Manutenção em Buchas
Manutenção em Buchas
Manutenção em Buchas
24 al 28 de mayo de 2009
XIII/PI-A2 -21
V. C. V. M. BELTRO
ELETRONORTE
Brasil
M. E. C. PAULINO *
Adimarco
Brasil
INTRODUO
Devido crescente presso para reduzir custos, a indstria eltrica forada a manter as antigas instalaes
em operao por tanto tempo quanto possvel. Estatsticas recentes tm mostrado que cerca de um tero dos
transformadores tm mais de 30 anos. Diversos estudos mostram que fontes mais freqentes de falha esto
nos comutadores de tape, buchas, enrolamento, isolamento e acessrios do transformador.
As buchas de alta tenso so componentes crticos dos transformadores de potncia e particularmente buchas
capacitivas de alta tenso necessitam de maior ateno e testes regulares para se evitar falhas inesperadas.
As buchas de 115 kV e superior so providas de tape de medio em sua base e so composta de uma
capacitncia principal C1 que formada pela isolao principal entre o condutor central e o tap e uma
capacitncia C2 formada pelas camadas capacitivas que ficam entre o tape e a ltima camada aterrada. As
buchas para tenso de at 69 kV so providas apenas de uma capacitncia C1 que formada pela isolao
principal entre o condutor central e o tap, ao qual a ltima camada soldada. Tanto a capacitncia C1 como a
capacitncia C2 devem ser medidas. Um crescimento na medida de C1 indica degradao parcial nas
camadas internas.
Este trabalho descreve tcnicas e procedimentos de testes para diagnstico em campo de buchas de
transformadores utilizando um novo sistema multifuncional e completo de teste, onde todas as medies
podem ser realizadas rapidamente e eficientemente com mtodos de testes automticos permitindo uma
avaliao da capacitncia e isolamento das buchas.
Foram realizados diversos teste com sistema de teste auto-controlado. Este dispositivo possui uma unidade
com processador digital de sinal (DSP) capaz de gerar sinais senoidais na faixa de freqncia de 15 a 400
Hz, alimentado por um mdulo de amplificao de potncia varivel, segundo a necessidade do operador. A
nova tecnologia de teste utilizada possibilita o exame cuidadoso do fator de dissipao, capaz de detectar a
degradao do isolamento num estgio inicial com anlises detalhadas.
Alm disso, at os dias de hoje, o fator de dissipao ou o fator de potncia s foram medidos na freqncia
da linha. Com a fonte de potncia utilizada neste trabalho possvel agora fazer essas medies de
isolamento em uma larga faixa de freqncia. Alm da possibilidade de aplicar uma larga faixa de
freqncia, as medies podem ser feitas em freqncias diferentes da freqncia da linha e seus
* Marcelo Eduardo de Carvalho Paulino, marcelo@adimarco.com.br ou mecpaulino@yahoo.com.br
harmnicos. Com este princpio, as medies podem ser realizadas tambm na presena de alta interferncia
eletromagntica em subestaes de alta tenso, fornecendo excelente supresso de interferncias
eletromagntica.
Nesse trabalho foram realizados diversos testes em vrias buchas de 138, 230 e 500 kV, onde os resultados
demonstram que o mtodo de variao do espectro de freqncia permite anlises mais detalhadas do
isolamento. Isto obtido com a comparao de curvas de fator de potncia variando com a freqncia e
capacitncia variando com a freqncia. Esta metodologia valida para detectar alteraes do isolamento em
seu estgio inicial.
2
COMISSIONAMENTO
DE
Neste trabalho, todos os testes foram executados com um novo sistema completo de teste. O dispositivo
possui de um Processador Digital de Sinal (DSP) que gera sinais senoidais de at 12 kV numa faixa de
freqncia de 15 a 400 Hz alimentados atravs de um moderno amplificador de potncia. Um transformador
de sada combina a impedncia interna do amplificador com a impedncia do objeto sob teste [1].
