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Análise Matemática IV

Problemas para as Aulas Práticas

3 de Março de 2004

Semana 1
1. Escreva os seguintes números complexos na forma a + bi e represente-os geometricamente
no plano de Argand:
1 2+i
a) (2 + i)(1 − i) b) c)
1−i 1+i

d) (2 − 3i)2 e) (1 − 2i)3 f) i234

2. Determine o módulo e o argumento dos seguintes números complexos e represente-os


geometricamente:
a) 3 b) − 2 c) 1 + i

d) 3 − 4i e) −1−i

3. Calcule e represente geometricamente os númeors complexos


√3
√ √
a) i b) 4 −1 c) 1−i
� √ ��
4 √ �6
4
d) 6
(3 − i 3) e) 3−i 3

4. Mostre as seguintes desigualdades:

a) |Im(z)| ≤ |z| ≤ |Re(z)| + |Im(z)|


b) |z + w| ≤ |z| + |w|
c) |z + w| ≥ ||z| − |w||

5. Esboçe no plano complexo o conjunto dos números complexos que satisfazem as relações
seguintes:

a) |z − 2| = 3
b) |z − 2| + |z + 2| = 5
c) |z − 1| − |z + 1| > 2

1
Análise Matemática IV 2

d) |z| = Re(z) + 2
e) Im(z) + Re(z) < 1
� �
z−i
f) Im z−1 =0
� �
g) Re z−1
z−i
=0

6. Resolva as seguintes equações em C:

a) z 4 + 16i = 0
b) zz − z + z = 0
c) z 4 + z 2 = −1 − i
d) z 2 + 2z + 1 = 6i
1−28i
e) z 6 = (i + 2)3 + 2−i

7. Determine todos os vértices de um polı́gono regular de n lados, centrado na origem,


sabendo que um deles é representado pelo complexo z1 .

8. Sejam z1 , z2 e z3 três números complexos de módulo unitário satisfazendo z1 + z2 + z3 = 0.


Mostre que esses complexos são vértices de um triângulo equilátero.
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 2
1. Estabeleça as seguintes identidades (onde z = x + iy):
a) cos (iz) = cosh (z); b) sen (iz) = isenh z;
c) |cos z|2 + |sen z|2 = cosh (2y); d) cos 2 z + sen 2 z = 1;
e) sen (z + w) = sen z · cos w + cos z · sen w; f) cosh 2 z + senh 2 z = cosh (2z).

2. Calcule o valor principal (i.e., tomando na função log z o ângulo correspondente à restrição
principal) de:
� �1+i
a) log (−i); b) log (1 − i); c) ii ; d) 1+i√
2
.

3. Determine todas as soluções das seguintes equações:


a) ez = 2 b) eiz + e−iz + 2 = 0 c) log z = 1 + 2πi d) sen (2z) = 5

4. Determine o conjunto dos pontos do plano complexo onde as seguintes funções admitem
derivada:
(a) xy − ix (b) z 2 − 3z (c) z − z̄ (d) ez (e) Im(z 2 )
5. Considere a função f : C → C definida por f (z) = f (x + iy) = x2 − y 2 + 2i|xy|.
(a) Estude a analiticidade de f (z).
(b) Calcule f � (z) nos pontos onde f é analı́tica.
6. Considere a função f : C → C definida por
� 3 3 3 3
x −y
x2 +y 2
+ i xx2 +y
+y 2
se (x, y) �= (0, 0)
f (z) = f (x + iy) =
0 se (x, y) = (0, 0)
(a) Mostre que as equações de Cauchy-Riemann são verificadas em (x, y) = (0, 0).
(b) Verifique, utilizando a definição, que f � (0) não existe.
(c) Porquê que isto não contradiz o Teorema de Cauchy-Riemann?
7. Mostre que se f e f são ambas inteiras, então f é constante.
8. Seja A ⊂ C um aberto e defina A∗ = {z ∈ C : z̄ ∈ A}. Se f é uma função analı́tica em A
mostre que F (z) = f (z) é uma função analı́tica em A∗ .

1
Análise Matemática IV
Resolução dos problemas para as aulas práticas

Semana 2
1. Estabeleça as seguintes identidades (onde z = x + iy):
a) cos (iz) = cosh (z); b) sen (iz) = isenh z;
c) |cos z|2 + |sen z|2 = cosh (2y); d) cos 2 z + sen 2 z = 1;
e) sen (z + w) = sen z · cos w + cos z · sen w; f) cosh 2 z + senh 2 z = senh (2z).
Resolução:
(a) Utilizando a definição de coseno complexo
ei(iz) + e−i(iz) e−z + ez
cos (iz) = = = cosh z
2 2
(b) De modo análogo
ei(iz) − e−i(iz) e−z − ez
sen (iz) = = −i = isenh z
2i 2
(c) Notando que para um complexo z o quadrado do seu módulo é dado por |z|2 = zz, obtemos:
eiz + e−iz eiz + e−iz
|cos z|2 =
2 2
eiz + e−iz e−iz̄ + eiz̄
=
2 2
ei(z−z̄) + ei(z+z̄) + e−i(z−z̄) + e−i(z+z̄)
=
4
e também:
eiz − e−iz eiz − e−iz
|sen z|2 =
2i 2i
eiz − e−iz e−iz̄ − eiz̄
=
2i −2i
ei(z−z̄) −ei(z+z̄) + e−i(z−z̄) − e−i(z+z̄)
=
4
Logo:
ei(z−z̄) + e−i(z−z̄)
|cos z|2 + |sen z|2 =
2
e−2y + e2y
=
2
= cosh (2y).

1
(d) Mais uma vez utilizando a definição das funções trigonométricas complexas
� eiz + e−iz �2 � eiz − e−iz �2
cos 2 z + sen 2 z = +
2 2i
1 � 2iz �
= e + 2 + e−2iz − e2iz + 2 − e−2iz = 1
4
(e) Outra vez utilizando a definição das funções trigonométricas complexas

sen zcos w + cos zsen w =

eiz − e−iz eiw + e−iw eiz + e−iz eiw − e−iw


= + =
2i 2 2 2i
ei(z+w) + ei(z−w) − ei(−z+w) − e−i(z+w) ei(z+w) − ei(z−w) + ei(−z+w) − e−i(z+w)
= + =
4i 4i
ei(z+w) − e−i(z+w)
= = sen (z + w)
2i
(f ) Ainda mais uma vez utilizando a definição das funções trigonométricas complexas
� ez + e−z �2 � ez − e−z �2
cosh 2 z + senh 2 z = +
2 2
1 � 2z �
= e + 2 + e−2z + e2z − 2 + e−2z
4
e2z + e−2z
= = cosh (2z).
2

2. Calcule o valor principal (i.e., tomando na função log z o ângulo correspondente à restrição
principal) de:
� �1+i
a) log (−i); b) log (1 − i); c) ii ; d) 1+i

2
.

Resolução:
iπ iπ iπ
(a) log (−i) = log (1e− 2 ) = log 1 − =−
2 2
√ −i π 1 π
(b) log (1 − i) = log ( 2e 4 ) = log 2 − i
2 4
i iπ π
(c) ii = elog (i ) = eilog i = eilog (1e 2 ) = ei(i 2 ) = e−π/2
� � √
1 + i 1+i (1+i)log ( 1+i
√ ) π 2 −π/4
(d) √ =e 2 =e (1+i)i 4 = e (1 + i)
2 2

3. Determine todas as soluções das seguintes equações:

a) ez = 2 b) eiz + e−iz + 2 = 0 c) log z = 1 + 2πi d) sen (2z) = 5

Resolução:
(a) ez = 2 ⇔ z = log 2 + 2kπi com k ∈ Z.

2
(b) Multiplicando todos os termos por eiz , obtem-se

e2iz + 2eiz + 1 = 0 ⇔ (eiz + 1)2 = 0 ⇔ eiz = −1


1
⇔ z = log (−1) = −i(iπ(2k + 1)) = (2k + 1)π
i
com k ∈ Z.
(c) log z = 1 + 2πi ⇒ z = e1+2πi = e
Nota: log e = 1 + 2πi, apenas com uma escolha adequada do ramo do logaritmo.
(d) Pela definição de seno

e2iz − e−2iz
sen (2z) = 5 ⇔ =5
2i
e multiplicando todos os termos da equação por e2iz

10i ± −96 √
e4iz
− 10ie2iz
−1=0 ⇔ e 2iz
= = (5 ± 2 6)i
2
Então √
2iz = log ((5 ± 2 6)i) + 2kπi , k∈Z

Finalmente, dado que 5 ± 2 6 são ambos positivos,
−i � √ π�
z= log (5 ± 2 6) + i + kπ , k∈Z
2 2
ou seja
π i� √
z= + kπ − log (5 ± 2 6) , k∈Z
4 2
4. Determine o conjunto dos pontos do plano complexo onde as seguintes funções admitem derivada:

(a) xy − ix (b) z 2 − 3z (c) z − z̄ (d) ez (e) Im(z 2 ).

Resolução:
(a) Sendo f (x + iy) = xy − ix, verifica-se que

Ref ≡ u(x, y) = xy , Imf ≡ v(x, y) = −x

e como tal
∂u ∂u ∂v ∂v
=y , =x , = −1 , =0
∂x ∂y ∂x ∂y
Atendendo a que todas as derivadas parciais são contı́nuas, f será diferenciável no conjunto de
pontos onde se verifiquem as condições de Cauchy-Riemann. Tem-se então que
� �
∂u
∂x = ∂v
∂y y=0

∂y = − ∂x x=1
∂u ∂v

pelo que f é diferenciável apenas no ponto z = 1 + i0, e


∂u ∂v
f � (1 + 0i) = (1, 0) + i (0, 1) = −i
∂x ∂x

3
(b) Sendo f (z) = z 2 − 3z = (x + iy)2 − 3(x + iy) = x2 − y 2 − 3x + i(2xy − 3y), verifica-se que

Ref ≡ u(x, y) = x2 − y 2 − 3x , Imf ≡ v(x, y) = 2xy − 3y

e como tal
∂u ∂u ∂v ∂v
= 2x − 3 , = −2y , = 2y , = 2x − 3
∂x ∂y ∂x ∂y
É óbvio que as condições de Cauchy-Riemann são verificadas para todo (x, y) ∈ R2 , e atendendo
a que todas as derivadas parciais são contı́nuas, f é diferenciável em C, e
∂u ∂v
f � (z) = (x, y) + i (x, y) = 2x − 3 + i2y = 2z − 3
∂x ∂x
para todo z ∈ C.
(c) Sendo f (z) = z − z̄ = x + iy − (x − iy) = 2iy, verifica-se que

Ref ≡ u(x, y) = 0 , Imf ≡ v(x, y) = 2y

como tal, para todo (x, y) ∈ R2


∂u ∂u ∂v ∂v
=0 , =0 , =0 , =2
∂x ∂y ∂x ∂y
∂v ∂u
Dado que, a condição = não se verfica para nenhum (x, y) ∈ R2 , o domı́nio de diferen-
∂y ∂x
ciabilidade de f é o conjunto vazio.
(d) Sendo f (z) = ez = ex cos y + iex sen y = ex cos y − iex sen y, verifica-se que

Ref ≡ u(x, y) = ex cos y , Imf ≡ v(x, y) = −ex sen y

como tal
∂u ∂u ∂v ∂v
= ex cos y , = −ex sen y , = −ex sen y , = −ex cos y
∂x ∂y ∂x ∂y
Para que se verifiquem as condições de Cauchy- Riemann
� � �
∂u
∂x = ∂v
∂y ex cos y = −ex cos y cos y = 0
⇔ ⇔
∂y = − ∂x −ex sen y = ex sen y sen y = 0
∂u ∂v

Atendendo a que as funções seno e coseno nunca se anulam simultâneamente, tem-se que o
domı́nio de diferenciabilidade é o conjunto vazio.
(e) Sendo f (z) = Imz 2 = Im(x2 − y 2 + i2xy) = 2xy, verifica-se que

Ref ≡ u(x, y) = 2xy , Imf ≡ v(x, y) = 0

como tal, para todo (x, y) ∈ R2


∂u ∂u ∂v ∂v
= 2y , = 2x , =0 , =0
∂x ∂y ∂x ∂y

É imediato verificar que as derivadas parciais de u e v são contı́nuas em R2 , e que as equações de


Cauchy Riemann se verificam apenas no ponto (0, 0), pelo que a função admite derivada apenas
em z = 0, e
∂u ∂v
f � (0) = (0, 0) + i (0, 0) = 0
∂x ∂x

4
5. Considere a função f : C → C definida por f (z) = f (x + iy) = x2 − y 2 + 2i|xy|.
(a) Estude a analiticidade de f (z).
(b) Calcule f � (z) nos pontos onde f é analı́tica.
Resolução:
(a) Começemos por estudar o domı́nio de diferenciabilidade de f . Podemos escrever

x2 − y 2 + 2xyi se xy ≥ 0
f (z) = f (x + iy) =
x2 − y 2 − 2xyi se xy < 0

pelo que, se xy ≥ 0

u(x, y) ≡ Ref (x, y) = x2 − y 2 , v(x, y) ≡ Imf (x, y) = 2xy

e se xy < 0
u(x, y) ≡ Ref (x, y) = x2 − y 2 , v(x, y) ≡ Imf (x, y) = −2xy
Temos então que se xy ≥ 0
∂u ∂u ∂v ∂v
= 2x , = −2y , = 2y , = 2x
∂x ∂y ∂x ∂y
e as condições de Cauchy-Riemann verificam-se para todo (x, y) tais que xy ≥ 0. Dado que as
derivadas parciais de u e v são contı́nuas na mesma região, conclui-se que f é diferenciável em
{z ∈ C : Rez · Imz ≥ 0}. Para z nesta região
∂u ∂v
f � (z) = (x, y) + i (x, y) = 2x + i2y = 2z
∂x ∂x
No caso em que xy < 0
∂u ∂u ∂v ∂v
= 2x , = −2y , = −2y , = −2x
∂x ∂y ∂x ∂y
e as condições de Cauchy- Riemann não se verificam nesta região, pelo que f não admite derivada
no conjunto {z ∈ C : Rez · Imz < 0}.
(b) Para que f seja analı́tica num dado ponto de C é necessário que: exista uma vizinhança de
z, U , onde f � (w) exista para todo w ∈ U . Tem-se então que o domı́nio de analiticidade de f é
a região {z ∈ C : Rez · Imz > 0}.

6. Considere a função f : C → C definida por


� 3
x −y 3 3 3
+ i xx2 +y se (x, y) �= (0, 0)
f (z) = f (x + iy) = x2 +y 2 +y 2
0 se (x, y) = (0, 0)

(a) Mostre que as equações de Cauchy-Riemann são verificadas em (x, y) = (0, 0).
(b) Verifique, utilizando a definição, que f � (0) não existe.
(c) Porquê que isto não contradiz o Teorema de Cauchy-Riemann?

Resolução:
(a) Atendendo à definição de f , podemos escrever
� 3 3 � 3 3
x −y x +y
se (x, y) =
� (0, 0) se (x, y) �= (0, 0)
u(x, y) = x +y
2 2
, v(x, y) = x +y
2 2

0 se (x, y) = (0, 0) 0 se (x, y) = (0, 0)

5
Tem-se então
∂u u(h, 0) − u(0, 0) ∂u u(0, h) − u(0, 0)
(0, 0) = lim =1 , (0, 0) = lim = −1
∂x h→0 h ∂y h→0 h
e
∂v v(h, 0) − v(0, 0) ∂v v(0, h) − v(0, 0)
(0, 0) = lim =1 , (0, 0) = lim = 1,
∂x h→0 h ∂y h→0 h
É então óbvio que as condições de Cauchy-Riemann se verificam em (x, y) = (0, 0).
(b) Por definição
x3 −y 3 3 3

� f (z) − f (0) x2 +y 2
+ i xx2 +y
+y 2
f (0) = lim = lim
z→0 z (x,y)→(0,0) x + iy

Fazendo z convergir para 0 no eixo real (o que significa x → 0 e y = 0), obtem-se


x + ix
f � (0) = lim =1+i
x→0 x
enquanto que, fazendo z convergir para 0 na recta {z ∈ C : Rez = Imx} (o que significa x → 0
e y = x), obtem-se
ix i 1+i
f � (0) = lim = =
x→0 x + ix 1+i 2
Como 1 + i �= 1+i
2 conclui-se que o limite não existe e consequentemente f não admite derivada
em z = 0.
(c) As funções u(x, y) e v(x, y) embora tenham as derivadas parciais em (0, 0) não são dife-
renciáveis em (0, 0). Assim, a função f , vista como uma função de R2 → R2 , não é diferenciavel
em (0, 0).

7. Mostre que se f e f são ambas inteiras, então f é constante.


Resolução:
Recordemos que se f é analı́tica num conjunto aberto e conexo A ⊂ C e f � (z) = 0, então f é
constante. No nosso caso A = C, logo basta verificar que f � (z) = 0.
Escrevendo f (z) = u(x, y) + iv(x, y), como f é analı́tica em C, concluı́mos que as funções u e v
satisfazem as equações de Cauchy-Riemann:
∂u ∂v ∂u ∂v
= , =− .
∂x ∂y ∂y ∂x

Por outro lado, escrevendo f (x, y) = u(x, y) − iv(x, y), como f é analı́tica em C, concluı́mos que
as funções u e −v satisfazem as equações de Cauchy-Riemann:
∂u ∂v ∂u ∂v
=− , = .
∂x ∂y ∂y ∂x
Deste conjunto de equações concluı́mos que:
∂u ∂v ∂u ∂v
= = = = 0.
∂x ∂y ∂y ∂x
Mas então:
∂u ∂v
f � (z) = +i = 0,
∂x ∂x
como pretendı́amos.

6
8. Seja A ⊂ C um aberto e defina A∗ = {z ∈ C : z̄ ∈ A}. Se f é uma função analı́tica em A mostre
que F (z) = f (z) é uma função analı́tica em A∗ .
Resolução:
Se escrevermos f (z) = u(x, y) + iv(x, y) e F (z) = U (x, y) + iV (x, y), obtemos:

F (z) = f (z) = u(x, −y) − iv(x, −y) = U (x, y) + iV (x, y).

Ou seja, U (x, y) = u(x, −y) e V (x, y) = −v(x, −y). Como u e v são funções diferenciáveis em
A, segue-se que U e V são funções diferenciáveis em A∗ . Por outro lado, verificamos que U e V
satisfazem as equações de Cauchy-Riemann em A∗ da seguinte forma:
∂U ∂
= u(x, −y)
∂x ∂x � �
∂u �� ∂v ��
= =
∂x �(x,−y) ∂y �(x,−y)
∂ ∂V
= (−v(x, −y)) = ,
∂y ∂y
∂U ∂
= u(x, −y)
∂y ∂y
� �
∂u �� ∂v ��
=− =
∂y �(x,−y) ∂x �(x,−y)
∂ ∂V
=− (−v(x, −y)) = − ,
∂x ∂x
onde utilizámos que u e v satisfazem as equações de Cauchy-Riemann. Assim, podemos concluir
que F é analı́tica em A∗ .

7
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

11 de Março de 2005

Semana 3
1. Determine os valores dos seguintes integrais:

a) C |z| dz em que C é o semicı́rculo percorrido em sentido directo unindo −2i a 2i.

b) C zcos z 2 dz em que C é o segmento de recta unindo 0 a πi.

2. Considere o√caminho γ1 que consiste no segmento de recta unindo o ponto inicial 0 ao


ponto final 2eiπ/4 , e considere também o caminho γ2 entre esses mesmos pontos dado
pela parábola t �→ t + it2 .

a) Calcule, utilizando a definição, γk ez dz, com k = 1, 2.

b) Calcule γk z̄ 2 dz com k = 1, 2.
c) Comente os resultados que obteve nas alı́neas anteriores.

3. Considere a função
f (z) = exp[(−1 + i)log z] , |z| > 0
onde se toma para z o argumento mı́nimo positivo. Calcule

f (z) dz
|z|=1

onde a curva é percorrida no sentido positivo.

4. Seja γ(t) = Reit para 0 ≤ t ≤ π. Mostre que se R > 2, então


�� 2z 2 − 1 � R(2R2 + 1)
� �
� 4 2
dz � ≤ π
γ z + 5z + 4 (R2 − 1)(R2 − 4)

5. Seja Γ ⊂ C a elipse |z − πi| + |z − 2πi| = 7π


2
, percorrida no sentido positivo. Calcule

(a) Γ z 3 cosh z dz

ze−z
(b) i dz
Γ z− 2

1
Análise Matemática IV 2


1
(c) dz.
Γ z2
+ π2

5z − πi
(d) 2
dz
Γ z (2z − ıπ)

dz
(e) 2 3
Γ z (z − 2πi)

cos z
(f) 11 dz .
Γ (z − iπ)

6. Considere a função complexa definida por


� �
f (z) = f (x + iy) = x2 − y 2 − 2xy + 2y + i x2 − y 2 + 2xy − 2x .

Justificando pormenorizadamente a sua resposta, determine o valor do integral



f (z)
2
dz,
C (z − 2)

onde C = {z ∈ C : |z − i| = 4} é percorrida uma vez no sentido directo.

7. Teorema de Liouville: Mostre que se f é inteira e limitada então f é constante em C.


Sugestão: Utilize a fórmula integral de Cauchy para mostrar que f � (z) = 0.
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

4 de Abril de 2005

Semana 3
1. Determine os valores dos seguintes integrais:

a) C |z| dz em que C é o semicı́rculo percorrido em sentido directo unindo −2i a 2i.

b) C zcos z 2 dz em que C é o segmento de recta unindo 0 a πi.

Resolução:
(a) Uma parametrização possı́vel para C é
π π
z(θ) = 2eiθ , − ≤θ≤
2 2
pelo que
� � π/2
|z| dz = |2eiθ | 2ieiθ dθ = 8i
C −π/2

(b) Uma parametrização possı́vel para C é

z(t) = it , 0≤t≤π

pelo que � � π
2 sen (π 2 )
zcos z dz = itcos (−t2 )i dt = −
C 0 2
Note-se que atendendo ao facto da função zcos z 2 ser analı́tica na região interior a C (de
facto é uma função inteira), podemos utilizar o Teorema Fundamental do Cálculo para
concluir que �
1 �πi sen (π 2 )
2 2�
zcos z dz = sen z � = −
C 2 0 2
2. Considere o√caminho γ1 que consiste no segmento de recta unindo o ponto inicial 0 ao
ponto final 2eiπ/4 , e considere também o caminho γ2 entre esses mesmos pontos dado
pela parábola t �→ t + it2 .

a) Calcule, utilizando a definição, γk ez dz, com k = 1, 2.

b) Calcule γk z̄ 2 dz com k = 1, 2.

1
Análise Matemática IV 2

c) Comente os resultados que obteve nas alı́neas anteriores.

Resolução:

Observe-se primeiro que 2eiπ/4 = 1 + i. Com t ∈ [0, 1], parametrizações possı́veis são:
γ1 (t) = (1 − t)0 + t(1 + i) = t + ti e γ2 (t) = t + t2 i.

a) � � 1 �1
z �
e dz = et(1+i) (1 + i) dt = et(1+i) � = e1+i − 1
γ1 0 0

e � � �
1
z 2 2 �1
e dz = et+it (1 + 2ti)dt = et+it � = e1+i − 1
γ2 0 0

b) � �
2
1
2 t3 ��1 2 2
z̄ dz = (t − ti) (1 + i)dt = (1 − i) (1 + i) � = (1 − i)
γ1 0 3 0 3
e � � �
1 1
2 2 2 14 i
z̄ dz = (t − t i) (1 + 2ti)dt = (t2 + 3t4 − 2it5 ) dt = −
γ2 0 0 15 3
c) A função z �→ ez é holomorfa em C e portanto o integral é independente do caminho
(consequência do Teorema de Cauchy). Pode-se notar ainda que nestas condições é
válido o Teorema Fundamental e portanto

ez dz = ez |1+i
0 = e1+i − 1
γ1

Por outro lado, a função f (z) = z̄ 2 não é holomorfa em nenhum ponto de C


(porquê?), e portanto os integrais sobre caminhos homotópicos podem depender
dos caminhos, o que sucede no presente exercı́cio.

3. Seja
f (z) = z −1+i = exp[(−1 + i)log z] , |z| > 0 e 0 < argz < 2π
Calcule �
f (z) dz
|z|=1

onde a curva é percorrida no sentido positivo.


Resolução:
Começamos por notar que a função integranda não é analı́tica no semi-eixo real negativo.
Uma parametrização possı́vel para a curva será z(t) = eit com 0 < t < 2π. Assim
� � 2π
f (z) dz = exp[(−1 + i)log z(t)]z � (t) dt
|z|=1 0
� 2π � 2π
it
= exp[(−1 + i)it]ie dt = iexp[(−1 + i)it + it]dt
0 0
� 2π �2π

= ie−t dt = (−ie−t )� = i(1 − e−2π )
0 0
Análise Matemática IV 3

4. Seja γ(t) = Reit para 0 ≤ t ≤ π. Mostre que se R > 2, então


�� 2z 2 − 1 � R(2R2 + 1)
� �
� 4 2
dz � ≤ π
γ z + 5z + 4 (R2 − 1)(R2 − 4)

Resolução:
Utilizando a parametrização sugerida
�� 2z 2 − 1 � �� π 2R2 e12t − 1 �
� � � it �
� 4 2
dz � = � 4 i4t + 5R2 ei2t + 4
Rie dt�
γ z + 5z + 4 0 R e
� π
|2R2 e12t − 1|
≤ 4 i4t 2 i2t
|Rieit |dt
0 |R e + 5R e + 4|
� π
|2R2 e12t | + | − 1|
≤ 2 i2t − 1)(R2 ei2t − 4)|
R dt
0 |(R e
� π
(2R2 + 1)R
≤ 2 i2t 2 i2t
dt
0 (|R e | − | − 1|)(|R e | − | − 4|)
� π
(2R2 + 1)R R(2R2 + 1)
= 2 2
dt = π
0 (R − 1)(R − 4) (R2 − 1)(R2 − 4)
como se queria mostrar.

