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Terapia Familiar Sistêmica

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VOGEL, Andrea - Um breve histrico da Terapia Familiar Sistmica

ARTIGOS

Um breve histrico da Terapia Familiar Sistmica

A Brief History of Family Therapy

Andrea Vogel

Revista IGT na Rede, V. 8 N. 14, 2011 Pgina 116 de 129 Disponvel em http://www.igt.psc.br/ojs/ ISSN 1807-2526

VOGEL, Andrea - Um breve histrico da Terapia Familiar Sistmica

RESUMO Esse artigo pretende fazer um breve histrico da terapia familiar sistmica. Inicio com uma contextualizao do momento histrico em que surge e de suas principais bases tericas. Em seguida descrevo seus principais momentos, a ciberntica de primeira e segunda ordem, com suas caractersticas. Por ltimo, retomo as primeiras pesquisas que deram inicio a terapia de famlia e como estas se desdobraram nas diversas correntes sistmicas existentes atualmente. Palavras-chaves: terapia de famlia, sistmica, ciberntica, teoria geral dos sistemas.

ABSTRACT This article intends to make a brief history of family therapy. I begin with a contextualization of the historical moment in wich it appears and it main theoretical basis. Then describe their key moments, the cybernetics oh the first and second order, with their characteristics. Finally, I return to the first research that gave early family therapy and how they unfolded in the various streams systemic currently exist. Keywords: family therapy, systemic, cybernetics, general systems theory.

Revista IGT na Rede, V. 8 N. 14, 2011 Pgina 117 de 129 Disponvel em http://www.igt.psc.br/ojs/ ISSN 1807-2526

