Apostila - Teoria Geral Do Crime PDF
Apostila - Teoria Geral Do Crime PDF
Apostila - Teoria Geral Do Crime PDF
2
Direito Penal Teoria
Geral do Crime
Produzido por Gisele Alves
2014
PARTE ESPECIAL
Art. 121 ao art. 361, CP
2) Imperatividade
Norma Penal obrigatria, todos esto a ela subordinados independente de sua vontade.
3) Generalidade
A norma genrica, no pode ser casusta. Deve ser o mais abrangente possvel, pois se destina a punir
todas as pessoas.
4) Bilateralidade
Ao mesmo tempo em que protege direitos/valores, tambm gera obrigaes/deveres.
5) Irrefragabilidade
A revogao de uma norma penal deve ser feita por outra lei.
FINALIDADE do Direito Penal
A principal finalidade proteger/tutelar os bens jurdicos mais relevantes, como a vida, o patrimnio, a
liberdade, honra, paz pblica, etc.
Caractersticas do Direito Penal O Direito Penal uma cincia: cultural (classe das cincias do
dever ser), normativo (objeto de estudo so as normas-lei), valorativo (valoriza hierarquicamente suas
normas), finalista (finaliza proteo dos bens jurdicos fundamentais), autnomo, sancionador (no cria
bens jurdicos, mas oferece tutela penal para bens disciplinados por outros ramos do direito),
constitutivo (excepcionalmente protege bens no regulados em outros ramos do direito ex. uso
indevido de drogas) e por fim fragmentrio (no tutela todos os valores, somente os mais relevantes
socialmente).
Direito Penal OBJETIVO e SUBJETIVO
O direito penal objetivo o conjunto de normas (regras e princpios) devidamente positivados, que se
incumbem da definio dos comportamentos delituosos e da sano correspondente ( pena ou medida de
segurana).
J o direito penal subjetivo consiste no direito de punir do Estado ou ius puniendi. Ao estudarmos o direito
penal subjetivo, observamos o direito de que goza o Estado de exigir do infrator que se submeta
SUJEITOS do Delito:
Sujeito ATIVO
Sujeito ativo quem pratica ou contribui para a conduta descrita na Norma Penal Incriminadora.
A Pessoa Jurdica pode ser sujeito ativo de um crime?
Em que pese entendimentos em contrrio, na atualidade tem prevalecido tal possibilidade, em razo do
que est definido nas seguintes normas: artigos 173, 5 e 225, 3, ambos da CF, alm da lei 9605/98
(Lei de crimes ambientais, que previu expressamente tal possibilidade.)
O STJ j se manifestou pela possibilidade dos entes fictcios serem sujeitos ativos de crimes. (REsp.
564.960, j.2-6-2005)
Classificao de Crimes quanto o Sujeito ATIVO:
- Crime Comum: pode ser cometido por qualquer pessoa. O legislador no faz restries em
relao a sua autoria. A maioria dos crimes do Cdigo Penal Comum.
Ex.: homicdio, roubo, estelionato,
- Crime Prprio: o legislador restringe a sua autoria a pessoas ou grupos determinados (sujeito
ativo possui qualidade especial definida no tipo penal). Neste crime admite-se o concurso de
pessoas, tanto na espcie co-autoria, assim como autoria e participao, incluindo-se assim
pessoas que no preencham as caractersticas da autoria prevista. (regra do art. 30 do CP)
Ex. Crime de peculato (Art. 312) e Crime de infanticdio (Art. 123, CP).
- Crime de Mo Prpria: legislador restringe a sua autoria a pessoas ou grupos determinados no
tipo penal. Admite o concurso de pessoas, mas no na modalidade co-autoria, somente admitindo
participao.
Ex. Crime de falso testemunho ou falsa percia (342, caput, do CP).
- Crime Monossubjetivo: Podem ser cometidos por um s agente. Nestes o concurso de
pessoas ser eventual e no obrigatrio.
Ex. Homicdio, Roubo, Furto, Estupro... (a maioria das infraes)
- Crime Plurissubjetivo: Exigem o concurso obrigatrio de agentes para sua configurao
tpica. Ex. Quadrilha ou bando (art.288 do CP).
Sujeito PASSIVO
aquele que sofre as conseqncias do crime, sendo titular de algum bem juridicamente lesado, cuja
ofensa constitui a essncia do delito, ou seja, a vtima do crime.
A doutrina faz distino entre sujeito passivo material e sujeito passivo formal. O primeiro seria o
titular do bem protegido, enquanto que o segundo seria sempre o Estado.
Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo de um crime, inclusive entes sem personalidade jurdica, como
famlia, coletividade, pessoa fsica ou jurdica.
O morto no sujeito passivo de crime. Todos os crimes previstos envolvendo o morto dizem respeito a
outros entes.
Ex. Calnia contra o morto - O sujeito passivo a famlia do morto.
Ex. Vilipndio de cadveres O sujeito passivo a coletividade.
Obs: Animais tambm no podem ser sujeitos passivos, pois a titularidade do direito no deles, e sim
da coletividade. Podem ser objeto material do crime, como na Lei de crimes ambientais.
Sujeito Passivo se divide em:
- Sujeito Passivo Determinado.
Quando possvel conhecer a vitima que sofreu a ao penal.
Ex.: Homicdio, estupro, furto
- Sujeito Passivo Indeterminado
Quando a ao criminosa lesa um bem que no de uma pessoa(as) determinada(as). So
bens que pertencem coletividade. Esses crimes em que o sujeito passivo indeterminado so
chamados de delitos difusos.
Ex.: Crimes contra o meio ambiente.
Ex.: Crimes contra o consumidor.
Ex.: Crime contra ordem tributria.
OBS:
A Pessoa Jurdica pode ser sujeito passivo de um crime, mas ateno, no qualquer crime,
depende da natureza do delito. Por exemplo, a Pessoa Jurdica no pode ser vtima de um
homicdio, estupro, etc. No entanto, pode ser vtima de um crime contra o patrimnio,
estelionato, de um crime de dano, etc.
