Bancos APELAÇÃO+juros Rurais ROGÉRIO+E+LINDOLFO+LOUSA
Bancos APELAÇÃO+juros Rurais ROGÉRIO+E+LINDOLFO+LOUSA
Bancos APELAÇÃO+juros Rurais ROGÉRIO+E+LINDOLFO+LOUSA
EXCELENTSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3.VARA CVEL DA COMARCA DE GOINIA GOIS.
ROGRIO ANTNIO LOUSA E LINDOLFO LOUSA FILHO, j devidamente qualificados nos autos supra indicados, respeitosamente, vem perante Vossa Excelncia, no se conformando com a respeitvel sentena de fls., apelar, em conformidade com o artigo 514 requerendo se digne V. Exa. de receber o presente recurso e mandar process-lo, remetendo os autos quele colendo Tribunal, onde esperam os apelantes seja o recurso provido, como de direito. Informando ainda, para efeitos de recolhimento de guia no recurso apelatrio, o valor dado causa no ao declaratria foi de R$ 1.000,00 (mil reais).
Das razes do apelo por ROGRIO ANTNIO LOUSA e LINDOLFO LOUSA FILHO.
Colendos Desembargadores, I DOS FATOS. Com todas as vnias, a respeitvel e confusa sentena que julgou ao mesmo tempo pela improcedncia da ao, mergulhando no mrito da demanda, merece ser reformada em homenagem a este Tribunal, visto que no foi obra da merecida justia e aplicao da lei que o caso comporta. Trata-se de ao declaratria, que continha os seguintes pedidos:
(...) Em arremate, requerem os Promoventes que V. Ex. se digne de julgar a pendenga nos seguintes moldes:
a) Por conflitarem com as regras entabuladas no Cdigo de Defesa do Consumidor e do Cdigo Civil, regras estas relevadas neste arrazoado, pede, na forma do art. 6, inc. V do CDC, que V. Exa se digne de ANULAR, total ou parcialmente, as clusulas contratuais que exceda os limites declaratrios desta sentena, condenando reviso contratual e reclculo do saldo devedor, a ser apurado em liquidao de sentena, quando afastadas a cobrana indevida e concretizando a restituio do indbito/compensao de crdito; b)que a comisso de permanncia seja excluda do pacto e, diante da ausncia de correo monetria no crdito rural, como pedido sucessivo, que a mesma seja substituda pelo INPC; c) seja afastada a capitalizao dos juros remuneratrios aplicando-se a remunerao de forma linear; d) que os juros remuneratrios sejam limitados a 12%(doze por cento) ao ano, inclusive levando-se em considerao toda e qualquer pactuao remuneratria no seu somatrio;
e) seja deferida a INVERSO DO NUS DA PROVA; f) afastar juros moratrios em patamares acima de 1%(um por cento) ao ano; g) que V. Exa defina, por sentena, novo cronograma de pagamento, onde pede-se que o eventual saldo devedor encontrado seja postergado para quitao junto com a parcela final do pacto, com a continuidade do pagamento sucessivo das parcelas por vencer dentro das datas fixadas, abatido o crdito em favor do Promovente, em face da repetio do indbito, sob pena de multa diria de R$1.000,00(um mil reais)(obrigao de fazer); h) excluir a cobrana da correo monetria, seja pela Taxa Referencial(TR) ou pela Taxa de Juros de Longo Prazo(TJLP), multa contratual acima de 2%(dois por cento) e comisso del-credere, esta ltima seja de forma capitalizada ou no; i) determinar a CITAO da Requerida, por Carta, com AR, para, querendo, vir contestar a presente Ao de Revisional de Contrato c/c Restituio de Indbito, no prazo de 15 (quinze)dias, sob pena de confisso e revelia; j) que a R condenada a devolver as quantias pagas e as cobradas a maior, em virtude das ilegalidades citadas e encontradas na sentena, em dobro, compensando-se em caso de eventual crdito remanescente; l) seja afastada da renegociao da dvida os dbitos relativos a multa, mora, taxa de inadimplemento, honorrios advocatcios e custas processuais; m) condenar no nus de sucumbncia em face do que disciplina a legislao processual civil, onde de j estipula-se, respeitante aos honorrios advocatcios, que a seja levado em conta : i) que ao em cotejo complexa; ii)o tempo despendido para a soluo desta causa; iii) o lugar de prestao dos prstimos advocatcios; iv) a natureza e a importncia da querela; n) protesta provar o alegado por toda espcie de prova admitida (CFed, art. 5, inciso LV), nomeadamente pelo depoimento do representante
legal da Promovida(CPCiv, art. 12, inciso VI), oitiva de testemunhas a serem arroladas opportuno tempore, juntada posterior de documentos como contraprova, percia contbil, exibio de documentos pela Promovida, tudo de logo requerido.
Espantosamente, o eminente magistrado, furtivamente, eximiu-se de aplicar tanto as disposies legais pertinentes, para num critrio subjetivista, alternativo, imiscuir em sua sentena premissas que no apenas ferem o ordenamento jurdico, mas, o desconsideram completamente. Seno vejamos: II DA NECESSIDADE DE REVISO DA SENTENA. II.1. - DO CDC (SMULA 297, STJ).
O Cdigo de Defesa do Consumidor aplicvel s instituies financeiras.
Os produtores rurais so contemplados pela proteo jurdica emanada do referido instrumento. A propsito, eis o seguinte excerto jurisprudencial do Superior Tribunal de Justia, in verbis:
J decidiu o STJ que, em hipteses como a presente de produtor rural, so aplicveis os regramentos do Cdigo de Defesa do Consumidor. Nesse sentido, REsp. n 556.815/SP, de minha relatoria, DJ de 10/10/2003 e REsp. n 208.793/MT, 3 Turma, Relator Ministro Carlos Alberto Menezes Direito, DJ de 01/08/2000, este ltimo assim ementado: A expresso 'destinatrio final', constante da parte final do art. 2, do Cdigo de Defesa do Consumidor, alcana o produtor agrcola que compra adubo para o preparo do plantio, medida que o bem adquirido foi utilizado pelo profissional, encerrando-se a cadeia produtiva respectiva, no sendo objeto de transformao ou beneficiamento. Submete-se, assim, o contrato, s regras do CDC. Consectrio de tal entendimento a possibilidade da reduo da multa contratual, quando verificada a abusividade da clusula. Assim, perfeitamente possvel a reduo tal como feita pelo acrdo recorrido, que considerou as circunstncias fticas e contratuais para definir como abusivo o percentual de 10% (STJ, AI n 665.522, Deciso Monocrtica, Relatora: Min Nancy Andrighi, Data da Publicao DJ de 20.09.2005). (grifei).
