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Sensores Atuadores Piezoeletricos

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UNIVERSIDADE DE SO PAULO

E s co l a de Eng enh a r ia de Lo ren a EE L

Eletrnica e Instrumentao

Sensores e Atuadores Piezoeltricos

Prof Carlos Shigue

Alunos:

Ana Maria da Silva Abel Sandro Galisteu Luiz

Lorena, maio de 2010

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NDICE 1- Introduo 2- Mecanismo 3- Constantes Piezoeltricas a) Constante de carga piezoeltrica d b) Constante de tenso piezoeltrica g c) Coeficiente de acoplamento k d) Fator de qualidade mecnico Q e) Temperatura de Curie TC

4- Materiais Piezeltricos 4.1 Monocristalinos 4.2 Policristalinos 4.3 Polmeros 4.4 - Metais

5- Transdutores 5.1 Sensores Piezeltricos 5.2 Atuadores Piezeltricos

6- Amplificadores 7- Concluso 8- Referncias

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1- INTRODUO O fenmeno conhecido como "piezoeletricidade" foi descoberto h mais de cem anos pelos irmos Pierre e Jaques Curie. O primeiro trabalho sobre esse assunto foi apresentado em 1880 e tratava apenas do efeito piezoeltrico direto. Logo aps em 1881, o efeito piezoeltrico inverso foi reportado. Apesar disso, esse material foi utilizado em uma aplicao prtica pela primeira vez por Paul Langevin no desenvolvimento de sonares durante a primeira guerra mundial. Langevin utilizou cristais de quartzo acoplados a massas metlicas (inventado o transdutor tipo Langevin) para gerar ultrassons na faixa de algumas dezenas de KHzs. Aps a primeira guerra mundial, devido dificuldade de se excitar transdutores construdos com cristais de quartzo, por estes demandarem geradores de alta tenso, iniciou-se o desenvolvimento de materiais piezoeltricos sintticos. Estes esforos levaram descoberta e aperfeioamento, nas dcadas de 40 e 50, das cermicas piezoeltricas de Titanato de Brio pela ento URSS e Japo, e das cermicas piezoeltricas de Titanato Zirconato de Chumbo (PZTs) pelos japoneses. O desenvolvimento das cermicas piezoeltricas foi revolucionrio. Alm de apresentarem melhores propriedades que os cristais depois de polarizadas, tambm oferecem geometrias e dimenses flexveis por serem fabricadas atravs da sinterizao de ps cermicos conformados via prensagem ou extruso. Atualmente as cermicas piezoeltricas tipo PZT, em suas diversas variaes, so as cermicas predominantes no mercado. Tambm podemos encontrar outros materiais, como por exemplo, o PT (PbTiO3) e o PMN (Pb(Mg1/3Nb2/3)O3), utilizados em dispositivos que exigem propriedades especiais e muito especficas, como transdutores para alta temperatura. Piezoeletricidade uma das propriedades bsicas de grande parte dos cristais, cermicas e polmeros. Existem vrias maneiras de se descrever o efeito. Talvez, a definio mais comum que "um material considerado piezoeltrico se a aplicao de uma tenso mecnica causa o desenvolvimento de um deslocamento eltrico interno". Este deslocamento se manifesta como uma polarizao eltrica interna ou atravs do aparecimento de cargas eltricas na superfcie do material. O

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efeito piezeltrico reversvel, ou seja, materiais podem sofrer deformao, normalmente uniaxial, quando na presena de um campo eltrico. O efeito piezoeltrico est intimamente relacionado simetria dos cristais e condio primordial para o seu aparecimento que o material no apresente centro de simetria. De todas as classes cristalinas, apenas os representantes com centro de simetria no podem apresentar o efeito. Praticamente todas as outras classes exibem algum efeito piezoeltrico diferente de zero, embora s vezes este efeito seja muito pequeno.