5. Seja Γ ⊂ C a elipse |z − πi| + |z − 2πi| = 7π


2
, percorrida no sentido positivo. Calcule
� �
� 3 ze−z 1
(a) z cosh z dz (b) dz (c) dz
Γ
Γ z − 2i Γ z2 + π2

� � �
5z − πi dz cos z
(d) dz (e) (f) dz
Γ
2
z (2z − πi) Γ z (z − 2πi)3
2
Γ (z − iπ)11

Resolução:
(a) Dado que z 3 cosh z é uma função inteira e Γ é uma curva fechada, regular e simples,
podemos usar o Teorema de Cauchy e concluir que

z 3 cosh z dz = 0
Γ

ze−z
(b) A função é o quociente de funções inteiras, pelo que será analı́tica no conjunto
z − 2i
C \ {z : z − 2i = 0}, ou seja em C \ { 2i }. Resta-nos averiguar, qual a posição do ponto 2i
relativamente à elipse. Atendendo a que
�i � �i � 7π π
� � � �
� − iπ � + � − 2πi� = 3π − 1 < = 3π +
2 2 2 2
Análise Matemática IV 4

tem-se que 2i pertence à região interior a Γ. Dado que ze−z é uma função inteira e Γ é
uma curva fechada, regular e simples, aplicando a fórmula integral de Cauchy obtemos
� �
ze−z −z �
i dz = 2πize � = −πe−i/2
Γ z − 2
z=i/2

1
(c) A função é analı́tica em C \ {−πi, πi}, e atendendo a que
z2 + π2
|πi − πi| + |πi − 2πi| = π < 7π/2 e | − πi − πi| + | − πi − 2πi| = 5π > 7π/2

tem-se que −πi não pertence à região interior a Γ e πi pertence à região interior a Γ.
Escrevendo � � 1
1 z+πi
2 2
dz = dz
Γ z +π Γ z − πi
1
e atendendo a que a função z+πi é analı́tica na região interior a Γ, tem-se, por aplicação
da Fórmula Integral de Cauchy

1 1 ��
2 2
dz = 2πi � =1
Γ z +π z + πi z=iπ
5z − πi
(d) A função é analı́tica em C \ {0, πi
2
}, e atendendo a que
z 2 (2z − πi)

πi πi
|0 − πi| + |0 − 2πi| = 3π < 7π/2 e | − πi| + | − 2πi| = 2π < 7π/2
2 2
tem-se que tanto 0 como πi
2
pertencem à região interior a Γ. Podemos escrever
� � �
5z − πi 5z − πi 5z − πi
2
dz = 2
dz + 2
dz
Γ z (2z − πi) Γ1 z (2z − πi) Γ2 z (2z − πi)

em que (por exemplo)


1 πi 1
Γ1 = {z : |z| < } e Γ2 = {z : |z − | < }
2 2 2
Então
� � �
5z − πi 5z − πi 5z − πi
2
dz = 2
dz + 2
dz
Γ z (2z − πi) Γ1 z (2z − πi) Γ2 z (2z − πi)
� 5z−πi � 5z−πi
2z−πi z2
= dz + dz
Γ1 z2 Γ2 2z − πi
5z − πi
Dado que a função é analı́tica na região interior a Γ1 , tem-se, por aplicação da
2z − πi
Fórmula Integral de Cauchy para as derivadas (n = 2)
� 5z−πi � 5z − πi �� �
2z−πi �
2
dz = 2πi � = −6
Γ1 z 2z − iπ z=0
Análise Matemática IV 5

5z − πi
Por outro lado, dado que a função é analı́tica na região interior a Γ2 , tem-se, por
z2
aplicação da Fórmula Integral de Cauchy
� � 5z−πi
5z−πi
z2 1 z2 5z − πi ��
dz = dz = πi � =6
Γ2 2z − πi 2 Γ2 z − πi 2
z2 z=πi/2

Finalmente �
5z − πi
dz = −6 + 6 = 0
Γ z 2 (2z − πi)

1
(e) Seguindo os passos da alı́nea anterior, a função é analı́tica em C\{0, 2πi},
z 2 (z − 2πi)3
e é fácil de verificar que tanto 0 como 2πi pertencem à região interior a Γ. Podemos
escrever � � �
1 1 1
2 3
dz = 2 3
dz + 2 3
dz
Γ z (z − 2πi) Γ1 z (z − 2πi) Γ2 z (z − 2πi)

em que (por exemplo)


1 1
Γ1 = {z : |z| < } e Γ2 = {z : |z − 2πi| < }
2 2
Então
� � �
1 1 1
dz = dz + dz
Γ z 2 (z − 2πi)3 Γ1 z 2 (z − 2πi)3 2
Γ2 z (z − 2πi)
3

� 1 � 1
(z−2πi)3 z2
= dz + dz
Γ1 z2 Γ2 (z − 2πi)
3

1
Dado que a função (z−2πi) 3 é analı́tica na região interior a Γ1 , tem-se, por aplicação da

Fórmula Integral de Cauchy para as derivadas (n = 2)


� 1 � �� �
(z−2πi)3 1 � 3i
dz = 2πi � =− 3
Γ1 z2 (z − 2πi)3 z=0 8π

Por outro lado, dado que a função z12 é analı́tica na região interior a Γ2 , tem-se, por
aplicação da Fórmula Integral de Cauchy para as derivadas (n = 3)
� 1
z2 2πi � 1 ��� �� 3i
3
dz = 2
� = 3
Γ2 (z − 2πi) 2 z z02πi 8π
Finalmente �
1 3i 3i
dz = − 3 + 3 = 0
Γ z 2 (z − 2πi)3 8π 8π
cos z
(f ) A função é analı́tica em C \ {i} e é fácil de verificar que i pertence à região
(z − i)11
interior a Γ. Pela fórmula integral de Cauchy para as derivadas (n = 10)
� �
cos z 1 (10) � 2
11 dz = 2πi (cos z) � = − πicos i
Γ (z − i) 10! z=i 10!
Análise Matemática IV 6

6. Considere a função complexa definida por


� �
f (z) = f (x + iy) = x2 − y 2 − 2xy + 2y + i x2 − y 2 + 2xy − 2x .

Justificando pormenorizadamente a sua resposta, determine o valor do integral



f (z)
2
dz,
C (z − 2)

onde C = {z ∈ C : |z − i| = 4} é percorrida uma vez no sentido directo.


Resolução:
f (z)
Começemos por analisar o domı́nio de analiticidade da função integranda (z−2) 2 , pelo que

necessitamos de saber quais os pontos de C onde a func c ao f admite derivada. Sendo

Ref = u(x, y) = x2 − y 2 − 2xy + 2y e Imf = v(x, y) = x2 − y 2 + 2xy − 2x

tem-se
∂u ∂u ∂v ∂v
= 2x − 2y , = −2y − 2x + 2 , = 2x + 2y − 2 , = −2y + 2x
∂x ∂y ∂x ∂y

É óbvio que todas estas funções são contı́nuas em R2 e que as condições de Cauchy
Riemann se verificam para todo (x, y) ∈ R2 . Podemos então concluir que f é uma função
f (z)
inteira, pelo que (z−2) 2 é analı́tica em C \ {2}. Dado que C é uma curva fechada, simples

e regular, e que 2 pertence à sua região interior, por aplicação da fórmula integral de
Cauchy para as derivadas (n = 1), concluimos
� � ∂u �
f (z) � ∂v
2
dz = 2πif (2) = 2πi (2, 0) + i (2, 0) = 2πi(4 + 2i)
C (z − 2) ∂x ∂x

7. Teorema de Liouville: Mostre que se f é inteira e limitada então f é constante em C.


Sugestão: Utilize a fórmula integral de Cauchy para mostrar que f � (z) = 0.
Resolução:
Seguindo a sugestão, vamos demonstrar que nas condições dadas f � (z) = 0 para todo
z ∈ C. Visto f ser inteira, podemos aplicar a Fórmula Integral de Cauchy para concluir
que �
� 1 f (w)
f (z) = dw
2πi C (w − z)2
para qualquer curva de Jordan C percorrida uma vez no sentido directo e tal que z
pertenca à sua região interior. Em particular

� 1 f (w)
f (z) = dw
2πi |w−z|=R (w − z)2

isto é, sendo C a circunferência de raio R centrada em z. Por outro lado atendendo a que
f é limitada, existe M > 0 tal que

|f (z)| ≤ M , ∀z ∈ C
Análise Matemática IV 7

Tem-se então que


� � f (w) � �
� 1 � � M 1 M 2πR M
|f (z)| ≤ � 2
� |dw| ≤ 2
|dw| = 2
=
2π |w−z|=R (w − z) 2π |w−z|=R R 2πR R

Ou seja, dado qualquer número complexo z


M
|f � (z)| ≤ , ∀R ∈ R+
R
Visto R ser arbitrário, quando R → ∞

|f � (z)| ≤ 0 ⇒ |f � (z)| = 0 ⇒ f � (z) = 0

Seja f = u + iv. Como f � (z) = 0, resulta do teorema de Cauchy-Riemann que todas as


derivadas parciais de u e v são nulas para qualquer z ∈ C, Desta forma, f é constante em
C.
Análise Matemática IV - 2003/04
Problemas para as Aulas Práticas

21 de Março de 2005

Semana 4

1. Considere a seguinte função u : R2 → R:

u(x, y) = x3 + y3 − 3xy(x + y)

(a) Mostre que u é uma função harmónica.


(b) Determine a função harmónica conjugada v tal que v(0, 0) = 0.
(c) Calcule � �
f (z) f (z)
2
dz e dz
C (z − 1) C z3
onde f (z) = u(x, y) + iv(x, y), z = x + iy e C é a curva {z ∈ C : |z| = 2} percorrida no
sentido positivo.

2. Considere a função g : C → C definida por g(z) = z(z2 + z2 − |z|2 ), e sejam u e v funções de R2


em R tais que u(x, y) = Re [g(x + iy)] e v(x, y) = Im [g(x + iy)].

(a) Determine o conjunto dos pontos onde u e v satisfazem as equações de Cauchy–Riemann.


O que pode concluir sobre a analiticidade da função g?
(b) Mostre que u é uma função harmónica.
(c) Determine uma função f : C → C, analı́tica em C, tal que Re ( f ) = u.

3. Calcule a região de convergência das seguintes séries de potências:


� √ �n
∞ √z −i 2 ∞ ∞
1 n n! n
(a) ∑ (b) ∑ nn (z + 1 − i) (c) ∑ nn (z + 1)
2
n4 +1
n=0 n=1 n=1

4. Considere a seguinte série de potências


+∞ �
5n se n par
∑ an z n
onde an = n
(−2) se n impar
.
n=0

Sabendo que esta é a série de Taylor em torno de z0 = 0 de uma função f , analı́tica em todo o
seu domı́nio, calcule f (1).

1
5. Determine os desenvolvimentos de Taylor das seguintes funções em torno dos seguintes pontos:

(a) sen z , em torno de z = π.


(b) e2z , em torno de z = iπ.
(c) z2 ez , em torno de z = 1.

(d) Valor principal de log z, em torno de z = i − 1.

6. Para cada função e região indicada, determine as séries de Laurent respectivas:

1
(a) , |z| > 1.
z−1
� 1 �
5
(b) z e + z , |z| > 0.
z

z−i
(c) , |z − i| > 1.
(z−2i)2

� 2 � � 3 �
(d) 3z − 1 sen πzz3+z , |z| > 0.

1
7. Determine a série de Laurent de 2 nas seguintes regiões:
(
z2 −1 )

(a) 0 < |z − 1| < 2 .

(b) 2 < |z − 1| .

e calcule os seguintes integrais:


� 1
(a) |z−1|=1 2 dz .
(z2 −1)
� 1
(b) |z−1|=3 2 dz
(z2 −1)

8. Seja P(z) um polinómio e γ uma curva simples e fechada em C, percorrida uma vez no sentido
directo, e que não intersecta o conjunto dos zeros de P(z). Mostre que o valor de

1 P� (z)
dz
2πi γ P(z)

é igual ao número de zeros (contando multiplicidades) de P(z) que pertencem ao interior da


curva γ.

2
Análise Matemática IV - 2003/04
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 4

1. Considere a seguinte função u : R2 → R:

u(x, y) = x3 + y 3 − 3xy(x + y)

(a) Mostre que u é uma função harmónica.


(b) Determine a função harmónica conjugada v tal que v(0, 0) = 0.
(c) Calcule � �
f (z) f (z)
dz e dz
C (z − 1)2 C z3
onde f (z) = u(x, y) + iv(x, y), z = x + iy e C é a curva {z ∈ C : |z| = 2} percorrida
no sentido positivo.

Resolução:
(a) É óbvio que u é uma função de classe C 2 (R2 ) visto ser uma função polinomial. Por
outro lado
∂u ∂u
= 3x2 − 6xy − 3y 2 , = 3y 2 − 3x2 − 6xy
∂x ∂y
e
∂2u ∂2u
= 6x − 6y , = 6y − 6x
∂x2 ∂y 2
∂2u ∂2u
sendo então evidente que ∆u = ∂x2
+ ∂y 2
= 0 para todo (x, y) ∈ R2 .
(b) Por definição, u e v têm que verificar as condições de Cauchy-Riemann. Então

∂v ∂u 2 2
= = 3x − 6xy − 3y ⇒ v(x, y) = (3x2 − 6xy − 3y 2 )dy
∂y ∂x
ou seja
v(x, y) = 3x2 y − 3xy 2 − y 3 + C1 (x)

1
Por outro lado
∂v ∂u ∂ � 2 �
=− ⇔ 3x y − 3xy − y + C1 (x) = −3y 2 + 3x2 + 6xy
2 3
∂x ∂y ∂x
pelo que

C1� (x) = 3x2 ⇒ C1 (x) = x3 + C ⇒ v(x, y) = 3x2 y − 3xy 2 − y 3 + x3 + C

Dado que v(0, 0) = 0 tem-se que C = 0 e finalmente v(x, y) = 3x2 y − 3xy 2 − y 3 + x3 .


(c) Pela alı́nea anterior, a função

f (z) = f (x + iy) = u(x, y) + iv(x, y)

f (z)
é uma função inteira, pelo que é analı́tica em C \ {1}. Como 1 ∈ int C, e C
(z − 1)2
é uma curva simples e fechada, estamos nas condições de utilizar a fórmula integral de
Cauchy generalizada (n = 1),
� � ∂u �
f (z) � � ∂v �� �
2
dz = 2πif (1) = 2πi � + i �
C (z − 1) ∂x (1,0) ∂x (x,y)=(1,0)
� � �
2 2 2 2 �
= 2πi 3x − 6xy − 3y + i(6xy − 3y + 3x )�
(x,y)=(1,0)
= 6πi(1 + i)

O segundo integral pode ser calculado como o anterior utilizando, neste caso, a fórmula
integral de Cauchy com n = 2. Alternativamente, e atendendo a que

f (z) = x3 + y 3 − 3xy 2 − 3x2 y + i(3x2 y − 3xy 2 − y 3 + x3 )


= x3 + 3x2 (iy) + 3x(iy)2 + (iy)3 + y 3 − 3(ix)y 2 + 3(ix)2 y − (ix)3
= (x + iy)3 + (y − ix)3
= z 3 + iz 3 = (1 + i)z 3 ,

então, pelo Teorema de Cauchy:


� �
f (z)
dz = (1 + i)dz = 0.
C z3 C

2. Considere a função g : C → C definida por g(z) = z(z 2 + z 2 − |z|2 ), e sejam u e v funções


de R2 em R tais que u(x, y) = Re [g(x + iy)] e v(x, y) = Im [g(x + iy)].

(a) Determine o conjunto dos pontos onde u e v satisfazem as equações de Cauchy–


Riemann. O que pode concluir sobre a analiticidade da função g?
(b) Mostre que u é uma função harmónica.

2
(c) Determine uma função f : C → C, analı́tica em C, tal que Re (f ) = u.

Resolução:
(a) Fazendo z = x + iy

g(z) = z(z 2 + z 2 − |z|2 ) = (x + iy)((x + iy)2 + (x − iy)2 − (x2 + y 2 ))


= x3 − 3xy 2 + i(x2 y − 3y 3 )

pelo que
Re f ≡ u(x, y) = x3 − 3xy 2 e Im f ≡ v(x, y) = x2 y − 3y 3
Calculando as derivadas parciais
∂u ∂u
= 3x2 − 3y 2 , = −6xy
∂x ∂y
e
∂v ∂v
= 2xy , = x2 − 9y 2
∂x ∂y
É óbvio que todas estas funções são contı́nuas em R2 , visto serem funções polinomiais.
Por outro lado
∂u ∂v
= ⇔ 2x2 + 6y 2 = 0
∂x ∂y
e
∂u ∂v
=− ⇔ xy = 0
∂y ∂x
Conclui-se que as condições de Cauchy-Riemann se verificam sse (x, y) = (0, 0), pelo
que a função admite derivada apenas em z = 0 e consequentemente o seu domı́nio de
analiticidade é o conjunto vazio.
(b) Como já se referiu, u(x, y) = x3 − 3xy 2 é uma função de classe C 2 (R2 ) visto ser
polinomial. Por outro lado
∂u ∂u
= 3x2 − 3y 2 , = −6xy
∂x ∂y
e
∂2u ∂2u
= 6x , = −6x
∂x2 ∂y 2
e é óbvio que ∆u = 0 para todo (x, y) ∈ R2 .
(c) Denotaremos a harmónica conjugada de u por ṽ. Por definição, u e ṽ têm que verificar
as condições de Cauchy-Riemann. Então

∂ṽ ∂u 2 2
= = 3x − 3y ⇒ ṽ(x, y) = (3x2 − 3y 2 )dy = 3x2 y − y 3 + C1 (x)
∂y ∂x

3
Por outro lado
∂ṽ ∂u ∂ � 2 3

=− ⇒ 3x y − y + C1 (x)) = 6xy
∂x ∂y ∂x
pelo que
C1� (x) = 0 ⇒ C1 (x) = C ⇒ ṽ(x, y) = 3x2 y − y 3 + C
Note que, como seria de esperar atendendo ao resultado da alı́nea (a), a conjugada
harmónica de u, ṽ, é distinta de v.

3. Calcule os região de convergência das seguintes séries de potências:


“ √ ”n

∞ z
√ −i 2 �

1


n!
(a) 2
n4 +1
(b) nn
(z + 1 − i)n (c) nn
(z + 1)n
n=0 n=1 n=1
Resolução:
(a) Note-se que � √ �n � �n

� √z −i 2 ∞
� √1 (z − 2i)n
2 2
=
n=0
n4 + 1 n4 + 1 n=0

pelo que se trata de uma série de potências da forma an (z − 2i)n . Tem-se então (caso
o limite exista):

� a � (1/ 2)n
√ (n + 1)4 + 1 √
� n � 4
n +1
R = lim � � = lim √ = 2 lim = 2.
n an+1 n (1/ 2)2n+1 n n4 + 1
(n+1)4 +1

Assim, a série é convergente na região:



{z ∈ C : |z − 2i| < 2}.

(b) Trata-se de uma série de potências da forma an (z + 1 − i)n . Tem-se então:

n
� 1
1/R = lim sup |an | = lim sup = 0
n n n
pelo que R = +∞. Consequentemente, a série é convergente em C.

(c) Trata-se de uma série de potências da forma an (z + 1)n . Tem-se então, caso o
limite exista
� a � n!
� n � nn
R = lim � � = lim (n+1)! = e
n an+1 n
n+1 (n+1)

e a série é convergente na região

{z ∈ C : |z + 1| < e}

4
4. Considere a seguinte série de potências
+∞
� �
n 5n se n par
an z onde an = n .
(−2) se n impar
n=0

Sabendo que esta é a série de Taylor em torno de z0 = 0 de uma função f , analı́tica em


todo o seu domı́nio, calcule f (1).

Resolução:
Dado que as duas subsucessões de an são (−2)n e 5n , vê-se fácilmente que:

n
� 5 se n par
|an | =
−2 se n impar

Logo: �
n
lim sup |an | = 5.
n

Tem-se então que a série converge na região


1
{z ∈ C : |z| < }
5

Assim sendo, a série ∞ n
n=1 an z diverge em z = 1, pelo que é impossı́vel calcular o valor
de f (1) por substituição de z = 1 naquela série. Porém, na região |z| < 15 , temos:


f (z) = an z n
n=0
� �
= 5n z n + (−2)n z n
n par n impar
�∞ ∞

= 52m z 2m + (−2)2m+1 z 2m+1
m=0 m=0
�∞ � �m ∞ �
� �m
2
= (5z) − 2z (2z)2
m=0 m=0
1 2z
= 2

1 − 25z 1 − 4z 2
Como f é analı́tica em todo o seu domı́nio, concluimos que:
� �
1 2z 1 1
f (z) = − , para qualquer z ∈ C \ ± , ± ,
1 − 25z 2 1 − 4z 2 5 2
5
o que implica que f (1) = 8

5
5. Determine os desenvolvimentos de Taylor das seguintes funções em torno dos seguintes
pontos:

(a) sin z , em torno de z = π.


(b) e2z , em torno de z = iπ.
(c) z 2 ez , em torno de z = 1.

(d) Valor principal de log z em torno de z = i − 1.

Resolução:
(a) Para todo z ∈ C

� (z − π)2n+1
sin z = sin(z + π − π) = − sin(z − π) = − (−1)n
n=0
(2n + 1)!

(b) Para todo z ∈ C




2z 2(z−iπ) 2iπ 2(z−iπ) 2n
e =e e =e = (z − iπ)n
n=0
n!

(c) Para todo z ∈ C




2 z 2 z−1+1 2 (z − 1)n
z e = (z − 1 + 1) e = [(z − 1) + 2(z − 1) + 1]e
n=0
n!

� ∞
� ∞

(z − 1)n+2 (z − 1)n+1 (z − 1)n
= e + 2e +e
n=0
n! n=0
n! n=0
n!


= an (z − 1)n
n=0

em que 

e se n = 0

an = 3e se n = 1

 e 2e e
 + + se n ≥ 2
(n − 2)! (n − 1)! n!
(d) Para todo o z em D = C \ {x + iy ∈ C : y = 0 e x ≤ 0} (o domı́nio de analiticidade
do v.p. do logaritmo):
∞ � �n
1 �
1
� 1 1 i−1 z−i+1
(log z) = = = z−i+1 = (−1)n , (1)
z z−i+1+i−1 1 + i−1 i − 1 n=0
i−1

6

para |z + i − 1| < |i − 1| = 2. Primitivando, obtem-se:

� ∞

(−1)n (z − i + 1)n+1 (−1)n−1 (z − i + 1)n
log z = C + =C+ .
n=0
(n + 1)(i − 1)n+1 n=1
n(i − 1)n

Esta igualdade é válida no maior disco centrado em z − i + i que não intersecta o semieixo
real negativo, ou seja, para |z + i − 1| < 1. Note-se que este disco está contido no domı́nio
de convergência da série (1). Finalmente, fazendo z = i−1 na igualdade anterior, obtem-se
C = log(i − 1). Assim:

1 3π � (−1)n−1 (z − i + 1)n
log z = log 2 + i + n
,
2 4 n=1
n(i − 1)

para |z − i + 1| < 1.

6. Para cada função e região indicada, determine as séries de Laurent respectivas:


1
(a) , |z| > 1
z−1
Resolução:
� �
� �
Dado que |z| > 1 (o que implica � z1 � < 1), é válido o desenvolvimento

1 � � 1 �n � � 1 �n+1
∞ ∞
1 1 1
= · 1 = =
z−1 z 1− z
z n=0 z n=0
z
� 1 �
(b) z 5 e z + z , |z| > 0

Resolução:
Para z �= 0, é válido
� 1
� ��∞
1 � � ∞
1
5 5
z e +z =z
z
n
+z = n−5
+ z6
n=0
n!z n=0
n!z

z−i
(c) , |z − i| > 1
(z − 2i)2
Resolução:

7
1
Para |z − i| > 1 (o que implica < 1), tem-se que
|z − i|

1 d� 1 � d� 1 �
= =−
(z − 2i)2 dz z − 2i dz z − i − i

d� 1 1 � d � 1 � � i �n �

= − · i = −
dz z − i 1 − z−i dz z − i n=0 z − i

d �� �

in
= −
dz n=0 (z − i)n+1

1
Usando o facto de a série geométrica ser uniformente convergente na região {z : | z−i | < r}
para todo r < 1, podemos derivar termo a termo, obtendo-se

d� � �
�∞ ∞
1 in in (n + 1)
= − =
(z − 2i)2 n=0
dz (z − i)n+1 n=0
(z − i)n+2

Finalmente ∞
z−i � in (n + 1)
= para |z − i| > 1
(z − 2i)2 n=0
(z − i)n+1

� �
� 2
� πz 3 + z
(d) 3z − 1 sen , |z| > 0.
z3
Resolução:
Para |z| > 0
� �
� 2
� πz 3 + z 1 1
3z − 1 sen = (3z 2 − 1)sen(π + ) = (1 − 3z 2 )sen( 2 )
z3 z 2 z

(−1)n � 1 �2n+1
�∞
2
= (1 − 3z )
n=0
(2n + 1)! z 2

� ∞
� 3(−1)n+1
(−1)n
= +
n=0
(2n + 1)!z 4n+2 n=0 (2n + 1)!z 4n

1
7. Determine a série de Laurent de (z 2 −1)2
nas seguintes regiões:

(a) 0 < |z − 1| < 2 .

(b) 2 < |z − 1| .

8
e calcule os seguintes integrais:

1
(a) dz .
|z−1|=1 (z 2 − 1)2

1
(b) dz
|z−1|=3 (z 2 − 1)2

Resolução:
(a) Para qualquer z ∈ C \ {−1, 1}, tem-se que
1 1 1 d � −1 �
= = ·
(z 2 − 1)2 (z − 1)2 (z + 1)2 (z − 1)2 dz z + 1

Para 0 < |z − 1| < 2, é válido


1 1 d � −1 � 1 d� −1 �
= · =
(z 2 − 1)2 (z − 1)2 dz 2 + z − 1 (z − 1)2 dz 2(1 + z−1
2
)

d � � z − 1 �n

−1
= · −
2(z − 1)2 dz n=0 2

Pela convergência uniforme da série geométrica, podemos derivar termo a termo e obter
�∞ n−1 �∞ n−3
1 −1 n (z − 1) n+1 (z − 1)
= (−1) n = (−1) n
(z 2 − 1)2 2(z − 1)2 n=1 2n n=1
2n+1

2
Por outro lado, se |z − 1| > 2 (o que implica < 1), tem-se que
|z − 1|
1 1 d � −1 � 1 d � −1 1 �
= · = · ·
(z 2 − 1)2 (z − 1)2 dz 2 + z − 1 2
(z − 1)2 dz z − 1 1 + z−1

d � −1 � (−2)n �
∞ ∞
1 1 d � (−1)n+1 2n
= · = ·
(z − 1)2 dz z − 1 n=0 (z − 1)n (z − 1)2 dz n=0 (z − 1)n+1
�∞ ∞
1 (−1)n+1 2n (−n − 1) � (−1)n 2n (n + 1)
= =
(z − 1)2 n=0 (z − 1)n+2 n=0
(z − 1)n+4

(b) Por definição, para qualquer n ∈ Z



1 f (z)
an = dz
2πi C (z − z0 )n+1

9
é o coeficiente de (z −z0 )n da série de Laurent de f convergente na região r < |z −z0 | < R,
para qualquer curva de Jordan C, seccionalmente regular, percorrida em sentido directo,
contida na região de convergência. Sendo assim, e atendendo a que a circunferência
|z − 1| = 1 é uma curva de Jordan e está contida na região 0 < |z − 1| < 2, o integral
pedido � �
1 f (z)
2 2
dz = 0
dz = 2πi a−1
|z−1|=1 (z − 1) |z−1|=1 (z − 1)
1
em que a−1 é o coeficiente de z−1
da primeira série obtida em (a). Assim,

1 1 πi
dz = 2πi(− ) = −
|z−1|=1 (z 2 − 1)2 8 4

Analogamente, e dado que a circunferência |z − 1| = 3 é uma curva de Jordan e está


contida na região |z − 1| > 2, o integral pedido
� �
1 f (z)
2 2
dz = 0
dz = 2πi a−1
|z−1|=3 (z − 1) |z−1|=3 (z − 1)

1
em que a−1 é o coeficiente de z−1
da segunda série obtida em (a). Assim,

1
dz = 0
|z−1|=1 (z 2 − 1)2

8. Seja P (z) um polinómio e γ uma curva simples e fechada em C, percorrida uma vez no
sentido directo, e que não intersecta o conjunto dos zeros de P (z). Mostre que o valor de
� �
1 P (z)
dz
2πi γ P (z)

é igual ao número de zeros (contando multiplicidades) de P (z) que pertencem ao interior


da curva γ.
Resolução:
Se P (z) = an z n +· · ·+a1 z+a0 é um polinómio de grau n então, pelo Teorema Fundamental
da Álgebra:
P (z) = an (z − z1 )(z − z2 ) · · · (z − zn )
onde z1 , . . . , zn são os zeros de P (z) (alguns dos factores podem aparecer repetidos).
Então:
� n
� n
P � (z) d d � � 1
= log P (z) = log a0 + log(z − zk ) = .
P (z) dz dz k=1 k=1
z − zk

10
Desta forma: � n �
1 P � (z) 1 � 1
dz = dz
2πi γ P (z) 2πi k=1 γ z − zk
Calculando � �
1 0 se zk ∈
/ int γ,
dz =
γ z − zk 2πi se zk ∈ int γ,
obtem-se o resultado.

11
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 5

1. Determine e classifique as singularidades das seguintes funções, e calcule os resı́duos


correspondentes.
1−cos z
a) f1 (z) = z−π
z
b) f2 (z) = (z 2 +2)2
1
c) f3 (z) = z 7 (1−z 2 )
sen z
d) f4 (z) = z 4 (1−z 2 )

e) f5 (z) = z 2 exp z1

2. Considere a função
1
g(z) = .
sen πz
Mostre que g(z) não possui uma singularidade isolada em z = 0.

3. Considere as curvas γ1 = {z ∈ C : |z| = 1} e γ2 = {z ∈ C : |z + 2πi| = 1}, percorridas


uma vez no sentido directo. Calcule o valor dos integrais

g(z)dz,
γk

para cada uma das seguintes funções complexas:


1 z − 2i
(i) g(z) = , (ii) g(z) = z 2 sen (z −1 ) , (iii) g(z) = .
ez −1 z4 − 4iz 3 − 4z 2
4. Calcule o seguinte integral
� � �
z2 1
+ z 2 sen dz,
C sen (πz) (z − 1)2

onde C é a elipse |z − 1| + |z + 1| = 3, percorrida uma vez no sentido positivo.