II.2. - DA MULTA DE 2%. Por conseguinte, aplica-se ao caso o disposto no art. 52, 1, da Lei Consumerista, cuja redao foi alterada pela Lei n 9.298/96, in verbis:
Art. 52. (....). 1 - As multas de mora decorrentes do inadimplemento de obrigaes no seu termo no podero ser superiores a 2% (dois por cento) do valor da prestao.
Com efeito, a colenda Corte Especial de Justia j definiu que o alongamento de dvida rural constitui direito subjetivo do devedor, com vistas a implementar a poltica agrcola de carter protetivo e de incentivo definida no art. 187, inc. I, da Constituio Federal de 1988, evidentemente, desde que atendidos os requisitos legais; no se tratando de mera faculdade atribuda instituio financeira credora. E neste sentido os precedentes que seguem:
DIREITO ECONMICO. CRDITO RURAL. SECURITIZAO. ALONGAMENTO DA DVIDA RURAL. DIREITO DO MUTURIO. I.
direito do devedor, desde que atendidos os requisitos legais, o alongamento das dvidas originrias de crdito rural. II. Verificada na instncia de origem o direito securitizao,
afasta-se a exigibilidade do crdito rural, bem como a higidez do ttulo executivo. III . Agravo desprovido. (AgRg no AgRg no REsp 788.897/RS, Rel. Ministro ALDIR PASSARINHO JUNIOR, QUARTA TURMA, julgado em 29/06/2006, DJ 21/08/2006 p. 264) Processual civil. Bancrio. Recurso especial.
Cdula de crdito rural hipotecria. Prequestionamento. Ausncia. Securitizao da dvida rural. Direito subjetivo.
Reexame de prova. Interpretao de clusula contratual. Vedao. ndice de atualizao monetria. Taxa de juros a longo prazo. Pactuao. - O recurso especial carece de prequestionamento a respeito de tema no debatido no acrdo recorrido. - Preenchidos os requisitos
legais, o alongamento da dvida constitui um direito do devedor e no mera faculdade das instituies financeiras. Precedentes. - Inadmissvel o revolvimento de matria
ftico-probatria em sede de recurso especial, tampouco a interpretao de clusula contratual. - Quando pactuada, possvel a aplicao da TJLP como fator de atualizao monetria. Precedentes. Recurso especial parcialmente conhecido e provido. (REsp 525.651/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 14/10/2003, DJ 10/11/2003 p. 192)
A matria, ademais, j restou sumulada pelo Egrgio Superior Tribunal de Justia, verbis:
Smula 298. O alongamento de dvida originada de crdito rural no constitui faculdade da instituio financeira, mas, direito do devedor nos termos da lei.
O conjunto probatrio constantes dos autos, a seu turno, demonstra efetivamente o atendimento dos requisitos para que ocorra a renegociao da dvida, nos termos da Lei 9.138/95.
certo que em razo de incessantes frustraes de safras agrcolas, do descompasso entre a inflao que sempre assombrou a economia brasileira, dos reajustes de preos e, sobretudo em considerao aos encargos cobrados nos financiamentos pelas instituies financeiras, surgiu uma situao generalizada de inadimplncia nas dvidas contradas, ensejando um movimento comum no sentido de serem dadas solues polticas e legislativas ao problema. A atuao do Governo Federal em face das inmeras manifestaes de todos os setores produtivos culminou com a Lei n 9.138, de 29.11.1995, que instituiu a securitizao das dvidas agrrias, oriundas de financiamentos de culturas rurais. A regulamentao veio atravs de Resolues do Banco Central, especialmente, a Resoluo n 2.238, de 31.01.1996, que estabeleceu o prazo decadencial para o benefcio, e que iria at 29.02.1996. Nesse compasso, de se ressaltar que o Tribunal da Cidadania, recorrentemente, tem considerado que a securitizao um direito do devedor e no mera faculdade das instituies financeiras em proceder o alongamento das dvidas. O art. 4 da Resoluo n 2.666, de 11 de novembro de 1.999, acrescentou os incisos IV, V e VI ao art. 1, 1, da Resoluo n 2.471, de 26 de fevereiro de 1.998, autorizando, destarte, a renegociao de dvidas originrias de crdito rural, podendo abranger, inclusive, dvidas decorrentes de emprstimos de crdito rural que tenham sido formalizados entre 20 de junho de 1.995 e 31 de dezembro de 1.997, no sujeitos a encargos financeiros prefixados e desde que no tenha havido prtica de desvio de crdito ou outra ao dolosa.
O Mestre ARNALDO RIZZARDO (in Contratos de Crdito Bancrio, 5 edio, pg. 259) obtempera que:
a mesma Resoluo prev mais casos, ou explicitao de obrigaes contempladas. No art. 1, inc. I, letra a, exige-se que as dvidas tenham sido formalizadas com base na legislao e regulamentao aplicvel ao crdito rural. Na letra e, permite o benefcio at para as dvidas desclassificadas do crdito rural, mas desde que no tenha havido desvio do crdito, ou de outra ao dolosa do devedor. Na alnea f, impe o prazo para a assuno das dvidas, at 30.11.1995. Grifei.
O Superior Tribunal de Justia, atravs da Smula 298, j consolidou o entendimentos segundo o qual o produtor pode alongar a dvida. Observe o teor da Smula 298 do STJ:
O alongamento de dvida originada de crdito rural no constitui faculdade da instituio financeira, mas, direito do devedor nos termos da lei.
Excelncia, no se disse que no seriam vlidos os contratos firmados entre as partes, conforme creu o subscritor da pea de rebate as fls. 140, porm, no se pode permitir a convalidao de suas ilegalidades. Veja Vossa Excelncia, que o contrato rural em questo, prev juros, multas e substituio do ndice de remunerao dos juros no caso de inadimplncia, no prev a forma de capitalizao referindo-se apenas ao chamado mtodo hamburgues, que nem de longe pode ser trasliterado para capitalizao. Isto a Lei sobre cdulas rurais, Dec.-lei 167/67 no previu, e como tal no pode obter o amparo pretendido, data vnia, pelo que se pretende na presente ao, a Embora no configurado como causa, e sim efeito, o desequilbrio contratual o cerne desta causa. Em razo da proibida capitalizao dos juros, da ilegalidade na fixao dos critrios de recomposio do capital, e da cobrana excessiva, criminosa, de juros, no teve - e nem poderia ter - outro destino o contrato em questo. De um lado a vantagem exagerada, o bnus forjado, o enriquecimento imoral; de outro a absurda desvantagem, o nus injusto, o empobrecimento irremedivel. Fosse numa partida de xadrez, "venceu a inteligncia", poderiam dizer alguns; "falta de sorte", diriam outros. Mas em se tratando de uma relao jurdica plenamente regulada pelo Direito Positivo, em que figuram pessoas fsicas e jurdicas capazes, no nos
dado entregar lamria, pois esta a vida real. O que nos cabe agir, operadores do direito que somos, para trazer de volta o direito e a justia que pela fraqueza ou pela malcia do homem foram afastados.
