Location via proxy:   [ UP ]  
[Report a bug]   [Manage cookies]                

Criacao de Patos em Clima Tropical

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 96

Agrodok 33

Criação de patos nas


regiões tropicais

S.J. van der Meulen


G. den Dikken
© Fundação Agromisa, Wageningen, 2003.

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida
qualquer que seja a forma, impressa, fotográfica ou microfilme, ou por quaisquer outros
meios, sem autorização prévia e escrita do editor.

Primeira edição em português: 2003

Autores: S.J. van der Meulen, G. den Dikken


Editor: Rienke Nieuwenhuis
Illustrator: Barbera Oranje
Tradução: Láli de Araújo
Impresso por: STOAS Digigrafi, Wageningen, Países Baixos

ISBN: 90-77073-71-X

NUGI: 835
Prefácio
Os patos são animais resistentes e que se alimentam facilmente de res-
tos. São mais fáceis e mais baratos de criar que galinhas, razão pela
qual é atraente criar patos, tanto para a produção de ovos como para a
sua carne.

A Agromisa e o CTA elaboraram este Agrodok a fim de apoiar as pes-


soas a melhorarem os seus meios de existência quotidiana, quer seja
através da geração de rendimentos provenientes da criação em peque-
na escala de patos ou através do melhoramento da dieta diária, através
do consumo dos seus ovos e da sua carne. Esperamos que muita gente
possa beneficiar deste Agrodok.

Estamos muito gratos ao Sr. Buisonjé do Instituto Spelderholt em Be-


ekbergen, Países Baixos, pois, na sua qualidade de especialista na cri-
ação de aves de capoeira e de patos, proporcinou-nos informação vali-
osa e conhecimento prático. Apreciámos muito o facto que tenha dedi-
cado tempo e trabalho com vista ao melhoramento do conteúdo deste
Agrodok.

Rienke Nieuwenhuis, editora

Marg Leijdens, coordenadora das publicações Agrodok

Wageningen, 1999

Prefácio 3
Índice
1 Introdução 6
1.1 Dados básicos sobre a criação de patos 6
1.2 Pontos a considerar 8
1.3 Estruturação deste livrinho 10

2 Raças e reprodução 12
2.1 Raças e a escolha da raça 12
2.2 Reprodução 17
2.3 Os reprodutores 19
2.4 Manter um bando de patos 21

3 A incubação dos ovos e a criação dos patinhos 23


3.1 A incubação segundo o método natural 23
3.2 O choco dos ovos numa incubadora 24
3.3 Vantagens e inconvenientes da incubação artificial dos
ovos 26
3.4 Controlo dos ovos antes e durante a incubação 27
3.5 Selecção dos patinhos 30
3.6 O cuidado a ter com os patinhos 31
3.7 Determinação do sexo dos patinhos 33

4 Sistemas de criação de patos 36


4.1 Sistemas extensivos e intensivos de criação de patos 37
4.2 A integração da criação de patos com a orizicultura 40
4.3 A integração da criação de patos com a piscicultura 41

5 Habitação 47
5.1 Abrigo nocturno-habitação de pernoita 47
5.2 Compartimento separado destinado à postura 48
5.3 O pavimento 49
5.4 Comedouros 50
5.5 Sistemas de água potável 52
5.6 A importância da água 53

4 Criação de patos nas regiões tropicais


5.7 Cuidados diários com os patos 54

6 Cuidados sanitários 56
6.1 Cuidados sanitários em geral 56
6.2 Os cuidados sanitários preventivos 56
6.3 Doenças 58

7 Alimentação 64
7.1 Diversas maneiras de alimentar os patos segundo o
sistema de criação 64
7.2 Água para beber 64
7.3 Quantidades de comida 65
7.4 Nutrientes na alimentação 66
7.5 Composição da ração e necessidades 69
7.6 Intoxicação alimentar 74

8 Produtos 76
8.1 Dados de produção e cuidados diários 76
8.2 Cuidados com os ovos 77
8.3 Produção de carne 80
8.4 Abate dos patos 80
8.5 Produção de estrume 82

9 Manter registos da exploração 84


9.1 Manutenção de registos 84
9.2 O cálculo do preço de custo 85
9.3 Um exemplo de como calcular o preço de custo 87
9.4 Análise da exploração durante vários períodos de criação
90

Leitura recomendada 92

Endereços úteis 94

Glossário 95

Índice 5
1 Introdução
Este Agrodok trata de uma série de assuntos que surgem caso se pense
em criar patos. O seu objectivo é fornecer conselhos práticos sobre a
criação de patos em pequena escala, para aqueles que trabalham com
pequenos produtores familiares. O quadro teórico apresentado capaci-
tará os leitores deste livrinho a desenvolver as práticas mais adaptadas
à sua situação específica.

1.1 Dados básicos sobre a criação de patos


O número de patos criados em todo o mundo ronda os 700 milhões,
dos quais 500 milhões na Ásia. Apesar desta distribuição desigual no
que concerne à criação de patos, claro que tal também é possível nou-
tras partes do mundo, nomeadamente em África e na América Latina.

A criação de patos destina-se à produção de ovos e carne, tanto para


auto-consumo como para venda. A penugem, as penas e a gordura do
fígado para fazer patê, são outros produtos para os quais existem uma
grande procura. A criação de patos é muito similar à das galinhas, em-
bora também apresente diferenças.

Os patos e as galinhas não são, evidentemente, as únicas aves domés-


ticas que se podem criar. Também os perus, avestruzes e pintadas (ga-
linhas do mato) são bons produtores de ovos e de carne.

As semelhanças mais evidentes residem nos produtos pelos quais se


criam estas aves. Os patos, tal como as galinhas, são bons produtores
de ovos e de carne. A multiplicação das aves jovens desenrola-se pra-
ticamente da mesma maneira. Em determinados aspectos o alojamento
dos patos deve responder às mesmas exigências que o das galinhas,
especialmente se apenas requerem um abrigo nocturno. Caso os patos
estejam fora durante o dia, tal como as galinhas, serão capazes de pro-
ver em grande parte pela sua comida.

6 Criação de patos nas regiões tropicais


No entanto, também se constatam diferenças caso se comparem os
patos e as galinhas. A criação de patos apresenta um certo número de
vantagens e de inconvenientes em relação à criação de galinhas.

De forma resumida, são estas as vantagens:


? os patos são mais fortes que as galinhas; requerem menos cuidados
e resistem melhor às doenças.
? Os patos têm uma postura maior que as galinhas e, portanto, se o
objectivo da sua criação é a produção de carne, fornecerão mais
para venda. Os seus ovos também são maiores dos que os das gali-
nhas.
? Se se os compara em termos da alimentação, as galinhas necessitam
por vezes de uma ração suplementar de cereais e milho. Os patos,
por sua vez, comem mais forragem verde e insectos que as galinhas
e também se alimentam de caracóis (ver, também, a Fig. 11). Assim,
encontram, eles mesmos, suplementos nutritivos. É claro que tam-
bém lhos pode fornecer mas é menos necessário que no caso das ga-
linhas.

Seguidamente apresentamos os inconvenientes:


? Tanto a carne como os ovos dos patos não têm o mesmo sabor que
os das galinhas, não sendo apreciados por toda a gente. Se houver
muita gente que não goste do seu gosto, a sua produção e a sua ven-
da pode ser difícil.
? Para além do gosto da carne ser diferente, o seu aspecto também o é
– a carne de galinha é branca enquanto a do pato é vermelha e escu-
ra e, para finalizar, a carne de pato também contém mais gordura
que a da galinha. Esta característica não constitui em si , forçosa-
mente, uma desvantagem. Em certos lugares as pessoas apreciam,
exactamente, uma carne mais gorda.
? Os patos são aves aquáticas e têm necessidade, pelo menos algumas
raças, de água para se reproduzirem e crescerem bem. Um tanque
ou um charco pode ocupar bastante espaço e é necessário que te-
nham uma manutenção para que permaneçam limpos e higiénicos.
Os patos também se poderão banhar numa bacia com água, mas é
preciso mudar a água regularmente. Tanto os charcos como os tan-

Introdução 7
que e bacias têm que ser mantidos limpos e higiénicos. As necessi-
dades de água variam segundo a raça (espécie) de pato. Os patos
Almiscarados (também chamados de Barbary) têm menos necessi-
dade de se refrescarem e, por isso, têm uma necessidade menor de
água para se banharem. Os patos de Pequim provêm, origináriamen-
te, de climas mais frios e vivem cerca da água. Estes patos necessi-
tam de água para manterem uma boa temperatura do corpo.

Figura 1: Patos perto de um tanque de água (fonte: CICUTEC)

1.2 Pontos a considerar


Existem muitas maneiras de criar patos. O método mais simples re-
quer um capital inicial pequeno, sendo os patos criados no pátio da
exploração agrícola, à solta, num sistema de produção integrado. É o
que se chama o sistema de criação livre. No outro extremo procede-se
à criação de patos como única actividade da exploração agrícola, em
grande escala, com capital intensivo e que tem lugar num abrigo co-
berto ou se encontram encerrados num recinto fechado. Entre estes
dois sistemas existem muitas outras formas em que os patos são cria-
dos em abrigos cobertos mas que saem para o ar livre, o que constitui
um sistema de semi-encerramento.

8 Criação de patos nas regiões tropicais


Estes sistemas possibilitam um maior controlo sobre a saúde dos ani-
mais em comparação com o sistema em que as aves são criados com-
pletamente à solta e os investimentos não são tão elevados como
quando se trata de criação num sistema de encerramento. Este é o tipo
de criação cuja propagação a Agromisa advoga na medida em que
permite a criação de patos em pequena escala, mais rentável.

A fim de poder decidir qual a maneira em que quer criar patos, é ne-
cessário que o agricultor ou o extensionista considere um certo núme-
ro de aspectos:

? Os patos são para auto-consumo ou também se destinam, em parte,


para venda?
No caso de estar a pensar criar patos com o objectivo de vender os
seus produtos, é importante saber se existe um mercado para os
ovos e a carne.
? A criação dos patos coaduna-se com o resto das outras actividades?
Tem espaço para os patos?
Além de ser preciso espaço para o abrigo e o abastecimento de água
para os patos, o seu cuidado diário também ocupa tempo e pode in-
terferir com as outras actividades.
? Aonde poderá obter os patinhos para erigir o seu bando de patos?
Procederá à sua reprodução ou comprará os patinhos quando os ne-
cessitar? Caso pretenda comprá-los, conseguirá assegurar-se que
obterá, futuramente, um fornecimento regular?
Caso o comerciante ou criador não possa garantir o fornecimento de
patinhos, deverá tomar em consideração a possibilidade de os criar
você mesmo. Será que dispõe de tempo e de paciência para o fazer?
? O que dará aos patos como alimentação e aonde a poderá obter? Na
sua exploração agrícola dispõe de comida suficiente ou terá que
comprar certos tipos de comida?
Os patos poderão eles próprios providenciar em grande parte a sua
alimentação, mas é preciso também dar-lhes algo suplementar. Caso
os patos sejam criados à solta têm mais probabilidades de sofrerem
de carências de vitaminas e minerais.

Introdução 9
1.3 Estruturação deste livrinho
O Capítulo 2 descreve diferentes tipos de patos e as suas respectivas
características que determinam os diferentes objectivos para que são
usados. Quando se cria patos é importante a manutenção do bando, o
que pode ser feito chocando os seus ovos ou podendo-se comprar pa-
tinhos, numa base regular e criá-los. O Capítulo 3 trata de factores e
maneiras importantes de incubação dos ovos e da criação dos peque-
nos patinhos.

O Capítulo 4 descreve três sistemas de criação de patos: à solta, semi-


encerrados e em recintos fechados. É dado realce a dois sistemas de
produção integrados: criação de patos em combinação com orizicultu-
ra e com piscicultura. No Capítulo 5 fala-se sobre o abrigo dos patos,
descrevendo-se diversos tipos de abrigo, as dimensões necessárias,
assim como a alimentação e recipientes para água.

O Capítulo 6 debruça-se sobre alguns aspectos básicos de cuidados


sanitários preventivos, em que a higiene dos abrigos e dos seus arredo-
res constituem o factor mais importante. Os patos são, basicamente,
animais bastante resistentes, mas para o caso em que sejam acometi-
dos de alguma doença, descrevem-se as principais doenças. No Capí-
tulo 7 trata-se da alimentação. Embora os patos consigam encontrar a
sua própria comida pode-se obter, muitas vezes, níveis mais altos de
produção adicionando suplementos à sua comida. Neste capítulo res-
saltam-se as diversas necessidades de alimentação para as patas poe-
deiras e para a produção de carne.

Na sua maioria a criação de patos destina-se à produção de ovos ou de


carne. O Capítulo 8 fornece uma indicação dos níveis de produção que
se poderão alcançar. Neste capítulo também se discute o cuidado a ter
com os produtos.

O Capítulo 9 recorda o facto que se se mantiver um registo do que


acontece na sua exploração é fácil ter uma panorâmica geral e de me-
lhorar a gestão da mesma.

10 Criação de patos nas regiões tropicais


É evidente que cada exploração agrícola possui as suas próprias carac-
terísticas, embora muitas vezes também existam semelhanças dentro
da mesma região. Por este motivo deve-se considerar este Agrodok
como um manual no qual se apresentam várias possibilidades. Cabe a
si fazer uma decisão sobre o que é possível e desejável de acordo com
a sua situação específica e os melhoramentos que poderá fazer.

Introdução 11
2 Raças e reprodução

2.1 Raças e a escolha da raça


Quando se começa com a criação de patos é necessário comprar os
animais. É então que se escolhe a raça, caso exista a possibilidade de
escolher entre várias. Contudo, na realidade nem sempre é possível
escolher entre diversas raças. Em muitos locais apenas existe uma
raça. É claro que, eventualmente, se pode importar patos de outras
regiões ou até mesmo de outros países, o que nem sempre é possível
para os camponeses individuais mas que permanece uma alternativa a
considerar.

Caso haja a possibilidade de escolher entre várias raças, então é neces-


sário ter em consideração quais são os seus objectivos de produção:
ovos, carne ou ambos. Caso a sua finalidade de criar patos seja para a
produção de ovos, então necessário se torna ter boas patas poedeiras,
que normalmente são mais pequenas e menos pesadas que os animais
que apenas são criados para engorda. O que lhes falta em tamanho e
peso é compensado por serem melhores poedeiras, pondo mais ovos,
de um modo geral, que as patas para engorda. As patas destinadas à
produção de carne, têm, de modo geral, uma maior postura e são mais
pesadas, não sendo tão importante a quantidade de ovos que põem e
são muitas vezes abatidas mesmo antes de atingirem a idade de pode-
rem produzir ovos.

Em muitos dos sistemas de produção agrícola, especialmente no que


concerne à pequena produção familiar, ambas as forma de criação de
patos, quer dizer tanto para a produção de ovos como de carne, se
revestem de importância. Patas que são boas poedeiras e, simultanea-
mente, podem produzir uma boa quantidade de carne, são melhores
para esta forma de produção agrícola. Tal como mencionámos anteri-
ormente, pode ser que não haja possibilidade de escolher uma raça e,
nesse caso, terá simplesmente que usar a raça que é mais fácil de ob-
ter.

12 Criação de patos nas regiões tropicais


Contudo, em muitas regiões só existirá uma única raça de patos que é
conveniente para criação. A vantagem de usar os patos que são passí-
veis de se conseguir localmente é que se podem obter caso se necessi-
te de os substituir ou aumentar os números da sua criação. Também se
pode ter em conta a possibilidade de obter animais de outra região ou
até mesmo importar patos de um outro país. É claro que tal não é pos-
sível para todos os agricultores, mas poderá constituir uma possibili-
dade em alguns casos.

A criação de patos é mais comum na Ásia do que em África ou na


América Latina, o que significa que nesse continente se pode obter
uma maior variedade de raças. Cada raça de patos está bem adaptada
às condições da área donde é proveniente, o que não significa, portan-
to, que uma raça que é boa poedeira na Ásia será, automaticamente,
também uma boa poedeira em África. Caso na Ásia os patos sejam
alimentados com rações que não são possíveis de obter em África, a
produção de ovos será menor nessa região do globo.

Seguidamente iremos descrever algumas raças de patos. Embora as


descrições apresentadas sejam gerais, dão-se a conhecer as caracterís-
ticas mais típicas.

O pato de Barbary ou Almiscarado


Este pato provém originalmente da América Central e é bom para pro-
dução de carne. É fácil de reconhecer pelas protuberâncias carnudas
vermelhas em redor do bico e dos olhos. É
importante saber que esta raça de pato vivia
originariamente, em cima das árvores e, que,
portanto, pode voar. Por isso, para impedir que
estes patos fujam, voando, é necessário aparar-
lhes as asas.