OBJETOS do Delito:
3 - Objetos do crime
3.1)
Objeto Jurdico
3.2)
Objeto Material
3.1 Objeto Jurdico
o bem jurdico tutelado na Norma Penal (vida, patrimnio, sade pblica, etc).
Ex.: Crime de homicdio, a vida o bem tutelado. Mas no qualquer vida, pois h vida humana e
animal. O bem tutelado a vida humana, mas no crime de homicdio o objeto protegido a vida humana
extra-uterina, pois a vida humana uterina bem jurdico do crime de aborto.
Ex.: Crime contra o patrimnio = o bem jurdico protegido o patrimnio
Ex.: Crime de estupro = o bem jurdico protegido a liberdade sexual.
Ex.: Crime Peculato = o bem jurdico protegido o patrimnio pblico, o errio.
3.2 Objeto material
a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa do sujeito ativo. O objeto material no o
valor social abstratamente protegido. O objeto material a coisa corprea sob a qual incide a ao do
sujeito ativo.
Ex: No homicdio o objeto material o corpo humano com vida.
Ex: No roubo o objeto material o bem subtrado mediante violncia ou grave ameaa (pode ser um
celular, carro, etc.)
Ex.: Crime de estupro = o objeto material o corpo vivo de pessoa.
Ex.: Crime do art.155 5 = o objeto material o veculo automotor.
TEORIA do Crime
CONCEITO de crime
Conceito analtico
Pelo conceito analtico procura-se analisar o crime a partir dos elementos que compem uma conduta
injusta.
CRIME Conceito Tripartido
Fato tpico
+ Ilcito.
Injusto penal
Teorias da Ao
+ Culpvel.
FATO Tpico
FATO TPICO o fato humano que se enquadra perfeitamente aos elementos da descrio tpica. O fato
tpico refere-se existncia de uma conduta que gera um resultado criminoso (penalmente relevante),
dolosa ou culposa, obrigatoriamente descrita em uma norma penal. Tal resultado deve estar ligado a esta
conduta por um elo, chamado de nexo de causalidade. O Fato tpico decorrncia do Princpio da
Reserva Legal. No h crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prvia cominao legal (art. 1
do CP // art. 5 XXXIX, CF). Trata-se do enquadramento de um fato a uma norma incriminadora.
O Fato Tpico, segundo uma viso Finalista, composto pelos seguintes elementos:
- Conduta: dolosa ou culposa; comissiva ou omissiva;
- Resultado;
- Nexo de Causalidade (ligao entre a conduta e o resultado);
- Tipicidade: tipicidade formal + tipicidade material ou tipicidade formal + tipicidade conglobante.
A Teoria Finalista surgiu contrariando alguns aspectos da Teoria Causalista. Para a Teoria Finalista, o
fato tpico no apenas formado por elementos objetivos, fazem parte dele tambm os elementos
subjetivos.
Para os finalistas a conduta um comportamento humano dirigido a uma finalidade. O dolo e a culpa
integram o fato tpico. Para os finalistas, toda conduta tem uma finalidade. Ningum pratica uma conduta
sem finalidade.
CONDUTA
Conduta toda ao ou omisso humana, consciente e voluntria, dolosa ou culposa, dirigida a uma
determinada finalidade tpica ou no, mas que produz ou tenta produzir um resultado previsto em lei
como crime.
Obs: A ao animal s interessa ao direito penal quando sua ao for provocada pelo homem, ou seja,
quando o animal utilizado como instrumento para o crime pelo homem. Neste caso a ao ser
considerada humana.
Obs: A conduta tanto nos delitos dolosos como culposos deve ser consciente.
Teorias sobre conduta CAUSALISTA, FINALISTA E SOCIAL.
Causalista/Naturalstica De acordo com esta teoria conduta qualquer comportamento humano que
produz modificao no mundo exterior (resultado), independente da verificao do dolo ou da culpa do
agente. Para esta teoria, dolo e culpa, devem ser analisados na culpabilidade para fim de reprovao
pessoal. No adotada porque, alm de no considerar a inteno do agente como elemento propulsor
da conduta humana, tambm no explica de forma suficiente, a existncia dos crimes omissivos e
tentados.
Finalista A conduta todo comportamento humano, consciente e voluntrio, dirigido a um fim. Esta
teoria constatou a importncia da existncia do elemento subjetivo do injusto, ou seja, a finalidade
existente em toda conduta humana, sendo assim, se no existir a vontade de realizar uma conduta
reprovvel, no h como enquadrar o fato em um tipo legal. Dolo e culpa, para esta teoria fazem parte da
conduta (fato tpico) e no da culpabilidade.
Social A conduta toda ao socialmente relevante, dominada ou dominvel pela vontade humana.
Tal teoria uma ponte entre as duas anteriores, mas no foi adotada em virtude da dificuldade em
conceituar o que seja relevncia social da conduta.
As condutas no Direito Penal podem ser: COMISSIVA E OMISSIVA No h crime sem conduta,
no admitimos a adoo de crimes de mera suspeita (agente punido pela suspeita despertada por seu
modo de agir)
Conduta Comissiva / Crimes comissivos so crimes em que seu tipo penal incriminador prev uma
conduta positiva, de ao, de fazer. So as chamadas normas proibitivas, que probem a realizao de
determinados comportamentos. (art. 121, do CP)
Conduta omissiva/Crimes Omissivos Tais crimes ao contrrio do ltimo tratado, impe a realizao
de um comportamento, de uma ao, portanto a no realizao desta ao importa na ocorrncia do
crime omissivo. So chamadas normas preceptivas, aquela que exige um comportamento positivo do
agente.
A omisso poder ter relevncia penal tanto quando o agente no faz o que deveria ser feito, ou quando
faz algo diferente do que era o imposto por lei.