No que tange proteo ao efetivo equilbrio contratual numa relao de consumo, como o caso, o prprio Cdigo de Defesa do Consumidor traz, repetimos, j no sexto artigo, o dispositivo de segurana:
"Art.6 So direitos bsicos do consumidor: V - a modificao das clusulas contratuais que estabeleam prestaes desproporcionais ou a sua reviso em razo de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas;" Cdigo de Defesa do Consumidor, Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990; artigo 6, inciso V. (grifo nosso)
Alm de dispor sobre as clusulas abusivas, j mencionadas, o Cdigo do Consumidor traz no artigo 47 o princpio da interpretao pr-consumidor, o que segundo Alberto do Amaral Jnior (Comentrios ao Cdigo de Proteo ao Consumidor, 1 ed., Saraiva, 1991, pgina 184), mais do que o princpio do contra proferentem, pelo qual o nus da dvida recai sobre o predisponente. Aqui o bnus ser sempre do aderente, no caso consumidor. o texto:
"As clusulas contratuais sero interpretadas de maneira mais favorvel ao consumidor." Cdigo de Defesa do Consumidor, Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990; artigo 47. (grifo nosso)
A Lei 8.078/90 visa, neste caso, cuidar mais dos contratos chamados "de adeso", que so normalmente os instrumentos da irregularidade contratual, j por sua natureza de predisposio unilateral. Eis porque tratou de bem conceitu-los, no caput do artigo 54:
"Contrato de adeso aquele cujas clusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou servios, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu contedo." Cdigo de Defesa
E no presente caso, o contrato em tela de adeso, massificado e no d aos RECORRENTES escolha, seno o de submeter-se ao poder do economicamente mais forte, ou seja, a instituio financeira. Assim que o contrato em questo se molda e merece a guarida do CDC. Entendemos que tal questo, repetida tantas vezes, sequer seria necessria, visto que nossos magistrados, tem acompanhado de perto as significativas mudanas na jurisprudncia, na proteo do hipossuficiente frente ao capitalismo selvagem do hiperssuficiente, razo pela qual se configura a litigncia de m f do requerido, que demonstra o despreparo de seus assessores jurdicos, postulando contra literal disposio legal. Datissima vnia, o requerido deveria saber que no demonstrou a conta corrente vinculada operao, tal como determina o art. 4. do Dec.-lei 167/67, portanto, as operaes devem ser periciadas, haja vista que cincia jurdica no permite alegaes empricas ou fantasiosas. O RECORRIDO aduz que a evoluo do saldo dos contratos se deu de acordo com as clusulas contratuais. Sendo as clusulas contratuais dos encargos financeiros nulas de pleno direito, pela excessiva cobrana de juros acima de 3 por cento ao ano, capitalizados mensalmente, no contratados, e juros modificados pelo que se chama de perodo de inadimplncia, obviamente que qualquer conta que apresente no possui liquidez alguma, porque:
Processual Civil. Iliquidez da conta grfica ou extrato vinculado. I - Conta grfica ou extrato vinculado a ttulo executivo extrajudicial documento que, se manifestando ilquido, deve a execuo ser desconstituda. II recurso conhecido e provido. (Resp. n. 36.626-7,
GOIS, 3. Turma).
No julgamento do RESP 138931/RS, cujo relator foi o ministro Eduardo Ribeiro, a requerimento do Banco do Brasil S/A contra Eduardo Fialho Kurtz, pela 3. Turma do STJ, no dia 09/02/2000, publicada no DJ do dia 18/02/2000, a deciso negando seguimento ao recurso, restou assim formulada, transcrita na parte que interessa:
...decidiu a Segunda Seo deste Tribunal, ao apreciar o Recurso Especial 111.881, sendo a seguinte a ementa do acrdo, no que interessa: O Dec.-lei 167/67, art. 5. posterior Lei n. 4.595/64 e especfico para as cdulas de crdito rural, confere ao Conselho Monetrio Nacional o dever de fixar os juros a serem praticados. Ante a eventual omisso desse rgo governamental, incide a limitao de 12% ao ano, prevista na Lei de Usura (Decreto n. 22.626/33), no alcanando a cdula de crdito rural o entendimento jurisprudencial consolidado na Smula n. 596 STF. Cumprindo a este rgo uniformizar a jurisprudncia entre as
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turmas do Superior Tribunal de Justia que decidem as questes pertinentes a Direito Privado, curvo-me a essa orientao.
Tambm sobre o aumento da taxa de juros em razo da inadimplncia, o referido recurso tambm se reporta, demonstrando sua impossibilidade total. In verbis:
No tem razo o recorrente quanto a possibilidade de aumento da taxa de juros, em razo do inadimplemento, em mais de um por cento ao ano, consoante o disposto no pargrafo nico do art. 5. do Dec.-lei 167/67. Nesse sentido inmeros precedentes, entre os quais os Recursos Especiais 28.907, 50.931, 56.962, 57.548, 59.672, 60.081, 63.487, 76.798, 97.668, 106.621, 131.835, 132.730, 140.967, 143.180, 143.973 e 152.948. Observe-se que a substituio dos encargos normais altera a taxa de juros, prtica vedada pelo mencionado dispositivo..........Nego seguimento ao recurso.