Por utilizar a freqncia de teste diferente da freqncia de linha e seus harmnicos, junto com medies
usando tcnicas de filtragem seletiva, o equipamento de teste pode ser operado em campo, at em
subestaes com altos distrbios eletromagnticos.
Medida da Capacitncia (C) e Fator de Dissipao (FD) est estabelecida como um importante mtodo de
diagnstico de isolamento, primeiramente publicado por Schering em 1919 e utilizado para esse propsito
em 1924. Em um diagrama simplificado do isolamento, Cp representa a capacitncia e Rp as perdas. O fator
dissipao definido como:
tan =
I Rp
I Cp
1
RP C P
(1)
freqncia. Alm da possibilidade de aplicar uma larga faixa de freqncia, as medies podem ser feitas em
freqncias diferentes da freqncia da linha e seus harmnicos. Com este princpio, as medies podem ser
realizadas tambm na presena de alta interferncia eletromagntica em subestaes de alta tenso.
Tabela 1 Relao entre Fator de Potncia e Dissipao
90
89,71
84,25
0
%FP (% COS )
0
0,506
10,00
100,00
0
0,29
5,74
90
%FD (% TAN )
0
0,506
10,05
As buchas de alta tenso so partes essenciais dos transformadores de potncia, disjuntores e outros
aparelhos eltricos. Mais de 10% de todas as falhas de transformador so causadas por buchas com defeito.
Embora o preo de uma bucha seja baixo em comparao aos custos de um transformador completo, uma
falha na bucha pode danificar completamente o transformador, por isso uma medio regular de capacitncia
e fator de dissipao altamente recomendada.
O teste de fator de dissipao o procedimento de teste de campo mais eficaz para deteco antecipada de
contaminao e deteriorao de bucha. Ele tambm mede a corrente de teste alternada (CA), que
diretamente proporcional capacitncia da bucha.
O fator de dissipao e a capacitncia da bucha devem ser medidos no ato da instalao da bucha e medidos
novamente um ano depois.
Aps essas medidas iniciais, o fator de potncia e de dissipao e a capacitncia da bucha devem ser medidos
em intervalos regulares (3 a 5 anos, normalmente). Os valores medidos devem ser comparados com os testes
anteriores e os valores na placa.
A tabela 2 indica as diretrizes gerais para a avaliao da capacitncia C1 com a comparao entre o valor de
referncia e o valor medido. A tabela 3 indica a mesma avaliao para o fator de dissipao [2].
Tabela 2 Avaliao da Capacitncia [2]
C = Cmedida Cref*
Avaliao
C < 5%
Aceitvel
5% < C < 10%
Deve ser investigada
C > 10%
Crtica
*sendo Cref o valor de placa ou de bucha nova
Vale ressaltar que as grandes variaes de temperatura afetam significativamente as leituras do fator de
dissipao em determinados tipos de bucha. Para fins comparativos, as leituras devem ser feitas na mesma
temperatura. As correes devem ser aplicadas antes da comparao das leituras realizadas em temperaturas
diferentes.
4.1 Medies de Capacitncia e Fator de Dissipao em Buchas de Transformador
As buchas de alta tenso so componentes crticos dos transformadores de potncia e particularmente buchas
capacitivas de alta tenso necessitam de maior ateno e testes regulares para se evitar falhas inesperadas.
Estas buchas tm um tape de medio em sua base e tanto a capacitncia entre o topo da bucha e a parte mais
baixa do tape (normalmente denominada C1) como a capacitncia entre o tape e a terra (normalmente
denominada C2) so medidas. Um crescimento de C1 indica degradao parcial nas camadas internas.
4.2 Anlise do Isolamento de Bucha de Alta Tenso atravs da Curva do Fator de Dissipao
Em torno de 90% das falhas em buchas podem ser atribudas penetrao de umidade. As anlises do
isolamento das buchas so muito mais detalhadas quando so executados testes variando o espectro de
freqncia.