Existem duas espcies de crimes omissivos: Omissivos prprios e Omissivos imprprios.
Nos Crimes omissivos prprios ou puros o legislador imps o dever de agir no prprio tipo penal
incriminador (preceito preceptivo). So crimes de mera conduta, nos quais o legislador no estabeleceu
nenhum resultado naturalstico, descrevendo simplesmente o ato omissivo (conduta negativa), e
conseqentemente, estabelecendo uma regra genrica de agir para no incorrer no mesmo. A simples
omisso causa suficiente para a consumao, independente de qualquer resultado conseqente. (Ex.
Art. 135, 244 e 246, todos do CP)
Omisso de socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistncia, quando possvel faz-lo sem risco pessoal, criana abandonada ou
extraviada, ou pessoa invlida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou no pedir, nesses
casos, o socorro da autoridade pblica:
Ex.: Um desconhecido que passava pelo local e viu a criana se afogando, e, mesmo sabendo nadar, nada fez para
impedir a morte. Esse terceiro desconhecido no pode responder pelo crime de homicdio, ou seja, pelo resultado
morte, pois no tinha o dever legal de evitar o resultado. Ele responder apenas pelo crime de omisso de socorro.
A teoria acolhida pelo Cdigo Penal para explicar o crime o omissivo e a relevncia jurdica da omisso
foi a Teoria Normativa De acordo com tal teoria a omisso um indiferente penal, pois o nada no
produz efeitos jurdicos, no entanto, se aceita responsabilizar o omitente pela produo do resultado,
quando a norma o atribuiu o dever jurdico de agir para evit-lo.
Nos Crimes omissivos imprprios ou impuros ou Comissivos por omisso, o sujeito ativo da
infrao punido em um tipo penal incriminador que descreve o resultado que ele deveria ter impedido,
mas no impediu. Este tipo trata-se de uma norma comissiva/proibitiva, que descreve uma ao e o
referido resultado consequente. Por que o sujeito que se omite responder em um crime comissivo?
Porque o legislador adotando a teoria normativa sobre omisso estabeleceu a norma do art. 13, 2 do
CP, estabelecendo um rol de pessoas que possuem dever jurdico de agir (chamados agentes
garantidores), impedindo a ocorrncia de resultados previstos em tipos comissivos contra aqueles que
devem proteger/tutelar. Caso tais agentes se omitam, e sua omisso colabore para a produo do
resultado descrito em um tipo comissivo, tal resultado ser atribudo ao omitente.
Ex. Salva vidas que se omite em um socorro, poder ser responsabilizado no tipo comissivo de homicdio, em caso
de morte da vtima.
Art. 13.
Relevncia da omisso
2 A omisso penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O
dever de
agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigao de cuidado, proteo ou vigilncia;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrncia do resultado.
Neste dispositivo o legislador estabelece o dever de agir para alguns agentes, que denominamos
agentes garantidores. Somente as pessoas referidas no 2 do art. 13, CP podem pratic-lo. Em tais
infraes o agente garantidor no responde to s pela omisso, mas pelo prprio resultado conseqente
da conduta omissiva.
Nos crimes omissivos imprprios/comissivos por omisso o delito que ser imputado ao agente que se
omite ser um tipo penal comissivo, sendo que tal agente no ter dado causa a tal infrao por ao,
mas sim por omisso. Neste crime o agente causa do delito por no ter tentado impedi-lo. Ocorre que
nem todos podem figurar como sujeitos do delito nos Crimes Comissivos por Omisso, somente aqueles
considerados garantidores (art. 13, 2, do CP). Tais agentes tm o dever especial de agir (de proteger)
pessoas e demais bens jurdicos.
Garantidores: pais, professores, mdicos, bombeiros, agentes de segurana pblica, etc.
Ex.: Uma me que v seu filho se afogando e no age para tentar impedir a morte responder pelo crime de
homicdio doloso. Em face do poder de famlia, ela tinha o dever legal de evitar o resultado.
nexo causal, no necessrio que o iter criminis transcorra como imaginado pelo agente, subsistindo o
dolo, desde que o fim almejado ocorra, mesmo que de forma diferente.
A regra contida no pargrafo nico do art. 18 do Cdigo Penal de que o dolo a regra; a culpa a
exceo. Se no houver essa ressalva expressa no texto da lei, sinal de que no se admite, naquela
infrao penal, a modalidade culposa.
Ex: Crime de dano. Art. 163, CP. O legislador somente fez a previso da sua forma dolosa.
Ex. Terrorista internacional coloca bomba no avio para matar uma pessoa especfica, mas mata os
outros passageiros pelos efeitos colaterais da bomba.
Dolo eventual Previsto no art. 18, I, parte final, do CP- ou assumiu o risco de produzi-lo.
Caracteriza-se pela frmula da previsibilidade + aceitao. O agente prev que agindo de determinada
forma pode atingir o resultado, apesar de no o querer, continua a conduta assumindo o risco da
produo do resultado. Nesta modalidade de dolo o agente no quer o resultado por ele previsto, mas ao
fazer a previso de sua possibilidade, assume o risco de sua produo, no se importando se ocorrer.
Dolo Eventual e os crimes de trnsito
Questo extremamente polmica.
Dolo Genrico e Dolo Especfico
Dolo genrico Quando a vontade do agente se limita prtica da conduta tpica descrita na norma,
sem nenhum fim especial. Ex. homicdio.
Dolo especfico (atualmente denominado elemento subjetivo especial do tipo) Existe em crimes
que a vontade da prtica da conduta acrescida de uma finalidade especial. Ex.Resistncia, Injria, etc.
Dolo de dano e Dolo de perigo
Dolo de dano Ocorre quando o agente quer ou assume o risco de lesionar um bem jurdico
penalmente tutelado. Ex. Leso corporal e Homicdio.
