A Batalha de Cajamarca
A Batalha de Cajamarca
A Batalha de Cajamarca
Mirian Krema da Encarnao Rafaela Helena Silva Sena Renata Pereira de Almeida Thiago Aparecido Faria
A Batalha de Cajamarca
MACHADO MG 15/03/2012
Mirian Krema da Encarnao Rafaela Helena Silva Sena Renata Pereira de Almeida Thiago Aparecido Faria
A Batalha de Cajamarca
Trabalho apresentado ao Curso de Direito do Instituto Machadense de Ensino Superior. Prof. Pablo Viana Pacheco
MACHADO MG 15/03/2012
SUMRIO
1 INTRODUO As civilizaes que povoaram a Amrica antes da chegada dos europeus viviam em comunidades; onde a organizao social e poltica tinham por objetivo o bem de todos. O esprito de comunidade e partilha era visvel. Especificamente os Incas, tinham cultura e crena diferenciada em relao aos demais povos americanos. Adoravam o deus sol. Acreditavam na reencarnao, que cada Inca tinha um pouco deste poder transmitido pelo sol. A comunicao acontecia atravs de cdigos, sinais, onde cada corpo transmitia sua postura, afinal o corpo era algo divino. Talvez fossem movidos pela emoo e fanatismo. As notcias eram transmitidas constantemente. O imperador era considerado filho de deus-sol. Cada Inca devia favores e oferendas ao sol. Com o passar, suas descobertas chamaram a ateno dos europeus que depararam com uma agricultura desenvolvida, com vrias plantas e timos canais de irrigao. Com tcnicas especficas trabalham com metais preciosos, como ouro, prata, cobre, bronze, o que despertou a cobia e o interesse dos conquistadores. Em 1553 Pizarro, invadiu a terra dos Incas e estabeleceu uma nova norma, sob as ordens da Coroa espanhola. Com a chegada dos espanhis a cultura dos Incas foi sofrendo alteraes, ou melhor, foi substituda. Os colonizadores mataram uma nao e com ela todo um conhecimento que fora acumulado e aprimorado ao longo da vida dos Incas. Atualmente restam apenas runas de palcios, templos e monumentos. Muitos historiadores pesquisam as antigas civilizaes americanas. Alguns deles abordaram o Estado Inca, como paraso perdido, no qual inexistia desigualdade, explorao e violncia. Acredita-se que todos tinham ou estavam no mesmo estgio de desenvolvimento social.
Quanto organizao poltico-administrativo o Estado cobrava um imposto para manter os velhos e doentes. Acredita-se que cada um desta civilizao deviam favores ao imperador (que os protegia social e espiritual) regido pelo poder do sol. Esta crena os fortalecia. As evidncias deste estudo histrico podem ser encontradas ao longo de 4.000 km da Cordilheira dos Andes. Ainda no possuam meios de transportes eficientes. Porm sua engenharia fsica e tcnicas avanadas de conhecimento causam inveja para a Engenharia moderna. Estima-se que 98% da populao estava empenhada nestes projetos. O Estado mantinha uma ordem e estrutura para que as obras no sassem do controle. Segundo estudos histricos especficos em 1532, inicia-se uma guerra civil entre os dois meio irmos Ataualpa e Huscar. Todo o pas sentiu este impacto onde Ataualpa saiu vitorioso. No mesmo ano Pizarro atingiu o Peru com seu pequeno exrcito espanhol. Ele entrou pelo litoral e conseguiu vencer os soldados Incas. Nos primeiros meses foram adentrando e assassinando o exrcito Inca. Por meio de uma armadilha conseguiram prender Ataualpa e o mataram. Dois anos depois os espanhis haviam conquistado todo o territrio Inca.
