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Lei #10259 - 01 Comentada

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LEI 10.259/01, QUE INSTITUIU OS JUIZADOS ESPECIAIS CVEIS E CRIMINAIS NO MBITO DA JUSTIA FEDERAL. ANLISE DOS ARTIGOS.

ARTIGO 1 - "So institudos os Juizados Especiais Cveis e Criminais da Justia Federal, aos quais se aplica, no que no conflitar com esta lei, o disposto na lei n 9.099, de 26 de setembro de 1995". inegvel que a instituio dos Juizados Especiais Cveis e Criminais na Justia Federal representa grande conquista, significando inequvoco avano na prestao de servios judiciais ao povo em geral, e, no particular, a todos quantos pretendem a percepo de benefcios que devam ser concedidos pelo rgo oficial, que o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS. A legislao abrange a camada mais necessitada da populao e, da, o alcance social indiscutvel. visvel que o nmero de idosos cresce diuturnamente, seja atravs de polticas que visam a melhoria de vida, atravs de medidas governamentais de sade em que se erradica bolses de misria e se procura dar atendimento hospitalar e medicamentoso mais acentuado s classes menos favorecidas. Mas, o atendimento mdico e o fornecimento de remdios se prolonga a existncia, no resolve os problemas pecunirios dos trabalhadores, que persistem sonhando com o respeito sua dignidade, como est escrito na Constituio Federal (art. 1-III). Os idosos e os deficientes fsicos precisam da tutela do Estado porque esto alijados da capacidade de produzir, ou se vem lanados a atividades de subempregos, sem que assegure um mnimo de existncia digna. A lei n1744, de 08.12.1995, que regulamentou a lei n 8.742, de 07.12.1993, a lei n 8.842, de 04.01.1994, esto voltadas para a Assistncia Social, na proteo dos deficientes e idosos, constituem a espcie do gnero Seguridade Social e so de importncia vital para sociedade. No se desconhece que a Assistncia Social tem por objetivo atingir a necessidade pblica, estando acima das exigncias de rentabilidade econmica, visando dar ao cidado aquela dignidade de pessoa humana a que faz referncia a Lei Maior (art. 1III), a igualdade de direitos nos acessos a atendimentos, sem discriminaes, com a garantia igualitria de tratamento s populaes urbanas e rurais, em todos os projetos assistenciais. , por fim, o devido cumprimento do que dispe o art. 203-V da Constituio Federal, onde se prev a Assistncia Social. Exatamente em razo das condies extremamente precrias em que idosos e deficientes so atendidos pelo Instituto Nacional do Seguro Social-INSS- quando ali procuram benefcios, sendo-lhes colocadas exigncias normalmente insuperveis para pessoas humildes, desvestidas de cultura e conhecimentos das coisas elementares do dia-a-dia, que avulta a importncia do Juizado Previdencirio, onde tais questes so tratadas com o humanismo e compreenso necessrios. Quem quer fazer reviso de seu benefcio, que foi implantado erroneamente pelo Instituto, ou ele se acha defasado porque no atendida determinada correo prevista em lei, quando bate s portas do INSS tem o comeo de seu calvrio, nas sucessivas idas-e-vindas interminveis, o que, normalmente, conduz ao desnimo e abandono. E tem aqueles que pretendem benefcios por doenas que impedem o trabalho, doenas crnicas, recidivantes, visveis em qualquer exame mdico admissional a um emprego, impedindo a absoro do trabalhador no mercado de trabalho, mas que para o INSS nada significa, eis que os exames realizados so, em sua esmagadora maioria, apenas superficiais. E tem, por fim, aqueles que buscam aposentadoria por idade, especial e rural, cujos pedidos ficam em tramitao administrativa por mais de trs ou quatro anos, com

exigncias as mais variadas possveis, obrigando o segurado a caminhar ao Judicirio, para obter soluo. Tudo isso que levou o legislador a elaborar a lei do Juizado Previdencirio, nica forma encontrada de suprir as deficincias de uma mquina administrativa autrquica reconhecidamente deficiente, seja por falta de recursos, da falta de pessoal qualificado, ou, enfim, por razes polticas que os vrios Governos da Repblica no conseguiram solucionar. Importante lembrar que a lei 10.259/01 tem sua fonte primria na lei 9.099/95, que "Dispe sobre os Juizados Especiais Cveis e Criminais e d outras providncias", disposies que se aplicam subsidiariamente, naquilo que no conflitar com as regras do Juizado Especial Federal. A lei criou um sistema mais simples de distribuio da Justia nos Estados, cuidando de causas que afetam o cotidiano dos cidados, independentemente da condio econmica de cada um deles. No h dvida, entretanto, que alcana diretamente a classe mais humilde de nosso povo, exatamente aqueles que buscam os benefcios e servios assistenciais estabelecidos na Constituio Federal, na lei 8.213/91, Decreto 3048/99 e legislao complementar. Assim, no se pode estranhar que no presente trabalho sejam feitas constantes referncias lei 