1
5. Recorrendo ao Teorema dos Resı́duos, mediante a escolha de um contorno de integração
adequado, estabeleça os seguintes resultados:
� 2π �
dθ 2
(a) 2

0 2 + sen θ 3
� 2π 2
cos 3θ 3π
(b) dθ =
0 5 − 4 cos 2θ 8
� 2π � 2π
cos2 (3θ) 1 1 + ei6θ
Sugestão: mostre que dθ = Re dθ
0 5 − 4 cos(2θ) 2 0 5 − 4 cos(2θ)
� +∞ √
1 (3 − 3)π
(c) 2 2
dx =
−∞ (x + 1)(x + 3) 6
� ∞
dx 2
(d) 6
= π
−∞ x + 1 3
� +∞
xsen x π
(e) 2
dx =
−∞ (x + 1) e
6. Seja f (z) uma função analı́tica no conjunto A = C − {z1 , . . . , zn }. Observe que a função
F (z) = z12 f ( z1 ) possui uma singularidade isolada em z = 0. Define-se o resı́duo de f em
∞ por:
Res(f, ∞) = −Res(F(z), 0).
Mostre que se γ ⊂ A é uma curva simples, fechada, percorrida no sentido directo, que
contém os pontos {z1 , . . . , zn } no seu interior, então:

f (z) dz = −2πi Res(f, ∞).
γ

2
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 5
1. Determine e classifique as singularidades das seguintes funções. Calcule os resı́duos
correspondentes.
1 − cos z
a) f1 (z) =
z−π
z
b) f2 (z) = (z 2 +2)2
1
c) f3 (z) = z 7 (1−z 2 )
senz
d) f4 (z) = z 4 (1−z 2 )

e) f5 (z) = z 2 exp z1
Resolução:
(a) f1 é o quociente de funções inteiras, logo é analı́tica em C \ {π}. Como em potências
de z − π, tem-se que para todo z ∈ C \ {π}
lim (z − π)f1 (z) = lim (1 − cos z) = 1 − cos π = 2 �= 0,
z→π z→π

concluı́mos que π é um pólo simples e Res (f1 , π) = 2.


√ √
(b) Visto f2 ser uma função racional, será analı́tica em C \ { 2i, − 2i}. Note-se que a
função f2 pode ser escrita na forma
z
f2 (z) = √ √
(z − 2i) (z + 2i)2
2


e como tal ±i 2 são candidatos a polos de segunda ordem. De facto
√ √
√ 2 z 2i i 2
√ (z −
lim 2i) f2 (z) = lim√ √ = √ =−
z→ 2i z→ 2i (z + 2i)2 (2 2i)2 8

pelo que 2i é um polo de segunda ordem, e
� �� √ √
√ √ 2 (z + 2i)2 − 2z(z + 2i)
Res(f2 , 2i) = lim √ (z − 2i) f2 (z) = lim √ √ =0
z→ 2i z→ 2i (z + 2i)4

1
√ √
Analogamente se conclui que − 2i é um polo de segunda ordem e Res(f2 , − 2i) = 0
(c) Mais uma vez f3 é uma função racional, pelo que f3 é analı́tica em C \ {0, 1, −1}.
Note-se que podemos escrever
1
f3 (z) =
z 7 (1 − z)(1 + z)
pelo que 0 é candidato a polo de ordem 7, e ±1 são candidatos a polos simples. De facto
1
lim z 7 f3 (z) = lim =1
z→0 z→0 1 − z 2

pelo que 0 é um polo de ordem 7, e


−1 1
lim (z ± 1)f3 (z) = lim =−
z→±1 z→±1 z 7 (z ∓ 1) 2
donde 1 e -1 são polos simples, podendo ser concluido de imediato que Res(f4 , ±1) = − 12 .
Para calcular o resı́duo de f3 em 0 e para evitar ter que calcular 6 derivadas, vamos
recorrer ao desenvolvimento em série de f3 em torno de z0 = 0. Assim, para |z| < 1
∞ ∞
1 1 � 2 n � 2n−7 1 1 1 1
f3 (z) = 7 2
= 7 (z ) = z = 7 + 5 + 3 + 1 + z + z 3 + ...
z (1 − z ) z n=0 n=0
z z z z

Confirma-se que 0 é um polo de ordem 7, e Res(f, 0) = 1.


(d) Como anteriormente, f4 é analı́tica em C \ {0, 1, −1}. Note-se que podemos escrever
sen z
f4 (z) =
z 4 (1 − z)(1 + z)
pelo que, 0 é candidato a polo de terceira ordem e ±1 são candidatos a polos simples. De
facto
sen z sen 1
lim (z ± 1)f4 (z) = lim 4 =∓
z→±1 z→±1 z (z ∓ 1) 2
pelo que ±1 são polos simples e Res(f4 , ±1) = ∓ sen2 1 . Por outro lado
sen z
lim (z 3 f4 (z)) = lim =1
z→0 z→0 z(1 − z 2 )

comcluindo-se que 0 é um polo de ordem 3. Para calcular o resı́duo, e evitar o cálculo


de duas derivadas e alguns limites “aborrecidos”, vamos recorrer ao desenvolvimento em
série de potências de z da função f4 . Assim, para 0 < |z| < 1
1 1
f4 (z) = 4
sen z
z 1 − z2
∞ ∞
1 � n z
2n+1 �
= (−1) z 2n
z 4 n=0 (2n + 1)! n=0

2
O facto de se ter um produto de séries dificulta um pouco o processo, mas para calcular o
resı́duo necessitamos apenas de saber qual o coeficiente da potência z1 . Efectuando alguns
produtos relevantes, observamos que

1� z3 z5 z7 ��
2 4 6

f4 (z) = z − + − + ... 1 + z + z + z + ...
z4 3! 5! 7!
�1 1 z z2 �� �
2 4 6
= − + − + ... 1 + z + z + z + ...
z 3 3!z 5! 7!

1 �1 �1 �∞
= 3− −1 + an z n
z 3! z n=0

pelo que se confirma que 0 é um polo de terceira ordem e Res(f4 , 0) = − 3!1 + 1.


(e) É fácil de observar que f5 é analı́tica em C \ {0}. Atendendo a que para z �= 0

�∞ ∞
2 1 −n � 1 −n+2 1 1 1 1
f5 (z) = z z = z = z2 + z + + + 2
+ + ...
n=0
n! n=0
n! 2! 3!z 4!z 5!z 3

1
0 é uma singularidade essencial e Res(f5 , 0) = 3!
.

2. Considere a função
1
g(z) = .
sen πz
Mostre que g(z) não possui uma singularidade isolada em z = 0.
Resolução:
Por g ser definida à custa de quocientes e composições de funções analı́ticas, será analı́tica
em � �
π 1
C \ {z : sen = 0 e z = 0} = C \ 0, : k ∈ Z \ {0}
z k
Por definição, 0 será uma singularidade isolada de g(z) se existir � > 0 tal que g(z) é
analı́tica em {z : 0 < |z| < �}. Como k1 → 0, para qualquer � > 0, podemos sempre
encontrar (um número infinito de) pontos da forma k1 em {z : 0 < |z| < �}, e como tal 0
não é uma singularidade isolada.

3. Considere as curvas γ1 = {z ∈ C : |z| = 1} e γ2 = {z ∈ C : |z + 2πi| = 1}, percorridas


uma vez no sentido directo. Calcule o valor dos integrais

g(z)dz,
γk

para cada uma das seguintes funções complexas:

3
1 z − 2i
(i) g(z) = , (ii) g(z) = z 2 sen (z −1 ) , (iii) g(z) = .
ez −1 z4 − 4iz 3 − 4z 2
Resolução:
(i) A função
1
g(z) ≡
ez − 1
é analı́tica em C \ {z : ez − 1 = 0}, ou seja tem singularidades nos pontos z = 2kπi para
k ∈ Z. Note-se que
|2kπi| < 1 ⇔ k = 0
pelo que �
g(z) dz = 2πiRes(g, 0)
γ1

Para calcular o referido resı́duo, note-se que


1
g(z) = z2 3
z+ 2
+ z3! + ...

o que implica que


1
lim zg(z) = lim z 2 =1
z→0 z→0 1+ 2
+ z3! + ...
concluindo-se que 0 é um polo simples e que Res(g, 0) = 1. Então

g(z) dz = 2πi
γ1

Por outro lado


|2kπi + 2πi| < 1 ⇔ k = −1
pelo que �
g(z) dz = 2πiRes(g, −2πi)
γ2

Para calcular o resı́duo, note-se que


z + 2πi w
lim (z + 2πi)g(z) = lim z
= lim w−2πi =1
z→−2πi z→−2πi e −1 w→0 e −1
concluindo-se que −2πi é um polo simples e que Res(g, −2πi) = 1. Então

g(z) dz = 2πi
γ2

(ii) A função
1
g(z) ≡ z 2 sen
z
4
é analı́tica em C \ {0}, ou seja tem uma singularidade em z = 0. Assim:

g(z) dz = 2πiRes(f, 0)
γ1

Para calcular o referido resı́duo




2 (−1)n 1 1
g(z) = z 2n+1
=z− + − ...
n=0
(2n + 1)!z 3!z 5!z 3

pelo que 0 é uma singularidade essencial e Res(g, 0) = − 16 . Então



πi
g(z) dz = −
γ1 3

Por outro lado, dado que |0+2πi| > 1, g é analı́tica na região interior a γ2 , e pelo Teorema
de Cauchy �
g(z) dz = 0
γ2

(iii) A função
z − 2i z − 2i 1
g(z) ≡ = 2 2 = 2
z4 3
− 4iz − 4z 2 z (z − 4iz − 4) z (z − 2i)

é analı́tica em C \ {0, 2i}. No interior de γ1 temos apenas a singularidade z = 0, pelo que



g(z) dz = 2πiRes(f, 0)
γ1

Para calcular o referido resı́duo, note-se que


1 1
lim z 2 g(z) = lim = − �= 0,
z→0 z→0 z − 2i 2i
pelo que 0 é um polo de ordem 2, e
d 2 d 1 1
Res(g, 0) = lim (z g(z)) = lim =
z→0 dz z→0 dz z − 2i 4
Então �
πi
g(z) dz =
γ1 2
Por outro lado, como g é analı́tica na região interior a γ2 , o Teorema de Cauchy mostra
que �
g(z) dz = 0
γ2

5
4. Calcule o seguinte integral
� � �
z2 1
+ z 2 sen dz,
C sen (πz) (z − 1)2
onde C é a elipse |z − 1| + |z + 1| = 3, percorrida uma vez no sentido positivo.
Resolução:
Por linearidade
� � � � �
z2 2 1 z2 1
+ z sen 2 dz = dz + z 2 sen dz
C sen (πz) (z − 1) C sen (πz) C (z − 1)2
Relativamente ao primeiro integral, verifica-se que a função
z2
f (z) ≡
sen (πz)
é analı́tica em C \ {z : sen (πz) = 0}, isto é, f tem singularidades nos pontos zk = k
para k ∈ Z. Assim, as singularidades de f no interior de C são 0, ±1. Pelo Teorema dos
Resı́duos � � �
f (z) dz = 2πi Res(f, 0) + Res(f, 1) + Res(f, −1)
C
Atendendo a que
z 1
lim f (z) = lim · lim z = · 0
z→0 z→0 sen (πz) z→0 π
conclui-se que z0 = 0 é uma singularidade removı́vel e consequentemente Res(f, 0) = 0.
Por outro lado
w(w + 1)2 w 1
lim (z − 1)f (z) = lim = lim =−
z→1 w→0 sen (π(w + 1)) w→0 −sen (πw) π
1
pelo que z1 = 1 é um polo simples e Res(f, 1) = − . De forma análoga se mostra que
π
z−1 = −1 é um polo simples e Res(f, −1) = − π1 . Então

1 1
f (z) dz = 2πi(0 − − ) = −4i
C π π
Relativamente ao segundo integral, verifica-se que a função
1
g(z) ≡ z 2 sen
(z − 1)2
é analı́tica em C \ {1}. Dado que 1 ∈ int C, pelo Teorema dos Resı́duos

g(z) dz = 2πiRes(g, 1)
C

6
Mais uma vez utilizando o desenvolvimento em potências de z − 1 da função seno, tem-se
para z �= 1

(−1)n � �2n+1
�∞
2 1 2 1
g(z) = z sen = (z − 1 + 1)
(z − 1)2 n=0
(2n + 1)! (z − 1)2
� �� 1 1 1 �
2
= (z − 1) + 2(z − 1) + 1 − + − ...
(z − 1)2 3!(z − 1)6 5!(z − 1)10
2 1 1
= 1+ + 2
− − ...
z − 1 (z − 1) 3!(z − 1)4

donde se conclui que 1 é uma singularidade essencial, e pela série Res(g, 1) = 2, pelo que

g(z) dz = 4πi
C

Finalmente � � �
z2 1
+ z 2 sen dz = −4i + 4πi
C sen (πz) (z − 1)2
5. Recorrendo ao Teorema dos Resı́duos, mediante a escolha de um contorno de integração
adequado, estabeleça os seguintes resultados:
� 2π �
dθ 2
(a) 2

0 2 + sen θ 3
� 2π
cos2 3θ 3π
(b) dθ =
0 5 − 4 cos 2θ 8
� 2π � 2π
cos2 (3θ) 1 1 + ei6θ
Sugestão: mostre que dθ = Re dθ
0 5 − 4 cos(2θ) 2 0 5 − 4 cos(2θ)
� +∞ √
1 (3 − 3)π
(c) 2 2
dx =
−∞ (x + 1)(x + 3) 6
� ∞
dx 2
(d) 6
= π
−∞ x + 1 3
� +∞
xsen x π
(e) 2
dx =
−∞ (x + 1) e
Resolução:

7
(a) Efectuando a mudança de varável z = eiθ , θ ∈ [0, 2π], obtemos
� 2π
1
I ≡ dθ
0 2 + sen 2 θ

1 dz
= � �2
|z|=1 2 + z−z −1 iz
2i

z
= 4i 4 2
dz
|z|=1 z − 10z + 1

A função
z
f (z) ≡ 4
z − 10z 2 + 1
� √ � √ � √ � √
é analı́tica em C \ { 5 + 2 6, − 5 + 2 6, 5 − 2 6, − 5 − 2 6}, e é óbvio que
�� � �� �
� √ � � √ �
� 5 + 2 6� > 1 � �
� � , � 5 − 6� < 1

pelo que, utilizando o Teorema dos Resı́duos


� � �
√ √ �
I = 4i 2πi(Res(f, 5 − 2 6) + Res(f, − 5 − 2 6))

Dado que todas as singularidades são polos simples de f ,


� � √
√ z(z − 5 − 2 6) 1
Res(f, 5 − 2 6) = √ lim √ � √ � √ √ =− √
z→ 5−2 6 (z − 5 − 2 6)(z + 5 − 2 6)(z 2 − (5 + 2 6)) 8 6

e da mesma forma se calcula



√ 1
Res(f, − 5 − 2 6) = − √
8 6
Conclui-se então que �
2π 2
I= √ =π
6 3
como se queria mostrar.
(b) Atendendo a que
1 + cos(2α)
cos2 α = , ∀α ∈ R
2
tem-se que, para θ ∈ R
1 1 1
cos2 (3θ) = (1 + cos(6θ)) = Re(1 + cos(6θ) + isen (6θ)) = Re(1 + e6iθ )
2 2 2
8
e está demonstrada a sugestão. Começemos então por calcular
� 2π
1 + e6iθ
I ≡ dθ
0 5 − 4 cos(2θ)
� 2π
1 + e6iθ
= 2iθ −2iθ dθ
0 5 − 4( e +e 2
)

1 + z6 dz
= 2 −2
|z|=1 5 − 2(z + z ) iz

i z(z 6 + 1)
= dz
2 |z|=1 (z 2 − 2)(z 2 − 12 )
√ �
A função integranda é tem singularidades em ± 2 e ± 12 , pelo que é óbvio que
� � �
i� 1 1
I= 2πi(Res(f, ) + Res(f, − ))
2 2 2
Atendendo a que todas as singularidades de f são polos simples, tem-se que
� �
1 1 z(z 6 + 1) 3
Res(f, ) = lim
√ (z − )f (z) = lim
√ � =−
2 z→ 12 2 z→ 12 (z 2 − 2)(z + 1
) 8
2

Analogamente �
1 3
Res(f, − )=−
2 8
pelo que
i 6 6π
I= 2πi (− ) =
2 8 8
Finalmente � � 2π

cos2 3θ 1 1 + ei6θ 3π
dθ = Re dθ =
0 5 − 4 cos 2θ 2 0 5 − 4 cos(2θ) 8
(c) Considere-se a função complexa de variável complexa
1
f (z) =
(z 2 + 1)(z 2 + 3)

e para R > 3, a curva

CR = IR ∪ ΓR ≡ {z = x : x ∈ [−R, R]} ∪ {z = Reiθ : θ ∈ [0, π]}

Pelo Teorema dos Resı́duos


� � √ �
f (z) dz = 2πi Res(f, i) + Res(f, 3i
CR

9
Dado que as singularidades são polos simples de f
1 1
Res(f, i) = lim(z − i)f (z) = lim 2
=
z→i z→i (z + i)(z + 3) 4i
e
√ √ 1 1
√ (z −
Res(f, 3i) = lim 3i)f (z) = lim
√ √ =− √
z→ 3i z→ 3i (z + 2
3i)(z + 1) 4 3i
Então � � � √
1 1 π(3 − 3)
f (z) dz = 2πi − √ =
CR 4i 4 3i 6
Por outro lado � � �
f (z) dz = f (z) dz + f (z) dz
CR IR ΓR
ou seja √ � R � π
π(3 − 3)
= f (x) dx + f (Reiθ )Rieiθ dθ
6 −R 0
e fazendo R → ∞, obtemos
√ � ∞ � π
π(3 − 3) 1
= 2 + 1)(x2 + 3)
dx + lim f (Reiθ )Rieiθ dθ
6 −∞ (x R→∞ 0

Atendendo a que
�� π � � π
R πR
� iθ iθ �
� f (Re )Rie dθ� ≤ dθ = →0
0 0 (R2 − 1)(R2 − 3) (R2 − 1)(R2 − 3)
quando R → ∞, conclui-se que
� π
lim f (Reiθ )Rieiθ dθ = 0
R→∞ 0

e como tal � √

1 π(3 − 3)
2 2
dx =
−∞ (x + 1)(x + 3) 6
como se queria mostrar.
(d) Um modo de obter o resultado é imitar a resolução de (c). Uma outra, que poupará
algumas contas é como se segue.
Considere-se a função complexa de variável complexa
1
f (z) =
z6 + 1
e para R > 1, a curva
π π
CR = IR ∪ ΓR ∪ I π3 ≡ {z = x : x ∈ [0, R]} ∪ {z = Reiθ : θ ∈ [0, ]} ∪ {z = xei 3 : x ∈ [R, 0]}
3
10
Atendendo a que as singularidades de f são as raı́zes sextas de −1, é fácil de verificar,

que a única singularidade no interior de CR é precisamente e 6 (recordar a definição
geométrica das raı́zes de ı́ndice n). É tambem fácil de intuir que todas as singularidades
são polos simples, pelo que
−5iπ
iπ 1 e 6 iπ
Res(f, e ) = limiπ (z − e )f (z) = limiπ 5 =
6 6

z→e 6 z→e 6 6z 6
e assim � −5iπ
iπ e 6
f (z) dz = 2πiRes(f, e ) = πi 6

CR 3
Por outro lado
� � � �
f (z) dz = f (z) dz + f (z) dz + f (z) dz
CR IR ΓR Iπ y
3

ou seja
−5iπ � � �
e 6
πi = f (z) dz + f (z) dz + f (z) dz
3 IR ΓR Iπ y
3

Utilizando as parametrizações que definem cada uma das curvas obtemos


� � R
f (z) dz = f (x) dx
IR 0

e
� � 0
π π
f (z) dz = f (xei 3 )ei 3 dx
Iπ R
3
� R
i π3 1
= −e π dx
0 (xei 3 )6 +1
� R
i π3 1
= −e dx
0 x6 +1
Então −5iπ � � π �
R R
e 6 3
iθ iθ i π3 1
πi = f (x) dx + f (Re )iRe dθ − e dx
3 0 0 0 x6 +1
e fazendo R → ∞, obtem-se
−5iπ � ∞ � π � ∞
e 6 3
iθ iθ i π3 1
πi = f (x) dx + lim f (Re )iRe dθ − e dx
3 0 R→∞ 0 0 x6 + 1
Como na alı́nea anterior é fácil de mostrar que
� π
3
lim f (Reiθ )iReiθ dθ = 0
R→∞ 0

11
tendo-se finalmente que
� ∞ −5iπ
i π3 1 e 6
(1 − e ) 6
dx = πi
0 x +1 3
ou seja
� ∞ −5iπ
1 πi e 6 π
6
dx = i π =
0 x +1 3 1−e 3 3
Finalmente, pela simetria da função integranda
� ∞
1 2π
6
dx =
−∞ x + 1 3
como se queria mostrar.
(e) Considere-se a função complexa de variável complexa

zeiz
f (z) = dz
z2 + 1
e para R > 1, a curva

CR = IR ∪ ΓR ≡ {z = x : x ∈ [−R, R]} ∪ {z = Reiθ : θ ∈ [0, π]}

Pelo Teorema dos Resı́duos



f (z) dz = 2πiRes(f, i)
CR

Dado que as singularidades são polos simples de f


zeiz 1
Res(f, i) = lim(z − i)f (z) = lim =
z→i z→i (z + i) 2e
Então �
πi
f (z) dz =
CR e
Por outro lado � � �
f (z) dz = f (z) dz + f (z) dz
CR IR ΓR

ou seja � �
R π
πi
= f (x) dx + f (Reiθ )Rieiθ dθ
e −R 0

e fazendo R → ∞, obtemos
� ∞ � π
πi xeix
= 2+1
dx + lim f (Reiθ )Rieiθ dθ
e −∞ x R→∞ 0

12
� �
� �
Dado que � z2z+1 � → 0 quando R → ∞, estamos nas condições de utilizar o Lema de Jordan
e concluir � π
lim f (Reiθ )Rieiθ dθ = 0
R→∞ 0
e como tal � ∞
xeix πi
dx =
−∞ x2 + 1 e
Pela fórmula de Euler
� ∞ � ∞
πi x cos x xsen x
= dx + i dx
e −∞ x2 + 1 −∞ x2 + 1
permitindo concluir que � ∞
xsen x π
2
dx =
−∞ x +1 e
como se queria mostrar.
6. Seja f (z) uma função analı́tica no conjunto A = C − {z1 , . . . , zn }. Observe que a função
F (z) = z12 f ( z1 ) possui uma singularidade isolada em z = 0. Define-se o resı́duo de f em
∞ por:
Res(f, ∞) = −Res(F, 0).
Mostre que se γ ⊂ A é uma curva simples, fechada, percorrida no sentido directo, que
contém os pontos {z1 , . . . , zn } no seu interior, então:

f (z) dz = −2πi Res(f, ∞).
γ

Resolução:
Observe que γ é homotópica em A a uma circunferência {z ∈ C : |z| = r}, para r
suficientemente grande. Assim, temos:
� �
f (z) dz = f (z) dz
γ |z|=r
� 2π
= f (reit )rieit dt
�0 2π � �
1 1 ie−it
= f 1 −it 1 −2it dt
0 r
e r2
e r
� � � �
1 1
= 2
f dz = F (z) dz.
|z|= r1 z z |z|= r1

Como a funcão f (z) é analı́tica em |z| ≥ r, a única singularidade da função F (z) em


|z| ≤ 1r é z = 0. Pelo Teorema dos Resı́duos concluı́mos que:
� �
f (z) dz = F (z) dz = 2πi Res(F, 0) = −2πi Res(f, ∞).
γ |z|= r1

13
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 6
1. Determine todas as soluções das seguintes equações diferenciais ordinárias lineares
dy
a) + y = 2 + 2x b) ψ � = ψ − t
dx
dy di
c) x + 2y = (x − 2)ex d) − 6i = 10 sen(2t)
dx dt
dy 1 dx
e) = y( − tg t) + t cos t f) (1 + y 2 ) = arctg y − x
dt t dy

2. Determine as soluções dos seguintes problemas de Cauchy

a) xy � = 2y + x3 ex y(1) = 0,
dv 2u 1
b) + 2
v− = 0, v(0) = 1.
du 1 + u 1 + u2
� � �
x + h(t)x − t = 0, 0 se t < 0
c) , com h(t) =
x(−1) = 2 t se t ≥ 0

3. De acordo com a lei de arrefecimento de Newton, a taxa de arrefecimento de uma


substância numa corrente de ar, é proporcional à diferença entre a temperatura da
substância e a do ar. Assumindo que a temperatura do ar é 30o e que a substância
arrefece de 100o para 70o em 15m, determine o tempo que a substância demora a atingir
a temperatura de 40o .

4. Determine todas as soluções das seguintes equações diferenciais ordinárias


2
a) x� = t2 −1
, |t| =
� 1.
dy
b) x3 + (y + 1)2 dx =0

c) ϕ� = eϕ−t .

d) xy + (1 + x2 )y � = 0

e) y � = 1 − x + y 2 − xy 2 .

5. Resolva o problema de Cauchy ϕ(θ)ϕ� (θ) = θ, ϕ(1) = α e determine para que valores de
α é que a solução está definida para todo o θ ∈ R.

6. Considere a equação diferencial separável x� = x sen t+x2 sen t. Determine a solução desta
equação que satisfaz a condição inicial x( π2 ) = −2, e determine o seu intervalo máximo
de existência.
Análise Matemática IV 2

7. Considere a equação diferencial

ẏ = f (at + by + c)

em que f : R → R é uma função contı́nua.

a) Mostre que a substituição v = at + by + c, transforma a equação numa equação


separável.
b) Resolva o seguinte problema de valor inicial

ẏ = e2t+y−1 − 2 , y(0) = 1

indicando o intervalo máximo de solução.

8. Considere a equação diferencial


dy
2x + 2xy 5 − y = 0
dx
(a) Determine a solução geral da equação efectuando a mudança de variável v = y −4 .
(b) Determine a solução que verifica y(1) = 1, indicando o seu intervalo máximo de
existência.

9. Determine a solução geral da equação diferencial


dy
x2 cos y = 2x sen y − 1
dx
Sugestão: Efectue a mudança de variável v = sen y
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 6
1. Determine todas as soluções das seguintes equações diferenciais ordinárias lineares
dy
a) + y = 2 + 2x b) ψ � = ψ − t
dx
dy di
c) x + 2y = (x − 2)ex d) − 6i = 10 sen(2t)
dx dt
dy 1 dx
e) = y( − tg t) + t cos t f) (1 + y 2 ) = arctg y − x
dt t dy

Resolução:
(a) Trata-se de uma equação linear em y, admite um factor integrante, µ(x) dado pela
equação
µ�
µ� = µ ⇔ = 1 ⇔ log µ = x ⇔ µ = ex
µ
Multiplicando ambos os membros da equação por µ obtemos

d x
(e y) = (2 + 2x)e ⇔ e y = (2 + 2x)ex dx + c
x x
dx
� �
⇔ y(x) = e−x 2xex + c

⇔ y(x) = 2x + ce−x

em que c ∈ R.
(b) A equação é equivalente a
ψ � − ψ = −t (1)
Esta equação admite um factor integrante, µ(t) dado por

µ�
µ� = −µ ⇔ = −1 ⇔ log µ = −t ⇔ µ = e−t
µ

Multiplicando ambos os membros da equação (1) por µ obtemos


� � �
d −t −t
(e ψ) = −te ⇔ e ψ = − te−t dt + c ⇔ ψ(t) = et te−t + e−t + c
−t
dt
⇔ ψ(t) = t + 1 + cet

em que c ∈ R.
Análise Matemática IV 2

(c) Para x �= 0, a equação pode ser escrita na forma

2 (x − 2) x
y� + y= e (2)
x x
Trata-se de uma equação linear, e admite um factor integrante, µ(x) dado por

2 µ� 2
µ� = µ ⇔ = ⇔ log µ = 2 log x ⇔ µ = x2
x µ x

Multiplicando ambos os membros da equação (2) por µ obtemos



d 2
(x y) = (x − 2x)e ⇔ x y = (x2 − 2x)ex dx + c
2 x 2
dx
1� �
⇔ y(x) = 2 (x2 − 4x + 4)ex + c
x
em que c ∈ R.
(d) Trata-se de uma equação linear em i, admite um factor integrante, µ(t) dado pela
equação
µ�
µ� = −6µ ⇔ = −6 ⇔ log µ = −6t ⇔ µ = e−6t
µ
Multiplicando ambos os membros da equação por µ obtemos

d −6t
(e i) = 10e sen(2t) ⇔ e i = 10e−6t sen(2t) dt + c
−6t −6t
dx
1
⇔ i(t) = ce6t − (cos(2t) + 3 sen(2t))
2

em que c ∈ R.
(e) Para t �= kπ, k ∈ Z, a equação é equivalente a

dy 1
− y( − tg t) = t cos t (3)
dt t
Esta equação admite um factor integrante, µ(t) dado por
1 1
µ� = −( − tg t)µ ⇔ log µ = − log t − log cos t ⇔ µ=
t t cos t
Multiplicando ambos os membros da equação (5) por µ obtemos

d y y
( )=1 ⇔ =t+c
dt t cos t t cos t

⇔ y(t) = t(t + c) cos t

em que c ∈ R.
Análise Matemática IV 3

(f ) A equação é equivalente a
dx x 1
+ 2
= arctg y (4)
dy 1 + y 1 + y2
Esta equação admite um factor integrante, µ(y) dado por
1
µ� = µ ⇔ log µ = arctg y ⇔ µ = earctg y
1 + y2
Multiplicando ambos os membros da equação (5) por µ obtemos
d arctg y 1
(e x) = arctg y earctg y ⇔ earctg y x = arctg y earctg y − earctg y + c
dy 1 + y2

⇔ x(y) = arctg y − 1 + ce− arctg y

em que c ∈ R.

