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Discurso Tomada de Posse Paulo Rodrigues-ASPP-PSP

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ASSOCIAÇÃO SINDICAL DOS PROFISSIONAIS

DA POLÍCIA – ASPP/PSP
Membro efectivo do
Conselho Europeu dos Sindicatos de Polícia
(Organização Não Governamental no Conselho da Europa)

Discurso de Tomada de Posse da Direcção Nacional 
da ASPP/PSP para o triénio 2009/2012 
 

Casa do Alentejo, 11h00, 21 de Janeiro de 2009 

Ex mos Senhores 

 
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Acabámos  de  oficializar  a  eleição  da  nova  Direcção  Nacional  da  Associação 
Sindical  dos  Profissionais  da  Polícia  –  ASPP/PSP  e  dos  Delegados  dos  diversos 
Departamentos  Policiais  de  todo  o  País.  É  o  culminar  de  um  acto  eleitoral  que  se 
revelou o mais participativo dos 20 anos de vida deste Sindicato, apesar da existência 
de uma lista única para os Órgãos Nacionais. Já a nível local, foram largas dezenas os 
Profissionais  da  Polícia  que  se  candidataram  a  Delegados  Sindicais,  numa  prova  de 
reconhecimento e comprometimento com a forma de fazer sindicalismo que é por nós 
preconizada. Foi um processo que envolveu grande empenho da parte de todos nós, e 
que,  pela  forma  democrática  como  decorreu,  vem  fazer  jus  à  conduta  exemplar  da 
ASPP/PSP ao longo das duas décadas de existência. 

A  adesão  dos  Profissionais  da  Polícia  ao  projecto  defendido  pela  Direcção 
cessante e que agora é reconduzida, supera quaisquer dúvidas, não só pelos mais de 
97  por  cento  dos  votos  obtidos  nas  eleições  de  7  de  Janeiro,  mas  também  pela 
entrada de mais de 2.000 novos sócios ao longo dos últimos três anos. É uma prova de 
confiança  que  nos  honra,  mas  que,  simultaneamente,  nos  acresce  o  sentido  de 
responsabilidade,  enquanto  dirigentes  do  maior  Sindicato  da  Polícia  de  Segurança 
Pública que tem no seu seio Agentes, Chefes e Oficiais de Polícia, com mais de 11.000 
associados, representando mais de 50 por cento do efectivo. 

 
SEDE NACIONAL: Av. Santa Joana Princesa, n.º 2 – 1700-357 Lisboa Tel. 213475394/5 Fax 213475493 P. Colectiva 502551720
CENTRO: : Rua Corpo de Deus, n.ºs 57-59, 3000-122 Coimbra Tel.239825115 Fax 239833805
NORTE: R. do Monte dos Burgos n.º 347 – 4250-316 Porto, Ap. 4220-4003 Porto Codex Tel. 228325036 Fax 228320135
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Temos  consciência  de  que  o  caminho  percorrido  até  aqui  foi  extremamente 
difícil, mas foi o possível. Mantemos a convicção de que tudo fizemos, ultrapassando 
mesmo os nossos próprios limites, na defesa dos direitos dos Profissionais de Polícia e 
na melhoria da sua condição de vida sócio‐profissional. Seguimos para mais três anos 
de  mandato  com  a  certeza  de  que  não  podem  acusar‐nos  de  termos  alguma  vez 
baixados  os  braços  e  desistido  de  lutar  pelos  Profissionais  da  Polícia.  Hoje,  como no 
passado, permanecemos convictos de que temos do nosso lado a força da razão, que 
nos dá os argumentos de que necessitamos para manter viva a chama do sindicalismo 
firme e determinado mas coerente e responsável na defesa dos nossos iguais. 