Um pato Almiscarado utilizado para engorda


pode atingir um peso de 3 a 5 quilos. Esta raça Figura 2: Pato al-
não cresce muito rapidamente e o seu peso miscarado (fonte
final depende da maneira como é criado e ali- desconhecida)

Raças e reprodução 13
mentado. A carne de um pato almiscarado é razoavelmente magra. Nas
regiões em que se prefere uma carne mais gorda será, pois, melhor
escolher uma outra raça. A pata começa a pôr ovos quando tem mais
ou menos 7 meses. Existem dois períodos de postura demarcados: o
primeiro dura 30 semanas e o segundo 22 semanas.

O pato comum: grupo de várias raças


Este grupo engloba várias raças que têm a sua origem na Ásia e foram
importadas em África. São as seguintes as mais importantes:

? O pato de Ruão: uma raça poedeira razoavelmente boa. O macho é


cinzento claro com pescoço verde e a fêmea
é castanha clara.

? O pato Kaki-Campbell: a sua cor é beije


(kaki), de onde diverge o nome. É uma raça
boa poedeira e é um cruzamento entre as
raças corredor indiano e o pato de Ruão.
Embora originalmente se trate de um cru-
zamento, actualmente é reconhecida tam-
bém como raça. A raça Kaki-Campbell
adapta-se bem a um clima tropical. Sob bo- Figura 3: Pato Kaki
as condições esta raça poderá pôr mais de Campbell (fonte
250 ovos por ano. desconhecida)

Patos de Pequim
Trata-se de um pato completamente branco originário da China. É
uma raça tipicamente produtora de carne, tal como o pato almiscarado,
embora se desenvolva um pouco mais rapidamente que essa raça.
Uma das características que indica que o pato de Pequim é bom quan-
to à produção de carne é o facto de poder atingir um peso de 3 kgs
com a idade de 7-9 semanas. Os machos geralmente alcançam um pe-
so máximo de 3,5-4 Kgs e as fêmeas de 3-3,5 Kgs. As fêmeas põem
ovos a partir dos 5 meses e a sua postura pode ir até 120 ovos por ano.
Esta raça é originária de um clima frio. A carne destes patos é bastante

14 Criação de patos nas regiões tropicais


gorda, ao contrário da dos patos almiscarados. É uma raça sossegada
que prefere andar que voar.

Cruzamentos
Os cruzamentos de raças são efectuados nor-
malmente com o objectivo de se obter uma
combinação das características boas de ambas
as raças. Acontece que o resultado de um cru-
zamento de raças é utilizado num outro cru-
zamento, atingindo-se, às vezes, raças cruza-
das de cada vez. Existem algumas raças-
híbridas padrão:
Figura 4: Pato de
? Um macho de Pequim cruzado com uma Pequim (fonte des-
fêmea Kaki-Campbell. Trata-se de um cru- conhecida)
zamento de uma espécie boa produtora de
carne com uma boa produtora de ovos. Desta maneira a raça híbrida
apresentará ambas as características: boa produtora tanto de carne
como de ovos. As primeiras e segundas gerações (a que nos referi-
remos como F 1 e F 2) são bastante utilizadas. As gerações posterio-
res já não são tão utilizadas, visto que os melhoramentos que advêm
de um cruzamento, neste estágio começam a declinar.

Figura 5: Um macho de Pequim com uma fêmea Kaki-Campbell

? O pato muar é um cruzamento entre um macho almiscarado e uma


fêmea comum. Na medida em que se trata de duas espécies muito

Raças e reprodução 15
diferentes, o resultado, o pato muar, é estéril e não põe ovos fecun-
dados. O pato muar é uma ave de rápida engorda, sendo utilizada
especialmente com este propósito.

Outras raças
Para além das raças supradescritas existem muitas outras raças assim
como cruzamentos, entre elas:

? O pato corredor indiano (proveniente da Índia)

? Nageswari (também da Índia)

? O pato chinês (da Indochina)

? O pato de Java (da Malásia e da


Indonésia)

? Tsaiya Castanho (Brown) (de


Taiwan)

Muitas das raças de patos são


provenientes da Ásia e são criadas
pela sua produção de ovos. Por
esta razão as aves destas raças não
apresentam uma postura grande.
O animal adulto pesa entre 2 e 3 Figura 6: Patos corredores in-
Kgs. dianos (fonte desconhecida)

Variedade da produção
Cada uma das raças apresenta as suas características próprias em ter-
mos de produção de ovos, taxas de crescimento e de sobrevivência.
Sempre que é possível obter dados os mesmos devem ser utilizados
como linhas directrizes que ajudam na tomada de decisões. Estes da-
dos dependerão muito das condições locais aonde os mesmos são re-
colhidos. No Capítulo 7 são apresentados mais pormenores no referen-
te a dados de produção.

16 Criação de patos nas regiões tropicais


Caso haja agricultores na sua região (ou em outras regiões com condi-
ções semelhantes) que já se dedicam à criação de patos, vale a pena
visitá-los para ver como procedem à criação destas aves e qual o fim
que se destinam, o que lhe proporcionará uma ideia do que poderá es-
perar.

2.2 Reprodução
Uma vez obtido um certo número de patos da raça seleccionada, é ne-
cessário considerar como irá conseguir manter um determinado núme-
ro de patos produtivos, ao cabo de um período mais longo.

Caso a finalidade de criar patos seja puramente a venda dos ovos e


compra as crias unicamente quando delas necessita, apenas precisa de
fêmeas.

Caso pretenda reproduzir os seus patos, nesse caso também necessita-


rá de machos para assegurar que dispõe de ovos fecundados. Se o ob-
jectivo da criação é a produção de carne deverá assegurar-se que dis-
põe de suficientes patas poedeiras adultas para desse modo contar com
um número de patinhos.

São as seguintes as vantagens de reproduzir você mesmo os patos:

? Não está dependente de terceiros para o fornecimento das crias.


? Não necessitará de dispender dinheiro na compra dos patinhos.

As desvantagens apresentadas são as seguintes:

? Terá que incubar os ovos, os quais não poderão ser vendidos. Terá
que gastar tempo e dinheiro na incubação dos ovos.
? O trabalho com a incubação dos ovos pode ser em vão caso os pati-
nhos não nasçam.
? Embora a finalidade seja a produção de ovos, também terá que
manter e alimentar machos improdutivos, com o objectivo de obter
ovos fecundados.

Raças e reprodução 17
Para os pequenos agricultores é mais rentável eles mesmos reproduzi-
rem os patos, especialmente se o número de patinhos de que necessi-
tam é muito pequeno.

Dois métodos de reprodução:

? Reprodução natural
Caso mantenha os patos e as patas juntos, obtendo deste modo ovos
fecundados ou patinhos, tal não constituirá um problema. Caso tal
ocorra em completa liberdade não se poderá saber qual é o macho que
cobre quais fêmeas.

? Reprodução controlada
Pode-se também dirigir o processo, para que dessa forma possa utili-
zar os patos que possuem as melhores características. Com este méto-
do os patos são criados especialmente para a produção de novas crias,
e são conhecidos como reprodutores (ver secção seguinte).

Em que medida se pode determinar qual é o pato que vai acasalar-se


com tal pata, depende da maneira em que são criados. Caso os mes-
mos apenas sejam mantidos dentro durante a noite mas possam deam-
bular livremente à solta durante o dia à procura de comida, então tor-
na-se muito difícil até mesmo saber qual é a pata que se acasalou com
o tal pato. Caso a criação de patos se efectue deste modo não valerá a
pena tentar determinar a escolha do parceiro. A melhor coisa a fazer é
pôr dentro do bando uns quantos patos com boas características e dei-
xá-los que tomem o seu próprio caminho. Este é o método mais sim-
ples e mais natural de assegurar a reprodução.

Caso disponha de mais possibilidades e tempo pode-se então conside-


rar dividir galinheiros grandes em vários compartimentos, e desta ma-
neira, pôr um pato junto a um certo número de patas (4-8) para que se
possam acasalar. Mas isso requer mais espaço e materiais de aloja-
mento.

18 Criação de patos nas regiões tropicais


2.3 Os reprodutores
Como já mencionámos os reprodutores são patos que possuem as ca-
racterísticas pretendidas nos patinhos. Por exemplo, poderá escolher-
se cruzar um pato que cresça bem e produza uma boa quantidade de
carne com uma pata que seja boa poedeira. No entanto é preciso ter
em mente que nem sempre todas as características são transmitidas à
progenitura, mas existe a probabilidade de se obter uma boa espécie
caso se utilizarem pais com boas características. Essas características
que se pretende obter podem ser características de produção ou carac-
terísticas físicas.

? Características de produção
A maior parte das características relacionadas com a produção são
quantificáveis: número de ovos, peso da carne, etc. Uma particulari-
dade importante destas características é que são influenciadas pelo
meio ambiente. O criador de patos pode modificá-las. Por exemplo,
caso se crie patos devido à produção elevada de carne, só a fornecerá
caso obtenha comida suficiente. No caso contrário, o animal não atin-
girá o peso que poderia ter.

Se se pretende aumentar os níveis de produção de patos dever-se-á,


em primeiro lugar, olhar cuidadosamente para o abastecimento de co-
mida, taxas de enfermidades e habitação. Uma vez que se tem a certe-
za que se pode obter a melhor comida disponível e que os patos são
saudáveis e que estão bem alojados, nessa altura poder-se-á começar a
criação com um objectivo preciso.

? Características físicas
Tratámos da selecção para características de produção. As característi-
cas físicas também podem ser importantes, por exemplo a qualidade
das patas (pés). Caso alguns patos dentro do bando tenham patas em
mau estado, aconselha-se não os utilizar para efeitos reprodutivos pois
estas características podem ser herdadas pela sua progenitura. As ca-
racterísticas físicas não podem ser influenciadas pela quantidade de
comida ou pelo tipo de habitação. Um pato terá ou não patas torcidas

Raças e reprodução 19
ou cor castanha, e é portanto fácil utilizar esta característica como cri-
tério de selecção.

O maneio dos patos machos e fêmeas


De modo a garantir que se possui um número suficiente de ovos fe-
cundados, uma boa proporção é de um pato para seis patas, embora se
possa ir até um pato para oito patas.
Caso a relação patas – patos seja menor, aumenta a possibilidade da
fecundação de ovos, mas não se recomenda um número inferior a qua-
tro patas para cada pato. Um número relativamente elevado de machos
dentro de um bando de patos faz que todo o grupo se torne inquieto
mas também significa que se tem mais aves a alimentar e que necessi-
tam de cuidados mas que não são produtivas, a menos que se possam
vender quando abatidas.

Tente introduzir os machos dentro do bando aproximadamente um


mês antes que se necessite os ovos fecundados, deste modo ter-se-á a
garantia que se verificaram acasalamentos suficientes para se obter a
fecundação dos ovos. A primeira vez que as patas acasalam pode ser
que não se verifique uma fecundação dos ovos.

Pensa-se frequentemente que o acasalamento apenas se dá dentro de


água. Tal não é estritamente necessário mas constitui uma boa ideia
proporcionar que as patas tenham acesso à água de um tanque ou
charco, de água limpa ou até mesmo um recipiente grande cheio de
água. Patos são aves aquáticas e eles podem manter-se limpos (e deste
modo mais saudáveis) caso disponham de água aonde se possam ba-
nhar e nadar. Tal não é necessário no caso dos patos almiscarados na
medida que originariamente são aves que vivem nas árvores. É preciso
não esquecer que a água pode ser uma fonte de propagação de doenças
e de parasitas. As patas no choco que se podem manter limpas conse-
guem conservar melhor o nível correcto de humidade dos ovos.

20 Criação de patos nas regiões tropicais


2.4 Manter um bando de patos
Há dois métodos para se obter e manter um bando de patos possuido-
res das melhores qualidades possíveis. Ambos os métodos deverão ser
aplicados ao mesmo tempo:

1 Seleccionar fêmeas e machos para a reprodução (ver o exposto an-


teriormente)
2 Eliminar os animais com uma saúde precária ou cuja produção seja
medíocre

Os animais que primeiramente deverão ser retirados do bando são


aqueles que se encontram de tal forma doentes que não é possível, ou
rentável, curá-los (para mais informação sobre cuidados de saúde, ver
o Capítulo 6).
Também é preciso eliminar as patas velhas que já tiveram vários ciclos
de pôr ovos e que já não são produtivas, dando lugar às patas mais
novas.
Depois de se fazer isso, a selecção seguinte será a das patas que pos-
suem características indesejáveis, quer dizer, as que não produzem
suficiente. Não faça reprodução das aves utilizando patas que não são
boas poedeiras ou não engordam bem pois existe a possibilidade de
elas transmitirem estas características à sua progenitura.
A decisão será a de se eliminar alguns animais, especialmente as patas
mais velhas, o que dependerá, em grande medida, de quando nascerão
os patinhos.

Existem três diferentes métodos de se proceder a uma selecção com


vista à eliminação dos animais, os quais passaremos a descrever.

Sistemas de selecção

? sistema contínuo
Neste sistema acrescenta-se regularmente alguns patinhos ao bando.
As aves não se encontram separadas segundo grupos de idade por-
que não existem grupos de idade claramente definidos. Para além de
vigiar se os animais não ficam doentes, deverá controlar também os

Raças e reprodução 21
animais mais velhos dentro do bando e retirá-los uma vez que se
tornem improdutivos.

? sistema de eliminação gradual – criação segundo lotes distintos


Todo o bando é renovado de tempos a tempos, regularmente. Neste
sistema não terá que controlar quais são os animais mais velhos pois
todos têm a mesma idade. Contudo, deverá verificar se existem aves
doentes e eliminá-las imediatamente. Caso utilize este método, terá
diferentes grupos de idade em diferentes fases de produção. Desta
maneira evita-se chegar a uma situação em que não haja mais
quaisquer animais e, consequentemente, produção.

? sistema semi-contínuo
Este sistema engloba os métodos que não são nem verdadeiramente
contínuos ou de criação segundo lotes distintos. Por exemplo, po-
der-se-á controlar regularmente os patos que têm que ser elimina-
dos, mas de algumas em algumas semanas procede-se a uma “gran-
de limpeza”. Nessa altura controla-se todos os animais cuidadosa-
mente para ver se ainda estão em boas condições.

O número de patos que deverão ser eliminados depende dos patinhos


que se podem criar a partir de cada ciclo de postura de ovos. Tem que
se ser cuidadoso para que o número existente no bando não diminua
demasiado caso se queira manter a sua produção a um nível constante;
caso retire mais animais que o número que poderá repor, a sua produ-
ção decrescerá. Se quiser aumentar a sua criação de patos terá que se
assegurar que poderá substituir mais patos dos que poderá eliminar.

22 Criação de patos nas regiões tropicais


3 A incubação dos ovos e a criação
dos patinhos
Antes de se ter ovos fecundados, é preciso decidir se são as patas que
cobrirão os ovos ou se se utilizarão incubadoras artificiais. Caso seja a
pata que proceda à incubação dos ovos, os ninhos terão que estar
prontos a tempo para dar à pata a possibilidade de se instalar conforta-
velmente. Ela tomará conta dos ovos e não terá que se preocupar mui-
to porque a ave velará, ela mesma, para que as circunstâncias (tempe-
ratura e humidade ambientes) sejam as melhores.

Caso se utilize uma incubadora artificial, deverá tê-la pronta a tempo e


limpa para lá colocar os ovos. É preciso vigiar de perto a temperatura
e a humidade da incubadora. É claro que é difícil que as condições de
temperatura e de humidade da incubadora sejam as mesmas que as de
um animal. Exige a utilização de aparelhos eléctricos com um nível
técnico elevado e que têm que ser utilizados com precisão. Ocorrênci-
as imprevistas, tais como falhas de electricidade ou esgotamento das
reservas de combustível podem provocar situações desastrosas. Por
esta razão terá que se ponderar acuradamente sobre as vantagens e
inconvenientes do choco natural versus o artificial – quais são os cus-
tos envolvidos (não apenas em dinheiro mas também em tempo) e
quais os benefícios esperados.

3.1 A incubação segundo o método natural


Este é o método que consiste na incubação realizada por intermédio de
uma pata. A grande vantagem oferecida por este método é que não se
necessita de prestar muita atenção aos ovos. O requisito mais impor-
tante é que a pata que irá incubar os ovos seja suficientemente boa
chocadeira, quer dizer que tenha vontade de permanecer sobre os o-
vos. Reconhece-se esta característica da pata no momento em que tem
que chocar os ovos, pelo tempo que fica em cima dos mesmos. Os
ovos não podem ser deixados sem ser cobertos durante muito tempo

A incubação dos ovos e a criação dos patinhos 23


pois arrefecerão demasiado, e tal porá em perigo o desenvolvimento
dos pequenos patinhos.