Dolo de perigo Ocorre quando o agente quer ou assume o risco de expor a perigo de leso um bem
jurdico penalmente tutelado. Ex. art.130 do CP.
descrio tpica culposa, ou seja, a previso de crime culposo em tipo penal fechado, como ocorre com a
receptao culposa, prevista no art. 180, 3, do CP.
Crime culposo aquele que se verifica por uma conduta voluntria do agente, que foi realizada
sem a devida ateno. Esta conduta visa um fim lcito, mas acaba gerando um resultado diverso
considerado ilcito pela norma penal. Ou quando a conduta ilcita, no se destina a produo do
resultado naturalstico ocorrido e que configura o crime culposo.
Previsto no art. 18 do CP Diz-se o crime:
Crime culposo
Art. 18, II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudncia, negligncia ou impercia.
Pargrafo nico - Salvo os casos expressos em lei, ningum pode ser punido por fato previsto como crime,
seno quando o pratica dolosamente.
Para que possamos falar em delito culposo faz-se necessria a ocorrncia de um resultado.
REQUISITOS DO CRIME CULPOSO
1) Conduta inicial voluntria e consciente (voluntariedade abrange apenas a execuo da conduta e no
a produo do resultado).
2) Falta de dever de cuidado objetivo na execuo da conduta (negligncia, imprudncia ou impercia).
3) Resultado involuntrio (no desejado).
4) Nexo causal (relao de causa e efeito entre a conduta descuidada e o resultado naturalstico
necessrio provar que o resultado no se daria, se a ao preenchida com o dever de cuidado fosse
evitada ou realizada).
5) Previsibilidade objetiva do resultado (possibilidade de previso do resultado por parte do sujeito ativo homem mdio e prudente para aferir).
6) Tipicidade
ESPCIES DE CULPA
O crime culposo um crime de tipo aberto, pois ao encontrar no CP o crime culposo no h distino de
culpa por negligncia, impercia e imprudncia. Alm disso, no traz descrio completa da conduta.
a) Culpa Consciente e Inconsciente
A culpa consciente ou inconsciente dependendo da previso ou no do resultado.
culpa consciente
Na culpa consciente, assim como no dolo eventual o agente prev que agindo daquela maneira poder
vir a causar o resultado. No entanto, ao contrrio do dolo eventual, onde o agente aceita a ocorrncia do
resultado, na culpa consciente no existe tal aceitao, pois o agente acredita que as suas caractersticas
pessoais ou habilidades sero capazes de impedir a ocorrncia do resultado.
culpa inconsciente
Nesta forma de culpa, a pessoa agindo por imprudncia, impercia ou negligncia causa resultado injusto
no querido, que ela no previu (apesar de previsvel possibilidade de previso) e conseqentemente
no aceita como possvel.
b) Culpa Prpria e imprpria
- Culpa Prpria
aquela que se verifica nas 3 formas tradicionais de culpa: negligncia, imprudncia e impercia.
Imprudncia O agente faz alguma coisa quando no deveria fazer. Trata-se de conduta positiva
descuidada praticada pelo agente.
Negligncia, - ocorre quando no faz algo que deveria fazer. Trata-se de conduta omissiva
descuidada.
Impercia o descumprimento de uma regra tcnica de profisso, arte ou ofcio.
- Culpa Imprpria
Ocorre nas hipteses das chamadas descriminantes putativas, conforme redao do 1 do
art. 20 do CP, ou seja, nos casos de erro evitvel sobre as excludentes de ilicitude (art.23 do CP).
Neste caso o sujeito age com dolo, porm ser punido a ttulo de culpa pelo que fez de acordo
com o art. 20, 1, do CP, por isso ser imprpria.
Ex: Pessoa que mata outrem, por confundi-lo com um bandido.
GRAUS DE CULPA
No passado se fazia distino quanto intensidade da culpa: levssima, leve e grave. Atualmente o direito
penal brasileiro rejeita a diviso da culpa em graus. Ou a culpa, ou ela no existe, sendo o fato
penalmente atpico (irrelevante).
COMPENSAO DE CULPAS
Ocorre quando a culpa do agente anulada pela culpa da vtima. Isso no admitido no Brasil, dado o
carter pblico do direito penal. A culpa da vtima poder, no entanto, funcionar como circunstncia
judicial favorvel em favor do agente (art. 59 do CP)
CONCORRNCIA DE CULPAS
Quando duas ou mais pessoas atravs de suas condutas descuidadas concorrero para o mesmo
resultado naturalstico tpico. Neste caso todos que contriburam culposamente para o resultado por ele
respondem, no podendo, no entanto se admitir nesta hiptese o concurso de pessoas por ausncia de
vnculo psicolgico entre os envolvidos.
EXCLUSO DA CULPA
A culpa poder ser excluda nas seguintes hipteses:
Risco tolerado H uma linha divisria entre o crime culposo e os fatos impunveis resultantes
do risco juridicamente tolervel. A evoluo humana criou a prtica de condutas/ atividades que
possibilitam riscos calculados para alguns bens jurdicos penalmente tutelados. Ex. Piloto que
testa uma nova aeronave para a evoluo da cincia, aceita-se o risco da morte de tal piloto.
Ex. Mdico que precisa realizar cirurgia, mesmo que em situao precria, em razo do doente
estar em estado grave sabe que a precariedade do local, dos instrumentos pode levar a morte,
mas a no realizao da cirurgia tambm levaria e com mais certeza.
Princpio da confiana Define que todo aquele que age com o devido cuidado, e confiando
que os demais assim tambm faro, no pode ser reponsabilizado pela falta de cuidado alheia
que o envolveu. Ex. Motorista que se chocou com outro veculo ao cruzar um semforo verde
para ele, no poder ser responsabilizado por eventual morte deste condutor que agiu
imprudentemente.
- Culpa no antecedente e dolo no resultado agravador Ex. art. 303, pargrafo nico da Lei n
9.503/97 CTB Conduta inicial culposa (leso culposa no trnsito) e majorante por conduta posterior
realizada com dolo (omisso do socorro).
