to puro,
e,tq bello , como se pde desejar: pem se, e pila-se nas barricas , onde no purga mais. Os melassos do 2. 0 j . 4. 0 e j producto, s cozidos
do mesmo modo em hum gro , que se aproxima
iruito menos ao; termo SS , e que so os menos
lons.
A primeira cozida se reparte por todas as caixas , que se querem encher
e todas as outras ,
,que lhe vo sucednd . so igualmente repartidas
pos. estas caixas; mas so precisas algumas advcrten-

( JOJ )
tenes particulares a respeito do movimento, com
que se abalo para obrigar a crystallisao que , depeis deste movimento se faz geral , e uniforme,
A purgao do sal essencial dos melassos do terceiro , quarto , e quinto producto requer paia o
seu complemento 15 a 20 dias , e depois destes o
Sal extraindo da calda de cada producto , se pem
e pilo separadamente nas barricas. No momento em
que se enche a caldeira de calda para a cozer se
lhe ajunta gua de cal relativa qualidade do mellado. Quando he mo ou que so do quarto e
quinto producto, convm aguar a gua de cal com
a Potassa. Depois de todos estes cozimentos e repetidas crystallisaes
se consegue hum teriduo ,
que himos examinar debaixo do nome melasso (vetou.*)
Temos visto que os caldos de melhor qualidade produzem sempre com o - sal essencial, huma poro de sueco saponaceo extiactivo. Tambm
vimos que os caldos de medocre , e m qualidade,
trazio ainda com o slicco saponaceo huma poro maior
e menor d suecos mueesos doces e
assucarados. Entretanto se conhecer facilmente .
qtie nos diversos cozimentos e crystallisaes ; porque psso os mellados e os melassos, a proporo'destes suecos relativa do sal essencial ano*
inenta tanto, quanto o sal diminue : ora he evidente' que os mellados de boa qualidade , cujo cozimento tiver sido bem conduzido . daro todo o
l

7. I. P. II.

sal

( O6 )
tal essencial que elles tiverem, menos huma pequena poro , que se achar em ultimo lugar embaraado com o sueco saponaceo extractivo. Tambm h evidente que os sobejos, ou resduos dos
mellados , de qualidade medocre e m , sero relativos somma dos suecos saponaceos mucosos, doces , e , assiicarados que contero os mellados, ou
caldas e quantidade de sal essencial, que estes
suecos retiverem. Os suecos saponaceos extractivos
mucosos , doces , e assucarados , concentrando se mais
em cada crystallisao, se fazem menos fluidos, e
oppem por sua tenacidade huma maior resistncia
s molculas saecharinas.
Temos visto que os alkalis se combino perfeitamente com o sueco saponaceo '. elles se combino igualmente bem com os suecos mucosos, doces e assucarados que os fazem muito mais fluidos. Por esta sua propriedade se usa dos alkalis no cozimento dos mellados de todas as castas;
porque ento as molculas saecharinas encontro
menos obstculos em se unirem, crystalliso tanto
melhor quanto estes suecos se fazem mais fluidos,
pela sua unio com os alkalis , cuja aco, ajudada pelo calor se conduz to infelizmente sobre os
princpios constitutivos do sal essencial, que o decompem e augmenta tambm proporo do melasso. Forma-s e o melasso, como todavia he fcil,
de se vr, do sueco saponaceo extractivo , dos UCos

(J07 )
cos mucosos , doces , assucarados , d" huma poro
de sal essencial , decomposto pelo concurso do calor e. dos alkalis , e de huma poro deste sal embaraado em todas estas matrias. Se o melasso for
leduzido a huma consistncia tal, que elle no traga no areometro mais que 40 gros , e que se abandone, por muito tempo em huma bacia mui larga,
e pouco profunda as suas mo/eculas saecharinas a
pezar da resistncia , que lhe far o melasso se
approximo , e cahem no fundo da bacia. Todas as
Assucararias das Colnias do as provas deste facto. Lanando-se sobre o melaso , estendido em gua
distiada huma dissoluo d' cido oxalico , no somente este cido se une cal , que elle precipita,
mas tambm, lhe tira o principio colorante dos suecos saponaceos e mucosos cuja base se apresenta ento debaixo da forma de pequenos floccos
brancos.
Parollelo do antigo, e do novo methodo de extrahir o
sal essencial da Canna mel ou Assucarada.
A simples exposio , que acabamos de fazer ,
diz M. Dutrone , do novo methodo bastaria sem dvida , para demonstrar todas as suas vantagens.- Mas,
como nos importa desenganar o pblico sobre os
clamores injustos , e enganadores de muitas pessoas
que, sacrificando tudo ao interesse particular e ao
Y

amor

( jo8)
amor prprio ousaro dizer que o estabelecltntfc
to deste novo methodo exigia grandes despezas,sem
apresentar benefcios, ns o poremos em parallefo
com o antigo .nos principaes pontos , onde suas vantagens so mais marcadas, e estabelecendo, entre
ambas, huma differena to grande , e to bem determinada que o pblico o illuininado todavia , no
deixar de conceder ao novo a preferencia , que elle merece em todos os seus respeitosa No principio,
exporemos as differeaas, que apresento, em favor
do. nosso methodo , as caldeiras de cobre , e os fornos de nova inveno sobre as caldeiras de ferro,
e os fornos destas caldeiras. A depois compararemos estes dous methdos nos seus meios, na marcha destes meios , e nos productoiS, que so os
seus resultados.
Das caldeiras de cobre , c de ferro, e de seus
fornos.
O cobre , ao depois do ouro e prata , he o metal
mais sensvel aco de calor - e que elle penetra
com maior rapidez. Esta vantagem junta solidez,
- limpeza, e mediocridade.-, do se preo tem merecido ao cobre a preferencia , que se lhe d sobre todos os outros metaes nos usos econmicos,
e nas artes. Emprega-se em todas as Refinarias,
com tanto maior- segurana , quanta tem o Assucar

C 509 )
car, e a calda de o defender do verdete. A guarapa a calda, o Assucar gozo desta propriedade. A inaco da guarapa e do caldo sobre o cobre
provo que elles no contm cido ; porque se sabe que este metal se deixa atacar pelos cidos mais
fracos.
O fundo das caldeiras de cobre se forma d;
huma s pea de cobre vermelho batido : suas paredes se. fazem de muitas chapas de cobre em lamina , pregadas huinas nas outras, e o fundo com
pregos do mesmo cobre batido. As dimenses destas caldeiras , prprias ao trabalho dos caldos , s
maiores que a das caldeiras de que se servem nas
Refinarias, e a sua figura tambm he differente.
Fazendo-se os seus fundos com cuidado, soffrem
a aco do fogo o mais forte sem alterao alguma e podem aturar at hum sculo. Elias tomo tal frma , e tal consistncia , como se quer.
As paredes, que a sustento forradas de chumbo , ou
de cobre soldado nas suas bordas , formo com ella
o laboratrio do forno e este laboratrio apresenta ento ao caldo a maior limpeza.
O cobre em tod o tempo , e em todo o lugar tem hum valor intrnseco bem determinado : no
se tem logo perdido no emprego , quando elle no
pde servir mais
seno o valor arbitrrio. Unicamente as nossas Colnias banniro o seu.uso
(o annos ; mas os Inglezes , mais sbios que ns
o

X ? N )
o tem conservado. As caldeiras d ferro , empregadas no trabalho dos caldos ,- se fazem de huma sorte de ferro fundido
que se corre em huma s
pea de forma elliptica. Esta fuso muito impura
contm de mais huma grande poro de oxido de
ferro. Ella conduz muito menos o calor do fogo,
qe o ferro puro, qe ainda he menos que o cobre Logo as caldeiras e ferro so, por esta dt>
brada razo , menos prprias que as de cobre a
transmittir a aco do calor em o trabalho do caldo. O ferio , pouco conduetor do calor , retm , o de
que se carrega em hum gro quasi sempre muito forte , para que as substancias animaes e vegetaes posso supportar-lhe a aco , sem se decomporem, Este inconveniente , e o seu mo aceio, o tem
feito banir dos usos econmicos, e quasi de tedas
as artes. A fundio do ferro he mui sujeita a ser
arruinada pela ferrugem , e sempre se v coberta
delia. Nunca toma o brilhante metallico , e tem continuamente huma cr negra cuja. A ferrugem , que
cobre a sua superfcie
he tenacissima e se despega
difficultosamente, mas despega-se sempre. E assim
por maior cuidado , que se applique em lavar a
caldeira , a ultima gua da lavagem nunca he pura,
traz sempre comsigo huma tinta negra muito forte,
que passa em o caldo.
As caldeiras de. ferro so mui frgeis, e quebradias , e se quebro quando mui subitamente se
mu-

( J " )
muda de temperatura ; e ainda que sejo boas , no
escapo fractura. O vo , ou capacidade das maiores , quando muito , levo dous milheiros e esta
capacidade no basta para o trabalho do caldo.Vemse na obrigao de augmentar muito pelas paredes,
que, sendo menos slidas infinitamente ainda que
as caldeiras , so tambm muito menos aceadas que
cilas; pois a sua superfcie no pde ser forrada,
nem pelo chumbo , nem pelo cobre , no podendo
a solda apanhar o ferro, O ferro fundido absolutamente no tem valor algum intrnseco , e cualfuir caldeira quebrada nada vale
tenha o pezo
que tiver. A construco das fornalhas , que sustento as caldeiras de cobre, he solidissima. As paledes se Jevanto quasi a prumo , em toda a extenso do fogo, Ella no tem sobre huma altura de
trs ps , e seis pollegadas mais que huma curva de
4 a J pollegadas, quando muito, que descrever, para vir a apanhar o fundo da caldeira. As abobadas ,
que enchem o espao, que deixa qualquer caldeira
entre si , s tem , quando muito . quatro ps. Fazem-se de tijolos , e se podrio fazer de basalto.
Ento ellas serio d' huma solidez tal que durario tanto como as outras partes do fornc. O basalto he huma espcie de pedra que paiece ser
hum producto vulcnico , muito abundante em Martinica , e que tambm se encontra em muita quantidade , em S. Domingos : soffie perfeitamente a aco

( 32 )
fo do fogo. Deve-se preferir, o que for d'hum pardo esbranquiado.
A parede do forno , que sustenta huma caldeira de ferro
he pouco slida : ergue se diminuindo se conforme o seu desenvolvimento
para
deixar entre ella e as caldeiras quasi o mesmo espao ; ao depois se curva para vir apanhai Ias quasi e:n 4 pollegadas da sua borda. A curva , que descreve sobre a altura de 8- a 10 pollegadas, tem
12 para 15. As abobadas , que repartem cada caldeira , tem pouco menos de 6 ps de poitada. A
necessidade de substituir s caldeiras quebradas pof
outras
cujo dimetro muitas vezes maior - ou
menor , impedem , que se sirvo de basalto, pari
se construrem estas abobadas ; porque se precisaria
retalhar as peas ou empregar novas, o que demandaria muito tempo para reparaes desta espcie que se repetem to amiudadas vezes. As escarpas , que sobresahem s caldeiras para augmentarem o seu vo , e capacidade se fazem de ladrilbos
em plano inclinado, e rigorosamente apertados: o
effeiro constante do calor a aco da calda na cal
da argamassa que une estes ldrilhos , os desordena quasi a todo o instante e de mando reparaes continuas. As caldeiras de ferro se introduzem inteiramente no fogo , menos j para 4 pollegadas . sobre que se erguem as paredes , que a
segufd pela sua circumferencia. Sem embargo de
apre-

( m)
jrriresentarem huma mui grande superfcie ao fogo;,
todavia a. fervura do caldo, no he muito forte;
porque ellas se oppem por sua natureza, e por
sua forma a aco do calor , que somente as penetra no ponto , em que as paredes as seguro. O
calor ouja tendncia he debaixo para cima trabalha sempre, seguindo a perpendicular - cahindo obliquamente sobie a convexidade da caldeita , que o
,reflecte elle se conduz parte superior do fogo,
onde ento se vc obrigado de a penetrar, oppondo-lhe as p.uedes ainda huma maior resistncia. Unicamente a batedeira , estando por cima do fogo,
propriamente chamado
onde o fogo he sempre
muito ardente , se penetra por toda a parte.
A convexidade , que apresento os fundos das
caldeiras de cobre , s he de 4 pollegadas , quando muito com 5 ps de dimetro ; a obliqidade ,
que ella d ao calor que as fere , he quasi nenhuma , e o cobre , sendo muito permevel , oppeiri
pequena resistncia aco deste fluido , que penetra estes fundos, por todas as partes, com muita
maior facilidade. Em hum laboratrio de cobre , formado de trs caldeiras cujos fundos somente apresento ao fogo )2 ps de superfcie cada hum tenho defecado evaporado , e cozido huma mui considervel quantidade de sueco espremido , para conseguir 140 formas de Assucar em 24 horas. Neste
mesmo laboratrio tenho igualmente defecado, evapo-

CH)
porado , e cozido huma somma de sueco espremido,
do quaL o producto encheo onze caixas , que continho cada huma 1$ ps cbicos, o que faz 16$
ps (o p cbico corresponde a huma forma). Ora
j mais tem acontecido
que se tenha alcanado
hum producto semelhante nas esquipaes de caldeiras de ferro.
A evaporao , e o cozimento , fazendo-se por
tanto mais rapidamente nas caldeiras de cobre , que
nas de ferro, assim em razo de metal, que por
sua natureza he mais permevel pelo calor, como
em razo da forma da caldeira , que he muito mais
prpria para receber a sua aco : necessariamente
resulta economia de tempo, de acendalhas ou lenhas , e vantagem n fabrico ; porque a experincia prova que a evaporao , e o cozimento no
podem jamais fazer-se to rapidamente. O uso das
caldeiras de cobre goza no somente de todas as
vantagens, que se podem desejar para o feliz suecesso do trabalho do caldo, mas tambm he muito mais econmico que o das caldeiras de ferro.
Outras vantagens do novo methodo comparado com

Entendemos por esta expresso antigo methaJt


a disposio dos meios empregados actualmente , e
a maneira de se servir destes meios nas diversas opeia-

( ?15^
raes, que geralmente se fazem em nossas C6I<
nias, no sueco espremido da Canna assucarada , ou
Cannamel, para se lhe extrahir o sal essencial hj-ito , e embranquecido ou barrado. Este methodo requer - de dia e de noite huma assistncia assdua,
e rigorosa do Mestre ou Refinador branco, em
quanto durar a rolao, e hum trabalho constante
da parte dos 'pretos nas 24 horas , que fc na Assucararia. Se no methodo , que estabelecemos, o trabalho no he interrompido , he verdade que" sempre he menor, ou menos considervel no espao
da noite ; pois que nelle somente se trata d' escumar e de despejar o caldo de huma para outra caldeira, proporo da sua evaporao: trabalho este que no requer a presena do Refinador branco.
As bacias de filtrar e de deca Mar - sem aug**
mentar a mo d' obra , fazem ao Refinador. ou Mestre Senhor de todas as suas operaes e no tem
necessidade de empregar mais que a quantidade d
cal necessria, para separar as feculas; e a balana,
que indicamos, d hum meio seguro para fixar esta quantidade. Pde seguir em cada carga de caldo , passando-a de huma para outra caldeira , todos os sinaes que lhe servem de guia no emprego dos alkalis. Pde tambm dirigir a marcha da
evaporao sua vontade, por meio do areometro.
Finalmente elle est certo, e seguro que pelos filtros ,

< ?i)
Iros, e repousos tirar completamente todas as matrias insoluveis , e far chegar o caldo ao mais alto gro de pureza , a pezar da negligencia dos escravos.
As bacias de decantar do ainda ao Refinador
a inapreciavel vantagem de se cozer o caldo somente de dia. E assim , ao depois de se ter posto
a repousar durante a noite - pde vigiar todas as
operaes, que apmpanho , e seguem o cozimento. Pde reconhecer os defeitos , que foro coirlmettidos no emprego dos alkalis , e remediallos.
Pde, por diversos meios de que est em seu arbtrio usar accrescentar a pureza , e a belleza da
calda, ou mellado que est para cozer. Elle goza
da vantagem de a cozer em somma , e de continuar
este. cozimento sem interrupo pelo accesso de
nova calda. Finalmente encontra no thermometro
hutn meio seguro, e infaliivel de seguir os diversos gros da aco do calor e de fixar o tempo,
ou termo do cozimento. Pde apagar o fogo, e
despejar a caldeira do cozimento, sem decompor
qualquer molcula do Assucar.
O Refinador goza , no trabalho , a satisfaa
prasenteira. da segurana do successo , e tem o doce gosto de no ter jamais a fatal occasio de punir os escravos seno por faltas que lhes era fcil no commetter ; faltas
que elle pede muitas vezes- perdoar sem inconveniente" algum , visto
c.ue

?17 )

que as bacias de decantar as riparo todas. A todas estas vantagens se recusa a marcha desordenada das caldeiras de ferro totalmente , apresentando
pelo contrario todos os vcios oppostos.
O Refinador no pde por meio algum fixar
a quantidade de lexivia , que he obrigado a empregar ; pois qe no a regula sobre a quantidade de
feculas , que tem de separar
mas bem sobre a
consistncia espumosa
que he obrigado a dr-Ihe
por hum excesso d'alkali para que ellas se possao
sinter sobre a eseumadeira se posso tirar. A
neces-idade d* misturar s differentes cargas , humas
eom outras , passndo-as a differentes caldeiras , faz
que nunca em alguma deltas elle haja d'estar seguro do estado do ealdo relativamente lexivia
e ao gro de evaporao. No tem outro meio, fia o da eseumadeira para lhe tirar as feculas , e
as matrias terrosas meio que fia verdade/ he absolutamente insuficiente, logo que a calda esteja
na batedeira lhe fica sendo impossvel reparar es faltas , que foro hum inevittrvel vffifo da desordenada marcha deste trabalho, e da negligencia dos'
pretos.
Como a capacidade da batedeira he muito diminuta , e que a calda de que est cheia no
evaporou mais que 18 gros
acontece qe absolutamente s se pde encher d huma mui pequena quantidade , e que he necessrio repetir vinte
ve-

