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Asatrú

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Asatru Introduo A menos de mil anos atrs os antigos sbios da Islndia tomaram uma deciso.

Sob presso poltica da Europa cristianizada e enfrentando a necessidade de comrcio, a assemblia nacional declarou a Islndia como sendo um oficialmente um pas cristo. Dentro de poucos sculos os ltimos remanescentes do Paganismo Nrdico, acabaram morrendo. Contudo, a Islndia era um pas tolerante e os mitos, estrias, e lendas da era pag felizmente no foram queimados, e com isso, acenderam o fogo das crenas pags em geraes posteriores. Em 1972, depois de uma longa campanha feita pelo poeta e Godhi (Sacerdote) Sveinbjorn Beinteinsson, a Islndia novamente reconheceu o paganismo nrdico como uma religio legitima e legalizada. Hoje o paganismo nrdico, conhecido como Asatru ("lealdade aos Deuses" do nrdico antigo), praticado em vrios pases alm dos pases escandinavos. O Asatru tambm faz parte do grupo das religies neo-pags como o Druidismo, a Wicca, a Bruxaria Tradicional, a Stregheria, etc. Contudo, o Asatru permanece desconhecido pela maioria, at mesmo dentro da comunidade neo-pag. O mais importante para se lembrar que o Asatru uma religio. No um sistema de magia ou uma "Prtica New Age". A palavra Asatru derivou-se do "As" (Aesir, famlia principal dos Deuses de Asgard) e "tru" (tru - true - verdade - confiana lealdade). Ser Asatru estar ligado com lealdade e confiana aos antigos arqutipos do norte da Europa, contudo, voc pode pegar coisas de outras religies e outros arqutipos e continuar sendo Asatru, basta voc ter o panteo nrdico como o seu preferido e sua base nos princpios nrdicos. Outra coisa caracterstica do Asatru a condenao da converso, como nas religies missionrias tipo o cristianismo. Para o Asatru no existe "verdade absoluta"; cada pessoa dona de si mesma e capaz de escolher sua

"verdade", nenhuma religio errada. Asatru valoriza seus ancestrais, valoriza o estudo do passado e das origens e valoriza a guerra com sabedoria. O Asatru no universal e no considera seu caminho como sendo o correto para todos, o Asatru acredita que h espao para todos os arqutipos no mundo e que todos eles tem o seu valor. Baseado nisso, clamar que Zeus o mesmo Deus que Odin loucura. Os Valores do Asatru Uma das funes bsicas de qualquer religio estabelecer um conjunto de valores nas quais os seus seguidores podero basear suas aes. No Asatru no existe moralismo, nem caos desenfreado. Invs, de pr estabelecermos o que certo ou errado, o que bom ou mal, ns lidamos com conceitos filosficos bsicos que so baseados nas lendas dos Deuses. No Asatru o julgamento moral est dentro do corao e da mente humana. Ns como seres humanos com o presente da inteligncia, somos sensatos e responsveis o bastante para determinar o que melhor para ns e agir adequadamente. As nove virtudes da nobreza da alma, dentro do Asatru so: Coragem, Verdade, Honra, Fidelidade, Disciplina, Hospitalidade, Fora de Vontade, Autoconfiana e Perseverana.

Os deuses de Asgard Os Deuses nrdicos so divididos em trs raas: os Aesir, os Vanir, e os Jotnar (Gigantes). Os arqutipos dos Aesir esto mais ligados a sociedade, as facetas dos seres humanos, etc. Os Vanir esto mais conectados com a Terra, representando a fertilidade e as foras naturais benficas aos seres humanos. Uma vez teve uma grande guerra entre os Aesir e os Vanir, mas acabou sendo estabelecida e Frey, Freya e Njord vieram morar com os Aesir para selar a paz. Os Jotnar so a terceira raa de Deuses e em costante batalha contra os Aesir, mas no h nem nunca haver paz entre eles. Os Jotnar representam as foras naturais destrutivas e o caos, que estaro sempre em conflito com os Aesir que representam a sociedade e a ordem. Assim como o fogo e o gelo se misturaram para que o mundo pudesse ser formado, essa interao entre o caos e a ordem que mantm o mundo equilibrado. Os Principais Deuses Os Deuses mais importantes so Odin, Thor e Frey, que representavam as trs classes da antiga sociedade: os Reis, os Guerreiros, e os Fazendeiros. ODIN - Odin o Pai de Todos, relembrado hoje como o Deus da guerra e da fria dos vikings. Contudo, ele tem outros aspectos at mais importantes que esses. Nas Eddas, ele o lder dos Deuses, mas essa posio originalmente era de Tyr, pois Odin tornou-se soberano durante a Era Viking, onde um Deus mais astuto era mais importante que um Deus radicalmente justiceiro. Odin o Deus da sabedoria e do poder magicko, pois foi ele que resgatou as runas, o alfabeto que guarda os mistrios do

universo. Odin tambm considerado Deus da morte, por que ele (juntamente com Freya) recebia os guerreiros que chegavam em Valhalla. THOR - Thor provavelmente o Deus mais conhecido entre os Deuses nrdicos. Ele um Deus simples, o patrono dos guerreiros e do povo. Thor conhecido pelas suas grandes aventuras e por suas batalhas contra os gigantes. Ele possui uma tremenda fora e o martelo Mjolnir, que foi feito pelos Anes. Mjolnir considerado o maior tesouro dos Deuses por ser a proteo contra os gigantes. Thor associado ao trovo, e tambm o Deus da chuva e das tempestades. FREY - Frey o Deus da paz e fertilidade. Ele um Deus Vanir, mas vive com os Aesir para assegurar o tratado de paz.. Era o Deus cultuado pelos camponeses e fazendeiros, que lhe faziam oferendas para que a fertilidade da Terra fosse mantida durante o ano. A palavra "frey" significa "Senhor", por isso no se tem certeza se era o nome do Deus ou era um titulo. Ele tambm era conhecido como Ing ou Ingvi, por isso alguns o chamam de Frey Ingvi. FREYA - Freya a Deusa mais importante e a mais conhecida. Ela a irm gmea de Frey. Freya uma Deusa que tem duas facetas. Primeiramente, ela a Deusa do Amor e da Beleza, tambm a Deusa da Guerra que recebe os heris que morrem dos campos de batalha (juntamente com Odin). Ela tambm a Deusa das Feiticeiras e da magia shamanica conhecida com Seidhr. Apesar de Freya ser a Deusa do amor e da beleza, ela no uma Deusa dependente e muito menos "delicada", como as Deusa do amor de outros pantees. FRIGG - Frigg a misteriosa esposa de Odin. Ela a Deusa do casamento, da famlia e das crianas. Ela simboliza a manuteno da ordem, da harmonia e da paz, dentro de casa. Dizia-se que Frigg sabe o futuro, mas nunca revela seus segredos, nem mesmo ao seu esposo Odin. LOKI - Ele o Deus do Fogo, tambm conhecido por sua inteligncia, suas artimanhas, e suas brincadeiras que causam problemas Asgard. Ele aquele que causa o problema e fica rindo de fora, e depois arruma a soluo, o tipo de cara que aprecia uma boa travessura. Ele aquele que adora falar o que todo mundo sabe que verdade, mas ningum tem coragem de dizer bem alto e direto. Sua maior faanha e a mais conhecida ter conseguido matar Balder. Balder era o Deus mais bonito e amado entre os Deuses e uma das suas virtudes era que nenhum material do mundo poderia feri-lo, com a nica exceo do visco que foi considerado to fraco e pequeno para ser uma ameaa. Assim, Loki pegou o Deus Cego Hod e colocou um dardo feito de visco na sua mo e o guiou para lana-lo. O dardo pegou em Balder, causando assim sua morte. Com a morte de Balder, Loki se uniu aos gigantes e as legies do caos e declarou guerra aos Deuses, assim comeando o Ragnarok. Muitas vezes essa lenda mal interpretada e com isso Loki acaba sendo visto como o "demnio nrdico", isso um conceito errneo. Ignorar Loki, seria ignorar o irmo de sangue de Odin, o companheiro de aventuras de Thor, o provedor de muitos dos benefcios dos Deuses e aquele que destroi o mundo para que ele seja reconstrudo das cinzas. Isso uma parte do ciclo, assim como est na Edda: "Cattle die, and men die, and you too shall die..." (O gado morre, os homens morrem, e voc tambm deve morrer...)

TYR - Embora raramente seja lembrado nos dias de hoje entre os Deuses mais populares, Tyr extremamente importante. Ele o Deus da guerra, da justia e da nobreza. O mito mais importante envolvendo Tyr mostra tanto bravura quanto honra. Ele perdeu sua mo para que o Lobo Fenris pudesse ser capturado pelos Deuses. BALDER - Infelizmente, escritores modernos, de uma linha de pensamento crist, tentam transformar Balder no "Cristo" nrdico. Balder o Deus da luz, da beleza e da bondade, mas seu nome significa "guerreiro". um erro ver Balder como um "Cristo" Nrdico. Balder morreu mais ir retornar aps o Ragnarok. HEIMDALL - o guardio da ponte do arco-ris que leva a Asgard, morada dos Deuses. Sua audio to boa que ele pode escutar a grama nascendo na Terra, ou a l crescendo no dorso da ovelha. A simbologia da ponte do arco-ris vasta, ela pode significar a conexo entre a matria e o esprito, pode significar a ligao entre os homens e os Deuses, etc... Heimdall que vai dar o sinal para os Deuses que o Ragnarok comeou. SKADI - a Deusa do Inverno e da caa. Ela casou-se com Njord, Deus dos Mares, porque acabou se confundindo no concurso de ps mais bonitos. Ela queria se casar com Balder, por isso seu casamento no era to feliz. Ela tambm a Deusa da Justia, Vingana, e da Clera Justa Existem muitos outros Deuses dentro do panteo nrdico: Hel, Deusa da morte; Sif , Deusa da Colheita; Bragi, o bardo e poeta dos Deuses; Idunna, Deusa da Juventude; Vidar and Vali, Filhos de Odin; Magni and Modi, Filhos de Thor; Eostre, Deusa da Primavera, Hoenir, o mensageiro dos Aesir; Sunna and Mani, o Sol e a Lua; Ullr, o Deus da caa; and Nerthus, Deusa do Mar e dos Rios, etc. Os Festivais do Asatru Festas principais dentro do Assatru (Equivalentes aos Sabbaths Wiccanianos) 20 at 31 de Dezembro - JUL - Celebrao do ano novo nrdico; um festival de 12 noites. Este o mais importante de todos os festivais. Na noite de 20 de Dezembro, o Deus Frey Ingvi viaja atravs da Terra trazendo a paz, a confraternizao, e o amor para Midgard. Depois da influncia crist, o Deus Balder (Sincretizado com Jesus) renascido nesse festival como o novo ano Solar. O Deus Wotan (Odin); viaja pelo cu com seu cavalo de oito patas, Sleipnir. Nos tempos antigos, as crianas germnicas e nrdicas deixavam suas botas na janela cheias de acar para o cavalo Sleipnir. Em retribuio, Odin deixava um presente como gentileza. Nos temos modernos, Sleipnir foi transformado nas renas e o barbudo Odin acabou virando o simptico Papai Noel. At hoje existe uma esttua de Odin (ou Thor) na Noruega, que a Igreja acabou transformando na estatua de "So Nicolau". 2 de Fevereiro - DISTING - o festival onde o povo nrdico se preparava para a para a chegada da primavera. Corresponde ao Imbolc wiccaniano. Disting caracterizado pela preparao da terra para a plantao, a contagem do gado e dos lucros ou prejuizos do ano. Era dito que o nascimento de bezerros em Disting era um sinal de que o ano iria ser de grande prosperidade.

21 de Maro - OSTARA - Festa de Eostre, a Deusa da Primavera. um festival de alegria e fertilidade. tempo de dar ovinhos coloridos de presente aos amigos, assim como nossos ancestrais faziam, como um simbolo de boa sorte, fertilidade e prosperidade. Essa tradio sobrevive at hoje no moderno feriado de Pscoa, s que os ovos viraram de chocolate. 22 de Abril at 1 de Maio - WALPURGISNACHT - O festival de Walpurgis, uma noite de festa e trevas. Nas nove noites de 22 at dia 30 de Abril, relembrado o auto-sacrifcio de Odin pendurado na rvore do Mundo Yggdrasil. Na nona noite (30 de Abril, Walpurgisnacht) que ele resgatou as Runas, e simbolicamente morreu por um instante. Neste momento, toda a luz entre os 9 mundos foi extinguida, o caos reinou. No ultimo toque na meia-noite, ele renasce e tudo volta ao normal. 21 de Junho - LITHA - Celebrao do Solstcio de Vero, quando a fora solar est no seu pico. Litha um festival de poder e atividade. O Deus Balder morre nessa poca para renascer em Jul. 1 de Agosto - LAMMAS - Festival da Colheita. 22 de Setembro - MABON - Festival do final da Colheita. 31 de Outubro - WINTERNIGHTS - O comeo do inverno nrdico. uma festa onde se relembra os mortos e os ancestrais. uma data tima para jogos divinatrios. "Full Moon Festivals" (Equivalentes aos Esbaths Wiccanianos) Lua Cheia de Janeiro - Festa em honra a Thor. Lua Cheia de Fevereiro - Festa em honra a Freya. Lua Cheia de Maro - Festa em honra a Sif. Lua Cheia de Abril - Festa em honra aos elfos, duendes, fadas e espritos da natureza. Lua Cheia de Maio - Festa em honra a Njord. Lua Cheia de Junho - Festa em honra a Balder. Lua Cheia de Julho - Festa em honra a Loki. Lua Cheia de Agosto - Festa em honra a Frey. Lua Cheia de Setembro - Festa em honra a Odin. Lua Cheia de Outubro - Festa em honra a Tyr. Lua Cheia de Novembro - Festa em honra aos Heris mortos em batalha que esto em Valhalla Lua Cheia de Dezembro - Festa em honra a Skadi e Ull Os Rituais do Asatru Sacrifcio O Sacrifcio o ritual mais comum dentro do Asatru. Nos tempos antigos, se consagrava um animal aos Deuses, o sacrificavam e com sua carne fazia-se um banquete. Como hoje no somos mais camponeses, a oferenda feita com frutas, bolos, cervejas e vinhos.

Muita gente fica com um "p atrs" quando se fala de um ritual desse tipo. Rituais que so denominados "sacrificios", tem uma certa conotao violenta e sensasionalista, porque tem sido interpretado de forma errnea. Quando se fala em sacrifcio vem em mente "comprar" certa entidade para que ela realize sua vontade, tipo jogar um virgem dentro do vulco para que o mesmo no entre em erupo. Outro conceito errneo de sacrifcio achar que se ganha algum tipo de energia com o ato de causar o sofrimento do animal. Todos essas conceitos so errneos, se voc pratica algum ritual desse tipo, voc est precisando de um psiquiatra. Nossos ancestrais matavam os animais por serem camponeses, e isso era comum na poca, porque sua carne era um timo sustento e seu couro dava tima proteo contra o frio. Fazer isso hoje no tem sentido, pois o mundo outro e o ser humano evoluiu. A concepo de relacionamento com os Deuses de extrema importncia para que se compreenda a natureza do sacrifcio. Ns no somos inferiores aos Deuses, e no devemos ador-los nesse sentido. Ns somos espiritualmente ligados com eles, porque eles so facetas de ns mesmos e das foras naturais da Terra. Eles so o equilbrio, o ciclo, a vida, a morte, eles so tudo, e ns fazemos parte desse tudo. Por isso o sacrifcio no apenas uma oferenda para conseguir um objetivo e sim uma comunho com os Deuses. Oferecer um presente um timo smbolo de amizade e comunho. Entre as runas, Gebo a que guarda os mistrios do sacrifcio. O sacrifcio consiste em duas partes, a consagrao e a oferenda. O sacerdote ou a sacerdotisa invoca oralmente os Deuses a serem honrados, depois traado no ar as runas dos Deuses invocados com a varinha ou o cajado. Depois disso a oferenda colocada no altar, ento traado o smbolo do martelo (um T invertido). Com a consagrao completada, ento feita a oferenda oralmente aos Deuses. Depois de simbolicamente a divindade ter bebido e comido a oferenda, o sacerdote faz o mesmo e depois tambm todos os participantes do ritual. Antes de comer e beber da oferenda, sada-se os Deuses honrados com um Hail, exemplo: "Hail Odin!" A oferenda no s abenoada pela fora dos Deuses, mas tambm "passou bela lingua" das divindades. Esse tipo de ritual pode at parecer simples, mas uma poderosa experincia. Libao Uma das celebraes mais comuns dentro do Asatru e tambm dentro das outras religies pags. A libao mais simples e social do que o sacrifcio, mas a sua importncia no menor. A libao muito simples. Os convidados ficam sentados, pegam a bebida alcolica (Vinho ou cerveja mais recomendado), enchem seus copos, sadam-se uns aos outros, sadam os Deuses, oferecem o primeiro gole aos Deuses deixando cair um pouco da bebida no cho e comeam a beber. O libao um ritual onde se deve ficar bbado em honra aos Deuses, assim como nossos ancestrais e os heris ficavam. a celebrao da alegria e da confraternizao, conta-se estrias, piadas, fala-se besteira, nada disso proibido, pelo contrrio os Deuses adoram isso.