2 DESENVOLVIMENTO
Com as lutas internas, inicia-se a decadncia de Cuzco. Com a morte do Inca Huayna Capac, em 1525, Huscar assume o poder e instala a sua residncia na capital do Imprio. Em Quito Ataualpa e os seus generais preparavam-se para a guerra. Enquanto crescem os desajustes polticos; guerreiros brancos e barbudos, vindos do mar, cobiam o grande Imprio. Enquanto os dois prncipes disputam a posse do reino, os espanhis avanam. Primeiro apalpam o litoral, depois se desmancham em amabilidades com os ricos habitantes de Tumbez. Corre o ano de 1525, este o primeiro contato entre os espanhis e os ndios. Mas Cuzco, onde se desenrola os grandes acontecimentos, fica muito longe da costa, escondida nos Andes. E, 1526, os espanhis levam para a Espanha, algumas riquezas e dois ndios, que serviro mais tarde como intrpretes. Pizarro fez a Carlos V o relato das terrveis provaes que enfrentaram durante as viagens de explorao; depois enumerou as descobertas que fizera e exps as perspectivas do futuro. Ano de 1530, Pizarro, zarpa do posto de Sevilha. No mar e em terras desconhecidas D. Francisco Pizarro vive emocionantes aventuras. Para quem espera e anseia o tempo no passa, e o aventureiro Pizarro, precisava chegar. Enquanto isso, os doze milhes de habitantes do vasto Imprio Inca iam diminuindo. As guerras internas e as doenas europias, que os espanhis, haviam deixado como lembrana no litoral, eram as causas das destruies das massas indgenas. Enquanto o fogo do dio e da vingana ardia no corao dos dois prncipes herdeiros, Huscar e Ataualpa, Pizarro e seus homens desembarcavam pela segunda vez em Tumbez. A cidade, j no era a
mesma, as lutas intestinas tinham passado por ali. Os guerreiros haviam saqueado e incendiado tudo. Os que reatavam, e eram poucos, estavam famintos e revoltados. Pizarro vido de glrias e de riquezas inicia a penosa escalada, so 700 quilmetros de Tumbez a Cajamarca. Enquanto caminha desconfiado pelas estradas perigosas que serpenteiam os Andes, ouve de um grupo de ndios que o acompanha, os funestos acontecimentos. Huscar que havia levado vantagens no incio da contenda e aprisionado seu irmo, se encontrava agora, praticamente derrotado. Ataualpa havia sido libertado com o auxlio das virgens do sol, mas habilmente, fez propalar que devia sua liberdade aos deuses, que viam nele o verdadeiro filho do sol. Com o apoio dos seus valorosos generais Chalicuchima e Quizquiz, Ataualpa reuniu as foras e com grande astcia tinham vencido os exrcitos inimigos e aprisionado em Cuzco, o seu irmo, o prncipe Huscar. O prncipe protegido pelos valentes guerreiros, aproximadamente quarenta mil homens, que zelam pela sua garantia. Em Cuzco, so torturados e mortos todos os parentes e amigos de Huscar. Ataualpa implacvel com os inimigos, sabe por experincia dos seus antepassados, que os adversrios devem ser massacrados e reduzidos a cinzas. Peritos espies traziam os seus relatrios diariamente ao prncipe. Os homens brancos e barbudos estavam prximos e alguns deles montavam grandes carneiros. Os capites, impacientes, aguardavam a ordem de desfechar o cerco fulminante. O Inca permanecia impassvel; a princpio pensou tratar-se de Viracocha com a sua guarda de honra, depois arrefeceu da idia. Os espanhis eram constantemente vigiados e por isso, Ataualpa j tinha tomado conhecimento, que no eram deuses, mas simples mortais. Os estrangeiros haviam cometido erros, tinham atacado aldeias em busca de alimentos e assassinado alguns ndios. Os observadores solicitaram do soberano a autorizao para destruir aquela tropa de vagabundos. Os seus oficiais j haviam planejado o ataque, os espanhis seriam massacrados, na bacia afunilada de Cajamarca.