( Ji3 >
vezes este enchimento , e muito pouco dcada
vez antes que se possa conseguir hum cozimento.
Acontece ainda mais , que fico obrigados a cozer
de dia , e de noite e que- para regular a marcha
do caldo nas caldeiras, e fixar o seu cozimento he
absolutamente necessria a presena do Refinador.
Ora a caldeira de bater
ou batedeira assim por
sua frma como por sua natureza se oppe, a que
se possa despejar. ou encher sem escaldar. e quei-.
mar muito Asrucar.
O Refinador , ao depois de muito trabalho,
passa pela semsaboria de ver que o Assucar - que
conseguio
no est isento a censuras. O amor prprio ou a ignorncia sempre o fazem injusto , e
muitas vezes mais que injusto. Elle cuida que est
obrigado sempre a castigar as faltas , que o mis.erav.el escravo np pde deixar de as commetter;
porque no estava na sua mo o evitallas, em razo de estarem ellas essencialmente unidas aos meios,
que elle emprega e a marcha destes mesmissimos
meios. O novo methodo porm comparado como antigo , no cozimento da calda ou mellado, e
na crystallisao do sal essencial offeiece tambm
huma differena muito grande, e muito marcada,
d, .qual se estendem igualmente todas as vantagens sobre todos os caldos , seja qual for a qualidade destes.
O alvo, a que atu-a o Refinador

quando coze

C H9)
ze a sua calda . conforme os seus prejuzos, he como j o temos dito , concentrar todas as molculas saecharinas entre si, para que estas hajo do
formar huma massa aggregada e durssima , fechadissima e separada, do melasso : effeito, que esperaro sempre d'hum ponto, ou gro de cozimento muito subido , ao qual seno pde chegar sem
decomposio do-Assucar. Na realidade muitas vezes se tem chegado a decompor na batedeira ao
ponto de se incendiar. Tirando-se quasi toda a
gua da dissoluo de huma nica vez , apparecem
n' hum instante as molculas crystallinas que o calor tinha abandonado debaixo d'huma forma slida,
porm no tendo tempo , para se reunirem em hum,
grande nmero
nem de tomarem . na sua njo
mui repentina^ a frma que a,natureza lhes tem
assignalado e que ellas tem por, costume tomar
sempre quando esta unio lhe? he. livre . e lenta ellas formo pequenos. crvstaes^ Hregufares de
huma fineza tapto maior , quanto a propor d"
gua , que se lhe tem tirado pelo cozimento'-, he
mais considervel, e que o calor as abandona mais
promptamente.
.Todas as matrias feculenta?, e terrosas , que
*e encontrar) com ellas na calda ou mel|ado, for*
mo , huma misturada quando passo ao estado de
slidas. Os pequenos crystaes, que formo,, apresenta huma extenso de superfcie muito maior ,
<iU3

C >2 )
qne -st estivessem unidas em grossos, crystaes : e retm por tanto huma maior poro de melasso ,
Cm a qual soffrer a aco-do calor e esta quantidade he ainda tanto maior quanto o melasso se
faz menos fluido , por se lhe ter tirado em maior
abundncia a gua da dissoluo. O melasso frma
ento com o sal essencial com as matrias terrosas,, e feculentas huma sorte de bolo ou massa,
do que ella seno pde desembaraar seno passado' muito tempo , e tambm de que ella nunca
se poder desembaraar ; pois sendo capaz, e susceptvel de fermentao , arrasta na sua defomposid estabelecida a do Assucar que se faz tanto
mais fcil
quanto est no maior estado de diviso. Estabelecida , por huma vez , esta decomposio,
cila- se continua e o'-melasso sem cessar si renova. E assfm eno devem admirar que os Assuca'
res , rendo huilha quebra d 25 e "j-por cento,
hajo ainda de quebrar' mais nos armazns, e nos
transportes, quer para o interior do reino, quer paia fora.
Os princpios , sobre qe o n<so methodo se
funda , prescrevem huma marcha diametralmente
fppost. O fim , qe se propem no he tirar somente do caldo "'todo o sal essencial \ que elle contm , mas tambm' ainda "peitnde- npresntallo debaixo d'huma blla' forma crystallina:, e bem pur*
gado de todo melasso. Cumpre-" ptiis paia se tocar

(.,2,

ter este alvo appliear calda hum tal , gro de coimento , que ponha o sal essencial nas circumsSancia mais favorveis i crystallisao. Cumpre ainda mais que se ponbo a crystallisar em vasos,
que posso pela sua forma e vo , ou capacidade
prestar-se aos gros de cozimento os mais dbeis,
eunir- e associar todas as condies, >q.ue requerem
huma bella crystallisao e huma purgao, piora.*
pta e"fcil. Lariando-se os olhos sobte.as caixas.,
que estabelecemos, severa que.-ella apresentade
todos os modos as mais felkes condies , para encherem estes dous objectos : ver-se-ha mais que,na
sua disposio sobre os canaes,, que no estado de
canaes , e de bacias dos caldo?, a mo d'obra se
conduz com o maior .cuidado, eque. -J^e. ttabajh
tio. simples , como fcil, em tudo sereduz raiar
**J

economia de braos , de tempo e de meios.


-M
Por mais m que seja a calda,, se poder cozer sem a decompor, e por mais fraco que-seja
gro do cozimento , que pde soffrer, se tira todavia a maior parte do sal essencial que contm , e
quando este no seja do primeiro producto-, ser
pelo menos do segundo , e do terceiro. Convm
appliear o gro 88 do thermometro de Reaurnur ao
caldo de boa e medocre qualidade, para se, obter
sal essencial bruto no melhor estado , que se p*
de. desejar. Ella .cozida neste gro , d pela ametade
ft quantidade de sal, que contm , deba-js da forF. II. T. I.
X
ma

( P2 )
-ma "de beios' crystaes bem isolados , ds ques se
-separa o melasso muito' bem. Podem-se pr, e p
lar- em barVicas corroo os Assucares brancos e como estes - se podem transportar sem quebra, e fi.
car tambm-em armazns, sem' se alterarem: e como elles finahr.ente podem entrar no consummo
-do so econmico, No apresenta- obstculo algum
refinao; o os-seus jproductos so superiores era
qualidade ,--e quantidade:, aos que:: d, os mais bellos Assucares ?' obtidos pelo antigo methodo.
O melaSso ,csjue corre doi sal essencial, produzido por : huma calda cozida em 88 gros deve
ter num fcozimento igual a-este mesmo gra'o , e
dar tambm dmetde da quantidade do sal que
contm : este sai he bem crystallisado bem purgado i se comporta ein tudo , como a do primeiro prodbeto,
Podtai-se obter at seis producros das caldas
de xcellfenfe qualidade, coiendp sempre em hum
gro conveniente as caldas de cad3 hum destes produetos.
A somm do sal essencial . que se obtm pelo novo methodo no primeiro e segundo producto igtth**"'eiri quantidade , ao que se obtm pelo
antigo em huma' s vez pelas suas melhores caldas . 'qual se-pplica hu^i gro de cozimento , que
corresponftfe ao termo 95; do thermometro. Cnsul tandoM"- a escala , que jmos-, se ver quenes>
..'te

( } * J )

te gro se obtm os trs quartos da quantidade de


sal essencial contido nas caldas , que se cozero.
Ora , pelo meu novo methodo , se obtm esta mesma quantidade no i.. e 2 producto, unidos entie si. Conforme esta mesma escala , o l. producto, he eml8> gros, ainetade da quantidade dosai
essencial contido no caldo. A calda , que se separa deste ,i; producto .cozidai igualmente em
8 gros , d igualmente ametade da quantidade do
sal essencial que contm. Logo ametade da totaJidsde do sal essencial no i. producto , e ametade da
outia ametade no 2.?., fazem muito bem os tres
quartos do totaji- Tem-se consequen temente em be>neficio. real a differena , que apresenta o preo desates dous productos , unidos com o do .nico -producto do antigo, e esta differena caminha-a 8
3-0 , is libras por quintal, e ainda mais.
O sal essencial,que se btem por hum"j', 4 . 0 ,
e <., e ainda 6. producto , apresentaf tambm hum
benefcio na differsn* do seu preozSsosn o do melasso ; porque no antigo methodo se vendia no estado de melasso:, o Assucar, que se obtm por este novo methodo no j. 4 . 0 , &c. producto. Como , trabalhando-se pelo nosso methodo , seno' experimenta perda alguma absolutamente ,* porque as
bacias, que recebem as caldas , so fonadas de chumbo , e porque s se.embarrico os Assucares. quando esto perfeitamente purgados , daqui* vem que
X ii
se

( 54)
se reputa por beneficio o melasso , que perdem or
Assucares brutos do antigo methodo no embarque
perda que sobe de 10 a 30 por cento, e que recahe toda no i. proprietrio. A fora esta , ainda
se tem demais , a que se perde por trespassar as
paredes da caldeira , ou bacia; do melasso, cuja
perda seno pde avaliar
mas deve ser contemplada grande , julgando-se 'pela 'sua fluidez.
Facilmente se vem no conhecimento , de que,
sendo a calda perfeitamente - purificada pelos meios,
que estabelecem todos os productbs , que delia se aicano ,. so to puros, e to bons, quanto se podem querer e que na operao do barreamento,
ou embrartquecimento , no apresento! dificuldade alguma.
, toui.rv:<
- Os Assucares barrados do antigo methodo trazem sempre o cheiro , e sabor balsamico d Canna que servem de os distinguir particularmente
dos ' Assucares. refinados
podem-se" privar inteiramente os Assucares barrados :do ri nosso methodo
pelos meios ,, qme ensinaremos na practica. Ento
se acharo , sem .0 sopcorro da clarificao , ter to
das as vantagens dos Assucaresi refinados, e a sua
pureza far que s*jo; preferidos, aos de hum grtf*
de nmero,, dos da. refinaria em Frana , onde se
mistura o-Assucar*. se pi o purificas. O Assucar bi>
to .do nosso methodo offerece: ao Refinador em
sua pureza -hum beneficio d e S , o u 8 por cento so
i
br*

( 3*5 )
fere os Assucares do antigo, que na sua clarificao perdem em cada quintal 6 para 8 arrateis de
matrias feculentas , e terrosas que se tiro com o
nome de escumas,
O novo methodo se estabeleeeo no mez de Junho de 178) na fazenda ou Engenho de M. Deladebate, situada no Campo de Luis, junto Cidade de Cap , e foi executado com o maior cuidado , por huma practica constante , e illuminada com
clculos to exactos, como satisfactorios , os quaes
o fixaro para sempre, Tendo verificado os productos, comparados d' hum e d' outro methodo , e
pelo quadro feito por M. Deladebate, sobre o r e listro dos Livros do seu Engenho , me convenci inteiramente dos grandes benefcios , que elle deve ao
novo methodo, e quanto vantajosamente ficou pago das despezas deste estabelecimento.
Dos Fornos.
O calor sendo o principal agente no trabalho do
sueco espremido da , Canna, Assucarada , he por tanto absolutamente essencial ao Refinador conhecer
bem todos os meios d' appliear a sua! aco. Este
conhecimento tem por objecto o estudo dos fornos,
e este estudo deve abranger todas^-S partes d'hum
forno , o fim e uso d' cada huma dellas , sua construco , e o conhecimento dos materiaes mais,
pro-

J2)

prprios para ella, O fotno, em geral, he hum vaso , que toma differentes frmas, conforme o exige o trabalho de diversas substancias que se tem
de tratar. Este vaso pde ser simples , composto,
e ainda sobrecomposto. Deve ser prprio em todas
as circumstanchs para receber matrias combustveis , e favorecer a combusto ; a conservar o calor que se frma na combustp a conduzir este
mesmo calor nos corpos, que lhe devem soffrer a
aco , a levar fora os princpios volteis dos combustveis , e a conservar-lhes ,os princpios fixos. Para encher todos estes usos se frma o forno de
quatro partes differentes , a saber , cinzeiro , fogo
laboratrio, chamin. Nos fornos de fundio , ede
forjas -se confundem de ordinrio as trs primeiras partes, e nas outras sortes so mais ou menos
distinctas.
O uso do cinzeiro he receber as cinzas, princpios fixos das matrias combustveis , e de enviar
ao fogo hum ar prprio combusto e se situa
por baixo do mesmo fogo. O fogo deve receber
as matrias combustveis , conservar o calor que resulta da sua decomposio , e o trazer ao laboratrio. O laboratrio se confunde algumas vezes
com o fogo e outras se distingue delle perfeitamente. Deve comprehender os corpos , aos quaes
se pertende appliear a aco do calor.- A ultima
parte: do fotno he a chamin que lana fora os
priti*

C J*7 )
princpios das matrias combustveis volatilisadas p"-'
Io calor .. e se situa na extremidade do fogo, ou'
luboratorio. O forno simples he aquell , cujo fogo ,' e laboratrio , estando crcnnscriptos , no encerro , ou no sustento seno Os COtp , que correspondem sua capacidade. O composto he aquelle,
cujo fogo, e laboratrio, no estando circunscriptos,
so mais ou menos prolongados., comprhendendo
muitos corpos. O -SbbrecOmposto he o formado por
muitos fornos juntos . que se podem pr em aco ou juntos, ou separados, e que s tem huma
chamin.
Fornos de nova constriteo , que tem caldeira
de cobre.
Dissemos que o trabalho do sueco esptiemid/
consistia em trs operaes prihcipaes , e que cada huma dellas exigia a aco d calor:. Esta aco pde ser applicada -pr estas trs petaiet simultaneamnts em o mesmo forno ; ella tambm
pde ser applicada separadamente em dBii fomos
differentes. Servem-se:neste trablh do SUc espremido . e das caldas, das trs sites' de"ffros, que
acabamos de distinguir^ O forno simples so-iYerite'tm
huma caldeira^, o composto 2 , j 4 fia m-Sm*--linha. O sobrecomposto tem muitos 'sobre differentes'
linhas, que se unem. m hum s ponto.- Pdem-servir -

(J2)

ir-, para se fazerem as tres:ope^ac4e*imltaneainv


t e , seja de hum forno composto de 3 4 caldeiras , seja d* hum . sobrrecompest de j , - Quando so
querem fazer;estas trs operaes em dous fornos
separados,,. se faz a defecao , e evaporao at
24 gro do areometro de Baum , em hum forno
composto de trs caldeiras unicamente; ao depois
se ac .ba a evaporao , e se faz o cozimento; seja em forno simples
seja em hum forno composto de duas caldeiras,
O forno, que tem caldeiras de cobre , se divide em duas partes , huma corresponde inteiramente ao exterior da Assucararia : todo o seu servio
he exterior : a outra interior, e todo o seu servio he interior. O comprimento dos fornos se mede assim pelo nmero e dimetro superior dai
caldeiras, como pela altura da chamin. A largura
se mede tambm pelo dimetro superior das caldeiras , e pela grossura das paredes, feitas de pedra
e cal, que o sustento. Na altura se comprebeude
a profundeza, do cinzeiro , a grossura das grades, a
altura d fogo e do laboratrio. O cinzeiro , e o fogo correspondem exteriormente Assucararia, a
inferiormente ao.laboratrio. Devem estar separados em toda % sua extenso , tanto quanto as circumstancias o pennittirem , o seu servio fica sen"
do mais fcil e o fogo mais prprio a conservar
o calor. Pem-se a chamin por fora na extremir
da-

( 1*0
dide do fogSo. O cinzeiro , propriamente chamado,
he a parte mais baixa do forno, que lhe serve d
fcas;. Nos fornos compostos , e sobrecompostos , se
divide* em cinzeiro propriamente dito , e em macio do cinzeiro Seu comprimento se mede pelo dimetro superior das caldeiras e pela grossura , que
se quer dar s paredes do fogo. A sua largura com*
preliende a extenso , que se quer dar ao fogo,
e a grossuia das suas paredes. A sua altura se levanta da terra para a parte superior das grelhas.
O cinzeiro, propriamente dito, he huma cavidade , que corresponde ao fogo , propriamente dito:
sua figura he quasi circular, seu pe queno dimetro tem 5 ps, 4 pollegadas quando muito : o raio
de seu dimetro longitudinal deve ter por diante
8 a 10 pollegadas de mais que o outro . que he
de a ps . 6 pollegadas. A sua profundeza deve ter
J ps ; e se o local houver de permittir que se lhe
de 4 at 5 : he conveniente que se lhe termine
o seu fundo em figura conica : com esta disposio as cimas se ajuntar sempre no meio, e se
tirar com maior facilidade. A abertura , que deve
servir para as extrahir se acha ento em huma
maior distancia das grelhas : ella pde ser facilmente fechada pelas cinzas , para impedir o accesso do
' ar, e para que, o que entrar pelos suspiros , tenha huma correnteza mais rpida , e faa melhor o
officio d! hum fole.
Es-

Este cinzeiro deve ter muitas aberturas : hu-v


tna para se lhe extrahirem as cinzas esta deve ter
18 a ao pol. de largura , 20 a 24 d'altura, e se deve
abrir na parte mais dianteira do cinzeiro, para que
o. ar que passar por ella , se conduza sobre o combustvel. As outras , chamadas suspiros , servem para
guiarem ao fogo-, o ar prprio' para a combusto,.
A abertura exterior destes suspiros deve ser mui
dilatada, e a interna s deve ter ibpollegada de
alto,, e j ou 4 de largo., e corresponder o mais
perto , que se-noder , s bocas d fogo \por baixo.
Fazem as vezes dos folies, e com tanta maior efficacia, quanto for anais estreita a sua abertura interna. As suas grossuras lateralmente devem ter 26
a jo pollegadas: ellas. tem sobre a dianteira 24 a
a8 pollegadas. O.cinzeiro acaba pelas grelhas, que
o cobrem. Estas grelhas , que so de ferro fundido , s deverio ter ; pollegadas de largura,,e f
ou 6 quando muito de altura. O espao, que se
deve deixar entre ellas, he de } a 4 pollegadas,
As grelhas do commercio tem 6 pollegadas quadradas ; e algumas vezes mais. Estas medidas so muito viciosas. Apresentando huma superfcie muito
grande , estas se oppem cahida das cinzas, e
no permittem hum accesso asss livre ao ar, que
servir a combusto. O macio do -cinzeiro serve de
base ao fogo , impropriamente chamado. Quando
o forno no he isolado , s se.faz de teria. Se for
iso-

( m*)
isolado o macio , apresenta huma parte mediana ,
formada pela terra , e sustentada lateralmente por
hum muro, que tem 18 a 20 pollegadas de grossura de cada lado. A sua altura , na parte dianteira1,
he de 5 ps: caminha para a chamin augmentando-se de 10 a 11 pollegadas. A sua largura e o seu
comprimento se .medem pela que se quer dar ao
fogo impropriamente chamado que lhe faz a base.'
O fogo se estabelece sobre o cinzeiro , e se
divide nos fomos compostos , e sobrecmpostos em fogo propriamente chamado, e em fogo imprprio;
O seu comprimento se mede plo nmero e pelo dimetro superior das caldeiras. sua altura se ergue da superfcie do cinzeiro ao fundo das caldeiras : a sua largura he de 10 ps, e algumas pollegadas ; suas paredes, cuja grossura he de 24 a 30
pollegadas, se dividem em razo das matrias, de
que se formo , em duas partes huma interna , outra externa. O fogo propriamente dito , corresponde ao cinzeiro propriamente dito : apresenta huma
cavidade , cujo fundo se frma pelo engradamento
da grelha do cinzeiro : a sua figura inferiormente
se aparta mais ou mertos da circular corifoime o
nmero de bocas , e se lhe aproxima tanto mais,
quanto mars se levanta ou.sobe para o fundo da caldeira , onde s termina. 1 0 seu pequeno dimetro no
deve j mais ter"mis""de | ps, e 10 pol. quando elle tem duas boas ; e 5 ps , e 6a 8 pol. - quando somente tem huma.
O

iCrJJ 2 )
O raio do dimetro do comprimento , que se
puxa sua frente deve ter 8 a 10 pollegadas de
mais que o outro, para que, fazendo se a combusto muito para c do centro do fogo, a chama,
que he levada por huma correnteza rpida para a
parte da chamin , leve a sua aco igual por toda a
superfcie do fundo da caldeira. A sua altura se mede pela superfcie da grade , ou grelha no centro
do fundo da caldeira: devei ser de 40 a 44 pollegadas quando muito. Este fogo deve ter huma ou duas
aberturas feitas na parte mais anterior das suas paredes. Ellas servem para a introduco dos combustveis , e devem ser formadas para a sua maior solidez , por cylindros de ferro fundido de 12 , ou 15 pollegadas de dimetro. Quando as bocas do fogo
apresento alguma abertura maior, a somma da palha ou bagaos, que o escravo lhe introduz, no
he muito grande para a encher inteiramente, Dse ento hum vo entre o combustvel e a parte
superior da boca , pelo qual se estabelece huma correnteza de ar, que tanto mais prejudica o effeito da
combusto , quanto o tal vo. for maior. A parte
interior destas bocas, no deve crescer, ou levantarse acima do nvel das grades , ou grelhas.
As paredes deste fogo se dividem em duas
partes em razo dos materiaes , de que se formo.
Os que servem a formar a parte interna , devem ser
prprios a supportarm a aco do fogo a mais.violen-