A maior parte das patas chocarão os seus próprios ovos. Mas também
é possível que uma pata choque ovos que não são seus. Desta maneira
uma única pata poderá incubar 12 ovos postos ao mesmo tempo. A
pata almiscarada possui bons instintos maternais e, por esta razão, po-
derá ser usada para chocar os ovos de outras raças de patas. A pata
almiscarada também é maior que muitas outras raças, incubando assim
mais ovos de uma vez. Terá que ver quantos ovos caberão debaixo de
uma pata almiscarada, mas entre 12 e 15 caberão facilmente.

Também se poderão utilizar galinhas para chocarem ovos de pata. Na


medida em que os ovos de pata são maiores do que os das galinha,
uma galinha só poderá incubar, ao máximo, 8-11.

3.2 O choco dos ovos numa incubadora


Uma incubadora é uma caixa que contém tabuleiros dentro dos quais
se pode pôr os ovos. Uma incubadora deverá ser capaz de tomar o lu-
gar de uma pata, deverá manter os ovos a uma temperatura constante e
à humidade adequada. É necessário que tenha uns furinhos pequenos
de modo a permitir que circule ar dentro em quantidade suficiente,
sem que se perca todo o calor interior.

Há diversos tamanhos e formas de incubadoras e é possível você


mesmo fabricar uma pequena incubadora. No Agrodok 34 “Incubação
natural e incubação artificial dos ovos” faz-se uma descrição elabora-
da de como utilizar e fazer uma incubadora. Embora esse Agrodok
trate principalmente sobre galinhas, muito do que lá está escrito tam-
bém se aplica às patas. No texto está indicado caso as patas tenham
outras necessidades. A Figura 7 mostra um exemplo de uma incubado-
ra simples.

24 Criação de patos nas regiões tropicais


Figura 7: Uma incubadora pequena (Fonte: Agrodok 34)

Aquecimento e temperatura
Uma incubadora deve manter uma temperatura constante. A melhor
temperatura para a incubação é de 38 °C. A fonte de calor usada na
incubadora (lâmpada eléctrica ou a óleo) deve gerar calor de uma for-
ma uniforme. Os ovos são postos num tabuleiro ou em recipientes co-
locados no centro da incubadora. Pode-se controlar a temperatura
através de um termómetro suspenso, perto dos ovos. A temperatura
necessária deverá ser, aproximadamente, de 38 °C (ver Quadro 1).

Quadro 1: Incubação artificial de ovos de patos

Número de dias de incu- Temperatura (°C) Número de vezes por dia


bação que é necessário virar os
ovos
01-24 38 5
24-26 38 5
26-28 37,5 0

Caso a temperatura seja mais baixa ou mais elevada o patinho não po-
derá desenvolver-se bem. No melhor dos casos os patinhos crescem
demasiadamente devagar mas acabarão por sair do ovo. No pior dos
casos os patinhos morrem antes de sair do ovo.

A incubação dos ovos e a criação dos patinhos 25


Humidade
Uma incubadora deverá garantir uma boa humidade ambiente e uma
boa ventilação. A humidade do ar deve ser bastante elevada, sem ser
excessiva, principalmente no início do período de incubação, porque é
preciso que parte da humidade no ovo evapore, para evitar que o em-
brião se afogue. Caso a humidade seja demasiado baixa em estágios
ulteriores pode resultar na dessecação dos ovos. As cascas dos ovos
são constituídas de muitos buraquinhos, que não são visíveis a olho
nu, através dos quais os ovos regulam a necessidade de líquido que
contêm. É possível controlar a humidade colocando um recipiente de
água dentro da incubadora. Caso se constate, quando se vira os ovos
que a evaporação da humidade é demasiado lenta, é preciso retirar o
recipiente ou fazer com que haja uma maior ventilação.

Na véspera da eclosão dos ovos, a humidade do ar tem que ser aumen-


tada, borrifando os ovos para que os patinhos não saiam num ambiente
muito seco. Os patinhos também necessitam de ar fresco, a razão pela
qual deve haver furos de ventilação na incubadora.

Duração da incubação
Quase todas as espécies de patos levam o mesmo período de tempo
para incubarem os seus ovos, normalmente entre 25 e 28 dias. Na
maior parte dos casos é de 28 dias. Os patos almiscarados têm um pe-
ríodo de incubação mais longo – cerca de 35 dias e os patos muares
(híbridos), aproximadamente 32 dias. Caso a incubação dure mais do
que 4-5 semanas provavelmente há algo que não está bem com o ovo
– ou não foi fecundado ou morreu durante a incubação.

3.3 Vantagens e inconvenientes da incubação


artificial dos ovos
Vantagens
? Pode-se incubar uma maior quantidade de ovos ao mesmo tempo. É
mesmo possível que a quantidade de ovos seja suficiente que permi-
ta vender os patos de um dia.

26 Criação de patos nas regiões tropicais


Inconvenientes
? É necessário proceder a investimentos a fim de se comprar uma in-
cubadora;
? É necessário dispor de tempo para controlar o processo de forma a
garantir que a temperatura e a humidade são as adequadas e o calor
recebido é normal;
? Caso opte por uma fonte de calor eléctrica, cortes de energia even-
tuais podem ter consequências dramáticas;
? A incubação artificial requer experiência, especialmente no início
em que o risco de os ovos não eclodirem ou dos patinhos morrerem
é muito elevado.

Conclusão
Caso não tenha tenções de incubar de uma vez mais de 100 ovos não
vale a pena arriscar tanto.

Na maior parte dos casos será melhor deixar as patas desempenharem


o trabalho no qual são tão boas: incubarem os seus próprios ovos e
tomarem conta da sua ninhada.

3.4 Controlo dos ovos antes e durante a


incubação
É preciso controlar os ovos antes mesmo de os colocar na incubadora.
Os ovos partidos, deformados ou muito sujos devem ser retirados. Não
se pode verificar nesta altura se os ovos se encontram ou não fecunda-
dos. Tal apenas é possível quando o embrião se começa a desenvolver
e começa a ser visível. Sete dias após o início da incubação o embrião
encontra-se suficientemente desenvolvido para que se possa ver.

Pode-se verificar se o embrião no ovo está vivo segurando-o e exami-


nando-o à contraluz. Mas para ser possível ver o embrião no ovo, co-
loque-o num orifício no qual o ovo se encaixa perfeitamente. Olhe
através deste orifício e segure-o para cima em direcção a uma fonte de
luz forte, tal como seja o sol, uma lâmpada forte ou uma vela brilhan-
te.

A incubação dos ovos e a criação dos patinhos 27


Ou também poderá fabricar um aparelho artesanal para examinar os
ovos, tal como é mostrado na figura 8.

Figura 8: “Examinador dos ovos” (fonte: Smith, 1992)

Existem três ocasiões em que se deve controlar os ovos para ver se


existem problemas:

? antes da incubação,
controle se existem ovos rachados ou deformados
? depois de 5-7 dias de incubação,
nessa altura o embrião deve ser visível
? ao cabo de 18-19 dias de incubação,
nessa altura o ovo deve estar cheio com um embrião opaco com
uma cor amarela uniforme

Quando é a própria pata que incuba os seus ovos, não se deverá controlá-los
após o 8o. dia da incubação. Não se deverá incomodar a pata para que esta
possa, sossegadamente, chocar os seus ovos.

Se deparar com ovos que não estão a desenvolver-se normalmente ou


nos quais se encontra um embrião morto, deve-se retirá-los do ninho
ou da incubadora. Caso um ovo tenha uma aparência estranha, mar-

28 Criação de patos nas regiões tropicais


que-o de modo a que possa examiná-lo atentamente na próxima vez
que examine os ovos. A Figura 9 ilustra as fases de desenvolvimento
que devem ser visíveis quando verifica os ovos.

Figura 9: Fases de desenvolvimento de um ovo desde o início da


incubação (fonte: French, 1982)

Lista de controlo dos cuidados a ter com os ovos em


incubação
? Use ovos frescos (postos há pouco). Os ovos que vão ser incubados
devem ser provenientes dos ninhos. Proceda à sua recolha uma vez
por dia, pois as patas só põem ovos de manhã. No caso de os ir bus-
car, por exemplo, às 9 horas da manhã vale a pena confirmar uma
vez mais, aproximadamente uma hora mais tarde, se a pata não terá
posto ovos, pois algumas põem-nos mais tarde.

? Seleccione os melhores ovos, segundo o seu tamanho, forma e es-


trutura da casca e escolha apenas ovos que estejam limpos. Os ovos
que satisfazem o critério de melhor forma e tamanho são, normal-
mente, os que apresentam mais probabilidades de serem chocados.

A incubação dos ovos e a criação dos patinhos 29


? Caso pretenda incubar muitos ovos simultaneamente poderá reco-
lhê-los durante um certo período de tempo. Os ovos destinados à
incubação deverão ser conservados a uma temperatura de 13-16 °C,
por um período máximo de 7 dias. Caso os ovos sejam armazenados
a uma temperatura inferior a 13 °C, o embrião morrerá. Se os ovos
forem armazenados a uma temperatura mais elevada, entre os 16 e
os 38 °C os patinhos começarão a desenvolver-se mas o processo
será tão lento que os mesmos morrerão no ovo. Se os ovos forem
guardados durante mais de 7 dias o número de patinhos que nascerá
diminuirá rapidamente.

? Limpe os ovos com um trapo seco ou raspe cuidadosamente qual-


quer vestígio de sujidade com uma faca. Não limpe os ovos com
água pois a mesma poderá infiltrar-se através dos poros da casca do
ovo, o que não será bom para o desenvolvimento do embrião. Suji-
dade e doenças também poderão penetrar, desta maneira, dentro do
ovo. Ovos que se encontram limpos apresentam menos probabilida-
des de serem contaminados .

? Ponha os ovos todos ao mesmo tempo na incubadora ou debaixo da


mãe pata.

? Vire os ovos todos os dias e, a partir do terceiro dia, vire-os 5 vezes


por dia (ver Quadro 1). A mãe pata fará isso ela própria, mas na in-
cubadora terá que o fazer você mesmo. O ovo ao ser virado estimu-
la o desenvolvimento do embrião.

3.5 Selecção dos patinhos


A altura da eclosão é um momento importante no qual deverá estar
presente. Nesse momento poderá retirar os patinhos que nasceram
mais tarde, pois estes, provavelmente, serão menos produtivos quando
forem adultos, na medida em que não serão tão fortes como os pati-
nhos que nasceram primeiro.

30 Criação de patos nas regiões tropicais


Também, nessa altura, se poderá determinar o sexo dos animais e, as-
sim, proceder à separação dos machos das fêmeas e, eventualmente,
vendê-los como patos de um dia. O método para determinar o sexo
nesta fase é descrito na Secção 3.7.

3.6 O cuidado a ter com os patinhos


Os patinhos que foram chocados de forma natural, requerem pouca
atenção adicional. As patas que os chocaram tomarão conta da sua
ninhada até que sejam suficientemente grandes para tomarem conta de
si próprios.

Os patinhos que foram chocados de forma artificial, numa incubadora,


necessitam de bastante atenção suplementar no que respeita ao calor,
água e alimentação. Quando mais ou menos um terço dos ovos eclodi-
rem é necessário retirar os patinhos da incubadora e colocá-los num
espaço fechado com uma lâmpada quente. O resto dos patinhos juntar-
se-lhes-ão um meio dia mais tarde. Se houver ovos que nessa altura
ainda não tenham eclodido, não se deverá usar esses patinhos para
produção, pois serão mais fracos que os restantes.

O calor
Os patinhos recém saídos do ovo não são capazes de manter a tempe-
ratura dos seus corpos, sendo necessário, portanto, que você os man-
tenha quentes. A maneira mais fácil de o fazer é mantê-los fechados
num espaço, com uma lâmpada pendurada por cima deles. Pode-se
limitar o espaço situado debaixo da lâmpada (aonde está quente), for-
mando um círculo com a ajuda de um material flexível, dobrável, de
modo a que os patinhos permaneçam debaixo da lâmpada, como mos-
tra a Figura 10.

A incubação dos ovos e a criação dos patinhos 31


Figura 10: Reacção dos patinhos à fonte de calor (Barbera Oranje)

Pode-se ver se os patinhos têm muito calor ou muito frio observando o


seu comportamento. A Figura 10 indica as reacções dos patinhos em
relação à lâmpada. Caso se mantenham encostados uns aos outros, é
por que têm frio (fig. 10A). Para aumentar o calor, pode-se suspender
a lâmpada mais baixo. Caso se observe que, mesmo assim , continuam
a ter frio então é necessário utilizar uma lâmpada mais potente. Tam-
bém se podem utilizar duas lâmpadas em vez de uma.

Se, pelo contrário, a temperatura é demasiado elevada, os patinhos


irão instalar-se o mais possível longe da lâmpada (Figura 10B). Neste
caso é preciso colocar a lâmpada o mais afastado possível e mais para
cima. Se os patinhos se encontram espalhados em todo o espaço a eles
reservado (Figura 10C) é porque a temperatura é a apropriada.

32 Criação de patos nas regiões tropicais


No dia em que nascem, os patinhos têm uma temperatura de, aproxi-
madamente, 30-32 °C. Nas áreas mais frias, a temperatura pode baixar
1 °C. por dia. Os patos de Pequim podem suportar temperaturas de 10-
15 °C. Os patos de Barbary, que são originários de um clima quente,
têm necessidade de uma temperatura superior a 20 °C.

A água potável
A presença de água potável é de grande importância para os patinhos.
É necessário que disponham de água suficiente e limpa para evitar que
fiquem doentes.

É preciso impedir que nadem na água destinada a beber pois dessa


maneira sujarão a água e correm o risco de ficar doentes. As penas dos
patos adultos estão cobertas de uma camada de gordura que lhes per-
mite que fiquem molhadas. Numa situação natural de incubação as
mães patas esfregarão gordura nas penas dos patinhos que elas choca-
ram. Os patinhos que foram incubados artificialmente não dispõem
desta camada de gordura, desde o início. Se nadam na água ficarão
inteiramente molhados e poderão constipar-se e ficar doentes. Só
quando têm três semanas é que eles podem produzir a sua própria gor-
dura, podendo, nessa altura, banhar-se sem riscos. Pode impedir que
entrem na água do bebedouro, colocando pedras no seu interior ou
cobrindo a parte de cima com rede galinheira.

A alimentação
Os patinhos recém-nascidos necessitam de uma alimentação especial
que poderá ser comprada ou preparada. Na Secção 7.5 é dada mais
informação sobre a alimentação dos patinhos e a preparação da mes-
ma.

3.7 Determinação do sexo dos patinhos


É útil conhecer qual é o sexo dos patinhos com vista a se poder sepa-
rar as fêmeas dos machos, para facilitar a produção ulterior. Existe um
método que se pode utilizar para os patinhos recém-nascidos que é útil
caso pretenda vender de imediato os machos, como patos de um dia.

A incubação dos ovos e a criação dos patinhos 33


Figura 11: A determinação do sexo dos patinhos (Fonte: B.
Jackson in MacDonald, 1985)

Método de determinação do sexo dos patinhos recém-


nascidos
Examina-se os patinhos quando os mesmos estão secos, depois de te-
rem saído do ovo. Quando se segura como está indicado na Figura
11B, o pénis aparece visivelmente. É mais fácil de determinar o sexo
com os patos que com as galinhas e após um pouco de prática poder-
se-ão obter bons resultados.

34 Criação de patos nas regiões tropicais


Método de determinação do sexo numa fase ulterior
Caso pretenda separar os patinhos até que os mesmos tenham engor-
dado suficientemente para serem vendidos, poder-se-á usar outros mé-
todos, por exemplo:

? Exame da cor das penas


Em algumas raças as patas e os patos têm cor diferente o que facili-
ta distingui-los.

? Som da voz
Existe uma diferença audível entre a voz dos machos e a das fême-
as. É possível distingui-la a partir da idade de 4-6 semanas. A fêmea
produz um som “quá, quá” muito claro, enquanto que o macho emi-
te um som mais baixo e mais rouco.

? Forma das penas do rabo


As penas do rabo da maior parte dos machos adultos termina num
caracol pronunciado na extremidade, o que não acontece no caso
das fêmeas. Esta diferença não existe nos patos almiscarados, mas,
na medida em que nesta raça os machos têm um porte muito maior
do que as fêmeas, é fácil de distingui-los.

A incubação dos ovos e a criação dos patinhos 35


4 Sistemas de criação de patos
Existem muitas maneiras de criar patos. Na Secção 4.1 descrevem-se
três sistemas principais de criação de patos com o objectivo de dar
uma ideia sobre as possibilidades existentes. Na prática os criadores
podem adaptar estes três tipos principais às suas necessidades e situa-
ções específicas e aos materiais disponíveis.