9099/95 que instituiu os Juizados Cveis e Criminais da Justia da Justia do Estado, pois nessa legislao que se encontra a estrutura legal que informa o Juizado Federal. Ambos institutos esto ligados por estreito cordo umbilical. O artigo 1 da lei 9099/95 estabelece que "o processo orientar-se- pelos critrios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possvel, a conciliao ou a transao." O procedimento instaurado luz da lei 10.259/01 segue precisamente o princpio preconizado no artigo 1 da lei 9099/95 com alguns avanos, especialmente no que tange informatizao, eliminando-se o contingente de papis, folhas que formam os processos na Justia Comum, os carimbos, grampos, etc. No ato da distribuio todos os documentos so escaneados, indo para o computador, assim como as peties que vierem a formar parte do processo. A consulta do processo feita no computador, exclusivamente, no existindo "autos" no sentido que todos esto acostumados a ver. J se eliminou o reconhecimento de firma nas procuraes e h Portaria a ser publicada que dispensa a autenticao de documentos, exigncias na atualidade perfeitamente dispensveis porque oneram, desnecessariamente, todos quantos necessitam do Juizado. J se tem observado que quando est estabelecida a competncia do juizado irrelevante que a causa seja complexa, pois a complexidade jurdica no retira do juizado a sua competncia. A caracterizao da complexidade da causa, alis, tem verificao objetiva e no por mera interpretao subjetiva da parte (RJEsp 10/59), como prelecionam Nelson Nery Jnior e Rosa Maria Andrade Nery, in Cdigo de Processo Civil Comentado, RT pg. 1568- 6 Ed.- 2002. Por outro lado, evidente que os objetivos institudos para um fcil acesso ao Judicirio no podem contrariar a garantia constitucional do artigo 5-LV da Constituio Federal, onde se estabelece: "Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes". Chama-se a ateno para a ausncia de Juzes leigos, no mbito dos Juizados Especiais Federais. No sistema da L. 9.099, eles atuam como auxiliares da Justia, sendo recrutados, preferentemente, entre advogados com mais de 5 anos de experincia (art. 7). A CF (art. 98) admite Juizados Especiais constitudos por juzes togados ou por juzes togados e leigos. Optou-se pela primeira alternativa, entendendo-se inconveniente a existncia de juzes leigos em causas submetidas JF. Prevaleceu a idia de que juzes leigos tm lugar apenas em causas privadas, no devendo participar de causas em que haja interesses do Estado lato sensu.

Sem juzes leigos, os Juizados Especiais Federais perdem um pouco da agilidade e produtividade. No daro conta do imenso nmero de processos de sua competncia, em escala cada vez mais crescente. No que diz respeito ao primeiro grau tem-se novo rito processual e no propriamente um novo rgo jurisdicional. Novidade apenas no segundo grau, com as Turmas Recursais. Assim, a nova Lei h de servir para desafogar os TRFs que esto com enorme massa de processos espera de instruo e julgamento no primeiro grau de jurisdio. ARTIGO 2 - "Compete ao Juizado Especial Federal Criminal processar a julgar os feitos de competncia da Justia Federal relativos s infraes de menor potencial ofensivo. -". Consideram-se infraes de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta lei, os crimes a que a lei comine pena mxima no superior a dois anos, ou multa." A matria criminal refoge dos objetivos do estudo, restritos questo previdenciria. ARTIGO 3- "Compete ao Juizado Especial Federal Cvel processar, conciliar e julgar causas de competncia da Justia Federal at o valor de sessenta salrios mnimos, bem como executar as suas sentenas. 1 No se incluem na competncia do Juizado Especial Cvel as causas: I Referidas no art. 109, incisos II, III e XI, da Constituio Federal, as aes de mandado de segurana, de desapropriao, de diviso e demarcao, populares, execues fiscais e por improbidade administrativa e as demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogneos; II - Sobre bens imveis da Unio, autarquias e fundaes pblicas federais; III - Para anulao ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciria e o de lanamento fiscal; IV - Que tenham como objeto da impugnao da pena de demisso imposta a servidores pblicos civis ou de sanes disciplinares aplicadas a militares. 2- Quando a pretenso versar sobre obrigaes vincendas, para fins de competncia do juizado especial, a soma de doze parcelas no poder exceder o valor referido no art. 3, caput". 