( IH )
lenta, taes como os basaltos os Jadrilhos. A espcie de ladrilho conhecido no commercio, pelo nome de ladrilho de Nantes , he por sua natureza e
frma o melhor e ainda o nico que se deva empregar. A grossuia desta parte deve ter 12 a i j
pollegadas. A parte externa pde-se fazer de todos
os materiaes
com tanto que s apresentem hum
pequeno volume. As pedras calcares e scint ilantes
devem ser preferidas ao ladrilho , como menos conductoras do calor. O fogo , propriamente dito , communica com o fogo impropriamente dito ; porqu
he a sua continuao. Estabelece-se o fogo irppr*prio sobre o macio do cinzeiro que lhe serve de
base: apresenta huma cavidade irregular, que se
abre na do fogo propriamente dito com a qual
parece confundir se'' Esta cavidade se estende" at' a
abertura da chamin
dividindo-se em tantas partes , quantas so as caldeiras. A diviso se marca
de cada lado por hum avanamento em frma d
pilastra que corresponde ao intervallo , que guardo entre si os fundos de cada huma das caldeiras
(intervallo que se mede pela differena, que se d
entre o dimetro superior das caldeiras, e o d seu
fundo). Este avanamento serve de base s paredes,
que enchem o espao , que entre si guaido as caldeiras. Os avanamentos que se correspondem de
hum e outro lado esto em igual distancia da linha central do fogo. Os que se acho , entre a primei-

( 354)
meira e segunda caldeira , se devem estabelecer a
S4 pollegadas desta linha. Os que se acho entre
a segunda e terceira , entre a terceira e a quarta,
se aproximo huma pollegada na mesma linha.
Este fogo ..descreve lateralmente huma curva
,de hum ao outro, avanamento , fazendo o segmento d' hum circulo
.que corresponde ao fundo da
caldeira , e cujo dimetro inferiormente deve ter 5
ps 6 a 8 pollegadas. Este circulo se levanta, fechando-se sempre alguma cousa , para vir apanhar
o fundo da caldeira no angulo que frma com as
paredes. A altura do fogo , impropriamente chamado se diminue para a abertura da chamin. Ella
deve, ser de 26 a 28 pollegadas no centro da primeira de deecar. A grossura de suas paredes he de
2 4 . 4 2 8 pollegadas, conforme o dimetro, que corresponde a cada caldeira : tem a vantagem na partje que corresponde ao avanamento. Frma-se a
parte interna das paredes, como a do fogo propriamente chamado , de ladrilhos de Nantes, e a parte externa de toda a so:te de materiaes.
Reflectindo-se no modo de obrar do fluido
calor , se ver que a frma destes fornos he ao
mesmo tempo a mais prpria a favorecer a sua aco ; e a mais slida relativamente ao ajuntamento das caldeiras. O calor obrando por sua massa , e sua tendncia debaixo para o alto , a disposio da parte superior do forno deve ser tal
que

( ns )
que as paredes , que rodeo o furido dcada caldeira , apresentem menos superfcie que lite for possvel^
para qve. o fundo receba a maior quantidade -deste
fluido. Ns faremos ver, quanta vantagem tem, os
fornos , que tem- caldeiras de cobre., a este re-peito
sobre os que tem caldeiras de ferro.-Abre-se a chamin na extremidade d-,fogo;impropiiamente chamado, hexformada de duas;: partes, huma horizontal , e outra vertical, A parte horissntal, cuja
abertura deve ter, 12*6.pollegadas d' altura , e 28 a
3.0 de largura , deve seguir a-direco do forno , e
ter a menor longitude possvel.' Ella. comprehendfe
a grossura das. paredes do laboratrio-, a da parede
d' Assucararia , e o dimetro da porte vertical.
Aparte vertical se abre perpendicularmente saibre a parte, hoiisontoH a sua abertura he circulan
hos fomos simples jtem 18 a 20 polegadas de dimetro ; nos compostos 2) a 24 pollegadas ; e nos
-cokrecompovtos convm dar-lhe 25 a 36. Ella tem
por calibre a--arca da sua abertura , que conserva
at a ametade da sua extenso , onde comea
a diminuir , para se reduzir ar pouco menos de
quinze ;pollegadas, na sua extremidade superior. Preferimos a frma circular quadrada , por apresentar menos obstculos rapidez da corrente das
matrias volatiiisadas ; . e por pedir tambm ineno
materiaes. A sua- altura deve medisse do fundo :da
parte-faerisontali, e levantar-se de 24 at 25 ps.
As

At suas paredes devem ter at hum tero da sua


extenso, 16 pollegadas-de grossura, e no alto,
ou por cima 8 at 12 pollegadas. Cumpre pr-lha
muitos arcos de ferro , cada hum em igual distancia, para lhe augmentar a solidez , e impedir que
se haja de rachar. Sabe-se que a actividade da
combusto , em hum forno he em razo da rapidez da corrente , que se estabelece do fogo cha?
mine y e esta rapidez he devida , particularmente,
a hum certo respeito das aberturas do cimeiro , e
do fogo , tanto com a ara , que apresenta a abertura da chamin em o fogo, como com a extenso do seu calibre , e de sua altura.
Mas como huma infinidade de pequenas circumstancias desordena , ou favorece este respeito ,
he impossvel determinar rigorosamente , qual seja a
abertura que se deva dar chamin em o fogo,
e qual deva ser :eu calibre , e sua altura. A este
assumpto se haja de consultar a observao , que ensina que as aberturas do cinzeiro., e tambm que
as bocas do fogo se devam fazer na parte mais
anterior do forno. As do cinzeiro se devem chegar quanto se puder, mais perto das bocas do fogo , para que o ar lave contintiadamente o combustvel. As bocas do fogo devem ser pequenas.,
para que se possoafechar inteiramente pelo comJbustivel ; pois se sabe que, em todo o forno, o
ar, que entra pelas bocas do fogo, he nocivo i
ac

t 137 )
ictividade da combusto , e a ac d Calor. A oblervao ensina , relativamente chamin, que quanto mais a sua abertura for grande em o fogo ,
tanto maior elevao se lhe deve dar, para obter huma correnteza rapidssima. Se reconhecer facilmente
ponto, de elevao , em que se deve parar pelo estado e maneira, com que se houverem de conduzir a fumaa e a chamina , sahindo da sua ex
tiemidade.
Se a chamin estiver em hum respeito conveniente , ein calibre , e altura a fumaa sahir constantemente em grossos torbilhes negros , e se ver de noite a chamma formar na sua extremidade
hum fogacho, que representar hum cone de fogo,
cuja altura figurar ser de j a 4 ps , e que de
tempos tempos se descobre , maneira de pavea,
Quando a chamin est pouco levantada, ou
que a sua abertura superior he multo rasgada, a
fumaa unicamente apparece por intervallo* e a
chamma se descobre maneira de paVea. Quando pelo contrario, a chamin for muito levantada , ou que o seu calibre for mui fechado na parte superior, a fumaa sahe sem formar torbilhes
negros
e a chamma apparece debaixo da forma
d' hum .cone mui curto , mas sempre terminado em
ponta. Qualquer forno pde muito bem encher o
seu objecto, por ordem i combusto , sem que todavia a aco do calor se comporte, com convm ,
T. J. P. II.
X
nas

( }3 )

nas ealieiras ; ou porque seja muito grande a capa*


cidade do fogo j ou porque estejo , ou muito , ou
pouco elevadas sobre o fogo.
O laboratrio he a parte do forno , que se levanta no interior da Assucararia : forma-se por caldeiras , e pelas paredes que as sustem e as repartem entre si. Unicamente apresenta nos fomos simples huma caldeira , e nos compostos e sobrecomposto
o nmero , das que apresenta , he maior ou menor*
As caldeiras, que formo hum laboratrio composto apresento no fogo a face externa dos seus fundos. O espao , que guardo estes fundos entie si,
e mede pela differena do dimetro superior das
caldriras sobre seu dimetro inferior. Este espao
he inteiramente cheio por paredes , ou pedraria,
que tem por base os avanamentos designados aci*
ma. A parte inferior destas paredes, ou pedraria,
se frma d' huma abobada , com ladrilhos de Nantes que apanha, ou segura estreitamente o fundo
de cada caldeira, no angulo, que faz com as paiedes , sem passar avante deste angulo. Poder-se-hia
tambm fazer esta abobada de basalto; porque seria muito mais slida que de ladrilhos.
A muralha, que sustenta o ajuntamento daj
caldeiras pelos lados, e nas extremidades fima
as paredes do laboratrio. A sua g*ossuta acompanha o alargamento ou largura das caldeiras, tem
na sua parte superior i ' a l pollegadas: termina-

Ci0)
tia-se por huma superfcie inclinada, de $ a 6 pollegadas da borda, externa da parede caldeira. Esta superfcie apresenta , entte cada caldeira , pequenas bacias redondas, de 14 a 15 pollegadas de dimetro , com -> ou 3 pollegadas de fundo , para receber as escumas : tambm apresenta canaes entre
as bacias , para levar primeira as escumas a defecarem , e o caldo que se tira com ellas. Entre es *
ta caldeira e o muro da Assucararia , se acha huma bacia para receber as feculas da primeira sorte,
e levallas ra da Assucararia , por hum tubo feito
na grossura do muro. A superfcie do laboratrio
deve ser forrada de cobre pr toda a sua extenso. As bacias , e os canos ou canaes , se hajo de
fazer de chumbo , e soldados no forro de cobre ,
qual tambm deve ser soldado por todo o contorno das caldeiras , e voltado sobre a borda exterior
das paredes formado na stia parte superior , por
hum pedao de madeira, na qual 0 forro se deve
pregar sobre a parte cheia,
As caldeiras apresento huma cavidade , que varia nas suas dimenses , e cujo vo occlipa 4 para
5 milheiros. A profundeza ou altura da caldeira de
cozer, "deve ter , em todas as circumstancias, 30 pollegadas. O seu dimetro inferior que he o do seu
fundo, deve ter 60 pollegadas. Seu dimetro superior - em os fornos compostos e sobrecompostos ,
deve ser - quando muito , de 6 ps e 6 pollegadas),
X
feia

C 54 )
Sem inconveniente algum se lhe-pde dar 7 ps
nos fornos simples. A caldeira de evaporar deve ter
^29 pollegadas de profundeza, e o seu dimetro inferior deve ser de 62 pollegadas , e o superior de
6 ps 8 a 10 pollegadas. As caldeiras de defecar
devem ter a segunda 28 pollegadas de .profunde-za , a primeira 27 pollegadas ; teu dimetro inferior deve ter 62 a 64 pollegadas, e o superior 7
ps a 7 ps e 4 pollegadas. O fundo de todas estas
caldeiras deve ter 2 a 3 pollegadas de concavidade.
Ns assignamos huma poll~gada de menos de profundeza medida que-ellas se aparto da caldeira
de cozer; porque . rebaixando hutna pollegda a numas e outras, todavia os seus fundos se acho no
mesmo nivel ou altura sobre o fogo. Junto d-caldeira de cozer deve estar huma resfriadeira. de cobre fechada em parte nas paredes do laboratrio,
do qual ella he hum accessorio. Deve ter huma
mui grande capacidade para conter 12 a 15 ps
cubicos. Recebe o producto da caldeira de cozer,
quando se despeja.
.Dcscripo dos fornos , que servem para receber et
caldeiras de ferro.
Geralmente nas nossas Colnias se servem
para o trabalho do sueco espremido das Cannas,
de fornos compostos de 4 , ou 5 caldeiras de ferro.

C !4t >
tos. As Assucararias , que as contm , tem 2* a 2l
ps de largo, e 100 a 150 de comprido. O com-piimento dos fomos anda pelo nmero e dimetro
das caldeiras de 50 a 70 ps , dos quaes se conto
36 a jj para a chamin. A sua largura he de 10
15 ps, de ordinrio se diminue hum p da
grande at a da batedeira. A altura he de 8 a 9 ps ,
e caminha da batedeira para a grande , diminuindo de
6 para 8 pollegadas. O cinzeiro he a base do forno : sua extenso de 2$ a 3; ps de comprido,
10 a 15 de largo e j de alto, quand muito. Por
hum lado o limita a terra , que faz o fundo da Assucararia , e do outro lado o muro da mesma que
concorre a formar as paredes separando-se da galeria. As duas extremidades so isoladas. Dividese em cinzeiro, propriamente dito , e em macio do
cinzeiro.
O cinzeiro , propriamente dito , he circular; o
seu dimetro tem 4 para 5 ps3 a sua altura , comprehendido o engradamento ou grelha , que lhe faz
a parte superior tem 30 a 36. pollgadasi Communica-se com a galeria por hum canal - qu tem
15 a 18 pllegadas;de largura. Por este canal se
extiahem as cinzas-, e se conduz ao fogo ar proptio combusto. O macio do cinzeiro ser.ve de
base ao fogo', imfopriamente chamado. Apresenta
huma cavidade , que tem- 30 a 36 pollegadas de largo,
4 , ou $ ps de comprido, A sua profundeza h*
igual

C 4* >
igual do cinzeiro , propriamente dito : e se com*
muniea com a galeria por hum canal
que tem
18 pollegadas de largo, e ao-a 24 de altura. Este canal he fechado, e s se abre depois do trabalho para lhe extrahir as cinzas , que lhe cahiro.
Este macio he feito quasi todo de pedra, e sua
extenso he relativa grandeza d fogo.' Este se
estabelece sobre o cinzeiro , que lhe serve de base.
O seu comprimento tendo cinco caldeiras de grande dimetro, he de 34 a 35 ps; a sua largura,
comprehendido o muro da Assucararia , he de 10
a 11 ps ; sua altura se mede da superfcie d
cinzeiro pela linha pontuada que passa por baixa
do fundo das caldeiras , linha que separa o fogo
do laboratrio chamado vulgarmente esqaipaaa.
. O fogo igualmente se divide em fogo , propriamente chamado , e em fogo impropriamente
dito. O primeiro he circular ; e frma o seu furi-**
do por huma grelha do cinzeiro propriamente dito.
A sua altura se mede da superfcie desta grelha ao
fundo" da caldeira, que lhe corresponde: he de 30
a 3 3 pollegadas. Tem 6 ps de dimetro e a grossura de suas paredes de 30 a 36 pollegadas- Ha
nestas .paredes hum canal c irai lar , e algumas vezes
dous , cujo dimetro tem 15 a 18 pollegadas. Elles formo as bocas do fogo. O fogo impropriamente dito , se abre em o fogo propriamente dito, A sua altura se mede da superfcie do macia
do

< iM )
4o cinreiro linha pontuada , que passa por baixo das caldeiras , e vai da calda , onde tem de 24
a 30 pollegadas, reduzindo-se para a grande , onde conserva 18 a 20 pollegadas. As paredes do fogo se dividem em razo dos materiaes , de que
so formadas, em interna , e externa. A primeira se
frma inteiramente de ladrilhos de Nantes ; a segunda se frma de grossos ladrilhos feitos no paiz ,
e de pedras As paredes internas do fogo, impropriamente dito , se levanto no principio verticalmente , ao depois descrevem huma curva , que acompanha o alargamento das caldeiras , e vem a apanhallas a 4 e $ pollegadas da sua borda.
O laboratrio he certa parte do forno , que
se levanta acima da linha pontuada , que passa por
baixo de todas as caldeiras. Termina-se na superfcie
da escarpa contgua borda das caldeiras. Pde-s
dividir em trs partas. Huma interna correspondente ao fogo ; outra mdia que separa- a parte interna da externa , e que corresponda ao interior da
Assucararia. Frma-se a parte interna do laborato1 , pela convexidade, das caldeiras, e pelo intervallo que entre sv guardi A sua altura se mede pelo espao , que ha entre, a linha pontuada , que separa o laboratrio do fOg, e ponto , em que coirea o fecho das caldeiras. A sua maior largura he
de 6 ps. A parte mdia se frma pela parte infeiior dos arcos, que sepro, ascaldeiras entre si
e

( $44 5
e que servem de as fechar. A sua altura he de 4
para 6 pollegadas. A parte externa apresenta a concavidade das caldeiras as escarpas , que as sobrepuju, parte superior dos arcos , que as sepro, e
a superfcie das paredes do laboratrio,
A superfcie da parede , que corresponde alinha central da Assucararia . he asss extensa para
cada caldeira para que se lhe possa estabelecer huma pequena bacia d' hum p quadrado , ou circular,
com 2 a 3 pollegadas de profundeza. Estas bacias
servem de receber as escumas que so levadas
grande por hum canal feito na boida do laboratrio. Este canal he repartido em duas partes por bnma parede movei que se oppem s escumas, que
verei das trs primeiras bacias , para que corro n
grande. A s escumas da grande so lanadas na bacia , que lhe corresponde , e conduzidas , pela segunda parte do canal huma caldeira posta peito do .
laboratrio , para as receber. s caldeiras, que apresenta o laboratrio , tem seus nomes prprios , tomados do seu vo , ou capacidade , e do estado da
calda que contm. A que se pem por cima do.fogo prprio se chama batedeira. As que se estabelecem sabre o imprprio , como j dissemos , se
dizem do Caldo , Farol, Aceada, e Grande. Seguemse humas s outras em huma proporo relativa
sua grandeza. A batedeira he a menor : ordinria
mente tem 40 a 44 pollegadas de dimetro. Esta
de-

(545)
determina o dimetro , das que se lhe seguem , que
se augmento de 4 pollegadas cada huma sobre i
sua iinmediata, de maneira que , tendo a batedeirk
40 a da calda deve ter 4 4 , a do farol 4S , e assim as mais por diante.
As escarpas so feitas de ladrilho: tem tanta
mais extenso , quanto as caldeiras so menores.
So divididas entre si pela parte superior - com arsos, que tem 5 e 6 pollegadas de largo , e cubertas de chumbo. A superfcie do laboratrio he inclinada de 6 a 8 pollegadas da batedeira at grande ; para que o caldo possa, tomando hum volume considervel pelo estufamento , recahir da caldeira mais avanada, na que estiver menos. A chamin ultima parte do forno , he hum canal, situado na
extremidade opposta ao fogo prprio. Frma-se es<*
te canal da trs partes. As duas primeiras so horisontaes, a terceira vertical: As duas partes horisontaes
se fazem nas paredes do fogo, A primeira horisontal, toma a sua embocadura no fogo imprprio, segue-lhe a direco , e se abre ha galeria do forno. A
segunda corta a primeira em angulo recto por huma abertura de 18 pollegadas de largo sobre 18 ate
30 de altura-V e prosegue at galeria. s aberturas
destas duas partes , na galeria do forno , so fechadas
no tempo d trabalho , e unicamente se abrem , havendo necessidade de se tirarem assim as cinzas do
fogimprprio , como as que cahem da parte vertical.A