Em 1513, quando Vasco Nunez de Balboa, atravessou o istmo do Panam, Pizarro foi um dos primeiros a avistar o Oceano Pacfico. Nesta poca tomou conhecimento, atravs de um ndio, que numa terra distante, existia um monarca, que possua muitos palcios de ouro. Pizarro, obstinado nos seus propsitos, suporta privaes, ameaas, doenas e derrotas; so 8 anos de sonhos e de lutas. Finalmente, em 1524, angaria a confiana de dois fortes aliados: Diogo Almagro, um aventureiro sem escrpulos e o religioso Ferdinando de Luque, sbio e ponderado. Em setembro de 1524, sob o comando de Francisco Pizarro, partem do Panam, duas pequenas embarcaes com destino ao sul. Pizarro, depois de muitos sofrimentos, retorna ao Panam, com apenas 50 homens. Cento e poucos dos seus leais companheiros, tinham pago com a vida na primeira experincia. Em 1526, Pizarro, organiza a segunda expedio. Foi essa uma verdadeira viagem de explorao. Pela primeira vez os espanhis encontraram numa aldeia ndia, ouro e pedras preciosas. Tumbez, uma cidade do litoral do Peru, deslumbrou os ambiciosos aventureiros. Quando regressaram Ptria, levaram a sua majestade o rei da Espanha, enorme quantidade de jias confeccionadas em ouro e prata e dois ndios, que se transformaram em intrpretes. Em 26 de julho de 1529, foi assinada a carta que concedia ao Pizarro, o ttulo de marques e a nomeao como governador, capito geral, juiz supremo e comandante chefe da futura provncia de nova Castela. D. Francisco Pizarro, orgulhoso dos ttulos conquistados, parte do movimentado porto de Sevilha a 19 de janeiro de 1530, com destino ao pas do ouro. Para a grande empreitada leva em sua companhia, os seus irmos Joo, Fernando, Gonalo e Martim. Os obstculos no quebraram o animo de Pizarro, que realizou verdadeiro prodgio, encorajando seus companheiros contra molstias traioeiras. As cidades do litoral estavam abandonadas e Pizarro aproveitou para saque-las no havendo muita resistncia por parte dos indgenas.
So menos de duzentos espanhis e sessenta cavalos, um misero regimento, com pretenses to altas. A ambio audaciosa, no conhece limites e no pressente perigos. No incio de setembro de 1532, inicia-se a grande caminhada. Os ndios acompanham os seus movimentos, as notcias alarmantes multiplicam-se; o Inca pretendia liquid-los nas proximidades de Cajamarca e as informaes davam conta da existncia de um poderoso exrcito, um efetivo com mais de quarenta mil homens. O otimismo estava longe de reinar entre os conquistadores. Francisco Pizarro estava cego de ambio: ou a conquista do poder e da glria, ou a morte; com este nimo, conduzia os seus homens. Os espanhis sem serem molestados, subiam sempre pelos caminhos tortuosos da montanha. Um dia, num ms de novembro, quando o exrcito j se encontrava perto de Cajamarca, saiu-lhe ao encontro de um nobre Inca de alta hierarquia, enviado de Ataualpa. Gravemente o nobre anunciou que o Inca desejava fazer amizade com os espanhis e os aguardava pacificamente em Cajamarca. Pizarro correspondeu s amabilidades e enviou presentes ao grande soberano. Ataualpa estava acampado a poucos quilmetros de Cajamarca, no balnerio de Pultamarca. O grosso do seu exrcito permanecia de prontido. Pizarro e seus homens chegaram s portas da cidade de Cajamarca. A cidade estava vazia, dominada por um silncio profundo. Os bravos soldados sentiram calafrio da morte, havia um prenncio sinistro e eles estavam perdidos num mundo desconhecido. Na tarde de 15 de novembro de 1532, os espanhis acampavam em Cajamarca, desconfiados e temerosos. Os soldados escondidos nas fortalezas da cidade aguardavam impacientes hora fatal. Todos estavam preocupados com a passividade dos ndios, e depois ecoavam ainda boatos, propalados por alguns habitantes, de que, Cajamarca seria o palco do aniquilamento de todos eles. Perdidos e desamparados, sem as mnimas condies de figa, os aventureiros j se julgavam derrotados. Pizarro no se deixava abater, apesar da situao