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A idia de escrever esse trabalho surge de algo que vivi durante o meu curso de especializao no IGT. Comecei o curso j com uma formao em Terapia Familiar Sistmica e com o contato com a Gestalt-terapia de famlia me chamou muito a ateno o fato de a teoria sistmica se fazer to presente no trabalho de gestalt terapeutas com famlias. Percebi que essa pode ser considerada uma caracterstica geral e no somente desse instituto, como tambm ressalta Silveira (2005) e isso me deixou muito curiosa e, ao mesmo tempo, confortvel por j ter algum conhecimento dessa teoria. Porm, pude perceber que o mesmo conforto no era vivido pelas pessoas que estavam tendo um primeiro contato com a teoria sistmica, a qual parecia algo complexo e confuso, principalmente pela sua multiplicidade de formas. Acredito que uma forma de se familiarizar com essa multiplicidade olhar para como foi se constituindo ao longo do tempo e, por isso, fao esse breve histrico. Direcionando-se o foco para a Terapia de Famlia, possvel perceber quo amplo e diversificado esse territrio, desde, praticamente, seu incio. A Terapia de Famlia aparece em um contexto propcio para a busca de novas alternativas de compreenso e tratamento dos dilemas humanos. Surge em um grupo constitudo por profissionais de diversas reas, o que faz com que se inicie como uma polifonia, que se organiza no sentido de explicar esses dilemas humanos dentro do contexto interacional de relaes. Embora surjam de bases comuns, a Teoria Geral dos Sistemas e a Ciberntica, logo os diferentes sistemas de crenas, envolvidos na elaborao de teorias, resultaram em diferentes modelos de terapia familiar, caracterizados por sistemas de inteligibilidade diversos. Com isso, surgiram as distintas escolas de terapia familiar, com suas descries, compreenses e interpretaes prprias, podendo divergir apesar de terem os mesmos pontos de partida. A Terapia de Famlia surgiu nos Estados Unidos na dcada de 1950. Muitos fatores contriburam para o seu surgimento nesse pas e nessa poca, dentre os quais podemos citar como sendo um dos mais relevantes o ps-guerra. Os
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Estados Unidos viviam nesse momento a consolidao da expanso que vinha ocorrendo desde durante a Segunda Guerra Mundial e transformaes que ocorriam em diversas reas, como o aumento da industrializao, a participao das mulheres no mercado de trabalho, novas tecnologias, relaes sociais modificadas, aumento do acesso educao, entre outras. Com todas essas transformaes, o clima era de otimismo e f no futuro, o que favoreceu o aumento das famlias e a crena de que a famlia era um lugar da felicidade (Ponciano, 1999). Ao mesmo tempo, a Segunda Guerra Mundial permitiu um ambiente intelectual diversificado com a imigrao da Europa para os Estados Unidos, de vrios profissionais de diversas reas. Esses imigrantes levaram consigo suas histrias e experincias vividas durante a guerra e esses acontecimentos tiveram efeito importante sobre as disciplinas relacionadas com a sade mental. Isso porque, em situaes de guerras a capacidade que as pessoas costumam ter de possuir o controle sobre as prprias vidas e destino parece ser posta merc de foras sobre as quais elas no tm nenhum controle. Com isso, a conscincia da importncia do contexto social sobre a vida dos indivduos aumentou rapidamente e adquiriu maior complexidade (Bloch e Rambo, 1998). Paralelamente, a unio de psicanalistas judeu-europeus com psiquiatras militares norte-americanos parcialmente treinados que retornavam aos Estados Unidos sem muita perspectiva profissional, resultou no crescimento do movimento psicanaltico, o que abriu as portas para terapias ativas que vieram suplantar a psiquiatria biolgica inicial. Em um curto perodo de tempo o movimento psicanaltico dominou o cenrio psiquitrico norte-americano, ao mesmo tempo em que comearam a surgir sinais de descontentamento com essa teoria. Segundo Bloch e Rambo (1998), o descontentamento com esse modelo teve origem em alguns pontos, sendo os principais, o carter limitado do modelo freudiano de desenvolvimento psicolgico feminino; as mudanas dos paradigmas nas cincias sociais e naturais, o que inclui a fsica ps-einsteiniana, a teoria da
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informao, a ciberntica, a lingstica e a teoria geral dos sistemas; a conscincia dos limites das noes de sade mental e a tomada de conscincia em relao importncia do contexto, o que segundo os crticos estaria em desacordo com a psicanlise, j que esta teria seu enfoque voltado para a histria passada, na experincia interna do individuo expressa em seqncias intrapsquicas. Tentativas de alargar as perspectivas do modelo psicanaltico, buscando construir modelos que inclussem as condies do ambiente como contexto, surgiram dos prprios psicanalistas como Sullivan, Horney, Thompson e Fromm-Reichman. Paralelo a essas tentativas havia grande insatisfao com os tratamentos psicoterpicos com populaes que vinham sendo menos favorecidas com estes, como os pacientes esquizofrnicos e delinqentes. Todos esses fatores criaram condies favorveis para uma prtica clnica sistemicamente orientada (Grandesso, 2000). Assim, o trabalho inicial centrado na famlia comeou como pesquisa voltada, principalmente, para famlias com pacientes esquizofrnicos e delinqentes, que no estavam se beneficiando dos tratamentos convencionais. As primeiras e principais pesquisas direcionadas s famlias com pacientes esquizofrnicos foram as realizadas por Gregory Bateson, Don Jackson, Weakland, Haley, Bowen, Lidz, Whitaker, Malone, Scheffen e Birdwhistle, a maioria descrita no livro organizado por Bateson et al. (1980) Interacin familiar. J as pesquisas direcionadas s famlias com delinqentes tiveram seu marco inicial no projeto Wiltwick, realizado por Minuchin, no incio da dcada de 1960. Segundo Grandesso (2000), essas pesquisas representam o inicio de um novo campo que comeava a se desenvolver e que tinha como principal caracterstica a mudana de foco da prtica teraputica no indivduo e processos intrapsquicos, para a famlia, com nfase nas interaes entre seus membros. Diferente de outras correntes tericas, como a psicanlise, por exemplo, que tinha no seu incio suas formulaes centradas em torno de um autor principal, esse novo campo comeou a se desenvolver com muitas influncias, vindas de diversos campos e