Portanto, pela j consolidada jurisprudncia das turmas do STJ, a limitao na cdula de crdito rural de 12% ao ano, vedado aumento por inadimplncia em mais de 1% ao ano. Conforme o requerido afirmou, a cdula se reporta a clculos pelo mtodo hamburgus. Tal mtodo no configura a pactuao de capitalizao de juros. claro portanto, que se fosse pactuada a capitalizao, esta seria devida, em face do teor da Smula 93 do STJ e do prprio art. 5. do Dec.-lei 167/67. Ocorre que a expresso calculados pelo mtodo hamburgus, no guarda nenhuma relao com a capitalizao de juros permitida pelo mencionado Dec.-lei e no pode assim ser interpretado. Portanto, inaplicvel ao caso concreto, a smula 93 do STJ, j que no encontra respaldo na simples afirmao de utilizao do mtodo hamburgus. O STJ, sobre este tema, j se posicionou, demonstrando a total impossibilidade de entender que mtodo hamburgus ou outro brocardo como juros calculados ms a ms, configurassem a capitalizao mensal. Vejam estes arestos, dos ltimos julgamentos sobre a matria pela superior instncia:
AGRESP 225573/RS ; AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL(1999/0069835-5) - DJ DATA:26/06/2000 PG:00163 - Min. WALDEMAR ZVEITER (1085)- 25/04/2000 - T3 TERCEIRA TURMA ementa: PROCESSUAL CIVIL E DIREITO ECONMICO - AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSOESPECIAL CDULA DE CRDITO RURAL - - JUROS - CAPITALIZAO MTODO HAMBURGUS - IMPOSSIBILIDADE - INAPLICAO DA TR -PRECEDENTES DO STJ. I - A capitalizao mensal dos juros no crdito rural somente permitida quando expressamente pactuada, sendo insuficiente a referncia ao mtodo hamburgus. II -......omissis...... III Agravo regimental desprovido. AGRESP 232786/RS ; AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL(1999/0087953-8)- DJ- DATA: 05/06/2000 PG:00170 - Min. SLVIO DE FIGUEIREDO TEIXEIRA (1088) 18/04/2000 - T4 - QUARTA TURMA ementa: COMERCIAL. AGRAVO
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NO RECURSO ESPECIAL. MTUO RURAL. CAPITALIZAO MENSAL. NO PACTUAO. RECURSO DESPROVIDO. - A Corte fixou entendimento no sentido de que, nos casos expressamente autorizados por norma especfica, como no mtuo rural, se admite sejam os juros capitalizados, desde que observadas as prescries legais e a pactuao nos contratos, no sendo suficiente a simples referncia cobrana mensal dos juros ou aplicao do mtodo hamburgus. Provimento negado. AGA 257851/RS ; AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO(1999/0075572-3)- DJ- DATA: 29/05/2000 PG:00153 - Min. WALDEMAR ZVEITER (1085)- 10/04/2000 - T3 TERCEIRA TURMA ementa: AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - CDULA DE CRDITO COMERCIAL - JUROS LIMITAO CAPITALIZAO MENSAL MTODO HAMBURGUS - TR NO PACTUADA. I - Nas cdulas de crdito comercial, a taxa de juros no pode ultrapassar os 12% ao ano, salvo se houver autorizao especfica do conselho monetrio nacional. II - A referncia ao mtodo hamburgus e cobrana mensal dos juros no suficiente para se extrair a concluso inequvoca de que houve a pactuao de juros sobre juros. III - ...omissis.... IV - Agravo regimental improvido.
Logo, as disposies pertinentes a capitalizao de juros, ausentes como j demonstradas, confrontam e violam os arestos supra mencionados, bem como o artigo 5. do Dec.-Lei 167/67, porque nitidamente, mtodo hamburgus, no configura a capitalizao de juros. Excelncia. A toda saciedade e evidncia, mostra-se necessria uma percia em toda a contratualidade, para que sejam de fato expurgados os encargos ilegais. Alis, no se pode esquecer como lembra o aclamado Prof. HUMBERTO THEODORO JNIOR que,
alm do interesse da parte, em jogo na lide, h o interesse estatal em que a lide seja composta de forma justa e segundo as regras do direito (Processo de Conhecimento. 3, ed., Rio de Janeiro: Forense, p. 452).
Sabe-se que a mora, no nosso sistema, exige o elemento subjetivo, pois s existe mora culposa (art. 963 do CC/1916). J ensinava Orosimbo Nonato, na sua linguagem enxuta:
Como quer que seja, em nosso Direito, e em face dos textos legais citados, o tema no comporta dvidas ou entredvidas. Exato desconter o artigo 955 do Cdigo Civil aluso culpa: considera-se em mora o devedor que no paga ou o credor que no recebe, no tempo, lugar e forma convencionados. Mas o art. 963, complementar do 955, dispe s avessas: No havendo fato ou omisso imputvel ao devedor, no incorre este em mora... Ampla e constante, iterada e reiterada tem sido na
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jurisprudncia dos tribunais a aplicao do artigo 963 suso transcrito (Curso de Obrigaes, 2 parte, v.1/300; no mesmo sentido, Osvaldo Optiz, Mora no Negcio Jurdico, p. 12, e Washington de Barros Monteiro, Dir. das Obrigaes, 1 parte, p.261). (grifei)
Deste raciocnio, podemos concluir que no estariam os RECORRENTES obrigados a pagar, seno o que fosse efetivamente devido. Nos autos, no foi que se observou. O RECORRIDO confessa que sobre referido alongamento, cobrou valores excessivos, abusivos, em total e absoluta discrepncia com o que era devido. Destas premissas, resulta que o prprio ato do RECORRIDO causador da inadimplncia, o que nos remete ao artigo 963 do CC/1916:
No havendo fato ou omisso imputvel ao devedor, no incorre este em mora...
Da, que os clculos do contrato devem ser periciados, remetidos a sua plena origem, sem encargos de mora algum, j que a cobrana, ilegal, impediu a remio oportune tempore. Este entendimento no isolado, mas completamente atual, como se desprende dos julgados colacionados, in verbis:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DISSDIO JURISPRUDENCIAL CONFIGURADO. COBRANA INDEVIDA DE ENCARGOS. MORA DEBENDI. INOCORRNCIA. 1. Abrandam-se os rigores formais exigidos para a demonstrao da divergncia jurisprudencial quando pela transcrio das ementas dos acrdos paradigmas notrio o dissdio que se pretende confirmar, principalmente quando o confronto se d com precedentes deste Tribunal, achando-se a matria pacificada em sentido diverso do aresto atacado. Precedentes. 2. firme o entendimento desta Corte no sentido de que o credor, ao pretender na cobrana mais do que tem direito, dificulta o pagamento a ser realizado pelo devedor, afastando a caracterizao da mora. 3. Agravo regimental no provido. (AgRg nos EDcl no REsp 740.940/RS, Rel. Ministro FERNANDO GONALVES, QUARTA TURMA, julgado em 28.06.2005, DJ 15.08.2005 p. 330) CRDITO RURAL. MULTA - Artigo 71 do Decreto-Lei 167/67. Considera-se indevida uma vez que se reconheceu ter o devedor motivo para no efetuar o pagamento nos termos pretendidos. (REsp 163884/RS, Rel. Ministro EDUARDO RIBEIRO, TERCEIRA TURMA, julgado em 29.06.1998, DJ 15.03.1999 p. 218)
E nem precisavam os RECORRENTES terem depositado o que entendiam ser devido, vez que o Superior Tribunal de Justia, sempre atento ao dinamismo processual, entendeu ser esta uma faculdade, no exigida por quem teve valores abusivamente onerados. Neste sentido, o julgado adiante:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. COBRANA INDEVIDA DE ENCARGOS. MORA DEBENDI. INOCORRNCIA. AO CONSIGNATRIA. FACULDADE. 1. firme o entendimento desta Corte no sentido de que o credor, ao pretender na
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cobrana mais do que tem direito, dificulta o pagamento a ser realizado pelo devedor, afastando a caracterizao da mora. 2. No est o devedor obrigado a ajuizar consignatria quando lhe exigido mais do que o devido, por ser esta providncia facultativa. 3. Agravo regimental no provido. (AgRg no REsp 716.187/RS, Rel. Ministro FERNANDO GONALVES, QUARTA TURMA, julgado em 17.05.2005, DJ 06.06.2005 p. 345)
Alis, como se coteja da legislao apropriada, no Crdito Rural a avaliao do pacto vista como uma regra bsica, ou seja, a busca da origem do dbito a partir da cdula primeira(Resoluo BACEN n 2.220/95, art 1, IV, b; n 2238/96, art. 1, VIII, b).