alarmante, o intrpido soldado continua dando ordens, inspecionando posies e prometendo a todos muita recompensa. Nas termas de Pultamarca, as tropas disciplinadas do exrcito Inca aguardam ordens rgias. Ataualpa, cercado pelos mais ilustres membros da corte, permanecia sereno e confiante. Era energtico e intransigente com seus inimigos. A ambio o havia transformado num tirano. Huscar estava encarcerado, na fortaleza de Jauja, sofrendo sozinho os seus infortnios. Os seus familiares e amigos de confiana estavam mortos. Atualpa era o senhor absoluto, o poderoso, o invencvel. Movido pela curiosidade, desejava conhecer e examinar os estrangeiros, depois provavelmente, os espanhis seriam massacrados. Francisco Pizarro, percebendo a armadilha em que se encontrava, arquitetou um audacioso plano: o Inca seria raptado. Imediatamente enviou De Souto e 15 cavaleiros ao acampamento de Ataualpa. Em Pultamarca, De Souto e seus homens, perdem todo o entusiasmo da conquista. Como vencer com menos de 200 homens aquele exrcito. Eram milhares de guerreiros, bem treinados, destemidos e organizados. Os chefes traziam armas incrustadas de ouro e prata, machados de guerra de bronze, maas eriadas de pontas e pregos, espadas metlicas ou de madeira de palmeira endurecida ao fogo, espcies de armadura de tecido de algodo alcochoado e escudos de madeira, de cips entrelaados ou feitos de carapaa de tartaruga. De Souto e seus homens receberam ordens de se aproximarem do Inca. Ataualpa estava assentado num tamborete, com os olhos voltados para o cho. Embora estivesse de semblante fechado, os espanhis acharam-no simptico. De Souto e os demais permanecendo em suas montarias e um tanto preocupados, receberam ordens de falar ao Inca. De Souto o cumprimentou respeitosamente e lhe transmitiu uma mensagem: o seu comandante solicitava com grande empenho a honra da sua visita. A princpio Ataualpa nada respondeu, causando o silncio, mal estar nos soldados espanhis. Depois erguendo a cabea, os fitou com dureza e com voz firme, declarou que visitaria o comandante no dia seguinte.
De Souto freou sua montaria, alguns centmetros do Inca. Alguns ndios fugiram meio assombrados, com tal faanha, mas Ataualpa permaneceu impassvel, parecia ser feito pedra. Os espanhis ficaram perturbados, o Inca demonstrou na sua frieza, a grandeza do seu valor e coragem. Despediram-se cordialmente do grande imperador e partiram com destino a Cajamarca. Comunicaram ao capito Francisco Pizarro o resultado da entrevista, a promessa da visita e tudo quanto puderam observar. Um exrcito bem montado, dirigido por um soberano astuto de vontade frrea. Esta notcia fez com que os soldados espanhis rezassem e implorassem proteo do cu. Mas, o comandante espanhol, manteve-se inflexvel, as suas ordens teriam que ser cumpridas. Nesta noite, os espanhis no puderam dormir. Pizarro tornou-se mais energtico e exigente. Ou aprisionamos o Inca ou seremos todos massacrados. Na madrugada do dia 16 de novembro de 1532, Pizarro d ordens severas aos seus oficiais e os preparativos blicos tem inicio. Uma liteira de ouro, conduzida pelos mais ilustres fidalgos, traziam Ataualpa, majestoso e imponente. Ataualpa desconfia das intenes dos estrangeiros. A dvida dura um instante de tempo. O padre Vicente de Valverde vem ao seu encontro. O Inca lhe pergunta onde esto os espanhis. O religioso comunica-lhe que Pizarro e seus homens esto sua espera e que eles pretendem oferecer-lhe uma grande recepo. Depois, acrescenta Valverde, os espanhis estamos aqui pra pregar o cristianismo. O Inca irrita-se e com energia responde: eu sou o maior soberano da terra, rei dos reis; os meus inimigos esto mortos, e dos que restam, so meus prisioneiros. Quanto minha religio, no a deixarei. O senhor afirma que seu deus foi morto, mas o meu apontou para o sol, ainda est vivo. O missionrio coloca em suas mos o livro das Sagradas escrituras, o Inca examina com ateno, depois o aproximando do ouvido e nada escutando, como era lgico, atirou o livro ao cho, declarando com desdm: Isso nem fala. O Padre Valverde afastou-se correndo.