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autores. As influncias mais marcantes na formao desse campo foram da Teoria Geral dos Sistemas e da Ciberntica. A Teoria Geral dos Sistemas foi desenvolvida por Ludwig Bertalanffy desde a dcada de 30, buscando desenvolver leis que explicassem o funcionamento de sistemas gerais, independentes de sua natureza. Era tambm, uma tentativa de aplicar princpios organizacionais a sistemas biolgicos e sociais (Rapizo, 1996). Bertalanffy se uniu a um biomatemtico e um fisiologista e criaram o Centro de Estudos Superiores das Cincias do Comportamento, que mais tarde se tornou a Sociedade de Pesquisa Geral dos Sistemas, com o objetivo de desenvolver estudos sobre sistemas tericos que fossem aplicveis a mais de uma das disciplinas tradicionais da cincia. Segundo essa teoria, existem princpios e leis que se aplicam a sistemas em geral, independente de seu tipo particular, da natureza de seus elementos e das relaes que atuam entre eles. A busca por princpios universais aplicveis aos sistemas em geral, obteve como resultado trs propriedades que estariam presentes em sistemas. Resumidamente, a primeira delas a totalidade, que se refere ao fato de todos os sistemas serem compostos de elementos interdependentes e em interao; a segunda a relao, que diz respeito s estruturas bsicas dos elementos e ao modo como eles se relacionam; por ltimo a equifinalidade, que a caracterstica de o mesmo estado final poder ser alcanado partindo de diferentes condies iniciais e de diversas maneiras. Para definir essas propriedades, essa teoria operou o deslocamento da nfase no contedo para a estrutura (Ponciano, 1999). A palavra ciberntica vem do grego kybernetes, que significa piloto, condutor. Tal palavra foi escolhida pelos criadores da ciberntica, Wiener, Rosenblueth e Bigelow, para nomear o campo do conhecimento que se ocupa da teoria do controle e da comunicao na mquina e no animal. Ao escolherem esse nome, gostariam que fosse associado s mquinas que pilotam os navios, por estas serem as primeiras e mais bem desenvolvidas formas de feedback, conceito
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central de sua teoria. medida que suas idias foram apresentadas, outros cientistas se interessaram e perceberam claramente a analogia entre o funcionamento do sistema nervoso e o funcionamento das mquinas de computao. Com o desenvolvimento de pesquisas e sua importncia para a guerra, visto que a construo de mquinas computadoras era essencial naquele momento histrico, em 1946 aconteceu a primeira de uma srie de conferncias dedicadas ao tema do feedback como promoo da Fundao Josiah Macy, em Nova York (Vasconcelos, 2003). A essa conferncia seguiram-se outras reunies fechadas para no mais que 20 pesquisadores, que permitia um rico intercmbio entre eles. Assim o arcabouo conceitual da ciberntica foi construdo nas Conferncias Macy, o que possibilitou que emergisse como cincia da inter e da transdiciplinaridade, reunindo cientistas de diversas reas e pases, como Wiener (matemtico), Bateson (antroplogo), McCulloch (neurofisilogo), Von Foerster (fsico), Rosenblueth (bilogo), Piaget (psiclogo, epistemlogo), Lorenz (etlogo), M. Mead (antroploga), entre outros (Rapizo, 1996). J na primeira dessas conferncias, Gregory Bateson e Margaret Mead, ambos antroplogos, os principais representantes dos cientistas vindos das cincias humanas, apontaram, dentro de uma reviso do arcabouo conceitual das cincias sociais, a necessidade de os tericos se inspirarem nas concepes da Ciberntica. Assim, um dos temas abordados nas conferncias era o da comunicao no sistema social, em cuja dinmica os processo de feedback tem importante papel (Vasconcelos, 2003). O conceito de feedback ou retroalimentao se refere a mecanismos e processos pelos quais os sistemas funcionavam com o objetivo de manter sua organizao. Segundo a teoria ciberntica, os sistemas operavam de acordo com um propsito ou meta cujo alcance era garantido por mecanismos de controle e regulao, que garantiam a veiculao da informao sobre quaisquer desvios do padro de funcionamento esperado para alcanar a meta. Assim, havendo um desvio, mecanismos de mudanas corretivas desses desvios eram desencadeados,
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permitindo a volta ao funcionamento habitual do sistema. Dessa forma a retroalimentao negativa, ou feedback, forneceria a informao do desvio, sempre que houvesse algum, permitindo ao sistema neutraliz-lo para manter o seu propsito enquanto organizao homeosttica. Essa regulao do sistema visa manter a sua sobrevivncia controlando os distrbios que o atingem, impedindo que ocorram mudanas alm de um nvel limite, que possa modificar a sua organizao (Grandesso, 2000). A ciberntica evoluiu enquanto teoria e o momento descrito conhecido como primeira ciberntica. A segunda ciberntica surge com a introduo do conceito de morfognese, feita por Maruyama (1968). Segundo esse autor, alm da sobrevivncia dos sistemas depender de sua capacidade de manter o equilbrio e organizao apesar das modificaes do meio (morfoestase), um sistema vivo necessita, tambm, modificar sua organizao bsica para se adaptar s situaes do meio. Dessa forma, o mecanismo chamado por ele de morfognese, funcionava com seqncias que amplificavam o desvio, fazendo com que o sistema conseguisse sobreviver adaptando-se s condies externas. Esses dois momentos, a primeira e segunda cibernticas constituem a Ciberntica de Primeira Ordem, que evoluiu para o que conhecemos como Ciberntica de Segunda Ordem. Segundo Rapizo (1996), o interesse que a ciberntica despertou em cientistas das reas humanas a levou a deslocar-se do estudo de mquinas artificiais para o estudo de sistemas que no podem ser organizados de fora, os sistemas autoorganizadores. Ao mudar o foco para esses sistemas, noes como a de autonomia e auto-referncia foram ressaltadas. Com isso, as noes clssicas da Ciberntica de Primeira Ordem, como circularidade, informao, regulao, entre outras, abriram espao para outras, tais como a desordem, complexidade e coerncia, desenvolvidas por cientistas como Humberto Maturana, Heinz Von Foerster e Ilya Prigogine. Essa nova conceituao terica foi denominada por Ilya Prigogine como Ciberntica de Segunda Ordem.