Cada rodada pode ser dedicada a alguma coisa, normalmente a libao Asatru tradicional tem trs rodadas, a primeira para os Deuses, a segunda para os heris quem esto em Valhalla e a terceira para os nossos Ancestrais que j no esto mais entre ns. Juramento uma das mais importantes cerimonias no Asatru. o ritual onde se confirma a lealdade aos Deuses, contudo no nenhuma cerimonia oculta ou iniciatria. nada mais, nada menos que declarar e afirmar sua lealdade aos Deuses nrdicos. mais ou menos como o exemplo abaixo: Segure um objeto (pode ser qualquer coisa uma pedra, um pingente, mas o mais recomendado um anel) e parado na frente do Altar, diga: "Eu [nome], juro pelo smbolo do martelo sempre honrar a bandeira de Asgard e seguir o caminho do norte, agindo sempre com honra, coragem e responsabilidade, fiel aos Aesir e Vanir! Que esse anel (ou outro objeto) seja o smbolo da minha aliana com os Deuses!" Depois do ritual pode ser feita uma libao com nove rodadas dedicadas aos nove valores do Asatru. Esse ritual no deve ser realizado sem antes ter absoluta certeza do que voc est fazendo. Quando algum faz um juramento, deve segui-lo por toda a eternidade. Quem no cumpre seus juramentos, seja em qualquer aspecto da vida, no trabalho, na famlia, nas amizades, no merece respeito, pois no passa de um covarde. As Origens das Runas Como informaes histricas e arqueolgicas, as runas se destacaram por um perodo que se estende de 200 A.C., at o final da Idade Mdia (e at o presente) em uma rea da Islndia at a Romnia, do Bltico ao Mediterrneo. Se levarmos em considerao que as runas nunca foram utilizadas como escrita de caneta e tinta, mas apenas como smbolos talhados ou gravados sobre madeira, osso metal e pedra, essa vasta extenso geogrfica realmente notvel e diz muito a respeito de sua atrao e durabilidade. H uma tendncia a menosprezar as runas como sendo simplesmente a escrita da Idade Mdia utilizada por aqueles povos setentrionais que no foram convertidos ao cristianismo e, consequentemente, no aprenderam o monkalpha (alfabeto dos monges) ou alfabeto latino. Por muitas razes, isso um infortnio. Estigmatizar simplesmente as runas por serem um alfabeto pago faz com que muitas de suas outras funes sejam negadas. Em diversos momentos dos ltimos 150 anos, os eruditos tm postulado uma variedade de origens para as runas. Uma das teorias advoga que elas sejam originrias da migrao para o norte da escrita cursiva grega. Outra, que sejam baseadas no alfabeto latino, o que, pelo menos, tem mrito de destacar algumas similaridades superficiais nos formatos das letras, especialmente quando consideramos que as formas angulares das runas provm do fato de serem talhadas e no escritas. Se fossem uma escrita de caneta e tinta, as semelhanas poderiam aumentar dramaticamente. A teoria citada com maior freqncia defende que as runas derivam de um alfabeto itlico do norte. Com certeza,

quando a evidncia arqueolgica levada em conta, isso parece ter alguma veracidade. Existem ainda outras idias menos definidas que precisam ser exploradas. As runas apresentam tambm uma forte semelhana com vrios smbolos do hallristningar, os smbolos do culto pr-histrico usados pelos povos setentrionais e registrados em gravuras em rochas. E no importa qual seja a origem das runas, existem a debatida questo sobre quem foi a primeira pessoa que realmente utilizou a escrita. Teria sido desenhada por uma comisso ou teria sido criada como obra de um nico indivduo inspirado? Provavelmente nunca saberemos e isso, por si s, aumenta o poder e o mistrio da escrita rnica.

Os mistrios dos dez nmeros


A Mnada "O Nmero Um existe e concebido independentemente dos outros nmeros. Tendo lhes vivificado atravs do curso dos dez nmeros, ele os deixa para trs e retorna unidade" (Dos Erros e da Verdade). "Todos os nmeros so derivados da unidade como a sua emanao ou produto, enquanto que o princpio da unidade est nela mesma e de si prpria derivada. Na unidade, tudo verdadeiro. Tudo que eterno a partir da unidade, perfeito, enquanto que tudo que falso, est separado da unidade. A unidade multiplicada por si mesmo nunca d mais do que um pois ele no pode proliferar a partir de si mesmo" (Os Nmeros). "Se a unidade pudesse se gerar e se equiparar ao seu prprio poder, ela se destruiria, como a ao que se opera em cada raiz finalizada por aquela operao. Para que a unidade produzisse uma verdade central essencial, teria de haver uma diferena entre a semente e o produto, a raiz e o poder. De acordo com a lei das sementes e do produto, ao produzirem seus poderes eles tornam-se inteis. portanto, Deus no poderia reproduzir a Si mesmo sem padecer. Do princpio, Ele se tornaria o meio e ento, se aniquilaria em seus termos. Mas como o princpio, o meio e o final no so Nele diferenciados, j que Ele tudo isto de uma vez s, sem sucesso nas Suas aes ou diferenas em Seus atributos, esta unidade nunca pode produzir a si mesma e portanto, nunca foi gerada e nem extinta" (Os Nmeros). "Entre as coisas visveis, o Sol o smbolo da unidade da ao divina, mas uma unidade temporal e composta, que no tem os mesmos direitos que pertencem ao seu prottipo" (Obras Pstumas). Da mesma forma, a sucesso contnua de geraes fsicas formam uma unidade temporal, que um signo desfigurado da simples, eterna e divina unidade. Estas imagens no devem ser negligenciadas, pois elas refletem o seu modelo distante. "Os extremos se tocam sem se parecerem; portanto, os seres puros vivem vidas simples; aqueles que esto em expiao tem uma vida composta, ou vida mesclada morte; seres soberanamente criminosos e aqueles que a eles se assemelham, vivem e vivero, simplesmente na morte, ou na unidade do mal" (Os Nmeros). Ao contemplarmos uma verdade importante, como o poder universal do Criador, Sua majestuosidade, Seu amor, Sua profunda luz ou Seus outros atributos, ns nos elevamos com todo nosso ser em direo do modelo supremo de todas as coisas; todas as nossas faculdades so suspensas para que possamos ser preenchidos com a Sua presena, com Quem na verdade nos tornamos um. Ele a imagem viva

da unidade e o Nmero Um a expresso desta unidade ou unio indivisvel, que existindo intimamente entre todos os atributos da unio de foras que Ele , deveria existir igualmente entre Ele e todas as suas criaturas e produtos. "Mas depois de exaltarmos a nossa contemplao em direo a esta fonte universal, se trouxermos nossos olhos de volta para ns mesmos e nos preenchermos com a nossa prpria contemplao, para que possamos nos ver como a fonte daquelas luzes ou daquela satisfao interior que derivamos de nossa fonte superior, estabelecemos assim dois centros de contemplao, dois princpios separados e rivais, duas bases dissociadas - ou, resumindo, duas unidades, das quais uma real e a outra aparente e ilusria" (Os Nmeros). A Dada
"O nmero dois tem princpio nele mesmo, mas no se origina de si mesmo" (Os Nmeros). impossvel se produzir dois de um e se algo se separa dele pela violncia, s pode ser ilegtimo e uma diminuio de si mesmo. Mas esta diminuio aquela do mago do ser, pois de outra forma, este seria apenas um. A diminuio feita no mago realizado no meio do ser, pois dividir qualquer coisa ao meio cort-la em duas partes. Esta a verdadeira origem do binrio ilegtimo. "Mas a diminuio em questo no torna a unidade menos completa, pois esta no suscetvel a nenhuma alterao; a perda recai sobre o ser que procura atacar a unidade. Portanto, o mal estranho unidade. Mas o centro, sem sair de seu valor, removido para corrigi-lo por que h algo de si mesmo no ser diminudo. Desta forma, podemos entender no s a origem do mal, mas tambm que ele no um poder hipottico, j que todos ns o tornamos real em quase todos os momentos de nossa existncia" (Os Nmeros). A dade portanto, o poder perverso que serve como receptculo de todos os flagelos da justia divina, que so ligados s coisas materiais e perceptveis para o castigo de seu lder e de seus seguidores, que voluntariamente abandonaram o mago divino do seu correspondente espiritual. Sendo assim condenados ao exlio e a atravessarem todo o horror de viver a separao da fonte da vida. "As virtudes inatas das formas corpreas foram projetadas para conter este poder perverso e quando o homem permite que as virtudes que existem em seu corpo sejam enfraquecidas por esta vontade vil e criminosa, os poderes perversos assumem o controle e atuam na destruio daquele corpo" (Obras Pstumas). A dade tambm , de acordo com Saint-Martin, o verdadeiro nmero da gua.

A Trade "O Nmero Trs no deriva seu princpio de si prprio e nem mesmo tem um princpio" (Os Nmeros). As observaes a respeito deste nmero so dispersas e obscuras, incluindo referncias vagas a uma lei temporal da trindade, da qual a lei temporal da dualidade depende completamente. "Na ordem divina, 3 a Santssima Trindade, como 4 o ato de sua exploso e o 7, o produto universal e a imensido infinitas que resultaram das maravilhas desta exploso" (Corresp. Teosfica, carta LXXVI). "O nmero trs nos revelado s atravs dos 12 unificados, como o 4 por ns conhecido apenas pela sua exploso ou multiplicao por 7, que nos d 16, e como 7,

que a soma deste 16 (1+6 = 7), descreve a nossa supremacia temporal (3) e espiritual (4), ou a imensido de nosso destino, como humanos" (Corresp. Teosfica, carta LXXVI). O nmero trs atua na direo das formas nas esferas celeste e terrestre; isto , sendo ternrio, em todos os corpos, o nmero dos princpios espirituais. "Todos os nomes e smbolos que recarem neste nmero pertencem s formas, ou devem ter algum efeito sobre as formas" (Os Nmeros). Acima do celeste, foi o pensamento da Divindade que concebeu o projeto de produzir este mundo, e assim o fez de forma ternria, porque esta era a lei das formas, inata ao pensamento divino. "Agora, os pensamentos de Deus so seres. A ao harmoniosa e unanime na Divina Trindade representada pelos trs padres quando eles conduzem juntos a Missa" (Os Nmeros). O Trs , tambm, o nmero das essncias ou elementos dos quais os corpos so universalmente compostos. Por este nmero, a lei que dirige a formao dos elementos expressa e os elementos so resumidos a trs, por Saint-Martin, baseado no fato de que h apenas trs dimenses, trs divises possveis de qualquer coisa sensria, trs figuras geomtricas originais, trs faculdades inatas em qualquer ser, trs mundos temporais, trs nveis na Maonaria, e como esta lei da trade demonstra a si mesmo universalmente, de forma to clara, razovel supor que o trs tambm est no nmero dos elementos que so a base de qualquer corpo. "Se o nmero trs imposto a tudo que criado, porque ele imperava em suas origens" (Obras Pstumas). "Se tivessem havido quatro, ao invs de trs elementos, eles teriam sido indestrutveis e o mundo eterno. Sendo trs, eles so esvaziados da existncia permanente, porque eles no tm unidade, como fica claro para aqueles que conhecem as verdadeiras leis dos nmeros" (Dos Erros e da Verdade). "A razo, qualquer que seja ela, parece conflitar com outra afirmao de que pode haver trs em um, numa Trindade Divina, mas no um em trs, porque aquilo que um em trs deve estar sujeito no fim, a morte" (Dos Erros e da Verdade). "O trs no s o nmero da essncia e da lei que dirige todos os elementos, mas tambm, as suas incorporaes" (Dos Erros e da Verdade). "Ele , finalmente, um nmero mercurial terrestre que representa a parte slida dos corpos, em correspondncia simblica com a alma (sxtuplo) dos animais, do qual o primeiro produto e o de todos os princpios intermedirios de todas as classes" (Obras Pstumas). A Pentada No misticismo numrico de Saint-Martin, o quinrio o nmero do princpio malfico. Portanto, seu pensamento difere, como j havamos dito, daqueles sistemas ocultos de numerao que vem no 5 uma forma especial do microcosmos ou do homem. Tambm um aspecto do carter fragmentrio da doutrina Martinista dos nmeros, pois ficamos sem detalhes a respeito das propriedades do quinrio, ou da pntada. Aqui somos levados a imaginar que Saint-Martin reteve muitas informaes a respeito deste nmero. " dito que 2 se torna 3 pela sua diminuio, 3 se torna 4 pelo seu centro, 4 falsificado pelo seu centro duplo, que perfaz 5; e 5 restringido pelos nmeros 6, 7, 8, 9, 10, que formam os corretores e retificadores da pntada malfica" (Os Nmeros). O nmero tambm se liga ao que Saint-Martin nos diz a respeito da aplicao dobrada de

todos os nmeros. Nmeros verdadeiros sempre produzem, invariavelmente, a vida, a ordem e a harmonia. Portanto, eles sempre agem a favor e nunca so negativos, mesmo quando servem de aoites da justia, castigando para reparar o mal. Ao passar pela mutao em seres livres, o carter dos nmeros assim transformado, porque so outros nmeros que tomam os seus lugares, enquanto que as suas prerrogativas originais permanecem sempre as mesmas em suas essncias. Os nmeros falsos, ao contrrio, nada produzem. Podem imitar a verdade como macacos, mas nunca conseguem reproduzi-la. Eles se manifestam no desmembramento, nunca na criao, porque eles se tornaram falsos pela diviso e perderam a capacidade criativa. Uma prova disto encontrada na lenda das cinco virgens tolas, que ficaram sem leo (para se perfumar e ungir) porque sua conduta as havia separado das suas outras cinco companheiras e tambm de seus noivos. As virgens sbias concebiam apenas atravs de seus maridos e quando elas se uniam a eles, elas no eram mais 5, mas sim 10, j que cada uma se unia a um deles. Ou ento, eram 6, se o marido for representado apenas por 1 (por uma idia, um princpio). Portanto, as outras 5 virgens so to limitadas e insignificantes nos seus verdadeiros nmeros que, incapazes de renovar seu leo, so foradas a se refugiar na prudncia e a acertar as contas com a caridade, que pode ser encontrada apenas nos nmeros vivificadores, cuja fora flui do ncleo do amor. Entretanto, devemos distinguir entre os nmeros falsos quando so empregados para realizar a reintegrao e quando esto perpetuando suas prprias injustias. Neste caso, eles so totalmente entregues a si mesmos e separados da verdade. Mas ao serem usados como instrumentos de reintegrao, seres verdadeiros assumem as suas formas e carter para descender s suas regies infectas. "Ao assumir as formas destes nmeros falsos, estes outros Seres as corrigem, relacionando-as aos nmeros legtimos, assim opondo o verdadeiro ao falso. Desta maneira, estes Seres tambm produzem a morte da morte" (Os Nmeros). A Hxada Este Nmero a forma pela qual cada operao se realiza. No um agente individual, mas possui uma afinidade com tudo aquilo que age e nenhum agente realiza qualquer ao sem passar por este nmero. O seis a correspondncia eterna da circunferncia divina com Deus. Por este motivo, Deus que tudo cria, abarca e tudo circunda. A circunferncia composta por seis tringulos equilteros. Os quais so produtos de dois tringulos que agem um sobre o outro. O seis a expresso dos seis atos do pensamento divino, manifestados nos 6 dias da criao e destinados a realizar a sua reintegrao. Portanto, este nmero a forma atravs da qual tudo se gera, apesar de no ser nem seu princpio e nem seu agente. na adio teosfica (adio teosfica a soma dos algarismos unitrios que compe um nmero. Assim, a adio teosfica de 10 igual a 1, por que 1 + 0 = 1) do nmero trs que encontramos a prova da influncia que o seis tem sobre a corporificao dos princpios. As Escrituras remontam o seis origem das coisas e o levam para alm das coisas. Tendo realizado o trabalho dos 6 dias, o seis pe, no Apocalipse, perante o trono do Eterno, 4 animais de 6 asas e 24 ancios,