Com o grito Santiago y A ellos! ouviu-se o ensurdecedor tiro de canho. Pizarro e seus homens deixam os esconderijos, inicia-se o massacre. Os ndios fogem apavorados com o fogo e a fumaa das armas. A cavalaria esmaga a multido aparvalhada e os gritos de guerra se misturam com os gemidos da morte. Desesperadamente os servidores de Ataualpa se aglomeram em torno da liteira real a fim de proteger seu soberano. A chacina continua, corpos inertes rolam na poeira. Pizarro avana resoluto e toma em seus braos a pessoa sagrada do soberano, num momento em que a liteira desprotegida cai por terra. Ataualpa arrastado para os fundos de uma residncia de pedra. Os espanhis redobram seus esforos e afugentam os ndios. A grande tragdia de Cajamarca chegara ao fim. Meia hora de massacre, de pesadelo, de agonia... Na pequena praa, o sangue de mil e tantas vtimas assina a rendio do grande imperador. Pizarro havia realizado a sua maior ambio. O Peru estava conquistado. Os espanhis estavam eufricos, todos estavam vivos; naquela tarde um nico incidente, Pizarro mostrava um leve ferimento no dorso da mo direita. Nos acampamentos os ndios desorientados e sem chefe, falavam da vingana dos Viracochas. Em Cajamarca, era quase noite, os espanhis estavam exaustos, mas o calor da vitria fazia com que se gesticulassem e comentassem alto, os ltimos acontecimentos. Na praa os mais notveis e os servidores leais do inca, amontoados e mortos estavam abandonados. Pizarro, aventureiro velho e experiente, escalou um peloto para guarnecer as muralhas da cidade. Os cozinheiros apressaram em servir a ceia. Pizarro, tranqilo e seguro do seu xito, foi encontrar Ataualpa, cuprimentou-o com amabilidade, prometeu ao Inca um tratamento digno da sua posio. O aventureiro cumpriu a promessa, fez instalar no mais importante dos edifcios, a corte do grande monarca e exigiu dos seus homens, que dispensassem a Ataualpa, o tratamento de rei. A ceia fora servida com todas as honras aos dois grandes personagens. Atravs do
intrprete Felispillo, conquistador e conquistado dialogaram. Pizarro sentou-se ao lado de seu prisioneiro, que revelou notvel compostura e observou, com dignidade: Assim a guerra: conquistar ou ser conquistado. A histria foi sempre assim, as guerras decidem os destinos dos homens. Com a queda de Cajamarca, os ndios estavam desorganizados e aflitos. Pizarro procurava tratar com muito tato e cortesia seu prisioneiro. O velho comandante, esperto e desconfiado temia uma represlia e Ra bastante inteligente para perceber que a unificao do imprio dependia do Inca. Por isso, Ataualpa gozava de todas as regalias. Os espanhis procuravam proporcionar-lhe o conforto a que estava habituado. Faziamlhe companhia; os nobres, as concubinas e os serviais. Embora fosse o seu palcio fortemente guardado, lhe era permitido receber visitas. O seu comportamento, discreto e elegante, fez com que angariasse amigos e admiradores. De Souto, Fernando e Pedro Pizarro lhe devotavam grande simpatia e respeito. Por ordem de Ataualpa, os