Foram três anos de extrema dificuldade para todos nós. Deparámo‐nos, mais 
uma vez, com uma tremenda ofensiva governamental, que, sob a capa dos supostos 
privilégios  dos  Funcionários  Públicos,  foram  cortando  direitos  adquiridos  à  custa  de 
muitos  sacrifícios  de  actuais  e  anteriores  dirigentes  sindicais  e  que  visavam 
recompensar  a  exigência  da  profissão.  Fomos  equiparados  a  outros  sectores  da 
Função  Pública  na  perda  de  direitos,  mas  esquecidos  nas  compensações.  Mais  uma 
vez, um Governo esquece‐se de definir, claramente, o que nos diferencia da Função 
Pública,  mas  passa  igualmente  ao  lado  no  que  diz  respeito  a  estabelecer  aquilo  que 
nos diferencia de instituições militares. Afinal qual é o espaço da PSP como Instituição 
do  Estado?  Com  o  que  podem  contar  os  profissionais  desta  Polícia?  Como  podemos 
encarar a nossa situação profissional? 

Esquecem‐se alguns que ser polícia não é unicamente vestir um uniforme, ser 
polícia  é  vestir  uma enorme  responsabilidade no  âmbito  de  uma missão  nobre,  mas 
espinhosa. 

Ser  polícia  também  é  ter  como  utensílio  de  trabalho  uma  arma  de  fogo;  ser 
polícia é, em condições adversas, ter fracções de segundo para tomar decisões e delas 
podem depender a vida do próprio Profissional ou de outro cidadão. Ser profissional 
de  Polícia  é  não  ter  horários  de  trabalho,  é  não  ter  estabilidade  familiar  que  lhe 
proporcione  também  a  sua  própria  estabilidade  mental,  como  qualquer  outro 
cidadão; é curar os seus próprios males com os males da sociedade que tem de servir. 
Em  conclusão,  ser  polícia  é  mais  do  que  ter  uma  profissão,  é,  sobretudo,  seguir  um 
estilo ou forma de vida onde os seus próprios familiares são envolvidos. 

A tudo isto, contrariamente às nossas expectativas, o Governo respondeu com 
políticas  economicistas  levando  a  uma  desmotivação  tremenda  no  seio  dos 
Profissionais  da  Polícia.  Alterações  no  Serviço  de  Assistência  na  Doença  (SAD/PSP), 
aumento  da  idade  de  reforma,  progressões  congeladas  durante  anos,  concursos 
internos  de  promoção  insuficientes,  inexistência  de  um  horário  de  trabalho, 
inexistência  do  subsídio  de  risco,  reestruturações  inacabadas,  meios  obsoletos  e 
desadequados. São apenas alguns exemplos da realidade com que convivemos e que 
nos  sentimos  obrigados  a  denunciar,  para  que  a  sociedade  possa  compreender  a 
dificuldade  e  a  frustração  dos  polícias  em  responder  aos  anseios  dos  cidadãos  em 
matéria de segurança.  

  

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Estamos, desde 2005, à espera de um Estatuto Profissional que vá ao encontro 
das justas aspirações dos Profissionais da Polícia. E dele não abdicaremos até ao final 
da actual legislatura. Um Estatuto Profissional justo, que dê aos Profissionais da PSP a 
dignidade  a  que  têm  direito  e  o  reconhecimento  que  merecem.  Temos  sempre 
pautado  a  nossa  actuação  pelo  recurso  ao  diálogo,  mas  não  podemos  dialogar 
continuamente  sozinhos.  É,  por  isso,  de  capital  importância  que  o  Estatuto 
Profissional  da  PSP  seja  matéria  de  negociação  efectiva  com  os  representantes  dos 
Polícias,  sem  que  a  lei  sindical  seja  desvirtuada  ou  esquecida  e  que,  mais  uma  vez, 
vejamos  a  negociação  tornar‐se  numa  mera  formalidade  de  audição.  Queremos 
acreditar  que  o  Governo  terá  a  preocupação,  a  responsabilidade  e  sensibilidade 
necessárias  na  negociação  de  um  diploma  que  irá  definir  a  vida  profissional  do 
efectivo da PSP nas próximas décadas. Mas, caso se venha a confirmar o contrário, os 
Polícias canalizarão todas as suas energias em defesa dos direitos de todo o Efectivo, 
porque  sabemos  que,  simultaneamente,  estaremos  a  lutar  pelos  direitos  de  toda  a 
sociedade: O direito à segurança com a qualidade que, nos dias de hoje, é exigida, e 
por um futuro de uma Instituição cada vez mais necessária num Estado de Direito.  