que se prostram perante Deus. Com isto vemos que o seis a maneira universal das coisas, porque tem o mesmo carter na ordem universal e assim sendo, nossas faculdades trinas tm de segu-lo para obterem a realizao de suas aes: Pensamento, 1; Vontade, 2; Ao, 3 que igual a 6. Os 24 ancios do Apocalipse so iguais a 6, que por assim dizer: 1, 3, 4, 7, 8, 10. Estes nmeros somados formam 33, incluindo o zero - que a imagem e evidncia das aparies corpreas. Mas eles somam 24 sem o zero. Portanto, estes seis nmeros sozinhos so reais e imateriais, agiram e agiro eternamente. E isto o mesmo que dizer que h eternamente dois poderes: aquele de Deus e aquele do Esprito. O seis foi ultrajado nas vrias prevaricaes que fizeram com que o Reparador descesse a esta Terra; foi necessrio que ele viesse reparar aquela realidade. Por esta razo, ele transformou a gua, contida nos 6 jarros no casamento de Cana, em vinho. "No menos verdade que a hxada, sendo apenas a forma de atuao de todas as coisas, no pode ser vista, precisamente, como um nmero ativo e real, mas sim como uma lei eterna impressa em todos os nmeros. Tambm sendo aquilo sobre o que o homem tinha o domnio, originalmente, e sobre o que ele ir governar novamente, depois da sua Reintegrao" (Os Nmeros). Finalmente, o nmero 2 opera na hxada de formas que so apenas uma adio passiva dos dois princpios (Deus e o Esprito). A raiz destes dois e tambm o agente de suas formas e sensaes pela multiplicao de seus prprios elementos. A Hptada "O Nmero do setenrio espiritual significa o prprio Poder Divino" (Obras Pstumas). Este o nmero das formas universais do Esprito; o seu fruto sendo encontrado nos seus mltiplos. O quadrado de 7, 49, portanto o 7 em desenvolvimento, enquanto que em sua raiz, o 7 concentrado. Esta explicao se faz necessria antes de prosseguir, para chegar ao 8, que o espelho temporal do invisvel incalculvel denrio (srie de dez). Enquanto passa de 7 8, atravs da grande unidade com a qual se rene, ele tambm passa de 49 ao 50, atravs da mesma unificao com a unidade. E leva o elemento quaternrio da alma humana sua integrao ao faze-lo transcender e abolir o carter de 9 (novenrio) das aparncias, que o nosso limite e a causa de nossas privaes. "Isto demonstra que 5 igual a 8 e que 8 igual a 5, na grande maravilha que o Divino Reparador produziu para ns, para que possamos nos regenerar" (Corresp. Teosfica, carta XC). Obs.: Nesta carta, Saint-Martin afirma que esta revelao foi feita diretamente para sua inteligncia; e que no se originou de nenhum homem .O sete produto de uma nica operao: 4 x 4 = 16 = 1+ 6 (reduo teosfica) = 7. "A hptada ao mesmo tempo o nmero do Esprito, por que se origina do Divino e perfaz 28, na contagem de seu poder duplo contrrio ao poder lunar. Deveria ser notado que o nmero 28 indica que a Palavra no se realizou, at a segunda prevaricao. Mas estas so simples palavras, porque 7 vindo de 76 no raiz

(reduo teosfica), nem o poder fundamental de 4, pois penetra na raiz apenas atravs da adio" (Os Nmeros). "Independentemente da raiz numrica (Raiz Numrica: neste texto, o termo raiz numrica empregado para designar o produto da reduo teosfica) que expressa o poder setenrio da alma, podemos descobri-la nos poderes sobre a trindade dos elementos e a dos princpios. Este poder sobre as duas trindades (dois tringulos) forma o eixo central humano. A alma o centro destes dois tringulos. Se, ao invs deste centro, analisarmos o poder da alma sobre o que celestial, encontraremos de forma mais clara o poder setenrio da alma sobre o fsico e o espiritual" (Os Nmeros). Mas 7 x 7 = 49 x 7 = 343. O homem elevado a este posto, ou melhor, emancipado desta forma, s quando seu poder triplicado, formando o seu cubo. nos elementos deste cubo que podemos enxergar claramente o destino deste homem primordial, j que ele foi posto entre o tringulo superior - do qual derivou tudo - e o tringulo inferior, o qual ele domina. Para conhecermos as verdadeiras propriedades de um ser, o seu poder tem de ser analisado de forma cbica (elevado terceira potncia), pois somente assim todas as suas potencialidades so reveladas, ou desenvolvidas. O Nmero Sete tambm indica que a manifestao da justia universal, ou temporalidade, deve ser enviada a todos os prevaricadores, apesar de ser o nmero Quatro o agente que executa esta justia. Como este agente o Esprito e o Esprito no pode aparecer no tempo sem uma embalagem corprea, Este feito perceptvel pela seteneidade, que o corpo do quaternrio, como o seis o corpo do setenrio, assim como a trindade material o corpo do seis que a executou. Concluindo, o quaternrio o corpo da unidade, que no pode ser manifestada neste mundo em sua forma absoluta, mas deve subdividir os poderes que foram colocados na criao, para que possamos entend-la. A ctada apenas depois do quadrado do Esprito se haver completado, que a ctada pode ter lugar. Enquanto que o seu trabalho pode ser conhecido claramente apenas atravs do nmero 50, porque da o nmero da injustia e o nmero da matria so dissipados pela influncia vivificadora e regeneradora da Unidade que as substitui. Ao que tange a Unidade Absoluta, ou o Pai, ningum nunca viu, ou O dever ver neste mundo, exceto pelas oitavas e por meio da ctada, as nicas formas de alcana-lo. "O nmero 50 desapareceu quando a Santssima Oitava se aproximou, porque os dois no poderiam coexistir. A injustia e as aparncias no se sustentariam perante a unidade e o seu poder. Isto a razo de ser da Divina Igreja, fora qual, nenhum homem pode ser salvo e contra a qual os portais do inferno no devem prevalecer. Esta (a ctada) a chave que abre e ningum fecha, ou que tranca e ningum mais abre" (Os Nmeros). Cristo trino em seus elementos de atuao, assim como em seus fundamentos Seu nmero 8, e sua extrao mstica nos mostra que em seu trabalho na Terra ele foi de uma vez s divino, corpreo e perceptvel. Apesar de ser, ao se considerar sua ordem eterna, divino em seus trs elementos. Ele era o caminho, a verdade e a vida. Era

necessrio que ele compreendesse em si mesmo o divino, uma alma sensria e o corpreo, para atuar aqui embaixo, na esfera perceptvel. Toda a criao - porque mesmo o nosso pensamento no pode ser manifestado se no estiver associado ao nosso invlucro individual mais grosseiro - no pode ser manifestado sem a mediao de uma ligao material individual. Por isso, o Divino Reparador no poderia estar associado sua Natureza corprea (Cristo), seno atravs de uma alma sensria. Esta alma O investe do nmero 4, seu Ser Divino representado pelo nmero 1 e seu corpo pelo nmero 3. Em ns, a alma divina representada pelo nmero 4, o corpo pelo 9, enquanto que Saint-Martin afirmava que o nmero de nossa alma sensria era por ele desconhecido. Mas ele tinha razo ao pensar que fosse o mesmo do Salvador, porque em todos os outros elementos semelhantes aos nossos, que ele possua, ele invariavelmente detinha nmeros superiores. A chave do homem consiste nesta alma sensria; atravs desta que ele integrado sua natureza sensria, ou animal e corporal. Mas como ele no posto nesta priso de livre e espontnea vontade, como Cristo o foi, no pode ser esperado do homem conhecer as chaves que o trancam. Saint-Martin pensava, no entanto, que este nmero correspondia ao seis. A Eneda Nove o nmero de todo limite espiritual, como a circunferncia material o limite dos princpios elementais que l agem. Portanto, o nove representa o curso de todas as expiaes infringidas humanidade, pela justia divina. O homem decaiu ao querer avanar do 4 ao 9 e apenas pode ser restaurado ao voltar do 9 ao 4. Esta lei terrvel, mas no nada se comparada com aquela do nmero 56, que assustador para quem o encara, j que eles no podem chegar aos 64, at terem atravessado todas as suas provaes. A passagem do 4 ao 9 a passagem do esprito para a matria, que em dissoluo, de acordo com os nmeros, perfaz 9. A respeito da lei do 56, esta depende do conhecimento das propriedades e condies do nmero 8, que foram parte da luz obtida por Saint-Martin por meio de sua iniciao, no sendo explicadas em maiores detalhes. "Mas sabido que os criminosos permaneceram no nmero 56, enquanto que os justos e purificados chegaro ao 64, ou Unidade" (Corresp. Teosfica, carta XIII). Saint-Martin afirma que recebeu este conhecimento da escola de Martinez de Pasqually. Quaisquer que sejam os poderes elevados ao nmero 9, ele sempre permanece sendo 9, porque, como 3 e 6, tem apenas um poder ternrio, enquanto que 4, 7, 8 e 10 so poderes secundrios e sendo, somente a unidade, o primeiro poder. Portanto a unidade, em todas as multiplicaes possveis resulta somente em um, porque, como j foi visto, ela no pode se separar e se reproduzir a si mesma. Ela (a Unidade) se manifesta fora de si por seus poderes secundrios e ternrios, eternamente ligados Unidade. "Se soubssemos o caminho atravs do qual a unidade afeta a manifestao de seus poderes, seramos seus iguais. No entanto, sabemos que ela realiza suas expanses apenas nesta srie de dez aqui apresentada. As expanses sozinhas operam apenas fora

desta srie. H expanses espirituais e das formas que atuam por leis diferentes e produzem resultados distintos. Os poderes secundrios esto ligados diretamente ao centro, mas os ternrios se ligam ao centro s de forma mediadora (como meios para express-lo) assim produzindo formas, sem uma lei criativa ou geradora, pois esta caracterstica da Unidade e sem leis administrativas, pois estas so restritas aos poderes secundrios" (Os Nmeros). A Dcada Pela unio do setenrio espiritual e do ternrio temporal, obtemos o to famoso denrio, que est sempre presente nos pensamentos de um Iniciado. Como uma imagem da Divindade em si mesmo, a dcada (ou srie de dez), realiza a Reconciliao de todos seres ao faz-los retornar unidade. "O denrio temporal formada de dois nmeros, o 3 e o 7, mas o seu carter est diretamente relacionado unidade e no est sujeito a qualquer diviso ou substrao" (Obras Pstumas). "Quando os nmeros so ligados dcada, nenhum deles apresenta qualquer trao de corrupo ou deformidade; sendo que estas caractersticas se manifestam apenas em suas separaes. Entre os nmeros com estas caractersticas especficas alguns so totalmente maus, como 2 e 5, que sozinhos so capazes de dividir a srie sagrada de dez. Outros, esto num processo ativo, de sofrimento ou cura, como acontece com o 4, o 7 e o 8. Outros ainda so dados apenas pela sua aparncia, como o 3, o 6 e o 9. Mas nada disto visto na srie completa de dez, porque naquela ordem suprema no h deformaes, iluses, ou sofrimentos" (Os Nmeros). A Mtrica de Saint-Martin Entre os legados literrios de Saint-Martin esto "Phanos: Um Poema sobre Poesia" e uma diversidade de versos espalhados. Ele tambm publicou durante sua vida, um livreto mtrico chamado "O Cemitrio de Amboise", enquanto que em suas Obras Pstumas h um ensaio, em prosa: "Poesia Proftica, pica e Lrica". Saint-Martin via a poesia proftica como pertencente primeira ordem, porque era derivada do primeiro princpio da inspirao e emoo. Para ele, o verdadeiro tema da poesia a lei divina em todas as categorias s quais ela se aplica e no o amor humano e ainda menos a natureza material, como queriam muitos poetas e artistas de sua poca. Portanto, ele encarava a maioria da poesia pica e lrica como uma impertinncia, um desvio. A respeito da mtrica dos versos, ele postula um axioma que muito caracterstico, pois, como muitas opinies de Saint-Martin, nunca haviam passado pela concepo de outros homens. "A msica suprema no tem mtrica e a poesia pertence a esta classe." (Obras Pstumas). O que muito mais do que dizer simplesmente que, a poesia deveria ser avaliada mais pelo seu contedo, do que pela sua forma. Estas duas perspectivas so, em certo sentido, impossveis de coexistirem, ou pelo menos, incompatveis. Pelo menos naquela poca, onde se afirmava que a palavra divina deveria tomar uma forma divina, para ser vlida e merecedora de adorao. A definio de Saint-Martin a melhor daquelas duas, porque no utiliza o raciocnio lgico, mas sim metforas. A outra uma falcia comum. A poesia perfeita um

esprito (idia) perfeito, casada com uma forma da mesma qualidade. Quando as duas (idia e forma) no esto muito bem associadas, ento j no estamos falando de poesia. Assim como o esprito do homem no humano se no tiver a forma (o corpo) de um homem. No entanto, no h motivos para nos estendermos sobre um argumento a respeito do qual ningum discute. A respeito da concepo de que os exerccios de mtrica dos versos de Saint-Martin no so poesia, h algo neste tema que compromete o assunto com aqueles que o admiram. Tentar dar uma verso de seus versos, verso esta que deveria ser compreendida pelo ponto de vista de que uma traduo do francs para o portugus no tem o mesmo apelo (esttico, literrio e semntico) daqueles versos concebidos em sua lngua original, estaria portanto fora de uma anlise correta a tentativa de anlise da mtrica de Saint-Martin em nosso idioma.
A Psicologia Holstica Teorias Organsmicas da Personalidade Humana Carlos Antonio Fragoso Guimares Desde que Ren Descartes estabeleceu seu mtodo de anlise como um instrumento cientificamente eficaz no estudo dos fenmenos fsicos e humanos, exaltando o reducionismo e as relaes causais entre as partes que constituem um todo complexo, no sculo XVII, e postulou uma diviso estrita entre corpo e mente - ou entre a res extensa e a res cogitans -, que as diversas disciplinas acadmicas tentam se adaptar a um esquema cartesiano de explicao dos diversos fenmenos a que se dedicam. Assim sendo, na esteira da tradio biomdica, a Psicologia foi, desde Wundt, moldada como uma disciplina voltada para a anlise do comportamento humano de acordo com preceitos academicamente aceitos de reducionismo e mecanicismo. Tal bagagem referencial vem dificultando o entendimento das relaes complementares e a maneira como a mente e o corpo interagem. Wundt, que considerado o pai da Psicologia experimental moderna, seguindo a tradio emprica to cara ao sculo XIX - tradio esta que advm dos enormes sucessos da Fsica Clssica de Issac Newton, que, por seu turno, foi precedida pela preparao de uma filosofia racionalista apropriada e em grande parte desenvolvida por Ren Descartes - estabeleceu uma orientao atmica ou elementarista dos processos mentais, a qual sustentava que todo o funcionamento do nosso psiquismo poderia ser analisado em elementos bsicos, elementares e indivisveis ( como os tomos elementares e indivisveis que constituiriam o universo mecnico imaginado por Newton), e que seriam os tijolos constituintes das nossas sensaes, sentimentos, memria, etc. Esta abordagem reducionista e mecanicista, muito simplria para dar conta de toda a imensa e complexa riqueza do psiquismo humano, logo suscitaram uma forte oposio entre muitos psiclogos e filsofos europeus, que no aceitavam a natureza extremamente fragmentria da psicologia de Wundt. Estes crticos europeus enfatizavam uma compreenso unitria entre a conscincia e a percepo, e, em parte, de sua inter-relao com o organismo como um todo. Esta pioneira abordagem holstica em Psicologia deu origem a uma importante escola na Alemanha: a Gestalt. A Psicologia da Gestalt Formulada entre fins do sculo passado e incio do nosso sculo, a Psicologia dos Padres de Totalidade ou de Totalidades Significativas(Gestalten, em alemo)