espanhis no eram molestados; saquearam Pultamarca e outras cidades prximas sem a mnima resistncia. Algum tempo depois do massacre de Cajamarca, Huscar, prisioneiro de Chalicuchima e Quizquiz, tomando conhecimento do ocorrido reivindicou seus direitos. Disse Huscar em tom severo para o general Chalicuchima, sou o verdadeiro soberano, sou o herdeiro legtimo da Mascapaicha. Chalicuchima retrucou, no passa de um prisioneiro e preocupado e de mau humor abandonou a priso. Alguns dias depois, Ataualpa recebe uma mensagem do seu valoroso general. Este pedia autorizao para invadir Cajamarca, destruir os invasores e libert-lo da priso. A mesmo tempo, comunica o Inca das pretenses de Huscar. Ataualpa ficou to preocupado e abatido com a notcia, que os espanhis chegaram a notar. A vigilncia foi redobrada. O Inca depois de muito meditar, despachou s escondidas um mensageiro com a seguinte instruo: Huscar deve desaparecer, quanto aos espanhis no devem ser maltratados enquanto eu estiver
preso. Chalicuchima cumpriu imediatamente as ordens, Huscar foi assassinado. Ataualpa estudava meios para escapar da priso; Pizarro nervoso e apreensivo tenta afirmar sua posio em territrio alheio. A s notcias que circulavam em Cajamarca amedrontavam os aventureiros. Os espanhis temiam ser rechaados pelas tropas indgenas que se reorganizavam em Cuzco. Os meses iam correndo e a situao continuava a mesma. Um dia Ataualpa props a Pizarro comprar a sua liberdade. O Inca sabia que pelo ouro, aqueles aventureiros eram capazes de dar a prpria alma. O acordo foi firmado. Pizarro e seus homens receberiam um tesouro jamais sonhado por qualquer conquistador. Um dos aposentos do palcio, medindo aproximadamente 5 m por 7 m, seria entulhado de ouro at a altura que um homem de 1,80, na ponta dos ps, alcanasse na parede com o brao esticado, ponta do dedo mdio da mo. Fizeram um marco, mais ou menos a altura de 3 metros distantes do solo. Pizarro imediatamente comunicou aos aventureiros a grande fortuna. De olhos esbugalhados, os seus soldados nem puderam crer. Os conquistadores se julgavam cavaleiros da f, mas estavam muito longe da paz e do amor messinico, da beleza e da verdade dos evangelhos. Ataualpa esperanoso e confiante, d ordens aos seus imediatos para que providenciem o ouro para seu resgate. Diariamente, escravos carregando ouro , aportavam em Cajamarca; a misso devia ser cumprida o mais rpido possvel. Dia aps dia, o tesouro vai crescendo em quantidade e valor, dentro do aposento real. Os mensageiros apressam o trabalho, querem de volta o soberano. Finalmente o Inca se desincumbiu do seu compromisso. Ali estava um tesouro acumulado, disposio dos aventureiros, calculado em milhes de coroas. Por essa poca formavam-se dois partidos, os de Pizarro e Almagro. As foras so equilibradas. Os partidrios de Almagro so violentos, gananciosos, mais ferozes e menos escrupulosos. O soberano nota a indeciso e percebe que os aventureiros no levam muito a srio a palavra empenhada. Cobra de Pizarro o cumprimento da promessa.