2. Determine as soluções dos seguintes problemas de Cauchy

a) xy � = 2y + x3 ex , y(1) = 0.
dv 2u 1
b) + 2
v− = 0, v(0) = 1.
du 1 + u 1 + u2
� � �
x + h(t)x − t = 0, 0 se t < 0
c) , com h(t) =
x(−1) = 2 t se t ≥ 0

Resolução:
(a) Para x �= 0, a equação é equivalente a
2
y � − y = x2 ex
x
Admite como factor integrante
R 1
− x2 dx
µ(x) = e =
x2
Tem-se então que
d 1 1
( 2 y) = ex ⇔ 2 y = ex + c
dx x x

⇔ y(x) = x2 (ex + c)

Dado que y(1) = 0, teremos

0=e+c ⇔ c = −e

e a solução do PVI é
y(x) = x2 (ex − e)
Análise Matemática IV 4

(b) A equação é equivalente a


dv 2u 1
+ 2
v= (5)
du 1 + u 1 + u2
que admite um factor integrante, µ(t), dado pela equação
2u µ� 2u
µ� = µ ⇔ = ⇔ log µ = log(1 + u2 ) ⇔ µ = 1 + u2
1 + u2 µ 1 + u2
Multiplicando ambos os membros da equação (5) por µ obtemos
d u+c
((1 + u2 )v) = 1 ⇔ (1 + u2 )v = u + c ⇔ v(u) =
du 1 + u2
Dado que v(0) = 1 tem-se
1=c
e a solução do PVI é
u+1
v(u) =
u2 + 1
(c) Começemos por resolver o PVI

x� − t = 0
x(−1) = 2

definida para t < 0. Dado que


t2
x� = t ⇔ x(t) = +c
2
e como x(−1) = 2, tem-se que
1 3
2= +c ⇔ c=
2 2
e a solução é
t2 + 3
x(t) = , t<0
2
Por outro lado, para t > 0, teremos que resolver o PVI
 �
 x + tx − t = 0

 2 �
 x(0) = t + 3 �� = 3
2 t=0 2
onde a condição inicial força a continuidade da soluçs̃o em 0. A equação é equivalente a

x� + tx = t (6)

que admite um factor integrante, µ(t) dado pela equação

µ� t2 t2
µ� = tµ ⇔ =t ⇔ log µ = ⇔ µ=e2
µ 2
Análise Matemática IV 5

Multiplicando ambos os membros da equação (6) por µ obtemos


� 2 � t2 �
d t2 t2 t2 t2
− t2
(e x) = te
2 2 ⇔ e x = te dt + c ⇔ x(t) = e
2 2 e +c
2
dt
t2
⇔ x(t) = 1 + ce− 2 , c∈R

Dado que x(0) = 23 , tem-se


3 1
=1+c ⇔ c=
2 2
e a solução do PVI é
1 t2
x(t) = 1 + e− 2 , t≥0
2
Finalmente a solução pedida é
 2

 2
t +3
se t<0
x(t) =

 1 + 1 e− t22
2
se t≥0

A função x é por construção contı́nua. Para concluir o problema há que verificar que é
continuamente diferenciável. Note-se que
t t2
x� (t) = t se t < 0 e x� (t) = − e− 2 se t > 0
2
e que
t2
� + x(t) − x(0) 1 + 12 e− 2 − 3
2
x (0 ) = lim+ = lim =0
t→0 t t→0 t
e
t2 +3 3
� − x(t) − x(0) 2
− 2
x (0 ) = lim− = lim =0
t→0 t t→0 t
Então 
 t se t<0




� 0 se t=0
x (t) =




 t − t2
−2e 2 se t>0
É agora simples de verificar que x� (t) é uma função contı́nua em R.

3. De acordo com a lei de arrefecimento de Newton, a taxa de arrefecimento de uma


substância numa corrente de ar, é proporcional à diferença entre a temperatura da
substância e a do ar. Assumindo que a temperatura do ar é 30o e que a substância
arrefece de 100o para 70o em 15m, determine o tempo que a substância demora a atingir
a temperatura de 40o .
Resolução:
Sendo T (t) a função que representa temperatura da substância no instante t, temos que

Ṫ = −k(T − 30) , T (0) = 100


Análise Matemática IV 6

em que t é medido em minutos, e k é a constante de proporcionalidade. Trata-se de uma


equação linear não homogenea, de factor integrante
R
−k dt
µ(t) = e = e−kt

Multiplicando todos os termos da equação por µ(t)

d � −kt �
e T = −30ke−kt ⇔ e−kt T = 30e−kt + c ⇔ T (t) = 30 + cekt
dt
Como T (0) = 100, concluimos que

T (t) = 30 + 70ekt

Atendendo tambem a que T (15) = 70, virá

log(4/7)
70 = 30 + 70e15k ⇔ k=
15
Pretende-se determinar o instante em que a temperatura da substância é de 40o , isto é,

15 log(1/7)
T (t) = 40 ⇔ 30 + 70ekt = 40 ⇔ kt = log 1/7 ⇔ t=
log(4/7)

Pelo que a temperatura da substância será 40o ao fim de aproximadamente 52m.

4. Determine todas as soluções das seguintes equações diferenciais ordinárias


2
a) x� = t2 −1
, |t| =
� 1.
dy
b) x3 + (y + 1)2 dx =0

c) ϕ� = eϕ−t .

d) xy + (1 + x2 )y � = 0

e) y � = 1 − x + y 2 − xy 2 .

Resolução:
(a) Dado que o segundo membro não depende de x, a solução é dada por
� �t − 1�
2
x(t) = dt ⇔ x(t) = log +c
t2 − 1 t+1
com c ∈ R.
(b) Trata-se de uma equação separável; como tal, é equivalente à equação

2 dy 3 d� � (y + 1)3 x4
(y + 1) = −x ⇔ (y + 1) dy = −x3 ⇔
2
=− +c
dx dt 3 4

3 3x4
⇔ y(x) = k − −1
4
Análise Matemática IV 7

com k ∈ R.
(c) Trata-se de uma equação separável, como tal, é equivalente a

� ϕ −t −ϕ � −t d� �
ϕ =e e ⇔ e ϕ =e ⇔ e dϕ = e−t ⇔ −e−ϕ = −e−t + C
−ϕ
dt
Resolvendo a equação em ordem a ϕ, obtem-se a solução geral da equação

ϕ(t) = − log(e−t − c)

(d) Para y �= 0, a equação pode ser escrita na forma



y� x d� 1 � x
=− 2
⇔ dy = −
y 1+x dt y 1 + x2
1
⇔ log y = − log(1 + x2 ) + c
2
k
⇔ y(x) = √
1 + x2
Note-se que a função nula, y(x) ≡ 0 é tambem solução da equação diferencial.
(e) A equação pode ser escrita na forma

� 2 y� d� dy �
y = (1 − x)(1 + y ) ⇔ =1−x ⇔ =1−x
1 + y2 dx y2 + 1
x2 x2
⇔ arctg y = x − +c ⇔ y = tg(x − + c)
2 2

5. Resolva o problema de Cauchy ϕ(θ)ϕ� (θ) = θ, ϕ(1) = α. e determine para que valores de
α é que a solução está definida em todo o R.
Resolução:
Trata-se de uma equação diferenciável separável, pelo que

� d� � ϕ2 θ2
ϕϕ = θ ⇔ ϕ dϕ = θ ⇔ = + c ⇔ ϕ2 = θ 2 + c1
dθ 2 2

Para determinar c1 , usaremos o facto de ϕ(1) = α, pelo que


 √
 θ2 + α2 − 1 se α ≥ 0
ϕ(θ) =
 √ 2
− θ + α2 − 1 se α < 0

Pretende-se agora determinar quais os valores de α para os quais o intervalo máximo de


existência de solução do PVI seja R. Note-se que para tal, o domı́nio da função ϕ� terá
que ser R, pelo que
θ 2 + α2 − 1 > 0 , ∀θ ∈ R
o que acontecerá se α2 − 1 > 0 isto é se |α| > 1.
Análise Matemática IV 8

6. Considere a equação diferencial não-linear separável x� = x sen t + x2 sen t. Determine


a solução desta equação que satisfaz a condição inicial x( π2 ) = −2, e determine o seu
intervalo máximo de existência.
Resolução:
A equação pode ser escrita na forma

x� = (x + x2 ) sen t

Para x �= 0 e x �= −1 (podemos excluir estes dois casos visto que x(t) ≡ 0 e x(t) ≡ −1
são soluções constantes da equação que não verificam a condição inicial), tem-se
� �
x� d dx � x x
2
= sen t ⇔ 2
dx = sen t ⇔ log = − cos t+c ⇔ = k e− cos t
x+x dt x +x x+1 x+1

Visto x( π2 ) = −2, temos que k = 2 e a solução do PVI é

2 e− cos t
x(t) =
1 − 2 e− cos t
O domı́nio de diferenciabilidade da função x(t) é

D = {x ∈ R : 1 − 2 e− cos t �= 0} = R \ ∪k∈Z {arccos(log 2) + 2kπ}

Teremos então que o intervalo máximo de solução será o maior intervalo I ⊂ D, tal que
π/2 ∈ I. Conclui-se
I =] arccos(log 2), arccos(log 2) + 2π[

7. Considere a equação diferencial

ẏ = f (at + by + c)

em que f : R → R é uma função contı́nua.

a) Mostre que a substituição v = at + by + c, transforma a equação numa equação


separável.
b) Resolva o seguinte problema de valor inicial

ẏ = e2t+y−1 − 2 , y(0) = 1

indicando o intervalo máximo de solução.

Resolução:
v − at − c
(a) Se v = at + by + c e b �= 0, então y = . Substituindo na equação
b
d � v − at − c � v̇
= f (v) ⇔ v̇ − a = bf (v) ⇔ =1
dt b bf (v) + a

que é obviamente uma equação separável.


Análise Matemática IV 9

(b) Por (a), sendo f (v) = ev − 2,com v = 2t + y − 1, obtem-se



v̇ d� −v

= 1 ⇔ e dv = 1 ⇔ −e−v = t + k ⇔ v(t) = − log(−t − k)
ev dt
Desfazendo a mudança de variável

2t + y − 1 = − log(−t − k) ⇔ y(t) = 1 − 2t − log(−t − k)

Dado que y(0) = 1, obtem-se k = −1 e como tal a solução do PVI é

y(t) = 1 − 2t − log(1 − t)

O domı́nio de diferenciabilidade da função y(t) é

D = {t ∈ R : 1 − t > 0} =] − ∞, 1[

o intervalo máximo de solução será o maior intervalo I ⊂ D, tal que 0 ∈ I. Conclui-se

I =] − ∞, 1[

8. Considere a equação diferencial


dy
2x + 2xy 5 − y = 0
dx
(a) Determine a solução geral da equação efectuando a mudança de variável v = y −4 .
(b) Determine a solução que verifica y(1) = 1, indicando o seu intervalo máximo de
existência.

Resolução:
(a) Seguindo a sugestão, se v = y −4 tem-se y = v −1/4 e substituindo na equação
d � −1/4 � � �5 1
2x v + 2x v −1/4 − v −1/4 = 0 ⇔ −2x v −5/4 v̇ + 2xv −5/4 − v −1/4 = 0
dx 4
Multiplicando ambos os membros por v 5/4 e rearranjando os termos
2
v̇ + v = 4 (7)
x
que é uma equação linear não homogenea. O factor integrante é dado por
R 2
dx
µ(x) = e x = x2

Multiplicando todos os termos da equação (7) por µ(x)


d 2 4x3 4x c
(x v) = 4x2 ⇔ x2 v = + c ⇔ v(x) = + 2
dx 3 3 x
Finalmente desfazendo a mudança de variável
4x c 1
y −4 (x) = + 2 ⇔ y(x) = ± �
3 x 4 4x
+ c
3 x2
Análise Matemática IV 10

com c ∈ R.
(b) Dado que y(1) = 1, conclui-se que y(x) é positivo e c = −1/3. Como tal a solução
do PVI é dada por �
4 3x2
y(x) =
4x3 − 1
O domı́nio de diferenciabilidade da função y(x) é

3x2 �
D = {x ∈ R : > 0 e 4x 3
− 1 �
= 0} =] 3
1/4, ∞[
4x3 − 1
o intervalo máximo de solução será o maior intervalo I ⊂ D, tal que 1 ∈ I. Conclui-se

I =] 3 1/4, ∞[

9. Determine a solução geral da equação diferencial


dy
x2 cos y = 2x sen y − 1
dx
Sugestão: Efectue a mudança de variável v = sen y
Resolução:
dv dy
Seguindo a sugestão, se v = sen y tem-se dx
= cos y dx e substituindo na equação

dv dv 2 1
x2 = 2xv − 1 ⇔ − v=− 2
dx dx x x
para x �= 0. Trata-se de uma equação linear não homogenea, de factor integrante
R 2 1
µ(x) = e− x
dx
=
x2
pelo que
d 1 1 1 1 1
( 2 v) = − 4 ⇔ 2 v = 3 + c ⇔ v(x) = + cx2
dx x x x 3x 3x
Finalmente desfazendo a mudança de variável
1 1
sen y = + cx2 ⇔ y(x) = arcsen( + cx2 )
3x 3x
com c ∈ R.
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 7

1. Determine a solução da equação diferencial


dy t2 + 3y 2
= , t>0 e y>0
dt 2ty
que verifica a condição inicial y(1) = −1 e indique o intervalo máximo de definição da
solução.
Sugestão: Considere a mudança de varável v = y/t.

2. Determine a solução do problema de Cauchy

3t2 + 4tx + (2x + 2t2 )x� = 0 , x(0) = 1

e esclareça qual é o seu intervalo máximo de existência.


3. Considere a equação diferencial
y � 3 � dy
+ y − log x =0 (1)
x dx
a) Verifique que (1) tem um factor integrante da forma µ = µ(y) e determine-o.
b) Prove que as soluções de (1) são dadas implicitamente por Φ(x, y) = C, onde C é uma
constante arbitrária e
1 1
Φ(x, y) = y 2 + log x
2 y

c) Determine a solução de (1) que satisfaz a condição inicial y(1) = 2.

4. Considere a equação diferencial


dy y
=− 2
dx 4y + 2x
a) Mostre que esta equação tem um factor integrante µ = µ(y).
b) Determine a solução que satisfaz a condição inicial y(1) = 1.
c) Determine o intervalo máximo de existência da solução que calculou na alı́nea anterior.
5. a) Determine em que condições uma equação da forma

M (t, x) + N (t, x)x� = 0

admite um factor integrante que é uma função de t, isto é, da forma µ(t), para
uma certa função real de variável real µ, e escreva uma equação diferencial ordinária
satisfeita por µ.
Análise Matemática IV 2

b) Considere a equação diferencial ordinária


x
− sen(t) + x� = 0 (2)
t
Mostre que a equação não é exacta. Use o resultado da alı́nea (a) para determinar a
solução da equação (2) que satisfaz a condição inicial x(π) = 1. Indique o intervalo
máximo de definição da solução obtida.

6. Considere o problema de valor inicial:


 � �

 2 1 dy
 y + log x + 2y log x = 0
x dx



y(e) = −1

Obtenha explicitamente a solução deste problema e determine o seu intervalo máximo de


definição.

7. Considere a equação diferencial ordinária


� � � � dy
4x2 y + 3xy 2 + 2y 3 + 2x3 + 3x2 y + 4xy 2 =0 (3)
dx
a) Mostre que (3) tem um factor integrante do tipo µ = µ(xy).
b) Mostre que a solução de (3) com condição inicial y(−1) = 1 é dada implicitamente
pela expressão x4 y 2 + x3 y 3 + x2 y 4 = 1.
c) Determine o polinómio de Taylor de segunda ordem, no ponto − 1, da solução dada
implicitamente na alı́nea anterior.
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 7

1. Determine a solução da equação diferencial


dy t2 + 3y 2
= , t>0
dt 2ty
que verifica a condição inicial y(1) = −1 e indique o intervalo máximo de definição da
solução.
Sugestão: Considere a mudança de varável v = y/t.
Resolução:
y
Fazendo v = , ou seja y = tv, obtemos
t
d t2 + 3(tv)2 1 + 3v 2
(tv(t)) = ⇔ v + tv � =
dt 2t(tv) 2v
A equação é separável, e pode ser escrita na forma

2v � 1 d� 2v � 1
v = ⇔ dv = ⇔ log(1 + v 2 ) = log t + c
1 + v2 t dt 1 + v2 t
pelo que
v 2 (t) = kt − 1
Desfazendo a mudança de variável

y 2 (t) = t2 (kt − 1)

e dado que y(1) = −1 < 0, a solução do PVI é



y(t) = − t2 (2t − 1)

Para calcular o intervalo máximo de solução, note-se que, a equação diferencial faz sentido
se t �= 0 e y(t) �= 0. Então, o intervalo máximo de solução, I, será o maior intervalo
verificando

t0 = 1 ∈ I
0 �∈ I
y(t) �= 0 para todo t ∈ I.

Visto
1
y(t) = 0 ⇔ t = 0 ou t =
2
conclui-se que I =] 12 , ∞[.
Análise Matemática IV 2

2. Determine a solução do problema de Cauchy


3t2 + 4tx + (2x + 2t2 )x� = 0 , x(0) = 1
e esclareça qual é o seu intervalo máximo de existência.
Resolução:
Note-se em primeiro lugar que a equação não é linear nem separável. Resta-nos investigar
se será uma equação exacta (ou reduı́vel a exacta). A equação é da forma
dx
M (t, x) + N (t, x) =0
dt
em que
M (t, x) = 3t2 + 4tx , N (t, x) = 2x + 2t2
Dado que ambas as funções são polinomiais, serão de classe C 1 em R2 , e
∂M ∂N
= 4t =
∂x ∂t
concluimos que se trata de uma equação exacta, pelo que existe Φ(t, x) : R2 → R, tal que
∇Φ = (M, N ) e Φ(t, x) = C define implicitamente a solução da equação diferencial. Para
calcular Φ

∂Φ
= 3t + 4tx ⇒ Φ(t, x) = (3t2 + 4tx) dt = t3 + 2t2 x + c(x)
2
∂t
Por outro lado
∂Φ
= N (t, x) ⇒ 2t2 + c� (x) = 2x + 2t2 ⇒ c(x) = x2 + c
∂x
Tem-se então que
Φ(t, x) = t3 + 2t2 x + x2 = C
define implicitamente a solução da equação diferencial. Dado que x(0) = 1, conclui-se
que C = 1, e atendendo a que N (0, 1) = 2 �= 0
t3 + 2t2 x + x2 − 1 = 0
define implicitamente a solução do PVI para t numa vizinhança da condição inicial t0 = 0.
Resolvendo a equação em ordem a x, obtemos a solução explı́cita do PVI

x(t) = −t2 + t4 − t3 + 1
Fazendo o estudo da função
p(t) = t4 − t3 + 1
conclui-se que p tem dois extremos locais em t = 0 e t = 34 . Visto p ser um polinómio de
grau 4 (o que implica lim p(t) = +∞) podemos concluir que um deles é necessáriamente
t→±∞
um mı́nimo absoluto. Fazendo as contas conclui-se que o minimizante é 43 , pelo que
� 3 �4 � 3 �3
t4 − t3 + 1 ≥ − +1>0
4 4
para todo t ∈ R, pelo que o intervalo máximo de solução é R.
Análise Matemática IV 3

3. Considere a equação diferencial


y � 3 � dy
+ y − log x =0 (1)
x dx
a) Verifique que (1) tem um factor integrante da forma µ = µ(y) e determine-o.
b) Prove que as soluções de (1) são dadas implicitamente por Φ(x, y) = C, onde C é uma
constante arbitrária e
1 1
Φ(x, y) = y 2 + log x
2 y

c) Determine a solução de (1) que satisfaz a condição inicial y(1) = 2.

Resolução:
(a) Sendo
y
M (x, y) = , N (x, y) = y 3 − log x
x
é óbvio que
∂M 1 ∂N 1
= �= =−
∂y x ∂x x
pelo que teremos que investigar a existência de um factor integrante. Vamos averiguar se
existirá µ(y) (como sugerido, tal que a equação

y � � dy
µ(y) + µ(y) y 3 − log x =0
x dx
é exacta, isto é verifica
∂ � y� ∂ � � ��
µ(y) = µ(y) y 3 − log x
∂y x ∂x
Efectuando as derivadas
y 1 1
µ� (y) + µ(y) = −µ(y)
x x x
e para x �= 0, y �= 0 obtemos
2
µ� (y) = − µ(y)
y
pelo que, resolvendo a equação
µ(y) = y −2
é um factor integrante da equação.
(b) Por construção, a equação

1 log(x) �
+ (y − )y = 0
xy y2

é exacta, pelo que existe Φ : D ⊂ R2 → R verifcando

1 log(x)
∇Φ(x, y) = ( ,y − )
xy y2
Análise Matemática IV 4

e Φ(x, y) = C define implicitamente a solução da equação diferencial. Para calcular Φ


∂Φ 1 1
= ⇔ Φ(x, y) = log x + c(y)
∂x xy y
e
∂Φ log(x) 1 � log(x) y2
=y− ⇔ − log x + c (y) = y − ⇔ c(y) = +c
∂y y2 y2 y2 2
e finalmente
1 y2
Φ(x, y) = log x + =C
y 2
define implicitamente a solução da equação diferencial como se queria mostrar.
√ √ √
(c) Dado que y(1) = 2, tem-se C = 1, e visto N (1, 2) = 2 2 �= 0, o Teorema da
função Implı́cita garante existência e unicidade de solução do PVI, definida pela equação

1 y2
log x + −1=0
y 2
para x numa vizinhança de x0 = 1.

4. Considere a equação diferencial


dy y
=− 2
dx 4y + 2x
a) Mostre que esta equação tem um factor integrante µ = µ(y).
b) Determine a solução que satisfaz a condição inicial y(1) = 1.
c) Determine o intervalo máximo de existência da solução que calculou na alı́nea anterior.

Resolução:
(a) A equação pode ser escrita na forma
dy
y + (4y 2 + 2x) =0
dx
Fazendo
M (x, y) = y , N (x, y) = 4y 2 + 2x
é óbvio que
∂M ∂N
= 1 �= =2
∂y ∂x
pelo que teremos que investigar a existência de um factor integrante. Vamos averiguar se
existirá µ(y) (como sugerido), tal que a equação
� � dy
µ(y)y + µ(y) 4y 2 + 2x =0
dx
é exacta, isto é verifica
∂ � � ∂ � � 2 ��
µ(y)y = µ(y) 4y + 2x
∂y ∂x
Análise Matemática IV 5

Efectuando as derivadas
µ� (y)y + µ(y) = 2µ(y)
e para y �= 0 obtemos
1
µ� (y) = µ(y)
y
pelo que, resolvendo a equação
µ(y) = y
é um factor integrante da equação.
(b) Por construção, a equação
y 2 + (4y 3 + 2xy)y � = 0
é exacta, pelo que existe Φ : R2 → R verifcando
∇Φ(x, y) = (y 2 , 4y 3 + 2xy)
e Φ(x, y) = C define implicitamente a solução da equação diferencial. Para calcular Φ
∂Φ
= y 2 ⇔ Φ(x, y) = xy 2 + c(y)
∂x
e
∂Φ
= 4y 3 + 2xy ⇔ 2xy + c� (y) = 4y 3 + 2xy ⇔ c(y) = y 4 + c
∂y
e finalmente
Φ(x, y) = xy 2 + y 4 = C
define implicitamente a solução da equação diferencial. Dado que y(1) = 1, tem-se que
C = 2. Por outro lado N (1, 1) = 6 �= 0, o Teorema da Função Implı́cita garante a
existência de solução única do PVI, definida por
xy 2 + y 4 − 2 = 0 (2)
para x numa vizinhança de x0 = 1.
(c) Para calcular o intervalo máximo de solução, note-se que, resolvendo a equação (5)
em ordem a y � √
−x + x2 + 8
y(x) =
2
(onde as escolhas dos ramos das raı́zes foi baseado no facto de a condição inicial y0 = 1 >
0). Dado que √
−x + x2 + 8 > 0 , ∀x ∈ R
tem-se que o intervalo máximo de solução é R.
5. a) Determine em que condições uma equação da forma
M (t, x) + N (t, x)x� = 0
admite um factor integrante que é uma função de t, isto é, da forma µ(t), para
uma certa função real de variável real µ, e escreva uma equação diferencial ordinária
satisfeita por µ.
Análise Matemática IV 6

b) Considere a equação diferencial ordinária


x
− sen(t) + x� = 0 (3)
t
Mostre que a equação não é exacta. Use o resultado da alı́nea (a) para determinar a
solução da equação (3) que satisfaz a condição inicial x(π) = 1. Indique o intervalo
máximo de definição da solução obtida.
Resolução:
(a) A equação
M (t, x) + N (t, x)x� = 0
admite um factor integrante que é função de t, se conseguirmos encontrar uma função
µ(t) tal que a equação
µ(t)M (t, x) + µ(t)N (t, x)x� = 0
é uma equação exacta. Para tal
∂ � � ∂� �
µ(t)M (t, x) = µ(t)N (t, x)
∂x ∂t
Efectuando as derivadas
∂M ∂N
µ(t) = µ(t) + µ� (t)N
∂x ∂t
o que é equivalente a
� ∂M − ∂N �
µ� (t) = ∂x ∂t
µ(t) (4)
N
Dado que por construção, µ é uma função de t, para que exista um factor integrante que
só dependa de t, é necessário que a função
∂M ∂N
∂x
− ∂t
N
não dependa de x. Se tal acontecer, a equação (4) é a equação diferencial verificada por
µ(t).
(b) Considerando que
x
M (t, x) = − sen(t) , N (t, x) = 1
t
é óbvio que
∂M 1 ∂N
= �= =0
∂x t ∂t
Para o nosso caso
∂M
− ∂N
∂x
∂t 1
=
N t
que obviamente não depende de x, pelo que, usando (4) o factor integrante verifica
1
µ� (t) = µ(t) ⇔ µ(t) = t
t
Análise Matemática IV 7

Por construção, a equação


x − t sen t + tx� = 0
é exacta, pelo que existe Φ : R2 → R verifcando

∇Φ(t, x) = (x − t sen t, t)

e Φ(t, x) = C define implicitamente a solução da equação diferencial. Para calcular Φ


∂Φ
= x − t sen t ⇔ Φ(t, x) = xt + t cos t − sen t + c(x)
∂t
e
∂Φ
= t ⇔ t + c� (x) = t ⇔ c(x) = c
∂x
e finalmente
Φ(t, x) = xt + t cos t − sen t = C
define implicitamente a solução da equação diferencial. Dado que x(π) = 1, tem-se que
C = 0. Por outro lado N (π, 1) = 1 �= 0, o Teorema da Função Implı́cita garante a
existência de solução única do PVI, definida por

xt + t cos t − sen t = 0 (5)

para x numa vizinhança de t0 = π. Resolvendo a equação em ordem a x obtem-se


−t cos t + sen t
x(t) =
t
pelo que o intervalo máximo de solução será ]0, ∞[.

6. Considere o problema de valor inicial:


 � �

 2 1 dy
 y + log x + 2y log x = 0
x dx



y(e) = −1

Obtenha explicitamente a solução deste problema e determine o seu intervalo máximo de


definição.
Resolução: Trata-se de uma equação da forma

M (x, y) + N (x, y)y � = 0,


�1 �
com M (x, y) = y 2 x
+ log x e N (x, y) = 2y log x. Temos que

∂M 2y ∂N 2y
= + 2y log x e = ,
∂y x ∂x x
pelo que a equação não é exacta. Multiplicando a equação por um factor integrante
µ = µ(x, y), obtém-se:

µ(x, y)M (x, y) + µ(x, y)N (x, y)y � = 0.