RESULTADO
Conduta
+ Resultado
Crime FORMAL
Nos crimes formais o legislador descreve conduta e resultado no tipo penal, mas para a consumao do
crime basta a realizao da conduta, no sendo necessria a obteno do resultado, pois a consequncia
a mesma se o crime for consumado. Neste caso, a diferena ser na pena. Geralmente os crimes
formais se caracterizam pela utilizao de expresses como: com a inteno de; com intuito de;
visando, etc.
No caso do art. 158, por exemplo, a conduta de constranger algum j o crime consumado,
independente do resultado (obteno da vantagem econmica indevida) ocorrer. A ocorrncia do
resultado nestas espcies de crime leva ao delito ao exaurimento. Neste ltimo caso poder o agente ter
um pena uma pena mais rigorosa, do que no caso da simples consumao.
NEXO DE CAUSALIDADE
Conceito de CAUSA:
Desenvolveu-se no mbito do estudo da teoria da conditio sine qua non o estudo das causas
independentes, que so todos os atos e eventos que possam interferir na produo de um resultado, e
podemos caracteriz-los como fatos que se interpem na relao causal (conduta/resultado) e a
influenciam. Caso haja mais de uma causa concorrendo com a conduta do agente para um mesmo
resultado definimos estas como CONCAUSAS. Para Nucci (2013), concausa a confluncia de uma
causa exterior vontade do agente na produo de um mesmo resultado, estando lado a lado com
a ao principal.
As causas podem ser:
- Absolutamente Independentes
- Relativamente Independentes
TIPICIDADE
Tipicidade = Adequao de um fato humano concreto a um tipo penal previsto em lei, que o define
abstratamente.
CONCEITO de tipo penal modelo de comportamento proibido. O tipo penal a descrio abstrata do
crime feita detalhadamente pela lei penal (MOARES; CAPOBIANCO: 2012:63). Para uma conduta ser
tpica ela deve se encaixar perfeitamente ao tipo penal. Adequao tpica o encaixe da ao ou
omisso proibida a um tipo penal especfico.
FORMAS de adequao tpica
Direta Ocorre quando a adequao entre a conduta e a norma imediata, sem precisar recorrer a
normas de extenso que liguem a conduta ao tipo penal.
Ex: Sujeito que subtrai relgio que pertence a outrem, tomando posse do mesmo. Tal conduta se amolda
perfeitamente no art. 155, caput do CP.
Indireta Ocorre quando a adequao tpica no se d diretamente, exigindo-se para tanto uma norma
de extenso para ligar o fato concreto ao tipo penal. Ex: Se o agente tentou matar e no conseguiu, se
deu um homicdio tentado, no possvel usar apenas o artigo 121,caput do CP, mas tambm dever ser
usado o artigo 14, II, do mesmo diploma, para definir que a infrao se deu na forma tentada.
+
Tipicidade conglobante que = conduta antinormativa
+ tipicidade material.
a-Conduta antinormativa Contrria norma e no imposta ou estimulada por ela. OBS: Um fato no
pode ser tpico se a prpria lei o estimulou ou ordenou. No significa dizer que as excludentes de ilicitude
deixem de existir, permanecem especialmente para justificar situaes tolerveis. b-Tipicidade material
critrio material de seleo do bem tutelado. De acordo com tal critrio excluem-se dos tipos os fatos de
bagatela ou insignificantes.
- Elementos SUBJETIVOS:
Existem dois elementos subjetivos: dolo ou a culpa. Alguns entendem que a culpa elemento normativo
do tipo, j que o descuido precisa ser valorado no caso concreto.
Alguns delitos dolosos trazem ainda o chamado elemento subjetivo especial do tipo, que a finalidade
que o agente quer alcanar com sua conduta definida no tipo. Ex. Art. 158 do CP fim de obter vantagem
econmica indevida (elemento subjetivo especial)
Outro elemento subjetivo seria aquele referente conscincia do agente representada no tipo. Ex.
Receptao do art. 180 do CP, quando o legislador se refere a sabe ser produto de crime.
OBS: Alguns entendem que a culpa elemento normativo, j que o descuido precisa ser valorado caso a
caso.
- Elementos NORMATIVOS:
Os elementos normativos esto contidos nos elementos objetivos, mas a sua compreenso depende de
uma interpretao valorativa. Todo termo normativo tem uma descrio que necessita de interpretao
em outras normas ou cincias. Expresses como: indevidamente, sem justa causa, sem autorizao, etc.,
geralmente so elementos normativos.
Ex: Lei de Drogas - Sem autorizao ou em desacordo com determinao legal ou regulamentar.
Esta expresso o chamado elemento normativo do tipo, que precisa ser valorado caso a caso.
OBS: Alguns entendem haver uma Fase 5 : Exaurimento - Esta fase se situa aps a consumao, e
esgota o delito plenamente.
possvel que o agente no execute/conclua todos os elementos do tipo penal, neste caso podem
ocorrer uma das hipteses descritas abaixo:
TENTATIVA se no concluir em razo de algo alheio sua vontade.
DESISTNCIA VOLUNTRIA OU ARREPENDIMENTO EFICAZ se o agente no concluir por ato
voluntrio.
- Tentativa
Tentativa o incio dos atos executrios sem a consumao do crime por razes alheias a vontade do
agente. Pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuda de um a dois
teros, quem define o quantum a diminuir o juiz, conforme caso concreto.
A natureza jurdica da tentativa de causa de diminuio de pena sobre o crime consumado.
Art. 14 - Diz-se o crime:
Tentativa
II - tentado, quando, iniciada a execuo, no se consuma por circunstncias alheias vontade do agente.
Pena de tentativa - P - Salvo disposio em contrrio, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuda de um a dois teros
Espcies de Tentativa
Tentativa perfeita ou acabada aquela em que o agente esgota todos os meios ao seu
alcance para consumar, o que no ocorre por razes alheias a sua vontade.