3- No foro onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competncia absoluta." O artigo disciplina a competncia e o valor de alada do Juizado Federal. Reitera-se que os estudos desenvolvidos ficam restritos matria previdenciria, que se inclui precipuamente na rbita do Juizado Federal. Estabelece o artigo o limite de sessenta (60) salrios mnimos, que onde se define a competncia do Juizado Federal. Portanto, entende-se, desde que seja ultrapassado o valor de alada, a causa previdenciria dever ser distribuda na Justia Federal. O disposto neste artigo de ser examinado com a norma contida no artigo 17 da lei em exame, onde se define a dispensa do precatrio desde que a condenao se restrinja ao valor estabelecido para a competncia do Juizado Especial Federal Cvel. Art. 17: "Tratando-se de obrigao de pagar quantia certa, aps o trnsito em julgado da deciso, o pagamento ser efetuado no prazo de sessenta dias, contados da entrega da requisio, por ordem do juiz, autoridade citada para a causa, na agncia mais prxima da Caixa Econmica Federal ou do Banco do Brasil, independentemente de precatrio. 1- Para os efeitos do 3 do art. 100 da Constituio Federal, as obrigaes ali definidas como de pequeno valor, a serem pagas independentemente de precatrio, tero como limite o mesmo valor estabelecido nesta lei para a competncia do Juizado Especial Federal Cvel (art. 3, caput)." Assim, a competncia do Juizado Especial Cvel Federal que regula a expedio ou no de precatrio para ao recebimento de quantia certa. As condenaes que excederam sessenta salrios mnimos impem, para efeito de execuo de sentena, a expedio de precatrio, entendimento que encontra suporte no artigo 17- 4 da lei,

onde facultado parte exeqente a renncia ao crdito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatrio. Respeitosamente discorda-se do entendimento esposado pelo eminente Juiz Ricardo Cunha Cimenti em seu livro "Teoria e Prtica dos Juizados Especiais Cveis" (Editora Saraiva - 4 Ed.) onde ele defende a tese de que a sentena condenatria na parte que exceder a 60 (sessenta) salrios mnimos seria ineficaz por fora do art. 39 da lei 9099/95, onde se estabelece: "Art. 39- ineficaz a sentena condenatria na parte que exceder a alada estabelecida nesta lei". Desde que o 4 do art. 17 no impe a renncia do crdito excedente de 60(sessenta) salrios mnimos, mas simplesmente faculta a mesma renncia, razo alguma subsiste para que se tenha por ineficaz a condenao que exceda o patamar de alada do Juizado Cvel Federal. A ineficcia de sentena condenatria na parte que exceder a alada do Juizado s tem aplicao nas causas em que o valor serviu como critrio definidor da competncia. Tal no ocorre, contudo, nas causas previdencirias pelo fato de que no h prescrio do fundo de direito, mas apenas das prestaes excedentes do qinqnio legal. Para exemplificar: ao distribuir a causa previdenciria deve ser dado o valor correspondente a 12 (doze) prestaes vincendas, na forma do comando expresso no 2, que no pode ultrapassar a alada dos 60 (sessenta) salrios mnimos. Ocorre que a ao distribuda pode contar ao final com a condenao da autarquia previdenciria a implantar o benefcio a partir da data "x", que corresponde a cinco anos j vencidos, em obedincia, assim, prescrio qinqenal. evidente que o clculo da condenao poder ultrapassar o referido valor de competncia, uma vez que a somatria das prestaes vencidas, com acrscimo de juros, correes dos benefcios, e, eventualmente, honorrios de advogado ou multas aplicadas (obrigao de fazer), bem que ser possvel de superar a alada estabelecida para o Juizado. Evidente que na hiptese ventilada no ocorreria ineficcia da sentena na parte em que exceder os 60 salrios mnimos. Tambm no se pode esquecer o que decidiu o 1 JEC-SP 4, quando assentou que "a multa decorrente de cominao (astreintes) no integra, para efeito de alada, o valor da causa. Inocorre renncia do valor superior ao limite de alada quando o excesso decorrer de multa cominatria ou nus de sucumbncia". O 3 estabelece que onde estiver instalada Vara do Juizado Especial, a sua competncia absoluta. Tal significa que a causa previdenciria at o valor de alada deve, obrigatoriamente, ingressar no Juizado, no dispondo a parte da faculdade de ingressar na Justia Federal. Essa disposio se afigura inconstitucional porque afronta disposies do Cdigo de Processo Civil, art. 275-II, pedindo-se especial ateno letra "g" do referido artigo de lei, assim como o direito de ao e ampla defesa constante da Lei Maior (art. 5-XXXV e LV). Nelson Nery Jnior e Rosa Maria Andrade Nery prelecionam: 9. Finalidade dos juizados especiais. preciso no se perder de vista a finalidade da instituio dos juizados especiais pela CF/88 e pela lei LJE, que a de oferecer ao jurisdicionado mais uma alternativa que possa ter acesso ordem jurdica justa. O autor pode dirigir sua pretenso tanto ao juizado quanto ao juzo comum, no se lhe podendo subtrair a possibilidade de ver essa pretenso examinada em toda sua plenitude, com ampla defesa garantida pela CF 5 LV, o que s ocorre mediante o procedimento previsto no CPC. Seria ofensivo ao princpio constitucional do direito de ao, bem como ao de ampla defesa (CF 5XXXV e LV), impedir-se o autor de postular perante o juzo comum, com direito a ampla defesa, situao que no lhe assegurada pelo procedimento expedito, sumarssimo, restrito, incompleto, oral e informal dos juizados especiais.