( J4<> )
A terceira parte do cariai da chamin se levanta
verticalmente , ou aprumo sobre a segunda horisonlal e representa formar hum canal particular, encostado ao muro da Assucararia. Sua altura he de
24 a 26 pollegadas. O seu calibre na maior parte
da sua extenso . de 16 a 18 ps quadrados: estreita-se para a extremidade superior, e se termina por
huma abertura de 12 a 14 pollegadas quadradas. s
suas grossuras so inferiormente de 18 a 20 pollegadas , e superiormente-de 8 a 12.
Das vantagens que apresento osfornat; de. caldeirai
de cobre , sobre os que as tem de ferro.
Himos comparar neste comenos as differenas,
que fferecem os fornos , <fi& servem s caldeiras de
cobre , taes quaes os -acabamos de descrever, assim
em razo 3 capacidade do-seu fogo, como pel
que respeita extenso da superfcie . que apresenta s caldeiras de, huma e outra espcie aco
directa do calor. Sabe-se que o calor he hum fluido , que obra em razo da sua massa; e que a sua
Biassa he tanto mais considervel quanto o fogo,
em o qual ella se produz , tem huma: menor extenso. Sabe-se que sua aco sobre os corpos, que
lhe so expostos, he tanto mais forte, quanto elles lhe apresento huma maior superfcie , e que esta aco he menos dividida por corpos estranhos.
A

( J47 }
(A capacidade do fogo , e da parte interna do laboratrio d'hum forno de cinco caldeiras de ferro',
que juntamente s formo huma cavidade, he de
-1380 ps cbicos : ideve deduzir-se desta capacidade 106 ps cbicos para a solidez das $ caldeiras
que, introduzidas na cavidade, a reduzem a 1274
-ps cbicos.
A capacidade do fogo d'hum forno de nova fn-veno, tendo 4 caldeiras de cobre , como os que
descrevemos somente he de 320 ps cbicos. E
assim a cavidade deste fogo he 'para o d fogSo
do forno ds caldeifs;' de ferro como 1 he para 4.
Se em hum tempo dado se queima , em cada hum
destes 'fornos , huma somma igual de combustvel ,
Se consegue muito bem a mesma quantidade de
fcalor mas; a massa deste fluido no forno de caldeiras de ferro , sendo em razo inversa da capacidade deste forno , que he em respeito ao
forno de caldeiras de cobre como 4 a 1 resulta que o calor obra com huma fora quatro vezes menor nos fornos de caldeiras de ferro , que
tios de caldeiras de cobre. Estes apresento em
conseqncia relativamente a sua capacidade huma
economia de combustvel , quef vai chegar; a trs
quartos mehos , do que se emprega nos fornos de
raldeiras de ferro. A superfcie que apresento estas aco do calor, ainda que muito extensa , no
deve com tudo ser contemplada seria relativamente

X J4* 5
jte ao efeito directo , e vertical deste fluido sobre,
ellas , pois a sua tendncia sendo debaixo para
cima , se deve olhar, como nenhuma ou quai nenhuma , a aco, da que se reflecte pela extrema
obliqidade destas caldeiras.
Comparando-se a superfcie das maiores caldeiras de ferro com a das de cobre , e se deduzindo
se 4 pollegadas do dimetro de cada huma dellas
para as paredes, em que esto sentadas, neste caso huma batedeira de 44 pollegadas somente apresentaria cavidade do fogo a superfcie d'huma
caldeira de 40 pollegadas, e o mesmo a respeito
das; outras. Ora a superfcie total, que apresentar
ao fogo huma batedeira de 44 pollegadas , ser de
18 ps quadrados 4 pollegadas e a rea docircu-,
Io desta caldeira , que recebe a aco directa do
calor , ser de 9 ps quadrados, e 2 pollegadas.
r
Superfcies totaes das caldeiras seguintes , e da rea
dps seus circulas.
polleg.
A saber por huma de calda de 48
Por hum farol 52
Por huma aceada

56
Por huma grande - - - 60 [

reas

p- q pol21

12

10

7*

24

84

24

12

29

92

14 118

34

16

17

Ainda que a somma das superfcies, totaes, que


of-

( 540 )
efferecem as cinco caldeiras seja de 126 ps qu*^
drados 128 pollegadas com tudo a aco directa
do calor no vai mais que sobre a somma das superfcies , que apresenta a rea do circulo de cada
caldeira, que se monta , a 6 j quadrados ,92 pollegadas. A superfcie , que apresento as caldeiras de
obre, he pelas dimenses que assinmos cada huma , a saber,, para a caldeira
de cozer - - io p. q. 132 polleg.
Para a de evaporar
21
40
Para a II. de defecar - 2
100
Para a I. - - - - - 2.1
160
A somma destas superfcies he 86 p. q.

84 polleg.
*
A convexidade destas caldeiras he to pequena,
que se pde olhar
como nenhuma a reflexo do
calor. E assim 4 caldeiras de cobre apresento
aco directa deste fluido huma superfcie, que he,
pata a que apresento cinco caldeiras de ferro, como 4 : 3 . Ora suppondo-se igualdade de circumstancias nos fornos de caldeiras de ferro nas caldeiras de cobre , estas receberio ao mesmo tempo
ltum tero de calor de mais que as caldeiras de
ferro. Os fornos de nova construco tem ainda
huma grandssima vantagem aos de caldeiras de ferro , considerando se relativamente superfcie, que
apresenta aco do calor , aos. muios , ou pedra
ria

( O )
ria , que rodeio as caldeiras, e as sepro entre si. A
superfcie total da parte superior do fogo d'hum forno
de cinco caldeiras de ferro he de 157 ps, 96 pollegadas quadradas
das quaes se devem tirar 63
ps 9 2 pollegadas quadradas para rea dos crculos
destas cinco caldeiras. E assim a extenso da super-,
ficie m muros , sobre que obra , em pura perda,
a aco directa do calor , he de 9 3 ps, 4 pollegadas quadradas.
A superfcie total da parte superior do fog
d'hum forno de quatro caldeiras de cobre he de IJJ
ps, 36 pollegadas quadradas da qual precisa tirarse S ps 84 pollegadas quadradas para a superfcie
das quatro caldeiras. E assim a superfcie em muros,
que formo o fogo deste forno aco directa do
calor, he quasi pela metade menos considervel,
que a do fogo do forno de cinco caldeiras de ferro. Approximando-se estas vantagens , offerecidas pelo uso das caldeiras de cobre , assim pela solidez,
e natureza deste metal, como pela sua frma e limpeza , se ver que merecem por todos os respeitos
possveis a preferencia s de ferro. He tambm preciso accrescentar aos processos, indicados acima por
H, Duhamel huma nova Memria de M. Dutrone
sobre a Arte da Refinao do Assucar.
A Arte do Refinador nasceo na Europa entre
os Venezianos. O interesse assistio a seu nascimento , a ignorncia, e o acaso lhe conduzira os primei-

( JH )
ineiros passos; e os prejuzos da arte do Assucarei-"
ro serviio de princpios sua introduco que ,
atgora tem estado entregue a mos muito cegas.'
Os mos Assucares, e negros, que fabricavo os
Egypcios e principiavo a introduzir no commercio nos fins do XIII. sculo foro a primeira matria , sobre que se exercitou no principio a arte de
tefinar. Os Venezianos apresentaro o seu primeiro
Assucar refinado, no estado de Candi, como o que
vinha da ndia , com o qual o confundiro. Mas , pouco tempo depois, lhe dero huma nova frma ( a
de po que at hoje conserva.)
A arte do Refinador passou ao depois a diversas partes da Europa , onde se tinho estabele-*
cido o consuinmo , e o commercio do Assucar; e
muito particularmente ao depois que a America
se fez a fonte mais fecunda desta mercadoria , esta
arte se estendeo e multiplicou em Frana
onde
todavia se podem contar mais de cem fabricas d*s
refinar. Temos visto que o sueco da Canna assucarada espremido era a matria da arte de Assuearar ; expuzemos igualmente os princpios, em que se
devem fundar as diversas operaes, que constituem
esta arte e quaes ero os meios mais simples, para que ellas se fizessem e ns os apresentmos em
huma ordem muito mais bem entendida, qirc devia guardar entre si. Entretanto ctieiio julgar pela exposio, que fizemos do Novo Methodo, pe!
pa-

( JSO
parallelo , que estabelecemos entre elle , e o antigo,
quo grandes so as vantagens , que a arte do Assucariro teria tirado da Sciencia.
A arte do Refinador , que no deveria ser contemplada , seno como o acrscimo d' huma operao
mais na arte do Assucariro, teve por principies os
mesmos prejuzos que esta ultima , da qual he huma continuao, ou conseqncia ; e pela mesma razo tem na sua constituio vicios essenciaes que
requerem que se hajo de tomar todas as suas operaes , at dos seus mesmos fundamentos, para as
estabelecer sobre princpios illuminados, por hum
conhecimento aprofundado do sueco espremido da
Canna assucarada, de seu sal essencial e particularmente da arte d "o extrahir: e ento os meios
mais seguros e mais simples a empregar - se presentro por si mesmos. Nada mais se dever consultar
fora da experincia , em a escolha , e ordem
que convm dar-se ao seu todo. Esta arte
que os sbios desprezaro at este tempo, foi recenseada por M. Duhamel o qual , tecendo a historia das suas diversas operaes, no disse , o que eila deveria ser, mas s sim o que ella estava sendo nas mos de seus artfices.
MM. Boucherie , Negociantes em Fordeos, despertaro alguns annos a atteno do f ov-erno , sobre a importncia e necessidade de illumirrar a arte do Refinador, e elles propuzer dar huma
pre*

( J5)
jltfpsrao ao Assucar , antes do refinarem : 0 qtfe
lhes meteceo algumas recompensas, e encorajamentos da parte do Ministro da Marinha. Em qualquer
arte, cuja consti uico he e sencialmente m, s meios
de peifeio que se apresento, muitas vezes para
nada mais servem , do que para fazer sobresahir mais
os vicios da sua constitro. Por tanto a scienca
deve apossar-se hoje de todas as operaf es da arte
do Refinador, examinadas, unillas s novas dar-lhe
huma base slida , estabelecellas em hum mutuo respeito , cuja ordem seja fcil a serruir se , e cuja colJeco , ou ajuntamento offerea huma acorde , e
perfeita consonncia.
Antes de fallar desta arte he essencial fa/er
conhecer, em que estado se acha o Assucar do commercio e qual seja a sua matria e cbjecro. AS
Colnias da America so . as que fornecem entretanto todo o Assucar que a Furopa consome. Este Assucar vem en dous estados designados pelo
nome d'Assucar bruto , e embranquecido , ou Cassonade. Chama-se Asucar bruto, porqile se extralie logo , e passa ao commercio , sem receber alguma preparao ; elle se conserva manchado pelo mel.tsro, d
qual a proporo mais ou menos abundante estabelece particularmente differentes sr'es d' A riu**
cares brutos- que se di-tin-uem no cmmeicio. EI-"
le emmascra tambm todaS as matrias feculent*?,
e trreas, que lhe so entiemeadas ; c cuja quanT. I. P. II.
Z
ti-

( 154 )
tidade he to abundante , que muitas vezes chega
a 5 e 6 arrateis por quintal.
O Assucar barrado , ou embranquecido no differe do bruto seno em ter sido despojado do melasso pela operao do barro ; porque, em quanto
ao mais . elle traz as matrias feculentas, e trreas,
cuja proporo maior, ou menor . estabelece unicamente a differena que estes Assucares apresento
entre si na sua pureza. As mais bellas sortes d*
Assucaies barrados so consumidas em natureza, as
outras so , assim como os Assucaies brutos, purificadas antes que se consummo. A purificao,ou
refinao do Assucar he o nico objecto de toda
as operaes , que constituem a arte do Refinador.
No pertence ao plano desta Memria , tratar dos
detalhes desta arte. Exporemos to somente , diurna maneira suecinta , suas diversas operaes, assim paia poder dar delia huma ida justa , como
tambm para ter oceasio de fazer acerca de cada
huma dellas algumas observaes , que illuminro
os Refinadores sobre os vcios capites da sua arte ,
fazendo-lhes conhecer demais a necessidade de a reformar sobre hum novo plano.
Chama-se a primeira destas operaes clarificao , a qual consiste em fazer dissolver o Assucar,
ou bruto ou embranquecido em huma quantidade determinada de gua. Esta gua na maior parte das
Refinarias, se carrega de cal viva em huma propor*

( 355 )
poro relativa ao estado do Assucar. e aos prejuizos do Refinador em<favor da cal. Mistura-se com
esta dissoluo certa poro de sangue de boi , ou de
clara d'ovo, e se lhe applica a aco do calor que
se sustem mui lentamente at fervura. A lympha
animal prende, coagulando-se , todas as matrias slidas , feculentas , e trreas , e as levanta superfcie
do fluido, debaixo da forma d'huma escuma espes-,
sa, d hum pardo mais ou menos carregado: e quando esto bem juntas se tiro com a eseumadeira.
Como nunca acontece que se tirem todas as escutras nesta primeira operao , chamada cobertura ,
se repete segunda vez , fazendo-se esfriar a dissoluo em certo gro , lanando-se-lhe agiu : ao depois se lhe mistura huma nova poro de sangue-,
ou de ovos, menor que a primeira , aquece-se de
novo tendo se o cuidado de graduar brandamente
o calor - como na primeira vez. A lympha apanha
nesta segunda cobertura , o que lhe escapou na primeira , e depois de estar bem junta na superfcie ,
se tira com a eseumadeira.
Repete se esta operao terceira vez e ainda
quarta mas nestas duas ultimas s se emprega ao-ua.
Se a operao for bem feita , a dissoluo se achar despojada de toda a matria slida , e ella apparece clara e transparente. Despeja se em alguma
vasilha , fazendo a passar por hum filtro de Ia, onde ella toma o nome de clarificado. A obseivao
Z ii

tem

( 35-5 )
tem ensinado que era essencial empregar a gua ",
que serve a dissolver o Assucar em certa propor- o determinada , e no se tem conseguido meios
-de se conhecer esta proporo. O areometro de Baume , que j citmos , pde servir com maior vantagem neste uso. Ns observamos que a dissoluo
mais conveniente devia chegar a 30 ou 32 gros.
He igualmente essencial graduar bem a aco do
calor
e nesta graduao consiste todo o merecimento, do que clarifica. A experincia nos tem mostrado que o thermometro he huma guia perfeitamente segura e nesta operao ainda serve para
conhecer o gro de resfriamento , que se deve dar
ao clarificado anres de se obrar a segunda e terceira cobertura. Os Refinadores crero sempre , e
ainda agora o crm que huma causa particular requer o emprego da cal na clarificao: attribuiro
esta causa por muitos annos presena d' huma matria gorda , com a qual pertendem que a cal se
combina , e que ella a separa do Assucar. Descoberto o cido oxalico por Bergman , imaginaro que
era devida presena d' hum cido, que elles pertendero que existisse no melasso , que mancha o
Assucar. De facto nem se d a tal unetuosidade, ou
gordura , nem cido algum unidos com o Assucar
quer bruto , quer branco e que o emprego da cal
na clarificao he ruinoso por todos os princpios.
Vimos quaes ero as differentes matrias fluidas

( 7 )

das e slidas , que requerio a purificao do Assucar. Examinemos todavia qual seja a aco da cal,
sobre ellas e sobre o Assucar. A aco da cal, sobre
o Assucar . no pde deixar de ser prejudicial, porque se combina com elle . e porque procura decompollo; sobre as matrias trreas he mil Io . ella despega das feculas hum sueco saponaceo extractivo ,
e ainda favorece a sua dissoluo pelo calor. E nisto vem a cal ser nociva pois que faz solveis as
matrias que no s Assucar, e que no o podem
ser e cuja presena se oppem necessariamente
sua purificao. A cal tambm prejudica tanto, como o alkali , oppondo-se a coagulao da lympha.
Todavia diro *. a observao diria mostra que . no
empregando os Refinadores a cal , o cozimento , e a
crystallisao do Assucar sa dirfkulto. Isto he verdade, e acerca disto a observao no os tem enganado. Mas deverio ter attendido que era o cozimento , e a crystallisao , que requerio o emprego
deste alkali, e no a clarificao. Dissolvendo-se o
Assucar bruto o melasso que o mancha como mais
solvel he o primeiro que se dissolve, sem embargo de no haver cousa alguma que o. tire. O
mesmo melasso , sobre o qual todos os esforos do
Refinador na clarificao so inteis, he que requer
no cozimento e na crystallisao a presena da cal ;
ella se combina com elle, e fica Isendo mais fluido
infinitamente : ento oppem menos obstculos
ac-

( 5-58)
aeb do calor no cozimento e a approxmaSo das
molculas saecharinas na crystallisao : donde se co*
nhece quanto he essencial tirar por huma preparao preliminar o melasso , que contm o Assucar
bruto.
MM. Boucherie propuzero fazer passar pela
operao do cozimento o Assucar bruto,.e para isto se serviro de caixas de madeira cujos fundos
ero penetrados de buracos de verruma, com huma pollegada de distancia. O Governo lhes concedeo com justia hum privilegio exclusivo por galardo. Se esta operao, que he perfeitamente bem
vista e muito boa em si mesmo no tem tido
todo o bom suecesso , que se devia esperar, foi porque infelizmente era preciso hum local, pata appliear com vantagem, que permittisse dar s caixas,
como s que descrevemos huma tal disposio que
a mo d' obra fosse economisada com o maior cuidado : estas caixas terio o dobrado proveito de servirem bem , assim para embranquecer , como para
crystallisar. Todavia se convir que se o uso da cal
he nocivo na clarificao do Assucar bruto , elle
deve ser muito mais na dos Assucares embranquecidos ou barrados, e que seno tem tido necessidade para favorecer o cozimento e a crystallisao
dests Assucares . visto que na clarificao , a gua
pura no tira as feculas mas sim huma mui pequena poro do sueco saponaceo extractivo.
Ob-

C i59)
Observaremos que se deve appliear gua de cal
nos trabalhos , que se fazem sobre as escumas, para se lhe extrahir mais facilmente todo o Assucar ,
que lhe resta unido. V-se . pelo que temos dito ,
que MM. Boucherie , tendo tirado o melasso de
seus Assucares brutos por hum barreamento preliminar , no tinhb necessidade de cal na clarificao,
nem no cozimento. Nem com tudo elles a deverio
banir da sua Refinaria inteiramente , porque convinha empregalla no cozimento dos seus caldos. Ao
depois da clarificao o clarificado he evaporado e
cozido em caldeiras de cobre , sentadas para este effeito em fomos d' huma constrUco particular
e
prpria combusto do carvo de terra , nico combustvel usado nas Refinarias. Os Refinadores se certifico do ponto ou gro do cozimento, que querem dar calda clarificada pela experincia , ou prova do dedo. Estando cozida no ponto que julgo
conveniente , se suspende o fogo, e se traz o cozimento para huma caldeira de cobre movedia
a
que chamo Resfriadeira. Unem-se muitos cozimentos , e se tem cuidado de os misturar bem , abalando-os, ou mexendo os com hum mexedor por
mais, ou menos tempo, para lhe accelerar o resfriamento.
Estando este ajuntamento de cozimentos bem
misturado , e frio , se pem em formas' dispostas em
hum lugar , a que chamo casa de encher postas deP*