surgiu como um protesto contra a tentativa de se compreender a experincia psquico-emocional atravs de uma anlise atomstica-mecanicista tal como era proposto por Wundt - anlise esta no qual os elementos de uma experincia so reduzidos aos seus componentes mais simples, sendo que cada um destes componentes so peas estudadas isoladamente dos outros, ou seja, a experincia entendida como a soma das propriedades das partes que a constituiriam, assim como um relgio constitudo de peas isoladas. A principal caraterstica da abordagem mecanicista , pois, a de que a totalidade pode ser entendida a partir das caractersticas de suas partes constituidas. Porm, para os psiclogos da Gestalt, a totalidade possui caractersticas muito particulares que vo muito alm da mera soma de suas partes constitutivas. Como exemplo, poderamos tomar uma fotografia de jornal que constituda por inmeros pontinhos negros espalhados numa rea da folha de jornal. Nenhum desses pontinhos, isoladamente, pode nos dizer coisa alguma sobre a fotografia. Apenas quando tomamos a totalidade da figura, que percebemos a sua significao. A prpria palavra Gestalt significa uma disposio ou configurao de partes que, juntas, constituem um novo sistema, um todo significativo. Sendo assim, o princpio fundamental da abordagem gestltica a de que as partes nunca podem proporcionar uma real compreenso do todo, que emerge desta configurao de interaes e interdependncias de partes constituintes. O todo se fragmenta em meras partes e/ou deixa de ter um significado quando analisado ou dissecado, ou seja, deixa de ser um todo. Esta escola teve como principais expoentes Max Wertheimer, Wolfgang Kohler e Kurt Koffka. Posteriormente, Kurt Lewin elaboraria uma teoria da personalidade com base na compreenso gestltica da totalidade significativa, onde se estipula que o comportamento do indivduo a resultante da configurao de elementos internos num "espao vital", que a totalidade da experincia vivencial do indivduo num dado momento ( ou seja, todo o conjunto de experincias que se faz sentir num dado momento, de acordo com a percepo/interpretao do indivduo ). Estas idias foram, em parte, adotadas por Carl Rogers em sua teoria da personalidade, conhecida como Abordagem Centrada na Pessoa j que o cliente que dirige o andamento do processo psicoteraputico, trazendo e vivenciando o material pessoal exposto nas sesses. J o psicoterapeuta Frederick S. Perls desenvolveria uma corrente de psicoterapia baseada nos fundamentos da escola da gestalt, pondo em prtica uma ao teraputica voltada aos padres vivenciais significativos do indivduo. Esta corrente conhecida como Gestalt-Terapia. A Psicologia Organsmica de Kurt Goldstein Jan Smuts, militar e estadista ingls, que se tornou uma figura importante na histria da frica do Sul, freqentemente reconhecido e citado como o grande pioneiro e precursor filosfico da moderna teoria organsmica ou holstica do sculo XX. Seu livro seminal intitulado Holism and Evolution, de 1926, exerceu uma grande influncia sobre vrios cientistas e pensadores, muito embora, na poca de seu lanamento, tenha passado quase despercebido da elite intelectual da primeira metade do sculo, tendo s aos poucos ganhando seu merecido espao nos meios acadmicos e filosficos, principalmente graas ao impacto que exerceu em pensadores e tericos do porte de um Alfred Adler, famoso terico da personalidade e discpulo dissidente de Sigmund Freud; ou de um Adolf Meyer, psicobilogo; ou na recente e menos mecanicista linha mdica, dentro da alopatia, chamada de psicossomtica, etc. Smuts cunhou o termo holismo da raiz grega holos, que significa todo, inteiro, completo. Mas as verdadeiras bases da concepo holstica, ou do pensamento holstico, vm verdadeiramente de muito antes, desde Herclito, Pitgoras, Aristteles e Plotino at Spinoza, Goethe, Schelling, Flammarion e Willian James (Hall e Lindzey, 1978; Crema, 1988; Guimares, 1996). Um dos maiores expoentes do pensamento holstico em psicologia e em psiquiatria Kurt Goldstein. Ele formulou a sua teoria holstica da psique a partir de seus

estudos e observaes clnicas realizados em soldados lesionados no crebro durante a I Guerra Mundial, e de estudos sobre distrbios de linguagem. Deste leque de observaes, Goldstein chegou concluso (hoje mais ou menos bvia) de que um determinado sintoma patolgico no pode ser compreendido ou reduzido a uma mera leso orgnica localizada, mas como tendo caractersticas e/ou fortes reforos ou abrandamentos do organismo como um todo, como um conjunto integrado, como um holos e no como um conjunto de partes mais ou menos independentes. Segundo Goldstein, o corpo e a mente no podem ser vistos como entidades separadas, tais como separamos o software do hardware, pois ambos s se expressam na conjuno, na unio e ntima conexo de ambos. O organismo uma s unidade e o que ocorre em uma parte afeta o todo, como j era reconhecido pela da medicina Homeoptica e pelas artes da cura no ocidentais, como na medicina chinesa, e na sabedoria das tradies populares e xamansticas de povos ditos "primitivos" (Capra, 1986; Eliade, 1997; Guimares, 1996). Qualquer fenmeno, quer seja positivo ou no, se passa tanto ao nvel fisiolgico quanto psicolgico, ou seja, se passa sempre no contexto do organismo como um todo, a menos que se tenha isolado artificialmente este contexto, como se fez nas cincias e nos meios acadmicos desde Descartes, com as esferas da Res Cogitans, que a esfera do mental, e da Res Extensa ou a esfera do fsico, e a ramificao entre cincias naturais e cincias humanas. Ora, no existe real diferenciao (no sentido de mensurao) entre estes dois ramos. Assim, qualquer reduo ou caracterizao em um ou outro destes critrios (fsico e mental) um isolamento artificial e, consequentemente, parcial. As leis do organismo so as leis de uma totalidade dinmica, que harmoniza as "diferentes" partes que constituem esta totalidade. Portanto, necessrio descobrir as leis pelas quais o organismo inteiro funciona, para que se possa compreender a funo de qualquer de seus componentes, e no o inverso, como se tem feito at hoje (Hall e Lindzey, 1978). este o princpio bsico da teoria organsmica ou holstica em sade, principalmente em Psicologia. Goldstein acreditava que os sintomas patolgicos eram uma interferncia do meio sobre a organizao do todo, ou eram, em menor grau, conseqncias de anomalias internas. Mas, de qualquer forma, a tendncia intrnseca ao equilbrio dinmico poderia levar o indivduo a se adaptar nova realidade, desde existam os meios que sejam apropriados para isso. Assim, Goldstein via em todo o ser vivo uma tendncia de auto-realizao que significaria uma esforo constante para a realizao das potencialidades inerentes dos seres vivos, mesmo que haja um meio hostil. assim que, mesmo em ambientes no propcios, vemos nascerem plantas que, mal grado, no consigam se desenvolver totalmente, mesmo assim teimam em nascer, mesmo que venham a morrer ou a se atrofiarem em breve, mas a nsia de viver mais forte. Esta idia de auto-realizao ou de auto-atualizao foi, posteriormente, adotada por tericos vrios, desde Carl Rogers at bilogos, como Maturana. Andras Angyal e o conceito de Biosfera Assim como Goldstein, Andras Angyal, hngaro naturalizado americano, no poderia conceber uma cincia que no fosse holstica, alcanando a pessoa e a vida como um todo. Mas, ao contrrio de Goldstein, Angyal no podia admitir numa distino entre o organismo e o meio-ambiente, assim como um fsico relativista no pode acreditar numa separao rgida entre matria e energia. Angyal afirma que organismo e meio ambiente se interpenetram de uma forma to complexa que

qualquer tentativa para separ-lo expressa uma viso mecanicista do mundo que destri a unidade natural de todas as coisas (unidade sutil, verdade, mas bem visvel na interdependncia bio-ecolgica e social de todos os seres vivos), o que cria uma diferenciao artificial e patolgica entre o organismo e o meio (Hall e Lindzey, 1978; Capra, 1986), o que estimula todo o tipo de crime social e ecolgico que vemos em nosso sculo. Se, na histria da humanidade, houve grandes catstrofes naturais e grandes genocdios atravs da mo humana em nome da religio, por exemplo, mesmo assim nunca se matou tanto como em nossos dias, em nome de uma concepo de mundo mecanicista- racionalista e capitalista, onde tudo foi separado de tudo, e os seres vivos so vistos como mquinas e nada mais. Angyal criou o termo biosfera para traduzir uma concepo holstica ou ecolgica que compreenda o indivduo e o meio "no como partes em interao, no como constituintes que tenham uma existncia independente dos demais, como peas de um relgio, mas como aspectos de uma mesma realidade, que s podem ser separados realizando-se uma abstrao" (Angyal, cit. em Hall e Lindzey, 1978, p. 43). A biosfera, portanto, em seu sentido mais amplo seria mais ou menos como a atual concepo de Gaia, ou da Terra viva. A biosfera pode ser vista em vrios nveis, inclusive no nvel humano, onde um indivduo constitui uma biosfera particular em relao ao seu conjunto orgnico e psquico, assim como uma sociedade, etc. Assim, a Biosfera inclui tanto os processos somticos quanto os psicolgicos (individuais e coletivos) e os sociais, que podem ser estudados assim, separadamente, mas s at certo ponto. Segundo Hall e Lindzey (1978), embora seja a Biosfera um todo indivisvel, ela composta e organizada por sistemas estruturalmente articulados. A tarefa do cientista seria, assim, de identificar as linhas de demarcao determinadas na biosfera pela estrutura natural do todo em si mesmo. Assim, um homem se diferencia de outro homem, mas ambos possuem caractersticas que nos permitem classific-los como homens e no como peixes, etc. O organismo individual, um sujeito, portanto, constitui um plo da biosfera, e o meio ambiente, natural e social, o outro polo. Toda a dinmica essencial da vida est fundada na interao entre estes dois plos. Angyal postula que no so os processos de um ou de outro que determinam ou refletem a realidade, mas a interao contnua de ambos. Assim, a vida como um todo unitrio nos daria uma nova viso e a possibilidade de percebermos fenmenos e detalhes que nos escapam no estudo polar de ambos os nveis da realidade. Bibliografia

Hall, Calvin S. & Lindzey, Gardner. Theories of Personality, 3 Ed., Jonh Wiley & Sons, Inc. 1978 Fadiman, James & Frager, Robert. Teorias da Personalidade. Ed. Harbra, So Paulo, 1986 Capra, Fritjof. O Ponto de Mutao, Ed. Cultrix, So Paulo, 1986. Guimares, Carlos. Percepo e Conscincia, Ed. Persona, Joo Pessoa, 1996

Iniciao e ritos de passagem

Por Jan Duarte Em todas as sociedades primitivas, determinados momentos na vida de seus membros eram marcados por cerimnias especiais, conhecidas como ritos de iniciao ou ritos de passagem. Essas cerimnias, mais do que representarem uma transio particular para o indivduo, representavam igualmente a sua progressiva aceitao e participao na sociedade na qual estava inserido, tendo portanto tanto o cunho individual quanto o coletivo. Geralmente, a primeira dessas cerimnias era praticada dentro do prprio ambiente familiar, logo em seguida ao nascimento. Nesse rito, o recm-nascido era apresentado aos seus antecedentes diretos, e era reconhecido como sendo parte da linhagem ancestral. Seu nome, previamente escolhido, era ento pronunciado para ele pela primeira vez, de forma solene. Alguns anos mais tarde, ao atingir a puberdade, o jovem passava por outra cerimnia. Para as mulheres, isso se dava geralmente no momento da primeira menstruao, marcando o fato que, entrando no seu perodo frtil, estava apta a preparar-se para o casamento. Para os rapazes, essa cerimnia geralmente se dava no momento em que ele fazia a caa e o abate do primeiro animal. Ligadas, portanto, ao derramamento de sangue, essas cerimnias significavam a integrao daquela pessoa como membro produtivo da tribo: ao derramar sangue para a preservao da comunidade (pela procriao ou pela alimentao), ela estava simbolicamente misturando o seu prprio sangue ao sangue do seu cl. Variadas cerimnias marcavam, ainda, a idade adulta. Entre os nativos norteamericanos, algumas tribos praticavam um rito onde a pele do peito dos jovens guerreiros era trespassada por espetos e repuxada por cordas. A dor e o sangue derramado eram, dessa forma, considerados como uma retribuio Terra das ddivas que a tribo recebera at ali. Outras cerimnias seguiam-se, ao longo da vida. O casamento era uma delas, e os ritos fnebres eram considerados como a ltima transio, aquela que propiciava a entrada no reino dos mortos e garantia o retorno futuro ao mundo dos vivos. Todas essas cerimnias, no entanto, marcavam pontos de desprendimento. Velhas atitudes eram abandonadas e novas deviam ser aceitas. A convivncia com algumas pessoas devia ser deixada para trs e novas pessoas passavam a constituir o grupo de relacionamento direto. Muitas vezes, a cada uma dessas cerimnias, a pessoa trocava de nome, representando que aquela identidade que assumira at ento, no mais existia ela era uma nova pessoa. Nos tempos atuais e nas sociedades modernas, muitos desses ritos subsistiram, embora muitos deles esvaziados do seu contedo simblico. Batismo e festas de aniversrio de 15 anos, por exemplo, so resqucios desse tipo de cerimnia, que hoje representam muito mais um compromisso social do que a marcao do incio de uma nova fase na vida do indivduo. No entanto, a troca do smbolo pela ostentao pura e simples, acaba criando a desestruturao do padro social. Tomando o batizado cristo como exemplo, poderia-

se perguntar quantas pessoas que batizam os seus filhos so, realmente, crists. Quantas pretendem realmente cumprir a promessa solene, feita em frente ao seu sacerdote, de manter a criana na f dos seus antepassados? Obviamente, nas sociedades primitivas, tais promessas eram obrigaes indiscutveis e sagradas. Romp-las era colocar em risco a prpria sobrevivncia da tribo como unidade coerente, o que no era, ao menos, cogitvel. A Iniciao dos Xams e Heris Ao lado dos ritos que abordamos, de certa forma institucionalizados e regulados pela famlia e pela sociedade, haviam outros ritos especficos, que poderiam configurar uma categoria distinta de passagem ou iniciao. Embora pudessem acontecer depois de alguma preparao, era comum que esses ritos ocorressem espontneamente, a partir de uma casualidade que era ento tida como propiciada pelos deuses. Estes eram os ritos de iniciao dos xams ou dos heris. Muitas pessoas, aps passarem inclumes por algum tipo de experincia traumtica, que poderia ter provocado a sua morte, eram consideradas como pertencendo a uma classe especial. Estados semicomatosos induzidos por doenas, picada de animais peonhentos, etc, eram normalmente considerados como modificadores da pessoa, que retornaria desses estados possuindo uma nova e mais clara viso do mundo. Essas pessoas, geralmente, eram aladas condio de xams pela tribo. Por um outro lado, o contrrio tambm poderia acontecer: dentro do processo normal de treinamento de um xam, chegava-se a um ponto em que determinadas provas deveriam ser enfrentadas, para que o treinando comprovasse a sua capacidade de enfrentar seus medos e seus prprios limites fsicos e mentais. Isolamento, frio, fome, s vezes extremos, eram utilizados nesse sentido. A idia aqui, portanto, no era a de rito de passagem simplesmente como transio de um perodo para outro da vida, mas tambm como de um estado de conscincia para outro. Ou seja: essa forma de rito no depreendia uma idade ou ocasio especfica, e nem ao menos uma cerimnia especfica. Poderia acontecer a qualquer momento da vida, por acaso ou por escolha prpria, e tinha um cunho de transformao de personalidade mais profundo, geralmente associado a uma misso a cumprir, aps a iniciao. O carter de morte e renascimento nesses ritos era profundamente marcado. V-se tal carter em diversas lendas de heris mitolgicos, como, por exemplo, no mito egpcio de Osris, que possui todas as caractersticas associadas ao processo das iniciaes mticas. Osris era uma divindade civilizadora - a ele era atribuda a inveno da escrita e o desenvolvimento da agricultura. No mito, seu corpo despedaado e espalhado por todo o Egito; em seguida sua esposa sis empreende uma longa busca pelos seus pedaos, e rene-os para que ele gere com ela seu filho Hrus, que ir prosseguir seu trabalho civilizador. H de se notar que sis, alm de esposa, era irm de Osris, ou seja: a idia que os dois, na verdade, eram duas faces distintas de uma mesma pessoa. Osris representa o aspecto de nossos conhecimentos prvios que ho de ser desfeitos, ao passo que sis representa a parte de ns que realiza a busca e a reconstruo.