Tentativa imperfeita ou inacabada aquela em que o agente no esgota os meios, sendo
interrompido durante os atos de execuo.
OBS: No admitem tentativa Crimes habituais, Crimes culposos (a culpa imprpria admite
art. 20, 1 do CP), Crimes preterdolosos, crimes unissubsistentes (ato nico), Crimes
omissivos prprios, Contravenes penais (art. 4 da Lei de contravenes penais D.L.
3688/41), Crimes em que forma tentada equipara-se consumada. (art.352 do CP)
Desistncia Voluntria e Arrependimento Eficaz
Em ambos os institutos, o agente entra nos atos executrios e no h consumao do delito
porque voluntariamente no realiza os elementos do tipo por inteiro. Ambos tm a mesma
conseqncia jurdica prevista no art. 15 do CP, que punir apenas pelos atos praticados at o momento
em que voluntariamente interrompeu a ao ou realizou ato eficaz a impedir a execuo. Em ambas as
situaes no h que se cogitar punir o agente pelo forma tentada daquilo que almejava, j que
demonstrou vontade de interromper, e assim o fez.
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execuo ou impede que o resultado se
produza, s responde pelos atos j praticados.
- Desistncia voluntria
Previso legal na 1 parte do art. 15, CP. O agente necessariamente iniciou a execuo do crime e no
prossegue por vontade prpria, No consuma o crime voluntariamente. Podendo prosseguir, no
prossegue. A interrupo suficiente para no haver a consumao, no necessrio o agente fazer
mais nada para evitar a consumao. Conhecida como Tentativa Abandonada. O agente responde
pelos atos praticados at a interrupo voluntria.
- Arrependimento Eficaz
Previso legal na 2 parte do art. 15, CP. O agente interrompe a ao, mas deve praticar um ato eficaz
para evitar a consumao. O agente responde pelos atos praticados at a interrupo voluntria.
Duas correntes sobre a questo da voluntariedade:
- Uma diz que h obrigatoriedade da espontaneidade do agente.
- Outra diz que h possibilidade de haver motivao externa, mas desde que a deciso seja voluntria e
que o agente tenha possibilidade de continuar a ao, mas assim no faz por vontade prpria.
Arrependimento POSTERIOR
O Art. 16, caput, do CP trata do arrependimento do criminoso aps a consumao do delito. A vantagem
ter uma causa de reduo considerada em relao pena do crime consumado (de 1/3 a 2/3, mesma
reduo da tentativa).
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violncia ou grave ameaa pessoa, reparado o dano ou restituda a
coisa, at o recebimento da denncia ou da queixa, por ato voluntrio do agente, a pena ser reduzida de um a
dois teros.
Sobre o artigo 16, CP: Tem natureza jurdica de causa de diminuio de pena, tambm chamada de
Minorante. cabvel a extenso da reduo aos co-autores.
- H requisitos para o criminoso receber o Arrependimento posterior:
Requisitos do art. 16, CP (todos devem ser obedecidos):
- Se no for possvel preencher todas as exigncias do artigo 16, o agente pode ainda receber o benefcio
da atenuante de pena, art. 65, III, b, ltima parte, do CP, caso repare o dano voluntariamente at antes do
julgamento.
CUIDADO I: LEI 9099/95 Juizados Especiais Criminais.
Nesta lei o instituto da composio de danos traz como conseqncia a renncia ao direito de queixa ou
representao.
CUIDADO II: STF entende no caber a previso do art. 16 do CP no art. 171, 2, VI, do CP (emisso de cheque
sem proviso de fundos), j que neste caso, se reparado o dano antes da denncia, no haver ao penal.
(Smula 554 do STF).
TEORIA DO ERRO
- Essencial
- Acidental
O ERRO DE TIPO ESSENCIAL recai sobre os elementos essenciais constitutivos do tipo penal, sem os
quais no h o crime. Tal erro pode ser inevitvel, excluindo dolo e culpa, e assim tambm o fato tpico,
ou pode ser evitvel, excluindo apenas o dolo, mas punindo na forma culposa do delito, se houver. O
erro de tipo pode ser determinado por terceiro (art. 20, 2, do CP)
Os ERROS DE TIPO ACIDENTAIS, no isentam o agente da pena, mas produzem outras conseqncias
jurdicas. So eles:
Art. 21 - O desconhecimento da lei inescusvel. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitvel, isenta de pena; se evitvel,
poder diminu-la de um sexto a um tero. (Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)
Pargrafo nico - Considera-se evitvel o erro se o agente atua ou se omite sem a conscincia da ilicitude (REAL) do fato,
quando lhe era possvel (POTENCIAL), nas circunstncias, ter ou atingir essa conscincia. (Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)
- Erro de Proibio
Requisitos OBJETIVOS:
Tal perigo atual no pode ter sido causado voluntariamente (dolosamente) por quem alega o
estado de necessidade;
O bem sacrificado, deve ter sido escolhido para tanto, por um critrio de razoabilidade. Por
exemplo, permitir o aborto, cuja gravidez foi provocada por crime de estupro. A Vida ou a
Honra? O legislador permitiu salvar o bem de menor valor e sacrificar o de maior valor, a
vida, por um critrio de razoabilidade.
Requisito SUBJETIVO:
O conceito de Legtima defesa est exposto na norma penal explicativa do art. 25, caput, do CP, onde
esto previstos seus requisitos.
A legtima defesa pressupe a existncia de uma agresso injusta atual ou iminente de uma
pessoa contra outra, de forma direta ou indireta (por exemplo: usando um animal, uma arma,
veneno, explosivo). O agredido deve atuar moderadamente para defesa de si ou de outrem
Requisitos OBJETIVOS da Legtima Defesa:
Injusta agresso atual ou iminente;
Por exemplo, se o meio necessrio era s pegar um pedao de pau que estava disponvel, mas deu
preferncia ao uso de uma arma. Desta forma, como o agente no usou o meio suficiente e
necessrio no configura a legtima defesa, e sim o seu excesso. No entanto, tudo dever ser
considerado no caso concreto. Tambm no basta utilizar o meio suficiente e necessrio, necessrio
que o utilize moderadamente. Se for alm do necessrio para fazer a agresso parar, o agente
responder pelas leses causadas pelo excesso.