10. ajuizamento facultativo nos juizados especiais. Frise-se que, a entender-se que o ajuizamento previsto no LJE 3 obrigatrio perante o juizado especial, , a um s tempo: a) apenar-se o jurisdicionado, que, ao invs de ter mais uma alternativa para buscar aplicao da atividade jurisdicional do Estado, tem retirada de sua disponibilidade a utilizao dos meios processuais adequados, existentes no ordenamento processual, frustando-se a finalidade da criao dos juizados especiais; b) esvaziar-se quase que completamente o procedimento sumrio no sistema do CPC, que teria aplicao residual s pessoas que no podem ser parte e s matrias que no podem ser submetidas ao julgamento dos juizados especiais. Isto quer significar que o entendimento restritivo s conspiraria contra o acesso justia, porque se restringia o direito de ao do autor, ao passo que se se entender que o ajuizamento das aes perante o juizado especial facultativo, opo do autor estariam sendo atendidos os princpios constitucionais do direito de ao (CF 5 XXXV, da ampla defesa (CF 5 LV), bem como se proporcionando ao autor mais um meio alternativo de acesso justia. Em concluso, o autor pode optar por ajuizar a ao mencionado no LJE 3,ou perante os juizados especiais, se quiser procedimento mais rpido, sumarssimo, informal, restrito, sem obedincia da legalidade estrita, isto , por equidade ( LJE 6), ou perante o juzo comum, pelo rito sumrio, se quiser ter oportunidade de ampla defesa com todos os recursos a ela inerentes e ver sua causa decidida de jure, j que nos sistema do rito sumrio do CPC, o juzo no pode decidir com base na equidade." ( Cdigo de Processo Civil Comentado, pgs. 624/625, RT- 6 Ed- ano 2002). Assim, em resumo, compete ao Juizado Federal processar e julgar: As causas em que a Unio, entidade autrquica ou empresa pblica federal forem interessadas na condio de autoras, rs, assistentes ou oponentes; Os habeas data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competncia dos tribunais federais. O DL 200/67 (art. 5), modificado pelo 900/69, define autarquia como "o servio autnomo, criado por lei, com personalidade jurdica, patrimnio e receita prprios, para executar atividades tpicas da Administrao Pblica, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gesto administrativa e financeira descentralizada"; empresa pblica como "a entidade dotada de personalidade jurdica de direito privado, com patrimnio prprio e capital exclusivo da Unio, criado por lei para a explorao de atividade econmica que o Governo seja levado a exercer por fora de contingncia ou de convenincia administrativa podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em direito". Excluem-se da competncia dos Juizados Especiais as aes: a)- de falncia, de acidentes de trabalho e as sujeitas Justia Eleitoral e Justia do Trabalho; b)- entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Municpio ou pessoa domiciliada ou residente no Pas; c)- fundadas em tratado ou contrato da Unio com Estado estrangeiro ou organismo internacional; d)- sobre direitos indgenas; e)- de mandado de segurana, de desapropriao, de diviso e demarcao, populares, execues fiscais e por improbidade administrativa; f)- sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogneos; g)- sobre bens imveis da Unio, autarquias e fundaes pblicas federais; h)- para a anulao ou cancelamento de ato administrativo federal, salvo o de natureza previdenciria e o de lanamento fiscal; i)- que tenham por objeto a impugnao da pena de demisso imposta a servidores pblicos civis ou de sanes disciplinares aplicadas a militares. A ttulo exemplificativo, apontamos as seguintes aes que, observado o limite de 60 salrios mnimos, sero processadas e julgadas pelos Juizados Especiais:

- previdencirias, como as relativas a penses, auxlio-doena, aposentadorias de trabalhadores urbanos ou rurcolas, ainda que exijam percia mdica ou de insalubridade, periculosidade ou penosidade; - relativas a tributos, como anulatrias ou de repetio de indbito; - de servidores pblicos, relativos a vencimentos e outros direitos, bem como as relativas a punies, exceto a de demisso; - de indenizao por danos materiais ou morais, como as relativas a acidentes envolvendo veculos da Unio, de autarquia ou empresa pblica federal; - relativas ao ensino superior, como as que dizem respeito a matrcula, reprovaes e transferncias; - relativas ao Sistema Financeiro da Habitao; - relativas a condomnios e locao de imveis locados a Unio, autarquia ou empresa pblica federal; - bancrias, como as de reviso de contratos celebrados com a CEF; - propostas contra conselhos profissionais, como a OAB e Conselho Regional de Farmcia. ARTIGO 4 - "O Juiz poder, de ofcio ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de difcil reparao". A finalidade do processo cautelar assegurar o resultado do processo de conhecimento ou do processo de execuo, ensinam Nelson Nery Jnior e Rosa Maria Andrade Nery na obra apontada ao