RESOLUO BACEN n 2.238, de 31/01/96 Art. 1 - Estabelecer as seguintes condies e procedimentos a serem observados na formalizao das operaes de alongamento de dvidas originrias de crdito rural, de que trata a lei n 9.138, de 29.11.95: VIII fica assegurada a reviso dos clculos dos encargos financeiros, (...): b) a reviso deve retroceder operao original quando os saldos devedores passveis de alongamento forem resultantes de operaes cujos recursos tenham sido empregados na liquidao de dvidas anteriores;
Ademais, com advento do novo cdigo civil( Lei n 10.406, de 10 de janeiro de 2002 ), podemos, ainda mais, ratificar tal orientao, ou seja, a de que devem prevalecer os preceitos de ordem pblica em especial quanto s normas que dizem respeito funo social do contrato --, em detrimento das estipulaes particulares. H, dessarte, o chamado dirigismo contratual, onde o Estado intervm nas relaes dos particulares.
CDIGO CIVIL Art. 421 A liberdade de contratar ser exercida em razo e nos limites da funo social do contrato. Art. 2035 A validade dos negcios e demais atos jurdicos, ... Pargrafo nico Nenhuma conveno prevalecer se contrariar preceitos de ordem pblica, tais como estabelecidos por este Cdigo para assegurar a funo social da propriedade e dos contratos.
Importante ressaltar que, de regra, nas renegociaes das dvidas originrias do crdito rural, obrigatria que se faa o expurgos necessrios.
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No caso em espcie, vale ressaltar, em momento algum houvera o expurgo dos encargos como estipulado por lei. Em verdade, impende destacar, far-se-ia mister a excluso da cobrana, quando do alongamento, dos dbitos relativos a:
Multa; Mora; Taxa de inadimplemento; Honorrios advocatcios; Custas processuais
Encontramos tal comando em diversas regras que conduzem o crdito rural, o que destacamos abaixo:
RESOLUO 2.220, de 06/12/95 Art. 1 - Estabelecer as seguintes... (...) III para fins de alongamento, o saldo devedor total deve ser calculado com base nos encargos financeiros previstos nos contratos originais para a operao em curso normal, at a data do vencimento pactuado. A partir do vencimento de cada operao, incidiro os encargos financeiros totais at o limite mximo de 12% a.a. (doze por cento) ao ano mais o ndice de remunerao bsica dos depsitos de poupana, expurgandose, se houver: (...) b) os dbitos relativos a multa, mora, taxa de inadimplemento e honorrios advocatcios de responsabilidade da instituio financeira;
RESOLUO 2.238, de 31/01/96 Art. 1 - Estabelecer as seguintes... (...) III para fins de alongamento de dvidas vencidas at 30/11/95, o total do saldo devedor deve ser calculado com base nos encargos financeiros previstos nos contratos originais para operao enquanto em curso normal, at a data do vencimento pactuado. A partir do vencimento at 30.11.95, incidiro encargos financeiros totais at o limite mximo de 12% a.a.(doze por cento) ao ano mais o ndice de remunerao bsico dos depsitos de poupana, expurgando-se, se houver: (...) b) os dbitos relativos a multa, mora, taxa de inadimplemento e honorrios advocatcios de responsabilidade da instituio financeira;
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RESOLUO 2.471, de 26/02/98 Art. 1 - Autorizar a renegociao de dvidas originrias do crdito rural sob condies especiais, ... Art. 2 - Para fins da renegociao de que trata esta Resoluo, o saldo devedor deve ser apurado com observncia das seguintes condies: I os valores no renegociados com base no art. 5 da Lei 9.138/95 e na Resoluo n 2.238/96, sujeitam-se: a) at a data do vencimento pactuado no instrumento de crdito ou da repactuao de que trata esta Resoluo, a que ocorrer primeiro: aos encargos financeiros previstos no instrumento de crdito original para a situao de normalidade; b) do vencimento pactuado at a data da renegociao: a incidncia de remunerao bsica dos depsitos de poupana mais taxa efetiva de juros de 12% a.a.(doze por cento ao ano), ficando excludos os encargos relativos a mora, multa e inadimplemento;
LEI n 10.177, de 12 de janeiro de 2001 Art. 1 - A partir de janeiro de 2000, os encargos financeiros dos financiamentos concedidos com recursos dos Fundos Constitucionais de Financiamento do Norte, do Nordeste e do Centro-Oeste, de que trata a Lei n 7.827, de 27 de setembro de 1989, sero os seguintes: (...) Art. 3 - Os bancos administradores dos Fundos Constitucionais de Financiamento ficam autorizados a adotar, nas assunes, renegociaes, prorrogaes e composies de dvidas, as seguintes condies: I o saldo devedor da operao, para efeito da renegociao da dvida, ser apurado sem computar encargos por inadimplemento, multas, mora e honorrios de advogado;
LEI n 10.464, de 24 de maio de 2002 Art. 1 - Fica autorizada a repactuao e o alongamento de dvidas oriundas de operaes de crdito rural, contratadas com abrigo do Programa Especial de Crdito para Reforma Agrria PROCERA, cujos muturios estejam adimplentes com suas obrigaes ou as regularizem at 31 de outubro de 2002, observadas as seguintes condies: (...)
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Art. 4 - Os muturios com obrigaes vencidas em anos anteriores a 2001 tero duas alternativas para enquadramento nas disposies do art. 1: I pagamento de dez por cento, no mnimo, do somatrio das prestaes integrais vencidas, tomadas sem bnus e sem encargos adicionais de inadimplemento, repactuando-se o restante no saldo devedor;
necessrio, portanto, que seja feito o expurgo dos encargos ora evidenciados, quando cobrados indevidamente no pacto ora em estudo, o que de logo requer que o sejam afastados quando da sentena a ser proferida no presente feito, a ser apurado seu montante em percia contbil, ou, como pedido sucessivo, diante da liquidao da sentena. No caso em vertente, constata-se, s claras, a indevida cobrana de encargos. A parte, pois, merece a repetio daquilo que pagou a maior, ou, por outro lado, a compensao em eventual dbito que ainda exista.