Análise Matemática IV 8

Para que esta equação seja exacta, µ deverá verificar


∂ ∂
(µM ) = (µN ),
∂y ∂x
o que é equivalente a
� � � �
2 1 ∂µ 2y ∂µ 2y
y + log x +µ + 2y log x = 2y log x +µ ,
x ∂y x ∂x x
ou, ainda: � �
2 1 ∂µ ∂µ
y + log x − 2y log x = −2y log xµ (6)
x ∂y ∂x
Parece pois provável a existência de um factor integrante dependente apenas de x. De
facto, admitindo que µ = µ(x), então ∂µ∂y
= 0, ∂µ
∂y
= µ� (x), pelo que a equação (6) reduz-se
a:
µ� = µ.
Podemos então tomar µ(x) = ex . Desta forma, a equação:
� �
x 1 dy
e + log x y 2 + 2yex log x =0
x dx
é exacta, e portanto existe F (x, y) tal que esta mesma equação se pode escrever:
d
F (x, y(x)) = 0.
dx
� � � �
F é então o potencial do campo gradiente ex x1 + log x y 2 , 2yex log x . Assim sendo:
∂F
= 2yex log x.
∂y
Integrando (em ordem a y), obtém-se:
F (x, y) = y 2 ex log x + h(x). (7)
Por outro lado, como
� � � �
∂F 1 � 1
= y 2 ex + log x + h (x) = ex
+ log x y 2 ,
∂x x x
temos h� (x) = 0, pelo que se pode tomar h(x) = 0 em (7). A solução geral da equação
diferencial é então dada implicitamente por:
y 2 ex log x = C, com C ∈ R.
Da condição inicial y(e) = −1, resulta que C = ee .
Como log x =� 0 para x numa vizinhança de e, podemos dividir por ex log x e obter
(escolhendo o sinal de acordo com a condição inicial):
� �
ee ee−x
y(x) = − = − . (8)
ex log x log x
Esta expressão define uma função continuamente diferenciável em ]1, +∞[ e é equivalente
à forma implı́cita da solução, nesse intervalo. De acordo com (8), temos que a solução
explode quando x → 1, pelo que ]1, +∞[ é mesmo o intervalo máximo de solução.
Análise Matemática IV 9

7. Considere a equação diferencial ordinária


� � � � dy
4x2 y + 3xy 2 + 2y 3 + 2x3 + 3x2 y + 4xy 2 =0 (9)
dx
a) Mostre que (9) tem um factor integrante do tipo µ = µ(xy).
b) Mostre que a solução de (9) com condição inicial y(−1) = 1 é dada implicitamente
pela expressão x4 y 2 + x3 y 3 + x2 y 4 = 1.
c) Determine o polinómio de Taylor de segunda ordem, no ponto − 1, da solução dada
implicitamente na alı́nea anterior.

Resolução:
(a) Admitindo que a equação (9) admite um factor integrante do tipo µ = µ(xy), tem-se
que
� � � � dy
µ(xy) 4x2 y + 3xy 2 + 2y 3 + µ(xy) 2x3 + 3x2 y + 4xy 2 =0
dx
é uma equação exacta, pelo que
∂ � � �� ∂ � � ��
µ(xy) 4x2 y + 3xy 2 + 2y 3 = µ(xy) 2x3 + 3x2 y + 4xy 2
∂y ∂x
ou seja
� �
µ� (xy)x 4x2 y + 3xy 2 + 2y 3 + µ(xy)(4x2 + 6xy + 6y 2 ) =
� �
µ� (xy)y 2x3 + 3x2 y + 4xy 2 + µ(xy)(6x2 + 6xy + 4y 2 )

Fazendo v = xy, obtem-se então


1
µ� (v) = µ(v) ⇔ µ(v) = v ⇔ µ(xy) = xy
v
Por construção a equação
� � � � dy
xy 4x2 y + 3xy 2 + 2y 3 + xy 2x3 + 3x2 y + 4xy 2 =0
dx
é exacta, pelo que existe Φ : R2 → R tal que

∇Φ(x, y) = (4x3 y 2 + 3x2 y 3 + 2xy 4 , 2x4 y + 3x3 y 2 + 4x2 y 3 )

e Φ(x, y) = C define implicitamente a solução da equação. Para calcular Φ,


∂Φ
= 4x3 y 2 + 3x2 y 3 + 2xy 4 ⇒ Φ(x, y) = x4 y 2 + x3 y 3 + x2 y 4 + c(y)
∂x
e
∂Φ
= 2x4 y + 3x3 y 2 + 4x2 y 3 ⇒ 2x4 y + 3x3 y 2 + 4x2 y 3 + c� (y) = 2x4 y + 3x3 y 2 + 4x2 y 3
∂y
o que implica c(y) = c. Tem-se então

Φ(x, y) = x4 y 3 + x3 y 3 + x2 y 4 = C
Análise Matemática IV 10

define implicitamente a solução da equação diferencial. Finalmente, visto y(−1) = 1 e


N (−1, 1) = −3 �= 0, o Teorema da Função Implı́cita garante a existência de solução única
de (9) definida por
x4 y 2 + x3 y 3 + x2 y 4 − 1 = 0
para x numa vizinhança de x0 = −1 como se queria mostrar.
(c) O polinómio de Taylor de segunda ordem pedido, será

(x + 1)2
P2 (x) = y(−1) + y � (−1)(x + 1) + y �� (−1)
2

É dado que y(−1) = 1, e atendendo a que

� 4x2 y + 3xy 2 + 2y 3
y (x) = 3
2x + 3x2 y + 4xy 2

para todo (x, y) em R2 que não anule 2x3 + 3x2 y + 4xy 2 , tem-se em particular que

4x2 y + 3xy 2 + 2y 3 ��
y � (−1) = � = −1
2x3 + 3x2 y + 4xy 2 (x,y)=(−1,1)

Finalmente, derivando (10) em ordem a x

(8xy + 4x2 y � + 3y 2 + 6xyy � + 6y 2 y � )(2x3 + 3x2 y + 4xy 2 )


y �� (x) = −
(2x3 + 3x2 y + 4xy 2 )2
(4x2 y + 3xy 2 + 2y 3 )(6x2 + 6xy + 3x2 y � + 4y 2 + 8xyy � )

(2x3 + 3x2 y + 4xy 2 )2

Sabendo que se x = −1, y = 1 e y � = −1, tem-se então

y �� (−1) = −6

e
(x + 1)2
P2 (x) = 1 − (x + 1) − 6 = −2 − 7x − 3x2
2
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

2 de Maio de 2005

Semana 8
1. Para cada uma das seguintes equações diferenciais, esboce o campo de direcções e trace
os respectivos tipos de soluções .
ty
(a) y � = , (b) y � = (2 − y) (y − 1),
1 + t2
y+t
(c) y � = y (1 − y 2 ) , (d) y � = ,
y−t

2. Mostre que existe uma solução de classe C 1 para o problema de valor inicial


 dy �
= 6t 3 y 2
dt
y(0) = 0 ,

diferente da solução y(t) = 0, ∀t ∈ R. Explique porque é que isto não contradiz o teorema

de Picard.

3. Mostre que o problema de valor inicial



 dy
= y 1/2
dt
y(0) = 0 ,

tem infinitas soluções, e explique porque esse facto não contradiz o Teorema de Picard.

4. Considere o seguinte problema de valor inicial



 dy
(1 − t)y = 1 − y2
dt
y(1/2) = 2 ,

1
Análise Matemática IV 2

(i) Determine uma solução do PVI, e justifique que essa é a única solução do problema
definida para t numa vizinhança de 1/2.
(ii) Mostre que o PVI admite um número infinito de soluções definidas em R.
(iii) Diga, justificando, porque não há contradição ao Teorema de Picard.

5. Mostre que o seguinte problema de valor inicial:


 dy 1
 = �
dt
3y 2 + 3 (t + 1)2


y(0) = 1 ,

tem uma única solução y(t), definida para t ∈ [0, +∞[, e calcule lim y(t) .
t→+∞

Sugestão: Não tente resolver a equação diferencial. Considere a função u(t) definida por

 du 1
= 2
dt 3u
u(0) = 1 .

Uma vez determinada a função u(t), mostre que

dy 1
� � ,
dt 2 3 2
3 (u(t)) + (t + 1)

e integre esta relação entre 0 e t.


Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 8

1. Para cada uma das seguintes equações diferenciais, esboce o campo de direcções e trace
os respectivos tipos de soluções .
ty
(a) y ! = , (b) y ! = (2 − y) (y − 1),
1 + t2
y+t
(c) y ! = y (1 − y 2) , (d) y ! = ,
y−t

(e) y ! = sen(y − t) ,

Resolução:
ty
(a) y ! =
1 + t2
3

-3 -2 -1 1 2 3

-1

-2

-3
(b) y ! = (2 − y) (y − 1)
3

-1 1 2 3

-1

(c) y ! = y (1 − y 2 )
2

-2 -1 1 2

-1

-2

y+t
(d) y ! =
y−t

-2 -1 1 2

-1

-2
(e) y ! = sen(y − t)
3

-4 -3 -2 -1 1 2 3

-1

-2

-3

2. Mostre que existe uma solução de classe C 1 para o problema de valor inicial

 dy $
= 6t 3 y 2
dt
y(0) = 0 ,

diferente da solução y(t) = 0, ∀t ∈ R. Explique porque é que isto não contradiz o teorema de
Picard.

Resolução:
Como referido no enunciado, uma das soluções do PVI é a solução constante y(t) ≡ 0. Por
outro lado, se y(t) %= 0, a equação pode ser escrita na forma

−2/3 dy d%
& '
y = 6t ⇔ y −2/3
dy = 6t ⇔ 3y 1/3 = 3t2 + c ⇔ y(t) = (t2 + k)3
dt dt
Esta solução polinomial, logo é diferenciável em R. A condição inicial y(0) = 0 é satisfeita se
tomarmos k = 0, logo outra solução do PVI é

y(t) = t6 .

Para
$ verificar que não há contradição com o Teorema de Picard, note-se que, sendo f (t, y) =
6t y 2, f é contı́nua em R2 e
3

∂f
lim = lim 4ty −1/3 = ∞
y→0 ∂y y→0

pelo que é de esperar que f (t, y) não seja localmente lipschitziana em ordem a y em qualquer
subconjunto compacto de R2 que contenha (t0 , y0) = (0, 0). De facto, se |t| ≤ α e |y| ≤ β,
$ √
3
( y 2/3 − x2/3 (
|f (t, y) − f (t, x)| = |6t 3 y 2 − 6t x2 | = |6t||y 2/3 − x2/3 | = 6|t|( ( |y − x|
( (
y−x
e é fácil de verificar que para y, x numa vizinhança de 0 a função
( y 2/3 − x2/3 (
( (
y−x
( (
não é limitada. Concluimos então que a continuidade de f implica existência de solução do
PVI, mas o facto de não ser localmente lipschitziana em ordem a y numa vizinhança de (0, 0)
não assegura a unicidade de solução do PVI.

3. Mostre que o problema de valor inicial



 dy
= y 1/2
dt
y(0) = 0 ,

tem infinitas soluções, e explique porque esse facto não contradiz o Teorema de Picard.
Resolução:
Começamos por verificar que a solução constante y(t) ≡ 0 é solução do PVI. Por outro lado,
se y(t) %= 0 a equação pode ser escrita na forma

−1/2 dy d%
& ' %t '2
y =1 ⇔ y −1/2 dy = 1 ⇔ 2y 1/2 = t + c ⇔ y(t) = +k
dt dt 2
Visto termos obtido uma função polinomial verifica-se que y é diferenciável em R, e y(0) = 0
implica que outra solução do PVI é
t2
y(t) =
4
Podemos agora utilizar “cortar” e “colar” entre estas duas soluções para criar novas soluções
do PVI. Isto é, para t0 > 0, defina-se

 0
 se t ≤ t0
yt0 (t) =
 ( t − t0
% '2
se t > t0

2 2
Verifica-se que yt0 é diferenciável em R, verifica a equação diferencial (dado que 0 e ( 2t − t20 )2 a
verificam) e yt0 (0) = 0. De igual modo, para cada s0 < 0

 0
 se t ≥ s0
ys0 (t) =
 t − s0
% '2
se t < s0

2 2
é tambem solução do PVI.
Finalmente, o facto de existirem uma infinidade de soluções deve-se a que a função f (t, y) =

y é contı́nua em y ≥ 0, mas não é localmente lipschitziana em ordem a y em qualquer conjunto
compacto de R2 que contenha a origem (0, 0). De facto, temos que:
(√ √ (
( x − y(
|f (t, x) − f (t, y)| = (( ( |x − y|,
x−y (
onde a função (√ √ (
( x − y(
( x − y (,
( (

não +e limitada para x, y num vizinhança qualquer da origem.


4. Considere o seguinte problema de valor inicial

dy
(1 − t)y = 1 − y2

dt
y(1/2) = 2 ,

(i) Determine uma solução do PVI, e justifique que essa é a única solução do problema
definida para t numa vizinhança de 1/2.

(ii) Mostre que o PVI admite um número infinito de soluções definidas em R.

(iii) Diga, justificando, porque não há contradição ao Teorema de Picard.


Resolução:
(i) Começamos por observar que a equação diferencial faz sentido para qualquer t ∈ R e
qualquer y ∈ R. Trata-se de uma equação separável, pelo que para t %= 1 e y 2 %= 1:
y dy 1 d y 1
& % '
= ⇔ dy =
y 2 − 1 dt t−1 dt y2 − 1 t−1
1
⇔ log(y 2 − 1) = log(t − 1) + c
2

⇔ y 2 = k(t − 1)2 + 1

$ $
⇔ y(t) = k(t − 1)2 + 1 ou y(t) = − k(t − 1)2 + 1

Dado que y(1/2) = 2 > 0, a solução do PVI é


$
y(t) = 1 + 12(t − 1)2 (1)

Para mostrar que é a única solução do PVI teremos que verificar que
1 − y2
f (t, y) =
y(1 − t)

verifica as condições do Teorema de Picard em certo conjunto D ⊂ R2 contendo a condição


inicial (t0 , y0 ) = (1/2, 2). O domı́nio de f é D = {(t, y) : y %= 0 e t %= 1} e é óbvio que
(t0 , y0 ) = (1/2, 2) ∈ D. Por outro lado dado que f é uma função racional, em D, f é contı́nua
e
∂f 1 + y2
(t, y) = − 2
∂y y (1 − t)
é tambem contı́nua em D (pelo que f é localmente lipschitziana em relação a y em D). Estamos
então nas condições do Teorema de Picard e concluir que o PVI admite solução única numa
vizinhança de t0 = 1/2. Pela unicidade conclui-se que a solução tem que ser dada por (1).
(ii) Começemos por calcular o intervalo máximo da solução calculada na alı́nea anterior.
Sabemos que I =]α, β[ em que
t0 = 1/2 ∈ I;

quando t → α+ ou (t, y(t)) → ∂D ou |y(t)| → ∞;


quando t → β − ou (t, y(t)) → ∂D ou |y(t)| → ∞.

Visto o domı́nio de diferenciabilidade de y(t) ser R, podemos desde já concluir que y(t) não
explode em tempo finito. Por isso, o único problema que pode surgir é o de (t, y(t)) atingir a
fronteira de D, isto é, quando t = 1 ou y(t) = 0. Mais uma vez, pela expressão de y(t) podemos
concluir que y(t) %= 0 para todo t ∈ R, pelo que o único problema é mesmo t = 1. Tem-se então
que o intervalo máximo de solução única é

I =] − ∞, 1[

e
y(t) → 1 quando t → 1−
Por outro lado, sabemos que $
yk (t) = k(t − 1)2 + 1
é solução da equação diferencial e

yk (1) = 1 , ∀k ≥ 0

Assim, yk (t) é solução do problema

dy

 (1 − t)y
 = 1 − y2
dt

limt→1+ y(t) = 1 ou y(1) = 1

verificando-se que o seu intervalo de definição não é limitado superiormente. Finalmente para
qualquer k ≥ 0, defina-se
  $
 y(t) se t < 1  12(t − 1)2 + 1 se t < 1
Yk (t) = =
 $
yk (t) se t ≥ 1 k(t − 1)2 + 1 se t ≥ 1

é diferenciável em R, verifica a equação diferencial, verifica a condição inicial e está definida


em R. Construimos assim uma infinidade de soluções do PVI definidas em R.
(iii) Como já referimos, o PVI tem solução única, enquanto (t, y(t)) não atinge a fronteira
de D, isto é enquanto t < 1. No entanto quando t = 1 o teorema deixa de ser aplicável pois f
não verifica as suas hipóteses. Numa vizinhança do instante t = 1 deixamos de poder concluir
algo a partir do Teorema de Picard, visto que se escrevermos o nosso problema na forma

 ẏ = f (t, y)

y(1/2) = 2

temos que:
1 − y2
f (t, y) = ,
1−t
e a função não está definida em t = 1.
5. Mostre que o seguinte problema de valor inicial:

dy 1

 =
 *
dt
3y 2 + 3 (t + 1)2

y(0) = 1 ,

tem uma única solução y(t), definida para t ∈ [0, +∞[, e calcule lim y(t) .
t→+∞

Sugestão: Não tente resolver a equação diferencial. Considere a função u(t) definida por

 du 1
= 2
dt 3u
u(0) = 1 .

Uma vez determinada a função u(t), mostre que


dy 1
! $ ,
dt 2
3 (u(t)) + 3
(t + 1)2

e integre esta relação entre 0 e t.

Resolução:
Definindo
1
f (t, y) = *
3 (y(t)) + 3 (t + 1)2
2

o domı́nio de f é
+ * , + ,
D = (t, y) ∈ R : 3 (u(t)) + (t + 1)2 %= 0 = R2 \ (t, y) = (−1, 0)
2
2 3

Começemos por mostrar existência e unicidade de solução local. Verifica-se facilmente que
tanto f como ∂f /∂y são contı́nuas em D e visto (t0 , y0) = (0, 1) ∈ D, o Teorema de Picard
assegura existência de uma solução do PVI y(t), definida para t numa vizinhança, de t0 = 0,
isto é, a solução y(t) existe e é única para t ∈ I =]α, β[. Visto que 0 ∈ I. podemos concluir
que y(t) existe e é única para t ∈ I = [0, β[. Falta mostrar que β = ∞, isto é, que nem (t, y(t))
atingem a fronteira de D para qualquer t > 0, nem |y(t)| → ∞ em tempo finito. Como não
conhecemos a solução do PVI, teremos que usar um teste de comparação.
Por um lado
f (t, y) > 0 , ∀(t, y) ∈ D (2)
Considere-se o PVI -
u̇ = 0
u(0) = 1
A sua única solução é u(t) = 1, e como consequência de (2)

y(t) ≥ 1 , ∀t ∈ R (3)

De (3) podemos concluir que


y(t) %= 0 para todo t ≥ 0, e
y(t) é limtada inferiormente em [0, ∞[.
Temos ainda que mostrar que y(t) “não explode” em [0, ∞[. Visto
y2 ≥ 0 , ∀y ∈ R
podemos escrever que
1
f (t, y) ≤ , ∀t ≥ 0 , y ∈ R (4)
(t + 1)2/3
Considere-se o PVI 
1
 v̇ =


(t + 1)2/3


 v(0) = 1

A sua única solução é v(t) = 3 3 t + 1, e como consequência de (4)

y(t) ≤ 3 3 t + 1 , ∀t ∈ R (5)
Dado que a função v(t) está definida em [0, ∞[ (na verdade em ] − 1, ∞[ mas para a nossa
análise só precisamos de saber o que se passa para t ≥ 0), podemos então afirmar que y(t) “não
explode” no intervalo [0, ∞[. Conclui-se que y(t) está definida para t ∈ [0, ∞[. Finalmente para
concluir algo sobre o seu limite quando t → ∞, temos
lim u(t) ≤ lim y(t) ≤ lim v(t)
t→∞ t→∞ t→∞

ou seja
1 ≤ lim y(t) ≤ ∞
t→∞
Estas desigualdades não nos permitem concluir algo sobre limt→∞ y(t). Para estimarmos este
limite de modo mais preciso, necessitamos de minorar f (t, y) de forma menos grosseira. Para
tal, usando (5), podemos concluir que
1 1
f (t, y) ≥ $ ≥ $ (6)
27 (t + 1)2 + (t + 1)2/3
3
28 (t + 1)2
3

Considere-se o PVI 
1
 ẇ =


28(t + 1)2/3


 w(0) = 1
3

3
A sua única solução é w(t) = t + 1, e como consequência de (6)
28
3√ 3
y(t) ≥ t+1 , ∀t ∈ R (7)
28
Finalmente (usando (5) e (7)), concluimos que
3√ 3

t + 1 ≤ y(t) ≤ 3 3 t + 1 , ∀t ≥ 0
28
logo:
lim y(t) = +∞
t→∞
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

9 de Maio de 2005

Semana 9
1. Seja  
5 −1 0
A= 1 3 0 
0 0 4
 
1
Determine etA e resolva o problema de valor inicial x� = Ax, x(1) =  0 .
0
2. Seja  
2 −2 2
A= 0 0 1 
0 0 1
 
1
Resolva o problema de valor inicial x� = Ax, x(0) =  0 .
0
3. Seja  
2 1 0
A= 0 2 0 
−1 0 3
 
1
Resolva o problema de valor inicial x� = Ax, x(0) =  1 .
1
4. Determine a solução geral do seguinte sistema de equações diferenciais:
� �
x = 14x − 10y + 1
y � = 10x − 2y + 2

Sugestão: Determine primeiro uma solução particular constante.

1
Análise Matemática IV 2

5. Considere a seguinte matriz:  


1 1 0
A= 0 1 0 
0 0 1

(a) Calcule eAt .


(b) Determine a solução do problema de valor inicial

 ẏ = Ay + h(t)

y(1) = (1, 1, 1)T

onde h(t) = (0, 2et , et )T .

6. Considere o seguinte problema de valor inicial


 �
 y = Ay + b(t)
 � �T
y(0) = 0 0 0 0

onde    
−2 0 0 0 0
 3 −2 0 0   2 
A=
 0
 e b(t) =  
0 1 2   0 
0 0 −2 1 0

(i) Determine a solução geral da equação homogénea.


(ii) Sendo y(t) = [y1 (t) y2 (t) y3 (t) y4 (t)]T a solução do problema não homogéneo, deter-
mine y2 (3).

7. (i) Determine a solução do sistema linear


� �
x =x−y
y � = 2x − y

que satisfaz a condição inicial x(0) = y(0) + 1 = 1.


(ii) Considerando agora o sistema
 �
 x =x−y
y � = 2x − y
 �
z = y − (sen t)z

utilize a alı́nea anterior para determinar a solução que verifica a condição inicial
x(0) = y(0) + 1 = z(0) = 1.
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

6 de Junho de 2005

Semana 9
1. Seja  
5 −1 0
A= 1 3 0 
0 0 4
 
1
Determine etA e resolva o problema de valor inicial x� = Ax, x(1) =  0 .
0
Resolução:
Os valores próprios de A são as soluções da equação
� �
det(A − λI) = 0 ⇔ (5 − λ)(3 − λ) + 1 (4 − λ) = 0 ⇔ λ = 4

Para calcular o(s) vector(es) próprio(s) associados, há que determinar v = (a, b, c) ∈ R3
tal que     
1 −1 0 a 0
(A − 4I)v = 0 ⇔  1 −1 0   b = 0  ⇔ a−b=0
 
0 0 0 c 0
Tem-se então que

v = (a, b, c) = (a, a, c) = (a, a, 0) + (0, 0, c) = a(1, 1, 0) + c(0, 0, 1)

donde podemos escolher

v1 = (1, 1, 0) , v2 = (0, 0, 1)

Concluimos que a matriz A não é diagonalizável, mas é semelhante a uma matriz de


Jordan com dois blocos, isto é
A = S J S−1
em que, por exemplo  � � 
4 1
0
J= 0 4 � �

0 4

1
Análise Matemática IV 2

e � �
S= v1 vg v2
em que vg é um vector próprio generalizado. É então solução da equação
    
1 −1 0 a 1
(A − 4I)v = v1 ⇔  1 −1 0   b  =  1  ⇔ a − b = 1
0 0 0 c 0
Tem-se então que
vg = (a, b, c) = (1 + b, b, c) = (1, 0, 0) + (b, b, 0) + (0, 0, c) = (1, 0, 0) + b(1, 1, 0) + c(0, 0, 1)
donde podemos escolher
vg = (1, 0, 0)
Tem-se então que    
1 1 0 0 1 0
S= 1 0 0  e S−1 =  1 −1 0 
0 0 1 0 0 1
Finalmente
   � 4t �   
1 1 0 e te4t 0 1 0
−1 0
etA = etSJS = SetJ S−1 = 1 0 0   0 e4t � 4t �
  1 −1 0 
0 0 1 0 e 0 0 1
ou seja  
t + 1 −t 0
etA = e4t  t 1−t 0 
0 0 1
 
1
Assim sendo, a solução do PVI, x = Ax, x(1) = 0  é dada por
� 
0
     
t −(t − 1) 0 1 t
x(t) = eA(t−1) x(1) = e4(t−1)  t − 1 1 − (t − 1) 0   0  = e4(t−1)  t − 1 
0 0 1 0 0

2. Seja  
2 −2 2
A= 0 0 1 
0 0 1
 
1
Resolva o problema de valor inicial x� = Ax, x(0) =  0 .
0
Resolução:
Visto A ser uma matriz triangular, os seus valores próprios são os elementos da sua
diagonal principal, ou seja
det(A − λI) = 0 ⇔ λ = 2 ou λ = 0 ou λ = 1
Análise Matemática IV 3

Para calcular o vector próprio associado ao valor próprio λ = 2, há que determinar
v = (a, b, c) ∈ R3 \ {(0, 0, 0)} tal que
    
0 −2 2 a 0
(A − 2I)v = 0 ⇔  0 −2 1   b = 0  ⇔ b=c=0
 
0 0 −1 c 0

Tem-se então que


v = (a, b, c) = (a, 0, 0) = a(1, 0, 0)
donde podemos escolher
v1 = (1, 0, 0)
Para calcular o vector próprio associado ao valor próprio λ = 0, há que determinar
v = (a, b, c) ∈ R3 \ {(0, 0, 0)} tal que
    
2 −2 2 a 0
(A − 0I)v = 0 ⇔  0 0 1   b = 0  ⇔ a=b e c=0
 
0 0 1 c 0

Tem-se então que


v = (a, b, c) = (a, a, 0) = a(1, 1, 0)
donde podemos escolher
v2 = (1, 1, 0)
Para calcular o vector próprio associado ao valor próprio λ = 1, há que determinar
v = (a, b, c) ∈ R3 \ {(0, 0, 0)} tal que
    
1 −2 2 a 0
(A − I)v = 0 ⇔  0 −1 1   b = 0  ⇔ b=c e a=0
0 0 0 c 0

Tem-se então que


v = (a, b, c) = (0, b, b) = b(0, 1, 1)
donde podemos escolher
v3 = (0, 1, 1)
Concluimos que a matriz A é diagonalizável, ou seja

A = S D S−1

em que,  
2 0 0
D= 0 0 0 
0 0 1
e  
� � 1 1 0
S= v1 v2 v3 =  0 1 1 
0 0 1
Análise Matemática IV 4

Finalmente
   2t   
1 1 0 e 0 0 1 −1 1
−1
etA = etSDS = SetD S−1 =  0 1 1   0 e0t 0   0 1 −1 
0 0 1 0 0 et 0 0 1

ou seja  
e2t −e2t + 1 e2t − 1
etA =  0 1 et − 1 
0 0 et
 
1
Assim sendo, a solução do PVI, x� = Ax, x(0) =  0  é dada por
0
 2t     2t 
e −e2t + 1 e2t − 1 1 e
x(t) = eA(t−0) x(0) =  0 1 et − 1   0  =  0 
0 0 et 0 0

3. Seja  
2 1 0
A= 0 2 0 
−1 0 3
 
1
Resolva o problema de valor inicial x� = Ax, x(0) =  1 .
1
Resolução:
Os valores próprios de A são as soluções da equação

det(A − λI) = 0 ⇔ (2 − λ)2 (3 − λ) = 0 ⇔ λ = 2 ou λ = 3

Para calcular o vector próprio associado ao valor próprio λ = 2, há que determinar
v = (a, b, c) ∈ R3 \ {(0, 0, 0)} tal que
    
0 1 0 a 0
(A − 2I)v = 0 ⇔  0 0 0   b = 0  ⇔ a=ceb=0
 
−1 0 1 c 0

Tem-se então que


v = (a, b, c) = (a, 0, a) = a(1, 0, 1)
donde podemos escolher
v1 = (1, 0, 1)
Para calcular o vector próprio associado ao valor próprio λ = 3, há que determinar
v = (a, b, c) ∈ R3 \ {(0, 0, 0)} tal que
    
−1 1 0 a 0
(A − 3I)v = 0 ⇔  0 −1 0   b = 0  ⇔ a=b=0
 
−1 0 0 c 0
Análise Matemática IV 5

Tem-se então que


v = (a, b, c) = (0, 0, c) = c(0, 0, 1)
donde podemos escolher
v2 = (0, 0, 1)
Concluimos que a matriz A não é diagonalizável mas é semelhante a uma matriz de
Jordan com 2 blocos (o número de vectores próprios linearmente independentes), ou seja

A = S J S−1

em que, por exemplo,  � � 


2 1
0 
J= 0 2
0 3
e � �
S= v1 v1g v2
onde v1 e v2 são os vectores próprios atrás calculados e v1g é um vector próprio ge-
neralizado correspondente ao valor próprio λ = 2. Para o calcular há que determinar
v = (a, b, c) ∈ R3 \ {(0, 0, 0)} tal que
    
0 1 0 a 1
(A − 2I)v = v1 ⇔  0 0 0   b  =  0  ⇔ c = a + 1 e b = 1
−1 0 1 c 1

Tem-se então que

v = (a, b, c) = (a, 1, a + 1) = a(1, 0, 1) + (0, 1, 1)

donde podemos escolher


v1g = (0, 1, 1)
Tem-se então que
   
1 0 0 1 0 0
S= 0 1 0  , S−1 = 0 1 0 
1 1 1 −1 −1 1

Finalmente
 
e2t te2t 0
tSJS−1
tA
e =e = Se S = 
tJ −1
0 e2t 0 
e2t − e3t (t + 1)e2t − e3t e3t
 
1
Assim sendo, a solução do PVI, x� = Ax, x(0) =  1  é dada por
1
     
e2t te2t 0 1 e2t (t + 1)
x(t) = eA(t−0) x(0) =  0 e2t 0   1 = e2t 
e2t − e3t (t + 1)e2t − e3t e3t 1 2t
(t + 2)e − e 3t
Análise Matemática IV 6

4. Determine a solução geral do seguinte sistema de equações diferenciais:


� �
x = 14x − 10y + 1
y � = 10x − 2y + 2

Sugestão: Determine primeiro uma solução particular constante.