2 MECANISMO Observando a Figura 1 vemos uma estrutura de quartzo no estado natural. No notamos a presena de dipolos eltricos, pois, as cargas esto em equilbrio, ou seja, os centros de gravidade positivo e negativo so coincidentes.

Figura 1: Estrutura de quartzo no estado natural

Nas figuras 2a e 2b vemos que o cristal sofreu um esforo mecnico de compresso e trao, respectivamente. Isso fez com que o centro de simetria das cargas eltricas positivas no coincidisse com o centro de simetria das cargas negativas, dando origem a um dipolo eltrico.

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a)

b)

Figura 2: a) Efeito da compresso. b) Efeito da Trao.

3 CONSTANTES PIEZOELTRICAS Para selecionar um material piezeltrico para aplicaes tecnolgicas procura-se, em geral, se conhecer algumas de suas propriedades, entre elas podemos destacar: a) Constante de carga piezoeltrica d (m / V ou C / N) Informa qual a proporo entre a variao dimensional (l) do material piezoeltrico (em metros) e a diferena de potencial aplicada (em Volts), e entre a gerao de cargas eltricas (em Coulombs) e a fora aplicada no material (em Newtons). Essa informao usada principalmente em projetos de posicionadores piezoeltricos e sensores de fora/deformao. b) Constante de tenso piezoeltrica g (V.m / N) Informa qual a proporo entre a diferena de potencial gerada (em Volts) e a fora aplicada (em Newton) para o comprimento de 1 metro. Essa informao usada no projeto de detonadores de impacto e magic clicks (produz uma centelha eltrica que acende a chama de um fogo).

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c) Coeficiente de acoplamento k (Adimensional) Eficincia do material na transduo / converso de energia eltrica em mecnica e vice versa. Essa informao indispensvel no controle de qualidade das cermicas piezoeltricas e no projeto de dispositivos em que no se deseja a converso cruzada de energia, ou seja, que uma vibrao ou deformao em um eixo no gere cargas eltricas ou diferena de potencial em outro eixo. Neste caso, quanto menor o respectivo fator de acoplamento melhor. d) Fator de qualidade mecnico Q (Adimensional) uma medida das perdas mecnicas (amortecimento) do material. Usado no projeto de dispositivos dinmicos de alta potncia. e) Temperatura de Curie TC ( C) a temperatura na qual a estrutura cristalina do material sofre uma transio de fase e o mesmo deixa de apresentar propriedades piezoeltricas. Depois de ultrapassada esta temperatura, o material perde a polarizao remanescente induzida tornando-se intil para a utilizao como elemento transdutor de energia eltrica em mecnica. Essa informao indispensvel no projeto de dispositivos que devero operar em altas temperaturas e de alta potncia. Pode-se considerar um sistema piezeltrico como um acoplamento de um sistema mecnico e eltrico e descrev-lo, de forma simplificada, pelas seguintes equaes: D = d + E S = s + dE D Vetor deslocamento eltrico Permissibilidade dieltrica d Coeficiente piezeltrico S Deformao E Campo eltrico s Coeficiente elstico Tenso mecnica

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4 MATERIAIS PIEZOELTRICOS 4.1 Monocristais Os primeiros materiais piezeltricos utilizados foram os monocristais, particularmente o quartzo, que desde ento seguem sendo os mais utilizados para aplicaes como osciladores estabilizados e componentes que funcionam com ondas acsticas de superfcie. Como principais vantagens dos cristais, destacam-se suas altas temperaturas de Curie, alta estabilidade trmica e alto fator de qualidade mecnico (Q). Porm, a obteno de cristais de alta qualidade requer processos de crescimento caros e que demandam muito tempo como os mtodos Czochralski ou Bridgeman, por exemplo. Por serem anisotrpicos os cristais requerem cortes em orientaes especficas para que possam ser utilizados de forma adequada. Como principais exemplos de materiais piezoeltricos monocristalinos podemos citar: Quartzo Niobato de ltio Tantalato de ltio Dihidrogenosulfato de amnio Sulfato de ltio monohidratado Tartarato de sdio e potssio tetra-hidratado (Sal Rochelle) 4.2 Policristalinos As cermicas piezoeltricas so corpos macios semelhantes s utilizadas em isoladores eltricos. So constitudas de inmeros cristais microscpicos com propriedades ferroeltricas, sendo inclusive denominadas como policristalinas. Particularmente nas cermicas tipo PZT (zirconato de chumbo) estes pequenos cristais possuem estrutura cristalina tipo Perovskita que apresenta frmula geral ABO3, simetria tetragonal, rombodrica ou cbica simples, dependendo da temperatura em que o material se encontra. Estando abaixo de uma determinada temperatura crtica, conhecida como temperatura de Curie, a estrutura Perovskita

