Memoria e Esquecimento
Memoria e Esquecimento
Memoria e Esquecimento
Introduo
Este artigo tem como objetivo investigar os impasses entre memria e esquecimento que esto presentes em debates sobre a preservao e divulgao
de arquivos relacionados a conflitos, guerras e perodos de opresso poltica.
O debate sobre a justia a ser realizada sobre crimes cometidos passados,
que vem sendo travado no s em diversas reas acadmicas, como na
sociedade em geral, embora no dependa apenas de documentos e testemunhos, tem neles um grande aliado. Nem sempre, entretanto, sociedades
optam pela lembrana. Nosso intuito, evidentemente, no o de esgotar o
debate em torno do lembrar e do esquecer, mas, pelo contrrio, expandir
o conhecimento sobre estes termos, o que implica em estabelecer tambm
seus limites.
A primeira parte deste artigo ter como base os trabalhos de socilogos,
historiadores e filsofos, como Maurice Halbwachs, Pierre Nora e Paul
Ricoeur, sobre memria coletiva. Narrativas histricas que presidem a organizao de arquivos, colees e museus nos lembram daquilo que passado,
ou seja, daquilo que no est mais presente entre ns. Ainda assim, elas no
proporcionam a revelao de uma verdade absoluta; elas nos levam ao processo de constituio das colees ocorrido a partir de interesses conflitantes. A memria opera a partir de um processo seletivo e pode se tornar uma
arma poltica para as vtimas de guerras e genocdios, em que o esquecimento
estabeleceu sua hegemonia.
A segunda parte deste artigo lidar com casos em que no h apenas um
processo seletivo entre o que deve ser lembrado. Autores como Georges
Bataille e Max Scheler nos apresentam situaes em que indivduos e
comunidades, ao se voltarem para o passado, podem ser incapazes de
transmitir o aprendizado oriundo da experincia e da dor. A memria no
obedece apenas razo porque ela tambm est relacionada, por um lado,
a tradies herdadas, que fazem parte de nossas identidades e que no
respondem a nosso controle, e, por outro, a sentimentos profundos, como
amor, dio, humilhao, dor e ressentimento, que surgem independentemente de nossas vontades.
Como resultado destes desafios, procuraremos mostrar, na terceira parte
deste artigo, diversas situaes histricas em que alternativas se constroem
com o intuito de superar o distanciamento entre passado e presente e estabelecer uma agenda, em que a lembrana se vincula possibilidade do
esquecimento.
1. O processo seletivo da memria
Maurice Halbwachs foi o primeiro socilogo a resgatar o tema da memria
para o campo das interaes sociais. Rejeitando a idia corrente em sua
poca de que a memria seria o resultado da impresso de eventos reais na
mente humana, ele estabeleceu a tese de que os homens tecem suas memria a partir das diversas formas de interao que mantm com outros indivduos. Assim sendo, determinadas lembranas so reiteradas no seio de
famlias, outras entre os operrios que trabalham em uma fbrica e assim
por diante. Como os indivduos no pertencem apenas a um grupo e se
inserem em mltiplas relaes sociais, as diferenas individuais de cada
memria expressam o resultado da trajetria de cada um ao longo de sua
vida. A memria individual revela apenas a complexidade das interaes
sociais vivenciada por cada um.
Maurice Halbwachs estabeleceu os principais argumentos tericos de defesa do carter coletivo da memria coletiva em duas obras que hoje se tornaram referncias obrigatrias ao tema,
Os quadros sociais da memria (1925) e A memria coletiva, esta ltima publicada aps sua
morte (1950).
de contedo sobre o passado. Ao contrrio da histria, as memrias coletivas estariam ligadas a movimentos contnuos e lembranas transmitidas entre
geraes. No obstante, elas tambm tm limites compreenso do passado,
pois o indivduo no tem conscincia de que transforma o passado segundo
sua prpria percepo. A memria, individual ou coletiva, vulnervel a
usos e manipulaes (Nora, 1984; Davis e Starn, 1989). Assim sendo, tanto
a histria como a memria teriam limites no acesso ao passado.