final do artigo anterior, pg. 1069. "Ao satisfativa. H hiptese em que se ajuza a ao, pelo procedimento cautelar, com o objetivo de obteno de medida de cunho satisfativo. Neste caso desnecessria a propositura posterior de ao principal, porque a medida se exaure em si mesma. So denominadas impropriamente pela doutrina e jurisprudncia como cautelares satisfativas.Impropriamente porque no so cautelares, na verdade, j que satisfatividade incompreensvel com cautelaridade. Seria mais apropriado falar-se em medidas urgentes que, tendo em vista a situao ftica concreta, ensejam pedido de liminar ou pedido que se processe pelo rito do processo cautelar." (ob.cit. pg. 1069). Na lei 9099/95 no existe previso expressa no tocante ao deferimento de medida cautelar, circunstncia aperfeioada na lei 10.259/01. O artigo 6 da lei 9099/95 estabelece que "o Juiz adotar em cada caso a deciso que reputar mais justa e equnime, atendendo aos fins sociais da lei e s exigncias do bem comum", disposio que tem sido vista na doutrina e jurisprudncia como o permissivo legal para o deferimento de cautelares. Os juristas entendem que a previso do artigo 5 da LICC refora o iderio de uma Justia voltada para a equidade sempre que esse critrio atender aos fins sociais da lei e s exigncias do bem comum. A equidade seria, dessa forma, uma permisso dada ao Juiz para fazer justia sem sujeitar-se de forma absoluta vontade contida na regra legal: a liberdade para dar a cada um o que seu sem subordinar-se rigorosamente ao direito escrito, na lio do professor Antonio Cludio da Costa Machado (Cdigo de Processo Civil Interpretado, Saraiva, pg. 90). Tendo-se em conta que as aes previdencirias dominam o contingente de feitos em curso nos Juizados Cveis Federais, e, considerando-se tambm que inmeros casos envolvem urgncia no atendimento de pretenses dos segurados, foi feliz o legislador na previso das medidas cautelares. Casos existem, de urgncia, em que o segurado teve o benefcio indevidamente suspenso ou cancelado pela autarquia previdenciria, funcionando a cautelar como medida judicial que poder afastar a indevida resoluo administrativa, reativando o pagamento do benefcio. ARTIGO 5 - "Exceto nos casos do artigo 4, somente ser admitido recurso de sentena definitiva". No mbito dos Juizados Cveis Federais no existe recurso de apelao, mas simplesmente "recurso", que ser apreciado por "Turmas Recursais", como prev o artigo 21 da lei 10.259/01.A Turma Recursal ter um Presidente (artigo 14- 7).

O prazo para recurso de 10 (dez) dias, com aplicao subsidiria do artigo 42 da lei 9099/95. Incabvel no mbito dos Juizados o recurso adesivo, os embargos infringentes e a ao rescisria, os dois primeiros em razo do fato de que tais recursos, previstos nos artigos 500 e 530 do CPC, no so previstos no tocante a acrdo prolatado em recurso inominado da Turma Recursal do Juizado Cvel, e o ltimo na esteira do que disciplina o artigo 59 da lei 9099/95.Pertinentes, entretanto, os embargos declaratrios, admitidos nos artigos 48, 49 e 50 da lei 9099/95, e, tambm, o mandado de segurana contra ato judicial praticado por Juiz singular do Juizado. Desde que o Juizado um Colegiado, o mandado de segurana dever ser dirigido contra o seu Presidente (art. 18 da lei 10.259/01). Diante da celeridade e concentrao que se impe ao andamento dos feitos nos Juizados Cveis Federais e, coerente com as regras inscritas nos artigos 29 e 41 da Lei 9099/95, todos os incidentes processuais devem ser resolvidas na audincia ou na sentena. A prtica tem demonstrado que tal circunstncia vem sendo obedecida, com resultados excelentes. De tudo resulta bem claro, por outro lado, que as decises interlocutrias no transitam em julgado, podendo ser impugnadas no recurso que for interposto contra a sentena o que, em tese, inviabilizaria o agravo de instrumento. Ocorre que h situaes em que o agravo de instrumento se torna rigorosamente indispensvel, notadamente quando o Juiz defere medida cautelar e antecipao de tutela, para evitar dano de difcil reparao. O artigo em comento expresso em ressalvar recurso, que seria o agravo de instrumento, nos casos do artigo 4 da lei, a ser apresentado no prazo de 10 (dez) dias, no dispondo as pessoas jurdicas de Direito Pblico do prazo dobrado (artigo 9 da lei 10.259/01). O recurso para o Superior Tribunal de Justia tambm possvel, para dirimir divergncia relativa orientao tomada por Turma de Uniformizao, em questes de direito material, quando houver contrariedade smula ou jurisprudncia dominante naquela Corte Superior. o que est previsto no artigo 14, 4 a 9 da lei 10.259/01. Fora da hiptese prevista na lei incabvel o recurso especial, a teor da Smula 203 do STJ: "No cabe Recurso Especial contra deciso proferida, nos limites de sua competncia, por rgo de Segundo Grau dos Juizados Especiais". Quando essa mesma questo se relacionar com afronta Constituio federal, caber o recurso extraordinrio, conforme o permissivo do artigo 