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apresenta a simetria tetragonal em que o centro de simetria das cargas eltricas positivas no coincidem com o centro de simetria das cargas negativas, dando origem a um dipolo eltrico. Para que ocorram manifestaes macroscpicas necessria uma orientao preferencial destes domnios, conhecida como polarizao. Todavia esta polarizao se esvaece com o tempo e uso, inutilizando o material para a transformao de energia eltrica em mecnica. A Figura 3 abaixo mostra como se comportam os domnios do PZT antes, durante e depois da polarizao. a)

b)

c)

Figura 3: a) PZT sem polarizao. b) Material com aplicao de campo eltrico. c) Material aps a polarizao. Entre os principais exemplos de materiais piezoeltricos policristalinos podemos citar: Titanato de brio Titanato de clcio Titanato de chumbo Titanato Zirconato de Chumbo (PZT)

A figura 4 mostra as estruturas cristalinas das piezocermicas mais conhecidas: o Titanato de brio e o Titanato Zirconato de chumbo (PZT), respectivamente.

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Figura 4: Titanato de Brio e Titanato Zirconato de chumbo (PZT), respectivamente. 4.3 Polmeros O principal exemplo de polmero piezoeltrico o PVDF (polifluoreto de vinilideno) que, quando tracionado e polarizado em altos campos eltricos, apresenta propriedades piezeltricas superiores as do quartzo, porm inferiores as das cermicas. PVDF um polmero que apresenta cristalinidade de 40-50% e piezeltrico apenas na fase . Ele se destaca dos restantes materiais polimricos devido elevada permissividade relativa que possui, sua inrcia qumica e por possuir propriedades mecnicas interessantes para algumas aplicaes. Tais propriedades, acompanhadas de elevada elasticidade, fcil processamento e de propriedades eltricas extraordinrias, permitiram a esses materiais inmeras aplicaes em tecnologia: desde os simples condensadores a sensores e atuadores. 4.4 Metais Os cientistas criaram um novo material metlico, base de platina, mas com nanoporos. O novo material se expande e se contrai sob a ao de uma corrente eltrica. Desta forma, o material converte diretamente energia eltrica em mecnica e vice-versa. Nos experimentos at agora efetuados, o efeito foi utilizado para alterar a ligao atmica dos tomos da superfcie do material. Neste caso, os tomos da superfcie tendem a se mover para posies mais prximas ou mais distantes dos

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seus vizinhos. Em contraste com os slidos macroscpicos, o compartamento das nanopartculas principalmente ditado pelo comportamento de suas superfcies. Isto fez com que a alterao das distncias dos tomos causasse o aumento ou a diminuio de cada partcula como um todo. Em decorrncia disso, com a alterao do tamanho de todas as nanopartculas, alterou-se tambm o tamanho de todo o slido. Alteraes nas dimenses do slido de 0,15% foram conseguidas com a aplicao de tenses menores do que um volt. Essa nova descoberta poder tornar possvel vises como msculos de metal para robs miniaturizados ou para pequenas prteses.