Os espanhis meio apavorados, temem a ira de Ataualpa e de seus guerreiros. Almagro que desconhece os deveres de honra, declarou sem hesitao: o Inca no ser libertado. Enquanto estiver em nosso poder, estaremos mais seguros. Pizarro manteve-se indiferente a esta argumentao. De Souto com energia e grandeza de carter defendeu a tese de que a honra vale mais do que a vida. Irritado com a baixeza dos seus companheiros, o amigo sincero de Atualpa exigiu que o Inca fosse libertado. Para complicar a situao do soberano, Felipillo estava apaixonado por uma de suas favoritas. Atualapa fez queixas a Pizarro e este reprovou a atitude do intrprete. Desde este dia, Felipillo passou a desejar a morte do monarca, pois ele sabia que se o Inca fosse libertado, o seu crime seria punido com castigos terrveis. Os ndios, que haviam pertencido s fileiras de Huscar distribuam notcias falsas, de que o acampamento dos espanhis seria atacado pelo poderoso exrcito de Chalicuchuima e Quizquiz. Pizarro revoltado com estes rumores, proibiu visitas ao prisioneiro e o interpelou com aspereza. Ataualpa lhe respondeu que as notcias no tinha fundamento. Mas o astuto Felipillo, o seu maior inimigo, era um intrprete parcial, despeitado e temeroso, alarmava os espanhis. Deturpava sempre as palavras do Inca. A desconfiana e o desassossego minavam a discrdia entre os aventureiros. Pizarro incubiu Fernando e Pedro, de conduzirem at a Espanha o ouro que pertencia ao rei. A De Souto coube a tarefa de verificar se os guerreiros indgenas se reuniram em alguma parte, com intanes hostis. Agora o comandante Francisco Pizarro estava livre, podia atender as exigncias de Almagro e de todos os aventureiros que desejavam a morte do Inca. Imediatamente providenciaram de instaurar o processo, ouviram-se testemunhas. Segundo Jonathan Norten Leonard, quase todas as acusaes versaram sobre idolatria, poligamias, casamento incestuoso entre irmo e irm, e outras prticas que eram costumeiras no Imprio inca, aquela poca. Com as falsas interpretaes dadas por Felipillo s palavras das testemunhas indgenas, o Inca foi imediatamente declarado culpado e a ser queimado
vivo. Pizarro mandou que se registrasse a sentena proferida em 3 de agosto de 1533. No dia seguinte, 4 de agosto,no entardecer, conduziram Ataualpa para o mastro, onde seria consumido pelas chamas. Os espanhis queria livrar-se o mais depressa possvel do prisioneiro. Fernando e Pedro estavam na Europa, mas o valente e nobre De Souto poderia voltar a qualquer instante, e com o seu regresso, eles tinham certeza da mudana da sentena. Antes de atearem fogo nos paus cruzados, que circundavam o mastro, o padre Valverde se aproximou do Inca com o crucifixo na mo e o convenceu de abraar a f crist e como prmio prometeu-lhe preservar o seu corpo das chamas, exigindo dos espanhis uma morte rpida. Ataualpa foi batizado e em seguida com uma corda, o carrasco o estrangulou. Com a morte de Ataualpa, o ltimo Inca, morria tambm o grande Imprio e desapareceria para sempre a glria de um povo que foi no passado, o orgulho da Amrica. Quem teria conferido direitos a Francisco Pizarro e a Almagro, de decretarem sentena de morte ao monarca do Imprio mais poderoso da Amrica? A esse respeito, nota Pedro Pizarro, cheio de remorsos que esses senhores (seu tio Francisco Pizarro e Almagro) tinham vaga noo do que era a lei, quando proferiram essa sentena contra um infiel, que ignorava o Evangelho. Os espanhis, aps a morte de Ataualpa, desorientados e perdidos no meio de tanto ouro, penetravam por todos os lados, conquistando, massacrando e saqueando palcios e templos. Por onde passavam, deixavam a destruio e a morte. Cuzco, a magnfica capital, foi o ltimo baluarque da resistncia. Em 15 de novembro de 1533, Pizarro e seus soldados invadem a cidade e em 22 de maro de 1534, toma posse de Cuzco em nome do rei da Espanha. Quase todos os meses, Pizarro recebia reforos da Espanha, homens e armas. O valente D. Francisco Pizarro no cessa de lutar, os seus homens so destemidos e cruis, continuam escravizando ndios, cometendo estupro, saqueando e matando. Agora se voltam uns contra os outros. Felipillo foi acusado de traio e por ordem de Almagro foi esquartejado em praa pblica. Almagro foi processado por desrespeitos
s Leis Rgias e condenado morte por Pizarro. O comandante Pizarro, autor de tantas faanha, morreu quando enfrentava os adeptos de Almagro. Pedro Pizarro, tambm pereceu nos campos de batalha. O padre Valverde, com a morte de Pizarro, fugiu de Lima para Puna, l teve um fim trgico. Os ndios deitaram ouro derretido nas suas cavidades orbitrias. De Souto, deprimido e amargurado, abandonou as misteriosas terras do peru, para nunca mais voltar. Assim o mundo, assim so os homens materiais, nascem, crescem e desaparecem. S Deus infinito e eterno, grande e soberano.