Note-se, tambm, que Osris (o conhecimento), aps ser reconstrudo, no permanece existindo, mas apenas cumpre a funo de gerar em sis um novo ser, filho da fuso entre as duas partes. A mensagem, portanto, : aquele que busca o conhecimento dever morrer (perder a individualidade, desfazer-se), recolher suas partes atravs de um rduo e longo trabalho e, por fim, transformar-se em um novo ser, com uma misso a cumprir. O Significado das Iniciaes no Paganismo O termo iniciao tem sido bastante mal compreendido dentro do paganismo atual. Confunde-se iniciao com "incio", e muitos julgam que a iniciao seria uma espcie de cerimnia de admisso em certas vertentes do paganismo. Contrape-se a figura do iniciante do iniciado, o que correto apenas em parte. Na realidade, h de se encarar o paganismo, se no como uma religio (j que essa palavra geralmente implica dogma e sistematizao), pelo menos como uma forma de manifestao da religiosidade natural do ser humano. Dessa maneira, no faria sentido um ritual especfico para que uma pessoa pudesse pratic-lo, da mesma maneira que nenhuma condio pr-estabelecida para que algum frequente uma igreja. Por um outro lado, para a maioria das pessoas, adotar essa forma pag de religiosidade significa romper, de qualquer maneira, com velhos dogmas e sistemas, ou seja: uma forma de passagem. J que a prpria concepo pag, como descrevemos no incio deste texto, preconiza a marcao das passagens com celebraes especficas, a idia da existncia de uma cerimnia de iniciao (ou vrias) estaria portanto justificada. O que se v, no entanto, no isso. A idia da iniciao, por ser mal compreendida, comumente descrita como uma espcie de ritual mgico, que pode ser realizado sozinho e que transformaria as pessoas em bruxos. Isso , pura e simplesmente, uma deturpao da idia. O rito de passagem tem suas prprias funes, como vimos: ele marca transies, marca o assumir de novos hbitos e responsabilidades e marca a aceitao de uma pessoa por um determinado grupo. No se poderia esperar, no entanto, que essas transformaes fossem efetivadas sem uma preparao especfica. Voltando s sociedades tribais, podemos observar que os jovens, no decorrer de sua vida, so constante e cotidianamente preparados para os momentos de seus ritos de passagem. Apenas como exemplo, o futuro caador passa por vezes anos acompanhando os grupos de caa, assumindo funes progressivamente mais importantes nesses grupos, at finalmente chegar a abater, sozinho, a sua primeira presa. Quando isso acontece, ele passa pela cerimnia que marca a sua aceitao pelo grupo dos caadores, tendo provado que digno de fazer parte desse grupo. Assim, a idia de uma cerimnia de iniciao dentro do paganismo, se admitida como necessria, h de ter essas mesmas caractersticas. Passar por essa cerimnia significa que o iniciado adquiriu conhecimento e prtica, e por isso mesmo tornou-se digno de fazer parte de um grupo. Logo, isso no pode ser nem um ato prvio nem um ato solitrio. incongruente tanto dizer-se que novas atitudes sero assumidas sem que tenhamos nos preparado para isso, quanto nos admitirmos num "grupo" do qual apenas ns fazemos parte. As Jornadas Iniciticas

Uma vez compreendido que a iniciao o resultado de um processo mais ou menos longo de compreenso, conhecimento e prtica, que leva a uma mudana de status pessoal por marcar uma mudana de hbitos; que ela a culminncia de um processo e no o processo em si, h de se entender como esse processo se d. Um processo de iniciao um processo de trabalho da personalidade, que envolve, como dissemos, a desconstruo de padres pr-estabelecidos e a construo de novos padres, que passaro a nortear a nossa conduta e existncia. Vemos uma representao desse processo nos arcanos maiores do tar: cada um deles representa um passo, um degrau, um conhecimento especfico que se deve adquirir, ao longo de um caminho inicitico. Esse caminho , no tar, percorrido pelo Louco, que justamente por isso o arcano sem nmero, podendo se encontrar, portanto, em qualquer uma das posies, ou estgios do caminho. O Louco representa a prpria desconstruo. Consideramos louco tudo aquilo que no estruturado, tudo aquilo que , de certa forma, catico ou vazio. No entanto, a real estruturao apenas pode surgir do caos; caso contrrio, o que se d apenas uma reformulao, ou mesmo apenas um ajuste. emblemtica a frase que surge em praticamente todas as cosmogonias, com ligeiras variaes: no princpio era o caos. Uma jornada inicitica no pode partir de preceitos estabelecidos. Muito pelo contrrio: ela deve comear justamente pela eliminao de todo e qualquer conceito que possa, de alguma forma, direcionar ou influenciar o caminho de quem se prope a empreend-la. Note-se que o Louco se encontra, justamente, beira do abismo. O prximo passo, que ele j comeou a dar, o lanar no desconhecido, sem nenhum ponto de apoio, deixando para trs tudo aquilo que slido. Lanar-se no abismo (domnio do Ar e, portanto, dos incios) significa, tambm, mergulhar na prpria conscincia, ir ao fundo de si mesmo, atirar-se ao fundo do poo de nossa personalidade. Ao atingirmos o fundo do poo, s existe um caminho de sada: para cima. Logo, apenas ao atingi-lo poderemos empreender a escalada; construir, degrau por degrau, a escada que nos levar das profundezas escuras de volta ao Sol, para que possamos, novamente, ver o Mundo. Esse , portanto, o teor da jornada inicitica, da qual a cerimnia de iniciao, o rito de passagem, marca simplesmente a culminncia do processo. Por isso mesmo, em sua celebrao, o rito busca reprisar os episdios da jornada, refazer a desconstruo e reconstruo da personalidade, representar em momentos aquilo que, por vezes, levou anos. No decorrer de nossa vida, podemos passar por diversos processos desse tipo, conscientes ou no, orientados ou no. O final de cada um desses processos apenas o incio do prximo. Um exemplo disso nos dado pela prpria vida, a grande jornada inicitica em si, que encerra todo o processo cclico de nascimento, aprendizagem, morte e renascimento. Somos matria bruta ao nascermos e, ao longo dos anos, adquirimos o conhecimento que nos d, na velhice, a clara viso do mundo, to decantada como a sabedoria que surge com a idade. O prximo passo, no entanto, novamente o mergulho no abismo, no desconhecido.

Chave absoluta das cincias ocultas


dada por Guilherme de Postel e completado por Eliphas Levi A religio diz: Acreditai e compreendereis. A cincia vem vos dizer: Compreendei e acreditareis. "Ento, toda a cincia mudar de fisionomia; o esprito, por muito tempo destronado e esquecido, retomar seu lugar; ser demonstrado que as tradies antigas so inteiramente verdadeiras; que o paganismo no passa de um sistema de verdades corrompidas e deslocadas; que basta limp-las, por assim dizer, e recoloc-las em seu lugar, para v-las brilhar com todo o esplendor. Em uma palavra, todas as idias mudaro; e, uma vez que, de todos os lados, uma multido de eleitos clama em concerto: "Vinde, Senhor, vinde!", por que reprovareis os homens que se lanam nesse futuro majestoso e se glorificam de adivinh-lo?" Joseph de Maistre, Soires de SaintPtersbourg Os espritos humanos tm a vertigem do mistrio. O mistrio o abismo que atrai, sem cessar, nossa curiosidade inquieta por suas formidveis profundezas. O maior mistrio do infinito a existncia de Aquele para quem e somente para Ele tudo sem mistrio. Compreendendo o infinito, que essencialmente incompreensvel, ele prprio o mistrio infinito e externamente insondvel, ou seja, ele , ao que tudo indica, esse absurdo por excelncia, em que acreditava Tertuliano. Necessariamente absurdo, uma vez que a razo deve renunciar para sempre a atingi-lo; necessariamente crvel, uma vez que a cincia e a razo, longe de demonstrar que ele no , so fatalmente levadas a deixar acreditar que ele , e elas prprias a ador-lo de olhos fechados. que esse absurdo a fonte infinita da razo, a luz brota eternamente das trevas eternas, a cincia, essa Babel do esprito, pode torcer e sobrepor suas espirais subindo sempre; ela poder fazer oscilar a Terra, nunca tocar o cu. Deus o que aprenderemos eternamente a conhecer. , por conseguinte, o que nunca saberemos. O domnio do mistrio um campo aberto s conquistas da inteligncia. Pode-se andar nele com audcia, nunca se reduzir sua extenso, mudar-se- somente de horizontes. Todo saber o sonho do impossvel, mas ai de quem no ousa aprender tudo e no sabe que, para saber alguma coisa, preciso resignar-se-a estudar sempre! Dizem que para bem aprender preciso esquecer vrias vezes. O mundo seguiu esse mtodo. Tudo o que se questiona em nossos dias havia sido resolvido pelos antigos; anteriores a nossos anais, suas solues escritas em hierglifos no tinham mais sentido para ns; um homem reencontrou sua chave, abriu as necrpoles da cincia antiga e deu a seu sculo todo um mundo de teoremas esquecidos, de snteses simples e sublimes como a natureza, irradiando sempre unidade e multiplicando-se como nmeros, com propores to exatas quanto o conhecimento demonstra e revela o desconhecido. Compreender essa cincia ver Deus. O autor deste livro, ao terminar sua obra, acreditar t-lo demonstrado.

Depois, quando tiverdes visto Deus, o hierofante vos dir: Virai-vos e, na sombra que projetais na presena desse sol das inteligncias, ele far aparecer o Diabo, o fantasma negro que vedes quando no olhais para Deus e quando acreditais ter preenchido o cu com vossa sombra, porque os vapores da terra parecem t-la feito crescer ao subir. Pr de acordo, na ordem religiosa, a cincia com a revelao e a razo com a f, demonstrar em filosofia os princpios absolutos que conciliam todas as antinomias, revelar enfim o equilbrio universal das foras naturais, tal a tripla finalidade desta obra, que ser, por conseguinte, dividida em trs partes. Mistrio dos outros mundos, foras ocultas, revelaes estranhas, doenas misteriosas, faculdades excepcionais, espritos, aparies, paradoxos mgicos, arcanos hermticos, diremos tudo e explicaremos tudo. Quem pois nos deu esse poder? No tememos revel-lo a nossos leitores... ...Existe um alfabeto oculto e sagrado que os hebreus atribuem a Henoch, os egpcios a Tot ou a Mercrio Trismegisto, os gregos a Cadmo e a Palamdio. Esse alfabeto, conhecido pelos pitagricos, compe-se de idias absolutas ligadas a signos e a nmeros e realiza, por suas combinaes, as matemticas do pensamento. Salomo havia representado esse alfabeto por setenta e dois nomes escritos em trinta e seis talisms e o que os iniciados do Oriente denominam ainda de as pequenas chaves ou clavculas de Salomo Essas chaves so descritas e seu uso explicado num livro cujo dogma tradicional remonta ao patriarca Abrao, o Sepher Ytsirah, e, com a inteligncia do Sepher Ytsirah, penetra-se o sentido oculto do Zohar, o grande livro dogmtico da Cabala dos hebreus. As clavculas de Salomo, esquecidas com o tempo e que se dizia estarem perdidas, ns as encontramos, e abrimos sem dificuldade todas as portas dos antigos santurios, onde a verdade absoluta parecia dormir, sempre jovem e sempre bela, como aquela princesa de um conto infantil que espera durante um sculo de sono o esposo que deve despert-la. Depois de nosso livro, ainda haver mistrios, mas mais alto e mais longe nas profundezas infinitas. Esta publicao uma luz ou uma loucura, uma mistificao ou um monumento. Lede, refleti e julgai.

A Meditao da Introspeco (Vipassana Bhavana): Como funciona.


Do livro "O Budismo Vivo e o Mundo Contemporneo" de Lama Anagarika Govinda A Meditao Vipssana chamada de Meditao da Introspeco ou da Percepo opera em dois nveis: no nvel psicolgico e no nvel espiritual. No nvel psicolgico a meditao ajuda-nos primeiro a chegar a um acordo com os nossos estados mentais negativos. Aprendendo a observar atentamente as nossas variaes de humor e aceitando-as, iremos conhecer os nossos eus secretos: os estados mentais de raiva, culpa, ansiedade, tristeza e depresso. A meditao nos ensina como lidar com todos eles. Estando consciente desses estados, no tentando fugir deles mas aceitando-os realmente como so. Isto significa que ns nem os ampliamos nem

fazemos as coisas piores fantasiando, nem sonhamos acordados pensando nos deixar ser apanhados pelas emoes. Ao invs disso, desenvolvemos a conscientizao e a observao, ns permitimos que os estados mentais sejam eles mesmos. Ento experimentamos por ns mesmos exatamente o que o Buda ensinou: observando e vigiando os estados da mente, eles perdem energia, enfraquecem gradativamente e aps um tempo extinguem-se completamente. Do mesmo modo, at mesmo os sentimentos profundamente reprimidos no subconsciente vo emergir e enfraquecer at que tenhamos purificado completamente a mente de todos os estados negativos. Gradativamente comeamos a experimentar mais e mais os estados positivos da mente: amor, compaixo, alegria, harmonia e paz. Esta transformao tem seu efeito sobre nossos relacionamentos e na nossa vida diria, fazendo-nos pessoas muito mais felizes! No nvel espiritual, como o processo de purificao da mente continua, com a concentrao e a conscientizao, surge ento a sabedoria intuitiva e comeamos a ver a natureza real da mente. Percebe-se e compreende-se as caractersticas da vida humana: sua insatisfatoriedade essencial e sua natureza impermanente. A conscincia continua operando assim at o momento em que, sendo favorveis as condies, ela penetra no Absoluto, alm do corpo e da mente - o Nirvana. Isto apenas um resumo de como a meditao funciona, mas lembrem-se quando meditamos, no pensamos acerca disto, ns apenas desenvolvemos a vigilncia e a conscincia. Apenas observamos o que surge na mente, no ficamos procurando por coisa alguma. Voc compreendeu que o Buda no ensinou um sistema no qual todos tivessem que acreditar antes de comear a praticar. O que ele fez foi ensinar uma teoria, dar-nos um mtodo, uma tcnica: a prtica da meditao. atravs da qual podemos testar tal teoria. Como a meditao no um sistema de crena, ela pode ser praticada por qualquer pessoa independente de sua religio ou crena pessoal. Ela simplesmente o Caminho para a Purificao Mental. Ela til para cada e para todos os seres humanos. Esperamos que voc continue a praticar para seu prprio benefcio e para o benefcio de todos os seres. Possa sua meditao ser proveitosa! Venha meditar conosco! O Significado De "Insight", Conhecimento e Sabedoria No Budismo Em contraste com as religies baseadas em improvveis artigos de f, a base do budismo o entendimento. Esse fato iludiu alguns observadores ocidentais que pensavam no budismo como uma doutrina puramente racional que pode ser compreendida em termos apenas intelectuais. No entanto, o entendimento no budismo significa um insight na natureza da realidade de sempre o produto de experincia imediata. Comeando com a experincia do sofrimento como um axioma primrio, vlido universalmente, o budismo adota o ponto de vista de que somente aquilo que foi