Antigo Cdigo Civil Art. 964 Todo aquele que recebeu o que lhe no era devido fica obrigado a restituir. A mesma obrigao incumbe ao que recebeu dvida condicional antes de cumprida a condio.
A tica, dessarte, a que veda o enriquecimento sem causa. No h, inclusive, que se prove o erro no pagamento,
..j que os dbitos so lanados na conta pela prpria instituio financeira.(STJ-4 Turma REsp n 184237 Rel Min Csar Asfor Rocha j. 13/11/2000) (...). Admite-se a repetio do indbito ou a compensao de valores pagos em virtude de clusulas ilegais, em razo do princpio que veda o enriquecimento injustificado do credor. (STJ - 4 Turma REsp n 440718/RS - Rel Min Aldir Passarinho Jnior j. 24/09/2002) MUTURIO CORREO MONETRIA DEVOLUO EM DOBRO LEI N 8.078/90. I No poderia o agente financeiro, sob pena de ofensa regra pacta sunt servanda, posteriormente, cobrar correo monetria e juros moratrios. II direito dos autores repetio de indbito, do que pagou em excesso, acrescido de correo monetria e juros legais. III Apelao improvida. (TRF-2 Regio Ap n 127269 3 Turma Rel. Juza Tnia Heine j. 03/11/1999)
E, de outro compasso, a restituio dever ser em dobro daquilo que pago a maior.
CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR
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Art. 42 Na cobrana de dbitos, o consumidor inadimplente no ser exposto a ridculo, nem ser submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaa. Pargrafo nico O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito repetio do indbito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correo monetria e juros legais, salvo hiptese de engano justificvel.
Como dito anteriormente, a legislao do crdito rural tem regras especiais que se distanciam das normas do direito comum. Verifica-se, aqui, que a instituio financeira estipulou clusulas contrrias ao ordenamento jurdico, e, mais, perfez a cobrana de dbito acima do valor devido. Em razo de tal conduta, vale ressaltar, sobreveio aspectos restritivos e inoportunos boa conduo financeira dos Autores, relevando limitaes na sua receita. Isto gerou a incapacidade de pagamento. Neste diapaso, Excelncia, faz-se mister a alterao no cronograma de pagamento do dbito pactuado, objeto da presente. A legislao do crdito rural, como apregoado alhures, possibilita tal desiderato. Alis, o crdito rural voltado, ao revs da conduo dos emprstimos financeiros comuns, para os interesses do muturio e fortalecimento, sobretudo, do setor rural(Lei n 4.829/65).
MANUAL DE CRDITO RURAL(Cap 2 seo 6 item 09) Independentemente de consulta ao Banco Central, devida a prorrogao da dvida, aos mesmos encargos financeiros que antes pactuados no instrumento de crdito, desde que comprove incapacidade de pagamento do muturio, em conseqncia de:
LEI N 8.171/91 Art. 50 A concesso de crdito rural observar os seguintes preceitos bsicos: V prazos e pocas de reembolsos ajustados natureza e especificidade das operaes rurais, bem como capacidade de pagamento e s pocas normais de comercializao dos bens produzidos pelas atividades financeiras.
Como se percebe, pelas regras acima, as normas so cogentes no sentido de viabilizar a alterao do cronograma da pagamento. Diga-se, mais, que tal medida no importar qualquer prejuzo instituio financeira, posto que, luz do Manual de Crdito Rural, na regra acima exposta, na prorrogao da dvida ser concretizada com base ..aos mesmos encargos financeiros antes pactuados no instrumento de crdito.
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De outro lado, tal providncia jurdica, ou seja, a modificao do cronograma de pagamento, tem respaldo diante da legislao consumerista, da qual cuida de conceder ao Estado-Juiz o poder de modificar ajustes contratuais(CDC, art. 6, V). II.5. DO CERCAMENTO DE DEFESA.
O D. Juzo a quo ao proferir a r. sentena de fls. 170/174 entendeu em julgar a mesma antecipadamente. Julgando antecipadamente o mrito, quando existiam provas fundamentais a serem produzidas, e arroladas tempestivamente, o D. Juzo a quo feriu os princpios constitucionais do contraditrio e da ampla defesa, previstos no artigo 5, inciso LV da Constituio Federal/88, bem como o artigo 130 do Cdigo de Processo Civil, que determina a realizao de todas as provas necessrias instruo do processo, seno vejamos: Art. 5. Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos seguintes termos: LV aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e a ampla defesa, como meios e recursos a ela inerentes; Art. 130. Caber ao juiz de ofcio ou a requerimento da parte, determinar as provas necessrias instruo do processo, indeferindo as diligncias inteis ou meramente protelatrias. Por contraditrio deve entender-se, de um lado, a necessidade de dar conhecimento da existncia da ao e de todos os atos do processo s partes, e de outro a possibilidade de as partes reagirem aos atos que lhe sejam desfavorveis. A recorrente tem direito de deduzir suas pretenses e defesas, de realizar as provas que requereu para demonstrar a existncia de seu direito, direito de ser ouvido igualmente no processo em todos os seus termos. Como se extrai da exegese dos dispositivos acima, a ampla defesa e o contraditrio so direitos dos litigantes, e no uma mera faculdade. Indeferindo o pedido de produo de provas foram tolhidos os direitos da recorrente ao contraditrio pleno e a ampla defesa, ferindo nossa Lei Maior. Teve a recorrente violado o direito de contraditrio, de defender-se plenamente e refutar as alegaes que lhe foram impingidas. Trazendo colao os ensinamentos proferidos pelo ilustre doutrinador De Plcido e Silva, em sua obra Vocabulrio Jurdico, 15 ed., Editora Forense, Rio de Janeiro, 1998, temos o seguinte significado do que vem a ser a palavra cercear, inclusive sua aplicao na esfera jurdica, seno vejamos:
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CERCEAR. Na linguagem comum, cercear quer dizer cortar cerce, cortar pela raiz. Na terminologia jurdica, o verbo frequentemente aplicado para mostrar todo e qualquer ato restritivo de liberdade, ou da ao da pessoa, seja perante a justia ou fora dela. Assim, todo e qualquer obstculo criado por outrem a que algum exera o ato que de seu direito, ao de cercear, ou cerceamento acerca do que se pretendia praticar. E tal circunstncia, parte de autoridade ou promane de particular, constitui atentado liberdade ou ao direito da pessoa, cujo ato, ou ao, foi ou est sendo cerceada. CERCEAR A DEFESA. a expresso frequente na prtica forense. Mas no sentido jurdico, neste que se lhe d continuamente, seja em Direito Processual Civil ou em processo criminal, cercear a defesa no quer dizer cortar rente a defesa, o que seria tirar toda a defesa.
mais benigna a interpretao. E, assim, quer, com justa razo, indicar qualquer obstculo criado defesa, seja no seu todo ou na menor parcela dela
Portanto, a produo de provas meio necessrio. Julgando de plano, consequentemente indeferindo a produo de provas requerida pela recorrente, alm de ferir a Constituio, a deciso contraria tambm diversos outros dispositivos legais do Cdigo de Processo Civil:
Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legtimos, ainda que no especificados neste Cdigo, so hbeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ao ou a defesa.