A criação de patos pode-se combinar bem com outras formas de pro-


dução agrícola. A Secção 4.2 trata de dois sistemas de produção inte-
grada bem conhecidos: a criação de patos combinada com a cultura do
arroz (orizicultura) e a criação de patos combinada com a piscicultura.
Nestes sistemas as diferentes formas de produção complementam-se
umas às outras e o agricultor obterá uma maior produção e um maior
lucro:

? Utilizam-se desperdícios e produtos secundários, por exemplo usa-


se o estrume de pato em vez de se descurá-lo: nos tanques de pisci-
cultura o mesmo é usado para fertilizar o tanque o que aumenta a
alimentação para os peixes: nos campos orizícolas os patos alimen-
tam-se de insectos nocivos e caracóis, o que é bom para o arroz e,
simultaneamente, os patos obtêm comida nutritiva.

? Alguns inputs são usados de forma mais eficiente, por exemplo, o


tanque de piscicultura é utilizado tanto para os patos como para os
peixes. Os patos crescem melhor se viverem num tanque.

? O agricultor dilui os riscos. Por exemplo, caso o rendimento do ar-


roz seja baixo ainda resta a produção de ovos e de carne de pato.

36 Criação de patos nas regiões tropicais


4.1 Sistemas extensivos e intensivos de
criação de patos
Sistema de criação à solta
Os patos apenas são mantidos encerrados durante a noite. De dia os
patos estão à solta, deambulando livremente fora, à procura de comi-
da. À noite são encerrados e alimentados. O único que os patos reque-
rem é um espaço cerrado para pernoitarem e ninhos aonde possam pôr
os ovos. Os custos de construção e de manutenção são menores que
num sistema em que se encontram (semi) encerrados, pois os patos
durante o dia estão fora. Um inconveniente é que é mais difícil contro-
lá-los quando são criados à solta durante o dia. Contudo, uma vanta-
gem oferecida por este sistema é que os patos podem satisfazer quase
totalmente as suas necessidades de comida.

Figura 12: Sistema de criação à solta (Fonte: Meinderts, 1986)

Sistema de semi-encerramento:
Os patos são mantidos numa área confinada constituída por uma capo-
eira coberta e um sítio onde podem deambular livremente. As vanta-

Sistemas de criação de patos 37


gens são as mesmas que num sistema vedado: os patos permanecem
no mesmo local, o que significa que é fácil controlá-los. O espaço li-
vre facilita o acesso à água, pois poderá pôr-se um tanque nesta área.

Figura 13: Sistema de criação em semi-encerramento

Sistema de encerramento:
Os patos são mantidos durante todo o tempo num alpendre ou capoei-
ra coberto. Este sistema é usado principalmente quando se procede à
criação intensiva, em grande escala. Possibilita controlar facilmente as
aves, sendo deste modo possível fazer-se uma selecção rápida, caso
necessário. O sistema de encerramento requer um maior investimento
que os outros dois sistemas, pois não só é necessário construir as
instalações mas também alimentar os patos durante todo o tempo.

Num sistema de encerramento é difícil de proporcionar acesso a um


tanque de água aonde os patos possam nadar. Ou os patos não poderão
nadar ou então será necessário construir e manter um tanque. É fácil
de fornecer um recipiente grande de água, para que os patos se possam
lavar e banhar.

38 Criação de patos nas regiões tropicais


Figura 14: Sistema de criação em encerramento (Fonte: Mein-
derts, 1986)

Como escolher o sistema que se adapta melhor à sua


situação específica?
Os seus interesses e possibilidades (financeiras) determinarão qual o
sistema que se coaduna melhor. Recomenda-se começar com um sis-
tema de semi-encerramento no qual é possível poder controlar os pa-
tos e em que não é necessário dispender muito dinheiro logo desde o
início.

Num sistema de criação à solta, poderá perder aves, principalmente se


não tem experiência no ramo, enquanto que num sistema intensivo de
criação de patos os riscos financeiros podem ser muito elevados.

Uma vez que já começou a ter experiência com o sistema de semi-


encerramento e conhece o mercado para patos e para os seus ovos po-
derá decidir expandir o seu negócio. Também vale a pena considerar
combinar a criação de patos com outros tipos de produção que passa-
mos a descrever.

Sistemas de criação de patos 39


4.2 A integração da criação de patos com a
orizicultura
Tomemos o exemplo da Ásia. Nomeadamente no Sudeste asiático em
que a orizicultura é muito praticada, é frequente que se combine a cri-
ação de patos com a cultura do arroz. É fácil manter um bando de pa-
tos dentro de um arrozal. Os patos alimentam-se de caracóis, insectos,
larvas e ervas daninhas dentro do arrozal, ajudando desta maneira a
combater pragas. Não obstante aonde se pratica a orizicultura moderna
esta forma de criação de patos pode trazer problemas, pois não haverá
muita comida para os patos onde se utilizam meios químicos para
combater os insectos e as ervas daninhas, além de que os insecticidas
e os pesticidas podem envenenar as aves, por isso:

Caso se utilize produtos químicos (pesticidas, insecticidas) na orizicultura,


não se recomenda a criação de patos dentro desses campos.

Figura 15: A criação de patos combinada com a orizicultura (Fon-


te: Meinderts, 1986)

40 Criação de patos nas regiões tropicais


4.3 A integração da criação de patos com a
piscicultura
A criação de patos integra-se muito bem com a piscicultura, pois bene-
ficiam do tanque: os patos criados na água crescem mais rapidamente
que os que são criados em terra e conservam-se mais limpos e mais
saudáveis. Por sua vez os peixes também beneficiam da presença dos
patos; o seu estrume fertiliza o tanque e provoca o aumenta da alimen-
tação dos peixes (algas).

O maneio do tanque dos peixes


O maneio da qualidade da água reveste-se de muita importância. O
oxigénio desempenha um papel preponderante na determinação da
qualidade da água. Os peixes necessitam de oxigénio. As plantas aquá-
ticas (especialmente as algas) produzem oxigénio com a ajuda da luz
solar. À noite também utilizam o oxigénio assim como os micro-
organismos que provocam a decomposição do estrume. O estrume dos
patos fertiliza as plantas aquáticas e estimula o desenvolvimento dos
micro-organismos.

Caso se produza estrume em demasia, as algas crescerão rapidamente


e a água ficará verde escura. As algas utilizarão o oxigénio durante a
noite tal como os micro-organismos que decompõem o estrume. Daí
decorre uma falta de oxigénio e os peixes morrerão. Ver também
Agrodok 21 “A piscicultura dentro de um sistema de produção inte-
grado” para mais informação.

Pelo que expusemos acima torna-se claro que se deve controlar de


perto a qualidade da água. Esta é uma maneira prática de a testar:

Sistemas de criação de patos 41


Teste da qualidade da água
Um teste simples para controlar a qualidade da água é mergulhar o braço na
água até ao cotovelo.
Caso ainda consiga ver a sua mão, não há suficientes algas no tanque que
necessita de mais fertilizante. Se puder ver, mais ou menos, a metade do seu
braço abaixo do cotovelo, quer dizer que o tanque tem algas em quantidade
suficiente e que a qualidade da água é boa.
Se quase não puder ver o seu braço, quer dizer que existem demasiadas al-
gas na água, deverá parar de aplicar fertilizante, será melhor acrescentar
mais água fresca ou arejar a água, remexendo-a.

Os patos quando estão à procura de comida, remexem o fundo do tan-


que. Isto diminui a penetração da luz solar nas partes mais profundas
de água o que reduz o crescimento das algas. Se se mantiverem os pa-
tos só numa metade do tanque, as algas poderão crescer na outra me-
tade que também fornece alimentação para os peixes. As margens do
tanque devem ser vedadas para impedir que sejam destruídas pelos
patos.

Habitação para os patos


Os patos apenas necessitam de um abrigo para descansar (Figura 16).
De um modo geral, será necessária uma área mínima de 0,5 m2 por
pato.
As habitações dos patos podem ser feitas de diversas maneiras: pode-
se construir uma pequena “casinha” que fica a flutuar na água ou
construir essa “casinha” sobre estacas na água ou nas margens do tan-
que. Um abrigo construído sobre a água deve ter um chão de ripas ou
rede por onde o estrume pode passar. (Ver, também, capítulo 5, habita-
ção). O ideal é se todo o estrume cair dentro da água. Se fizer uma
vedação das margens com arame ou com rede, e não permitindo que
os patos deambulem nas margens, pode assegurar que todo o estrume
fique depositado na água e que as suas margens não ficam danificadas.

42 Criação de patos nas regiões tropicais


Figura 16: “Casinha” de patos sobre um viveiro de peixes (fonte:
Meinderts, 1986)

A gestão do sistema
A maior parte das espécies de peixes leva aproximadamente 6 meses
até atingirem o peso de mercado. Para se assegurar que o fornecimen-
to de estrume permanece constante, é melhor não criar diferentes es-
pécies de patos conjuntamente.

Quando se procede à colheita do peixe, o tanque ficará vazio e não é


bom acrescentar-lhe estrume. Os patos, nesta altura, deverão passar
para outro lugar. Após um período de quatro ou cinco anos o tanque
tem que ser limpo. Nessa altura o estrume que fica no tanque pode ser
retirado e utilizado para a agricultura ou aplicado no composto. Uma
outra maneira de utilizar o estrume é de cultivar no tanque seco (ver
Figura 17).

Sistemas de criação de patos 43


Figura 17: Produção agrícola num tanque de peixes (Fonte:
Jinshu, 1997)

Escolha das espécies de peixe e números de peixes e de


patos
Os peixes que povoarão o tanque devem ter, pelo menos, 10 cm de
comprimento de modo a não serem comidos pelos patos. É difícil dar
números exactos da proporção de peixes e de patos porque tais núme-
ros dependem de muitos factores. Apresentaremos apenas algumas
linhas directrizes. É necessário controlar de perto o tanque no que
concerne à qualidade da água (ver também o início desta secção). Tem

44 Criação de patos nas regiões tropicais


que se experimentar e ajustar os números até encontrar a combinação
que funciona bem na sua situação específica.

As diversas espécies de peixes que podem ser criadas conjuntamente


com patos:

? Carpas
Existem várias espécies de carpas que podem ser criadas conjunta-
mente com os patos. A densidade de povoamento é de 45 a 60 pei-
xes por 100 m2. São as seguintes as combinações possíveis de vári-
as espécies de carpa, por 100 m2:

24 carpa catla 18 catla 9 catla


18 carpa rohu 18 rohu 12 rohu
18 carpa mrigal 12 mrigal 9 mrigal
12 carpa comum 12 comum
9 carpa prateada
9 carpa herbívora

Quando a carpa comum é criada sozinha pode-se atingir uma densi-


dade de 200 peixes por 100 m2.

? Tilápia
A densidade de povoamento das tilápias é de 100 ou 200 peixes por
100 m2.

? Peixe-gato
O peixe-gato não é muito sensível ao nível de oxigénio na água,
eles podem respirar o oxigénio do ar assim como na água. Por causa
desta particularidade, a sua densidade pode ser bastante elevada e
são menos sensíveis à quantidade de estrume. É possível atingir
uma densidade de 400 peixes por 100 m2.

Sistemas de criação de patos 45


Número de patos por tanque
Quando se criam tilápias (200 por 100 m2) poder-se-á manter um má-
ximo de 35 patos por 100 m2. Em relação às carpas e peixes-gato a
proporção é de um máximo de 70-75 patos por 100 m2.
O número de patos e de peixe num tanque depende de muitos e vários
factores. Deverá experimentar, observar de perto e encontrar a melhor
combinação para a sua situação. Ver também a secção sobre qualidade
da água no início deste Capítulo.

Rendimentos
Quando se integra a piscicultura com a criação de patos podem-se ob-
ter rendimentos que vão de 30 a 55 Kg de peixe por 100 m2, por ano.
O rendimento dependerá do número de patos por metro quadrado e
das espécies de peixes a serem criadas.

46 Criação de patos nas regiões tropicais


5 Habitação
Quando se decide criar patos terá que se pensar de como os albergar.
Os patos necessitam, no mínimo, de um abrigo nocturno, porque põem
os seus ovos durante a noite e de manhãzinha (dentro de um período
de três horas depois do nascer do sol). Ao manter os patos fechados
durante a noite pode ter a certeza que porão os seus ovos num espaço
cerrado.

Não é necessário fabricar poedouros, mas caso os tiver as patas usá-


los-ão. Uma vantagem destes poedouros é que é fácil de mantê-los
limpos e os ovos que lá são postos ficarão mais limpos e, por isso, se-
rão mais fáceis de vender.

5.1 Abrigo nocturno-habitação de pernoita


A habitação para a criação de patos num sistema de exploração de pe-
quena escala não deve requerer demasiados cuidados ou manutenção.
Neste caso será suficiente se se previrem abrigos para a noite e o es-
paço por pato não será muito grande: um m2 é suficiente para cinco ou
seis patos.

Figura 18: Abrigo nocturno podendo albergar entre 20-25 patos


(Fonte: Meinderts, 1986)

Habitação 47
Caso os patos também utilizem o abrigo durante o dia, então necessi-
tarão de mais espaço, digamos um m2 por cada dois patos. Pode-se
utilizar diversos materiais para fazer o abrigo, bambú, madeira ou rede
galinheira desde que os buracos sejam pequenos e assim os patos não
possam passar por eles.

O abrigo também deve ser bem arejado quando os patos se mantêm


dentro deles. É importante que haja circulação do ar de modo a que os
patos não apanhem doenças das vias respiratórias. As doenças que são
disseminadas através do ar podem ser evitadas caso haja uma boa ven-
tilação. A circulação do ar dentro do abrigo faz baixar a temperatura e
esta não deve ser inferior a 10-15 °C para os patos de Pequim ou
20 °C para os patos almiscarados e outros patos originários de climas
tropicais.

5.2 Compartimento separado destinado à


postura
É bastante simples de prever uma área separada destinada à postura
dentro do abrigo nocturno. As patas preferem pôr os seus ovos num
lugar escuro e protegido. Os poedouros oferecem às aves um lugar
protegido destinado à postura com a vantagem que é fácil proceder à
sua recolha.

As patas preferem pôr os ovos ao nível do chão; portanto quando


construir os poedouros, coloque-os no chão e, de preferência, contra a
parede traseira do abrigo. Desta maneira as patas poderão, sossegada-
mente, manter-se afastadas do resto do bando quando estão a pôr os
ovos.

48 Criação de patos nas regiões tropicais


Ao construir o poedouro,
necessitará de ter um para
cada 3 a 6 patas. Um mo-
delo simples consiste em
paredes laterais de 30 x 35
cm. Monte-as a uma dis-
tância de 33 cms uma da
outra e ligue-as através de
uma tábua com um altura
de 15 cm na parte de trás e
uma outra com uma altura
de 5 cms, na parte da fren- Figura 19: Poedouro
te. Coloque palha dentro e
limpe-os regularmente.

5.3 O pavimento
O tipo de pavimento depende do lugar aonde se irá colocar os abrigos.
Caso o mesmo seja construído sobre a água, o pavimento poderá ser
construído de ripas de madeira ou de bambú. Não é boa ideia utilizar
rede galinheira ou rede de metal na medida em que os patos não sen-
tem que têm muito apoio e podem aleijar as suas patas. As ripas do
chão devem ter 2 cm de espessura e 5 cm de largura para que sejam
suficientemente resistentes. O intervalo entre as ripas deve ser de 1
cm. Estas aberturas garantirão que haja suficiente arejamento durante
a noite. Uma outra vantagem é que o excremento e a comida vertida
caiam directamente na água, enquanto os ovos ficarão dentro do abri-
go. Tal permite com que o abrigo se mantenha higiénico e que o tan-
que, sobre o qual é construído, seja fertilizado.

Se não for possível construir o abrigo em cima do tanque/charco, o


pavimento não necessitará de ter aberturas. Nesse caso será necessário
limpar mais frequentemente toda a instalação e retirar os excrementos
de modo a evitar que se disseminem doenças.

Habitação 49
É muito importante que a cama dos poedouros e do chão (no caso de
ser fechado) se mantenha higiénica. A cama impede a sujidade e a
humidade dos excrementos de formarem uma crosta fina e compacta
sobre o chão e facilita a limpeza dos abrigos. A cama pode ser feita de
palha ou de palha de arroz assim como serradura mas tem que se certi-
ficar que não há tinta na serradura pois tal pode envenenar os patos.
Utilizar serradura não é muito aconselhado num espaço vedado na
medida em que esta se cola no chão e é muito difícil de a limpar.