( 36o)
p sobre a sua ponta
com o seu buraco tapado
com huma rolha de panno. Enchem.-se., por diversas
yezei, pouco,tempo ao depois em qu.iniorindaconserva a sua fluidez se abala a forma , para que os
SS-JS pequenos crystaes , que se acho j formados,
igualmente espalhados por toda a extenso do fluido , hajo de servir de ponto de apoio s molculas
saecharinas
que o calor sbaidona , e estabeleo
com ellas a base da mas a aggregada e ctystallina,
que deve formar o Assucar-, passando ao estadp slido. Crystallisado o Assucar se destapa o buraca,
das formas que se poz sobre os potes, para receberem o meIa-.so , que se separa do Assucar. PJem-se
as formas passada a purgao em outros potes
e se arranjo cuidadosamente , para receberem o melasso que se separa do Assucar para o dispor a
receber o barro ; a este fim se une bem a base d
p i o , e nesta se estende hum barro branco desfei*)
to em gua na consistncia de humas papas. A
gua abandonando o barro , desce por seu prprio
pezo e passando pelos intervallos , que os crystaes
deixo entre s i , rarefaz ou estende o melasso, e ,
fazendo o mais fluido, o leva comsigo. Esta lavagem porm sempre tem huma poro-d Assucar dissolvido , que a gua leva confundido com o melassp. Tend^ se. passado por meip de duas ou trs
camadas de barro suecessivas a quantidade de gua
neceisar.a , para lavar bem o po dAsiUcar, se dei-xa

< 361 )
xa por muitos dias na forma e ao depois se leva estufa
para que o calor lhe haja de tirar
alguma gua , que lhe pde ficar. Ao depois se
pem em venda no ccmmercio para o seu consumino
As caldas clarificadas que resulto da purgao, antes e depois do ba.reamento , ou embranqtiecimento, se submettem separadamente aco do
c-lor - e cozidas em hum gro relativo foi ma
e-.n que se pozero a crystallisar (esta forma he sempre'maior que aquella , d que se serviro para o primeiro producto) , ao depois se trata da mesma maneira , que acabamos de expor , para a purgao,
embranquecimento e estufa. As caldas, que resulto deste segundo producto , so cozidas e postas
em formas maiores
onde o Assucar passa pelas
mesmas operaes. Finalmente as aldas deste terceiro producto tambm so cozidas . e postas em
formas ainda maiores. Estes dous ltimos productos requerem para a purgao , e embranquecimento tempo diktadissimo. O ultimo , sobre tudo, exige
seis mezes mais que o outro , antes de se pr em estado de passar estufa , e tambm no se pde pr
nella seno a base do po , estando ainda o testo
carregado de melasso. Os Refinadores de Frana n
possuem mais luzes no cozimen to , que os das Colnias dos quaes adoptro os prejuzos, cs expresses, os meios. A alguns annos propcz M. de Morveau

J02)

veau o uso d' hum areometro para fixar , e seguir


o cozimento d'Assucar nas Refinarias mas qualquer
areometro no serve a esta operao. Para se entender bem , o que se passa sobre o cozimento , precisa considerar-se a aco do calor sobre o Assucar,
ou melhor sobre a gua nos differentes estados,
em que ella pde estar a seu respeito. Deve contemplar-se a gua unida ao Assucar em trs differentes respeitos.
i. Ella lhe est unida em tal proporo , que
frma com elle hum corpo slido , e crystallino (o
Assucar candi , e o Assucar em po) c debaixo deste respeito se noma gua da crt/stallisao. 2.0
Ella se une em huma proporo maior e relativa,
onde ella se apresenta no estado fluido ( a calda , ou caldo) , e debaixo deste respeito se diz gua
de dissoluo. \. Ella est unida ainda em huma
proporo maior- e indeterminada (o clarificado ou
calda) ; e debaixo deste ultimo respeito he nomeada gua superabundante gua de dissoluo. Bem
estabelecidos estes trs respeitos - no somente he
fcil de distinguir a aco do calor sobre a gua,
que cada hum delles apresenta
mas tambm se
pde seguir por gros da maneira a mais segura,
e satisfatria.
i. A aco do calor , sobre a gua superabundante gua de dissoluo he chamada evaporao 1 podem-se acompanhar seus diversos gros, assim
so-

( 3l )
sobre o clarificado , como sobre o caldo com o areometro de Eeaume.
2. 0 Chamamos cozimento a aco do calor sobre a gua de dissoluo. Unicamente o thermometro pde servir de estabelecer o termo , em que comea esta aco e seguir os seus diversos gros.
Nomeamos cozimento a aco do calor sobre a gua
da crystallisao: ella comea no termo 210 onde
acaba o cozimento. O thermometro tambm serve
para seguir seus diversos gros, e ma rcar o ultimo
termo 120. Neste termo o calor se conduz scbre os
princpios constitutivos da Assucar, que elle decompem e o 1. gro desta decomposio he chamado caramelo. Percebe-se claramente pelas distinces, que temos estabelecido, qual seja a aco do
Calor sobre a.agua, unida ao Assucar ; e se v, com
a mesma clareza que o thermometro he o nico
ftieio seguro para fixar , e seguir os diversos gros do
cozimento. Temos visto que os cones so os ltimos
vasos , de que se servem nas Refinarias, para porem
0 Assucar a crystallisar. O seu vo , e particularmente . a forma destes vasos requerem que se applique ao clarificado , e caldas , hum gro de cozimento , tanto mais forte , quanto elles so mais mos,
e daqui vem que o melasso, e Assucar formo hufria massa que passados seis mezs de purgao, e
de barreamento, unicamente produz hum mo resultado. He claro vr, pelo que temos dit , quanto se
ria

( |64)
yia fcil e vantajoso appliear ao cozimento , crystallisao , e s caldas clarificadas dos diversos productos aquelles princpios, sobre que estabelecemos o
cozimento , e a crystallisao das caldas caldos.
Pelo mez d'Agosto de 17S3 MM Boucherie
e Eu , fizemos em Berci a primeira applicao destes princpios ao cozimento, e crystallisao de
diversos caldos da sua refinaria
e a experincia
nos mostrou , que se podia extrahir delia com tanto suecesso , como proveito maior quantidade de
Assucar. Podem .consequentemente estar certos que
por cozimentos , e crystallisaes repetidas, e economisadas com cuidado , tirario de suas caldas, ou
mellados auxilliados pelas caixas, que descrevemos,
todo o Assucar que fosse possivel de se lhe extrahir.
Para isto , devem fazer tudo . quanto prescrevemos para o cozimento, da guarapa cozida das caldas, que
em nada differem da calda clarificada, seno em
trazerem huma poro maior de melasso. A quantidade de melasso , junta ao clarificado simples, estabelece particularmente a differena que apresento
entre si em sua qualidade. A sua presena obriga
a grandes circunspeces no cozimento das caldas,
e particulares attences na crystallisao do Assucar,
que dellas se extrahe. He evidente que se deve appliear na evaporao do clarificado , e no cozimento
da palda clarificada , tudo quanto dissemos da evaporao do caldo , ou guarapa , e do cozimento d
cal-

( 3 )
caldo mellado , mas que tambm se deve referir
crystallisao , purgao ao barreamento, ou branqueao , e a dessecao do Assucar tudo quanto
dissemos destas operaes na Arte do Assucariro:
poi-i tendo elles na Arte do Refinador mesma matria , e o mesmo objecto, devem ter por base os
mesmos princpios , e servirem-se dos mesmos meios.
Considerando-se o clarificado , ao depois da clarificao , se v que elle traz com o Assucar o melasso , de que estava manchado o sueco saponaceo extractivo , que a cal tirou das feculas e muitas vezes estas mesmas feculas em dissoluo. No se poder por tanto recusar de concordar - que a presena do melasso . e das feculas deve arruinar - e arruina com effeito , ao cozimento , e se convir tambm que aruino muito mais a crystallisao . a
purgao , e branqueao do Assucar; porque a sua
presena , oppondo~se approximao das molculas
saecharinas os crystaes , que estas formo em a sua
unio , so menos grossos, menos bem exprimidos,
e a massa aggregada , que toma seu ajuntamento, he
menos slida. A sua presena faz a calda , ou melasso menos fluido , e corre mais difficultosamente na
casa de purgar - ficando bastante na massa aggregada.
As feculas , que se precipitaro fico unidas
esta massa , e se oppem tambm aos suecessos
da purgao ; a sua presena faz a lavagem mais diffi-

( 366)
iicil pelo barro ; porque retendo huma maior quantidade de melasso , exige huma maior quantdade de gua , para o rarefazer ou estender e se
oppem passagem desta gua, que obra sobre
Assucar e o dissolve. Tambm se oppem deseao , ou estura , peque retm sempie huma pequena poro d' gua : e a fora isto , parece que attrahe a humidade do ar , quando este se expem
o Assucar. Destas observaes se colhe , quanto importa o cuidado na clarificao ; pois, sendo ella
malfeita , he impossvel que todas as operaes subsequentes se faco bem. Tambm da mesma operao (a clarificao do clarificado) depende todo o
suecesso , assim na Arte de Refinador como na do
Assucariro depende da dessecao compkta da calda , ou caldo.
No tendo sido o nosso projecto tratar minuciosamente da Arte do Refinador , temos a presentado o fim das operaes ptincipaes cuja marcha,
ou processo varia em cada Refinaria , no s , conforme os prejuzos do que a dirije mas tambm
em razo dos interesses do proprietrio. Os que ,
por exemplo , fornecem o consuinmo de Paris, s*
mente consulto o seu interesse , e o gosto da
multido no trabalho que fazem sobre o Assucar,
que no purifico , mas que elles transtrno de varias maneiras , segundo o que julgo de maior lucro. Dissolvendo-se o Assucar destas Refinarias em
gua

( }7 )
gua bem pura , a dissoluo se tolda , ou turva,
e apresenta huma infinidade de pequenos corpos intoluveis, dos quaes huma parte se precipita no comenos , em quanto a outra est suspendida. Estes corpos
so terra e fecula , que tetem , a pezar da branqueao , huma poro de melasso com a qual tingem o Assucar d' hum amarello cujo , mais ou menos distincto. Retm ainda , a pezar da dessecao ,
huma pequena poro de gua que , ajuntando-se
ao pezo do Assucar, faz que possa ser vendido por
hum preo medocre. Seu sabor doce ameladado
devido presena do melasso , (sabor mais extenso,
que o sabor assucarado com que se confunde) apresenta tambm huma economia, na quantidade deste
Assucar , que se consomme nos usos mais ordinrios. Esta dobrada economia faz a reputao do
Assucar, destas Refinarias, e faz que o vulgo lhe
haja de dar a preferencia sobre todos os Assucares,
bem purificados.
Os Assucares , que , na sua dissoluo . apresento alguns corpos estranhos no podem ser empregados com segurana em muitos usos e principalmente na Pharmacia ; porque a excessiva cal de
que se servem nestas Refinarias , combinando-se com
b Assucar ou restando interpostos na massa aggregada dos seus crystaes pde alterar , e decompor
hum grandssimo nmero de medicamentos, em que
se faz entrar o Assucar ein substancia, ou em xaro-

( 03 )
rpe. Seria muito bom que o Collerrio de Pharma-cia de Paris, por experincias repetidas , e mltipla
cadas fizesse conhecer ao pblico o perigo de empregar Assucares . refinados com cal , na preparao
dos medicamentos ; pois seno deve duvidar ao depois das experincias de M. Dize , referidas por M.
Boucherie que no haja de ficar alguma poro de
cal unida ao Assucar na refinao.
Da natureza , e propriedades do Assucar.
O Assucar . por sua natureza pela diversidade
de seus usos e pela extenso de ^sas propriedades bem fazejas he sem contradiccao a substanciamais preciosa para o homem e a que melhor merece a sua atteno. Os antigos, segundo Theophrasto o contemplaro , como huira sorte de mel. muito tempo sa conhece que he hum sal essencial que se tira de mui "as plantas , e , com particularidade , da Canna. Este. sal tona o nome d' Assucar Candi, sendo crystallisado em grandes crystaes.
duros , transparentes , cuja figura varia muito.
A forma primitiva e essencial do Assucar he
hum octaedro rectangular - cuja? duas pyrainUes sotruncadas junto base , donde resulfa hum decae
dr formado por dous planos, ou faces qnadradasj
c-u rectangulos opposms hum ao o u f o ' - e por oit
trapesios em biseL , ou escarpa ^crj^stallografie de M.
Rome de Lisle.)
O

Assilcar he mui solvel na agtia, e pouco


fco alcohol. Unida a huma pequena poro da agiia ,
se faz fusvel , e a arte d Doceiro Ou Chfeiteir ,
deve a esta propriedade hum grande nmero de suai
preparaes. O sabor do Assucar he , ou Assucra6o e doce , ou doce e Assucarado. Importa- saber
distinguir o sabor doce do Assucarado. Esta distinco foi achada pelos Chins nas denominaes d
Assucar macho, e Assucar fmea. Ella d a razo
de luirn erro geralmente espalhado a saber que os
Assucares, bem refinados assucio meros que os
que no o so. O facto he que, ns Assucares mais
refinados o sabor assucarado e?t mais descber-'
to e mais estendido, que o sabor doce : elles por
tanto assucro mais , mas na verdade adoo menos e se fica obrigado a augmentar-Ihe a poro,'
quando se quer conseguir o sabor dee em hum
gro bem distincto. A differena que o Assucar apresenta n seu sabor mais , ou menos assucarado,'
mais , ou menos doce , as variedades , qlie offerece
ria sua forma crystallna , annuncio que os seus prin-tipios constitutivos podem variar muito em suas
propores sem que o sal perca setis caracteres ptin-'
cpaes. Esta variao necessariamente estabelece differenas mui notveis na qualidade d'AsSucr; differenas que so relativas natureza do terteno, e '
"estao em que" se corto as CannaS.
O Assucar he phosphorico e combtisthel. ar*
T. . P. I .
Aa
de

( 37<0
de i maneira de alcohol, dando huma chamma azul,
se a sua combusto for lenta; e branca se for rpida. Tira-se por distillao phlegma , cido, leo,
hum producto gazoso , e carvo, que he como o de
todas as substancias mucosas, esponjosas, leves, e
irisadas. Bergman tratando o Assucar pelo cido
nitrico tirou da sua decomposio hum cido particular - mas, descobrindo-lhe o cido oxalico , Bergman no nos ensinou , quaes fossem os princpios
constitutivos do Assucar ; porque parece que estp
cido no entra no nmero dos seus princpios. M.
Lavoisier guiado pelas suas experincias, nos diz
que os princpios mais remotos do Assucar so o
hydrogeno , o oxigeno o carvo.
Eu comecei em S. Domingos, diz M. Dutrone , hum grandssimo nmero de experincias sobre o Assucar e me vi obrigado a abandonallas,
mas, voltando Colnia , as repetirei onde o ar. o
calor a luz o sol se presto maravilhosamente a
tudo, o que he possvel de fazer com estes Agentes. O Assucar perfeitamente puro , dissolvido em
gua distillada t e posto sobre o fogo unicamente
aco do calor , se altera em hum dos seus princpios que se colora mais ou menos, conforme esta aco for mais ou menos forte , ou mais ou menos tempo continuada. O descobrimento da cr
amarella e d' hum sabor particular he certamente, devido decomposio deste sal pelo calor. Esta

C7i )
h dissoluo , assim colorada , tomada a frio, parece mui clara e transparente , misturando-se o cido
Oxalico , este cido tira o principio colorante em
sua base , que -se precipita debaixo da forma d'hum
p branco. Misturando-se a frio alkali custico em
huma dissoluo d' Assucar , parece que o alkali no
toma aco sensvel nelle ; mas, pond-se a mistura sobre o fogo, o alkali ajudado do calor descobre huma cr amarella , e hum sabor de melasso,
tanto mais forte, quanto he mais custico , e que
he mais favorecido pelo calor. O cido oxalico tira tambm a cr desta mistura , cuja base se precipita.
Misturando-se com huma dissoluo d'Assucar
a frio , e separadamente , quer o cido oxalic quer
o cido mineral concentrado , ou hum alkali custico , estes agentes no parece fazerem effeito algum sensvel sobre elle
mas na sua aco combinada ha effervescenck : sepra-se hum cheiro de
pomos. Frma-se hum sal , que crystallisa n" hum
instante . e no fluido . que o sobrehda , se vem espumas mais ou menos abundantes , que apresento diversos accidentes conforme a espcie d* cido" que
se lhe tem empregado. Esta mistura tem tambm
liuma cr amarella mais, ou menos forte em intensidade , que se lhe pde tirar em parte , repetindo o jogo do cido e do alkali
que d novas
espumas grandes. Estas, e o precipitado das expe*
Aa ii
rien-

( 372)
riecias precedentes , sobre s quieS os menstriios",
t ainda o Ether no tendo aco" alguma so com
muita certeza hum dos princpios constitutivos do
Assucar.
Se o sueco , espremido das Cannas assucaradas ,
for abandonado a si mesmo passa a fermentao
acetosa e na decomposio do Assucar, que duri
3 para 4 mezes , separar-se-ha huma matria glutinosa muito abundante , que - dessecada e submettida a distillao , d 0 ammoniaco , no se pde
duvidar que esta matria no seja hum dos princpios constitutivos do Assucar : ella parece ser, assim como a que se separa nas experincias precedentes , da mesma natureza que a matria glutinosa do trigo ; porm no Assucar esta matria he elevada a hum gro de elaborao muito maior. De
compondo-^se o sueco espremido pela fermentao
spirituosa
se obtm hum vinho anlogo ao de
mas; distiiland se este vinho , ao depois de se haver deixado embotelhado por hum anno , se obtm
agu'ardente , e rt seu residuo evaporado , e posto a
crystallisar d hum sal particular asss abundante.
Este , que se separa em a decomposio do Assucar
pela fermentao spirituosa , crystallisa em peque
nas agulhas compridas de 4 a 5 linhas, que unidas na mesma base formo huma sorte de popa.
He mais solvel n' gua que Q prprio Assucar , e
goza d' hum sabor assucarado mui fraco. Este sal
qus

C 373 )
true chamamos sal d' Assucar , he muito secco ,
no attrahe a humidade do ar.
Estendendo-se o sal do Assucar em huma grande quantidade d' gua , presto se altera e d , em
sua decomposio huma matria fibrOsa , que se
apresenta em escumas leves. Julgamos que este sal
deve ser considerado;, como a matria glutinosa , hum
dos princpios prximos do Assucar. Parece-nos tambm que as diferenas , que apresenta o Assucar
no seu sabor, e na frma dos seus crystaes, so
devidas s- differentes propores da matria glutinosa, que ;he sem dvida o principio do sabor-doce , e que sobre elle principalmente se conduz a.aco do calor, e dosalkalis na decomposio do Assacar por estes- agentes.
Ora , examinando-se o Assucar nos seus usos ,
>e .adiniro da, extenso xlas diversas .propriedades,
que elle: nos offerece. Em nossos ofcios se une
todos, os fructos ^ e lhes presta todos os attractivos
da doura. Quando slido, toma na arte doConfeiteiro as cores as mais, agradveis as formas as reais
vrias, que agrada -aos nossos olhos , e seduzem oBOSSO paladar., Quando: fluido, quaj he a combusto,
a--que elle se nega , na arte d quorsta para. se-duzir e satisfazer o nosso gosto ? Conserva os suceos\
eiluhsiarieias dosirucfosde: todos s paizes de todas
os estaes ; e em.todoi o tempo os faz capazes das
nessas mezas. Ean; nossas.cozinhas faz o tempero,
e a