Resolução:
Escrevendo o sistema na forma matricial
� �� � �� � � �
x 14 −10 x 1
= + ≡ AX + C(t) (1)
y 10 −2 y 2

Dado que a equação é linear, uma sua solução será da forma

X = Xh + Xp

em que Xh é a solução geral do problema homogéneo associado X� = AX, e Xp é uma


solução particular da equação X� = AX + C. Seguindo a sugestão, vamos procurar
uma solução particular constante, ou seja, vamos procurar Xp = (c1 , c2 ) que verifique a
equação (1), isto é
� �� � �� � � � �
c1 14 −10 c1 1 14c1 − 10c2 + 1 = 0 1 1
= + ⇔ ⇔ (c1 , c2 ) = (− , − )
c2 10 −2 c2 2 10c1 − 2c2 + 2 = 0 4 4

pelo que Xp = (− 14 , − 14 ). De seguida calcularemos Xh , que como já sabemos envolve o


cálculo da matriz etA . Os valores próprios de A são as soluções da equação

det[A − λI] = 0 ⇔ λ2 − 12λ + 72 = 0 ⇔ λ = 6 ± 6i

Para calcular o vector próprio associado ao valor próprio λ = 6 + 6i, há que determinar
v = (a, b) �= (0, 0) tal que
� �� � � �
8 − 6i −10 a 0 4 − 3i
(A − (6 + 6i)I)v = 0 ⇔ = ⇔ b= a
10 −8 − 6i b 0 5

Tem-se então que


4 − 3i 4 − 3i
v = (a, b) = (a, a) = a(1, )
5 5
donde podemos escolher
4 − 3i
v1 = (1, )
5
e como consequência, o vector próprio associado ao valor próprio λ = 6 − 6i será

4 − 3i 4 + 3i
v2 = (1, ) = (1, )
5 5
Tem-se então, que A é uma matriz diagonalizável, isto é

A = SDS−1
Análise Matemática IV 7

em que � � � �
6 + 6i 0 1 1
D= e S= 4−3i 4+3i
0 6 − 6i 5 5
pelo que � �
−1 i 4 + 3i −5
S =−
6 −4 + 3i 5
Finalmente

etA = SetD S−1


� � � � � �
i 1 1 e(6+6i)t 0 4 + 3i −5
= − 4−3i 4+3i (6−6i)t
6 5 5 0 e −4 + 3i 5
 � � 
6it −6it 6it −6it 6it −6it
ie  5 4(e − e ) + 3i(e + e )
6t

25(−e + e )

= −
30 25(e6it − e−6it ) 5 4(−e6it + e−6it ) + 3i(e6it + e−6it )
� �
e6t 4 sen(6t) + 3 cos(6t) −5 sen(6t)
=
3 5 sen(6t) −4 sen(6t) + 3 cos(6t)

Temos então que


� �� �
tAe6t 4 sen(6t) + 3 cos(6t) −5 sen(6t) k1
Xh = e K =
3 5 sen(6t) −4 sen(6t) + 3 cos(6t) k2

e por fim a solução pedida é


� �� � � �
e6t 4 sen(6t) + 3 cos(6t) −5 sen(6t) k1 1
X = Xh + Xp = − 4
1
3 5 sen(6t) −4 sen(6t) + 3 cos(6t) k2 4

para k1 , k2 ∈ R.

5. Considere a seguinte matriz:  


1 1 0
A= 0 1 0 
0 0 1

(a) Calcule eAt .


Resolução:  t 
e tet 0
eAt =  0 et 0 
0 0 et
(b) Determine a solução do problema de valor inicial

 ẏ = Ay + h(t)

y(1) = (1, 1, 1)T

onde h(t) = (0, 2et , et )T .


Análise Matemática IV 8

Resolução:
A solução geral da equação homogénea é dada por ẏ − Ay = 0
 
a1
At  
y(t) = e a2 .
a3
Para determinar uma solução particular da equação basta determinar soluções par-
ticulares das equações
ẏ1 − y1 − y2 = 0
ẏ2 − y2 = 2et
ẏ3 − y3 = et .
Segue-se que
y2 (t) = Atet e y3 (t) = Btet .
Para determinar A e B tem-se
ẏ2 − y2 = 2et ⇒ Aet + Atet − Atet = 2et ⇒ A=2
e
ẏ3 − y3 = et ⇒ Bet + Btet − Btet = et ⇒ B=1
t
Substituindo y2 = 2te na primeira equação, obtém-se:
ẏ1 − y1 = 2tet
Procedendo como anteriormente, resulta que y1 (t) = t2 et é uma solução da equação
acima. Logo uma solução particular é:
 2 t
te
yP (t) = 2tet  .
tet
Aplicando a condição inicial, obtém-se
   2 t
1 te
y(t) = eA(t−1) 1 − 2e + 2tet  .
1−e tet
Nota: O problema tambem pode ser resolvido usando a fórmula da variação das
constantes.
6. Considere o seguinte problema de valor inicial
 �
 y = Ay + b(t)
 � �T
y(0) = 0 0 0 0
onde    
−2 0 0 0 0
 3 −2 0 0   2 
A=
 0
 e b(t) =  
0 1 2   0 
0 0 −2 1 0
Análise Matemática IV 9

(i) Determine a solução geral da equação homogénea.


(ii) Sendo y(t) = [y1 (t) y2 (t) y3 (t) y4 (t)]T a solução do problema não homogéneo, deter-
mine y2 (3).

Resolução:
(i) Visto a matriz A ser da forma
� � � � � �
A1 0 −2 0 1 2
A= sendo A1 = e A2 =
0 A2 3 −2 −2 1

temos que � �
At eA1 t 0
e =
0 eA2 t
o que facilita bastante os cálculos. Começemos por calcular eA1 t . O valor próprio de A1
é −2 associado aovector próprio v1 = (0, 1) e ao vector próprio generalizado v1g = ( 31 , 0).
Sendo assim � �� �� �
−1 0 13 −2 1 0 1
A1 = SJS =
1 0 0 −2 3 0
e consequentemente
� �� �� � � �
A1 t Jt −1 0 13 e−2t te−2t 0 1 −2t 1 0
e = Se S = =e
1 0 0 e−2t 3 0 3t 1

Vamos agora calcular eA2 t . Os valores próprios de A2 são 1 + 2i e 1 − 2i associados


(respectivamente) aos vectores próprios v1 = (1, i) e v2 = (1, −i). Sendo assim
� �� � � �
−1 1 1 1 + 2i 0 1 i 1
A2 = SDS =
i −i 0 1 − 2i 2i i −1

e consequentemente
� �� �� � � �
A2 t Dt −1 et 1 1 e2it 0 i 1 t cos(2t) sen(2t)
e = Se S = −2it =e
2i i −i 0 e i −1 − sen(2t) cos(2t)

Finalmente
 
� � e−2t 0 0 0
eA1 t 0  3te−2t e−2t 0 0 
eAt = =
 0

0 eA2 t 0 e cos(2t) e sen(2t) 
t t

0 0 −et sen(2t) et cos(2t)

e a solução geral do sistema homogéneo é dada por


 −2t  
� At � e 0 0 0 c1
e 1
0  3te −2t
e−2t
0 0   c2 
y(t) = eAt C = = 0
 
  c3 
0 eA2 t 0 et cos(2t) et sen(2t)
0 0 −et sen(2t) et cos(2t) c4
Análise Matemática IV 10

(ii) Pela fórmula da variação das constantes, a solução do problema de valor inicial dado
será
 
0 � t

At  0 

y(t) = e   + e At
e−As b(s) ds
0 0
0
 −2t   
e 0 0 0 � 0
 3te−2t e−2t 0 0  t  2e2s 
=      ds
0 0 et cos(2t) et sen(2t)  0  0 
0 0 −et sen(2t) et cos(2t) 0
 
0
 1 − e−2t 
=  


0
0

pelo que
y2 (3) = 1 − e−6

7. (i) Determine a solução do sistema linear


� �
x =x−y
y � = 2x − y

que satisfaz a condição inicial x(0) = y(0) + 1 = 1.


(ii) Considerando agora o sistema
 �
 x =x−y
y � = 2x − y
 �
z = y − (sen t)z

utilize a alı́nea anterior para determinar a solução que verifica a condição inicial
x(0) = y(0) + 1 = z(0) = 1.
Resolução:
(i) Escrevendo o sistema na forma matricial
� �
� 1 −1
x = x ≡ Ax
2 −1

Os valores próprios de A são i e −i associados (respectivamente) aos vectores próprios


v1 = (1, 1 − i) e v2 = (1, 1 + i). Sendo assim
� �� �� �
−1 1 1 1 i 0 1 + i −1
A = SDS =
2i 1 − i 1 + i 0 −i −1 + i 1
Análise Matemática IV 11

e consequentemente

eAt = SeDt S−1


� � � it �� �
1 1 1 e 0 1 + i −1
=
2i 1 − i 1 + i 0 e−it −1 + i 1
� �
sen t + cos t − sen t
=
2 sen t − sen t + cos t

pelo que � � � � � �
x(t) At 1 sen t + cos t
=e =
y(t) 0 2 sen t
(ii) Dado que nas duas primeiras equações não há dependência em z podemos concluir
de imediato por (i) que

x(t) = sen t + cos t e y(t) = 2 sen t

Falta então determinar z, ou seja resolver o PVI

z � = 2 sen t − (sen t)z , z(0) = 1

Trata-se de uma equação linear, de factor integrante


R
µ(t) = e sen t dt
= e− cos t

Então, a equação é equivalente a


d � − cos t �
e z = 2 sen te− cos t ⇔ e− cos t z = 2e− cos t + c ⇔ z(t) = 2 + cecos t
dt
Dado que z(0) = 1, conclui-se
z(t) = 2 − ecos t−1
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 10

1. Determine a solução da equação linear:

y (3) − 2y (2) + y � − 2 = b(t)

que verifica as condições iniciais

y(0) = y � (0) = 0 , y (2) (0) = 1

quando:

(i) b(t) = 0, ∀t ∈ R.
(ii) b(t) = t, ∀t ∈ R.
t
(iii) b(t) = e , ∀t ∈ R.

2. Determine a solução da equação diferencial

y �� − 4y � + 3y = (1 + e−x )−1

que verifica as condições iniciais y(0) = y � (0) = 1

3. Considere a equação
y (3) − 4y (2) + 5y � = 0

(i) Determine a sua solução geral.


(ii) Determine para que condições iniciais em t = 0 é que os problemas de valor inicial
correspondentes têm soluções convergentes quando t → ∞.

4. Para que valores de c ∈ R é que a equação

y �� − 2cy � + y = 0

admite uma solução periódica, que não seja identicamente nula?

5. Considere a equação
y (4) + 2y (3) + y (2) = t + cos t (1)

(i) Determine a solução geral da equação homogénea correspondente a (1).


(ii) Determine uma solução particular de (1).
(iii) Determine a solução de (1) que verifica a condição inicial

y(0) = y � (0) = y (2) (0) = y (3) (0) = 0


Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 10

1. Determine a solução da equação linear:

y (3) − 2y (2) + y � − 2 = b(t)

que verifica as condições iniciais

y(0) = y � (0) = 0 , y (2) (0) = 1

quando:

(i) b(t) = 0, ∀t ∈ R.
(ii) b(t) = t, ∀t ∈ R.
(iii) b(t) = et , ∀t ∈ R.

Resolução:
A solução da equação
y (3) − 2y (2) + y � = b(t) + 2

y(t) = yh (t) + yp (t)
em que yh (t) é a solução geral da equação homogénea associada, e yp (t) é uma solução
particular da equação completa.
(i) Sendo b(t) = 0, estamos a resolver a equação

y (3) − 2y (2) + y � = 2

e é óbvio que yp (t) = 2t é uma solução particular da equação. Para determinar a solução
geral da equação homogénea
y (3) − 2y (2) + y � = 0
note-se que a equação caracterı́stica é

λ3 − 2λ2 + λ = 0 ⇔ λ(λ − 1)2 = 0

Então
y1 (t) = e0t , y2 (t) = et , y2 (t) = tet
são 3 soluções linearmente independentes da equação homogénea, pelo que

yh (t) = a + bet + ctet


Análise Matemática IV 2

Finalmente, a solução da equação pedida é

y(t) = yh (t) + yp (t) = a + bet + ctet + 2t

Dado que y(0) = y � (0) = 0 e y �� (0) = 1, concluimos que


 

 a + b = 0 
 a=5

 

 
b+c+2=0 ⇔ b = −5

 


 

 
b + 2c = 1 c=3

pelo que
y(t) = 5 − 5et + 3tet + 2t
(ii) A solução da equação
y (3) − 2y (2) + y � = t + 2 (1)
será
y(t) = yh (t) + yp (t)
em que yh (t) é a solução geral da equação homogénea associada, e yp (t) é uma solução
particular da equação completa. Como calculado em (i)

yh (t) = a + bet + ctet

Para calcular yp , note-se que b(t) = t + 2 = (t + 2)e0t é solução da equação diferencial

y �� = D2 y = 0

Temos então, aplicando Pa (D) = D2 à equação (1)

D2 (D3 − D2 + D)y = D2 (t + 2) ⇔ D3 (D − 1)2 y = 0

Esta equação admite como solução geral (atenda a que as soluções do polinómio carac-
terı́stico são 1 de multiplicidade 2 e 0 de multiplicidade 3)

y(t) = a + bt + ct2 + det + f tet

e conclui-se que bt + ct2 é a candidata a solução particular (dado que a + det + f tet é yh ).
Resta agora calcular as constantes b e c de modo a que yp (t) = bt + ct2 seja solução de
(1). Assim

yp (t) = bt + ct2 , yp� (t) = b + 2ct , yp�� (t) = 2c , yp��� (t) = 0

pelo que
1
yp(3) − 2yp(2) + yp� = t + 2 ⇔ 2ct + b − 4c = t + 2 ⇔ c = eb=4
2
t2
Tem-se então que yp (t) = 4t + 2
, e a solução geral de (1) é

t2
y(t) = a + bet + ctet + 4t +
2
Análise Matemática IV 3

Dado que y(0) = y � (0) = 0 e y �� (0) = 1, concluimos que


 

 a+b=0 
 a=8

 

 
b+c+4=0 ⇔ b = −8

 


 

 
b + 2c + 1 = 1 c=4

pelo que
t2
y(t) = 8 − 8et + 4tet + 4t +
2
(iii) A solução da equação
y (3) − 2y (2) + y � = et + 2 (2)
será
y(t) = yh (t) + yp (t)
em que yh (t) é a solução geral da equação homogénea associada, e yp (t) é uma solução
particular da equação completa. Como calculado em (i)

yh (t) = a + bet + ctet

Para calcular yp , começamos por verificar que como consequência da linearidade da deri-
vada
yp (t) = 2t + zp (t)
em que zp (t) é solução particular da equação

y (3) − 2y (2) + y � = et (3)

Sendo b(t) = et solução da equação diferencial (por estar associada à raı́z do polinómio
caracterı́stico 1 de multiplicidade 1)

y � − y = (D − 1)y = 0

teremos, aplicando PA (D) = D − 1 à equação (3)

(D − 1)D(D − 1)2 y = (D − 1)et ⇔ D(D − 1)3 y = 0

Esta equação admite como solução geral (atenda a que as soluções do polinómio carac-
terı́stico são 0 de multiplicidade 1 e 1 - de multiplicidade 3)

y(t) = a + bet + ctet + dt2 et

e conclui-se que dt2 et é a candidata a solução particular (dado que a + bet + ctet é yh ).
Resta agora calcular a constante d de modo a que zp (t) = dt2 et seja solução de (3). Assim

zp (t) = dt2 et , zp� (t) = d(2t + t2 )et , zp�� (t) = d(2 + 4t + t2 )et , zp��� (t) = d(6 + 6t + t2 )et

pelo que
1
zp(3) − 2zp(2) + zp� = et ⇔ 2d = 1 ⇔ d =
2
Análise Matemática IV 4

t2 et
Tem-se então que zp (t) = 2
, e a solução geral de (2) é

t2 et
y(t) = a + bet + ctet + 2t +
2
Dado que y(0) = y � (0) = 0 e y �� (0) = 1, concluimos
 

 a + b = 0 
 a=4

 

 
b+c+2=0 ⇔ b = −4

 


 

 
b + 2c + 1 = 1 c=2

pelo que
t tt2 et
y(t) = 4 − 4e + 2te + 2t +
2
2. Determine a solução da equação diferencial

y �� − 4y � + 3y = (1 + e−x )−1

que verifica as condições iniciais y(0) = y � (0) = 1


Resolução:
A solução da equação é da forma

y(t) = yh (x) + yp (x)

sendo yh a solução geral da equação homogénea associada e yp uma solução particular da


equação completa. Começemos por calcular yh . O polinómio caracterı́stico associado é

λ2 − 4λ + 3 = 0 ⇔ λ = 1 ou λ = 3

Sendo assim, ex e e3x são duas soluções linearmente independentes da equação homogénea,
pelo que
yh (t) = c1 ex + c2 e3x
Para calcular yp , notamos que teremos forçosamente de utilizar a fórmula da variação das
constantes, dado que
1
h(x) ≡
1 + e−x
não é solução de nenhuma equação diferencial linear de coeficientes constantes. Assim
sendo � � �
� x 3x � x −1 0
yp (x) = e e W (s) 1 ds
1+e−s

em que W (x) é a matriz Wronskiana associada, isto é


� x �
e e3x
W (x) =
ex 3e3x
Análise Matemática IV 5

Assim
� x � �� �
� x 3x
� 1 3e−s −e−s 0
yp (x) = e e 1 ds
2 −e−3s e−3s 1+e−s
� � �
� � x e−s
x 3x 1 − 1+e −s
= e e e−3s ds
2 1+e−s
� �
1 � x 3x � log(1 + e−x )
= e e −2x
2 − e 2 + e−x − log(1 + e−x )
� �
1 x −x ex 2x 3x −x
= e log(1 + e ) − + e − e log(1 + e )
2 2
e2x ex ex − e3x
= − + log(1 + e−x )
2 4 2
e−3s
onde calculámos a primitiva de 1+e−s
fazendo a substituição e−s = t. Finalmente

e2x ex ex − e3x
y(x) = yh (x) + yp (x) = c1 ex + c2 e3x + − + log(1 + e−x )
2 4 2
Dado que y(0) = y � (0) = 1 tem-se que
 
 c1 + c2 = 34  c1 = 1 − 12 log 2

 1 
c1 + 3c2 = 4
+ log 2 c2 = − 14 + 12 log 2

pelo que � �
ex − e3x 1 + e−x e3x e2x 3ex
y(x) = log − + +
2 2 4 2 4
3. Considere a equação
y (3) − 4y (2) + 5y � = 0

(i) Determine a sua solução geral.


(ii) Determine para que condições iniciais em t = 0 é que os problemas de valor inicial
correspondentes têm soluções convergentes quando t → ∞.

(i) O polinómio caracterı́stico associado é

λ3 − 4λ2 + 5λ = λ(λ2 − 4λ + 5) = 0 ⇔ λ = 0 ou λ = 2 ± i

pelo que 1, e2t cos t e e2t sen t são três soluções linearmente independentes da equação.
Como tal a sua solução geral é

y(t) = c1 + c2 e2t cos t + c3 e2t sen t

(ii) Pretende-se determinar α, β e γ de modo a que o problema de valor inicial


� (3)
y − 4y (2) + 5y � = 0
y(0) = α , y � (0) = β , y �� (0) = γ
Análise Matemática IV 6

tenha solução limitada. Observe que a função y(t) possui limite quando t → ∞ sse
c2 = c3 = 0, isto é se é da forma y(t) = c1 . Sendo assim, as condições iniciais requeridas
serão
y(0) = α , y � (0) = 0 , y �� (0) = 0
para α ∈ R.

4. Para que valores de c ∈ R é que a equação

y �� − 2cy � + y = 0

admite uma solução periódica, que não seja identicamente nula?


Resolução: O polinómio caracterı́stico associado é

λ2 − 2cλ + 1 = 0 ⇔ λ = c ± c2 − 1

Há, então, três hipóteses:

• c2 − 1 = 0: Neste caso o polinómio caracterı́stico tem apenas uma raı́z c pelo que a
solução da equação diferencial é

y(t) = c1 ect + c2 tect .

A única solução periódica é a solução nula: c1 = c2 = 0.


• c2 − 1 > 0: Neste caso o polinómio caracterı́stico tem duas raı́zes reais distintas c+
e c− , pelo que a solução da equação diferencial é
+t −
y(t) = c1 ec + c2 ec t .

Mais uma vez, a única solução periódica é a solução nula: c1 = c2 = 0.


• c2 − 1 < 0: √Neste caso o polinómio caracterı́stico tem duas raı́zes complexas conju-
gadas c ± i 1 − c2 , pelo que a solução da equação diferencial é
√ √
y(t) = c1 ect cos(t 1 − c2 ) + c2 ect sen(t 1 − c2 )

Para que esta solução seja periódica teremos de ter c = 0. Assim, este valor é o
único valor de c para o qual a equção admite soluções periódicas não triviais. Neste
caso as soluções são:
y(t) = c1 cos(t) + c2 sen(t)

5. Considere a equação
y (4) + 2y (3) + y (2) = t + cos t (4)

(i) Determine a solução geral da equação homogénea correspondente a (4).


(ii) Determine uma solução particular de (4).
(iii) Determine a solução de (4) que verifica a condição inicial

y(0) = y � (0) = y (2) (0) = y (3) (0) = 0


Análise Matemática IV 7

Resolução:
(i) O polinómio caracterı́stico associado é

λ4 + 2λ3 + λ2 = 0 ⇔ λ2 (λ + 1)2 = 0

pelo que 1, t, e−t e te−t são soluções independentes da equação homogénea, e como tal

yh (t) = c1 + c2 t + c3 e−t + c4 te−t

é a solução pedida.
(ii) Como usualmente a solução de (4) é dada por

y(t) = yh (t) + yp (t) = c1 + c2 t + c3 e−t + c4 te−t + yp (t)

em que yp é uma solução particular de (4). Para utilizar o método dos coeficientes
indeterminados, podemos considerar

yp (t) = z1 (t) + z2 (t)

em que z1 é solução da equação diferencial

y (4) + 2y (3) + y (2) = t (5)

e, z2 é solução da equação diferencial

y (4) + 2y (3) + y (2) = cos t (6)

Começemos por calcular z1 . Visto t ser solução da equação

y �� = D2 y = 0

aplicando Pa (D) = D2 à equação (5)

D4 (D + 1)2 y = D2 t = 0

Esta equação admite como solução geral (atenda a que as soluções do polinómio carac-
terı́stico são 0 de multiplicidade 4 e -1 de multiplicidade 2)

y(t) = a1 + a2 t + a3 t2 + a4 t3 + a5 e−t + a6 te−t

e conclui-se que a3 t2 + a4 t3 é a candidata a solução particular (dado que a1 + a2 t + a5 e−t +


a6 te−t é yh ). Resta agora calcular as constantes a3 e a4 de modo a que z1 (t) = a3 t2 + a4 t3
seja solução de (5). Assim
(iv)
z1 (t) = a3 t2 +a4 t3 , z1� (t) = 2a3 t+3a4 t2 , z1�� (t) = 2a3 +6a4 t , z1��� (t) = 6a4 , z1 (t) = 0

pelo que

(4) (3) (2) a3 = −1
z1 + 2z1 + z1 = t ⇔ 12a4 + 2a3 + 6a4 t = t ⇔
a4 = 16
Análise Matemática IV 8

3
Tem-se então que z1 (t) = −t2 + t6 . Para calcular z2 , note-se que cos t é solução da equação

y �� + y = (D2 + 1)y = 0

aplicando Pa (D) = D2 + 1 à equação (6)

(D2 + 1)D2 (D + 1)2 y = (D2 + 1) cos t = 0

As raizes do polinómio caracterı́stico são 0 (com multiplicidade 2), -1 (com multiplicidade


2) e ±i (simples). Assim, a equação acima admite como solução geral:

y(t) = a1 + a2 t + a3 e−t + a4 te−t + a5 cos t + a6 sen t

e conclui-se que a5 cos t + a6 sen t é a candidata a solução particular (dado que a1 +


a2 t + a3 e−t + a4 te−t é yh ). Resta agora calcular as constantes a5 e a6 de modo a que
z2 (t) = a5 cos t + a6 sen t seja solução de (6). Assim

z2 (t) = a5 cos t + a6 sen t , z2� (t) = −a5 sen t + a6 cos t , z2�� (t) = −a5 cos t − a6 sen t
(iv)
z2��� (t) = a5 sen t − a6 cos t , z2 (t) = z2 (t)

pelo que

(4) (3) (2) a5 = 0
z2 + 2z2 + z2 = t ⇔ −2a6 cos t + 2a5 sen t = cos t ⇔
a6 = − 12

Tem-se então que z2 (t) = − 12 sen t. Finalmente

−t −t 2 t3 1
y(t) = yh (t) + z1 (t) + z2 (t) = c1 + c2 t + c3 e + c4 te − t + − sen t
6 2
(iii) Dado que y(0) = y � (0) = y �� (0) = y ��� (0) = 0 concluimos
 

 c 1 + c 3 = 0 
 c1 = −3

 


 


 

 c2 − c3 + c4 − 12 = 0  c2 = 3


 


 c3 − 2c4 − 2 = 0 
 c3 = 3

 


 

 
−c3 + 3c4 + 32 = 0 c4 = 12

pelo que
1 t3 1
y(t) = −3 + 3t + 3e−t + te−t − t2 + − sen t
2 6 2
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 11

1. Calcule as transformadas de Laplace e as regiões de convergência das funções definidas


em t ≥ 0 pelas expressões seguintes:

(a) f (t) = ch(at) (b) f (t) = t sen(at)

sen(t)
(c) f (t) = eat cos(bt) (d) f (t) = , (t > 0)
t

2. Calcule a inversa da Transformada de Laplace de

(a) (s2 − 1)−2 (b) 6(s4 + 10s2 + 9)−1

s+1 1
(c) (d)
s2 +s−6 (s + 1)4

3. Utilizando a Transformada de Laplace resolva os seguintes problemas de valor inicial:

a) y �� − y � − 6y = 0, y(0) = 1, y � (0) = −1
b) y �� + ω 2 y = cos(2t), ω 2 �= 0, y(0) = 1, y � (0) = 0
c) y �� + 2y � + 2y = h(t), y(0) = 0, y � (0) = 1 sendo

1 se π ≤ t < 2π
h(t) =
0 se 0 ≤ t < π e t ≥ 2π

4. Designa-se por δ a função de Dirac com suporte na origem. Utilizando a transformada


de Laplace resolva os seguintes problemas de valor inicial:

a) y �� + 2y � + 2y = δ(t − π), y(0) = 1, y � (0) = 0


b) y �� + y = δ(t − π) − δ(t − 2π), y(0) = 0, y � (0) = 0
c) y �� + y = δ(t − π) cos t, y(0) = 0, y � (0) = 1
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

Semana 11

1. Calcule as transformadas de Laplace e as regiões de convergência das funções definidas


em t ≥ 0 pelas expressões seguintes:

(a) f (t) = ch(at) (b) f (t) = t sen(at)

sen(t)
(c) f (t) = eat cos(bt) (d) f (t) = , (t > 0)
t
Resolução:
(a) Atendendo a que
eat + e−at
ch(at) =
2
e à linearidade da Transformada de Laplace, tem-se
eat + e−at 1� at −at

L{ch(at)}(s) = L{ }(s) = L{e }(s) + L{e }(s)
2 2
1 � 1 1 � s
= + = 2
2 s−a s+a s − a2
Visto
1
L{eat }(s) = se Re s > a
s−a
e
1
L{e−at }(s) = se Re s > −a
s+a
tem-se que
s
L{ch(at)}(s) = se Re s > |a|
s2 − a2
(b) Atendendo a que para n ∈ N
dn
n
L{f }(s) = (−1)n L{tn f }(s) (1)
ds
tem-se que
d d a 2as
L{t sen(at)}(s) = − L{sen(at)}(s) = − 2 2
= 2
ds ds s + a (s + a2 )2
Visto
s
L{sen(at)}(s) = se Re s > 0
s2 + a2
tem-se
2as
L{t sen(at)}(s) = se Re s > 0
(s2 + a2 )2
Análise Matemática IV 2