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Para Vasconcelos (2003), essa passagem da Ciberntica de Primeira para a de Segunda Ordem representa uma mudana paradigmtica nas cincias como um todo, com o surgimento do que ela denomina cientista novo-paradigmtico, ressaltando a mudana que ocorre no cientista e no na cincia como algo independente. Nesse novo paradigma alguns pressupostos bsicos da cincia tradicional so substitudos, a partir de problemas que surgem no limite dessa cincia. Dessa forma, as dimenses da simplicidade, da estabilidade e da objetividade, so substitudos pela complexidade, instabilidade e intersubjetividade, ou objetividade entre parnteses. Essas teorias influenciaram o campo da Terapia de Famlia no seu incio e continuaram a influenciar o seu desenvolvimento, havendo modificaes que ocorreram paralelamente em ambas. Em um primeiro momento o principal responsvel pela aproximao entre a Teoria Geral dos Sistemas e a Ciberntica, e a rea psi o antroplogo Gregory Bateson, que veio a ser o grande mentor do que se tornou a Abordagem Sistmica na Terapia de Famlia. De acordo com Witteazaele e Garcia (1995), Bateson comeou a se interessar pelo fenmeno da comunicao no inicio da dcada de 30, quando constatou atravs de observaes dos Iatmul, na Nova-Guin, que a maneira como os indivduos se comportam depende das reaes dos que os cercam. Para ele, a psicologia no deve ter como nico foco o funcionamento intrapsquico, mas sim a rede relacional da pessoa. Estando interessado no estudo da comunicao, Bateson participou das Conferncias Macy, quando entrou em contato com a Ciberntica e, conseqentemente, com o conceito de feedback negativo que lhe serviu como uma ferramenta explicativa apropriada para o estudo dos fenmenos interacionais. A forma como as informaes so decodificadas, estruturadas e organizadas pelos indivduos no contato com seu meio ambiente, tornou-se o foco de suas pesquisas, assim como uma caracterstica da comunic ao que pode engendrar uma situao paradoxal. Assim, ele se props estudar quais os possveis efeitos sobre o comportamento dos indivduos ao surgirem paradoxos no decorrer das trocas de informaes.
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No final da dcada de 40 Bateson chegou a So Francisco e em 1952 obteve financiamento para uma pesquisa intitulada O estudo do papel dos paradoxos da abstrao na comunicao. Para realizar esse projeto reuniu uma equipe de jovens pesquisadores formada pelo engenheiro qumico John Weakland, o estudante de comunicao Jay Haley e pelo psiquiatra William Fry. A pesquisa se desenvolveu em um hospital para ex-combatentes (Veterans Administration Hospital), prximo a Palo Alto, onde teve como objeto de estudo o discurso aparentemente sem nexo dos esquizofrnicos. Donald D. Jackson, psiquiatra, foi convidado por Bateson para fazer parte da pesquisa, que aos poucos se transformou em um estudo sobre a esquizofrenia (Witteazaele e Garcia, 1995). Os membros da equipe passaram a estudar como os pacientes e suas famlias se comunicavam e essas observaes juntamente com as reflexes tericas deram origem teoria do duplo vnculo. Com essa teoria, pela primeira vez foi proposta uma explicao da esquizofrenia relacionada ao fenmeno interpessoal, como um problema de comunicao surgido no interior do sistema familiar. Com essa viso sistmica da doena mental, definindo-a como um distrbio da comunicao, a perspectiva teraputica sofre modificaes fundamentais. Dessa forma, a teoria do duplo vnculo considerada um marco importante do incio da terapia de famlia, j que ao mudar a explicao sobre a doena mental esses pesquisadores, mesmo sem ter essa inteno no incio de suas pesquisas, comeam a pensar formas de modificar a comunicao dessas famlias, tornando-se, assim, terapeutas. A publicao dessa pesquisa foi um sucesso e foram apresentados oramentos para a continuidade de pesquisas sobre a esquizofrenia e em 1959, Jackson funda o Mental Research Institute (MRI), em Palo Alto. Bateson, que nunca se interessou pela psicoterapia ou pela prpria esquizofrenia, no chega a participar desse instituto, que tinha como foco principal de suas pesquisas, nesse momento, o desenvolvimento de tcnicas de mudanas. Jackson formou sua prpria equipe, trazendo o psiquiatra Jules Riskin a assistente social Virginia Satir e concentrou seus estudos na aplicao das novas idias sobre a doena mental em tcnicas