Na distino que fez entre memria e histria, Nora contextualizou as
diferentes formas de ida ao passado. Mostrou que na modernidade as percepes de tempo e as narrativas histricas seguem os processos de acelerao do tempo. Walter Benjamin, em suas reflexes sobre a histria, j
apontava os limites da abordagem histrica que enumerava fatos e eventos
ao longo de um tempo homogneo. Benjamin percebeu que a transmisso
de representaes coletivas entre indivduos ao longo do tempo e do espao
tornar-se-ia cada vez mais esparsa e descontnua (Benjamin, 1968). Outro
autor que se destacou ao contextualizar as narrativas histricas foi o historiador alemo Reinhart Koselleck. Para ele, o tempo da modernidade aparece diferenciado pelo conceito de novo, que torna cada momento nico
e independente dos que lhe antecederam. O mundo moderno distingue-se
do velho porque pleno de caractersticas singulares e por ser capaz de se
abrir sempre para uma possibilidade de futuro. Este tempo-futuro, independente da experincia cotidiana construda atravs dos sculos, traz consigo o corte entre presente e passado e o ostracismo de tudo o que ficou
para trs (Koselleck, 1985).
A crena neste hiato entre presente e passado, bem como na reconstruo
contnua do passado pelo presente, levada ao extremo por autores que
trabalham com o conceito de destradicionalizao. Autores como Anthony
Giddens (1990), Ulrich Beck et al. (1994) e Scott Lash (1998) so defensores
da tese de que os indivduos contemporneos detm uma grande autonomia
em relao s tradies; eles seriam indivduos desencaixados e livres para se
engajarem em novas experincias. Caracterizam o momento atual pelo ritmo
acelerado de transformao nas sociedades contemporneas; a singularidade
dos indivduos caracterizarseia pelo seu distanciamento de experincias
coletivas anteriores. Diferentemente do pessimismo de Benjamin, eles acreditam que quanto mais instveis e movedias sejam as interaes sociais, mais
peso ganha a ao do indivduo, ou seja, sua capacidade de escolha e deciso.
As narrativas histricas, nesse contexto, refletem um processo incessante de
seleo e reconstruo de vestgios do passado. Portanto, para estes autores,
Para uma crtica noo de destradicionalizao, ver Santos, 1998.
Rwanda? O que dizer da atitude dos srvios em Kosovo? Por mais que
historiadores procurem explicaes para as barbries cometidas, o excesso
cometido parece sempre ficar alm da compreenso lgica e racional.
Alguns pesquisadores acreditam que em caso de extrema violncia pode
haver uma relao direta entre evento e representao. Tal como Bataille,
Friedlnder tambm defende a tese de que a violncia extrema possui caracterstica nica. A exterminao dos judeus no pode ser objeto de discusso
terica, ela foi um evento nico e precisa ser gravado como tal. Como a
recordao do evento traumtico na maioria dos casos extremamente fiel,
rigorosa em seus detalhes, ela propicia acesso direto ao real. Assim sendo,
Friedlnder acredita que o Shoah, devido ao seu excesso, pode ser expresso
sem distoro ou banalizao. A extrema violncia do Holocausto permitiu
aos historiadores reorganizarem seu conhecimento sobre o real. Segundo
o autor, como o excesso est alm da capacidade que o indivduo tem de
imaginar e representar, como ele no tem limites e irrepresentvel, ele se
revela (Friedlnder, 1992). O que o indivduo descreve no uma construo de um evento vivenciado no passado, mas o prprio evento. Esta representao do real sem mediao est presente no testemunho de situaes
traumticas. O testemunho de um agora possvel porque a conscincia
foi desativada.
Arquivos, testemunhos, depoimentos, registros so trazidos tona com
o objetivo de transmitir para futuras geraes o absurdo da violncia desnecessria. O arquivo e memorial Yad Vashem, em Jerusalm, contm o
maior nmero de informaes sobre o Holocausto em todo o mundo, e
desempenha ainda hoje um importante papel poltico nas denncias e condenaes de participantes do regime hitlerista. Diversos outros arquivos
desempenham papel similar. O Conselho Internacional de Reabilitao de
Vtimas de Tortura, em Copenhague, tambm guarda um importante conjunto de depoimentos e informaes sobre violaes aos direitos humanos
ocorridas em guerras mais recentes, como as ocorridas na Bsnia, Afeganisto e Iraque. Em contraposio ao esquecimento, organizaes se constituem para lutar contra o arbtrio atravs do trabalho de recuperar nomes
e restaurar os fatos que podem ainda ser lembrados. O papel destes arquivos no o de explicar o que no pode ser explicado, mas manter viva a
memria do que no pode se repetir.
Chegamos concluso de que no h a deciso ltima em relao
memria. Mais uma vez, o esquecimento, em alguns casos, pode ser no s
uma escolha, como tambm uma ddiva. Alm disso, no obstante a excepcionalidade de situaes traumticas, no so poucos os autores que as
identificam ao cotidiano da vida contempornea. A descrio da experincia
do choque por Walter Benjamin uma das primeiras e mais fortes imagens
do indivduo moderno, fragmentado, incapaz de reagir aos estmulos com
que se depara (Benjamin, 1973).