(c) Atendendo a que


L{eat f (t)}(s) = L{f }(s − a)
tem-se que
s−a
L{eat cos(bt)}(s) = L{cos(bt)}(s − a) =
(s − a)2 + b2
válido para Re (s − a) > 0, ou seja, Re s > a.
(d) Visto não se conseguir calcular, por primitivação, o integral
� sen t � � ∞
sen t
L (s) = e−st dt
t 0 t
teremos que utilizar uma das propriedades da Transformada de Laplace. Assim sendo,
note-se que
d � � sen t � � � sen t � 1
L (s) = −L t (s) = −L{sen t}(s) = − 2
ds t t s +1
pelo que, integrando em s
� sen t �
L (s) = − arctg s + c
t
Para calcular o valor constante, consideramos a equação anterior no caso especial s = 0:
� ∞
sen t
dt = c
0 t

É conhecido que � ∞
sen t
dt = π
−∞ t
π
pelo que c = e
2 � sen t � π
L (s) = − arctg s +
t 2
2. Calcule a inversa da Transformada de Laplace de
(a) (s2 − 1)−2 (b) 6(s4 + 10s2 + 9)−1

s+1 1
(c) (d)
s2 +s−6 (s + 1)4
Resolução:
(a) Para calcular a inversa da Transformada de Laplace, vamos separar a função em
fracções simples, isto é
1 1 A B C D
= = + + +
(s2 − 1)2 (s − 1)2 (s + 1)2 s − 1 (s − 1)2 s + 1 (s + 1)2
Calculando as constantes, tem-se então que
1 1� 1 1 1 1 �
= − + + +
(s2 − 1)2 4 s − 1 (s − 1)2 s + 1 (s + 1)2
Análise Matemática IV 3

É óbvio que
1 1
= L{et }(s) e = L{e−t }(s)
s−1 s+1
Por outro lado, visto
1 d 1 d
2
=− = − L{et }(s)
(s − 1) ds s − 1 ds
mais uma vez por aplicação da propriedade (1), teremos
1
= L{tet }(s)
(s − 1)2
e de modo análogo se conclui que
1
= L{te−t }(s)
(s + 1)2
Finalmente
1 1 � t t −t −t

= L − e + te + e + te (s)
(s2 − 1)2 4
pelo que � �
−1 1 1� t t −t −t

L (t) = − e + te + e + te
(s2 − 1)2 4
(b) Note-se que
s4 + 10s2 + 9 = 0 ⇔ s2 = −9 ou s2 = −1
pelo que
6 6 As + B Cs + D
= 2 = 2 + 2
s4 2
+ 10s + 9 2
(s + 1)(s + 9) s +1 s +9
Calculando as constantes, tem-se então que
6 3� 1 1 � 3� 1 �
= − = L{sen t}(s) − L{sen 3t}(s)
s4 + 10s2 + 9 4 s2 + 1 s2 + 9 4 3
pelo que � �
6 3 1
L−1 (t) = sen t − sen 3t
s4 + 10s2 + 9 4 4
(c) Mais uma vez separando em frações simples
s+1 s+1 1� 3 2 � 1� 2t −3t

= = + = 3L{e }(s) + 2L{e }(s)
s2 + s − 6 (s − 2)(s + 3) 5 s−2 s+3 5
pelo que � s+1 � 1 2t
L−1 (t) = (3e + 2e−3t )
s2 + s − 6 5
(d) Note-se que
1 1 d� 1 � 1 1 d2 � 1 �
= − = ·
(s + 1)4 3 ds (s + 1)3 3 2 ds2 (s + 1)2
1 d3 � 1 � 1 d3 � −t

= − = − L{e }(s)
6 ds3 s + 1 6 ds3
Análise Matemática IV 4

e por aplicação de (1)


1 1
4
= − · (−1)3 L{t3 e−t }(s)
(s + 1) 6
Então � �
−1 1 1
L 4
(t) = t3 e−t
(s + 1) 6
3. Utilizando a Transformada de Laplace resolva os seguintes problemas de valor inicial:

a) y �� − y � − 6y = 0, y(0) = 1, y � (0) = −1
b) y �� + ω 2 y = cos(2t), ω 2 �= 0, y(0) = 1, y � (0) = 0
c) y �� + 2y � + 2y = h(t), y(0) = 0, y � (0) = 1 sendo

1 se π ≤ t < 2π
h(t) =
0 se 0 ≤ t < π e t ≥ 2π

Resolução:
(a) Para a resolução dos problemas de valor inicial, iremos utilizar a propriedade

L{f � (t)}(s) = −f (0) + sL{f (t)}(s) (2)

que tem como consequência imediata

L{f �� (t)}(s) = −f � (0) − sf (0) + s2 L{f (t)}(s)

Aplicando a Transformada de Laplace a ambos os membros da equação, utilizando (2) e


denotando Y (s) = L{y}(s), obtem-se

−y � (0) − sy(0) + s2 Y (s) − (−y(0) + sY (s)) − 6Y (s) = 0 ⇔ (s2 − s − 6)Y (s) + 2 − s = 0

onde utilizámos o facto de y(0) = −y � (0) = 1. Então


s−2 1� 4 1 � 1� −2t 3t

Y (s) = = + = 4L{e }(s) + L{e }(s)
s2 − s − 6 5 s+2 s−3 5
pelo que a solução do PVI é
1 � −2t 3t

y(t) = 4e + e
5
(b) Aplicando a Transformada de Laplace a ambos os membros da equação, utilizando
(2) e denotando Y (s) = L{y}(s), obtém-se
s s
−y � (0) − sy(0) + s2 Y (s) + ω 2 Y (s) = ⇔ (s 2
+ ω 2
)Y (s) − s =
s2 + 4 s2 + 4
onde utilizámos o facto de y(0) = 1 e y � (0) = 0. Então
s s
Y (s) = + 2 ≡ H1 (s) + H2 (S)
(s2 + 4)(s + ω ) s + ω 2
2 2

Não há dúvida que


H2 (s) = L{cos ωt}(s)
Análise Matemática IV 5

Relativamente a H1 (s), é fundamental notar que o resultado depende do valor de ω.


Se ω 2 �= 4 então, decompondo H1 (s) em fracções simples:
� �
1 s s
H1 (s) = 2 −
ω − 4 s2 + 4 s2 + ω 2

Assim:
� �
1 � � 1
H1 (s) = 2 L{cos 2t}(s) − L{cos ωt}(s) = L (cos 2t − cos ωt) (s)
ω −4 ω2 − 4

Logo, a solução do PVI no caso ω 2 �= 4 (ou seja, ω �= −2 e ω �= 2) é:


1
y(t) = cos ωt + (cos 2t − cos ωt)
ω2 −4

Se ω = −2 ou ω = 2, então:
s 1 d� 1 � 1 d �1 �
H1 (s) = 2 =− =− L{sen 2t}(s)
(s + 4)2 2 ds s2 + 4 2 ds 2

e mais uma vez por aplicação de (1), tem-se


1
H1 (s) = − (−1)1 L{t sen 2t}(s)
4
Finalmente a solução do PVI neste caso é:
1
y(t) = t sen 2t + cos 2t
4
Neste caso ocorre ressonância.
(c) Aplicando a Transformada de Laplace a ambos os membros da equação, utilizando
(2) e denotando Y (s) = L{y}(s), obtem-se
1
−y � (0) − sy(0) + s2 Y (s) + 2(−y(0) + sY (s)) + 2Y (s) = (e−πs − e−2πs )
s
pelo que
1
(s2 + 2s + 2)Y (s) − 1 = (e−πs − e−2πs )
s

onde utilizámos o facto de y(0) = 0 e y (0) = 1. Então

e−πs e−2πs 1
Y (s) = − + ≡ H1 (s) + H2 (S) + H3 (s)
s(s2 + 2s + 2) s(s2 + 2s + 2) s2 + 2s + 2

Para calcular a Transformada de Laplace inversa de H3 (s) poderemos utilizar um dos


dois métodos seguintes:
Análise Matemática IV 6

(i) Note-se que


1
H3 (s) = = H(s + 1)
(s + 1)2 + 1
sendo
1
H(s) = = L{sen t}(s)
s2 + 1
Utilizando a propriedade

L{e−at f (t)} = L{f (t)}(s + a) (3)

podemos concluir

H3 (s) = L{sen t}(s + 1) = L{e−t sen t}(s)

(ii) Atendendo a que

s2 + 2s + 2 = 0 ⇔ s = −1 + i ou s = −1 − i

podemos separar em frações simples


1 A B
= +
s2 + 2s + 2 s − (−1 + i) s − (−1 − i)
1� 1 1 �
= −
2i s − (−1 + i) s − (−1 − i)
1� �
= L{e(−1+i)t }(s) − L{e(−1−i)t }(s)
2i
1
= L{e−t (eit − e−it )}(s)
2i

= L{e−t sen t}(s)

Por outro lado, para calcular as inversas das Transformadas de Laplace de H1 e H2


podemos utilizar a propriedade:

L{H(t − a)f (t − a)}(s) = e−as L{f (t)}(s) (4)

Note-se que
1 1 1 s+1 1
= − −
s(s2 + 2s + 2) 2s 2 (s + 1) + 1 (s + 1)2 + 1
2

1 1
= L{1}(s) − L{e−t cos t}(s) − L{e−t sen t}(s)
2 2
onde utilizámos a propriedade (3). Então:
1 1
H1 (s) = e−πs L{ − e−t cos t − e−t sen t}(s)
2 2
�1 1 �
= L{H(t − π) − e−(t−π) cos(t − π) − e−(t−π) sen(t − π) }(s)
2 2
Análise Matemática IV 7

onde utilzámos a propriedade (4). De igual modo se mostra que


1
H2 (s) = −e−2πs
s(s2 + 2s + 2)
�1 1 s+1 1 �
= −e−2πs − −
2s 2 (s + 1)2 + 1 (s + 1)2 + 1
1 1
= −e−2πs L{ − e−t cos t − e−t sen t}(s)
2 2
�1 1 �
= −L{H(t − 2π) − e−(t−2π) cos(t − 2π) − e−(t−2π) sen(t − 2π) }(s)
2 2
Finalmente a solução do PVI é
�1 1 �
y(t) = H(t − π) + e−(t−π) cos t + e−(t−π) sen t −
2 2
�1 1 �
−H(t − 2π) − e−(t−2π) cos t − e−(t−2π) sen t + e−t sen t
2 2
4. Designa-se por δ a distribuição de Dirac com suporte na origem. Utilizando a transfor-
mada de Laplace, resolva os seguintes problemas de valor inicial:
a) y �� + 2y � + 2y = δ(t − π), y(0) = 1, y � (0) = 0
b) y �� + y = δ(t − π) − δ(t − 2π), y(0) = 0, y � (0) = 0
c) y �� + y = δ(t − π) cos t, y(0) = 0, y � (0) = 1
Resolução:
(a) Aplicando a Transformada de Laplace a ambos os membros da equação, utilizando
(2) e denotando Y (s) = L{y}(s), obtem-se

−y � (0) − sy(0) + s2 Y (s) + 2(−y(0) + sY (s)) + 2Y (s) = L{δ(t − π)}(s)

o que é equivalente a
(s2 + 2s + 2)Y (s) − s − 2 = e−πs
onde utilizámos o facto de y(0) = 1, y � (0) = 0 e

L{δ(t − t0 )}(s) = e−t0 s , t0 > 0

Então
2+s 1
Y (s) = + e−πs 2 ≡ H1 (s) + H2 (S)
s2
+ 2s + 2 s + 2s + 2
Por método análogo ao utilizado na alı́nea (c) do problema 3:
s+1 1
H1 (s) = + = L{e−t cos t + e−t sen t}(s)
s2 + 2s + 2 s2 + 2s + 2
Utilizando a propriedade (4):

H2 (S) = e−πs L{e−t sen t}(s) = L{H(t − π)e−(t−π) sen(t − π)}(s)


= L{−H(t − π)e−(t−π) sen t}(s)
Análise Matemática IV 8

Finalmente a solução do PVI é

y(t) = e−t (cos t + sen t) − H(t − π)e−(t−π) sen t

(b) Aplicando a Transformada de Laplace a ambos os membros da equação, utilizando


(2) e denotando Y (s) = L{y}(s), obtem-se

−y � (0) − sy(0) + s2 Y (s) + Y (s) = L{δ(t − π) − δ(t − 2π)}(s)

o que é equivalente a
(s2 + 1)Y (s) = e−πs − e−2πs
onde utilizámos o facto de y(0) = 0, y � (0) = 0 e

L{δ(t − t0 )}(s) = e−t0 s , t0 > 0

Então
1 1
Y (s) = e−πs − e−2πs
≡ H1 (s) + H2 (S)
s2 + 1 s2 + 1
pelo que, utlizando a propriedade (4)

H1 (s) = e−πs L{sen t}(s) = L{H(t − π) sen(t − π)}(s)

e
H2 (s) = −e−2πs L{sen t}(s) = −L{H(t − 2π) sen(t − 2π)}(s)
Finalmente a solução do PVI é

y(t) = −H(t − π) sen t − H(t − 2π) sen t

(c) Aplicando a Transformada de Laplace a ambos os membros da equação, utilizando


(2) e denotando Y (s) = L{y}(s), obtem-se

−y � (0) − sy(0) + s2 Y (s) + Y (s) = L{δ(t − π) cos t}(s)

o que é equivalente a
(s2 + 1)Y (s) − 1 = −e−πs
onde utilizámos o facto de y(0) = 0, y � (0) = 1 e
� ∞
δ(t − t0 )f (t) dt = f (t0 )
−∞

Então
1 1
Y (s) = − e−πs 2
s2
+1 s +1
= L{sen t}(s) − e−πs L{sen t}(s)
= L{sen t}(s) − L{H(t − π) sen(t − π)}(s)
Finalmente, a solução do PVI é

y(t) = sen t + H(t − π) sen t


Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

12 de Dezembro de 2006

Semana 11

1. Calcule a série de Fourier da função f : [−1, 1] → R definida por



−1 se −1 � x � 0,
f (x) =
+1 se 0 < x � 1.

e indique para que valores converge (pontualmente) a série obtida.

2. Determine a série de Fourier da função g(x) = L − |x|, no intervalo [−L, L]. Utilizando a série
obtida num ponto adequado, aproveite para mostrar que
+∞
1 1 1 π2
∑ (2n − 1)2 = 1 + 32 + 52 + · · · = 8
.
n=1

3. Determine a série de Fourier da função h(x) = x2 , no intervalo x ∈ [−L, L]. Utilizando a série
obtida num ponto adequado, aproveite para mostrar que
+∞
1 1 1 π2
∑ n2 = 1 + 2
+ 2
+ · · · = .
n=1 2 3 6

4. Considere as funções definidas por f (x) = 1 e g(x) = x. Determine:

(a) as séries de Fourier associadas a f e g no intervalo [−1, 1];


(b) as séries de senos associadas a f e g no intervalo [0, 1];
(c) as séries de cosenos associadas a f e g no intervalo [0, 1].

5. Considere a equação de propagação do calor

∂u ∂ 2u
= α2 2 (∗)
∂t ∂x

1
Análise Matemática IV 2

(a) Mostre que as suas soluções estacionárias (isto é, que não dependem do tempo) são da
forma u(x) = Ax + B.
(b) Determine a solução estacionária para o problema correspondente a uma barra situada
entre os pontos x = 0 e x = L, em que se fixam as temperaturas u(0,t) = T1 , u(L,t) = T2 .
(c) Resolva a equação (∗) para 0 � x � 1 e para as condições iniciais e de fronteira
u(0,t) = 20, u(1,t) = 60, u(x, 0) = 75.

6. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação


das ondas 

 ∂ 2u 2 ∂ u , (t ≥ 0, x ∈ [0, 1])
2


 ∂t 2 = c
∂ x2
u(t, 0) = u(t, 1) = 0,



 ∂u
u(0, x) = 0 , (0, x) = 1,
∂t
onde c é um parâmetro real.
7. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação
de Laplace  2

 ∂ u ∂ 2u

 + 2 = 0, (x, y ∈ [0, 1])
 ∂x ∂y
 2
∂u ∂u
(x, 0) = 0, (x, 1) = cos (2πx) ,


 ∂y ∂y

 ∂ u (0, y) = 0,
 ∂u
(1, y) = cos (2πy) .
∂x ∂x

8. Resolva a equação 
 ut = uxx + 2u, (x ∈ [0, π])
ux (0,t) = ux (π,t) = 0

u(x, 0) = sen x.

9. Resolva a equação 
 ut = uxx − tu, (x ∈ [0, 2π])
ux (0,t) = ux (2π,t) = 0

u(x, 0) = x
10. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação
das ondas 

 ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u

 + 2= 2


 ∂ x 2 ∂y ∂t

u(x, 0,t) = x , u(x, 1,t) = x

 u(0, y,t) = 0 , u(1, y,t) = 1





 u(x, y, 0) = x



 ∂u
 (x, y, 0) = cos (2π (x − y)) − cos (2π (x + y))
∂t
para x, y ∈ [0, 1] e t ∈ R.
Análise Matemática IV
Problemas para as Aulas Práticas

12 de Dezembro de 2006

Semana 12
1. Calcule a série de Fourier da função f : [−1, 1] → R definida por

−1 se −1 � x � 0,
f (x) =
+1 se 0 < x � 1.
e indique para que valores converge (pontualmente) a série obtida.
Resolução:
A série de Fourier associada a f será
∞ � �
a0
SF[ f ](x) = + ∑ an cos (nπx) + bn sen (nπx)
2 n=1
em que
� 1 � 1
a0 = f (x)dx = 0 e an = cos (nπx) f (x) dx = 0
−1 −1
dado que f é uma função impar; e
� 1 � 1 �1
2 � 2
bn = sen (nπx) f (x) dx = 2 sen (nπx) dx = − cos (nπx)� = (1 − cos (nπ))
−1 0 nπ 0 nπ
Assim ∞
2
SF[ f ](x) = ∑ nπ (1 − cos (nπ))sen (nπx)
n=1
Visto �
0 se n é par
1 − cos (nπ) = 1 − (−1)n =
2 se n é ı́mpar
podemos escrever


4 f (x) se x ∈] − 1, 0[∪]0, 1[
SF[ f ](x) = ∑ sen ((2n − 1)πx) =
n=1 (2n − 1)π 0 se x = −1, x = 0, x = 1

1
Análise Matemática IV 2

2. Determine a série de Fourier da função g(x) = L − |x|, no intervalo [−L, L]. Utilizando a série
obtida num ponto adequado, aproveite para mostrar que
+∞
1 1 1 π2
∑ (2n − 1)2 = 1 + 32 + 52 + · · · = 8
.
n=1

Resolução:
A função f (x) pode ser escrita na forma

L+x se x ∈ [−L, 0[
f (x) =
L−x se x ∈ [0, L]

A série de Fourier associada a f será


∞ �
a0 nπ nπ �
SF[ f ](x) = + ∑ an cos ( x) + bn sen ( x)
2 n=1 L L
em que � L � L
1 2
a0 = f (x)dx = (L − x) dx = L
L −L L 0
e para n > 1
� L � L
1 2 2L
an = f (x)cos (nπx) dx = f (x)cos (nπx) dx = (1 − cos (nπ))
L −L L 0 n2 π 2
Dado que f é uma função par podemos concluir que
� L
1
bn = sen (nπx) f (x) dx = 0
L −L

Assim ∞
L 2L nπ
SF[ f ](x) = + ∑ 2 2 (1 − cos (nπ))cos x
2 n=1 n π L
Visto �
0 n se n é par
1 − cos (nπ) = 1 − (−1) =
2 se n é ı́mpar
podemos escrever

L2 ∞
4L (2n − 1)π f (x) se x ∈] − L, L[
SF[ f ](x) = +∑ cos x=
4 n=1 (2n − 1) π
2 2 L L
2 se x = −L, x = L

Para calcular o valor da série numérica, usaremos o facto de para x = 0 se ter SF[ f ](0) = f (0),
isto é ∞
L 4L
+∑ =L
2 n=1 (2n − 1)2 π 2
pelo que
4 ∞ 1 1 ∞
1 π2
∑ = ⇒ ∑ =
π 2 n=1 (2n − 1)2 2 n=1 (2n − 1)
2 8
Análise Matemática IV 3

3. Determine a série de Fourier da função h(x) = x2 , no intervalo x ∈ [−L, L]. Utilizando a série
obtida num ponto adequado, aproveite para mostrar que
+∞
1 1 1 π2
∑ n2 = 1 + 22 + 32 + · · · = 6
.
n=1

Resolução:
A série de Fourier associada a h será
∞ �
a0 nπ nπ �
SF[h](x) = + ∑ an cos ( x) + bn sen ( x)
2 n=1 L L
em que
� L � L
1 2 2L2
a0 = h(x)dx = x2 dx =
L −L L 0 3
e para n > 1
� L � L
1 2 4L2
an = h(x)cos (nπx) dx = x2 cos (nπx) dx = cos (nπ)
L −L L 0 n2 π 2
Dado que f é uma função par podemos concluir que
� L
1
bn = sen (nπx)h(x) dx = 0
L −L

Assim

L2 ∞
4L2 nπ h(x) se x ∈] − L, L[
SF[h](x) = + ∑ 2 2 cos (nπ)cos x =
3 n=1 n π L L2 se x = −L, x = L

Para calcular o valor da série numérica, usaremos o facto de para x = L se ter SF[h](L) = L2 ,
isto é
L2 ∞
4L2
+ ∑ 2 2 cos (nπ)cos (nπ) = L2
3 n=1 n π
pelo que
4 ∞ 1 2 ∞
1 π2
∑ = ⇒ ∑ n2 =
π n=1 n
2 2 3 n=1 6

4. Considere as funções definidas por f (x) = 1 e g(x) = x. Determine:

(a) as séries de Fourier associadas a f e g no intervalo [−1, 1];


(b) as séries de senos associadas a f e g no intervalo [0, 1];
(c) as séries de cosenos associadas a f e g no intervalo [0, 1].

Resolução:
(a) A série de Fourier associada a f no intervalo [−1, 1] é:
∞ � �
a0
SF[ f ](x) = + ∑ an cos (nπx) + bn sen (nπx) .
2 n=1
Análise Matemática IV 4

Como f é uma função par, podemos concluir que:


� 1 � 1
a0 = f (x)dx = 2 1 dx = 2
−1 0

e para n > 1
� 1 � 1
2
an = f (x)cos (nπx) dx = 2 1cos (nπx) dx = (sen (nπ) − sen (0)) = 0,
−1 0 nπ
� 1
bn = f (x)sen (nπx) dx = 0.
−1
Assim,
SF[ f ](x) = 1 = f (x).

A série de Fourier associada a g no intervalo [−1, 1] é:


∞ � �
a0
SF[g](x) = + ∑ an cos (nπx) + bn sen (nπx) .
2 n=1

Como g é uma função ı́mpar, podemos concluir que:


� 1
a0 = g(x)dx = 0,
−1

e para n > 1
� 1
an = g(x)cos (nπx) dx = 0,
−1
� 1 � 1
bn = g(x)sen (nπx) dx = 2 x sen (nπx) dx
−1 0
� x �1 � �
� 1 1
= 2 − cos (πnx)� + cos (πnx) dx
nπ 0 nπ 0
2 2
= − cos (πn) = (−1)n+1 .
nπ nπ
Assim,

2
SF[g](x) = ∑ nπ (−1)n+1sen (nπx).
n=1

(b) Para obter a série de senos de um função no intervalo [0, 1] temos de prolongá-la como
funções ı́mpar ao intervalo [−1, 1]. A série de Fourier da função prolongada é a série de senos
procurada.
A série de senos de f em [0, 1] é consequência da extensão ı́mpar ao intervalo [−1, 1], isto é, da
série de Fourier da função

 1 se x ∈ [0, 1]
f˜(x) =

−1 se x ∈ [−1, 0]
Análise Matemática IV 5

pelo que a série procurada é (ver probema 1):




2 1 se x ∈]0, 1[
∑ πn (1 − (−1)n)sen (nπx) = 0 se x = 0 ou x = 1
n=1

A série de senos de g em [0, 1] é consequência da extensão ı́mpar ao intervalo [−1, 1]. Como g
é ı́mpar, o prolongamento coincide com g e a série de senos é a série de Fourier que calculámos
na alı́nea (a):

2
∑ nπ (−1)n+1sen (nπx).
n=1

(c) Para obter a série de cosenos de um função no intervalo [0, 1] temos de prolongá-la como
funções par ao intervalo [−1, 1]. A série de Fourier da função prolongada é a série de cosenos
procurada.
Como f é uma função par, a série de cosenos no intervalo [0, 1] é a série de Fourier que cal-
culámos na alı́nea (a), i.e., a série com um único termo constante 1.
A série de cosenos de g em [0, 1] é consequência da extensão par ao intervalo [−1, 1], isto é, da
série de Fourier da função

 x se x ∈ [0, 1]
g̃(x) =

−x se x ∈ [−1, 0]

Temos, pois, que a série procurada é:



a0
+ ∑ an cos (nπx),
2 n=1

onde � 1 � 1 � 1
a0 = g̃(x) dx = 2 g(x) dx = 2 x dx = 1,
−1 0 0
e para n > 0:
� 1 � 1 � 1
2
an = g̃(x)cos (nπx) dx = 2 g(x)cos (nπx) dx = 2 xcos (nπx) dx = ((−1)n − 1).
−1 0 0 π 2 n2

5. Considere a equação de propagação do calor

∂u ∂ 2u
= α2 2 (∗)
∂t ∂x
(a) Mostre que as suas soluções estacionárias (isto é, que não dependem do tempo) são da
forma u(x) = Ax + B.
(b) Determine a solução estacionária para o problema correspondente a uma barra situada
entre os pontos x = 0 e x = L, em que se fixam as temperaturas u(0,t) = T1 , u(L,t) = T2 .
(c) Resolva a equação (∗) para 0 � x � 1 e para as condições iniciais e de fronteira

u(0,t) = 20, u(1,t) = 60, u(x, 0) = 75.


Análise Matemática IV 6

Resolução: (a) Uma solução é estacionária se e só se ut = 0, pelo que as soluções estacionárias
de (∗) são as funções u = u(x) que satisfazem uxx = 0. É claro, então, que u tem de ser um
polinómio de grau 1 em x: u(x) = Ax + B, onde A e B são constantes.
(b) Com u(x) = Ax + B, temos u(0) = B = T1 e u(L) = AL + B = T2 . Portanto
T2 − B T2 − T1
B = T1 e A= = .
L L
T2 −T1
A solução estacionária pretendida é u(x) = L x + T1 .
(c) Identificamos, em relação às alı́neas anteriores, L = 1, T1 = 20 e T2 = 60. Designando por
w(x,t) a diferença entre a solução estacionária u(x) = 40x + 20 e a solução do problema u(x,t),
ou seja
w(x,t) = u(x,t) − 40x − 20,
vemos que w(x,t) é solução do problema:
∂w ∂ 2w
= α2 2 com w(0,t) = w(1,t) = 0 e w(x, 0) = 55 − 40x.
∂t ∂x
Usando o método da separação de variáveis obtemos
+∞
∑ bne−n π α t sen (nπx) .
2 2 2
w(x,t) =
n=1

Donde
+∞
55 − 40x = ∑ bnsen (nπx) .
n=1
Determinamos os coeficientes desta série de senos da forma habitual, recorrendo a integração
por partes:
� 1
bn = 2 (55 − 40x) sen (nπx) dx
0
� � � 1
cos (nπx) 1 cos (nπx)
= 2 (55 − 40x) −2 (−40) dx
−nπ 0 0 −nπ
� �
cos (nπ) 55
= 2 (55 − 40) −
−nπ −nπ
� �
15 55
= 2 (−1)n+1 +
nπ nπ
10 � �
n+1
= 3 (−1) + 11 .