15 da lei 10.259/01. O prazo para interposio e resposta de recurso especial e extraordinrio de 15 (quinze) dias, perante o Presidente da Junta Recursal, conforme disciplina da lei federal 8038/90. Findo o prazo da resposta o Presidente da Junta Recursal emitir juzo da admissibilidade do recurso, no prazo de 5 (cinco) dias. Do despacho que denegar o recurso especial ou extraordinrio cabe agravo de instrumento, dentro de 10 (dez) dias como estabelece o artigo 28 da lei 8038/90, apresentado o recurso perante a Secretaria da Turma Recursal e dirigida ao seu Presidente. Conforme previso do artigo 43 da lei 9099/95, o recurso ser recebido no efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparvel. No se pode esquecer, contudo, que no mbito dos Juizados Federais no cabe o reexame necessrio (art. 13 da lei 10.25901). Vale anotar, tambm, segundo o disposto no artigo 24-A, da lei 9028/95, item 2.4.1, a Unio, suas autarquias e fundaes esto isentas de custas, emolumentos e demais taxas judicirias. A observao final a este artigo 5 que se a sentena restar irrecorrida, RESSALVADOS OS CASOS DE M F, A PARTE VENCEDORA NO FAR JUS CONDENAO EM HONORRIOS DE ADVOGADOS, porquanto se h de seguir a regra instituda no artigo 55 da lei 9099/95. ARTIGO 6 - "Podem ser partes no Juizado Especial Federal Cvel:

I - como autores, as pessoas fsicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas na lei n. 9.317, de 5 de dezembro de 1996; II- como rs, a Unio, autarquias, fundaes e empresas pblicas federais. DA CAPACIDADE POSTULATRIA. A lei 10.259/2001 diverge da 9099/95 no que tange capacidade de estar em juzo. Segundo a regra do artigo 6-I-, podem ser partes no Juizado Especial Federal, como autores, as pessoas fsicas, sem estabelecer restries no tocante capacidade absoluta ou relativa. No Juizado Especial Cvel h capacidade postulatria ao maior de 18 anos, cf. artigo 8- 1 e 2. Quem tem 18 anos j atingiu a maioridade, segundo o Cdigo Civil de 2002. ARTIGO 7 - "As citaes e intimaes da Unio sero feitas na forma prevista nos arts. 35 a 38 da Lei Complementar n. 73, de 10 de fevereiro de 1993. Pargrafo nico:- A citao das autarquias, fundaes e empresas pblicas ser feita na pessoa do representante mximo da entidade, no local onde proposta a causa, quando ali instalado o seu escritrio ou representao: se no, na sede da entidade." A Lei Complementar n. 73 a que instituiu a Lei Orgnica Nacional da Advocacia Geral da Unio, dando outras providncias. Os artigos 35 a 38 versam sobre a forma de citao da Unio, na pessoa dos procuradores, sejam os gerais ou regionais e a Procuradoria Chefe, Seccional ou regional. A citao dos entes pblicos deve seguir a trilha dos Juizados Estaduais, atravs do sistema postal ou por meio eletrnico. ARTIGO 8- "As partes sero intimadas da sentena, quando no proferida esta na audincia em que estiver presente seu representante, por ARMP (aviso de recebimento em mo prpria). 1- As demais intimaes das partes sero feitas na pessoa dos advogados ou Procuradores que oficiem nos respectivos autos, pessoalmente ou por via postal. 2- Os tribunais devero organizar servio de intimao das partes e de recepo de peties por meio eletrnico ". O Juizado Federal Cvel ainda no implantou um sistema definitivo de intimao dos advogados que oficiem nos autos, no obstante a previso de que sejam feitas pessoalmente ou por via postal. A celeridade no andamento do processo no fica comprometida se a intimao do causdico se fizer travs da forma tradicional, ou seja, publicao no Dirio Oficial. No Juizado Previdencirio de So Paulo os patronos das causas consultam os processos atravs de um terminal na sala dos advogados, gravando-se o que interessa em um disquete. Em verdade, no se definiu claramente o caminho a ser adotado pelo Juizado Federal, mas se tem observado ser comum a intimao do advogado da parte atravs do Dirio Oficial, na esteira do que sempre foi tradicional no Judicirio. ARTIGO 9 - "No haver prazo diferenciado para a prtica de qualquer ato processual pelas pessoas jurdicas de direito pblico, inclusive a interposio de recursos, devendo a citao para a audincia de conciliao ser efetuada com antecedncia mnima de trinta dias". As pessoas jurdicas de direito pblico compem a Administrao Pblica por qualquer de suas entidades da administrao direta: Unio, Estados e Municpios, com direito aos prazos em qudruplo para contestar e em dobro para recorrer. Evidente, portanto, que no tm direito aos benefcios acima referidos as empresas pblicas e sociedades de economia mista. As autarquias e fundaes pblicas por fora da Lei 9469/97 podem desfrutar da prerrogativa do prazo. A lei 10.259/01, no artigo ora comentado, extinguiu o privilgio de prazo diferenciado s pessoas de direito pblico, em razo da peculiaridade do procedimento que requer simplicidade e celeridade nos atos processuais. A exigncia que deve ser atendida a da citao para audincia de conciliao ser feita com antecedncia de trinta dias.