O uso de medidas com variao de freqncia do isolamento da bucha til para um diagnstico melhor. A
figura 8 mostra uma varredura de freqncia de uma bucha RIP (papel impregnado de resina) nova e a figura
9, a verificao de uma bucha envelhecida [2].
Figura 8 Resultado de ensaio com variao de freqncia em uma bucha RIP nova [2]
Essas informaes devem ser usadas como referncia da bucha para comparao futura. A primeira avaliao
realizada com os valores de fator de potncia a 60 Hz. Tem-se que os valores aproximados de FP so 0,285
para a bucha nova e 0,465 para a bucha envelhecida.
Figura 9 Resultado de ensaio com variao de freqncia em uma bucha RIP envelhecida [2]
Dentro dos critrios apontados na tabela 2 a condio da bucha envelhecida aceitvel. Entretanto, o exame
da curva estabelecida pela variao de freqncia mostra que a bucha encontra-se em bom estado. As duas
avaliaes, do valor a 60Hz e da curva de variao de freqncia, complementam a anlise.
5
Imedida
Freqncia
Capacitncia
Fator de
Dissipao
Fator de
Potncia
2004,0V
0,000214585 A
60,0 Hz
2,83971E-10 F
0,3602%
0,3602%
4011,0V
0,000429395 A
60,0 Hz
2,83984E-10 F
0,3622%
0,3622%
10039,0V
0,001074892 A
60,0 Hz
2,84021E-10 F
0,363%
0,363%
Tabela 5 - Ensaios com variao de freqncia com tenso constante com 4kV
Vteste
Imedida
Freqncia
Capacitncia
Fator de
Dissipao
Fator de
Potncia
P@10kV
4015,0 V
0,000122101 A
17,0 Hz
2,84735E-10 F
0,3133%
0,3133%
0,0095 W
4016,0 V
0,000215287 A
30,0 Hz
2,84418E-10 F
0,3357%
0,3357%
0,018 W
4008,0 V
0,000571873 A
80,0 Hz
2,83823E-10 F
0,3701%
0,3701%
0,0528 W
4008,0 V
0,000928117 A
130,0 Hz
2,83514E-10 F
0,3846%
0,3846%
0,0891 W
4011,0 V
0,001641239 A
230,0 Hz
2,83142E-10 F
0,3984%
0,3984%
0,163 W
4001,0V
0,002346672 A
330,0 Hz
2,82897E-10 F
0,4076%
0,4076%
0,2391 W
4001,0 V
0,002843227 A
400,0 Hz
2,82766E-10 F
0,4164%
0,4164%
0,2959 W
31/mar/04
Capacitnci
a
4,519820E-10
F
4,514676E-10
F
4,506216E-10
F
4,501686E-10
F
4,495708E-10
F
4,491476E-10
F
4,489090E-10
F
Fator de
Dissipao
0,27356 %
0,28742 %
0,32254 %
0,35135 %
0,39367 %
0,42628 %
0,44804 %
15/jul/04
Capacitnci
a
4,556148E-10
F
4,549342E-10
F
4,538145E-10
F
4,532552E-10
F
4,525575E-10
F
4,520927E-10
F
4,518346E-10
F
Fator de
Dissipao
0,43152 %
0,41905 %
0,42321 %
0,43613 %
0,45788 %
0,47624 %
0,48952 %
08/out/04
Capacitnci
a
4,562924E-10
F
4,552373E-10
F
4,536628E-10
F
4,529677E-10
F
4,521614E-10
F
4,516479E-10
F
4,513718E-10
F
Fator de
Dissipao
0,79748 %
0,69609 %
0,5806 %
0,55309 %
0,54098 %
0,54449 %
0,5522 %
A figura 16 mostra ao comportamento do fator de dissipao pela variao de freqncia, nas diferentes
datas.