Então
u(x,t) = 20 + 40x + w(x,t)
10 �
+∞
n+1

= 20 + 40x + ∑ 3 (−1) + 11 exp(−n2 π 2 α 2t)sen (nπx)
n=1 nπ

Note-se que esta solução é C∞ para t > 0, e contı́nua para 0 < x < 1 e t = 0, mas descontı́nua
nos pontos (x,t) = (0, 0) e (x,t) = (1, 0) porque a condição inicial não é compatı́vel com as
condições fronteira.
Análise Matemática IV 7

6. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação


das ondas 

 ∂ 2u ∂ 2u
 ∂t 2 = c ∂ x2 , (t ≥ 0, x ∈ [0, 1])
 2

u(t, 0) = u(t, 1) = 0,



 ∂u
u(0, x) = 0 , (0, x) = 1,
∂t
onde c é um parâmetro real.
Resolução: Recorrendo ao método da separação de variáveis, utilizando as condições fronteira
u(t, 0) = u(t, 1) = 0, obtemos soluções da forma:

(An cos (nπct) + Bn sen (nπct)) sen (nπx),

onde n = 0, 1, 2, . . . Assim, procuramos uma solução da forma:


+∞
u(t, x) = ∑ (Ancos (nπct) + Bnsen (nπct)) sen (nπx).
n=1

Impondo a condição inicial:


+∞
u(0, x) = ∑ Ansen (nπx) = 0,
n=1

concluı́mos que An = 0, para todo o n. Por outro lado, derivando u(t, x) em ordem a t, obtemos:

∂ u +∞
= ∑ nπcBn cos (nπct) sen (nπx) ,
∂t n=1

pelo que a segunda condição inicial fornece:


+∞
∂u
(0, x) = ∑ nπcBn sen (nπx) = 1.
∂t n=1

Precisamos, pois, de expandir a função constante 1, numa série de senos no intervalo [0, 1]. Isto
fornece os coeficientes (ver problema 4):
� 1
cos (nπ) − 1
nπcBn = 2 sen (nπx) dx = ,
0 −nπ
ou seja
2 (1 − (−1)n )
Bn = .
n2 π 2 c
Portanto a solução é
+∞
2 (1 − (−1)n )
u (t, x) = ∑ sen (nπct) sen (nπx) .
n=1 n2 π 2 c
Análise Matemática IV 8

7. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação


de Laplace  2

 ∂ u ∂ 2u

 + 2 = 0, (x, y ∈ [0, 1])
 ∂x ∂y
 2
∂u ∂u
(x, 0) = 0, (x, 1) = cos (2πx) ,


 ∂y ∂y

 ∂ u (0, y) = 0,
 ∂u
(1, y) = cos (2πy) .
∂x ∂x
Resolução: Começamos por observar que basta resolver cada um dos problemas:
 2  2

 ∂ u 1 ∂ 2u
1 
 ∂ u2 ∂ 2 u2

 + = 0 
 + =0
 ∂x ∂ y2  ∂x ∂ y2
 2  2
∂ u1 ∂ u1 ∂ u2 ∂ u2
(x, 0) = 0, (x, 1) = 0, e (x, 0) = 0, (x, 1) = cos (2πx) ,


 ∂ y ∂ y 

 ∂ y ∂ y
 ∂ u1
 ∂ u1  ∂ u2
 ∂ u2
 (0, y) = 0, (1, y) = cos (πy),  (0, y) = 0, (1, y) = 0.
∂x ∂x ∂x ∂x
pois a solução procurada é a soma das soluções de cada um destes problemas:

u(x, y) = u1 (x, y) + u2 (x, y).

∂ u1
Recorrendo ao método da separação de variáveis, e utilizando as condições fronteira (x, 0) =
∂y
∂ u1 ∂ u1
(x, 1) = (0, y) = 0, obtemos soluções para o primeiro sistema da forma:
∂y ∂x

cosh (nπx)cos (nπy), n = 0, 1, 2, . . .

Assim, vemos que a solução do primeiro sistema é da forma

a0 +∞
u1 (x, y) = + ∑ an cosh (nπx)cos (nπy) ,
2 n=1

e de forma semelhante para u2 , já que u2 (x, y) = u1 (y, x).


∂ u1 ∂ u2
Impondo as condições fronteira (1, y) = cos (2πy) e (x, 1) = cos (2πx), obtemos,
∂x ∂y

a0 cosh (2πx)cos (2πy) a0 cosh (2πy)cos (2πx)


u1 (x, y) = + e u2 (x, y) = + .
2 2πsenh (2π) 2 2πsenh (2π)

A solução pretendida é pois

cosh (2πx)cos (2πy) + cosh (2πy)cos (2πx)


u(x, y) = c + ,
2πsenh (2π)

onde c é uma constante arbitrária.


Análise Matemática IV 9

8. Resolva a equação 
 ut = uxx + 2u, (x ∈ [0, π])
ux (0,t) = ux (π,t) = 0,

u(x, 0) = sen x.
Resolução:
Recorrendo ao método da separação de variáveis, e utilizando as condições fronteira ux (0,t) =
ux (π,t) = 0 obtemos soluções da forma:

e(2−n )t cos (nx)


2
(n = 0, 1, 2, . . . ).

Tomando combinações lineares destas soluções chegamos a

a0 e2t +∞
+ ∑ an e(2−n )t cos (nx).
2
u(x,t) =
2 n=1

Para determinar os coeficientes an , impomos que u(x,t) satisfaça a condição inicial, o que
fornce:
a0 +∞
u(x, 0) = + ∑ an cos (nx) = sen x.
2 n=1
Ou seja, os an são os coeficientes do desenvolvimento da função sen x numa série de cosenos
no intervalo [0, π]. Da forma usual, obtemos:
 2 1+(−1)
n

2 π  π 1−n2 se n �= 1
an = sen x cos nx dx =
π 0 
0 se n = 1

Logo a solução procurada é:


� �
+∞2
2e2t 2e−4n t
u (x,t) = 1+ ∑ cos (2nx) .
π n=1 1 − 4n
2

9. Resolva a equação 
 ut = uxx − tu, (x ∈ [0, 2π])
ux (0,t) = ux (2π,t) = 0

u(x, 0) = x

Resolução:
Recorrendo ao método da separação de variáveis, e utilizando as condições fronteira ux (0,t) =
ux (2π,t) = 0, obtemos soluções da forma:
2 2 �n �
− n4 t − t2
e cos x .
2
Formando combinações lineares, concluı́mos que a solução toma a forma:

a0 − t 2 +∞ 2 2 �n �
− n4 t − t2
u(x,t) = e + ∑ an e
2 cos x .
2 n=1 2
Análise Matemática IV 10

Impondo que esta solução verifique a condição inicial


a0 +∞ �n �
u(x, 0) = + ∑ an cos x = x,
2 n=1 2
vemos que os an são os coeficientes da expansão da função f (x) = x numa série de cosenos no
intervalo [0, 2π]. Ou seja, para n = 0:
� 2π
a0 1 (2π)2
= xdx = =π
2 2π 0 4π
e para n �= 0:
� 2π �n �
1 4
an = xcos x dx = 2 ((−1)n − 1) .
π 0 2 πn
Assim, a solução procurada é:
t2 4 +∞ ((−1)n − 1) − n2 +2t t n
u(x,t) = πe− 2 − ∑ e 4 cos ( x)
π n=1 n 2 2
t2 1 +∞ 2 − 4n2 +2t t
= πe− 2 + ∑ n2 e 4 cos (nx).
π n=1

10. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação
das ondas 
∂ u + ∂ u = ∂ u
 2 2 2




 ∂ x2 ∂ y2 ∂t 2

u(x, 0,t) = x , u(x, 1,t) = x

 u(0, y,t) = 0 , u(1, y,t) = 1





 u(x, y, 0) = x



 ∂u
 (x, y, 0) = cos (2π (x − y)) − cos (2π (x + y))
∂t
para x, y ∈ [0, 1] e t ∈ R.

Solução:
Procurando uma solução v que não dependa de t e que satisfaça as condições fronteira, obtemos
v(x, y) = x.
Pelo que se definirmos ω(t, x, y) = u(t, x, y) − x , esta função ω satisfaz as seguintes condições:
 2

 ∂ ω ∂ 2ω ∂ 2ω

 ∂ x2 + =

 ∂ y2 ∂t 2
ω(t, x, 0) = 0 , ω(t, x, 1) = 0


ω(t, 0, y) = 0 , ω(t, 1, y) = 0



ω(0, x, y) = 0.
Usando o método da separação de variáveis para resolver este último problema, chegamos à
seguinte solução formal:
+∞ +∞ �
ω(t, x, y) = ∑ ∑ cm,n sen ( (m2 + n2 )πt) sen (mπx) sen (nπy).
n=1 m=1
Análise Matemática IV 11

Atendendo que cos (2π (x − y)) − cos (2π (x + y)) = 2sen (2πx) sen (2πy) , vem

1 √
u(t, x, y) = x + √ sen ( 8πt) sen (2πx) sen (2πy).
π 2
Análise Matemática IV

Problemas para as Aulas Práticas

Semana 12
∂u ∂2 u
1. Considere a equação de propagação do calor = α2 2 . (∗)
∂t ∂x
(a) Mostre que esta equação possui uma solução estacionária (isto é, que não depende do
tempo) da forma u(x) = Ax + B.
(b) Determine a solução estacionária para o problema correspondente a uma barra situada
entre os pontos x = 0 e x = L, em que se fixam as temperaturas u(0,t) = T1 , u(L,t) = T2 .

 u(0,t) = 20
(c) Resolva a equação (∗) para 0 � x � 1 e para as condições iniciais e de fronteira u(1,t) = 60

u(x, 0) = 75.

2. Seja a função f definida no intervalo (0, π) por f (x) = sin(x).

(a) Determine a série de Fourier de cosenos da função f .


(b) Diga, justificando, qual o valor da soma da série de Fourier da alı́nea anterior para cada x
no intervalo [−π, π].
(c) Resolva a equação 
 ut = uxx + 2u, x ∈ ]0, π[
ux (0,t) = ux (π,t) = 0

u(x, 0) = f (x).

3. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação


das ondas 

 ∂2 u 2
2∂ u


 ∂t 2 = c
∂x2
u(t, 0) = u(t, L) = 0



 ∂u
u(0, x) = 0 , (0, x) = 1
∂t
para t � 0 e para x ∈ [0, 1], (satisfazendo a equação diferencial para x ∈]0, 1[) e onde c é um
parâmetro real.
Análise Matemática IV 2

4. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação


de Laplace 

 ∂2 u ∂2 u
 2 + 2 =0



 ∂x ∂y


 ∂u

 (x, 0) = 0
 ∂y

∂u
 (x, 1) = cos (2πx)

 ∂y

 ∂u

 (0, y) = 0



 ∂x

 ∂u
 (1, y) = cos (2πy)
∂x
para x, y ∈ [0, 1].

5. a) Recorrendo ao método de separação de variáveis, determine as soluções para t � 0 e para


x ∈ [0, π] de 
 ∂u ∂2 u
= 2 −u
∂t ∂x

u(0,t) = u(π,t) = 0
(satisfazendo a equação diferencial para x ∈]0, π[).
b) Determine a solução que satisfaz a condição inicial

u(x, 0) = (π − x)x .

6. Seja f a função definida no intervalo ]0, 2π[ por f (x) = x.

(a) Determine a série de cosenos da função f .


(b) Resolva a equação 
 ut = uxx − tu, x ∈ (0, 2π)
ux (0,t) = ux (2π,t) = 0

u(x, 0) = f (x)

7. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação


das ondas 

 ∂2 u ∂2 u ∂2 u

 + = 2


 ∂x2 ∂y2 ∂t

u(x, 0,t) = x , u(x, 1,t) = x

 u(0, y,t) = 0 , u(1, y,t) = 1





 u(x, y, 0) = x



 ∂u
 (x, y, 0) = cos(2π (x − y)) − cos(2π (x + y))
∂t
para x, y ∈ [0, 1] e t ∈ R.
Análise Matemática IV 1

Análise Matemática IV

Problemas para as Aulas Práticas

Semana 12

1. Considere a equação de propagação do calor

∂u ∂ 2u
= α2 2 (0.1)
∂t ∂x
(a) Mostre que esta equação possui uma solução estacionária (isto é, que não depende do tempo)
da forma u(x) = Ax + B.
(b) Determine a solução estacionária para o problema correspondente a uma barra situada entre
os pontos x = 0 e x = L, em que se fixam as temperaturas u(0,t) = T1 , u(L,t) = T2 .
(c) Resolva a equação (??) para 0 ≤ x ≤ 1 e para as condições iniciais e de fronteira

 u(0,t) = 20
u(1,t) = 60

u(x, 0) = 75.

Resolução:
∂u ∂ 2u ∂u
(a) Definindo u(x) = Ax + B, temos ∂x = A, ∂ x2
=0= ∂t . Pelo que u(x) = Ax + B é uma solução
∂u 2
estacionária de ∂t = α 2 ∂∂ xu2 , quaisquer que sejam as constantes A e B.
(b) Com u(x) = Ax + B, temos u(0) = B = T1 e u(L) = AL + B = T2 . Portanto
T2 − B T2 − T1
B = T1 e A= = .
L L
T2 −T1
A solução estacionária pretendida é u(x) = L x + T1 .
(c) Identificamos, em relação às alı́neas anteriores, L = 1, T1 = 20 e T2 = 60. Designando por
w(x,t) a diferença entre a solução estacionária u(x) = 40x + 20 e a solução do problema u(x,t), ou
seja
w(x,t) = u(x,t) − 40x − 20,
obtemos
∂w ∂ 2w
= α 2 2 com w(0,t) = w(1,t) = 0 e w(x, 0) = 55 − 40x.
∂t ∂x
Usando o método da separação de variáveis obtemos
+∞
∑ bne−n π α t sen (nπx) .
2 2 2
w(x,t) =
n=1
Análise Matemática IV 2

Donde
+∞
55 − 40x = ∑ bn sen (nπx) .
n=1
Determinando os coeficientes desta série de senos vem ( n ∈ N1 ), por integração por partes,
� 1
bn = 2 (55 − 40x) sen (nπx) dx
0
� � � 1
cos (nπx) 1 cos (nπx)
= 2 (55 − 40x) −2 (−40) dx
−nπ 0 0 −nπ
� �
cos (nπ) 55
= 2 (55 − 40) −
−nπ −nπ
� �
15 55
= 2 (−1)n+1 +
nπ nπ
10 � �
= 3 (−1)n+1 + 11 .

Então

u(x,t) = 20 + 40x + w(x,t)

+∞
10 � �
= 20 + 40x + ∑
2 2 2
3 (−1)n+1 + 11 e−n π α t sen (nπx)
n=1 nπ

Note-se que esta solução é C∞ para t > 0, e contı́nua para 0 < x < 1 e t = 0, mas descontı́nua nos
pontos (x,t) = (0, 0) e (x,t) = (1, 0) porque a condição inicial não é compatı́vel com as condições
fronteira.

2. Seja a função f definida no intervalo (0, π) por f (x) = sen(x).

(a) Determine a série de Fourier de cosenos da função f .


(b) Diga, justificando, qual o valor da soma da série de Fourier da alı́nea anterior para cada x no
intervalo [−π, π].
(c) Resolva a equação 
 ut = uxx + 2u, x ∈ ]0, π[
ux (0,t) = ux (π,t) = 0

u(x, 0) = f (x)

Resolução:
(a) A série pretendida é
a0 +∞
+ ∑ an cos (nx)
2 n=1
Análise Matemática IV 3

com

2 π
an = sen(x) cos (nx) dx
π 0

1 π
= (sen ((n + 1) x) − sen ((n − 1) x)) dx
π 0
 � �π
 1 − cos((n+1)x) + cos((n−1)x) se n �= 1
π n+1 n−1
= � �π 0
 1 − cos(2x) se n = 1
π 2 0
� � �
1 − cos((n+1)π)+1 cos((n−1)π)−1
π + se n �= 1
= n+1 n−1
0 se n = 1
� 1 n � 1 1

= π (1 + (−1) ) n+1 − n−1 se n �= 1
0 se n = 1
� n
−2 1+(−1)
se n �= 1
= π n2 −1
0 se n = 1

Portanto
2 2 +∞ 1 + (−1)n
− ∑ cos (nx) ,
π π n=2 n2 − 1
ou ainda � �
+∞
2 2
= 1− ∑ 2 cos (2nx) .
π n=1 4n − 1

(b) Temos que a série de senos calculada é a série de Fourier da função



sen x se x ∈ [0, π]
g (x) = .
sen (−x) se x ∈ [−π, 0]

O prolongamento periódico de g (x) é a função |sen x| que está definida em R, é contı́nua e seccio-
nalmente monótona. Concluı́mos então que
� �
+∞
2 2
1− ∑ 2 cos (2nx) = |sen x|
π n=1 4n − 1

para todo x ∈ R.
(c) Procurando soluções separadas v(x,t) = X (x) T (t) do problema linear homogéneo

vt = vxx + 2v, x ∈ ]0, π[
,
vx (0,t) = vx (π,t) = 0

obtemos
XT � = X �� T + 2XT,
pelo que
T� X ��
λ= −2 =
T X
Análise Matemática IV 4

é constante. Temos então


T � = (2 + λ ) T,
e
X �� = λ X com X � (0) = X � (π) = 0.
Determinando soluções X não triviais deste problema, obtem-se

(a) Se λ = 0, resolvendo X �� = 0, vem X = Ax + B. Donde X � = A. Como X � (0) = X � (π) = 0,


obtemos X = B, ou seja temos as soluções constantes.
√ √ √ � √ √ �
(b) Se λ �= 0, resolvendo X = λ X, vem X = Ae
�� λ x +Be− λ x . Donde X = λ Ae
� λ x − Be λ x .

Como X � (0) = X � (π) = 0, obtemos


√ √
λπ − λπ
A−B = 0 e Ae − Be = 0.

Portanto A √ =Be e2 λ π= 1 (para A �= 0). Concluı́mos que apenas existem soluções não
triviais se 2 λ π = in2π, ou seja

λ = −n2 com n inteiro,

sendo as soluções correspondentes


� �
X = A einx + e−inx
A
= cos (nx) .
2
onde C é uma constante arbitrária.

Obtivemos então a solução e2t (correspondente à solução constante para λ = 0), e as soluções

e(2−n )t cos (nx) .


2

Fazendo combinações lineares destas soluções chegamos a

a0 e2t +∞
+ ∑ an e(2−n )t cos (nx) .
2
u (x,t) =
2 n=1

Finalmente atendendo à condição inicial e às alı́neas anteriores, obtemos a solução


� 2

+∞
2e2t 2e−4n t
u (x,t) = 1− ∑ 2 cos (2nx) .
π n=1 4n − 1

3. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação das
ondas 

 ∂ 2u 2∂ u
2


 ∂t 2 = c
∂ x2
u(t, 0) = u(t, 1) = 0



 ∂u
u(0, x) = 0 , (0, x) = 1
∂t
Análise Matemática IV 5

para t � 0 e para x ∈ [0, 1], (satisfazendo a equação diferencial para x ∈]0, 1[) e onde c é um
parâmetro real.

Resolução (muito sumária):


Pelo método da separação de variáveis vem
+∞
u (t, x) = ∑ (An cos (nπct) + Bn sen (nπct)) sen (nπx) .
n=1

Da condição inicial
+∞
u(0, x) = ∑ An sen (nπx) = 0,
n=1
concluı́mos An = 0 para todo n. Então derivando formalmente u (t, x) em ordem a t vem

∂ u +∞
= ∑ nπcBn cos (nπct) sen (nπx) ,
∂t n=1

pelo que a segunda condição inicial fica


+∞
∑ nπcBn sen (nπx) = 1.
n=1

Então � 1
cos (nπ) − 1
nπcBn = 2 sen (nπx) dx = ,
0 −nπ
ou seja
2 (1 − (−1)n )
Bn = .
n2 π 2 c
Portanto a solução é
+∞
2 (1 − (−1)n )
u (t, x) = ∑ n2π 2c sen (nπct) sen (nπx) .
n=1

4. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação de


Laplace 

 ∂ 2u ∂ 2u
 2 + 2 =0



 ∂x ∂y


 ∂ u

 (x, 0) = 0
∂y

∂u
 (x, 1) = cos (2πx)

 ∂y

 ∂u

 (0, y) = 0



 ∂x

 ∂u
 (1, y) = cos (2πy)
∂x
Análise Matemática IV 6

para x, y ∈ [0, 1].

Resolução (muito sumária):


Vamos dividir o problema na soma de dois mais simples:
 

 ∂ 2 u1 ∂ 2 u1 
 ∂ 2 u2 ∂ 2 u2

 + = 0 
 + =0


 ∂ x 2 ∂ y2 

 ∂ x 2 ∂ y2
 ∂ u1
 
 ∂ u2

 (x, 0) = 0 
 (x, 0) = 0
 
 ∂y
  ∂y

∂ u1 e ∂ u2
 (x, 1) = 0  (x, 1) = cos (2πx)

 ∂y 
 ∂y

 ∂ u1 
 ∂ u2

 (0, y) = 0 
 (0, y) = 0
 


 ∂x 

 ∂x

 ∂u 
 ∂u
 1 (1, y) = cos (2πy)  2 (1, y) = 0.
∂x ∂x
Recorrendo ao método da separação de variáveis obtemos

a0 +∞
u1 (x, y) = + ∑ an ch(nπx) cos (nπy) ,
2 n=1

e de forma semelhante u2 , já que u2 (x, y) = u1 (y, x).


∂ u1
Portanto, usando a condição (1, y) = cos (2πy), temos, a menos de uma constante aditiva:
∂x
ch(2πx) cos (2πy) ch(2πy) cos (2πx)
u1 (x, y) = e u2 (x, y) = .
2π sh(2π) 2π sh(2π)

Pelo que a solução pretendida é

ch(2πx) cos (2πy) + ch(2πy) cos (2πx)


u(x, y) = c + ,
2π sh(2π)

onde c é uma constante arbitrária.


Análise Matemática IV 7

5. (a) Recorrendo ao método de separação de variáveis, determine as soluções para t � 0 e para


x ∈ [0, π] de 
 ∂ u ∂ 2u
= 2 −u
∂t ∂x

u(0,t) = u(π,t) = 0
(satisfazendo a equação diferencial para x ∈]0, π[).
(b) Determine a solução que satisfaz a condição inicial

u(x, 0) = (π − x)x .

Resolução:

(a) Pelo método de separação de variáveis, procuram-se soluções, da equação diferencial parcial
com condições fronteira, da forma u(t, x) = T (t)X(x), para as quais

∂ ∂2
(T (t)X(x)) = T � (t)X(x) e (T (t)X(x)) = T (t)X �� (x).
∂t ∂x 2

Substituindo na equação, e assumindo que T (t)X(x) �= 0, fica


T � (t) X �� (x)
T � (t)X(x) = T (t)X �� (x) − T (t)X(x) ⇐⇒ +1 = ,
T (t) X(x)
onde cada um dos membros tem que ser uma constante real k (porque o membro esquerdo
não depende de x, o membro direito não depende de t e eles têm que ser iguais).
A solução geral de T � (t) = (k − 1) T (t) é T (t) = ce(k−1)t com c ∈ R.
A solução geral de X �� (x) + kX(x) = 0 é
� √ √
X(x) = c1 e kx + c2 e− kx se k �= 0
.
X(x) = c1 + c2 x se k = 0

Para que a condição na fronteira, T (t)X(0) = T (t)X(π) = 0, seja satisfeita por uma solução
não identicamente nula, tem que ser

X(0) = X(π) = 0

(já que, se X(0) �= 0 ou X(π) �= 0, teria que ser T (t) = 0, ∀t). Quando k = 0, a única solução
X(x) que satisfaz esta condição na fronteira é a solução identicamente nula, ou seja, nesse
caso,
X(0) = X(π) = 0 =⇒ c1 = c2 = 0 .
Quando k �= 0, a condição X(0) = 0 impõe c1 = −c2 e depois a condição X(π) = 0 impõe, a
uma solução não identicamente nula, que
√ √
e kπ
− e− kπ
= 0,

ou seja e2 kπ = 1. Esta condição pode ser satisfeita desde que

2 kπ = 2nπi , n = 1, 2, 3, . . .
Análise Matemática IV 8

ou seja,
k = −n2 , n = 1, 2, 3, . . .
obtendo-se nestes casos
� �
X(x) = c1 einx − e−inx = 2ic1 sen(nx)

Chega-se assim que todas as seguintes funções são soluções para o problema de valor na
fronteira dado:
2 )t
un (t, x) = e�−(1+n
�� � sen(nx) , n = 1, 2, 3, . . .
� �� �
T (t) X(x)

para t � 0 e para x ∈ [0, π]. Por linearidade, qualquer combinação linear finita destas soluções
é ainda solução e, mais geralmente,
qualquer série

∑ bn un(t, x)
n=1
é uma solução formal.
(b) Para que a solução geral da forma acima satisfaça a condição inicial u(0, x) = (π − x)x, tem
que se ter
∞ ∞
∑ bnun(0, x) = (π − x)x , ou seja, ∑ bn sen(nx) = (π − x)x .
n=1 n=1

Para encontrar as constantes bn adequadas, desenvolve-se a função (π − x)x em série de


senos. Isso é equivalente a estender esta função ao intervalo [−π, π] como função ı́mpar, e
desenvolver a extensão em série de Fourier. Os coeficientes da série são
2�π
bn = (π − x)x sen(nx) dx
π 0
2� �π 2 �π
= (π − x)x cos(nx) + (π − 2x) cos(nx) dx
π −n 0 πn 0
2 � �
sen(nx) π 4 �
= (π − 2x) n + 2 0π sen(nx) dx
πn 0 πn

8
4 n 3π se n ı́mpar
= 3 [1 − (−1) ] = n
n π 0 se n par

Logo, a solução pretendida é


∞ ∞
8 8
∑ n3π e−(1+n )t sen(nx) ∑ (2n + 1)3π e−(1+(2n+1) )t sin((2n + 1)x) .
2 2
=
n=1 , n impar n=0

6. Seja f a função definida no intervalo ]0, 2π[ por f (x) = x.

(a) Determine a série de cosenos da função f .


Análise Matemática IV 9

(b) Resolva a equação 


 ut = uxx − tu, x ∈ ]0, 2π[
ux (0,t) = ux (2π,t) = 0

u(x, 0) = f (x)

Resolução (sumária):

(a) A série pretendida é


a0 +∞ �n �
+ ∑ an cos x
2 n=1 2
com (para n = 0)
� 2π
a0 1 (2π)2
= xdx = =π
2 2π 0 4π
e para n �= 0,
� �n �
1 2π
an = x cos x dx
π 0 2 
� � n � �2π � 2π
1 sen x 2 � n �
2
= x n − sen x dx
π 2 n 0 2
0
� � � �2π
−2 − cos n2 x
= n
πn 2 0
4
= (cos (nπ) − 1)
πn2
4
= ((−1)n − 1) .
πn2
Portanto a série é
+∞
4 �n �
π + ∑ 2 ((−1) − 1) cos x ,
n
n=1 πn 2
ou ainda �� � �
8 +∞ 1 1
π− ∑ cos n+ x .
π n=0 (2n + 1)2 2

(b) Procurando soluções separadas u = X (x) T (t) da parte homogénea do problema chegamos
sucessivamente a
XT � = X �� T − tXT,
T� X ��
+t = =λ constante,
T X
t2
T � = (λ − t) T, T = ceλt− 2 ,
X �� = λ X com X � (0) = X � (2π) = 0,
n2 �n �
λ =− e X (x) = cos x , com n ∈ N.
4 2
Análise Matemática IV 10

Obtemos assim
a0 − t 2 +∞ n2 t t 2
�n �
u(x,t) = e 2 + ∑ an e− 4 − 2 cos x .
2 n=1 2
Pela condição inicial, para x ∈ ]0, 2π[, e atendendo à alı́nea anterior

t2 4 +∞ ((−1)n − 1) − n2 +2t t �n �
u(x,t) = π e− 2 − ∑
π n=1 n2
e 4 cos
2
x .

7. Recorrendo ao método de separação de variáveis, resolva o seguinte problema para a equação das
ondas 

 ∂ 2u ∂ 2u ∂ 2u

 + 2= 2


 ∂ x 2 ∂y ∂t

u(x, 0,t) = x , u(x, 1,t) = x

 u(0, y,t) = 0 , u(1, y,t) = 1





 u(x, y, 0) = x



 ∂u
 (x, y, 0) = cos(2π (x − y)) − cos(2π (x + y))
∂t
para x, y ∈ [0, 1] e t ∈ R.

Resolução: (muito sumária)


Procurando uma solução v que não dependa de t e que satisfaça as condições fronteira, obtemos
v(x, y) = x.
Pelo que se definirmos ω(t, x, y) = u(t, x, y) − x , esta função ω satisfaz as seguintes condições:
 2

 ∂ ω ∂ 2ω ∂ 2ω

 + =
 ∂x ∂ y2 ∂t 2
 2

ω(t, x, 0) = 0 , ω(t, x, 1) = 0



 ω(t, 0, y) = 0 , ω(t, 1, y) = 0


ω(0, x, y) = 0.

Usando o método da separação de variáveis para resolver este último problema, chegamos à se-
guinte solução formal:
+∞ +∞ �
ω(t, x, y) = ∑∑ cm,n sin( (m2 + n2 )πt) sin(mπx) sin(nπy).
n=1 m=1

Atendendo que cos(2π (x − y)) − cos(2π (x + y)) = 2 sin (2πx) sin (2πy) , vem

1 √
u(t, x, y) = x + √ sin( 8πt) sin(2πx) sin(2πy).
π 2

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