C 374)
e a delicia dos nossos alfitetes e guisados. Nofjahum
a quem elle no possa i dar algum sainete,
Nas nossas: cozinhas se v o.Assucar unir-se substancia alimentar , para conservar a saud , entretendo a vida, Tambm nas Pharmacia* he visto prestar todos os seus attractivos aos meios de conservar
a vida , e de reestabelecer a sade. Serve de base
a todos os xaropes: entra nas massas, emastabo*
latas , &c. une os poz , e os offerece debaixo da
forma de bolos , de plulas, &c. Na arte do Massei10 , tambm serve para a preparao de certas massas. Os ensaios, que fizemos., nos fazem crer que
a arte do Padeiro poderia tirar grandes soccorros
do -seu uso. M. Parmentier de principio em a
escola da Padaria de Paris a diversas experincias,
nas" quaes tinha tomado por alvo , contemplar , debaixo de todos os: respeitos possveis, os effeitos do
Assucar na factura do Pam ou Panificao. M. Mac-*
quer demonstrou pelo modo -mais satisfactorio, qiie
se podem tirar maiores proveitos na arte da fermentao dos vinhos. Convidamos aos Cervejei-i
ros a empregallo na factura da cerveja; pois alta-f
mente estamos persuadidos que pode, com vantagem , supprir a falta do Lu paro (JLupulus saUctay,
rios.) >
As virtudes: medicinaes do Assucar o fizera
muito mais precioso e muit mais caro nos pri-meiros tempos , que se conheceo na Europa. Es->
pa-

( 375 )
palhar-se-hio sem dvida muito mais des que fitou mais commum se Mdicos ignorantes no rete-issem o seu uso , attribuindo-lhe propriedades d'
esquentar e d'emmagrecer. Felizmente os Mdicos
modernos se elevaro acima destes prejuzos. Sale-se que o affamado Tronchin recommendava A
gua assucarada a quasi todos os seus doentes. Cullen
e outros muitos bons Mdicos attribuem
diminuio sensvel das febres podres ao Assucar.
Fothergill
de quem toda a Inglaterra honra a
memria, fazia votos os mais ardentes
para que
o preo do Assucar permittisse ao povo o seu
uso.
As experincias de M. Imbert de Lonnes primeiro Cirurgio de M. o Duque d'Orleans refelidas na Gazeta da Sade estabelecem , da maneira a mais satisfactoria as propriedades antiscorbuticas do Assucar, que confirma pelo facto seguinte.
Hum navio pertencente a MM. Hombergs asss conhecidos em Havre de Grace vinha de nossas Ilhas Carregadas de muito Assucar. Huma calma imprevista fez faltar os viveres por muitos dias.
Alguns matelotes est&vo mortos pelo escoibuto neste embarque
e quasi toda a esquipagem estava
aifieaada de sucdumbir esta cruel molstia ; unicamente o Assucar singular soccorro que tinho,
os conduzio ao porto. Os accidentes do escorbuto
cessaro, e o remdio foi ao mesmo tempo hum
ali-

( 376 )
alimento agradvel. Este facto prova pelo mod
mais evidente , que se pde curar o escorbuto pe-*
Jo uso do Assucar
e que se poderia procurar o
preservar a gente do mar desta perigosa molstia,
fazendo-o entrar no nmero dos seus alimentos, o
que seria fcil e pouco custoso ao governo; por
quanto huma rao de huma ona d' Assucar, que
talvez seria suficiente para cada marujo , no custaria mais que seis dinheiros por dia.
O Assucar bruto, feito pelo novo methodo,
apresentaria por sua pureza , por seu sabor balsamico , e pela mediocridade de seu preo , todas as
vantagens, que se podem desejar ; por quanto , sup-i
polijdo-se que , ejn S. Domingos elle custasse ao Rei
$0 libras ao quintal no lhe chegaria em Frana
a 8 soldos ao arratel
visto no ter frete, nem
seguros nem commisso , &c, a pagar pois que se
podrio carregar vasos , que volto todos os annos
das Colnias. Seria muito acertado que nos hospitaes se desse Assucar aos doentes, ou em substancia , ou em dissoluo: poder-se-hia ajuntar com
successo sem dvida, aos caldos , com que se fario
mais agradveis e mais fceis a digerir. Se as virtudes medicinaes do Assucar podem ser. mais estendidas , suas propriedades Cirrgicas, tambm merecem ser mais approvadas : suas qualidades doces,,
lenifcantes lhe deverio dar a preferencia aos unguentos , e aos emplastros no tratamento das eha-

( 377 ).
gas ; porque elle no tem , como elles, o incpnveniente de.ficar, ranoso por onde no pde causar
jiritaes. Procurando se defender as chagas do con-,
tacto do ar tem esta vantagem , como os leos e
as gorduras. Procurando-se pr-lhe alguns remdios activos, pde elle , como as gorduras, e os leos, servir de excipiente.
Bem que muito tempo se tenha feito entrar,
o Assucar na preparao dos alimentos, s ao depois de M. Ruelle o mais velho, foi olhado como huma substancia alimentosa. Este sbio Chymico o contemplou corqo o po , o mais perfeito ,
tecommendando o seu uso em todas as suas lies
Acadmicas e o comia em grande abundncia. As
suas lies , e o. seu exemplo contribuiro muito
para augmentar a confiana do pblico , nas propriedades do Assucar. Entretanto se pde dentou-,
strar
que a matria glutinosa serve de base aos
princpios do Assucar , que nesta combinao ella
he summamente pura , e perfeitamente sqluyel, e
consequentemente em a disposio a mais pr.opria a
ser facilmente digerida,: ningum recusar acreditar,
que o Assucar seja a substancia .alimentosa amais
perfeita e factos multiplicados.,.no deixo dvida^
alguma acerca deste ponto.. M. Geoffroi refere , na
sua matria Medica , a observao de. duas pessoas,
que comio muito Assucar , cuja, velhice foja mui
prolongada, e sem , enfermidades,
Leo-

( 37? ) .
Leo-se na Gazeta da Sade , qe M. Emercy
Medico na? visinhanas de S. Mal , vivera perto de
cem annos
sustentando-se somente de alimentos
Assucarados; que M. de Ia Verge Medico em Guadalupe , fora velhssimo, observando o mesmo regimen , e que M; de Bauvoir, Tenente Rei em Havre , dizia que devia ao uso do Assucar a boa sade , que gozava em 8o annos de idade. A extrema
facilidade , com que o Assucar se pde digerir, o
faz hum alimento prprio todas as idades, todas as circumstancias : convm meninos, e velhos , s pessoas fracas e delicadas, aos doentes,
s convalescentes. Pde-se dar a hum menino , que
acaba de nascer - e talvez elle seja o nico, que
lhe convenha nos primeiros momentos do seu nascimento , tem com a vantagem de o nutrir. a de
concorrer para a evacuao do seu meconium, e facilitar-lhe a evacuao. O gosto do menino pela gua
assucarada he huma indicao bem certa, em que
se deve ter tanta mais confiana, quanto o leite da
mi, nos primeiros (tempos do seu parto , s parece ser huma gua assucarada.
No se use por tanto' mais d leite devacca,
do qual muito tempo se conhecero os inconvenientes e que se procurou substituir' inutilmente
pelei' leite de cabras. A observao, trazida na Ga-'
zet da Sade ; prv , pelo modo mais convehient e , os proveitos do Assucar na phneir infncia*
P-

C 379)
Pde-se seguramente entregar indicao da natureza , manifestada pela summa avidez das crianas
pelo Assucar. D-se-Ihe em natureza, em bebida,
em todos os alimentos. Sobre tudo se lhe deve desterrar de tcdo o uso das papas de farinha e do
leite , que os estmagos mais robustos, poucas vezes podem supportar. Que o primeiro alimento da
criana seja hum caldo feito com migas desseccadas no forno, reduzidas e m p o , e cozidas com gua
assucarada que este caldo summamente simples, e
que se pde procurar em toda a paite , seja o uni-
co, de que se nutra a criana.
Seria - interessante ao bem da humanidade , e i
felicidade das crianas
que se fizessem depsitos
pblicos para as alimentar com Assucar e alimentos assucarados-, e que se contestassem por experien-cias feitas com cuidado , e bem seguidas as vantagens , que se tem direito esperar do seu uso, nos
primeiros tempos da vida. As papas , que acabamosde indicar para as crianas . .muitas vezes conviriao
muito melhor s "pessoas fracas, por longas molstias, depois ds quaes o estmago conserva algumas
vezes to diffieilmente suas fnces, do que as bebidas gordas . da Idos d' arts, &TC, Os prejuzos , estabelecidos nos tempos d'ignorncia'sobre a qalida*deaquecente dd"Assucar afida." causo medo muitas pessoas. Attendendo-se a conter 'o Assucar huma substancia alimentos, mais- bem preparada , e
em

( 3c)
ltl proporo ' mui' grande ; e ainda mais, que ai
suas propriedades salinas o fazem dissolvente dos
alimentos, que elle tempera, se ver que . debaixo destes dous respeitos, no ha alimento algum,
que mais nutra.. Ora. sabe-se , que o prprio das substancias nutritivas he augmentar as foras vitaes,
e que da sua augmentao resulta necessariamente
hum calor bem fazejo , ao qual devemos a felicidade da nossa existncia. Debaixo deste ponto de vista o Assucar aquece , e o calor - que se experimenta , he sem dvida o maior, bem para a sade. Elle deve ser bem distincto do calor da effervescencia,
que produzem as substancias aromaticas , que no
so alimentosas.
Vulgarmente ainda se acredita que as propriedades fundentes do Assucar fazem emmagrecer. A
experincia mostra o contrario todos os dias; porque nas fazendas do Assucar todos, os- animaes no
tempo da moagpm se sustento com cannas, e com
escumas dos caldos. E ainda que- nesse tempo os
trabalhem mais que n' outros , todavia se porto
muito melhor, e-engotdo muito, Quando se d
escumas do caldo e melasso aos porcos, engordo
promptamente , e a carne se faz mais tenra e mais
delicada.Os seguintes factos provo. tambm que o
uso do Assucar engorda. So tirados, dos cadernos
de M. Rouelle o mais velhO.; , 0 Reino de-,Co-!
chinhina he de todos os -paizes Qentaes, o que
pro-

C 1*1 )
produz huma maior quantidade d' Assucar , e da
melhor qualidade : este gnero lhe faz hum maior
objecto d' exportao para o commercio estrangeiro. Os Cochinchinezes fazem hum mui grande cori*
summo de Assucar : elles de ordinrio o comem
com arrs e he o almoo commum de homens j
e mulheres de toda a idade. Em todos os Albergues
do paiz somente se achovarrs e Assucar : e he
o sustento ordinrio dos passageiros, ou viandantes;
Os Cochinchinezes confeito, comamos, todos os seus
fructos, e alm destes a maior parte dos seus legumes, as abobaras, certos pepinos, raizes, cardos,
o gro do lodo e a folha grossa da babosa. Querem que no haja cousa alguma mais nutritiva que
o Assucar. Ao depois destas experincias he que
o governo concede huma certa companhia de solidados escolhidos , para representar, huma somma , de
que elles pago o Assucar , e as Cannas d' Assucar,
que a Lei do Prncipe os obriga a comer por dia;
O fim desta Lei he de manter pelo sustento diari
do Assucar a gordura dos soldados que , fazendo a
guarda do Rei so destinados na representao a
fazer honra a seu Senhor pela sua boa presena 5
com effeito estes 500 soldados tem gordura admirvel. Na realidade so gordos pelo Assucar. Os
Conchinchinezes engordo os seus animaes domesti-*
cos, seus cavallos, seus buffalos, seus elefantes com
a Canna do Assucar, Elles querem que no haja
ou-

< i*0
outro alimento mais prprio a reestabelecer hum an*4
mal magro e debilitado.
Todavia confessamos que o Assucar* para engordar , deve ser unido outros alimentos , dos quaes
facilita a digesto, e que os faz mais nutritivos. Se
elle fora o nico alimento d' hum indivduo , pode-lo-hia nutrir e raugtnentar suas foras, sem o
engordar. Conhece-se tambm que a sua propriedade fundente deveria produzir hum effeito contrario. Com esta unina vista o Assucar emmagreeeria.
Mas por isso mesmo que elle s pede offender em
huma circumstancia
no he justo ter medo ao
seu uso em todas as outras. Sabe se geralmente que
todas as pessoas entregues bebida do vinho , e
dos liquores espirituosos, comem tanto menos, quanto elles bebem mais. Ao Assucar se deve dizer o
mesmo que dos liquores espirituosos: pde e deve
produzir o mesmo effeito de huma maneira menos
sensvel na verdade ; porque parece no differir do
espirito do vinho seno em que a sua matria glutinosa e o sal do Assucar entro em maior proporo na combinao de seus princpios. As propriedades aquecentes e fundentes do Assucar offerecem aos velhos grandes proveitos.
Sabe-se que o calor entretem a vida , e que
pem em movimento todos os nossos rgos- Sabese tambm que elle diminue medida que noi
adiantamos em annos j ora hum alimento que, aisginen-

( 3*3 )
gmentando o calor , se une ainda aos humores espessos e viscosos, para os dividir e fazellos mais
fluidos
he sem dvida o alimento mais precioso
para o inverno da idade, Os velhos, por tanto , que
uso do Assucar podem esperar huma velhice sem
enfermidades , que geralmente so causadas pela presena de diversos humores, dos quaes os rgos enfraquecidos no podem sempre desembaraar-se. Concordaro consequentemente que as propriedades aquecentes e fundentes do Assucar fazem o seu uso
infinitamente precioso , e saudvel na velhice.
O ASSUCAK* he sem , dvida , o maior benefi-,
cio, que o homem recebeo da NATUREZA. Queira
elles applicarem-se ao conhecimento da sua natureza , e a tirarem todos os proveitos que o conhecimento das suas vantagens lhe offerece. Pertence particularmente aos Mdicos, e aos Cirurgies o estudo
dos seus effeitos. A experincia deve servir de base aos seus juzos , e sobre estes, he , que o pblico deve estribar a sua confiana. O Governo deve?
mostrar-se prompto a favorecer os ensaios , que se
houverem de fazer, que podem ser feitos nos hos-,
pitaes nos campos , no mar ; e que quejra tomar
medidas sbias , para augmentar as culturas do Assucar , fazer os meios de o preparar mais simples ,
mais vantajosos, assim nas nossas Colnias , como
em Frana, para que faa diminuir o preo desta
.riercancia , e fazer o uu uso mais geral entre o povo.
Se

( iU )
Se os meios de fabricar o Assucar, que temos proposto e estabelecido se propagar os Assucares brutos, sero asss puros, para terem consummo no maior nmero dos usos econmicos, sem
serem refinados, e seu preo vir-a ser asss medocre para que o povo possa ter hum maior uso.
O sabor balsamfco que elles tem , augmentaria ainda pra muitas pessoas hum novo preo, sobre o
seu sabor doce , e assucarado. Oxal queira a Nafo Contemplar estes grandes proveitos , que lhe of
ferecem' as Colnias do Assucar cm huma producoso,
cujo'uso faz as delicias de todos os seas alimentos,
e cuja -cultura e commercio faz a maior importncia
para' o con summo d seu suprfluo.
'Sobre os meios de fazer* hum liquor vinhoso como
sueco espremido da Canna assucarada.
Ao depois de ter seguido em a Canna as diversas modificaes do corpo mucoso, at o mais
alto gro d' elaborao, que pareceo que ella pode
chegar : ao depois de ter contemplado os entrens
da Canna, como o frueto mucoso por excellencia,
era natural o acreditar-se que o seu sueco espremido , abandonado a si mesmo, corro o de quasi todos os fructos mucosoS devia passar a fermentafio fespifituosa : a pezar disto a experincia diria
nos tem mostrado que- esta sueco espremido das
Can-

Cannas frescas, novamente cortadas , passa conIhttitement fermentao acetosa. Admirado da certeza deste fact , eu devo concluir que o rtiovimen da fermentao cida estava impresso rio Assucar , no sueco espremido pelo espao' da decomposio , que soffrem as substancias, com as quaes s
acha unido, e observei que as feculas da primeira
sfrte So as primeiras partes deste sueco , que se
decompem , e que o producto da sua decomposio, sendo sempre cido , o do Assucar necessariamente se vem a fazer. Tinha tambm observado
na Normandia que , para se obter bom vinho de
ias das differentes sortes de pommos , se vio
obrigados a deixallos nos armazns , por tempos mais
ou menos dilatados. Depois desta observao abandonei as Cannas a si mesmas , e ' passados oito ou
dz dias , tomaro hum cheiro forte e vinhoso de
pommos i ento as fiz espremer e a fermentao,
estando j muito avanada , se continuou no seu
ucc espremido.
Observando se com atteno o que se passa na
fermentao do sueco das diversas sortes de pommos , se fic3 capacitado , que os diversos seres , que
sulto da fermentao spirituosa , nada mais falem que separarem-se", e que j existioltotalmente formados em' o frueto antes da espresso; porque se o alcthol' fosse hum producto da decomposio d corpo-mucoso , devefla acontecer que o
9. II. T. I.
Bb
sue-

{ 386 5
sueco dos fructos, os mais doces , daria em a sus
. . . . . . . .

tk

fermentao amais forte proporo d*alkool, e todavia a observao parece provar o contrario, sempre parece certo , que a fermentao do sueco espremido de hum frueto , he o effeito de hum movimento e das combinaes, que comearo neste
mesmo frueto, e que se acabo no seu sueco espremido. Sabe se que as peras as mais prprias para se fazer perada rica em alkool ,..so, to acres,
que ningum as pde comer, nem hum s bocado , sem experimentar nos rgos do gosto huma adstringencia to forte que lhe dura por muitas horas. Espremem-se estas no instante em que
se colhem e sen sueco que he levemente doce,
se pem em tonneis ou barricas sem estar junto
com as suas f zes: todas as partes deste sueco se
sepro , o calor , e o gaz cido carbnico , escapo como volteis, e entretanto que as partes slidas se precipito, o alkool. e o corpo mucoso se
unem para formar a perada , que se tira ento para o pr em outros tonneis..
As diversas sortes de peras doces e agradveis
de que se servem em as nossas mezas, do mim
sueco muito doce do qual a perada he pobre em
alkool , e em corpo mucoso. E assim promptamente se volta em hum cido , e o $eu vinagre he fra.co. Observando-se o que se passa, na fermentao
das maans , se* conhece que , geralmente as que
so

C is? )
so mais prprias; a darem hum vinho , rico em
alkool e em corpo mucoso, so doces e amargas.
Quasi todas exigem ser postas em celleiros , por
hum tempo mais ou menos dilatado . e do-se
algumas que devem estar - para 4 mezes Nos celleiros tomo hum cheiro vinhoso foitissimo, e ain-i
da que alguma vez se achem pela ametade apodrecidas , o seu vinho no he menos rico em alkool , e em corpo mucoso. A separao das diversas partes que resulto da fermentao spirituosa
do seu sueco , muitas vezes se faz ri'huma temperatura abaixo de dz gros, e ainda algumas vezes
abaixo de zero. Na verdade ento se faz mui lentamente.
Resta ainda assim nos vinhos feitos de maas
como nos de peras quando se tiro , ainda que claros , huma poro de feculas , que se decompem
mais ou menos lentamente, e parecem prolongar
de huma maneira insensvel o movimento de fermentao. O vinagre que elles do, quando se decompem , he bom e generoso. Se estas sortes de mas fossem espremidas no instante em que foro
colhidas, seu sueco seria doce , mas a sua fermentao se estabeleceria difficultosamente , e o seu producto seria muito pobre em alkool , e em corpo
mucoso. Este passaria promptamente decomposio cida, e daria hum mo vinagre. Nas Provincias mdias da Frana, se v que ainda que a uva
Bb ii
no

( !>>.
no parea ser mais doce, que a dos arredores de
Paris, com todo os vinhos so ricos em gaz cido
carbnico y em alkool, e em corpo mucoso , e que
a proporo destas duas ultimas partes se acha em
huma relao asss igual. O vinagre que do estes vinhos em sua decomposio, he forte egnero. Finalmente nas Provncias meridionaes, o corpo
mucoso parece ter-se elevado ao estado assucarado,
e o faz superior ao alkool em sua proporo. Em
Hespanha , Chypre, e Madeira , estado assucarado
d corpo mucoso , he bem distincto, e a superabundancia da proporo bem determinada.
Pelas observaes de pessoas, que distllo o
vinho de peras , ou de mas , e os vinhos de uvas,
a quantidade do alkool, que delles se tira, he muitas
vezes to abundante , e algumas mais quando se dstilla pouco tempo depois d fermentao. Ora se
o alkool no existisse totalmente formado no frueto no momento, em que elle se espreme, se elle
fosse o producto da decomposio do corpo mucoso os vinhos, que contivessem mais deste corpo,
dario alkool em maior proporo , e se lucraria
em esperar que elle se decompuzesse de todo para o distillar. Parece pelo contrario , que os vinhos os
mais ricos em corpos mucosos , depois da fermentao , se conservo tanto mais tempo , quanto este corpo se eleva mais ao estado assucarado, e que a sua
proporo he mais abundante: Taes so os vinhos de
Chy-.