Art. 400. A prova testemunhal sempre admissvel, no dispondo a lei de modo diverso. O juiz indeferir a inquirio de testemunhas sobre fatos: I j provados por documento ou confisso da parte; II que s por documento ou por exame pericial puderem ser provados. O D. Juzo a quo tampouco analisou o pedido de exibio de documentos e percia contbil, indeferindo tambm a produo desta prova. Foram retirados da recorrente toda e qualquer oportunidade de produo de provas para confirmar as alegaes expendidas pelo mesmo, importando em cerceamento de defesa da recorrente. A jurisprudncia unnime no sentido de que o indeferimento de produo de provas constitui cerceamento ao direito de defesa, como vemos de alguns julgados, que apesar de falarem sobre percia contbil, podem ser analogicamente aplicados, no presente caso: Apelao Cvel. Embargos Execuo. Percia Contbil. Cerceamento de Defesa. Ocorrncia. Sentena Cassada. H necessidade de percia contbil, quando pendentes de comprovao questes de fato no
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apuradas pelas provas carreadas para os autos. Requerida oportunamente a percia e sendo imprescindvel para a obteno do quantum devido, seu indeferimento configura cerceamento de defesa. (Ap. Cv. n. 46.142-6/188, TJGO, 2 Cm. Cvel, Rel. Des. Jalles Ferreira da Costa, DJ 27/08/98, p. 8) Execuo por Ttulo Extrajudicial. Alegao de Fatos Pendentes de Prova e Manifestao de Interesse em produzi-las. Julgamento antecipado da lide. Cerceamento de defesa.(...) II Se o devedor alega, nos embargos, fatos suscetveis de comprovao, manifestando interesse em produzir provas, o julgamento antecipado a lide importa em cerceamento de defesa. (Ap. Cv. n. 42040-4/188, TJGO 2 Cm., DJ 23.5.97, p. 8) O entendimento do Egrgio Superior Tribunal de Justia, tambm neste sentido: Existindo necessidade de dilao probatria para aferio de aspectos relevantes da causa, o julgamento antecipado da lide importa em violao do princpio do contraditrio, constitucionalmente assegurado, s partes e um dos pilares do devido processo legal. (STJ 4 Turma, Resp 7.004-AL, Rel. Min. Slvio de Figueiredo, j. 21.08.91, deram provimento, v.u., DJU 30.09.91, p. 13.489) Evidenciando-se a necessidade de produo de provas, pelas quais, alis protestou o autor, ainda que genericamente, constitui cerceamento de defesa o julgamento antecipado da lide, fundado exatamente na falta de prova do alegado na inicial. (STJ 3 Turma, Resp 7.267-RS, Rel. Min. Eduardo Ribeiro, j. 20.03.91, deram provimento, v.u., DJU 8.4.91, p. 3.887) Assim, o D. Juzo a quo proferiu uma deciso que negou vigncia aos dispositivos de leis federais - artigos 130, 332 e 400 todos do Cdigo de Processo Civil, e ainda ao artigo 5, inciso LIV e LV da Constituio Federal. E no demais ressaltar que o D. Juzo deixou claro um verdadeiro contra senso na deciso ora objurgada. Mas com o julgamento antecipado, sem a possibilidade de produo de prova, onde restou assegurado aos recorrentes a defesa da forma mais ampla possvel? Com base neste entendimento, vejamos o que ressaltou o Egrgio Superior Tribunal de Justia: O princpio do contraditrio, com assento constitucional, vincula-se diretamente ao princpio maior da igualdade substancial, sendo certo que essa igualdade, to essencial ao processo dialtico, no ocorre quando uma das partes se v cerceada em seu direito de produzir prova ou debater a que se produziu (STJ 4 Turma, REsp. 998/PA, rel. Min. Slvio de Figueiredo Ementrio do STJ n. 1/378).
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Isto Posto, dever ser este E. Tribunal declarar a nulidade da r. sentena proferida, determinando o retorno dos autos Vara de Origem para que sejam produzidas as provas postuladas pelos recorrentes, quais sejam, exibio de documentos, percia contbil, dentre outras.
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Fundamentar significa o magistrado dar as razes, de fato e de direito, que o convenceram a decidir a questo daquela maneira. A fundamentao tem implicao substancial e no meramente formal, donde lcito concluir que o juiz deve analisar as questes postas a seu julgamento, exteriorizando a base fundamental de sua deciso. Por vrios argumentos justifica-se a existncia da motivao da sentena. Esta ato de vontade, mas no ato de imposio de vontade autoritria, pois assenta num juzo lgico, posto que a sentena se traduz em ato de busca de justia, e desta devem ser convencidas no somente as partes, mas tambm a opinio pblica. Portanto, aquelas e esta precisam conhecer os motivos da deciso, sem os quais no tero elementos para se convencerem de seu acerto, sendo que a motivao da sentena se redunda de exigncia de ordem pblica. Assim, diante da importncia da motivao das decises, principalmente devido ao fato de esta surgir como uma manifestao do estado de direito, o art. 93, IX da Constituio, estabelece que as decises judiciais devem ser motivadas sob pena de nulidade, cominao que vem expressamente designada no texto constitucional, seno vejamos: Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, dispor sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princpios: ... IX - todos os julgamentos dos rgos do Poder Judicirio sero pblicos, e fundamentadas todas as decises, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presena, em determinados atos, s prprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservao do direito intimidade do interessado no sigilo no prejudique o interesse pblico informao; Importante ressaltar que normalmente a Constituio Federal no contm norma sancionadora, sendo simplesmente descritiva e fundada em princpios, afirmando direitos e impondo deveres. Mas a falta de motivao, segundo o ilustre doutrinador Nelson Nery Jnior, em sua obra j citada, p. 177, vcio de tamanha gravidade que o legislador constituinte, abandonando a tcnica de elaborao da Constituio, cominou no prprio texto constitucional a pena de nulidade. Ora, no caso em tela vislumbra-se que o Nobre Julgador Singular limitou-se a apenas expor seu ponto de vista com relao ao julgamento antecipado do mrito, sem oportunizar recorrente a produo de provas, mas no houve a exposio dos motivos jurdicos de sua deciso e que exigncia dos artigos 458 do CPC e 93, inciso IX da Constituio Federal. Em momento algum houve por parte do juzo a quo a fundamentao de seu convencimento, quer este amparado em textos legais, em doutrina ou jurisprudncia, caracterizando verdadeira afronta aos princpios constitucionais da fundamentao das decises, bem como do devido processo legal.