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que visavam diminuir o sofrimento. Assim, a histria do MRI torna-se a histria da evoluo de uma concepo da terapia sistmica (Witteazaele e Garcia, 1995 p.185), na qual o objeto da terapia no mais o portador do sintoma, mas toda a sua famlia. John Weakland e Jay Haley se unem ao MRI com o final do projeto que desenvolviam com Bateson, porm desde essa poca j se interessavam muito pelo trabalho que estava sendo desenvolvido pelo hipnoterapeuta Milton Erickson e se dedicavam cada vez mais ao estudo das tcnicas teraputicas utilizadas por ele. Essa influncia diferenciou consideravelmente o seu trabalho do desenvolvido em um primeiro momento da terapia sistmica. Apesar de serem membros do mesmo instituto, Jackson e Satir se mantiveram na linha da terapia de famlia sistmica, pelo menos at a influncia de Erickson se fazer presente o suficiente para motivar um projeto de pesquisa que levou criao do Centro de Terapia Breve (CTB) em 1967. O projeto se propunha a responder a seguinte questo: como seria possvel conceber uma teoria da mudana no quadro de uma teoria explicativa interacional do comportamento? A equipe foi formada por Watzlawick, Weakland, Jackson e contou com uma pequena participao de Haley. Apesar do interesse de todos, o MRI estava passando por uma crise importante havia um tempo e seus membros se mudaram para outros locais, ficando a equipe resumida a Fisch, Weakland e Watzlawick para dar continuidade pesquisa. Jackson morreu em seguida, Satir se tornou diretora do Instituto de Esalen e Haley se uniu a Minuchin, na Filadlfia (Witteazaele e Garcia, 1995). Dessa forma, o local que concentrava os principais estudos sobre o desenvolvimento de uma terapia de famlia deixou de ser o nico e alguns de seus membros formaram outros centros, levando a bagagem terica e prtica que haviam construdo em conjunto. dessa forma que surgem as variaes da terapia de famlia sistmica, a partir de uma base comum. Assim, a partir de uma fonte comum hoje podemos encontrar uma grande variedade de teorias e prticas consideradas Terapias de Famlia Sistmicas, tais como a Terapia Estratgica, a Estrutural, entre outras.
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No Brasil, mais especificamente, no Rio de janeiro segundo Ponciano (1999), a Terapia de Famlia s surge nos anos 70, com 20 anos de atraso em relao aos Estados Unidos. O seu incio nos anos 70 se deve a alguns fatores como, a insatisfao crescente com os tratamentos convencionais em hospitais psiquitricos, a expanso da psicanlise, das teorias de grupo, os trabalhos feitos por assistentes sociais com as famlias e a criao de centros de atendimentos que trabalham com crianas e adolescentes valorizando a participao da famlia. Segundo essa autora, os primeiros profissionais brasileiros que tiveram formao em Terapia de Famlia fizeram seus cursos em outros pases, principalmente nos Estados Unidos, trazendo para o Brasil as novidades que encontraram. No Rio de Janeiro a Terapia de Famlia foi encontrando seu espao aos poucos, comeando com grupos informais formados por terapeutas de famlia que haviam feito sua formao fora do pas e por outros profissionais interessados no assunto, em duas universidades, a UFRJ e a PUC. a partir desses encontros que surgem os primeiros cursos de formao, um na prpria UFRJ e outro em uma instituio particular, o CEFAC. Ainda segundo Ponciano (1999), importante observar que os terapeutas de famlia do Rio de Janeiro, de um modo geral, seguiram as transformaes ocorridas nas escolas teraputicas fora do Brasil, principalmente nos Estados Unidos e Itlia. A necessidade do contato com ouros pases ainda muito marcante, o que permite que os terapeutas cariocas acompanhem as mudanas ocorridas fora, atravs de contato com esses profissionais no exterior ou mesmo no Brasil. Encontramos muito pouco material escrito sobre a histria da Terapia de Famlia no Rio de Janeiro, porm sabemos que esse contato com o exterior e o acompanhamento das teorias existentes l, uma caracterstica marcante desse campo nesta cidade e a mesma variedade de Terapias de Famlia existentes fora do Brasil, tambm pode ser encontrada aqui.

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Endereo para correspondncia Andrea Vogel E-mail: andreavogel@uol.com.br

Recebido em:13/12/2010 Aprovado em:02/06/2011

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