As buchas testadas so do tipo GOE 1675/1175/2500A (OIP) com isolao: 550/318(kV), ano de fabricao
2002 e valores nominais da Capacitncia C1 de 5516 pF e do fator de potncia de C1 com 0,46 %.
9
Figura 19 - Comportamento do fator de dissipao pela variao de freqncia -Comparao entre as 3 fases
A, B e V.
Nota-se tambm que a tendncia o aumento do Fator de Potncia com o aumento da freqncia,
comprovando o descrito anteriormente. Entretanto registraram-se picos negativos e positivos exatamente
sobre a freqncia de 60 Hz. Isto ocorreu devido forte interferncia eletromagntica na medida, pois a
instalao dos reatores encontrasse ao lado de bay de 500kV energizado.
Deve-se registrar que se as medidas fossem feitas apenas com 60 Hz os resultados anotados certamente
estariam errados, pois no levariam em considerao as condies reais do isolamento sob teste.
A figura 20 mostra a medida de Capacitncia com variao de Freqncia. Novamente pode-se observar o
efeito da interferncia eletromagntica em 60 Hz. Observam-se tambm os valores de capacitncia
praticamente no se alteram, apresentando uma variao de cerca de 0,7% em toda a escala de freqncias. A
comparao entre as fases mostra uma diferena mxima de menos de 1% entre os valores de capacitncia.
CONCLUSES
Estes resultados demonstram que o mtodo de variao do espectro de freqncia permitir, no futuro,
anlises mais detalhadas do isolamento. Mas para isto necessrio comparar as curvas medidas. Esta
metodologia valida para detectar alteraes do isolamento em seu estgio inicial. Outros resultados no
mostrados neste trabalho mostram a validade dos procedimentos propostos.
Algumas consideraes podem ser realizadas:
O ensaio de fator de dissipao/fator de potncia e capacitncia em buchas de alta tenso pode ser
realizado com tenses inferiores a 10kV, porm superiores a 2,5kV.
A caracterstica com variao de freqncia da bucha em bom estado deve ser preservada para
futuras anlises e comparaes.
REFERNCIAS
SOBRE OS AUTORES
Marcelo Paulino Engenheiro Eletricista pela Escola Federal de Engenharia de Itajub EFEI. Atualmente Gerente
Tcnico da Adimarco Representaes e Servios LTDA. instrutor certificado pela OMICRON eletronics. Instrutor
convidado do Curso de Especializao em Proteo de Sistemas Eltricos CEPSE e Curso de Especializao em
Manuteno de Sistemas Eltricos CEMSE, ambos da UNIFEI-Itajub. Coordenador do GT B5 32 Functional
Testing of IEC 61850 based Systems do CE B5 do Cigr-Brasil. Secretrio do CE 03:057-10 (COBEI / ABNT) Comunicao entre Dispositivos Eletrnicos Inteligentes (IED) e mdulos de dados associados.
Antonio Nunes Engenheiro Eletricista pela Universidade Federal do Par - UFPA. Especialista em Manutenes de
Equipamentos de Subestaes de Extra Alta Tenso. Especializao em Sistemas de Potncia UNB. Possui 30 anos
de experincia em empresa de energia eltrica, atuando na manuteno de equipamentos, montagem e
comissionamentos de subestaes seccionadoras e abaixadoras de energia eltrica.
Vanessa Beltro Engenheira Eletricista pela Universidade Federal do Par - UFPA. Atualmente engenheira Centrais Eltricas do Norte do Brasil S/A e instrutora da Universidade Corporativa Eletronorte. Tem experincia na
rea de Transmisso da Energia Eltrica, atuando principalmente nos temas de Gerenciamento da Manuteno,
Ensaios Eltricos, Anlise de Ocorrncias e Pesquisa de Novas Metodologias para Diagnstico em Equipamentos de
Subestao.
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