0*>
Ghypre , de Hespanha , e Madeira. Tambm parece
que na decomposio cida de todas; as sortes de
vinhos, a proporo do vinagre que se forma, he
em razo da quantidade., e qualidade do corpo mucoso , que se decompem. Assim o vinagre do vinho de Canna he muit forte , e mui generoso. Mas,
bservando-se, entretanto o que se passa no bagulho
das peras , mas,,.. das uvas , em os bagaos de
cannas fermentadas, se v' que se desprende calor , gaz cido carbnico , alkool, egaz. Jnflammavel.
-Destas obseryaesQcqnclujremos que nos fru?
ctos , ou sejo sobre a ,arvpre. (como a pera e uva)
ou em montes (como as mas e cannas), os diversos princpios, que tem tirado do ar, da luz e
do Sol e que esto encerrados em seus vasos , vindo a romper estes vasos, encontra o corpo, mucoso doce , ou assucarado, ou sal essencial,, unindose , formo com elle o alkool , e que a proporo
deste corpo, que no tem achado para se saturar
destes princpios, fica no estado mucoso ate que
elle se decomponha para dar vinagre. Estas por tanto, so as partes slidas dos fructos (seus vasos)
que dividindo-se , desorganisando.se , do os princpios , que se unem ao corpo mucoso mais , ou menos elevado, j na ordem! das diversas modificaes,
que ns temos seguido, par3 fazer o alkool. Tambm he o que acontece, quando se mistura o fermen-

C 390 )
mento da cerveja com huma dissoluo d' AssucariO fermento em se decompondo d ao corpo nueoso j * elevado"* (corno Assucar) em hum muito alto groi de proporo , na combinao de seus princpios t huma nova proporo destes mesmos princpios , prprios a fazellos subir ao estado de alkool.
En"o tambm isto acontece Canna , deixando-se
em monte por muitos dias. A Canna fermentada d ,
ao depois de S ou 10 dias, hutn cheiro desmacs
forte e vinhoso e espremend'se nesta poca, a
fermentao se continua 110 seu sueco espremido ,
e passados 5 at 6 dias , se obtm hum vinho perfeitamente anlogo ao de- mas. Se abandonarem a
Canna alguns dias de mais , o cheiro e sabor de mas desaparecem , ou ao menos diminuem consideravelmente : o sueco que ento do , he mui vinhoso . a fermentao spirituosa que est mui avanada , se acaba dentro em poucos dias , e se obtm
hum vinho mui anlogo ao vinho branco dasuvas.
Como os ns da Canna assucarada somente
cheguem huns ao depois dos outros sua madureza, os que esto nella muito tempo so mais
susceptveis de fermentao, e passo ao ponto,em
que conviria espremellos muito tempo antes, que os
da parte superior da Canna : he por conseqncia preciso partifla em muitos pedaos , para se porem a fermentar separadamente. Omosto da Canna (chamaremos com este nome o sueso espremido das Cannas
fer-

( i-ii 1
ferrnrifadas) posto ein tcnners , continua a fermentar como nosucfcd das-mas, e peras,- &'c. As matrias ' feculerita<rrse 'sepro peTa mesma aco da
fermentao ; liUma parte ^se ' precipifa ; a trii he
eeitda' debaixo da a^parenca dt huma escuma-esptnosa miii abundante : huma poro de 4ucco tam*
bem +ie rejeitada, e se frma' hum vasi, que se
tem cuidado d ehclier huma u duas vezes por dia,
U"Cm aglia asscafada , ou com ara bem lavada.
Passados muitosrdias , tendo a fermentao chegado a hum ponto Conveniente se abre o tonnel 4
ou 5 pollegadas' debaixo do furtdd, se 'o vinho
rclaro, convm die!o tirar para^lim tonnel limpo , que precis3'irfrir}her-?e ineiranent.'Se elle s
toldar o que aconfece quando matria feculen-^
ia he muito abundante ,' precisa p7 elia , deSpejallo passadas 24' liras de repouso/ Seria ento muito doce para se poder usar como bebida ordinria;
fcassiin conviria bandcnallo a si rrsr-no por" algum
trhp , como s pratica no vinho de Uvas', no de
mas. Embotdhando-s de repente', 'passados poucos
dias', escuma crepita maneira do vinh"<de ChaftiJtgn. A sua tf/r tira iriais ou rrr/nbs' d mbar,
tfrfbfme o estado* e Qualidade' da*s Can'fn Para se
obter hum bom vinho , no he indifferent a escolha das Cannas"; asvque tem as chdis niais proprias', para dar Assircar; so' tam6em"a-s melhoftsi
pra dar hum Vrifid'de boa Qualidade;
Eu

( 39* )
Eu obtive de Cannas , colhidas em hurna, te*,
rapantanosa, e muito m, para que pudessem,.se.rvir para Assucar - e ainda para ,mJladoi hum most o . q u e , completando a sua fermentao spirituosa , me dep hum vinho d' hum gosto brejoso detestvel. Este facto mostra que ,povinho datCanna,
do mesmo modo que o vinho, das uvas, e dejpas, tem o sabor, prprio da Canna assucarada .(contemplada em razo sua analogia , com os fructos
mucosos) , mas ainda a relativa^s. circumstancjaj?
em que ella se acha (considerada como planta) em
razo 4? natureza , posio, situao do terreno f
em que cresce sabor, conhecido pelo nome de gosto de terreno,,.O estado de qpsto de Cannas he
tal, que sua fermentao (se.continua , e acaba com
juqcesso ainda nos mais pequenos vasos : eu tenho
posto at em gariafes., e ajuda- em huma garrafa,
donde consegui bons vinhos. Accrescentando a este
mosto o sueco d' hum frueto tal como o anans, a Ia:
Hnja, o limo % a guaiava , o albricoque , &c. se obtm hum optiino que tem o. sabor e o perfume do
frueto , que se / te;n, empregadc-^.Ppde-se-lhs; tambeiri^.dar-liuma cr vnnejha ,mais , ou menos forr
te com Q swo dq frueto da urmnbeba, ou cacteir
ro sil/escre.
S,ubm,ettendo-se o vinho da Canna, distilla?
co, se.tjra.huiqa. aguaardente , que chamamos agaa.
ardente de vi/o ,de Cannas. Ns temos distillado.^z
me-

< 393 O
medidas d^. vipha, jftito ds ^\nai^r-ms Cannas possveis , e obiyeiTflqs .qijatro., medidas, de aguaardente,
sjue chegaro aos ,17 gros d areometro de- Batijrt. Estoms,-altamente persuadidos, que se tiraria
do Y.inhp fcitp. com boas Cannas, buma, quantidade d'.-agMaardente muito maior ainda. A aguaardente de, Canna.ihe mui agradvel, e disputa com.
inais excellente. Rhum.
V-se que a Natureza, bem longe de ter privado, como , at agora se pensou, a Zona torrda
de fructos prprios para fazer huma bebida vinhosa, e agradvel . capaz de. temperar ardor, que
jtofivm os .habitantes destes Paizes ardentes , a enriqueceo da Canna d'Assucar , que offerece aos sens
habitantes; no, seu-sal essencial Q alimento o mais
puro, e no seu sueco fermentado a fonte mais abundante d' huma bebida saudvel.,. . ,
A Canna se .presta a todos os.gostos. Maam
ou uva d. a vontade ou vinho d* uvas, ou de rriaife.
Jase em tdos os tempo , e em todos os lugares,
e se pde coihej- em toda a estao^ Contemplando-se a Canna dp Assucar em, razo dos seus producfps espirituosos, que se podem tirar ffete.ee 30
seu .cultivado; vantagens mais certas, e maiores do
qu algum, outro .gnero Colonial. ;
Hum quadrado, de terra qye apresenta huma
superfcie de algumas 3400 toeras pde produzir
foo a jop canetas de Cannas , que pesem 1000
ar-

C 394 )
-arrateis cada hurria A Canna assucarada d ordinariamente ametade d' seu peso em sueco espfvnfiido. Suppbndo--se hina qtinta prt de perda para
-a extravaso , para as borfas'ou sedimento, fitaro" 400 arrateis de hum liquof cidr (*/infi de mas),
ou vinho produzido d'huma carrada dCarns. Trezentas carradas daro logo 12O$0 libras de vinho1,
ou C o l o c o medidas reguladas pelas *de Paris , cujA
producto distlldo "seria 24000 medidas d' gua-ardente , mas reduzindo este producto pela ametade',
eno estimando1 a aguaardente mais qe pelo valor
de 10 soldos a medida ,* hum quadrado de terfa nada menos prdiifri * que 6000 libras em dinheiro
(960^000 rs.)
O Algodo, o ndigo , o Caf'-, Crina cortada para a factura do Assucar ,; nuricif Hero - em
as circumstancias as mais feiie ."pr quadrado de
terra hum pi9&ct'"de -6000 libras eil dinheiro.
A factura do "vrrfi-dd Canrtas - dar-distiHao:,
no requerem maior trabalho , nm cuidados qus
folnentao - e distillao dos- mels-sos-.
' Porque a cultura da Canna no est sujeita a
aLum accidente , no-tendo'esta planta cousa ai*
guma que temer, em razo dos insectoS; porque ella pde ser colhida"fodos os dl-s d>--nno, e qto
aparai ser empregada env~ vinho , e nv.ag-ardente
"M requer , ; por-toda a sua deSpez-, seno hUrtt
"Engenhoca (pequeno Engenho) y hum "lambiqui
eque

09i )
e que , alm disto, todas as operaes desta sorte de
trabalho se podem fazer successivamente , bastaria
para esta culfrrr huma dezena de escravos.
Assucar do Aci? assureWoK e- d outras planias.'>
Os Selvagens- do Canad ,*" e d" outros paizes
d'America Septentrional, fazem huma espcie de
Assucar com humi liquor , qtie -lir^d* huma sortfe
de Acer qt os Inglezes por esta razo chamo
Sugar maple. O Acer fornece aos visinhos destes
Climas vigorosos , hum'Assucar', que os desobriga
em parte do prejuzo 'que elleS tem7,' deno nascer entre elles aCnna Assucareir,'1 ou Assucarada.
Os Francezes chamo a esta arvore Erable rouze', vline, ou plane . e os Inglezes" Maple.- O'Assucar ,
que delle resulta , he d' hum xcellente qualidade,
e se reputa , como muito saudvel. Porm o Erable
de Sucre (ACER SaCctTariferutr) he que d em
mais abundncia. Elle se apraz nas partes mais Septemrionaes , e mais frias d'America , e se faz mafs
raro, i pwpor que se avisinho ao meio dia ,
entretanto- que nestas somente se* encontro em as
montanhas mais altas , e do lado , ou vei tente do
Mote. Donde se colhe que esta arvore s ama Os
paizes frigidisshnOs.
O que-vou'yexpr - he o methodo, doqual
to Selvagens i e os Francezes] que entre elles'existem,

<"v?6)
-tem , us-o para tirar o seu Assucar. Na primaveVl,
comeando as neves adesapparecer , estas arvores esto abastecidas de sueco , ento se lhes fazem
incises ou ainda se faro com huma verruma, e
os buracos que se lhes fazem so ovaes. Por este
meio sahe dellas hum abundantssimo liquor, que
ordinariamente corre pr trps semanas: todavia isto
. depende d tempo , em que se fazem porque o
Jiqiior corre em maior^, abundncia , comeando a
neve a derreter-se , e estando o tempo., bom ; a arvore porm cessa de o fornecer , quando entra a gelar , e quando os calores se.fazem sentir.
O liquor - que corre , he recebido, em hum cocho de po , donde se passa a huma celha: e tendo-se junto huma quantidade surriciente , se pe em
.huma caldeira de ferro , ou de cobre que se pem
ao fogo. Faz-se evaporar o liquor;, at que fique
grosso, para no poder ser removido facilmente. Ento se tira a caldeira.do fogo.e se mexe o resduo que , esfriando-se , se,faz slido , concreto , e
semelhante ao Assucar bruto, ou ao. do melasso.
Pde-se dar a forma , que se quizer, a este Assucar ,. lanando ena .moldes, nos quaes elle coalhe , e se espesse- onliece-se que este liquor est
prompto a crystallisar-se , ou a dar o Assucar,,quando se v que elle no frma escumas na. sua
superfcie. Do se muitas. no principio d seu cozimento,; mas tem-se .cuidado de. as rifar logo que
ellas

C 397 )
ellas se entro a formar. Tambm tomo a calda
engrossada com huma colher , e observo , se esfriando-se, se converte em sueco . ento se tira a
caldeira do fogo , e se pem sobre carves, mexe-se continuamente para que o Assucar Seno pegue caldeira, e seno queime. Continuando-se deste modo, a calda se muda em huma matria semelhante farinha , ento se pem em hum lugar
fresco, e se tem o Assucar, que se assemelha ao
melasstj. He de huma cr parda antes de ser refinada , e commummente se lhe d a forma de pequenos pes chatos, da grandeza da mo. Os que
fazem este Assucar com mais cuidado , o clarifico
com clara de ovos , durante seu cozimento , conseguindo ao depois disto hum Assucar perfeitamente Branco.
Contempla-se o Assucar do Acer, como hum
Assucar muito mais saudvel que o Assucar ordinrio , e se louva o seu uso nos defluxos , e molstias do peito. Mas por outra parte no se dissolve
to facilmente na gua como o Assucar das Cannas , e se faz preciso maior quantidade para assucarar.
Pde-se acreditar qu se haja de preparar com
muito maior cuidado . do que o fazio os' Selvagens,
e os habitantes do Canad. Poder-se ha "Tirar deste
Assucar hum tnaior proveito , d qe o qu presentemente se tira aperfeioando-se.
O

(39)
O liquor que d o Acer, posto em hum barril , e posto ao Sol do Estio . d hum vinagre muito bom. Os visinhos d Canad , misturo muitas
vezes este Assucar com a farinha frumentacea, e
de milho , e fazem huma massa , de que fazem proviso para as viagens dilatadas , que elles em prendem. Acho que esta mistura a qu chamo Quit
ser lhes administra hum alimento muito nutritivo
n* hum paiz , em que seno acho provises. Os
habitantes deste paiz comem tambm este Assucar
misturado com o seu po. Cada hum faz a sua previso na primavera para tod o anno. Fazem tambm huma espcie de calda com o liquor , que
corre do Acer. A .este fim no se faz ferver tanto,
como quando se quer reduzir em Assucar. Esta calda he muito doce e refrigerante , e muito agradvel ao gosto , quando se mistura com gua. Mas he
sujeita a azedar-se , e no pde ser transportada para longe. Serve tambm para fazer diversas espcies
de doces. O liquor como sahe da arvore , he tambm muito bom para se beber, e se reputa saudvel. O que corre das incises feitas na arvore no
principio da primavera , he mais abundante e assucarado , que o que vem , estando a estao, avano-!
da , e mais quente. Nunca se consegue huma maior
quantidade do que ao depois de passado hum inverno spero , e tendo cahido muita neve, e quando a primavera he. fria;-e em quanto a neve se
cor*

( 399 )
conserva sobre- a terra , ou quando as noites so frias
e acompanhadas degelo.
-,
Tem-se rfifletido que quando venta de Leste,
estas arvores cesso logo de dar. liquor, e fornecem
mais em hum tempo sereno, que em tempos enuveados, e nunca se obtm maior poro , que quando a huma noite fria se segue hum dia claro , e
sereno. As arvores de huma mediana grandeza fornecem mais liquor: as que estio em lugares pedregosos, e montanhosos , do. hum liquor mais assuarados, do que as que esto em lugares planos
ou de vrzeas: Huma arvore boa produz 4 a S medidas de liquor em hum dia, e quando a .primavera he fria , huma s arvore data .30 a 60 medidas de liquor, das quaes 16 medidas do commummente hum rratel d'Assucar. Huma.mesma arvore
d liquor muitos annos, mas para isto se faz preciso fazer-lhe jncispes,, ou buracos sempre do mesmo lado, e fazellos debaixo .para. cima , e no de
cima para baixo. Sem isto a gua da chuva, deroorarido-se na abertura, apodreceria a-arvore. De-*
VCm-se todos estes detalhes a M, Pedro Kalm, d'Academia das Sciencias de Stokolm , que vio e examinou ocularmente estes trabalhos , e os expz Academia. Oestes factos, conclue elle , que se poderia com
auccesso tirar.,.o mesmo partido dos Aceres septeutrionaes da Europa. Do mesm.O: modo M. Gautier,
correspondente, da Academia d Paris, deo conta da
fac-

C4 )
factura do Assucar acerino jCom^-acabamiTs de ex"-*
pr. M. Kalm observa que-se obtm tamberrt -As-"
sucaf de huma espcie de Eetula',' otAbedu", ma*
ent'quantidade' muito diminuta. Na America tattt-"
beni se tira Assucar de huma arvorei5, a que os Francezes chamo (Koi/er amerf Nogeifa: amrgosa O
liquor que d esta arvore lie muito assucarado, ms'
tira-se muito pOftcopara se poder usar. Tarhbeirf
s btem Assucar 'da planta chamada Gleditsi, por
Linn , e GronnoviO. Lawson na sua Historia da Gasolina , diz qe se cultiva esta planta a este fim
em muitas hortas., ou pomares de Virgnia. O mi-*
lho mays d hum liquor prprio a dar Assucar/
stndo verde.' Acha-se na sua hastea hum succ
impissimo, que he mui doce. Os Selvagens Ame-*
ricanos corto o milho para lhe tirar sueco. O
contra veneno (sclepias caule ereeto simplici annu
Linn) fornece Assucar , e das suas flores se espreme de manh muito cedo , quando ainda esto
cheias d* orvalho , hum sueco, que espessado pe
cozimento d Assucar. O P. Ghar le vix na sua
Historia da nova Frana , nos diz que se tira Assucar d' hum liquor - que fornece o Frexo; mas Mi
f-lm pertende que este Padre tomou por Frexi
m Acer fraxini foliis que nasce em grande abilri-*
dancia n* America Septentrional, e que com effeitt*
d huma grande quantidade de sueco doce, quando se lhe fazem- inciiesv M. Mrcgwfl-elebre Chy*