3. A resposta da nova historiografia
Nos ltimos anos a historiografia contempornea tem procurado responder
questo colocada por Georges Bataille. Historiadores ligados ao campo
da histria do tempo presente e sobretudo da histria oral tem se preo
cupado em construir um espao, no interior da narrativa histrica, de valorizao da subjetividade, dos sentimentos e da experincia humana. Esta
preocupao tem se traduzido, por um lado, no esforo constante de desvendar as mais sutis e camufladas relaes de dominao entre os homens
estabelecidas, muitas vezes, a partir do prprio processo social de construo de memria(s); e, por outro, na inteno de resgatar memrias, experincias e vivncias ocultadas e silenciadas. A nova historiografia d voz
queles que no aparecem no registro documental, proporcionando a recuperao da histria dos grupos em pequena escala. Ela procura pelos relatos construdos ao longo do trajeto pessoal de cada indivduo, os quais,
embora parciais, tm profundidade e contornos morais ligados subjetividade, elementos que escapam s demais anlises (Thompson, 1992).
Michel Pollak, no texto Memria, esquecimento, silncio (1989) chamou ateno para os processos de dominao e submisso das diferentes
verses e memrias, apontando para a clivagem entre a memria oficial e
dominante e memrias subterrneas, marcadas pelo silncio, pelo no
dito, pelo ressentimento. Esta clivagem pode aparecer no apenas nas relaes entre um Estado dominador e a sociedade civil, como tambm entre
a sociedade englobante e grupos minoritrios. So lembranas proibidas,
indizveis ou vergonhosas que muitas vezes se opem mais legtima
e poderosa das memrias coletivas: a memria nacional.
Nesta direo so muito interessantes as pesquisas de Henri Rousso e de
Alessandro Portelli. Rousso estudou os processos de enquadramento da
memria nacional francesa com suas operaes de ocultamento e reconstruo poltica principalmente no que se refere Segunda Grande Guerra,
Resistncia e ao colaboracionismo. Rousso mostra como a Colaborao e
o Governo de Vichy foram relegados margem da memria nacional, esquecidos, e, mais do que isso, ocultados (Rousso, 1987).
Portelli, num texto bastante conhecido dos pesquisadores ligados Histria Oral, estudou as diferentes camadas de memria sobre o massacre
perpetrado por soldados alemes que se construram na pequena cidade
italiana de Civitella. Para o governo italiano Civitella aparecia como um
smbolo da resistncia ao fascismo. O aniversrio do massacre era comemorado com honras nacionais. Mas Portelli descobriu, nos depoimentos
dos moradores, uma memria subterrnea, oculta, muito diferente da memria oficial. Os moradores sobreviventes viam o massacre como conseqncia da irresponsabilidade de militantes partigiani que haviam matado alguns
oficiais alemes e deixado a populao exposta vingana nazista. Mas esta
memria local no cabia na memria oficial que exaltava o herosmo da
pequena vila e por isso era ocultada (Portelli, 1996).
Aos estudos de Rousso e Portelli se aplica perfeitamente o alerta do
historiador francs, Pierre Ansart (2001): preciso considerar os rancores,
as invejas, os desejos de vingana e os fantasmas da morte. Ansart pretende
incorporar narrativa da histria a sua parte sombria, inquietante, freqentemente terrificante. Baseando-se sobretudo em Nietzsche, Ansart
prope aos pesquisadores uma histria dos ressentimentos, uma histria
que leve em conta, por exemplo, a experincia da humilhao e do medo
como motores poderosos da ao e reao humanas.
Estes quatro autores lidam com o trauma poltico resultante de genocdios, ditaduras e tiranias. A nosso ver esse tema tem recebido importantes
contribuies de pesquisadores ligados Histria Oral, histria das mulheres e, numa abordagem interdisciplinar, antropologia. Gostaramos de
comentar aqui alguns destes trabalhos vrios deles ainda em fase de pesquisa e elaborao de concluses.