As camas devem ser substituídas frequentemente de modo a garantir a


higiene, especialmente nos poedouros. As camas que ficam húmidas e
bolorentas, não só causam doenças nas aves, mas também estragam os
ovos, que apodrecem ou não ficam fecundados. Os patos são muito
sensíveis à humidade na cama.

5.4 Comedouros
Os patos que são criados à solta ou num sistema de semi-
encerramento não necessitam de muito equipamento para os comedou-
ros, sendo suficiente deitar no chão a quantidade certa de comida, ca-
da noitinha. Caso alimente os patos quando os mesmo se encontram
nos abrigos, à noite, então será necessário usar recipientes para a co-
mida, de modo a que permaneça limpa e que os patos não a pisem. Os
patos são animais que fazem uma grande porcaria quando comem.
Caso ponha a comida em recipientes é preciso que se possa limpar
facilmente a área em redor.

Uma tigela grande com um fundo direito ou um tronco deitado, no


qual foi escavado um buraco, podem perfeitamente servir como co-
medouro, tal como é mostrado na figura 20.

50 Criação de patos nas regiões tropicais


Figura 20: Vários modelos de comedouros (Fonte: MAFF UK, 1980)

Um comedouro como o que é mostrado na Figura 21 também evita


que se derrame comida. O rebordo anti-derramamento evita que os
patos deixem derramar uma grande quantidade de comida.

Figura 21: Vários modelos de comedouros (Fonte: MAFF UK,


1980)

Poderá adaptar os tamanhos dos tabuleiros ao tamanho da ave. Por


vezes virão também patos selvagens comer nos comedouros. Para evi-
tar que haja um desperdício da comida, coloque um telhado baixo so-

Habitação 51
bre os tabuleiros da comida. Os patos selvagens geralmente não virão
comer aí debaixo.

5.5 Sistemas de água potável


Os patos têm necessidade de água dia e noite. Instalando-se um tan-
que, ou colocando uma tina com água, poder-se-á resolver o problema
do acesso à água durante o dia. É essencial que os patos tenham aces-
so a água potável limpa. As aves jovens que não bebem água suficien-
te não se desenvolverão bem e ficarão doentes. As patas adultas que
não bebem água suficiente porão menos ovos. Caso se registe uma
grande carência de água tal provocará rapidamente a morte dos patos
(e patinhos).

Tal como no caso dos comedouros, também é suficiente encher bacias


pouco fundas, que não entornarão facilmente a água, caso os patos
subam nos seus rebordos.

Verifique uma ou duas vezes por dia se as bacias têm água suficiente e
que esta está limpa. A Figura 22 mostra tipos de recipientes de água
em que esta não fica rapidamente suja. É importante que os patos não
possam entrar nos bebedouros, pois tal provoca com que a água se
suje rapidamente. Não obstante, o recipiente que contém a água deve
ter uma profundidade suficiente de modo a que permita que os patos
tenham a sua cabeça debaixo de água, de modo a que possam limpar
os olhos. Caso não o façam a sujidade fica colada em volta dos olhos
e, em casos extremos, tal pode até mesmo provocar cegueira. Os patos
também utilizam a água que bebem para limpar os restos de comida
que ficam nos seus bicos.

52 Criação de patos nas regiões tropicais


Figura 22: Vários tipos de bebedouros (Fonte: Williamson, 1978;
French, 1981)

5.6 A importância da água


Os patos são aves aquáticas e necessitam de água para se reproduzi-
rem e desenvolverem bem. Eles têm que ter acesso a água, quer seja
de um tanque, charco ou poça de água limpa ou apenas uma tina ou
celha grande com água. Caso não seja possível manter os patos perto
de água durante todo o dia, basta pôr uma tina de água fora de manhã-

Habitação 53
zinha ou à noitinha para que possam manter-se limpos e, desta manei-
ra, mais saudáveis.

As necessidades de água para os patos dependem da sua raça. Os pa-


tos de Pequim necessitam de água para manter uma boa temperatura
do seu corpo. Tal não é tão necessário para os patos almiscarados na
medida em que originariamente habitam nas árvores. Algumas raças
de patos também necessitam de estar na água para se acasalarem.

Tenha presente que a água pode ser um veículo de doenças e de para-


sitas. Qualquer que seja o recipiente onde a água se encontre – tanque,
charco, poça, tina – os mesmos têm que ser mantidos limpos e higié-
nicos.

5.7 Cuidados diários com os patos


Quando a habitação se encontra bem equipada, quer dizer, incluindo
comedouros, bebedouros e acesso a água para banho, nessa altura po-
derá adquirir os patos. Nos capítulos precedentes tratámos da escolha
das raças, reprodução e criação e cuidados a ter com os patinhos.
Também falámos sobre diversos sistemas de criação e, nesta altura, já
deve ter optado pelo sistema que quererá seguir.
A partir deste capítulo encontrará informação sobre cuidados sanitári-
os, alimentação/rações e os produtos derivados. Mas, primeiramente, é
necessário ocupar-se do cuidado quotidiano do bando de patos.

A panorâmica de conjunto que a seguir apresentamos fornece um bre-


ve resumo dos cuidados diários com o objectivo de proporcionar uma
ideia do que é necessário empreender.

Cuidados diários com os patos

De manhã
? pôr os patos fora do abrigo
? recolher/apanhar os ovos
? dar água fresca para beber

54 Criação de patos nas regiões tropicais


? caso não haja um charco, providencie um recipiente com água fres-
ca para o banho das aves
? limpar o abrigo e proceder a reparações, caso necessário
? vender, eventualmente, os ovos

À tarde
? espalhar palha ou palha de arroz nova, caso a cama se encontre hú-
mida
? dar água potável fresca às aves
? alimentar os patos
? encerrar os patos para passarem a noite

Tarefa permanente: observe os seus patos para ver como se alimentam,


de modo a evitar-se outros problemas eventuais. Ver, também, a este
propósito, o Capítulo 7.

Habitação 55
6 Cuidados sanitários

6.1 Cuidados sanitários em geral


Os cuidados sanitários a serem dispensados aos patos não requerem
muito tempo. Ao contrário do que se passa com as galinhas, os patos
têm menos probabilidades de ficarem doentes e são menos susceptí-
veis a doenças que aquelas. Para reconhecer que um pato está doente é
preciso saber qual é o aspecto que o pato tem quando se encontra sau-
dável. No Quadro 2 apresentamos alguns dos sinais principais que
caracterizam as aves saudáveis e as doentes.

Quadro 2: Os principais sinais de saúde e de doença de patos

Características: Patos saudáveis Patos doentes


Condição geral primeira cheio de vida apático; excesivam/ quieto
impressão
Peso normal muitas vezes leve
Taxa de crescimento normal demasiadam/ lento
Olhos vivos, brilhantes sem energia, baços
Cloaca (área genital/anal) grande, suave, húmida, rosa dura, seca, descolorida
Pele suave, folgada enrugada, seca

Este quadro permite conhecer a aparência dos patos que se encontram


de boa saúde, o seu crescimento, o estado normal dos seus olhos, da
sua cloaca e da sua pele. Um bom método para testar a sua saúde con-
siste em observá-los, regularmente, durante um certo tempo, não sen-
do necessário agarrá-los um por um para os estudar. Basta para tal ob-
servá-los quando deambulam, durante uns 10 minutos, para ver se os
patos parecem estar bem e se estão a alimentar-se normalmente.

6.2 Os cuidados sanitários preventivos


Uma boa higiene e a vacinação dos patos constituem os dois aspectos
essenciais de prevenção das doenças destas aves.

56 Criação de patos nas regiões tropicais


Uma boa higiene
A base de uma boa saúde nos patos é, sobretudo, tal como em relação
às galinhas, uma boa higiene. Ao se manter o abrigo e os seus arredo-
res limpos, reduzirá a probabilidade da eclosão de doenças. E práticas
correctas de higiene também mantêm afastados os parasitas tais como
ratos, moscas e pulgas.

É mais difícil controlar os patos caso estes sejam criados à solta, pois
não se sabe com o que entram em contacto e o que eles comem exac-
tamente. Os patos também podem apanhar doenças pelo contacto que
têm com os baldes ou caixas onde subsistem traços de doenças. Tam-
bém é importante ter em conta que uma água potável ou comida sujas
podem ser transmissoras de doenças.

Medidas principais visando uma boa higiene:

? Mantenha o abrigo e as áreas em seu redor o mais limpos possível.

? Quando remove todo o bando de aves (num sistema de criação por


lotes distintos) após um ciclo de postura ou de engorda, invista
tempo na limpeza do abrigo e desinfecte-o. Remova inteiramente a
cama velha e utilize-a para composto. A limpeza regular da cama
reduz a probabilidade de doenças que podem ocorrer no abrigo e
contaminar outros patos.

? Controle ainda mais de perto os animais que estão doentes. Se for


possível separe as aves doentes das saudáveis. Isto impede que a
doença se propague para os outros patos ou até mesmo para as gali-
nhas.

? Assim que se registarem muitos casos de patos doentes ou se os


sintomas de doença se agravam ou se as aves começam a morrer,
deverá tomar medidas para evitar que os patos saudáveis adoeçam.
Os patos mortos têm que ser retirados o mais rapidamente possível,
não apenas porque são um foco de infecção, mas também porque

Cuidados sanitários 57
começarão a apodrecer e atrairão moscas, que são transmissoras de
doenças.

As vacinas
Algumas doenças são tão contagiosas, ou tão frequentes, que mais
vale proteger os animais vacinando-os, sobretudo se se encontra numa
região em que os patos abundam. O melhor será pedir informações ao
veterinário.

6.3 Doenças
Apesar das medidas preventivas, pode acontecer que os animais fi-
quem doentes. Muitas das doenças podem ser combatidas por medi-
camentos receitados pelo veterinário. Caso conheça medicamentos
locais para tratar galinhas também os pode experimentar nos patos.
Uma medida preventiva usada habitualmente na Índia é misturar alho
na ração dos patos. Para tal a receita é de um dente de alho por pato,
diariamente. A curcuma também tem as mesmas propriedades. Ambos
estes condimentos podem afectar o gosto da carne e dos ovos. Não os
utilize, por isso, em grandes quantidades.

Em seguida descreveremos as doenças mais comuns nos patos. Pre-


tendemos, com isso, fornecer uma indicação dos principais sintomas,
para que possa perceber do que não vai bem com os seus patos. Caso
os problemas de saúde sejam graves ou se alguns problemas se tornem
a manifestar regularmente, nesse caso deverá recorrer à ajuda de um
veterinário.

Botulismo

? Sintomas
Caso ocorra botulismo num bando de patos, muitos deles ficarão, ra-
pidamente, paralisados e morrerão. Na primeira fase da doença o pes-
coço e as pernas paralisam rapidamente. Um sinal precoce que permi-
te reconhecer a doença é que o pato contaminado pendurará a sua ca-

58 Criação de patos nas regiões tropicais


beça para baixo, para o chão por que não a poderá erguer. Quando a
paralisia ataca todo o corpo, o animal morre passado poucas horas.

? Causas e tratamento
O botulismo é causado por comida que se encontra estragada. O botu-
lismo é causado por bactérias que se encontram nos restos de plantas
putrefactas, restos de cadáveres de animais e na água estagnada.
O risco de botulismo é maior quando o tempo permanece quente du-
rante um período longo na medida em que as bactérias têm mais con-
dições para se reproduzirem. A melhor maneira de evitar que os patos
apanhem a doença é impedindo-os de entrar em contacto com cadáve-
res de animais em decomposição ou comida putrefacta.

Após ter sido diagnosticada a doença nos patos ainda é possível admi-
nistrar-lhe um medicamento emético (que provoca vómitos) e deste
modo se libertem da comida estragada que estava no seu estômago.
Deverá ser muito cuidadoso ao fazer isto, proteja-se a si próprio usan-
do luvas.

ATENÇÃO: O botulismo também afecta os seres humanos e, assim, as


pessoas em contacto com os patos arriscam-se a contrair a doença!

Infelizmente os patos ficam doentes e morrem tão rapidamente com o


botulismo que, muitas das vezes, esta medida quando é tomada já é
demasiado tarde.

É preciso eliminar o mais rapidamente possível os animais mortos e


limpar muito bem os abrigos. A desinfecção dos abrigos poderá ser
feita juntando um pouco de Dettol à água da limpeza. Também nesse
caso tome precauções e utilize vestuário de protecção e luvas!

Cólera aviária (pasteurelose)

? Sintomas
Todos os patos, qualquer que seja a sua idade, podem contrair a cólera
aviária. Os patos contaminados começam por se tornar apáticos e com

Cuidados sanitários 59
falta de energia. Perdem o apetite, mas bebem mais que os animais
que se encontram em boa saúde, sacodem muito a cabeça e as suas
fezes são líquidas e têm uma cor amarelada ou esverdeada. Os seus
olhos estão húmidos e as suas narinas contêm um líquido viscoso.

? Causas e tratamento
A cólera aviária é transmitida de pato para pato através do líquido que
escorre das suas narinas e cai na comida. Os animais saudáveis são
contaminados quando comem. É possível vacinar cada ano os patos
contra a cólera. É uma maneira de prevenir a contaminação.

Caso mesmo assim contraiam a doença poder-se-á administrar medi-


camentos para a combater. Nesse caso é preciso avisar o veterinário.
Esta doença propaga-se muito rapidamente e a taxa de mortalidade é
elevada (5-35%). Nem sempre se conseguem obter medicamentos.
Nesse caso é necessário tomar outras medidas. Os animais doentes
têm que ser abatidos e eliminados (queimando-os ou enterrando-os).
É preciso limpar bem os abrigos e as áreas adjacentes e, eventualmen-
te, desinfectá-las com Dettol que se adiciona à água de limpeza. Caso
o abrigo não seja bem desinfectado corre-se o risco que a doença per-
maneça e contamine os patos saudáveis.

Também se poderá mitigar os sintomas da cólera aviária. Na Índia utiliza-se


correntemente a receita seguinte (para 10 animais):

? Misture 7 a 10 dentes de alho esmagados na comida. Utilize durante 2-3


vezes por dia até que a diarreia páre.

? Triture 10 gr de gengibre fresco e esprema o sumo. Misture-o com 250 ml


de água e 10 gr de açúcar castanho. Dar esta mistura a beber aos patos.
Estas proporções são suficientes para dar de beber a 10 animais.

? Corte 5 piri-piris vermelhos (capsicum annum) em pedacinhos pequenos e


misture-os na comida.

60 Criação de patos nas regiões tropicais


Intoxicação com bagaço de amendoim (cirrose do fígado/
aflatoxicose/micotoxicose)

? Sintomas
Os sintomas aparecem sobretudo nos patos jovens, que crescem muito
lentamente e as penas não se formam bem. Também podem surgir
edemas (inchaços causados por retenção de água). As patas e as solas
das patas apresentam sinais de atrofia. O fígado destes patinhos torna-
se gordo e duro. Vê-se bem esta gordura esbranquiçada-amarelada
quando se abre os animais mortos. Muitos patinhos morrem com esta
doença, apesar dos sintomas poderem não se manifestar nos patos
adultos.

? Causas e tratamento
Esta doença é causada por aflatoxina, uma substância venenosa que se
encontra por vezes no amendoim e seus derivados (p.e. bagaço de
amendoim). Não existem medicamentos para tratar esta doença. A
única maneira de a prevenir é evitar que os patinhos comam amen-
doim ou seus derivados. É, pois, necessária muita precaução no caso
de se cultivar amendoim.

Hepatite viral

? Sintomas
A hepatite viral é uma doença que só afecta os patinhos. Trata-se de
uma doença altamente contagiosa que se propaga rapidamente. Os
patinhos infectados ficam mal muito rapidamente e morrem.

Os patinhos com hepatite viral andam desengonçadamente e o seu


bico e a pele das pernas torna-se azul. Poucas horas após terem apare-
cido os primeiros sintomas os patinhos caem de lado e ficam com es-
pasmos musculares. Nas fases finais da doença as pernas ficam estica-
das para trás e a cabeça inclina-se para o dorso. A taxa de mortalidade
pode atingir os 80-95%. Internamente, o fígado incha e pode-se cons-
tatar uma pequena hemorragia interna. Pode acontecer que os rins
também inchem.

Cuidados sanitários 61
A hepatite viral também pode ser reconhecida na morte rápida de pati-
nhos com três semanas de idade.

? Causas e tratamento
A doença é causada por um vírus. Uma boa higiene pode prevenir a
doença mas também existe uma vacina como medida preventiva. Os
patinhos podem ser vacinados, assim como a mãe pata. As mães que
receberam a vacina transferem a sua imunidade através de anticorpos
à gema do ovo. Estes anticorpos protegem os patinhos durante três
semanas depois de terem saído do ovo. Depois que a imunidade paren-
tal termina eles não são mais susceptíveis a contrair a doença, na me-
dida em que a mesma não afecta animais com mais de três semanas.
Caso pretenda vacinar as mães patas e os patinhos, contacte o seu ve-
terinário.