( 40lv)
mico da Academia de Berlin , achou que muitas razes communs em Europa , ero prprias a dar hum
verdadeiro Assucar , semelhante ao que se tira das
Cannas. Elle o obteve i. da Acelga branca (Beta.
Cijclam)d& Alquerivia(S//n Sisarum) ). da Beterraba. (Beta vulgaris.) Todas estas raizes lhe fornecero
hum suceo abundante , no qual - por meio do microscpio , se podio descobrir molculas crystallisadas,
semelhantes ao Assucar ordinrio. Fera se certificar,.
se o havia, infundiro-se, em espirito de vinho bem rectificado, pedaos destas raizes , e se puzero em banho d'areia , augmentou o calor, a fazeljo ferver: filtrou o liquor ainda quente , e o lanou em hum matrs de fundo raso , que ps em hum lugar temperado,
no cabo d'algumas semanas achou formados crystaes no fundo do vaso, e os fez dissolver de novo
para ter crystaes mais puros. Este methodo he mui
prprio para ensaiar, se huma planta contm Assucar , mas seria muito custoso , para se obrar em grande. He mais breve tirar o sueco das raizes por expresso , clarificallo com clara d' ovo , e evaporallo
ao depois no fogo , e fazllo crystallisar - em huma
palavra , seguir o mesmo methodo ~|ue no Assucar
ordinrio. M. Marcgraff tambm tirou Assucar da
Cinoura , da Uva seccn da flor do Aloes Americano. Em Thuringia se tira da Cinoura huma espcie de calda de .que uso os moradores em lugar
do Assucar; e tambm a comem com po. Passa
T.-I. P. II.
Ce
F r

( 402 )

por hufn reittedio das defluxes , que- descem ao


peito , dl pulmonia , e contra as' bichas , que in est o as crianas. Comea-se , cortando as Cinouras em
pequenos pedaos , peiti-se a cozer em huma caldeira at ficarem t inolles que se esmigalhem,
eu desfaeSo entre os dedos, e no tempo em que
se cozem , se mexem para que seno queimem. Ao
depois se desfazem , e se espreme o seu sueco em
hum caldeiro : pem-se- este sueco a cozer com Cinouras novas e novamente se rorno a espremer
o que se fpete , em quanto se julga conveniente.
Finalmente se faz evaporar o caldo com a cautela
de se lhe tirar a escuma-, que se forma. Contimja*se o cozimento por 14 toras , ou ' 6 , tendo cuidado de o mexer - at que a calda queira rrasbordar.
Finalmente se examina se o liquor tem a grossura
conveniente. Continuando-se o cozimento por muit o tempo , a matria se far -slida , e formar Assucar.

F I M .

EX-

4*l>

EXPLICAO DAS ESTAMPAS


Relativas Assucararia, e i Refinaria do Assucar.

Estampa I.
JL IG. I. Corte vertical d' huma estufa., ..para sei
porem a seccar os pes d'Assucar barrados. A
Cumieira da estufa. B paredes da estufa. C ,
porta. D , caixa de ferro , que serve de forno.
E , bocas do fogo, e do cinzeiro. F , raios
ou taboinhas , que fotmo a grade sobre que
se pem os pes d' Assucar. G , madeiramento coberto de $ a 6 pollegadas de alvenaria.
H , trapeira que se abre para deixar sahir a
httmidade , levantada -dos pes d' Assucar - e
que sabe pelos eondutos H practicados debaixo do
a Soquete , ou pilo de soccar o Assucar.
j Q P de ferro para o mesmo uso , e ajuntar '
Assucar soccado no' cocho.
4 P Ench-ada para cavar a terra.
5 R P de cobra de ferro , que serve de alavanca;
6 0 Serpe para mondar e cortar a .anpa.
i S Canoa , ou caixo com -piles para , misturar
Astucar, e effibarricalio.

Ce u

s*

( 4<H )

Estampa II.
Fig. i. Engenho moido por animaes.
A, A, Quadrado de madeira mui slido. BB meza do moinho commummente feita d' hum s
cepo. cavado e forrado de chumbo. CC&tres
rolos, cobertos cada hum de seu tambor, ou
cylindro de mt-rl , p traspassados d'hum eixo
de'ferro coado cuja extremidade inferior he
garnecida d' hum agurlho
que gira sobre
hum mancai. D, D, D, D, aberturas feitas na
meza, para se poderem mudar reparar o
aguilho, e cs mancaes. EE entalhes nas duas
aberturas dos lados, que servem a encaixar cunhas de po , pra 'Unir j e apertar os,tambores. FF outras aberturas sobre as travessas
Com cunhas - para apertar os agiiilhes, superiores. GG dentes, de que os rojos, so coroados",' e que efifgrabz fauns nos putros, pa-t
fa fazer" voltar os-tambores em sentidos contrrios. H eixo' prolongado d principal rolo
I. Virgem pea-' de; po, que tem hum buraco -,' plo qual passa amecha superior do eixo;
KK "buracos , alman jarras d Engenho,ao qual
'a Fora movente est unida $, I/<remmadeifamento do alto ; iM-bica;, canal, cbertp, por onde passa o sueco da Canna espremida paia a
Assucararia.
Et-

( 4*5 >

Estampa 111.
Fig. a. Epgenho moido por gua.
AA Tablado de madeira mui slido. B meza alguma cousa concava- por cima ,- e forrada de
chumbo, como na precedente , CCC os> trs rolos cobertos , os seus tambores de m e t a l , e
guarnecidos de dentes , aguillKj.es e mancaes D
eixo vertical

cuja extremidade , ou mcha su-

perior , passa por huma gola aberta na travessa , que anda sobre os esteios. EEEE roda, que
volta horisontalmente.. G roda em lugar da qual
.se pde suppr huma lanterna

cujos dentes ,

ou fuselos se engranzem em as da grande roda


horisontal. 11 grande

eixo

da roda grande.

1 I , I , grande roda de cubos

que recebe a

gua do canal. K , L , pequena bica , que conduz o sueco das Cannas espremido para, a Assucararia. M negra , que introduz a Canna nas
moendas. N bagaos

ou Cannas esmagadas,

qui outra negra faz repassar do outro lado das


moendas. O corda , que serve de tirar o eixo ,
quando se quer repassar.

~Es-

(406 7

Estampa. IV.
flano ia CottecdSo das Caldeiras.
Nomes. A agrando. 9ad'alimpar, ou aceada.
C o farol. D a da calda. a batedeira.
Istdividuao do perfil.
t* I, i Macio de pedra mui slido, de 222 ps direitos , que formo a separao dos fornos , j j j
buracos , em que se sento as caldeiras, 4 fotno principal em que se accende o fogo, 5 J $
_ canal , ao longo do qual a chamma passa por
baixo das caldeiras, e sabe pelo tubo d chamin G . 7 lugar da Cahoa . q recebe a guarapa , ou caldo da Canna , que sahe das moendas , 8 grande eseumadeira de cobre 9 c0'
lher grande de cobre . 10 'troha de barrar os
pes d" Assucar , 11 forma d' Assucar destapada e posta n* hum pote para escorrer o mellado suprfluo ao Assucar, 12 outra frma d'
Assucar sobre a meza , para se lhe tirar o Assucar , t } grande caldeira feita de cobre, ou
ferro coado, 14 vaso de cobre chamado bico de corvo . que serve de deitar a calda nas
formas, xj caixa de madeira engradada no fundo.

( 407 )
do e penetrada de muitos buraco, que serve de suster hurri panno de l branca , pelo
qual passa sueco das Cannas , lt caldeira grande de cobre de muitas peas, que serve para
dktillaro tafia , ou agita ardente , 17 capitei de
cobre.com seu bico , 18 serpentina , ou resfriadeira de estanho , sustentada por bases de ferro ,
mettida em huma tina de gua fria , que refresca o liquor distillado f que circula em as suas
dietentes voltas.

Ms-

<4o)

Estampa V.
A vinheta representa o interior d' huma Assucararia. A a explanada ou escarpa feita de ladrilhos , ou tijolos mais elevados que as caldeiras. B o parol , ou celha , que recebe o sueco
da Canna vindo do Engenho. CCC cinco caldeiras. DDD quadrado feito de tringulos fortes de madeira, nos quaes se pouso as escumadeiras, c as colheres i mo dos obreiros.
E negro, que escuma a grande caldeira. F outro negro , que observa a fervura das caldeiras.
G outro negro, que ao depois de ter quebrado a costra , que se formou na superfcie da calda contida nas formas ; mexe a matria , para que os grummos no se peguem
pelos lados do vaso ; e que igualmente se espalhem. JP caldeira velha , em que se guarda a
lexivia , de que se servem . para apurar o mellado. I celha para se lanarem as escumas. K
caixa , para que se passa o mellado , ou melasso. L bico de corvo. M formas d' Assucar
tapadas na ponta, e cheias do mellado, ou
calda da batedeira, ao depois de se ter esfriado na resfriadeira. N entablamento spbre que
est hum tanque , em que se lano as escumas i e o que se espalha dasjcaldas para o tafia.
Sei-

C 409)
Baixo da Estampa.
parte das moendas , ou canal, que encaminha' osueco das Cannas para a Assucararia. BB passagem e lugar dos obreiros. CC. lugar para
arranjar as formas, antes de as levarem casa
de purgar. D o paro!, ou recebedor do sueco
das Cannas. EEE as cinco caldeiras. FF escarpa , ou esplanada. G janlla, que d luz \
Batedeira. II boca* do fogo por baixo da batedeira. III suspiros, ou ventiladores dos outros fornos, que se tem cuidado de fechar exactamente , quando o fogo est acceso. JCjubo da chamin. L telheiro , ou alpendrada , sustentado por pilares para' cobrir os fomos e
o negro , que cuida nelles debaixo da batedeira. M rampa, e escada , que desce paia o
telheiro.

Es-

4ro )
Estampa. VI.
A vinheta representa a principal oficina de huma
Refinaria , 6 , 7 caldeiras de clarificar , S caldeiras de cozer , todas trs sentadas nos seus
forno; 9 , 10 caldeiras do clarificado , $ bomba , que administra a gua da celha , ou tanque de cal s caldeiras de clarificar.
fig. 2. Manejo posto nas foges d" hum dos pavilhes . para tirar gua do poo. BC depsito geral que distribue por canaes subterrneos a gua em todos os lugares , em que ella he necessria. D salas , em que esto as celhas , ou alguidares. passagem , por onde se
vai ao armazm F. Ha tambm huma escada,
por onde se sobe aos andares ou lugares superiores, que se chamo graneiros. Farinarem,
Onde se fundco as barricas do Assucar bruto , que se espalhao por sortes nas celhas I ,
2 , * , 4. G celha de cal feito de cimento, ou
barro. HK officina que a vinheta representa.
t officina chamada enchimento-, ou d* encher ,
onde - se levo as caldas depois de cozidas, 1 f
formas dispostas em trs ordens pelas paredes desta sala com a ponta para baixo. O
buraco , que tem esta ponta , he fechado com
huma rolha de panno. M- tamera do Verge

( 4 U )
se, por baixo da qual, e por cima de outros
edifcios esto os graneiros dispostos da mesma maneira que esta camera. 2v" a sua estufa.
0 pavilho , rri que est os armazns doi
suecot refinados. R estufa grande para os suecos refinados, onde se fazem seccar ao depois*
de sabidos" das formas , 11 redueto para se pr
o Carvo de terra , de que se serve m para aquecer a estufa, 12 outio redueto, em que se
guardo nos tonneis ou barricas as escumas ,
que se tiro das caldeiras de cozer.
fig. 3. Gte do edifcio por meio do pavilho .
qute contm a officina de clarificar
e a de
cozer e tambm a estufa grande. K porta de
communica^fio da officina , das caldeiras par*
a sala do enchimento, 7 huma das caldeiras
de clarificar , sentada no seu forno. V se por
baixo da grelha U grade , hum subterrneo .
que cortimUnica a cava , ou adega , que est
por baixo da estufa R , e serve de cintei o ,
e de suspiro j l o huma das caldeiras do clarificado.

( 412 )

Estampa VIIYista do iSterior da camera do Vergese, ou d'hum


dos graneiros , que esto- por cima.
Fig. i. Ob retro , que , tendo destapado o buraco de
huma forma bastarda , que est posta sem confusa em cima d' hum cavallete, chamado canapc encrava na calda coalhada hum furador
de ferro , que se chama Prime, para facilitar o
esco da parte da calda , que no crystallisar
no potes , em que se arranjo as formas, como
se v.
Jtig. 2. Panela da estufa , para entreter nesta camera , Ou graneiro hum certo gro de calor a
qual he feita de alvenaria, ou de tijolos, e d*
huma caixa de ferro fundida . formando trs lados , e por cima hum parallelipipedo rectangulo.
Baixo da Estampa. ,
Fig.- j . Plano d' huma panela.
4 Corte da panela.
f Elevao da panela do lado da porta, e do
cinzeiro: queima-se carvo de terra.
6 Forma bastarda com s ps para pousar em
teira.
Fr-

( 41 i )
7 e & Forma de amoldar os pes d' Assucar que pe*>
sarem dous arrateis.
9 Pote para deixar esgotar esta forma.
10 Bacia do cozimento , de que se servem , para
encherem as formas na sala do ejihimento ;
e para os transportes de humas ..para outras caldeiras , &c.

Es*.

C4M )

Estampa VJIL
Esta Estampa representa a grande estufa , onde se
pem a seecar os pes d' Assucar - logo que
se tiro das formas. Nella.se v o corte da panela desta estufa , onde se pem fogo por
fora do edifcio, e os dos subterrneos, que
lhe servem de cinzeiros, e de suspiros para
a panela e fornos das caldeiras. Esta figura
he relativa fig. t. da Est.* .

IN-

<4M)

NDICE
Do que se coqtin iM-Vfe Volume.

Rfe de fazer Assucar.


. .
P*J-
Historia do Assucar.
*
Rxame da Cana d' yissucar . e .de suas <dif crentes partes. .

*
Descobrimento das diferentes partes da Cana.
JO
Dos diversos estados que apresenta a Cana devi
dos influencia do Sol do clima , e da caltura.
19
Sobre a economia lugttal da Cana.
5f
Dos suecos da Cana considerados na mesma Cana. 61
P* sueco esprimido .da Cana assucarada. - 7
Do sueco da Cana deparado.

7
JNTRODVCXO AO . T R J - . T A U O DE JDXJHMEX.

2*

Arte de refinar o Assucar.


,

f
lot
Recepo das barrioas.

Do lugar, em que si armo vstanques para


Assacar K e do trabalho que ngfks se htfoz. lO
Modo de quebrar ai iarrieas - e fazer pita.
lOJ)
Da oficina , ou .praa das caldeira - em que St
,0
clarifica; c se-cote o-'Assacar. -. *
f
ptseripo da fabrica , onde -esto- r scaMtrai. *&
Estabelecimento dos tWrdtiraS.

- 11 *
Das tinas de cal, e operaes rolafswvt- -n*
l l
Coma se enche a caldeira* -
r
.
Ma

(4tO
Maneira de clarificar o Assucar* ; . " " u f
Diferentes modos de o clarificar.
|*o
Do cozimento do Assucar.
. ij8
Observaes sobre a fervura do liquor.
14*
Preparao das formas. .
14$
Do enchimento e das diferentes operaes - que
nella se fazem.
157
Vas operaes que se fazem nas casas de purgar,
ou nos granciros.
166
Da casa de purgar (granier aux pieces).
167
Que cousa seja mudar
170
Que ceusa seja raspar.
171
Como se abalo.
, . .
172
Methodo de se pilar o Assucar.
17}
Modo de se fazerem os funcos.
175
Do barro que se pem por cima das formas , e da
sua preparao.
.
176
H .
Como se cobre o fundo dos pes com barro.
l3l
Descripo da estufa.
19O
Modo de se porem os pes de Assucar na Estofa. IQJ
Di? camera de encartaxar , c do que nella se faz. 108
Das escumas , e modo de tirar o melado.
. 202
Do trabalho dos melassos.
.204
Methodo de derreter as cabeas.
.
209
Do Assucar Real.
. 21;
Qualidades que deve ter o Assacar refinado. 219
Do Assacar tapados
.
*9
Assucar Candi.
.
.- , ,
2*\
gua-

<47 )
Jgua-ardente de melasso.
3.%%
Continuao de M. Putrone.
224
Da Colheita c espresso da Cana assucarada. 22c
Dos me,ios que se emprego no trabalho dos suecos tspremidas, pu Cana molda.
230
Dos meios, que se emprego para a extraco
do Sal essencial da Cana do Assucar.
238
Fermentao , e diflillao dos melassos.
241
Observaes sobre os primeiros meios empregados nas Colnias Francezas para o trabalho do primeiro sumo da Cana , e sobre
aquelles , cujo uso ainda hoje he geralmente recebido.
24a
Novos meios de se extrahir o sal essencial da
2
Cana do Assucar.
66
Dos novos meios d'obrar a defecao do sueco
espremido , e da evaporao da guarapa.
27*
Do cozimento . e do uso do thermometro para se
certificarem dos seus diversos gros.
287
Escala.
~9i
Dos novos meios de fazer crystallisar. purgar Vc. o sal essencial da Cana assucarada.
294
Das casas de purgar ou purgarias.
29
Par ali cio do antigo, c do novo methodo de extrahir o sal essencial da Cana mel , ou Assucarada.
JO7
X>as caldeiras de cobre , e de ferro, e de seus
fornos.
3C*

T. I. P. I I .

Di

0-

( 418 )
do novo methodo comparada

Outras vantagens
co'n o antigo.
Dos

JI4

Fornos.

Fornos

jaj

de nova construco,

que tem caldeira

de cobre.
Deseripo

$27
dos fornos

ber as caldeiras
Das vantagens

que servem para rece-

deferro.

j4

que apresento os fornos de cal-

deiras de cobre , sobre os que as tem de ferro.

346

Superfcies

tetaes das caldeiras seguintes,

e da

arca dos seus circulas.


25a natureza,

J48

e propriedades do Assucar.

Cobre os meios de fazer

hum liquor

v-nhosocom

o sueco espremido da Cana assucarada.


Assucar

j S4

do Acer assucariro , e de outras plan-

tas.

i9S
EXPLICAO

DAS ESTAMPAS

Relativas Assucararia

e Refinaria do As-

sucar.
Estampa T.

40*

Estampa li.

404

Estampa III.

405

Es'ampa IV,
Indimdu.io

.
do perfil.

40J
.

ihid,

(419)
stslampa V.
Baixo da Estampa.
Estampa VI.
Estampa Vil.
Baixo da Estampa.
E/.um/itf F U I . ,

FIM.

4*
49>
4C
41
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