O primeiro trabalho que gostaramos de analisar aqui o de Silvia Salvatici, pesquisadora italiana que estuda, atravs de depoimentos orais de
imigrantes, o impacto da violncia na guerra do Kosovo. Dois textos seus
foram publicados na Revista de Histria Oral: Memrias de gnero: reflexes sobre a histria oral de mulheres e Narrativas de violncia no
Kosovo do ps-guerra (Salvatici, 2005a e 2005b). Nos dois trabalhos,
altamente complementares, Silvia aponta para uma questo importante:
o aporte novo e revelador trazido pelos depoimentos femininos para a
construo da narrativa histrica. Silvia sublinha o fato de que o campo
da histria oral e o da histria das mulheres se desenvolveram juntos e
incentivando-se mutuamente. Ambos nasceram da preocupao de resgatar aquilo que no tinha registro histrico e que, na maioria das vezes, se
apoiava apenas no testemunho e no depoimento oral para ser lembrado e
conhecido. Tanto um campo quanto o outro teve a preocupao de resgatar esta voz do passado e dar-lhe um lugar na histria. Para os pesquisa
dores da histria oral e da histria das mulheres esta era uma preocupao
A expresso do historiador ingls Paul Thompson, 1992.
Havia, por parte destes jovens, uma recusa ao papel de vtima e o desejo
de afirmar uma identidade ligada idia de resistncia. Esta subjetividade,
para Grossman, foi alijada do processo poltico ps-apartheid. E o alijamento desta subjetividade estaria alimentando fortes correntes de ressentimento na sociedade sul africana, chegando mesmo a comprometer, de forma
perigosa, o sucesso do processo de reconciliao poltica.
Gostaramos ainda de comentar a pertinncia de um outro trabalho
agora no campo da antropologia que discute as relaes entre subjetividade e poltica. O livro de Kimberley Theidon, antroploga da Universidade de Harvard, que h muitos anos estuda o Peru, tem o significativo
titulo Entre Prjimos: el conflicto armado interno y la poltica de la reconciliacin em el Peru (2004). O livro trata do conflito armado ocorrido no Peru,
na dcada de 1980, resultante da atuao poltica do grupo extremista Sendero Luminoso. Baseia-se em um trabalho de campo realizado em Ayacucho,
regio onde ocorreu o maior nmero de vtimas do conflito armado peruano,
a maior parte delas sendo indgenas. A pesquisadora estudou sete comu
nidades indgenas que sofreram e infligiram sofrimento. O ponto de
partida de Kimberley o de que os habitantes das comunidades indgenas
Esta a questo colocada logo no prefcio do livro. Kimberley trabalha, especificamente, a questo da construo da subjetividade em tempos
de guerra civil, a experincia de grupos sociais desamparados politicamente, manipulados por guerrilheiros e Foras Armadas, envolvendo-se
em violentos conflitos com vizinhos, parentes e conhecidos. Desespero
e poltica. interessante colocar aqui neste texto o fato de que somente
muito recentemente o conflito armado peruano a guerra entre o Sendero
e as Foras Armadas que teve lugar em Ayacucho tem sido objeto de
pesquisa histrica e social. At h pouco tempo atrs este tema era um
tabu intransponvel. Somente agora os relatos sobre esta experincia tm
aparecido e, mesmo assim, com muita dificuldade. Kimberley relata a
enorme dificuldade que teve em obter depoimentos orais sobre a guerra.
Camponeses e ndios no queriam falar nem muito menos registrar suas
falas sobre este assunto. Muito recentemente este tema tambm tem
sido objeto da literatura peruana. O romance La hora azul de Alonso Cueto,
j traduzido e publicado no Brasil (2006), um bom exemplo disso.
A sociedade peruana comea a rever, por variados caminhos, a histria
desta guerra.
Como foi uma histria abafada e, em vrios sentidos, clandestina, Kimberley aponta para a necessidade do manuseio de linguagens diversas no
estudo deste tema. Entre estas linguagens ela aponta a linguagem do corpo:
necessrio compreender uma experincia culturalmente informada pelo
corpo, nos diz ela. A experincia de camponeses e ndios nesta guerra civil
foi marcada pelo corpo: dor fsica, torturas, pobreza e fome. O corpo, para
ela, um lugar de memria, um lcus onde se inscreveram experincias
histricas importantes.
ponder aos limites da representao. Esperamos e trabalhamos neste sentido que novos caminhos sirvam para conhecermos melhor a ns mesmos,
no sentido emancipatrio e libertador deste conhecimento. No se pode
fazer uma histria dos homens que ignore seja a subjetividade da condio
humana, seja seus limites. Assim sendo, que o conhecimento desta subjetividade no sirva para a elaborao de meios mais eficazes de controle e
dominao de uns homens sobre os outros este tem sido o compromisso
dos pesquisadores que trouxemos ao longo desta reflexo.
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