Requisito Subjetivo:
ato tpico, mas no ilcito. No art. 23, III, parte 1, o sujeito tem um direito, uma faculdade de exercer
determinada atividade, mas no art. 23, III, parte 2 destinada s pessoas que tm o dever de exercer
determinada atividade.
Exerccio regular de direito (faculdade)
Pessoas ao exercerem determinadas profisses, determinados esportes, possuem direito de exercer
determinadas condutas, mesmo que estas estejam descritas em normas incriminadoras. No entanto,
para ser crime no basta ser um fato tpico. Essas pessoas esto protegidas pela excludente de ilicitude.
O sujeito que desempenha tais atividades est efetivando um direito.
Ateno - O exerccio deve ser REGULAR do direito, ou seja, deve ser obedecido rigorosamente o
regulamento da atividade em questo. O excesso ocorre quando o agente no cumprir o regulamento,
de forma dolosa ou culposa (por descuido). Se exceder o que est no regulamento da atividade no vai
configurar a excludente de ilicitude e o agente ser responsabilizado pelos excessos praticados.
Ex: O mdico cirurgio ao realizar o corte no paciente est no exerccio regular de um direito. Assim
tambm o lutador de boxe, desde que limitado as aes previstas em seu regulamento.
Requisito Objetivo:
- Exercer o direito de forma regulamentar.
Requisito Subjetivo:
- dolo de exercer o direito de forma regulamentar.
Requisitos objetivos:
- Pessoa legtima para cumprimento do dever legal;
- Deve estar atuando no cumprimento do dever legal;
- O cumprimento do dever legal deve ser cumprido de forma estrita.
Requisito subjetivo:
- Dolo de cumprimento do dever legal de forma estrita.
Observaes
Ver efeitos civis do estado de necessidade e legtima defesa nos artigos 188, I e II,
pargrafo nico, 929 e 930 do Cdigo Civil.
O art. 24, 1 do CP trata daqueles que tem o dever legal de enfrentar o perigo,
ponderado pelo princpio da razoabilidade.
Art. 23, pargrafo nico, do CP Punio do excesso doloso ou culposo em
quaisquer das excludentes.
Ofendculas Aparelhos predispostos para defesa da propriedade (eletrificao
de fios, instalao de armas prontas, ces, etc.). Alguns entendem ser legtima
defesa preordenada, outros acham que a natureza exerccio regular de um
direito (direito de defesa da propriedade).
FATO Culpvel
Conceito de culpabilidade formal ou analtico
Conceito lato senso de culpa, que significa reprovao. O conceito estrito senso de culpa significa
descuido, imprudncia, impercia (crime culposo)
Pelo conceito analtico procura-se conceituar o crime a partir de seus elementos que compe a infrao
penal. Chama-se conceito analtico, pois analisa as caractersticas ou elementos que compe a infrao
penal. Pelo conceito analtico crime um fato tpico, ilcito e culpvel.
Culpabilidade = ato culpvel aquele que merece reprovao. Na culpabilidade verificamos a
reprovabilidade pessoal do agente. Existem situaes em que a conduta do agente no ser culpvel, por
ausncia de algum elemento que compe a Culpabilidade.
A Culpabilidade possui 3 elementos, sem estes a pessoa no reprovvel, e, portanto, no h crime
So elementos integrantes da culpabilidade segundo a Teoria Finalista (majoritria):
1 - Imputabilidade (capacidade = capaz, imputvel)
2 - Potencial conscincia da ilicitude do fato
3 - Exigibilidade de conduta diversa
IMPUTABILIDADE:
A prova biolgica consiste em demonstrar que a pessoa possui alguma desordem biolgica ou orgnica,
podendo ser uma doena, uma intoxicao, como na embriaguez, uma imaturidade biolgica, ou seja,
devem ser feitas as provas biolgicas de acordo com os dispositivos da lei - Artigos 26, 27 e 28 do CP.
Mas, no basta a prova biolgica, pois o critrio biopsicolgico.
A prova psicolgica a prova do estado em que a pessoa se encontrava no momento do ato tpico e
ilcito. A prova psicolgica consiste em demonstrar que no momento do ato a pessoa perdeu totalmente
uma de duas capacidades: a capacidade intelectual ou a capacidade volitiva.
Ex: um esquizofrnico que praticou um ato tpico e ilcito. No basta s provar a esquizofrenia, pois isso
s prova biolgica, deve ser feita a prova que na hora do ato o sujeito perdeu totalmente a capacidade
intelectual ou a capacidade volitiva.
Capacidade intelectual = discernimento = definir certo ou errado.
Capacidade volitiva = capacidade de autodeterminao da vontade.
OBS: A MENORIDADE o nico caso de INIMPUTABILIDADE do agente que exige apenas PROVA
BIOLGICA.
Casos de Inimputabilidade
1 DISPOSITIVO art. 26, caput, do CP
Art. 26 - isento de pena o agente que, por doena mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ao ou da omisso, inteiramente incapaz de entender o carter ilcito do fato ou
de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984).
Reduo de pena
Pargrafo nico - A pena pode ser reduzida de um a dois teros, se o agente, em virtude de perturbao de
sade mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado no era inteiramente capaz de entender
o carter ilcito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
Doena mental
Doena mental aquela que afeta as funes do intelecto e da determinao da vontade do agente. No
necessrio que a doena retire ambas as funes, bastando a perda total de apenas uma delas. Tal
prova biopsicolgica ser diagnosticada por um perito.
Ex: demncia senil, esquizofrenia, arteriosclerose cerebral, todos os tipos de psicose, sfilis cerebral, etc.
