(Silvio Macedo) Paisagismo e Paisagem - Introduzindo Questões
(Silvio Macedo) Paisagismo e Paisagem - Introduzindo Questões
(Silvio Macedo) Paisagismo e Paisagem - Introduzindo Questões
INTRODUZINDO QUESTOES
Nos anos 30 e 40. Roberto Bude Marx inlroduz seus prillleiros lrabalhos. revo-
lueionando 0 modo de projelar os eSIXl\OSlivres principallllentc as pra~as e jar-
dins. confcrindo a cles forlllas e volumes derivados de sua expericncia C0l110ar-
lista pl:\slico. Pode-se consider:u' que surge pela primeira vez no pais uma forma
tipicamente brasileira de projel:.lr em paisagismo, que apesar de muito pessoal
do au lor. que revoluciona os modos de conce~ao plastica dos espa~os livres c
cria-se uma escola projcluaI. que se fundamenta enlre outros princfpios no usa
extensivo da vegeta\ao brasilcira (antes prcterida nos projetos dos bons arquitc-
tos paisagistas). na utiliza\ao de formas organicas em pisos de mosaico portu-
1'010 1 ' Vista acrea de gucs e no trabalho com a agua.
Sao Paulo, no caso
° Yale d,> 1;0 Ticlc
no S~lI ll\.'(ho
l1lCll'op(llil:UHl, area
itllcll~all\ellll'
prol'L'~~;Hla de
IlHld() a ~l' adeqll:u
ao usn humano
1'010 3 - Os projclos conccbidos por Burle Marx c sua cquipc conferelll lima marca especial a cada
Foto 2 _ 0 Campo de Santarb. atual pra"a da l{epuhlica na cidade do Rio dc J anciro ainda manttm espa,o. No caso. os pisos em 11l0saico. de curvas sinuosas da pra"a do Shopping Wcsl Plaza Clll Sao
inlacto seu antigo descnho. COIllcantciros sinuosos. an'orcdos. lagos c gramados tfplcos do cclcllsmo no
Paulo
paisagislllo hrasilciro
Os princfpios adotados por Burlc Marx oricnlam a partir dos :1Il0S50 ~ ()() 1mb
uma nova gcra~ao de arquitelos paisagistas que se forma em especial nos esta-
dos do Sui do pafs (Sao Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sui) I. A aplica~ao dos prcssupostos cspecificados no item antcrior se da da seguinte
forma nos dois nfveis apontados:
Cada proposla de interven9ao ou alua~ao, eada projeto dcvc enlao. dcnlro da No Brasil a a~ao do paisagismo eSlll em geral reslrita ao projeto das denomina-
otica do paisagisla respeitar tres princfpios basicos quc seriam: das arcas "verdes" como jardins. pra9as. parques. cal~adoes e na coiabora9Jo
csporadica em pIanos diretores ou dc manejo ambient a\. scndo a forma~ao b:lsi-
a) a observa9ao e a procura ~_~manutcn~ao da dinamica ccologica do lugar: ca do profissional. advinda de areas diversas como agronomia. arquitetura e en-
b) 0 alendimento(pr~06ta';iO aSI~?c\isS~dades da P?~u.\a9ao" l?nlO elll tcrmos gcnharia floresta\.
qualilalivos (em lermos __
~~_f-!~~r~o amblenlal, acesslbllIdade a agua IImpa, elc.)
como quanlo funcionais: l. Por este falo seu cnlcndimenlo social esla cxlremamente vinculado
jardim, do lrabalho com a vegeta9a06.
a ideia do
c) obedecer. criar e recriar ladroes eSlcticos adequados ~Ipopula~ao local (fulura
ou presenle) e ao lugar. Ii
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1'0105 . Visla de campos cultivados no Rio Grande do NOI1e. uma paisagem buc6lica. mas allamente
processada hit dCcadas e por gel~\,(ies para a produ~ao ag.ricola
"A paisagell1 co rellexo da dinamica dos sistemas sociais e naturais ... e varia
de acordo corn as caracteristicas fisiogriificas e ambientais e corn as inlerven-
1'010~ . 0 espa,o fora das editica,6es . denominado de espa,o livre. VaI.io ou de qualquel' oull'a forma·
c;oes humanas sobre ela implcmenladas"s. sendo estas posi<;oes rcfon;adas pOl'
no caso llllla l1Ia do bairro de lIigien61XlIis em Sao !'aulo Motloch que afirma que "no entendimento conlemporanco paisagem C Ulll lcrmo
abrangenle. que inclui 0 que se denomina espac;os naturais e urbanos"'J.
Como resultado. as leenieas paisagfslicas de analise e avaliac,:ao de lugares c su- LEITE, Maria Angela F. P. NOI'os mlores: destrtlil;iio Oil desconstrtl~iio? Sao Paulo,
1992. Tese (Doutorado) - FAUUSP.
as paisagens. retletern em suas estruturas este tipo dc enfoque, como sc podc ob-
servar por excmplo nos trabalhos mais reeentes dc John Lyle e seus seguidorcs.
LAURIE, M. An introduction to landscape design. NelV York: Van Nostrand Reinhold
1991. '
(I) Vide MACEDO, Silvio S. A Vegetar,:ao como elcmento de projeto. In: /'o;.I"o,l;e/lle
MACEDO, Silvio S. Paisagem, Urbani:af:iio e Litoral - do ddell a cidade. Sao Paulo,
1993. Tcse (Livre-Doccncia) - FAUUSP.
A/Ilbien/e - Ensaio.l' IV, Sao Paulo: FA UUSI', 1992, p. 11-41.
(2) Vide MOTLOCH. Introduction to land.l'C(l/ie design. p. 2.
(3) Para maiores detalhes e diseussao das posturas diferentes da ASLA consultar: MAGNOLI. Miranda M.E.M. Notas de allia e seminarios das disciplinas AUP-J10 e
AUP-:!.:!.:!..Sao Paulo: FAUUSp.
LEITE. Maria Angela Faggin Pereira. NO\'os \'alores: de.l'truir;iio ou de,lcoII.I·lrIIS·(io:'p.
36-40.
(4) "A forma pcla qual a paisagem c projetada e construida rellele uma c1aboraq:io
filos6fiea e cultural, que resulta tanto da observaqao objetiva do ambientc. quanlo cia
expericncia individual ou eoletiva em rclaqao a cia". Em LEITE, Maria Angela F. 1'.
1\'0\'0.1'I'alores; destrui~iio 011descolIstrll(;iio:> p. 23.
(5) Vide para maiores eselarecimentos os lexlos produzidos pela Profa. Ora. tvliranda M.
~'1agnoli, que desenvolveu toda uma concciluaqiio sobre 0 assunlo, em especial na sua
tese de livre-doecncia, na qual dcdiea lun capitulo especial para 0 assunto.
(6) As pr6prias posturas divulgadas por B uric Marx, nosso mais importante paisagisla
nos reporlam freqUentemcnte a figura do jardim, como 0 foco e a panaceia dos
problemas dos assentamentos humanos.
"A larga e muito ampla expericneia do meu lrabalho de paisagista, criando, reali/.ando c
conservando jardins, parques e grandes areas urbanas. permile-lIle agora fonnular a
conceituaqao que faqo do problema jardim, como s;1I01li11l0de adequl/\:iio (grifo nosso)
do meio eeol6gico para atender as exigcneias naturais da civilil:a<;iio. Ill: Ivlarx, Ro·
berto B. Arte e Paisagem, p. II.