Coccidiose

? Sintomas
A coccidiose é uma doença desconhecida em algumas regiões, en-
quanto que em outras é a causadora da morte de 20-70% dos patinhos
de 3-7 semanas. Para além da elevada taxa de mortalidade, os patinhos
que sobrevivem têm um crescimento deficiente e como adultos têm
um peso inferior ao patos que não estiveram doentes.

Aquando do surgimento da doença não se registam praticamente sin-


tomas (visíveis). Eventualmente podem-se observar os seguintes si-
nais: desidratação, perda de peso e dificuldade em ficarem de pé. A
única maneira de se certificar da existência da doença é retalhar um
patinho morto e examinar o seu interior. No meio do intestino há uma
camada de mucosidade com pontos sanguíneos. Com a ajuda de um
microscópio é possível ver organismos em forma de banana dentro do
estômago.

? Tratamento
Uma vez que os patinhos tenham sido contaminados com a doença há
pouco que se possa fazer para os tratar e curar. Existem medicamentos

62 Criação de patos nas regiões tropicais


preventivos da coccidiose, que podem ser misturados na comida. Con-
sulte o seu veterinário a este propósito.

Cuidados sanitários 63
7 Alimentação

7.1 Diversas maneiras de alimentar os patos


segundo o sistema de criação
Criados à solta
Os patos são mais fáceis de alimentar que as galinhas. Eles podem
comer erva e digerem a alimentação local mais facilmente do que as
galinhas. Gostam de comer caracóis, conchas e plantas aquáticas, que
podem encontrar nos arrozais, pequenos canais e noutras fontes de
água. Caso se encontrem no período de postura ou sejam criados pela
carne, necessitam de suplementos alimentares. Os patos que são cria-
dos à solta absorvem proteínas suficientes quando comem erva, pe-
quenos peixes, crustáceos e insectos. Mas também têm necessidade de
fontes energéticas. Pode-se fornecer comida rica em energia como seja
o arroz, derivados da mandioca, sagu (fécula de sagueiro), batata-
doce, etc. Esta comida adicional também pode funcionar como “isca”
para pôr os patos dentro, à noitinha.

Mantidos encerrados
Os patos que são mantidos fechados não podem eles próprios procurar
a sua comida e estão dependentes da comida que se lhes dá. O melhor
é utilizar rações especiais para estas aves. Trata-se de preparados
completos, não sendo necessário que se lhes adicione nada. Caso pre-
tenda alimentar os patos de maneira mais barata, poderá substituir um
terço da ração preparada com legumes (restos), restos de comida ca-
seira, a parte de cima da batata-doce, plantas aquáticas tal como seja o
kangkong (pomea aquatica) e lentilhas de água. Também poderá pre-
parar comida para os patos, tal como se explica na Secção 7.5.

7.2 Água para beber


Os patos necessitam de água para que os nutrientes que se encontram
na comida possam ser absorvidos nos vasos sanguíneos e também para
poderem eliminar as substâncias tóxicas do corpo. A água também é

64 Criação de patos nas regiões tropicais


necessária para se manter uma temperatura constante do corpo, reves-
tindo-se de particular importância caso o clima seja quente. Os patos
arquejam para perderem calor e manterem-se frescos, quando a tempe-
ratura é alta. A falta de água pode conduzir a uma morte rápida. Exis-
tem outros factores que igualmente exercem influência sobre a quanti-
dade de água requerida pelos patos, como sejam o tipo de alimenta-
ção, a frequência de postura e o tamanho do pato. Um pato adulto ne-
cessita de, pelo menos, 2 litros de água por dia. No Quadro 4
apresentamos as necessidades em água de patos jovens .

7.3 Quantidades de comida


Normalmente os patos comem a quantidade de comida de que têm
necessidade. Caso note que os seus patos estão a perder peso, é porque
não comem o suficiente ou a comida não é adequada ou se encontram
doentes. Caso não comam o suficiente, dever-se-á aumentar-lhes a
ração e aumentarão de peso assim que comam mais. Caso lhes seja
dada mais comida e os patos não a comam, tal significa que a qualida-
de da mesma não é boa. Se este for o caso poder-lhes-á dar uma quan-
tidade maior, uma vez que melhore a sua qualidade.
Caso a comida dada é muita mas sobra sempre, quer dizer que os pa-
tos recebem mais comida do que necessitam. Nesse caso é melhor di-
minuir a quantidade, pois a comida que sobra irá apodrecer e se os
patos comerem comida estragada poderão adoecer.

Os patos que continuam a alimentar-se mal mesmo depois de ter to-


madas as medidas que lhe são sugeridas, provavelmente estarão doen-
tes. No Capítulo 6 forneceremos mais informações sobre doenças dos
patos, mas também é uma boa ideia consultar um veterinário.

Para poder decidir a quantidade de comida que deverá dar aos patos, é
necessário saber a quantidade que os mesmos necessitam, o que de-
pende da idade do pato e da finalidade da sua criação (ovos ou carne).
É óbvio que um pato adulto comerá mais que um patinho de uma se-
mana e as aves destinadas à produção de ovos ou de carne necessitam

Alimentação 65
de mais comida que uma pata que é criada para a reprodução. Ver a
Secção 7.5, para mais pormenores sobre este assunto.

Caso se dê demasiada comida aos patos estes poderão ficar muito gor-
dos. Na altura do abate, a camada de gordura não deve ser mais espes-
sa que 0,5cm.

7.4 Nutrientes na alimentação


A alimentação dos patos engloba os seguintes nutrientes essenciais:

Figura 23: Os nutrientes essenciais

Primeiramente trataremos estes nutrientes essenciais e na próxima


secção debruçar-nos-emos sobre os métodos de alimentação e a sua
composição.

Energia
Os patos têm necessidade de energia para poder comer, andar, respirar
e digerir a comida. A energia na dieta alimentar deriva, em grande
quantidade, dos hidratos de carbono e uma parte das gorduras e dos
óleos.

Alimentos energéticos
Mandioca, sagu, batata-doce, inhame, taro, milho, trigo, grãos de arroz, farelo
de arroz, restos de comida caseira, melaços e fruta.

66 Criação de patos nas regiões tropicais


A quantidade de energia contida nos alimentos é normalmente expres-
sa em quilo-calorias (Kcal) por grama. Também se utiliza os quilo-
Joules (kJ). 1 kcal = 4,2 kJ.
Um pato adulto de 1,7 Kg necessita, no mínimo, de 400 kcal por dia, o
que satisfaz somente a sua necessidade de ir à procura de comida, de
respirar e de digerir a comida. É o que se chama necessidade de manu-
tenção. Um pato que está a crescer (patinho) ou uma pata que está a
pôr ovos (poedeira) necessita de energia adicional. Uma poedeira que
pesa 1, 7 Kgs necessita, minimamente, de 440-490 kcal por dia. Um
pato que se encontra à solta e tem que procurar a sua própria comida
durante todo o dia também necessitará de mais energia que um pato
que permanece fechado todo o dia. Os patos com um maior peso e as
poedeiras que põem um ovo por dia, necessitam, diariamente entre
500 e 600 kcal.

Proteínas
As proteínas são importantes para a manutenção do corpo, crescimen-
to, produção de ovos e de carne e para as funções vitais do corpo. Um
patinho que está a crescer necessita de proteínas, especialmente duran-
te as primeiras semanas de idade. Se a sua alimentação é deficiente em
proteínas, o crescimento será muito lento ou mesmo nulo.

Alimentos ricos em proteínas


Erva fresca, legumes, plantas aquáticas, peixinhos, crustáceos, caracóis, ca-
ranguejos, camarões, farinha de sangue, farinha de peixe, leite desnatado em
pó, bolo de semente de algodão, farinha de luzerna, grãos de soja, bolo de
semente de girassol.

Vitaminas
As vitaminas são necessárias (em pequenas quantidades) para várias
funções vitais. Os patos criados à solta obtêm a maior parte das vita-
minas de que necessitam das ervas ou dos restos de legumes.
Os patos que são mantidos presos dependem de um suplemento vita-
mínico nos alimentos que recebem. Neste caso é bom comprar prepa-
rados de vitaminas e minerais. Pode-se, de uma maneira geral, dizer
que os patos que recebem uma dieta variada e equilibrada, o que inclui

Alimentação 67
diversos tipos de comida, não correrão o risco de terem uma deficiên-
cia vitamínica.

A niacina, por exemplo, é uma vitamina importante para o crescimento e para


a plumagem. As poedeiras que não recebem suficiente niacina podem ter
problemas de locomoção. A niacina encontra-se presente nos cereais inte-
grais, mas os patinhos não os conseguem digerir bem. Por esta razão reco-
menda-se suplementar a comida dos patinhos e das patas poedeiras com 5-
7% de resíduos de processos de destilação (borras/sedimentos de sorgo fer-
mentado, bananas, coco, trigo ou milho). Isto favorece o crescimento e evita
que os patos fiquem com as pernas fracas ou as patas torcidas. Estas borras
de destilação podem ser obtidas nos lugares aonde se procede à destilação
de bebidas e devem ser recolhidas regularmente (de dois em dois dias) e
guardadas num recipiente limpo na medida em que entram em decomposição
e apodrecem muito rapidamente. Se não exalarem um odor pestilento quer
dizer que ainda estão em bom estado para serem utilizadas.

Minerais
Para além das vitaminas os patos também necessitam pequenas quan-
tidades de minerais, que são importantes para as funções vitais do cor-
po. Os minerais mais importantes são o cálcio (Ca) e o fósforo (P),
que são necessários para a formação e manutenção da estrutura óssea e
para a formação das cascas dos ovos. A proporção de Ca:P para os pa-
tinhos situa-se entre 1:1 e 2:1.
A proporção Ca:P para as patas poedeiras é de 6:1 e necessitam de 0,4
gramas de cálcio diariamente para que se possam formar as cascas dos
ovos.

Alimentos ricos em cálcio:

Cascas de ostras trituradas, cal em pó, farinha de ossos e farinha de ossos


fumados, cascas de ovos moídas e cascas de crustáceos.
Polvilhe a comida dos patos com estas farinhas. Não é aconselhável proce-
der ao fabrico de farinha de ossos fumados. O vapor só por si não desinfecta
suficientemente os ossos e nesse caso pode transmitir doenças

68 Criação de patos nas regiões tropicais


7.5 Composição da ração e necessidades
A composição e a quantidade de comida determinarão se as necessi-
dades dos patos são preenchidas. As necessidades dos patos são, por
sua vez, determinadas pela sua idade e a utilização.

Patinhos até à 8a. semana


Os patos de um dia podem ser alimentados com uma mistura de cere-
ais triturados grosseiramente, humedecidos com leite ou com água.
Depois de alguns dias estarão prontos para uma ração em que se mis-
turam vários ingredientes, tal como a composição seguinte:

cereais triturados 30%


farelo fino de cereais 30%
soja moída 20%
extracto de farinha de bolo de soja 10%
cascalho fino e minerais 5%

É preciso acrescentar um pouco de água a esta mistura o que resulta


numa ração grumosa. Se acrescentar demasiada água, a ração ficará
colada aos bicos dos patos. Acrescente a água imediatamente antes de
dar de comer aos patos, pois de outro modo a comida pode azedar e
estragar-se.

É uma boa ideia adicionar um preparado de minerais e vitaminas à


ração de modo a garantir que os patinhos recebam vitaminas e mine-
rais suficientes.

O quadro 3 mostra com que frequência os patinhos devem ser alimen-


tados. O número de vezes em que devem ser alimentados diminui à
medida que vão crescendo.

Alimentação 69
Quadro 3: A alimentação dos patinhos

Período depois dos patinhos Alimentação


terem saído do ovo
semana 1 + 2 pelo menos 4 vezes por dia
semana 3 + 4 3 vezes por dia
1 mês criados à solta: alimentam-se de insectos, conchas,
cereais e ervas daninhas.
Não necessitam de muita comida suplementar, apenas à
noite para os pôr dentro

fechados: a serem alimentados 2 vezes por dia

ambos sistemas: verifique se os patinhos têm comida e


água suficiente durante todo o dia.

No quadro 4 é dado um exemplo da quantidade de comida e água ab-


sorvida por patos de Pequim, em pleno crescimento.

Tenha em conta que as necessidades de comida e de água variam se-


gundo a raça do pato. O quadro 4 mostra que as necessidades dos pa-
tos em crescimento mudam rapidamente. De um modo geral os patos
comem até ficarem saciados. Controle se os alimentos são comidos
sofregamente, se os patos se desenvolvem bem ou se deixam comida.
Ajuste a quantidade de alimentação que está a fornecer. Ver também
Secção 7.3.

Quadro 4: Necessidades de alimentação e de água dos patos de


Pequim em crescimento

Idade dos patinhos Consumo alimentar Consumo de água


(semanas) kg/semana/pato litro/dia/pato litro/semana/pato
1 0,23 0,22 1,54
2 0,75 0,60 4,20
3 1,16 0,66 4,62
4 1,34 0,68 4,76
5 1,47 0,85 5,95
6 1,63 1,20 8,40
7 1,77 1,50 10,50

70 Criação de patos nas regiões tropicais


Os alimentos que têm um grande teor de proteínas são, na maioria dos
casos, muito caros. Caso encontre no mercado alimentos sob a forma
de granulados para os frangos em crescimento, também podem ser
utilizados para os patos.

ATENÇÃO: Os alimentos para galinhas contêm muitas vezes medi-


camentos (antibióticos). Se tal for o caso não os dê aos patos pois os
antibióticos não são previstos para os patos e estes ficarão doentes! O
melhor será testar um novo alimento, dando-o em quantidades reduzi-
das, no início para ver se não faz mal a estas aves. Claro que os ali-
mentos previstos para patos e que também contêm medicamentos não
os afectarão.

Patas poedeiras: necessidades de manutenção


Recomenda-se uma dieta alimentar de manutenção para os patos entre
as 8 e as 20 semanas de idade e para as aves adultas entre ciclos de
postura. Os patos jovens têm mais necessidades em proteínas e em
cálcio que os patos adultos. Quando têm acesso a erva em quantidade
suficiente, os patos adultos apenas necessitarão de um suplemento de
cereais ao qual se adicionou vitaminas e minerais.
Quando não há erva suficiente, é necessário dispor-se de uma alimen-
tação mais equilibrada de modo a que as patas possam erigir as suas
reservas para o próximo ciclo de postura. É preciso adaptar sempre a
quantidade de comida a fornecer segundo a condição física do animal:
se estiverem muito gordos, dê-lhes menos comida e se estiverem mui-
to magros, aumente a quantidade de comida.

Patas poedeiras: necessidades durante um ciclo de postura


Os patos criados à solta são capazes de encontrar uma grande parte da
alimentação de que necessitam quando andam fora. Pode-se suple-
mentar a dieta destes patos com restos de comida caseira, que consti-
tuem uma fonte de energia. Para além disso as patas poedeiras
necessitam um suplemento de cálcio. Este pode ser fornecido na
forma de granulados ( 80-120 g por pato). De tal maneira os patos
obterão todos os nutrientes de que necessitam.

Alimentação 71
Aos patos que são criados num espaço fechado pode-se começar a dar-
lhes alimentação adaptada aproximadamente quatro semanas antes de
começarem a pôr. Caso sejam alimentados apenas com cereais não
terão proteínas, cálcio e vitaminas em quantidade suficiente. A melhor
alimentação para este período é uma mistura de comida, que pode ser
fabricada em casa ou se pode comprar. Mais adiante é apresentada
uma receita.
Caso compre uma ração especialmente preparada para patos, não ne-
cessitará de adicionar algo mais. O fabricante da ração para os patos já
previu que a ração integra tudo o que estes animais necessitam.

A quantidade a fornecer depende da raça de pato, do seu peso, da pro-


dução de ovos e da disponibilidade de ervas. As poedeiras necessitam
diariamente uma quantidade aproximada de entre 170 e 230 gramas.
Boas poedeiras podem chegar mesmo a ter uma necessidade de 280 g
de comida por dia. Caso note que as patas estão a ficar demasiado pe-
sadas (i.e. demasiado gordas) é uma boa ideia de fechar os comedou-
ros durante a noite. As patas quando estão muito gordas põem menos
ovos, o que é uma perda de alimentação e de dinheiro.