experimentado, e no o que se pensou, tem valor de realidade. Desta maneira, o BudaDharma prova que uma religio genuna, mesmo que no solicite revelaes noprovadas advindas de um domnio sobrenatural como os adeptos de uma religio normalmente tm que aceitar. Prximo da virada desse sculo, alguns hinduistas tentaram apresentar o budismo como um sistema filosfico-moral amplamente baseado em consideraes psicolgicas. Mas o budismo mais do que uma filosofia, porque no despreza a razo nem a lgica, apenas as usa dentro da esfera apropriada. Tambm transcende os limites de qualquer sistema psicolgico porque no est confinado anlise e classificao de foras e fenmenos psquicos reconhecidos, mas ensina seu uso, transformao e transcendncia. O budismo tambm no pode ser reduzido a um sistema moral vlido para o tempo todo ou como "um guia para fazer o bem", pois penetra uma esfera que transcende todo o dualismo e est estabelecida em uma tica que sai do entendimento mais profundo e da viso interior. Assim, poderamos dizer que o Buda-Dharma , como experincia e como caminho para a realizao prtica, uma religio; como a formulao intelectual dessa experincia, uma filosofia, e como resultado da anlise sistemtica, uma psicologia. Quem trilha esse caminho adquire uma norma de comportamento que no vem por imposio externa, mas resultante de um processo de amadurecimento interior que podemos observar de fora, chamar de moralidade. Mas essa moralidade no Budismo no tanto o ponto de partida - como em muitas outras religies - quanto o resultado de uma experincia religiosa que produziu tal mudana decisiva em nosso ponto de vista que comeamos a ver o mundo com novos olhos. Por essa razo, Buda no colocou no incio da Nobre Senda ctupla uma mudana em nosso modo de vida e comportamento, mas a viso controlada de mundo em ns e com relao a ns mesmos; pois s assim conseguimos conquistar um insight sem preconceitos sobre natureza da existncia e das coisas, e ento, atravs da mudana em nosso ponto de vista, atingir uma reorientao completa para a nossa luta. Esse modo de observar as coisas chamado em pli samma ditthi, que os indologistas sempre traduzem como "viso correta " ou "opinio". Mas samma ditthi significa mais do que um mero acordo com algumas idias morais ou dogmticas preconcebidas. uma maneira de ver que ultrapassa os pares de opostos dualisticamente concebidos, de um ponto de vista unilateral, condicionado pelo ego. Samma significa o que perfeito, inteiro, isto , nem dividido nem unilateral; alguma coisa de fato, completamente adequada a todos os nveis de conscincia. Aquele que desenvolveu o samma ditthi , portanto, uma pessoa que no olha as coisas de forma parcial, mas as v de forma equilibrada e sem preconceitos, e que em objetivos, atos e palavras capaz de enxergar e respeitar o ponto de vista dos outros tanto como o seu prprio. Pois Buda estava bem consciente da relatividade de todas as formulaes conceituais. No estava, portanto, preocupado em divulgar uma verdade abstrata, mas em apresentar um mtodo que desse capacidade s pessoas para chegar viso da verdade, isto , experimentar a realidade. Assim, ele no apresentou uma nova f, mas tentou libertar o pensamento das pessoas dos princpios dogmticos de forma a possibilitar uma viso da realidade livre de preconceitos.

Est bem claro que ele foi o primeiro entre os grandes lderes religiosos e pensadores da humanidade a descobrir que o que importa no tanto os resultados finais padronizados, isto , nosso conhecimento conceitual em forma de idias, confisses religiosas e "verdades eternas", ou na forma de "fatos cientficos" e frmulas, mas o que leva a esse conhecimento, o mtodo de pensamento e ao. A adoo dos resultados do pensamento das outras pessoas - ou at mesmo dos chamados "fatos simples", quando isso feito sem senso crtico, geralmente mais um obstculo do que vantagem, porque coloca um bloqueio experincia direta e por isso pode se tornar um perigo. Dessa forma, uma educao que consiste inteiramente de um acmulo conhecimentos e padres de pensamento j prontos leva esterilidade espiritual. O conhecimento e a f que perderam sua ligao com a vida se transformam em ignorncia e superstio. O mais importante e o mais essencial a capacidade para a concentrao e para o pensamento criativo. Em vez de ter como objetivo a erudio, deveramos preservar a capacidade para o aprendizado em si, e assim manter a mente aberta e receptiva. Por outro lado, Buda jamais negou a importncia do pensamento e da lgica; designou o lugar que ocupam e mostrou a seus discpulos a sua relatividade: a ligao insolvel pela qual o pensamento e a lgica se encerram em um nico sistema de interdependncia e condicionalidade mtuas. H uma admisso tcita de que o mundo que construmos com o nosso pensamento idntico ao mundo de nossa experincia, na verdade ao mundo "tal como ". Mas, essa uma das fontes principais de nossa viso errnea daquilo que chamamos de "mundo". O mundo que experimentamos na verdade inclui o mundo dos nossos pensamentos, mas esse mundo nunca pode compreender totalmente aquele que experimentamos, porque vivemos simultaneamente em vrias dimenses, das quais o intelecto (ou acapacidade para o pensamento discursivo) apenas uma delas. Buda no procurava discpulos cegos que seguissem suas instrues mecanicamente, sem entender suas razes ou necessidades. Para ele, o valor da ao humana no est no efeito aparente, mas no motivo, na atitude dessa conscincia da qual surgiu. Queria que seus discpulos o seguissem por causa de seu prprio insight na realidade acentuada pelo ensinamento, e no da simples f na superioridade de sua sabedoria ou de sua pessoa. A nica f que esperava de seus alunos era a f em seus prprios poderes interiores. O que o mestre suscitou, portanto no foi a nfase em um racionalismo frio, unilateral, mas a cooperao harmoniosa de todos os poderes da psique humana, entre os quais a razo o princpio da discriminao e do direcionamento. O ensinamento do Buda comea com a apresentao das Quatro Nobres Verdades. Mas, devido aos limites estreitos da conscincia individual, seu significado no pode ser percebido de forma completa quando se est iniciando no Caminho. Se fssemos capazes de atingir isso, conquistaramos a liberdade imediatamente e os passos seguintes seriam desnecessrios. Mas o simples fato do sofrimento e suas causas imediatas algo que podemos experimentar em todas as fases da vida, de forma que um simples processo de observao e anlise da experincia de uma pessoa, ainda que limitado, suficiente para convencer um ser pensante de que a tese do Buda razovel e aceitvel.

Da mesma forma, se o indivduo inicia seu caminho exigindo a "viso perfeita", isso no significa a aceitao de um dogma em particular estabelecido para todo o tempo, ou de alguma crena ou artigo de f, mas o insight imparcial e sem preconceitos na natureza das coisas e de todas as ocorrncias exatamente como so. Samma ditthi, ento, no uma simples aceitao de algumas idias religiosas ou morais preconcebidas. Significa uma maneira cada vez mais perfeita e nunca unilateral de ver as coisas. Portanto, no verdade que tantos problemas do mundo vm principalmente do fato de todos verem as coisas a partir de seu prprio ponto de observao? No deveramos, em vez de nos trancarmos a tudo que seja desagradvel e doloroso, encarar o fato do sofrimento e descobrir suas causas, fato este que est em ns e que conseqentemente s por ns pode ser superado? Se prosseguirmos dessa maneira, manifesta-se dentro de ns a conscincia do objetivo grandioso, o objetivo do esclarecimento e da libertao, e tambm do caminho que leva a sua realizao. Samma ditthi assim o experimentar, e no apenas a aceitao intelectual das Quatro Nobres Verdades proclamadas por Buda. Somente a partir de tal atitude que a deciso perfeita que abrange toda a humanidade pode surgir, o que exige o compromisso da pessoa como um todo no pensamento, na palavra e na vontade, o que levar, atravs da interiorizao e penetrao, perfeita iluminao.

O sab das feiticeiras


Por Paulo Urban (*) Publicado na Revista Planeta n 346 / julho 2000 Predicadas pelo estranho 13, as sextas-feiras, noites de sab, impem maior respeito ao imaginrio popular; se a noite for de lua cheia ento... A sexta-feira 13. Muita gente tem medo dela! Seu nome sugere feitiaria e, para muitos, sua ocorrncia no calendrio prenncio do azar. Toda sexta-feira, entretanto, acha-se associada idia do Sab, como ficou conhecido a partir da poca medieval o festim em que as bruxas reunidas banqueteiam em presena do Demnio. Tambm s sextas, luz da lua cheia, os amaldioados lobisomens se transformam, e os vampiros propalam-se em vo sedento de sangue procura de suas vtimas. Mas, e quanto ao maldito nmero 13? o nmero da morte, do azar, do mau agouro, dizem alguns. Para outros, contradizendo, pode simbolizar a sorte por trazer em si as transformaes, visto que o 13 representa o rompimento dos limites, a quebra dos padres estatutrios impostos pelo 12. Expliquemos melhor. O 12 expressa as coisas inteiras, os sistemas fechados e completos. Observe-se que so 12 os meses do ano, as horas do dia e da noite; tambm o nmero de deuses do Olimpo e de constelaes e signos do zodaco; e 12 so as notas musicais, tons e semitons. J o 13 aquele que ultrapassa a ordem conhecida das coisas, promove a revoluo do novo, e se intromete em nosso mundo de modo a perturbar nossa aparente sensao de segurana, advinda da ordinria dimenso qual estamos acostumados. Associado ao jogo, s vicissitudes da vida, igualmente sorte e ao azar, o 13 ainda compe o nmero de cartas de cada um dos 4 naipes dos baralhos comuns. E eram 12 os apstolos presentes ltima ceia de Cristo, de onde se criou a superstio medieval de que quando 13 se renem mesa para comer, um em breve ir morrer.

Predicadas pelo estranho 13, as sextas-feiras, noites de sab, impem maior respeito ao imaginrio popular; se a noite for de lua cheia ento... Na mitologia assrio-babilnica, data-se alm de 8 mil anos a crena de que Isthar, a lua, tornava-se indisposta a cada plenilnio, quando ento se observava o sabattu, perodo de recolhimento dos homens em respeito Grande Deusa. Veja-se que provm da antigidade mais remota o til conselho dado aos maridos para que estes no provoquem suas mulheres em fase pr-menstrual. Durante a indisposio de Isthar, guardava-se o sbado, que primitivamente era mensal, dia considerado nefasto, no qual no se autorizava qualquer tipo de trabalho, nem viajar ou cozinhar alimentos. Com a percepo de que Isthar apresentava fases cclicas, crescente, cheia, minguante e nova, a cada 7 dias renovadas, a prtica do sabattu estendeu-se a todas as semanas de modo a demarcar sempre o ltimo dia da semana. Sbado, em portugus, vem do latim sabbatum, que, por sua vez foi emprestado do grego sbbaton. Este, seria proveniente do hebraico sahabbat, que, etimologicamente, deriva do verbo sabat (parar). Outras fontes o extraem de seba (sete), ou o tomam como corruptela do termo sabi'at (stimo dia). Tenhamos em conta ainda que o hebraico sabbat guarda enorme semelhana com sapatu, que em dialeto rcade primevo significava "parada, descanso", tambm "sono da lua". Nesse caso, o termo hebraico seria originrio do grego, ao contrrio da primeira hiptese. Em meio s divergncias semnticas, muitos acreditam que a Igreja, em sua obstinada caa s bruxas, tenha julgado conveniente escolher um nome da tradio judaica, especificamente aquele que denota o perodo de orao que se inicia ao pr do sol das sextas-feiras, para nomear o conclave das feiticeiras. Agindo assim, transformaria judeus, bruxas e demais hereges, inimigos comuns da f crist, em gatos de um mesmo saco. Alm disso, no incio das perseguies, denominava-se "sinagoga" o local escondido nas florestas destinado reunio das bruxas. Pesquisando mais profundamente encontramos o termo grego sabbathos, literalmente "o sab divino", relacionado s sabtidas, festas dedicadas a Sabcio, divindade agrcola conhecida na Trcia e na Frgia, com atributos similares aos de Dionsio, ainda que no to popularizada quanto este. As sabtidas j ocorriam anteriormente a Moiss e ao judasmo; e a seu deus eram consagrados o trigo e a cevada, da qual se fermentava uma bebida inebriante, servida aos presentes. Sabcio era representado com chifres na cabea, semelhante a Dionsio, tambm chamado Deus-cabrito. Pan e Prapo eram igualmente cultuados nas sabtidas, e representavam-se pela figura de faunos ou bodes, seno pelo falo que os substitua, espcie de basto que todos traziam reunio, invariavelmente noturna, na qual banqueteavam os convivas, sentados no cho sobre peles de animais caprinos, com as quais tambm se cobriam encarnando seu comportamento e imitando seus berros. Neste culto agrrio, uma virgem nua, smbolo da fertilidade, em aluso Demeter (a Me Terra), deitava-se sobre a mesa ritualstica e recebia sobre o ventre as oferendas, geralmente o trigo e a cerveja, sendo ela prpria aps o banquete oferecida divindade caprina dona da festa, sempre encarnada por um sacerdote com mscara de chifres, vestido com pele de cabra, assim como os demais presentes. Aps o gozo do mestre, e enlevados pela bebida, misturavam-se todos no importando o sexo, "fecundando-se" mutuamente. Ao final da festa, semelhantemente s Bacanais, invocava-se o raio, talvez aluso ao mito dionisaco, posto que esta divindade antes de (re)nascer da coxa de Zeus fora fulminada e esquartejada por raios dos Tits. Tambm a desvirginada do altar arrancava com sua boca a cabea de um sapo, e a cuspia ao cho, em aluso s Mnades

possessas que dilaceravam os animais conforme descreveu Eurpedes de modo perturbador nas Baccantes. Estes eram os originais pagos, cujas festas celebravam no pago, isto , no prprio povoado, geralmente nos campos de suas comunidades. Qual a ligao desta festa com o sab das feiticeiras? Entendamos a questo. A Igreja, j no ano de 360, no snodo de Elvira, admitia a existncia dos poderes mgicos, que seriam decorrentes de pactos com o demnio, e negava a comunho, mesmo hora da morte, para os que cassem em tal tentao. At o sculo XI, a Santa S diferenciava os seres malficos, devotados aos sortilgios, aos encantamentos por bonecos de cera, aos filtros e maus-olhados, das strigae, demnios femininos que sob a forma de pssaro se alimentavam de recmnascidos. Strega, bruxa em italiano, deriva-se da, e em portugus temos igualmente o termo estrige; ambos oriundos da raiz latina strix, a significar coruja, pssaro noturno ou qualquer outra ave de rapina. Um sculo antes, o monge Regino de Prn dizia que voar noite com a deusa Diana no podia ser algo real, seno mera iluso provocada pelo Demnio. Mas foi durante o sculo XII que se difundiu mais rapidamente a idia do sab, reunio noturna das sextas-feiras, qual compareciam as bruxas voando em suas vassouras, cavalgando seus bodes, ou mesmo transformadas sob a forma de pssaros. Para que pudessem voar, untavam seus corpos com uma poo mgica por elas preparada; e na cerimnia, iniciada meia-noite, entregavam-se a orgias e ao Demnio. Somente em 1250 que alguns bispos entregam ao dominicano tienne de Bourbon a primeira descrio do sab. Oito anos depois iniciam-se os processos por feitiaria, e s no ano de 1275, aps vrias condenaes, uma primeira acusada morta na fogueira. O prprio So Toms de Aquino (1225-1274), expoente da escolstica, declara ser possvel a unio carnal com Satans. "Tudo o que acontece por via natural, o diabo pode imitar!", afirmou. Em 1318, o bispo de Cahors condenado fogueira sob acusao de haver tramado magicamente contra o Papa Joo XXII, por encantamento com boneco de cera, do qual a histria tem relatos semelhantes desde 2500a.C. O poeta Virglio (70-19a.C.) tambm fez referncia mesma prtica. Em 1398 ser a vez da Universidade de Paris reforar a tese da unio sexual entre as bruxas e o demnio, e em 1424 o monge Bernardino de Siena (1380-1444) prega contra as artes mgicas em Roma. Em 1465, curioso fato, condenado fogueira o prior da ordem dos Servitas, dono de um bordel, acusado no de empreender qualquer tipo de negcio ilcito, mas sim porque eram scubos (demnios sob a forma feminina) quem ele oferecia aos que visitavam sua casa de prazeres. At esse momento, no entanto, os processos s eventualmente levavam pena capital. Embora houvesse campanhas da Igreja contra hereges e pagos, nenhuma caa sistematizada s bruxas existia. Tanto que os carmelitas, em 1474, de seu plpito, arriscavam-se a prever o futuro durante as missas, e o diziam fazer com auxlio dos demnios. S com a reiterada insistncia de dominicanos alemes que o Papa Inocncio VIII, em 5 de dezembro de 1484, publica a bula Summis Desiderantes Affectibus ("Desejando com Suma Ansiedade"), que espalharia o terror pelo continente: "...tem chegado recentemente a nossos ouvidos que em certas regies da Alemanha setentrional [...] nas dioceses de Mainz, Colnia, Trier, Salzburgo e Brmen, muitas pessoas de ambos os sexos, esquecendo-se de sua prpria salvao e apartando-se da F Catlica, tm mantido relaes com os demnios