A  constante  evolução  da  sociedade  portuguesa  nas  últimas  décadas,  inserida 


num contexto europeu  de livre‐circulação de pessoas e bens, acarretou vantagens e 
desvantagens. Sem fronteiras, menor controlo, o crime organizado e violento passou a 
não conhecer países ou territórios, actuando, em poucas horas, em pontos distantes e 
distintos, até em países diferentes. Para este perigo alertámos também os sucessivos 
Governos. A nossa posição foi sempre desvalorizada.  

A  julgar  por  declarações  recentes  de  entidades  responsáveis,  o  ano  de  2008 
ficará marcado por um aumento da criminalidade organizada e violenta, para nós não 
é novidade, sentimo‐lo diariamente no terreno.  

Mesmo assim, quando, no Verão passado, fomos assolados por uma onda de 
criminalidade, uns desvalorizaram‐na e atribuíram à Comunicação Social as culpas da 
excessiva  mediatização  de  crimes  normais.  Outros  descobriram  nas  notícias 
motivações políticas. Para nós, apenas veio confirmar aquilo que era inevitável e cujas 
respostas a dar podiam e deviam ter sido atempadamente colocadas em campo.  

Mas  convém  recordar  que  também  a  pequena  criminalidade  tenderá  a 


aumentar  e  a  isso  certamente  que  não  é  alheia  a  situação  económica  do  país.  O 
aumento  do  desemprego,  os  baixos  salários  e  a  precariedade  no  emprego,  são 
factores  potenciadores  de  criminalidade.  Mas  a  isto  não  é  só  à  PSP  que  cabe 
responder.  Os  sucessivos  Governos  esqueceram  as  políticas  sociais  e  de  emprego, 
deixando de olhar pelos cidadãos, para se debruçarem sobre números e estatísticas, 
esquecendo que, por trás de cada número, está um ser humano. E são os polícias que, 
nas diversas zonas do País, nas suas Esquadras, se vão confrontando com este tipo de 
problemas,  tentando  encontrar  soluções  para  situações  para  as  quais  eles  próprios 
não  estão  vocacionados,  mas  que  sabem  a  importância  da  sua  actuação  na  possível 
orientação daquele que já pouco ou nada tem a perder.  

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É  também  pelo  normal  funcionamento  da  sociedade  que  lutamos,  enquanto 
elementos integrantes de um pilar fundamental do sistema democrático.  

Mas  sabemos  que  tem  de  haver  vontade  política  para  que  possamos 
desenvolver a nossa actividade na sua plenitude. E isso só é possível com Profissionais 
da Polícia motivados, que se sintam apoiados pelos actos da Hierarquia e do Governo. 

É por tudo isto que lutamos na ASPP/PSP; pelo respeito, pelo reconhecimento, 
pela dignidade e credibilidade da nossa tarefa.  

É  também  por  isso  que  peço  a  todos  aqueles  que  nos  acompanham  nesta 
árdua tarefa, Dirigentes e Delegados de todas as categorias profissionais, que, depois 
de  eleitos,  assumam  um  compromisso  e  uma  responsabilidade  ainda  maiores, 
obrigando a que sejam ainda melhores profissionais, a empenharem‐se ainda mais na 
execução  da  nossa  nobre  missão  como  Profissionais  de  Polícia,  mas  que  saibam 
também  dignificar  pelos  seus  actos  o  sindicalismo  na  Polícia  de  Segurança  Pública, 
sendo  por  certo  que  tem  sido  esta  postura  que  nos  tem  segurado  toda  a  razão  das 
nossas reivindicações. 

Hoje, faz mais sentido que nunca um Sindicato forte e unido na representação 
dos Profissionais da Polícia, tendo sempre em mente o mote que transportamos na 
nossa bandeira: “Para Nossa Defesa”. 
 

Paulo Rodrigues 
Presidente da ASPP/PSP 

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