Eis aqui um exemplo de um preparado alimentar simples para 20 patas poe-


deiras, para um período de 7 dias:

20 kg de arroz quebrado (50%)


10 de farelo de arroz (25%)
10 de farinha de peixe/restos de peixe/farinha de ossos (25%)

40 kg em total (100%)

Pode-se misturar um pouco de água aos ingredientes apresentados


para que o preparado fique um pouco húmido. Acrescente a água ape-
nas na altura de dar a comida, pois de outra maneira a mistura poderá
apodrecer. O próximo exemplo apresentado fornecerá comida sufici-
ente para os patos que são criados num recinto fechado. Baseia-se
numa quantidade de 285 g de comida por pato, por dia. Caso forneça a
cada pato 200 g de comida por dia, esta quantidade dará para 10 dias.
A quantidade unitária que dará dependerá do tamanho dos patos.

72 Criação de patos nas regiões tropicais


Em áreas aonde o peixe fresco, farinha de peixe ou farinha de camarão
abundam, poderá fazer o preparado seguinte:

24 kg de farelo de arroz (60%)


8 kg de farinha de milho (20%)
8 kg de farinha de camarão
(ou o equivalente em restos de peixe fresco) (20%)

40 kg em total (100%)

Acrescente 2% de óleo de fígado de bacalhau e 2% de cascas de ostras a


esta mistura e suplemente esta ração com alguma forma de alimento verde
(restos de legumes) caso os patos sejam mantidos encerrados durante todo o
tempo.

A seguinte mistura é boa para as patas que põem ovos com casca fina. As
quantidades são para 20 patos para 7 dias:

30 kg de cereais ou de subprodutos
4 kg de peixe ou de restos de peixe
4 kg de polpa ou de restos de fruta
2 kg de conchas moídas
200 g de sal + 100 g de minerais

Dieta de engorda
Dependendo da raça, os patos podem ser abatidos quando atingiram
um peso entre os 2,8 e os 3,2 kg. Controle os patos cada semana para
ver se estão a ganhar peso. Caso não tenham ganho peso, ou apenas
muito pouco, é altura de os abater. Se continuar a manter os patos que
já não aumentam de peso, estará a desperdiçar o seu dinheiro. A com-
posição da ração dependerá principalmente de quanto quererá gastar
na alimentação e se pensa que poderá amortizar os custos.

Sumário dos aspectos mais importantes sobre a alimentação


dos patos
? Certifique-se que há sempre uma quantidade abundante de água
limpa, para beber.
? Certifique-se que os patos têm uma dieta variada que lhes proporci-
onará todos os nutrientes essenciais.

Alimentação 73
? É bom deixar os patos soltos durante o dia para que comam ervas e
fechá-los durante a noite (para protecção).
? Controle sempre o que é que os patos fazem com a comida que se
lhes dá. Caso não toquem em grande parte da comida, dê-lhes me-
nos na próxima vez.
? Retire a comida que ficou para que não apodreça e comece a cheirar
mal. Caso deixe os restos de comida, atrairá ratazanas e ratos e ou-
tros parasitas para a habitação dos patos. A comida estragada tam-
bém poderá causar doenças nos patos.
? Caso as patas deixarem de pôr ovos, deve ser por duas razões; 1)
devem estar a perder penas (muda) ou 2) a comida que se lhes dá
não é de boa qualidade, por exemplo, com mofo.
? Se as cascas dos ovos forem muito finas, acrescente cálcio à ração
na forma de cascas de ostras ou cascas de ovo trituradas, finas.

Por vezes os patos morrem, subitamente. Tal pode dever-se a uma das se-
guintes causas:

1.Carência de água. 2. Água suja 3. Intoxicação alimentar 4. Doença


Sempre que se registe mortes súbitas nos patos, contacte o veterinário

Observe sempre os seus patos cuidadosamente, anotando a sua condi-


ção física, a sua saúde e o seu comportamento. Faça-o diariamente. A
experiência adquirida ajudá-lo-á a gerir melhor os seus animais.

7.6 Intoxicação alimentar


Os patos são muito sensíveis a substâncias tóxicas que se encontram
na sua alimentação. Toda a alimentação é susceptível de conter sub-
stâncias tóxicas. Tal ocorre normalmente como resultado de más con-
dições de armazenamento dos ingredientes da comida, em lugares
húmidos ou muito quentes. Os amendoins e o milho, se estiverem po-
dres ou infestados com fungos podem conter substâncias tóxicas.

Os patos também podem ficar intoxicados com plantas venenosas ou


cadáveres animais em decomposição. Tal chama-se botulismo. Certi-
fique-se de que todas as fontes de água a que os animais têm acesso

74 Criação de patos nas regiões tropicais


estão isentas de materiais em decomposição. Ver secção 6.3 para mais
informação sobre este assunto.

Os patos também podem ser envenenados por pesticidas ou insectici-


das. Se os animais comerem plantas nas quais foram aplicados estes
produtos químicos tóxicos, absorverão o veneno que não será elimina-
do na sua totalidade, mas ao contrário, ficará acumulado no corpo o
que pode provocar doenças ou até mesmo a morte do animal.

Alimentação 75
8 Produtos
Quando se começa a criar patos, normalmente tem-se em vista os pro-
dutos que os mesmos poderão fornecer, principalmente os ovos e a
carne. O estrume do pato também poderá ser uma razão para os criar.
Neste capítulo são apresentadas linhas directrizes no que concerne a
níveis de produção assim como conselhos sobre os cuidados a ter com
os produtos, com o objectivo de se melhorar a qualidade dos mesmos.
Qualidade significa que o produto é fresco, limpo e que tem bom gos-
to, mas também que tem uma boa aparência. Produtos cuja qualidade
é elevada vender-se-ão melhor, razão pela qual vale a pena fazer um
esforço para cuidar bem dos produtos.

8.1 Dados de produção e cuidados diários


Os dados de produção são calculados através da monitorização dos
níveis de produção de uma determinada raça de pato, durante algum
tempo. Na medida em que as condições de produção não são as mes-
mas em cada exploração agrícola, estes dados apenas fornecem uma
indicação dos níveis de produção que se podem atingir. Sem experiên-
cia é muito difícil estimar qual o nível de produção que se pode espe-
rar. Após ter criado patos durante alguns anos, nessa altura estará em
condições de poder fazer as suas próprias estimativas de produção. O
Quadro 5 fornece alguns indicadores sobre alguns dados de produção.
Habitualmente os patos criados à solta são menos produtivos que os
mantidos num espaço fechado.

Quadro 5: Dados de produção referentes ao pato de Pequim

Ovos por pato, por ano 120-130


Peso médio do ovo 50-70 g
Período de incubação 25-26 dias
Idade do início do período de postura 4,5-5 meses
Duração do período de postura 12-18 meses
Peso do pato adulto (fêmea) 2,2-3,5 kg
Peso do pato adulto (macho) 3,4-4,6 kg
Relação macho/fêmea 1: 4

76 Criação de patos nas regiões tropicais


8.2 Cuidados com os ovos
Os cuidados a ter com os ovos começam no momento em que os
mesmos são postos. As patas normalmente põem os ovos de manhã, o
que significa que só se necessita de recolher os ovos uma vez ao dia,
de manhã. Nisso diferem das galinhas que põem os seus ovos a qual-
quer hora do dia.

É melhor recolher os ovos o mais rápido possível depois dos mesmos


terem sido postos, pois desse modo é mais fácil limpá-los e poderá,
eventualmente, mantê-los num lugar fresco, para os conservar. A suji-
dade nos ovos pode causar doenças ao penetrar a casca e ser absorvida
pelo interior do ovo, o que poderá causar que os mesmos apodreçam
ou que não possam ser fecundados.

Dois métodos de limpeza dos ovos:

? a seco
Tire toda a sujidade que puder com o auxílio de um paninho seco,
de uma escova ou de uma faca. Esta é a uma boa maneira de remo-
ver a sujidade maior e mais visível.

? emergindo os ovos em água quente


Este método só se deve aplicar caso os ovos sejam para vender (ou
para comer). Ponha os ovos em água quente por um período não su-
perior a 20 segundos. A temperatura da água deve ser um pouco
mais elevada do que a dos ovos para que possa limpá-los bem.

Os ovos destinados a ser incubados não devem ser lavados com água.
As cascas dos ovos têm buraquinhos pequenos (poros) que se abrem
quando os ovos são colocados na água e há doenças que podem pene-
trar através destes buraquinhos o que pode resultar com que os ovos
não sejam fecundados.

Guardar os ovos
Poderá recolher e guardar os ovos com o objectivo de os vender de
dois em dois dias ou uma vez por semana. Também os pode guardar

Produtos 77
para que possa incubar muitos de uma vez, ao mesmo tempo. Caso
seja possível conserve sempre os ovos que pretende vender num lugar
fresco (mesmo se os vender no próprio dia). Depois de ter limpo os
ovos é necessário pô-los num lugar frio o mais rapidamente possível.
Os ovos que são destinados a auto-consumo devem ser mantidos a
uma temperatura baixa: 4-7 °C. Quanto mais curto é o período em que
se vai conservar os ovos, tanto menos importante é a temperatura de
armazenamento.

Os ovos destinados a serem chocados, devem ser mantidos a uma


temperatura de 13-16 °C. Caso os ovos sejam guardados a temperatu-
ras superiores (16-38 °C), o patinho começará a desenvolver-se, mas o
processo será tão lento que o animal acabará por morrer dentro do o-
vo.
Os ovos destinados à incubação podem ser guardados durante um pe-
ríodo máximo de sete dias. Após este período o número de ovos que
serão incubados com bons resultados, diminuirá muito. Ver Capítulo 3
para mais informação sobre o processo de incubação.

Gestão das aves poedeiras e da produção de ovos


Tal como se encontra indicado no Quadro 5, as patas podem começar
a pôr ovos aproximadamente com a idade de 5 meses. Se forem bem
tratadas podem continuar com o período de postura durante cerca de
um ano e meio. O número de ovos que uma pata põe também depende
duma boa gestão, ou seja, quanto tempo e cuidados dispende nos seus
patos. Isto engloba todos os aspectos da criação dos patos: habitação,
alimentação e saúde. O quadro 6 dá um exemplo da produção de ovos
alcançada, segundo três níveis distintos de gestão, a saber:
? nível baixo de gestão
é prestada pouca atenção aos patos; apenas se lhes dá uma pequena
quantidade de comida suplementar
? nível médio de gestão
os patos são controlados diariamente; os que têm mau aspecto são
controlados mais amiúde; é-lhes fornecida uma boa quantidade de
comida de melhor qualidade, cada dia.
? nível alto de gestão

78 Criação de patos nas regiões tropicais


os patos são controlados regularmente; os animais com uma aparên-
cia doentia são controlados de perto e separados, caso necessário; é
usada alimentação suplementar de alta qualidade.

Quadro 6: Número de ovos produzidos segundo 3 níveis distintos


de gestão (num bando de 25 patos na Tailândia)

Período desde o nível baixo de ges- nível médio de nível alto de gestão
início da postura tão gestão
dos ovos
primeiro ½ ano 11 14 17
segundo ½ ano 8 12 15
terceiro ½ ano 6 9 12

É claro que no decorrer do primeiro semestre do seu período de postu-


ra as patas põem mais ovos que no fim do período de um ano e meio.
Se os patos forem quase todos da mesma idade e, por esta razão, co-
meçarem a pôr mais ao menos ao mesmo tempo, poder-se-á notar que,
após algum tempo, o número de ovos baixa.
Caso pretenda obter uma produção contínua, deverá ter um bando de
patos de idades diferentes. As patas que deixam de pôr são retiradas
do bando e substituídas por poedeiras mais jovens. Dependendo do
sistema segundo o qual se criam as aves também se poderá optar pela
substituição completa do bando. Ver Secção 2.4 sobre manutenção de
um bando e selecção das aves que são demasiado idosas para poderem
produzir.

Algumas patas podem mesmo parar de pôr durante algum tempo. Se


nesse momento estão a perder penas e outras começam a crescer em
seu lugar, estão numa fase de muda. Este é, geralmente, um período de
descanso para as aves. Caso sejam bem tratadas, após um período de
cerca de seis semanas, começarão de novo a pôr. Se tal não acontecer,
existem outros factores em causa que devem ser averiguados.

Produtos 79
8.3 Produção de carne
No final do período de postura, poderá vender as patas. Ou também
poderá optar por criar patos somente pela carne. É o que se chama
produção de patos de carne (para abate)
A diferença na produção de carne entre as aves poedeiras e as de carne
reside no facto que as poedeiras são abatidas numa idade mais avan-
çada. Por esta razão a carne das poedeiras é mais dura.
Se se coze a carne das aves criadas para abate durante muito tempo,
esta desfaz-se, sendo portanto, mais apropriada para ser frita ou assa-
da.

Vender os patos vivos ou já abatidos


Quer se venda as aves poedeiras ou as de abate, terá que decidir como
as irá vender. Os patos podem ser vendidos vivos ou já abatidos, de-
pendendo da preferência do consumidor.
Caso sejam vendidos vivos, a maneira mais fácil de os apanhar é não
os deixar sair do seu abrigo nocturno, na manhã seguinte. Nesse dia,
mais tarde, poderá pôr as aves em grades ou caixas de cartão, aonde se
fizeram buracos, e transportá-las para o mercado.
A grande vantagem de vender os patos vivos é que a carne não pode
estragar-se antes de ser vendida. Caso se esbarrem com dificuldades
imprevistas durante o transporte e que seja necessário mais tempo do
que é costume para levar as aves ao mercado, evitar-se-ia o problema
da carne se poder estragar. No entanto, caso não haja procura para os
animais vivos, terá que abatê-los.

8.4 Abate dos patos


Idade para se abater as aves
A melhor idade para se proceder ao abate das aves é quando estas
atingiram o seu crescimento final, ou seja, para os patos de Pequim,
cerca das 8 semanas para as fêmeas e 9,5 semanas para os machos e,
para as outras raças, cercas das 10 semanas para as fêmeas e 12 sema-
nas para os machos. É também a altura em que a carne do peito é me-
lhor. Também pode ser que os clientes prefiram carne mais rija e quei-

80 Criação de patos nas regiões tropicais


ram pagar por isso sendo, nesse caso, preferível esperar mais algum
tempo até abater a ave. As poedeiras que já terminaram a sua fase de
postura podem ser abatidas em qualquer período.

Preparativos para o abate


Antes de se proceder ao abate recomenda-se não dar comida aos patos
pelo menos durante seis horas, mas é preciso dar-lhes de beber. Ao
cabo de seis horas o estômago e os intestinos das aves estarão prati-
camente vazios o que facilitará a limpeza das suas carcaças. Caso o
conteúdo dos intestinos entre em contacto com a carne tal pode estra-
gar o gosto e a sua qualidade.

O abate
Caso seja feito de forma correcta, a melhor e a mais rápida maneira de
abater os patos é de cortar (com uma faca ou um machado) a garganta
da ave. Se a ave for abatida de acordo com a lei muçulmana, o pesco-
ço da ave não deverá ser quebrado, mas a cabeça tem que ser degola-
da, com um único golpe. Em seguida deixa-se escoar o sangue do a-
nimal.

Qualquer que seja o método de abate utilizado, deverá deixar escoar o


sangue do corpo, com o objectivo de assegurar que a carne tem boa
qualidade. Para fazer isto, bastará segurar o animal pelas patas até que
o sangue se escoe todo. Também existem dispositivos especiais para
este fim (coadores – ver Figura 24), nos quais se coloca os patos pen-
durados com a cabeça para baixo.

Produtos 81
Uma vez que o sangue
todo está coado do corpo,
pode-se depenar o pato,
operação que é mais fácil
de realizar quando o corpo
ainda está quente. Para
facilitar a tarefa de depe-
nar o pato também se pode
mergulhar a sua carcaça
em água quente (a uma
temperatura de, mais ou
menos, 55 °C) durante,
aproximadamente, dois
minutos. Comece por reti-
rar as penas grandes das
asas, depois do dorso, os
lados e o peito. Por fim as
penas das pernas, do pes-
coço e do resto das asas.
Poderá esvaziar comple- Figura 24: Coador
tamente o conteúdo dos
intestinos, apoiando uma mão sobre a barriga do animal.

Para que a carcaça tenha um aspecto limpo e esteja pronta para ser
vendida, pode cortar a cabeça e retirar os miúdos, caso o cliente assim
prefira. Se retira os miúdos, tenha cuidado para não rebentar a vesícu-
la biliar (fel), pois o seu conteúdo irá estragar o gosto da carne

8.5 Produção de estrume


Os patos também produzem estrume. Este pode servir para fertilizar
os campos, tal como a bosta das vacas. Quando se procede à limpeza
dos abrigos pode empilhar as camas e os seus excrementos para fabri-
car composto, que serve igualmente de fertilizante.

82 Criação de patos nas regiões tropicais


Os excrementos dos patos poderão ser utilizados directamente como
estrume, por exemplo num sistema de produção integrado com pisci-
cultura ou orizicultura. Ver Secções 4.2 e 4.3.