O dispositivo torna inaplicveis os artigos 188 e 191 do CPC, prazos em qudruplo e em dobro, respectivamente, apenas no tocante s pessoas jurdicas de direito pblico, no atingindo, obviamente, o Ministrio Pblico quando for parte na causa no Juizado Cvel Federal, pois, se fosse inteno do legislador ampliar, teria sido expresso no incluir a referida instituio. Se a causa versar interesse de incapaz, podendo at o Ministrio Pblico ajuizar a demanda, ou ocorrer interesse pblico (arts. 82 a 85 do CPC), evidente que os prazos ao referido rgo persistem segundo a previso do Cdigo de Processo Civil, por no derrogadas as normas correspondentes.Por igual, quando houver litisconsortes ainda persiste o prazo em dobro do artigo 191 do CPC, at porque a lei 10.259/01 no impede a formao de litisconsrcio. Evidente que havendo mais de um procurador representando os litisconsortes indispensvel a manuteno do prazo dobrado. ARTIGO 10- "As partes podero designar, por escrito, representantes para a causa, advogado ou no." Pargrafo nico. Os representantes judiciais da Unio, autarquias, fundaes e empresas pblicas federais, bem como os indicados na forma do caput, ficam autorizados a conciliar, transigir ou desistir, nos processos de competncia dos Juizados Especiais Federais." O "caput" do artigo um evidente desprestgio classe dos advogados. O ESTATUTO DA ADVOCACIA E A ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL- OAB so objeto da lei 8.906, de 04.07.1994. No Captulo I, "Da Atividade da Advocacia", artigo 1-I, consta o seguinte: "Art. 1- So atividades privativas de advocacia": 1.a postulao a qualquer rgo do Poder Judicirio e aos juizados especiais;" Ocorre que esse dispositivo do Estatuto da Advocacia teve sua validade suspensa liminarmente, no tocante aos JUIZADOS ESPECIAIS (CF, ART. 98-I), no pleno do STF, conforme ADIn 1127-8, DF, Rel. Min Paulo Brossard. A repercusso quanto a essa liminar foi altamente negativa e frustrante no seio da comunidade dos advogados, e, por igual, em boa dose, no mundo jurdico do pas. A norma legal nos leva a esta observao: qual o sentido que se deve dar ao disposto no artigo 133 da Constituio Federal, quando estabelece que "o advogado indispensvel administrao da justia, sendo inviolvel por seus atos e manifestaes no exerccio da profisso, nos limites da lei". Se a Lei Maior mandamenta que o advogado "indispensvel administrao da justia", como se pode conciliar a disposio infraconstitucional que autoriza a parte designar, por escrito, pessoa estranha aos quadros da advocacia? Estaria correto a parte interessada designar para a causa um mdico, engenheiro, tcnico de televiso ou apontador de trfego? Evidente que tais profisses e atividades so inteiramente respeitveis, como cercados de idoneidade podem ser os cidados que as representam. Mas, o que conhecem de leis? No que esto versados em argumentos jurdicos? Nos Juizados Especiais Cveis (lei 9099/95), a situao dos advogados at que se apresenta de forma mais amena, como se pode verificar do exame do artigo 9. Verbis: "Nas causas de valor at vinte salrios mnimos, as partes comparecero pessoalmente, podendo ser assistidas por advogado; nas de valor superior, a assistncia obrigatria. 1- Sendo facultativa a assistncia, se uma das partes comparecer assistida por advogado, ou se o ru for pessoa jurdica ou firma individual, ter a outra parte, se quiser, assistncia judiciria prestada por rgo institudo junto ao Juizado Especial, na forma da lei local. 2- O Juiz alertar as partes da convenincia do patrocnio de advogado, quando a causa o recomendar".