Obs. - pessoas que esto em nvel avanado de dependncia qumica podem ser diagnosticadas com
embriaguez patolgica ou intoxicao patolgica (espcie de psicose txica)
Obs. Embriaguez significa intoxicao
Obs.: Epilepsia no doena mental, no retardo mental e no desenvolvimento mental incompleto.
Mas, nos momentos de crise da doena a pessoa pode perder totalmente a capacidade volitiva e/ou
intelectual. O CP no previu essa condio do epiltico. A jurisprudncia tem manifestado pela aplicao
do art. 26, caput do CP por analogia in bonam partem, exigindo-se sempre a prova biopsicolgica.
Este dispositivo traz a questo da embriaguez acidental e completa, ltimo caso de inimputabilidade do
CP. Tambm exige a prova biopsicolgica, sem esta no haver declarao da inimputabilidade do
agente. No momento do fato tpico e ilcito, h de se fazer prova de que o agente perdeu TOTALMENTE
(devido questo biolgica) a capacidade intelectual (entender o que certo ou errado) ou a capacidade
volitiva (autodeterminao da vontade).
A prova biolgica da embriaguez do art. 28 1, a prova que houve embriaguez e que esta foi acidental
e completa. Embriaguez uma intoxicao aguda, profunda, porm transitria, causada por lcool ou por
substncias anlogas, como remdios, drogas etc.
Para o agente provar que inimputvel por esta embriaguez, o legislador exigiu que essa embriaguez
tivesse duas caractersticas: acidental e completa; caso contrrio, no ser declarado inimputvel.
Embriaguez ACIDENTAL:
Quando proveniente de caso fortuito ou fora maior. A pessoa no teve inteno de se intoxicar, no foi
um ato voluntrio, nem no caso fortuito nem na fora maior.
Fora Maior: ocorre quando algo externo (outra ao humana) ao agente, o obriga, impe, determina
sua intoxicao.
Ex: colocam uma arma na cabea e obrigam o agente a ingerir a substncia; boa noite cinderela
tambm um caso.
Caso Fortuito: Neste o agente tambm no quer ficar intoxicado. H duas hipteses de caso fortuito:
1 CASO: O agente no tem conhecimento que est ingerindo a substncia embriagante. No h ao
externa de outra pessoa,
Ex: Tomar uma medicao pensando que outra substncia.
2 CASO: Ocorre quando a pessoa sabe que est ingerindo a substncia, mas no conhece o efeito
embriagante que a substncia produzir nele. Normalmente ocorre com medicamentos.
Embriaguez COMPLETA:
Para saber se a embriaguez ocorreu ou no de forma completa preciso estudar as fases da
embriaguez. So trs as fases (conforme a doutrina e a jurisprudncia estabelecem):
1 fase: EXCITAO Nesta fase o agente no perde a capacidade de entendimento, apenas tem
diminudo sua autocrtica, portanto neste caso no h embriaguez completa ainda.
2 fase: DEPRESSO Desta fase em diante a embriaguez j completa, pois j possibilita a perda
total das capacidades intelectuais e volitivas da pessoa, no podendo faltar prova psicolgica
confirmando tal fato.
As caractersticas da pessoa nesta fase
- Perda de coordenao motora e dos reflexos;
- Excesso de agressividade e irritabilidade;
3 fase: LETARGIA Esta fase se d com o coma embriagante, com o sono, o desmaio.
Para uma pessoa ser culpvel ela deve ter a conscincia do seu ato, ou ao menos possibilidade de
alcanar.
O legislador torna culpvel quem tem a conscincia da ilicitude e quem poderia ter alcanado a
conscincia. A nica maneira de no ser culpvel no ter a real conscincia e nem a possibilidade de
alcan-la.
Art. 21 - O desconhecimento da lei inescusvel. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitvel, isenta de pena; se evitvel,
poder diminu-la de um sexto a um tero. (Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)
Pargrafo nico - Considera-se evitvel o erro se o agente atua ou se omite sem a conscincia da ilicitude (REAL) do fato,
quando lhe era possvel (POTENCIAL), nas circunstncias, ter ou atingir essa conscincia. (Redao dada pela Lei n 7.209, de 11.7.1984)
- Erro de Proibio
- Erro de tipo
.
- Essencial
- Acidental
O ERRO DE TIPO ACIDENTAL recai sobre os elementos essenciais constitutivos do tipo penal, sem os
quais no h o crime. Tal erro pode ser inevitvel, excluindo dolo e culpa, e assim tambm o fato tpico,
ou pode ser evitvel, excluindo apenas o dolo, mas punindo na forma culposa do delito, se houver. O
erro de tipo pode ser determinado por terceiro (art. 20, 2, do CP)
Os ERROS DE TIPO ACIDENTAIS, no isentam o agente da pena, mas produzem outras conseqncias
jurdicas. So eles:
BIBLIOGRAFIA
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal: parte geral vol. 1, 16 ed. So
Paulo: Saraiva, 2012.
CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal: parte geral vol. 1, 16 ed. So Paulo: Saraiva,
2012.
ESTEFAM, Andr. Direito Penal: parte geral vol. 1, 2 ed. So Paulo: Saraiva, 2012.
GRECO, Rogrio. Curso de Direito Penal: parte geral vol. 1, 13 ed. Rio de Janeiro:
Impetus, 2011.
JUNQUEIRA, Gustavo; VANZOLINI, Patrcia. Manual de direito penal. So Paulo: Saraiva,
2013.
MASSON, Cleber. Direito penal esquematizado: parte geral vol. 1, 6 ed. rev., atual. e
ampliada. Rio de Janeiro: Forense; So Paulo: Mtodo, 2013.
MORAES, Geovane; CAPOBIANCO, Rodrigo Julio. Como se preparar para o Exame da
Ordem Penal Vol. 5. Rio de Janeiro: Forense; So Paulo: Gen/Mtodo, 2012.
NUCCI, Guilherme de Souza. Cdigo Penal Comentado: verso compactada, 2 ed. So
Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.