Produtos 83
9 Manter registos da exploração

9.1 Manutenção de registos


Vale a pena manter um registo do que acontece na sua exploração
agrícola. Nem toda a gente acha fácil ou útil este trabalho, sendo mui-
tas das vezes encarado como uma corveia. Caso se trate de um peque-
no bando de aves e de uma actividade a curto prazo, é possível recor-
dar a informação mais importante. No entanto se a intenção é de criar
patos durante muito tempo e se se quiser levar a cabo uma exploração
comercial, é necessário manter um registo do que se passa.

Dependendo do tipo de exploração que leva a cabo, é bom manter re-


gisto dos seguintes dados:
? número de ovos postos por dia
? quantidade de comida distribuída cada dia
? custos da alimentação e cuidados sanitários
? investimento realizado na construção da habitação
? quais os patos que são bons reprodutores e os que não o são
? número de ovos incubados e a data que os pôs a incubar
? quantos ovos eclodiram
? número de patinhos que sobrevivem e números dos que morreram

Esta lista não é exaustiva nem compulsiva. Cabe a cada um decidir


sobre que informação quer manter um registo, dependendo do tipo de
exploração comercial que realiza.
A informação recolhida pode ajudar a tomar decisões sobre a gestão
ou a ajudar a encontrar uma solução para um problema. Por exemplo:

? Quando sabe a data que pôs os seus ovos a incubar, poderá calcular
a data em que os patinhos nascerão. Estará, portanto, preparado para
tomar os cuidados necessários com as aves recém-nascidas.
? Pode calcular quando é necessário substituir os patos que atingem o
fim do seu período reprodutivo.
? Quando a reprodução parece decrescer durante um determinado
período, poderá consultar os seus registos concernentes ao mesmo

84 Criação de patos nas regiões tropicais


período num ano precedente para ver se tal era o caso. Caso se note
uma diminuição da produção, poderá começar a procurar uma causa
para este declínio na produção e, possivelmente, encontrar uma so-
lução para o problema.
? Pode acontecer que os seus patos pareçam, durante um certo tempo
menos saudável que o usual, tenham menos peso ou cresçam mais
lentamente do que de costume. À primeira vista poderá parecer que
os patos estão doentes. Antes de consultar um veterinário poderá ve-
rificar, primeiramente, se está a alimentar os patos com menos
quantidade do que anteriormente.
Caso os patos, depois de lhe ter ser sido dada mais comida, pare-
çam, imediatamente, mais saudáveis, pode ver que eles não estavam
doentes, mas que apenas necessitavam de um pouco mais de comi-
da.
? Também é recomendável manter registos para os patos de carne. Se
mantiver um registo no que concerne ao peso (p.e. semanal) pode-
se ver rapidamente se os seus patos estão a desenvolver-se bem.
? Mantendo um registo de todos os custos incorridos, poderá calcular
o preço de custos dos seus produtos e, dessa maneira, verificar se a
exploração é ou não rentável.

Para manter um tal registo é suficiente escrever diariamente, num ca-


derno escolar ou bloco de notas, tudo o que foi realizado. Se pretende
ser mais acurado, poderá fazer listas segundo tópicos. Mantenha o seu
registo da forma que para si seja mais fácil de utilizar e encontrar as
informações de que necessita.

9.2 O cálculo do preço de custo


A informação referente aos custos realizados pode ser utilizada para
calcular o preço de custo dos produtos dos seus patos. Uma vez feitos
os cálculos sobre os preços de custo poderá compará-los com o preço
obtido no mercado. Desse modo poderá decidir se criar patos é uma
actividade rentável. É preciso ter em conta que o seu preço de custo
deverá ser mais baixo que o preço de mercado, caso queira ganhar al-
guma coisa!

Manter registos da exploração 85


A resenha de dados que a seguir apresentamos mostra a informação
que necessita de recolher para calcular o preço de custo:

Custos variáveis Custos fixos


Compra dos patinhos Habitação
Custos de alimentação Equipamento
Gasolina/electricidade
Cuidados sanitários
Outros (p.e. reparação da capoeira)

Os custos de mão-de-obra não se encontram incluídos mas os lucros


obtidos a partir da actividade de criação de patos deverão ser suficien-
te para o tempo que investiu nela. Claro que existe uma diferença si-
gnificativa caso a criação de patos constitua a sua principal fonte de
rendimentos ou se se trata de uma actividade lateral.

Custos variáveis e custos fixos


A divisão que foi feita entre custos variáveis e fixos é uma técnica
contabilística. Esta distinção é geralmente efectuada quando se proce-
de a uma contabilidade ou quando a administração da exploração agrí-
cola se torna mais complexa.

? Custos variáveis
Custos variáveis são os custos efectuados com as actividades quoti-
dianas da exploração agrícola. Mudam quando a dimensão da pro-
dução muda ou quando as condições de produção se alteram.
Os custos variáveis são: custos de alimentação; – medicamentos;
compra de novos patinhos, energia, etc. Por exemplo: os custos de
alimentação duplicarão se criar 100 patos em vez de 50.

? Custos fixos
Os custos fixos são os que não dependem directamente das activi-
dades de produção. Os custos fixos são, geralmente, os custos de
investimento em relação às capoeiras e ao equipamento. Por exem-
plo: os custos em relação à capoeira serão praticamente os mesmos
quer crie 50 ou 100 patos. Os custos fixos são realizados apenas

86 Criação de patos nas regiões tropicais


uma vez durante um período mais longo. O investimento em relação
a uma capoeira é feito por um período de 5 ou até mesmo 10 anos.
As reparações das capoeiras são custos variáveis: os custos de repa-
ração serão mais elevados caso a capoeira seja usada mais intensa-
mente.

Quando se calcula o preço de custo, calculam-se em parte os custos


fixos – os custos de depreciação – em função do número de anos
que o investimento deverá durar. Caso tenha recorrido a um emprés-
timo a juros, as taxas de juro também têm que ser tomadas em con-
sideração.

Caso apenas pretenda ter uma simples visão de conjunto dos custos
e não tenha efectuado investimentos de grande monta, não será ne-
cessário fazer uma distinção entre custos fixos e custos variáveis,
basta registar todos os custos efectuados e adicioná-los

9.3 Um exemplo de como calcular o preço de


custo
Para evitar confusão tomámos um tipo de dinheiro fictício : D. 1D
significa uma unidade de dinheiro.
Os preços utilizados no exemplo serão diferentes do preços praticados
na sua área, o que quer dizer que os números que obterá nos seus cál-
culos também serão diferentes daqueles apresentados nos exemplos.

O exemplo apresentado é muito simples, pretendemos dar uma ideia


de como se calculam os preços de custo.

No exemplo que a seguir apresentamos, os cálculos foram feitos para


um período de postura na sua íntegra. A pata começa a pôr ovos com a
idade de 5 meses e continua a postura até que tenha 18 meses (um ano
e meio), o que quer dizer que o período de postura totaliza 8 meses, ou
seja 56 semanas.

Manter registos da exploração 87


Quadro 7: Custos de uma exploração agrícola com 100 patos – 18
meses

Custos variáveis
Compra de patinhos – 5D por patinho 500
Alimentação 1560
Electricidade 15
Medicamentos ou cuidados veterinários 30
Camas 40
Transporte para o mercado 35
Sub-total 2280
Custos fixos
Construção da habitação, área circundante e bacia com água 3000

A duração da capoeira foi prevista para 5 anos, o que significa que


deverá recuperar 600 D por ano, para ser capaz de indemnizar o inves-
timento que foi realizado. O período de criação dos patos é de 18 me-
ses, o que quer dizer que durante este período deverá ser capaz de re-
cuperar 900 D (por motivos de simplificação, não tomámos em conta
as taxas de juro).

Os custos totais efectuados no decorrer deste período de postura são,


pois, de:
2280 + 900 D = 3 180 D

Produção
Durante este período de postura a produção total de ovos perfez os 3
850. Também se venderá a carne (e, possivelmente, o estrume). No
caso das patas poedeiras a carne constitui, de facto, um subproduto.
Neste exemplo venderá 70 patos (alguns morreram e outros foram uti-
lizados para o seu próprio consumo).
O rendimento proveniente da carne é de 18 D por pato.

88 Criação de patos nas regiões tropicais


Quadro 8: Cálculo do preço de um ovo

Vendas da carne: 70 X 18 1 260 D


Para calcular o preço de um ovo:
Custos efectuados: 3 180 D
Rendimento proveniente da venda da carne: 1 260 D
Custos líquidos: 1 920 D
Preço de custo de um ovo: 1 920 / 3850 = 0,50 D

É evidente que também se pode fazer o cálculo no sentido inverso.


Caso a venda dos ovos se revista de menos importância que a da car-
ne, nesse caso subtrai-se o rendimento obtido pela venda dos ovos aos
custos totais. Os restantes custos líquidos totais deverão ser recupera-
dos através da venda da carne de pato.

Caso o seu sistema de criação de patos seja contínuo, quer dizer, caso
crie patos de diversas idades, conjuntamente (consultar a Secção 2.4
sobre a manutenção do bando), poderá calcular o preço de custo por
ovo, durante um determinado período.

No fim de um período (uma semana ou um mês) calculam-se todos os


custos efectuados e os rendimentos obtidos. Isto permite verificar se
se consegue fazer lucro ou se houve prejuízo.

Se comprou uma quantidade muito grande de comida para alimentar


os patos durante um período mais longo, é preciso ter atenção quando
calcular o preço de custo.
Se o preço da alimentação tiver subido depois de ter efectuado a com-
pra da alimentação, terá que usar o preço actual, mais elevado, para
fazer os seus cálculos. Será necessário de novo efectuar mais compras
das rações alimentares a um preço superior e ganhar, desde esta altura,
o dinheiro necessário para tal.

Manter registos da exploração 89


9.4 Análise da exploração durante vários
períodos de criação
Neste exemplo apresentamos um esquema de produção de uma explo-
ração agrícola numa região em que há duas estações chuvosas num
ano.
A primeira estação seca, de Novembro a fins de Janeiro, é um pouco
mais longa que a segunda, em Maio e Junho.
A estação seca mais longa também é a mais severa das duas. Tal facto
também se reflecte no número de ovos postos cada dia nestas duas
estações.

Exemplo 1
Ao compararmos os valores de produção diária (*) de Janeiro nos
anos 1, 2 e 3 podemos ver que a estação seca foi mais seca no ano 2
que no ano 1.
No ano 2, apenas foram postos, em média, 4 ovos por dia, enquanto
no ano 1 foram postos 8 ovos por dia e 7 por dia no ano 3.
A partir destes números poderá constatar-se uma diminuição na pro-
dução de ovos em Janeiro do ano 2, que se podem comparar com os
números de Janeiro do ano 1. Um valor de 4 ovos é bastante inferior
mas nesse caso não se pode fazer nada para melhorar a situação, pois é
impossível controlar o tempo.

Exemplo 2
No ano 3 no início do mês do Março não existia nada fora de comum
para ver nesses números. Não obstante, aproximadamente a meados
do mês, as patas começaram a pôr menos ovos. Cerca de finais do mês
os números médios diários (**) eram inferiores aos dos dois anos pre-
cedentes, caso se comparem os dados de produção. Nessa altura, se
atentar cuidadosamente qual é a causa desse decréscimo na produção
de ovos, poderá constatar que a ração que estava a utilizar para os pa-
tos se tornou bolorenta. Tal significa que a qualidade da comida dimi-
nuiu e que as patas puseram menos ovos.

Estes exemplos evidenciam como utilizar um registo bem mantido e


actualizado, para ajudar a verificar rapidamente se a produção está a

90 Criação de patos nas regiões tropicais


decorrer segundo o previsto. Após se manter registos durante alguns
anos poderá começar a prever quantos ovos os seus patos serão capa-
zes de produzir.

Quadro 9: Análise da produção de ovos (de um bando de 20 pa-


tas)

produção estação seca estação chuvo- estação seca estação chuvo-


(severa) sa (curta) (suave) sa (longa)
nov dez jan fev mar abril maio jun jul ago set out
por dia 16 10 8* 10 16** 16 16 14 15 16 17 17
Ano 1

por mês 480 310 480 280 496 480 496 420 450 496 510 527

por dia 16 10 4* 10 16** 17 16 14 16 17 17 17


Ano 2

por mês 480 300 124 280 496 510 496 420 496 527 510 527

por dia 15 10 7* 11 12** 16 16 13 15 16 17 17


Ano 3

por mês 465 300 217 308 372 480 496 390 465 496 510 527

Manter registos da exploração 91


Leitura recomendada
Buisonje, Fridjof E. de et al.; Entiing, Henk; Wemmers, Aart, Alimen-
tação dos patos em três fases. Aves e Ovos, vol. 148, 2000, Amado-
ra, Portugal.

Efeito da alimentação na reprodução dos patos. Calibre 12, ano 6,


vol. 45, 1995, Portugal.

Franco, Pedro, Algumas notas sobre a criação dos patos. Vida Ru-
ral, vol. 18, 1991, Portugal.

Van Eekeren et al., Avicultura de pequena escala nas regiões tropi-


cais, Série-Agrodok No. 4, 1995, Agromisa, Wageningen, Países Bai-
xos.

Hilbrands A., A piscicultura dentro de um sistema de produção in-


tegrado, Série-Agrodok No. 21, 2002, Agromisa, Wageningen, Países
Baixos

Wageningen N.v. et al., A incubação de ovos por galinhas e na incu-


badora, Série-Agrodok No. 34, 1998, Agromisa, Wageningen, Países
Baixos

Dean, W.F, Nutrient requirement of meat-type ducks, in: Farrel D.


J. & Stapleton P.: Duck production science and world practice,
workshop proceedings, 1985, Cipanas, Bogor, Indonésia

Lee S.R., et al., Integrated duck and fish production in Taiwan,


1997, 11th European Symposium on Waterfowl, September 8-10,
Nantes, França

Perez R., Duck rearing manual, 1993. CARDI/CTA, Wageningen,


Países Baixos

92 Criação de patos nas regiões tropicais


Pham Cong Phin, Integrated rice-duck cultivation in Vietnam,
1997. ILEIA Newsletter, December 1997, ETC, Leusden, Países bai-
xos.

Wilson B., Duck nutrition and feed intake, 1991. Misset-World


Poultry, vol.7, no, 9.

Leitura recomendada 93
Endereços úteis
CAN, Confederação Nacional da Agricultura
Rua do Brasil, 155, 3030-175, Coimbra, Portugal
CAN@mail.telepac.pt

Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuaria


Parque Estação Biológica - PqEB s/nº, CEP 347-1041, Brasília, Brasil
www.embrapa.br

IAC, Instituto Agronómico de Campinas


CP 28, Av. Barão de Itapura, 1.481, 13020-902, Campinas, Brasil
www.iac.sp.gov.br

INIA, Instituto Nacional de Investigação Agronómica


CP 3658, Mavalane, Maputo, Moçambique
www.inia.gov.mz

INIDA, Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento


Agrário, São Jorge dos Orgaos, Cabo Verde
www.inida.cv

UEM, Universidade Eduardo Mondlane


Maputo, Moçambique
www.uem.mz

UFLA, Universidade Federal de Lavras


Lavras, Brasil
www.ufla.br

94 Criação de patos nas regiões tropicais


Glossário
Algas – pequenas plantas aquáticas que servem de ali-
mento aos patos.

Custos fixos – custos de exploração que não variam cada mês.

Custos variáveis – custos que variam cada mês de acordo com o


tamanho e as condições de produção.

Eliminação – retirar os patos do bando porque são muito ve-


lhos ou doentes.

Emético – medicamento que provoca vómitos e que permite


esvaziar o estômago dos patos que é utilizado em
casos de intoxicação.

Eclosão – o momento em que o patinho fura o ovo para


sair.

Imunidade – o facto de não ser contaminado por uma doença


graças à resistência do seu próprio corpo.

Incubar – manter o ovo quente até que o patinho se tenha


desenvolvido suficientemente para sair do ovo.

Nutrição – a palavra científica para alimentação e como a


comida é utilizada no corpo.

Patas incubadoras – patas que permanecem sentadas em cima dos


ovos até que os patinhos de lá saiam.

Patinhos – patos jovens até 8 semanas de idade.

Glossário 95
Proteína – substância nutritiva contida em alimentos como
sejam a carne, os ovos e os feijões.

Protuberâncias – excrescências irregulares situadas no exterior do


corpo.

Vesícula biliar – orgão no corpo aonde é armazenada a bílis que


desempenha um papel crucial na digestão da
alimentação.

Vírus – organismo microscópico (extremamente peque-


no) que provoca doenças nos outros organismos
vivos.

96 Criação de patos nas regiões tropicais

Você também pode gostar