[...] por meio de encantamentos, feitios, conjuros e outras supersties malditas..." Confirmada pelo imperador Maximiliano I, o Papa designa para executar a bula, a comear pelo pas reclamante, os monges Heinrich Institor e Jacob Sprengher. Este ltimo, deo da Universidade de Colnia, publicaria dali a dois anos, com Heinrich Kramer, prior de Salzburgo, a mais importante obra sobre demonologia da histria, o temvel Malleus Malleficarum ("O Martelo das Bruxas"), fonte de inspirao para todos os tratados posteriores. O "Malleus", cdigo atroz contra as artes negras de magia, mais do que a bula papal, peremptoriamente abriu as portas para o rolo compressor da santa histeria em que se transformou a Inquisio. Sua inteno era pr em prtica a ordem do xodo, 22;17: "A feiticeira, no a deixars com vida". O "Martelo das Bruxas" dividia-se em trs partes. A primeira discursava aos juzes, ensinando-os a reconhecer as bruxas em seus mltiplos disfarces e atitudes. A segunda expunha todos os tipos de malefcios, classificando-os e explicando-os. A terceira regrava as formalidades para agir "legalmente" contra as bruxas, demonstrando como inquiri-las para sempre conden-las. O processo era cruel. Levava-se ao tribunal qualquer um que fosse suspeito de feitiaria. Bastavam trs testemunhas para que juntas servissem como "prova" dos autos. Os filhos podiam entregar seus pais; os cnjuges podiam delatar-se mutuamente. Por meio de tortura obtinham-se as confisses. Os rus eram ainda submetidos s provas ordlicas; nestas, qualquer mancha escura na pele do acusado serviria como prova do pacto com o Demnio. A insensibilidade dor em qualquer parte do corpo tambm era indcio de feitiaria; ademais, amarravam-se os suspeitos em cruz sobre madeiras, e os atiravam nalgum rio. Se o acusado no afundasse, estava a a prova de que o Diabo o protegia, razo pela qual era entregue fogueira; caso se afogasse, estaria antecipada a justia divina. Extraam-se assim as mais absurdas confisses, incluindo transformaes dos envolvidos em cisnes negros, gatos ou lobos; tambm suas sevcias trocadas com Satans. Na Alemanha, onde nascera o terror, os nmeros no deixam dvidas do empenho inquisitorial: 45 feiticeiras queimadas num s ano em Colnia; em Salzburgo, 79; 300, em 3 anos, na Provncia de Babemberg; quase mil em Wuerzburgo; e mais de 6.500 em Trier! Um curioso episdio merece ser contado. Trs mulheres incriminavam um homem perante o implacvel Sprengher, de ele lhes ter lanado um mau-olhado, posto que, ao mesmo tempo haviam sentido um arrepio quando estava perto delas somente o tal rapaz. O acusado jurava por todos os santos ser inocente; mas em vo. Por fim, sentenciado fogueira, sua memria clareou; disse ser mesmo verdade, pois agora se lembrava de que na hora em que lhe atribuam o mal feito ele de fato expulsara aos chutes trs gatas pardas que haviam sorrateiramente entrado em sua casa. Sprengher, meritssimo esclarecido, compreendeu ento o fato; mandou libertar o pobre homem e levou fogueira as acusantes. Com o terror espalhado, o fantasioso distorcia a realidade. Mulheres histricas, convencidas de sua culpa, muitas vezes aceitavam resignadas sua condenao fogueira. H casos de senhoras maiores de 80 anos confessando em detalhes como haviam sido violentadas pelo demnio. Em vrias cidades as escolas so fechadas,

posto que serviam s crianas para que trocassem entre si conhecimentos mgicos proibidos. Em que pese a histeria disseminada no bojo do horror da Inquisio, algo resta acima de qualquer dvida: os relatos do sab tomados por confisso na Alemanha, em nada diferiam dos que eram detalhados pelas bruxas suas, francesas, italianas, espanholas ou portuguesas. Na Inglaterra, onde a forca era quem esperava os hereges, os relatos so quase idnticos. Onde quer que se prendessem as bruxas, as confisses acerca do sab traziam curiosa coincidncia, que no poderia ter sido mera obra do acaso. Se por um lado os Tribunais foravam seus rus a mentiras e falsas confisses que os incriminassem, por outro, havia de fato uma cultura pura, no crist, ou crist divergente da moral catlica, que nem se importara muito com a Igreja at esta resolver deitar sua rede de holocausto sobre os povos pagos, como os ctaros albingenses e os valdenses no sul da Frana, por exemplo, dentre outras tantas minorias germnicas que, massacradas pela Inquisio, refugiaram-se em terras nrdicas. Sobre o rito do sab das feiticeiras, concluram os Tribunais: uma bruxa servia sempre de altar. A seu lado, uma figura de madeira, com chifres, representava o bode, ou Satans. As estriges chegavam "voando" sobre suas vassouras, isto , com o falo em suas mos e por entre as pernas. Havia um banquete, durante o qual corria uma poo mgica, sempre uma beberagem excitante, a qual predispunha os participantes ao sexo sem critrio. Era feita ento a oferenda ao Diabo, geralmente alimento e bebida; apresentava-se a hstia negra; consagravase o ltimo morto e o ltimo nascido na comunidade, j que Terra voltam os que dela nascem; invocava-se o raio; e por fim dilacerava-se um animal em sacrifcio ao Demnio. Ora, parece claro a qual tradio nos reportam os sabs das feiticeiras; nenhuma outra seno a pag. Algo bem mais antigo e distante do que representa o sabbat dos hebreus. E Igreja coube a faanha sangrenta de pr fim a quaisquer resqucios destes rituais, e fez associar a figura at ento quase apagada do Demnio s prticas consideradas herticas. Deturpando os relatos dos que freqentavam livremente tais cerimnias, interpretando-os como obra demonaca, reformulou a roupagem dos mitos de fertilidade e inventou o Mal que neles nem havia. Foram tantos os processos e to assustador o cenrio de vida montado pela Inquisio, que esta no fez seno maior milagre que o de espalhar a f no Demnio por toda a parte, criando-O para sempre a partir da santa luta que despendeu durante sculos contra Ele. Enquanto o esprito da Renascena revelava sua lucidez e ressuscitava clssicos da filosofia platnica e aristotlica que invadiam o mundo, traduzidos pelos rabes (no cristos, evidentemente), a religio crist sadicamente se divertia em sua cruzada insana contra as bruxas. Numa poca em que as artes progrediam, e as Universidades se firmavam, o Demnio crescia para o mundo quanto mais a Igreja lanava almas ao fogo de seu abismo. Lentamente extinguir-se-o as fogueiras...a ltima condenao teve lugar em 1793; e no Mxico a Inquisio fecharia suas portas somente um sculo mais tarde. Nem as cincias, nem a medicina ou psicologia estavam desenvolvidas durante a "caa s bruxas" de modo a impedir este fenmeno hediondo, fruto da superstio crist. Hoje, os tempos so outros; a Igreja perdeu a hegemonia, sofreu crises, e colheu bem os frutos que plantou. sempre assim! E eu, sem receio de ser

guardado num cinzeiro, escrevo o que bem entendo sobre o sab das feiticeiras. Conheo at algumas amigas que se dizem bruxas; mais que isso, duas delas freqentam as missas de domingo. Mesmo quando caem numa semana de Sextafeira 13! * Dr. Paulo Urban mdico psiquiatra, criador da abordagem teraputica, a Psicoterapia do Encantamento

A histria da Bruxaria
Ao contrrio do que se pensa, o cristianismo no foi imediatamente adotado pelo povo europeu ao ser declarado religio oficial do Imprio Romano. Esta converso dos Romanos ao catolicismo teve motivos polticos, e no teve grande penetrao fora dos centros urbanos. A grande massa da populao permaneceu fiel a seus deuses antigos. Os cultos antigos, ento, receberam a denominao pejorativa de "pagos" ("pagani", plural de paganu, ' morador do campo'), por ter como foco de resistncia nova religio o povo dos campos, longe das cidades e das zonas de comrcio e ensino. Os missionrios cristos, com o tempo, passaram a ter mais aceitao nas cidades, mas continuavam sendo repelidos no campo, nas montanhas e nas regies distantes, verdadeiros enclaves da Antiga Religio. Houve ainda uma tentativa de reativar o paganismo e o culto aos Deuses antigos como religio oficial do Imprio Romano. Esta ltima esperana deveu-se ao Imperador Juliano (conhecido como "O Apstata"), que reinou no sculo IV EC. Mas, como sabemos, essa tentativa no foi frutfera, derrubada pela prpria conjuntura da poca, onde j se pressentia o poder de manipulao, domnio e intriga do cristianismo, evidenciado nos sculos seguintes. Um dos ardis utilizados pelos cristos era o de apropriar-se de festividades pags como comemoraes religiosas de sua prpria religio. Assim, por exemplo, o festival do solstcio de inverno, onde se comemorava o nascimento do Deus-Sol, transformou-se no Natal cristo. Tambm o festival de Samhain, comemorado em inteno dos mortos, recebeu o nome de Dia de Todos os Santos, logo seguido pelo dia de Finados. A despeito destas tentativas, as tradies pags continuaram mantendo sua fora. A partir de um decreto do papa Gregrio, os cristos tambm se apossaram dos locais sagrados da Antiga Religio e, derrubando os templos ali existentes, erigiram suas igrejas. Os Deuses de cada santurio foram transformados em santos e santas (um exemplo Santa Brgida, da Irlanda, na verdade a Deusa Bhrd, protetora do fogo e dos partos). Quando os cristos deram-se conta da importncia da Deusa-Me para as pessoas, aumentaram a proeminncia da Virgem Maria no culto cristo. Mitos e prticas pags foram, sistematicamente, absorvidas, distorcidas e transformadas em ritos cristos. Esculturas de temas pagos foram includos em igrejas e capelas . O maior exemplo de sincretismo entre costumes pagos e cristos o cristianismo irlands, que ainda hoje conserva hbitos clticos mesclados a liturgias crists. Os padres tinham a seu favor o tempo, o poder e a fora. Os pagos tinham que lutar sozinhos contra a profanao de seus templos, crenas e costumes. Desta maneira, o povo simples dos campos foi acostumando-se nova religio, e, gradualmente, foi sendo convertido. Mas os sacerdotes restantes da Antiga Religio no se renderam nova ordem. Juntamente com pessoas ainda fiis s antigas crenas, mantiveram o culto ao Deus de Chifres e Deusa Me. As crenas pags, enfatizando a adorao aos Deuses e a realizao dos festivais de fertilidade, foram amalgamando-se magia

popular, criando a Bruxaria Europia. A magia popular consistia em um conjunto de feitios feitos com o uso de ervas, bonecos e diversos outros meios. Estes feitios tinham como objetivo a cura, a boa sorte, atrair amores, e fins menos nobres,como a morte de algum inimigo. So prticas desenvolvidas a partir do que restara da magia simptica pr-histrica, unidas ao conhecimento xamnico dos povos brbaros. Os telogos cristos passaram ento a sustentar que a Bruxaria no existia. Assim, pretendiam terminar com a credibilidade dos bruxos e anular sua influncia. Foi um perodo de relativa paz para a Arte. Mas logo os cristos perceberam que seus esforos para exterminar completamente o paganismo no haviam dado resultado. Fizeram ento mais uma tentativa: transformaram o Deus de Chifres na personificao do Mal, do Antideus, do Inimigo. A natureza dos Deuses pagos completamente diferente da do todo-poderoso "senhor de bondade" dos cristos. Nossos Deuses so quase "humanos", pois tm caractersticas tanto 'boas' quanto 'ms'. A teologia crist j pressupunha a existncia de um antagonista a seu Jeov (o 'Satan' hebraico do Antigo Testamento e o 'diabolos' do Novo): um Inimigo. Ele ainda no possua forma definida e, quando era representado, o era em forma de serpente, como a que persuadiu Ado a comer a fruta da rvore da Sabedoria. Dando a seu Sat a forma do Deus de Chifres (notadamente de deuses agropastoris como P e Sileno, dotados de cascos de bode e pequenos cornos), os cristos conseguiram iniciar um clima de terror e medo em relao aos praticantes da Antiga Religio, o que os forou a praticarem seus ritos em segredo. Mas a era mais triste da Arte ainda estava por vir. A Era das Fogueiras A situao da Igreja at o sculo XIII era catica. Faces adversrias lutavam entre si, cada uma degladiando-se em favor de um dogma. Nos numerosos conclios realizados, ora uma das faces impunham sua viso, ora outra. Isso favorecia um desmoralizante 'entra-esai' de dogmas, o que desacreditava a Igreja. Algumas destas faces tambm criticavam a corrupo e o jogo de poder dentro da classe sacerdotal, e levantavam dvidas sobre o poder espiritual do papado. Foi ento criado um instrumento de represso: o Tribunal de Santa Inquisio. Consistia em um corpo investigatrio ignorante, brutal e preconceituoso, dirigido pela ordem dos Dominicanos. Sua funo primordial era a de acabar com as faces que se opunham Igreja (denominadas 'herticas'), atravs do extermnio sistemtico de seus membros. Exemplos destas faces 'herticas' eram os ctaros, os gnsticos e os templrios. Com o tempo, os cristos perceberam outro uso para seu Tribunal. Ainda persistiam cultos aos Deuses Antigos, e, graas transformao do Deus de Chifres no Demnio Cristos, eram acusados de delitos absurdos, como o canibalismo, a destruio de lavouras (acusar de tal crime uma Religio dedicada manuteno da fertilidade das colheitas , no mnimo, ridculo) e muitos outros. Foi ento proclamada, em 1484, a Bula contra os Bruxos, pelo Papa Inocncio VIII. Neste documento, ele relacionava os crimes atribudos aos bruxos e dava plenos poderes Inquisio para prender, torturar e punir todos aqueles que fossem suspeitos do 'crime de feitiaria'. Em 1486 foi publicado o Malleus Malleficarum ('Martelo dos Feiticeiros'), escrito pelos dominicanos Kramer e Sprenger. O livro, absurdo e misgino, era um manual de reconhecimento e caa aos bruxos, e, principalmente, s bruxas (o livro trazia afirmaes surpreendentes, como : "quando uma mulher pensa sozinha, pensa em malefcios"). A partir da, a Igreja abandonou completamente a postura de ignorar a Bruxaria: pelo contrrio, no acreditar na sua existncia era considerada a maior das heresias. Iniciou-se ento um perodo de duzentos anos de terror, conhecido entre os bruxos como "Era das Fogueiras". Mas os bruxos (e tambm os hereges e inocentes: doentes mentais, homossexuais, pessoas

invejadas por poderosos, mulheres velhas e/ou solitrias) no pereciam s em fogueiras: eram tambm enforcados e esmagados sob pedras. Isso quando no pereciam nas torturas, as quais so to cruis e sdicas que no merecem nem ser mencionadas. A Inquisio tornou-se uma vlvula de escape para as neuroses da poca: em poca de forte represso sexual, condenavam-se mulheres jovens, que eram despidas em frente a um grupo de 'investigadores', tinham todo seu corpo revistado diversas vezes, procura de uma suposta 'marca do diabo', e, por fim, eram aoitadas, marcadas a ferro e violentadas. Terminavam condenadas e executadas como bruxas. Seu crime: serem mulheres jovens, belas e invejadas. Ancis que moravam sozinhas, geralmente em companhia de alguns animais, como gatos (da a lenda da ligao dos gatos com as bruxas), eram alvo de desconfiana e logo declaradas 'feiticeiras', e, assim, assassinadas. A maioria das vtimas dos tribunais de Inquisio no eram verdadeiros praticantes da Arte, mas muitos bruxos pereceram na mo dos cristos. Aproximadamente nove milhes de crimes como este foram cometidos durante a Inquisio, ironicamente em nome de uma religio que se dizia 'de amor'. Nunca uma religio demonstrou tanta necessidade de exterminar seus antagonistas como o cristianismo. A perseguio aos bruxos no resumiu-se apenas ao pases catlicos: espalhou-se pela Europa protestante. Os protestantes no se guiavam pelo Malleus Malleficarum, mas davam razo sua parania atravs do uso de uma citao do Antigo Testamento: "no deixars que nenhum bruxo viva". Na Era das Fogueiras, os praticantes da Antiga Religio adotaram o nico comportamento que lhes possibilitaria a sobrevivncia: "foram para o subterrneo", ou seja, mantiveram o mximo de discrio e segredo possvel. A sabedoria pag s era passada por tradio oral, e somente entre membros da mesma famlia ou vizinhos da mesma aldeia. Como tcnica de proteo, os prprios bruxos ajudaram a desacreditar sua imagem, sustentando que a Bruxaria no passava de lenda, ou disseminando idias de bruxos como figuras cmicas e caricatas, dignas de pena e riso. Por volta do final do sculo XVII, a perseguio aos bruxos foi diminuindo gradativamente, estando virtualmente extinta no sculo XVIII. A Bruxaria parecia, finalmente, ter morrido. Mas os grupos de bruxos ("covens") resistiam, escondidos nas sombras. Algo que surgiu nos primrdios da humanidade no morreria assim to facilmente. Daniel Pellizzari - texto retirado da internet