3 CONCLUSO A partir do exposto acima possibilitou-nos uma viso geral sobre a vida poltica e social da civilizao Inca. Ainda no possvel ter uma nica linha de pesquisa, afinal muitos mistrios envolvem a histria, em um estudo cientfico, onde a evoluo pode ser percebida como um todo. Segundo pesquisas histricas os Incas eram movidos por f fervorosa e sentimento humanitrio. Toda a sociedade era beneficiada com suas obras e as decises do imperador. Nota-se que este povo o resultado de um longo processo de evoluo intelectual e social. Ainda, organizados e estruturado, tudo girava em torno do deus-sol. Foi percebido ao longo desta pesquisa que os Incas so apenas uma pea ainda no lapidada do quebra cabea chamado Histria.
4 BIBLIOGRAFIA
ARAJO, Paulo Marques O Imprio dos Incas Litotipografia Escola Profissional de Pouso Alegre M.G. 1973 ZIERER, Otto Histria da Amrica 1 Volume, Traduo de Humberto Well Ed. Vozes Limitada, Petrpolis Rio de Janeiro R.J. GALVO, Gilberto Raas Mistas das Amricas Consrcio Editorial Brasileiro Ltda. So Paulo S.P. DOZER, Donald Marquand Amrica Latina Direitos exclusivos de traduo em lngua portuguesa, da Ed. Globo S.A. Porto Alegre R.S. 1966 WELLS, H. G. Histria Universal Traduo de Ansio Teixeira Volume 6 - 8 Edio Companhia editora Nacional So Paulo S.P. 1970
RESENHA CRTICA
Estudar as Antigas civilizaes americanas consiste em buscar compreender como estava organizado estes povos. Uma marca histrica para o novo mundo foi a captura e o assassinato do chefe Inca, reverenciado como filho de Deus sol. Este deus teria outorgado poderes e dons divinos. A vida Inca era equilibrada e instvel politicamente, onde todas as obras visavam o benefcio de todos. Com a chegada e a ganncia dos colonizadores, mataram toda uma cultura. Os espanhis eram fiis a seu rei e tentaram impor suas crenas e normas, julgando serem senhores da verdade e nicos abenoados que tinham por misso tornar a populao nativa em uma cpia de seus prprios atos. Eliminaram uma civilizao avanada e sbia. Onde a estrutura era invejvel. Com o domnio da terra, foi chamado de Velho Mundo, afinal os espanhis diziam ser superiores. Pizarro conseguiu vencer a tribo Inca, pois os soldados Incas haviam lutado o dia inteiro e no dispunham de cavalos e armas. Estavam desesperados, eram pacficos e acabaram caindo em uma armadilha. Os espanhis no estavam interessados na evangelizao dos nativos, mas queriam apoderar de todo ouro e riquezas que os Incas possuam. Contudo, conseguiram eliminar os Incas e uma riqueza milenar, que a histria busca explicaes, atravs de teorias e hipteses.