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As decises do Poder Judicirio querem sejam administrativas, querem jurisdicionais, tm de ser necessariamente fundamentadas, sobe pena de nulidade, cominada no prprio texto constitucional, sendo que, a exigncia de fundamentao das decises judiciais a manifestao do princpio do devido processo legal. Isso porque, o princpio da motivao das decises judiciais, como j ressaltado em linhas pretritas, um consectrio lgico da clusula do devido processo legal. At se ele no viesse inscrito nos incisos IX e X do art. 93, a obrigatoriedade de sua observncia decorreria da exegese do art. 5, LIV. Nesse sentido, importante trazer lume os ensinamentos do afamado doutrinador Uadi Lammgo Bulos, em sua obra Constituio Federal Anotada, Editora Saraiva, 2000, p. 834, sobre a importncia e necessidade da fundamentao dos atos decisrios do Poder Judicirio, seno vejamos:
Ainda quando os rgos do Poder Judicirio decidam administrativamente, suas sentenas devem ser fundamentadas. Fundamentar significa dar as razes, de fato e de direito, pelas quais se justifica a procedncia ou improcedncia do pedido. O ministro, desembargador, ou juiz tem necessariamente de explicar o porqu do seu posicionamento. No basta que a autoridade jurisdicional escreva: denego a liminar ou ausentes os pressupostos legais, revogo a liminar. A dico constitucional inadmite a chamada motivao implcita, ou seja, aquela em que o julgado no evidencia um raciocnio lgico, direto, explicativo e convincente da postura adotada. Da o art. 93, IX, cominar pena de nulidade pela no observncia do princpio. Para que uma deciso seja motivada no basta a meno pura e simples aos documentos da causa, s testemunhas ou transcrio dos argumentos dos advogados. O requisito constitucional s ser satisfeito se existir anlise concreta de todos os elementos e demais provas dos autos, exaurindo-lhes a substncia e verificando-lhes. S assim a rigidez de um decisum se aferir, compatibilizando-se com a mensagem insculpida no preceito em epgrafe.
Outrossim, cabe ainda trazer colao os ensinamentos precisos do afamado doutrinador Antnio Cludio da Costa Machado, em sua obra Cdigo de Processo Civil Interpretado, Editora Saraiva, p. 392, que, ao comentar o inciso II do art. 458, traz, com grande propriedade, as razes para a exigncia do sistema processual da motivao ou fundamentao das decises, seno vejamos: O fundamento ou motivao da sentena requisito diretamente ligado ao princpio do livre convencimento (art. 131) exigido pelo sistema processual por trs razes: a) a sentena ato de vontade do Estado que deve traduzir justia e no arbtrio, de sorte que deve convencer no s as partes envolvidas, mas tambm a opinio pblica; b) a exigncia de motivao, por si s, assegura o exame criterioso dos fatos e do direito pelo juiz; c) somente
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por meio do convencimento da motivao da sentena possvel ao tribunal julg-la justa ou injusta, certa ou errada, por fora do recurso da parte vencida. De acordo com o texto, so
objeto de fundamentao as questes (pontos controvertidos) de fato e de direito. ... A falta de enfrentamento de todo um fundamento jurdico apresentado pelo autor ou de todo um fundamento da defesa sinnimo de falta de motivao, tornando nula a sentena.(Grifos nossos) No caso em tela, vislumbra-se claramente a ausncia de fundamentao da sentena, posto que o Honrado Julgador Monocrtico limitou-se a apenas expor seu ponto de vista, no mencionando os verdadeiros motivos jurdicos de sua deciso. Ora, todo ato decisrio deve conter fundamentao para se fazer valer o brocardo dai-me os fatos que eu te darei o direito, sob pena de ser revestido pelo vcio da nulidade, como ocorre no presente caso. A r. sentena prolatada est sem qualquer fundamentao, limitando-se o Nobre Julgador Singular, data vnia, a expor seu ponto de vista, sem contudo, deixar claro os verdadeiro motivos legais de sua deciso, devendo, dessa forma, Emritos Julgadores, ser considerado ato NULO, no merecendo produzir qualquer efeito no mundo jurdico. Dessa feita, se faz imperiosa a declarao de nulidade da r. sentena de fls. 363/380, posto que este no observou um dos seus requisitos essenciais, qual seja, a fundamentao, acarretando o cerceamento de defesa. Nesse sentido, caminha a opinio dos Tribunais, seno vejamos: Falta de relatrio e motivao acarretam indubitvel e inafastavelmente a nulidade da sentena (TJSC 3 Cmara Cvel, Apelao n. 30.528, rel. Des. Nestor Silveira, j. 23.05.89). A ausncia de motivao da deciso foi tida como ensejadora de cerceamento de defesa, uma vez que, no estando fundamentado o ato judicial, fica a parte concretamente obstada de discutir a justia ou a legalidade da deciso (2 TACSP 7 Cmara Cvel, Ap. c/Rev 225.973-5, rel. Boris Kauffmann, j. 20.09/88). No nula a deciso com fundamentao suscinta, mas a que carece de devida motivao, essencial ao processo democrtico (STJ 4 Turma, REsp. 19.661-0-SP, rel. Min. Slvio de Figueiredo, DJ 08/06/92). Bem diversa da sentena com motivao suscinta a sentena sem fundamentao, que agride o devido processo legal e mostra a face de arbitrariedade, incompatvel com o Judicirio democrtico (STJ 4 Turma, REsp. 18.731-PR, rel. Min. Slvio Figueiredo, DJ 30/03/92). NULIDADE. FALTA DE FUNDAMENTAO. nula a deciso proferida sem qualquer fundamentao (TRF 4 Regio 3 Turma, AG 406832-RS, rel. Juiz Slvio Dobrowolski, DJU 30/10/1991).
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Assim, devido a ausncia de motivao da r. sentena prolatada nos autos em referncia s fls. 170/174, a sua nulidade dever ser declarada em obedincia ao dispositivo constitucional, entendimento doutrinrio e jurisprudencial, posto que o Nobre Julgador Singular apenas se limitou a expor seu ponto de vista referente a matria trazida pela recorrente a juzo, no merecendo, dessa forma, o r. ato decisrio produzir qualquer efeito no mundo dos fatos e no mundo jurdico.