Um tratado sobre iniciaes


Uma colaborao de Ausonia Klein, mestra de Reiki O ser humano, em sua evoluo, ampliou sua sensibilidade em relao aos segredos da Natureza. Alguns destacaram-se pelo grau de conhecimento conseguido atravs desta percepo, passando a transmiti-los a todos que manifestavam interesse em adquiri-los, sem discriminao. Assim, os conhecimentos adquiridos por alguns, foram utilizados de forma extremamente egosta e em benefcio prprio, utilizando a Sabedoria recebida, para tirar vantagens fsicas e materiais. "O conhecimento gera o Poder. O conhecimento absoluto o Poder absoluto". Por estas razes,os Mestres limitaram os conhecimentos a serem proporcionados s pessoas em geral. O acesso aos Mistrios, tornou-se uma prtica que deu incio s chamadas Iniciaes. As Iniciaes como nos ensina Helena Blavatsky so cerimnias de Mistrios, mantidas ocultas dos profanos e dos no Iniciados. Para Plato, as Iniciaes so a conquista progressiva dos estados de conscincia. No

livro de Job lemos que, h uma alquimia espiritual e uma transmutao fsica e o conhecimento de ambos nos comunicado nas Iniciaes. Para os Neo Platnicos ela a unio da parte com o Todo. A harmonizao, uma das chaves para que ocorra o equilbrio fsico, mental e espiritual necessrios ao iniciante.As energias que se apresentam em todas as Iniciaes, se manifestam sempre,conforme relatos dos iniciados, como chispas luminosas, luzes encantadas, smbolos danantes multicoloridos, que so vistos, ouvidos ou sentidos. Segundo alguns ocultistas,as primeiras iniciaes comearam com Rama, h 4 ou 5 mil anos A.C. o sacerdote da antiga Citia na sia, Rama foi um rei espiritual do planeta Terra, o Inspirador da Paz e o primeiro legislador a interligar a vida humana, ao ciclo das estaes do zodaco. Para E.Schure, Rama foi quem primeiro fixou os signos do Zodaco. Desta forma Rama nos legou as Doze Primeiras Grandes Iniciaes,os Doze Passos do Zodaco, que o ser humano tem que percorrer passo a passo, para melhor dominar seus instintos, emoes, purificar pensamentos, palavras e aes, conscientizar em si a iluso da separatividade, para exercer a regra mxima da purificao do Iniciante, a "Primeira Pedra do Templo da Sabedoria ",o Silncio. Os Mistrios de Samotracia seguem os seguintes Passos: a purificao, a recepo,a revelao,a amizade e a comunicao com Deus. A Iniciao Egpcia tem por maior Passo, a pergunta feita ao adepto antes de ser admitido nos Mistrios: "Conheceis quem sois?" Em Menfis no Egito,os Passos do iniciante so os das 7 virtudes morais. Na Iniciao Esfinge um dos Sagrados Passos o da revelao do nico e verdadeiro atributo humano - SER. A Iniciao ao Pentgono consiste na reforma ou sublimao interior do Homem pelas lutas interiores. A Iniciao de Cagliostro se dirige ao esprito, energia, abnegao, confiana no futuro, a glorificao de Deus em Si. A Iniciao Manica (Sabedoria-cincia das coisas), em seu rito francs assinala que quem deseje realizar os Mistrios, ter que viajar s, sem temor, purificado pelo fogo, gua e ar."Por ter vencido o medo e a morte e preparado sua alma para receber a luz,ter direito de sair do seio da terra e ser admitido na revelao dos grandes Mistrios". Das Iniciaes realizadas no antigo Egito, Grcia, Roma, podemos lembrar algumas que ainda hoje so realizadas em locais sagrados:os Sete Atributos da Lira de Apolo, os Sete Oceanos, os Mistrios de Eleusis, de Samotracia, rficos, Ceres, de Baco, a Sagrada Iniciao dos Trinta e Dois Caminhos do Sepher Jetzirah (O Livro Sagrado da Sabedoria Secreta), os Vinte e Dois Caminhos Secretos da Letras do Sagrado Alfabeto Hebreu, as de Isis, Osiris, Horus e as do Sagrado Sol Central, que desde a poca do continente Mu, so em nmero de quatro: 1) 2) 3) 4) a do Sol Central ou Sol Perfeito; o Sol Poder da Suprema Inteligncia; O Sol Visvel; O Mistrio do Esprito e da Palavra.

A Sagrada Iniciao Budista nos declara em um dos seus Mistrios: "Sendo um, se torne mltiplo, sendo mltiplo, volte a ser nico, podes aparecer e desaparecer sem encontrar resistncia, passar atravs das paredes,montanhas, como se fosses ar, se fundir com a terra e emergir dela como se fosses gua, caminhar sobre a gua sem que ela se abra como se fosses terra, atravessar os ares, tocar com tuas mos o Sol e a Lua, astros poderosos e maravilhosos e com seu corpo, chegar at o mundo de Brahma." Outras Iniciaes como o Yoga Hindu da revelao, os Mantras Vdicos, os Upanishad iluminam a mente para a Verdade Brahmanica do Homem e Deus, dos

Deuses e Mantras. O Conhecimento Divino das foras Supremas de Luz, Agni, Indra, Soma, o mito de Angiras entre tantos, nos lvam a uma prosternao e como nos diz Sri Aurobindo, "a verdade, a retido, a imensidade dos Vedas, nos conduzem Plenitude e a Imortalidade". Iniciar, de acordo com E. Alfonso, fundador da Escola de Iniciao Filosfica realizar no ser humano, a transmutao da conscincia humana em Divina, e todas as Iniciaes Indianas nos conduzem essa transmutao. No podemos deixar de mencionar a Sagrada Iniciao do SHRI CHAKRA, contido no texto do Bhavana Upanishad, que nos conduz ao nosso prprio centro e obter os dons divinos da Generosidade, da Vontade da Conscincia Csmica entre tantos outros, que nos so fornecidos pelos Mestres Rishis, Sadus e Yogas, etc. As Iniciaes Reikianas, redescobertas pelo Dr. Mikao Usui no sculo passado, formas to puras e simples de sutil canalizao energtica, so realizadas pelos mestres, atravs do dom divino da energia do Amor. Transformando, religando, purificando, transmutando energeticamente o ser humano, desenvolve em cada um, a sua prpria Mestria. As iniciaes reikianas, concedem uma maior conscincia e capacidade para que, possamos nos assumir integralmente. Alinhando mente, corpo e esprito aos Princpios Constitutivos do Homem, nos torna uno com o Universo e assim, como um canal energtico, auxiliamos "a cada Ser a tomar para si,a cura que necessita" (Dr. Mikao Usui). A obteno do conhecimento do "Eu Deus", do Amor ao Eu Superior, ao Deus em Ns, nos torna harmoniosamente sintonizados com o Universo-Amor-Unicidade-Deus, graas Iniciao em Reiki. Em todos os processos iniciticos, uma verdade comum todos, a religao com o Uno, o AMOR, a conscientizao de que devemos realizar em ns o Divino. Manter, sempre em permanente estado de viglia, todos os nossos centros (Gurdijeff), faz parte dos caminhos iniciaticos dos adeptos. A reverberao contnua do Eu Sou, a Sagrada Ateno, o Silncio, so os Mistrios Maiores da Unicidade divina contida nas Iniciaes. Todos o Passos, Mistrios, tero que ser percorridos dentro de ns, para que possamos ser iniciados,"No chegars ao Caminho se no te converteres no Caminho". Lembrarmos sempre que todos os Grandes Iniciados, Jesus, Buddha, Lao-Tse, Orfeu, Krishna, Moiss, Hermes, e tantos mais, realizaram o Divino no Humano. Eles so as verdadeiras encarnaes do Verbo, os Mediadores da Conscincia Csmica Universal, pois transcenderam todos os estados de conscincia para realizarem a Vontade Divina do Sagrado nico - O AMOR

Meditaes da Lua
A Deusa da Lua possui trs aspectos: crescente, donzela; cheia, a Me; minguante a anci. Parte do treinamento de cada iniciado implica perodos de meditao sobre a Deusa em seus vrios aspectos. Abaixo segue uma meditao para cada um dos trs aspectos da lua. MEDITAO DA LUA CRESCENTE Concentre-se e centre-se. Visualize uma lua crescente cor de prata, que se curva para a direita. Ela o poder daquilo que inicia, do crescimento e gerao. Ela tempestuosa e indomada, como as idias e planos antes de serem equilibrados pela realidade. Ela a pgina em branco, o campo no semeado. Sinta as suas prprias possibilidades escondidas e potenciais latentes; seu poder para iniciar e crescer. Veja-a como uma menina de cabelos prateados correndo livremente pela floresta sob a lua delgada. Ela

virgem, eternamente no penetrada, a ningum pertencendo, exceto ela mesma. Invoque seu nome, "Nimul", e sinta poder dentro de voc. MEDITAO DA LUA CHEIA Concentre-se e centre-se e visualize uma lua cheia. Ela a me, o poder de realizao e de todos os aspectos da criatividade. Ela nutre aquilo que foi iniciado pela lua nova. Veja-a abrindo os braos, os seios abundantes, o ventre desabrochando em vida. Sinta seu prprio poder de nutrir, dar, tornar manifesto o que possvel. Ela a mulher sexual; seu prazer na unio a fora motriz que sustenta toda a vida. Sinta o poder em seu prprio prazer, no orgasmo. Sua cor o vermelho do sangue, que vida. Invoque seu nome "Maril" e sinta sua prpria capacidade de amar. MEDITAO DA LUA MINGUANTE Concentre-se e centre-se. Visualize uma lua minguante, que se curva para a esquerda, envolta pelo cu escuro. Ela a anci, a velha que ultrapassou a menopausa, o poder de terminar, da morte. Todas as coisas devem terminar a fim de suprir os seus incios. O gro que foi plantado deve ser cortado. A pgina em branco deve ser destruda, para que a obra seja escrita. A vida se alimenta da morte; a morte conduz vida e, nesse conhecimento, encontra-se a sabedoria. A velha a mulher sbia, infinitamente velha. Sinta a sua prpria idade, a sabedoria da evoluo armazenada em cada clula do seu corpo. Conhea o seu prprio poder para terminar, para perder assim como ganhar, para destruir aquilo que est estagnado e decadente. Veja a velha em seu manto negro sob a lua minguante; invoque seu nome "Anul" e sinta seu poder em sua prpria morte. A Dana Csmica das Feiticeiras STARHAWK

Concentrao Mental
Concentrao Mental Quando pensamos, emitimos ondas a espraiar-se pelo espao. Mediante um processo natural de sintonia, de freqncia de nossa onda mental atua em outras que lhe so equivalentes, estabelecendo uma sincronia de foras. Esprito encarnados ou desencarnados, situamo-nos em faixas vibratrias oscilantes, que so as conseqncia das nossas criaes mentais habituais. Da mdia aritmtica do nosso tipo de onda mental, pode-se estabelecer o clima psquico de cada um. Para o intercmbio espiritual, os Espritos Benfeitores situam as Entidades comunicantes na onda vibratria do pensamento de sensitivo, do que decorre a ativao dos mecanismos medinicos, gerando as comunicaes de mltiplos aspectos, conforme a rea alcanada. Quando solicitamos concentrao dos cooperadores, pedimos que as mentes sincronizem no dinamo gerador de foras, que a Divindade, a fim de podermos catalisar as energias mantenedoras do ministrio medinico.

A mdia que resulta das fixaes mentais dos membros que constituem o esforo da sesso medinica, oferece os recursos para as realizaes programadas. A concentrao individual, portanto, alta relevncia, porque a mente que sintoniza com as idias superiores, vibra em freqncia elevadas. Quem no capaz de manter-se no mesmo clima de vibrao, produz descargas oscilantes sobre a corrente geral, que se desarmoniza, semelhana da esttica que perturba a transmisso da onda sonora nos aparelhos de rdio. Indispensvel criar-se um clima geral de otimismo, confiana e orao, o que produz produo de energias benficas, de que se utilizam os Instrutores desencarnados para as realizaes edificantes no socorro espiritual. A concentrao , pois, fixao da mente nua idia positiva, idealista, ou na repetio meditada da orao que edifica, e que, elevando o pensamento s fontes geradoras da vida, d e recebe em reciprocidade descargas positivas de alto teor de energias santificadoras. Concentrar deter o pensamento em alguma coisa, fenmeno a principio, de natureza intelectual, em breve se torna automtico pelo hbito, consoante ocorre nas pessoas pessimistas, enfermias ou idealistas, e que por um processo de repetio inconsciente mantm sempre o mesmo clima psquico, demorando-se nas provncias do pensamento de lhes atrai. Com o esforo inicial, com os exerccios em continuao, e com a disposio de acertar, criar-seo as condies positivas para xito de uma concentrao feliz; facilitando, desta forma, as comunicaes espirituais que se sustentam nessas faixas de vibraes.

Exerccio do Sol
(Por Nair Cortijos) Eleve seu pensamento e estabelea uma conexo amorosa com seus amparadores. Visualize sua frente um corredor muito iluminado. Percorra este corredor e ao caminhar, perceba que a luz vai ficando mais intensa. Visualize, ao final deste corredor, uma enorme esfera de luz dourada, viva e incandescente. Esta esfera o Sol. Entre no Sol e sinta todo seu esplendor! Transforme-se totalmente em Sol, transbordante de luz! Comece a irradiar este brilho intenso por todos os seus poros. Junto com os raios luminosos, irradie tambm muito sentimento. Faa isto por um tempo. A seguir, visualize sua frente o planeta Terra, bem menor do que voc. Ento, como o Sol, irradie luz e amor para todo o planeta. Perceba o movimento da Terra sua frente. Assim, ela pode receber a luz que voc est irradiando em toda sua extenso. Faa sua luz chegar igualmente a todos, sem importar-se com as fronteiras dos

pases, cor de pele, classe social ou religio. Continue emanando luz e amor por um tempo. Sempre que voc puder, faa isto. O planeta est carente de luz. H tantos hospitais, tantas prises e tanta dor... H tantas pessoas doentes do corpo e tantas doentes da alma... Faa voc mesmo a diferena e seja um Sol em seu trabalho, em sua casa, em todos os lugares! Irradie luz e amor anonimamente a todas as pessoas, pelo simples fato de que em todas elas, voc encontrar a mesma essncia que h em voc, a essncia de Brahman*! Agradea pelo Sol de todo dia. Agradea as constantes oportunidades de crescimento. E por fim, agradea aos amparadores por tanta ajuda, tanta pacincia e tanto amor... Paz e Luz a voc! (12/10/98) * Brahman (do snscrito): Deus; O Todo; O Absoluto; Grande Arquiteto do Universo.

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