5 TRANSDUTORES ELETROMECNICOS O efeito piezoeltrico direto ou inverso levou a criao dos transdutores eletromecnicos. Transdutores eletromecnicos so dispositivos que convertem energia eltrica em energia mecnica, e vice-versa. Esses transdutores encontraram aplicaes quando so usados de forma passiva (sensor) ou ativa (atuador).

5.1 Sensores Piezoeltricos Na forma passiva, o transdutor s recebe sinais. Aqui a propriedade piezoeltrica direta do material explorada de forma a obter uma voltagem a partir de uma tenso mecnica externa. Em instrumentos musicais eltricos e microfones, por exemplo, as vibraes mecnicas dinmicas (das cordas ou da voz) so transformadas em sinais eltricos (voltagem alternada) que so ento amplificados e convertidos em som atravs de amplificadores. As balanas eletrnicas encontradas em supermercados ou aquelas muito precisas usadas em laboratrios de pesquisa tm seu funcionamento baseado na piezeletricidade, pois utilizam cristais que se polarizam ao sofrerem uma

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deformao. Podemos ainda citar como outros exemplos: hidrofones,

extensmetros, pickups de DJ's, ignitores de gs e sensores vibracionais. 5.2 Atuadores Piezoeltricos No modo ativo, o transdutor, usando a propriedade piezoeltrica inversa dos materiais, recebe um sinal eltrico e muda suas dimenses, enviando um sinal mecnico para o meio. Transdutores ultrassnicos feitos de materiais piezeltricos (10 kHz a 70 kHz) so usados para produzir imagens e em aplicaes de alta potncia. Na rea da medicina, eles so usados em aparelhos de exames de ultrassom, convertendo energia eltrica em energia mecnica e vice-versa, produzindo as ondas ultrassnicas. O mesmo princpio tambm usado no mapeamento de trincas em ensaios no destrutivos de materiais. Suas aplicaes incluem: sonares, micro-bombas (empregadas em impressoras jato de tinta e micro-pipetas) e micro-posicionadores (eletrnica).

6 AMPLIFICADORES As cermicas piezoeltricas, devido ao seu alto mdulo de Young, proporcionam deslocamentos extremamente pequenos, tipicamente da ordem de alguns nanmetros, mesmo para campos eltricos intensos; ou sinais eltricos muito baixos para uma tenso mecnica relativamente alta. Dessa maneira, em determinadas aplicaes prticas, normalmente no se utilizam as cermicas isoladamente, sendo necessrio amplificar seus deslocamentos ou as respostas eltricas. Para tanto, utilizam-se artifcios ou amplificadores destes sinais, como os amplificadores de voltagem para sinais eltricos e diafragmas de autofalantes.

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7 CONCLUSO Apesar de a piezeletricidade ser um conceito conhecido a mais de um sculo, ainda h um grande investimento, alm de estudos contnuos, em novos materiais e aplicaes. Devido a essa fascinante propriedade de converter energia mecnica em eltrica e o inverso, os materiais piezoeltricos possuem grande potencial na produo de energia limpa e renovvel, como alguns estudos que visam utilizar asfalto piezoeltrico para gerao de energia. O desenvolvimento da tecnologia seria impossvel sem equipamentos como sensores, motores, transformadores, balanas entre outros. Tambm tem aplicao em aparelhos com alto grau de importncia como os aparelhos de ultrassom para uso medicinal. 8 REFERNCIAS

Measument, Instrumentation and Sensors, The Handbook John G. Webster. SENSOR EM FIBRA PTICA APLICADO CARACTERIZAO DE ATUADORES PIEZOELTRICOS FLEXTENSIONAIS Joo Marcos Salvi Sakamoto. Determinao dos coeficientes piezoeltricos do cristal L-arginina

hidroclordrica monohidratada por difrao mltipla de raios-X usando uma fonte de radiao Sncrotron - Juliana Marcela Abrao de Almeida. Redao do Site Inovao Tecnolgica. Metal piezeltrico. Disponvel em: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.phpartigo=0101600305 09. Acesso em: 10 mai. 2010.

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