Contudo, nos JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS o legislador foi alm do que lhe seria lcito dispor, porquanto permitiu que a parte que possa designar por escrito o seu representante, o que abre campo para situaes se no hilariantes, ao menos extremamente crticas, ou penosas. Dir-se- que o Juiz poder alertar a parte quanto convenincia de contratar advogado, ao invs do apontador de trfego cujo nome ela tem em mos naquele instante, ao verificar que a causa se enleou em complexidade tal que o pobre coitado no ter nem como iniciar o exame dos papis. Mas, quando que o Juiz se sentir na obrigao de alertar a parte? Sempre? Em algumas oportunidades? Quando estiver disposto? Alguns tm argumentado que a prpria Ordem dos Advogados instituiu que a impetrao de "habeas corpus" no se inclui na atividade privativa da advocacia (art. 1- 1 da lei 8.906/94), o que, de certa forma, justificaria que no Juizado o advogado fosse dispensado. evidente que o argumento falacioso porquanto a excepcionalidade da impetrao do "habeas corpus", medida de cunho protetivo de quem est ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder (CF, ART. 5- LXVIII), por sua natureza de extrema urgncia permite a impetrao pelo prprio paciente ou terceiros, ainda que no advogados. O representante indicado pela parte e que no seja advogado no est submetido ao Cdigo de tica, ao compromisso da lealdade processual e questes outras de cunho legal que norteiam o comportamento de quem, na qualidade de profissional da advocacia, representa a parte. No h dvida, portanto, que essa disposio de lei comentada fez renascer, agora com redobrado flego, o antigo rbula que percorria os corredores dos Fruns, em atividades febricitantes e concorrentes do profissional legalmente autorizado. O advogado gacho, ARNO ROBERTO JUNG (OAB RS/46225), em artigo da Revista da Ordem dos Advogados do Brasil, Seco do Rio Grande do Sul, ano 3, n 12, pg. 20, escreveu o seguinte: " ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL- CONSELHO FEDERAL- BRASLIA DF. Prezados senhores: Com o devido acatamento e respeito venho, democraticamente, manifestar meu espanto com a letargia e mansido da nossa prestigiada Ordem no que tange aos Juizados Especiais Federais. Com efeito, desde que as primeiras linhas do referido projeto de lei vieram a pblico para apreciao da comunidade jurdica nacional, no tomei conhecimento de que em algum momento a Ordem tenha tomado alguma medida contra a capitis diminutio imposta aos advogados brasileiros (pblicos e privados). No caso, pareceu-me, com as devidas desculpas, que a OAB estava e permanece insciente das conseqncias que adviro do art. 10 da lei Federal n. 10.259, de 12.7.2001. Tal redao estampada no referido art. 10 consagrou, a meu sentir, a mediocridade nos fruns federais de todo o territrio nacional. Se forem verdadeiras as informaes prestadas pelo sr. Ministro Presidente do STJ mdia, especialmente a televisada, informando que em torno de 80% (oitenta por cento) das causas que tramitam nas Varas Federais so causas que doravante sero julgadas pelos juizados especiais da Justia Federal temos que, daqui para frente, 80% (oitenta por cento) das causas que forem levadas Justia Federal no haver necessidade de as partes serem representadas ou assistidas por advogado. A rabulice est devidamente legalizada em nosso pas sem nenhuma objeo por parte da Ordem. Est lanado bom tempo para os despachantes e outros quejandos que podero adentrar aos fruns e debater com os advogados, juizes e serventurios sem

nenhuma preocupao com o Cdigo de tica, pagamento de anuidades, compromisso com a lealdade processual, et caetera. Neste lano, calha fiveleta trazer colao as palavras do Desembargador Andr de Faria Pereira, que debateu com o ento Ministro da Justia do Governo Provisrio, Osvaldo Aranha, o encaixe no Decreto n. 19.408, de 18 de novembro de 1930, o art. 17, declarando criada a Ordem dos Advogados do Brasil. "Aquele tempo no havia egresso das penitencirias ou comerciante falido que no se julgasse com direito de sobraar uma pasta e afrontar o pretrio no exerccio da mais degradante rabulice. A conscincia coletiva repelia os intrusos, mas seus malefcios desmoralizavam o ambiente a tal ponto que a funo do advogado era suspeitada como de traficante irresponsveis. Os advogados dignos sofriam a concorrncia dos aventureiros ousados e no havia meios de evitar a intoxicao no meio social pelos elementos claudicantes, que prosperavam sombra de generalizada irresponsabilidade." Feitas estas breves acotaes, resta-nos lamentar que os advogados legalmente inscritos na Ordem daqui por diante tero que disputar trabalho e honorrios judiciais com despachantes, contadores e quem sabe outros aventureiros menos qualificados. Restou ferido de morte ao rt. 133 da Carta Poltica vigente, que dever ser escrito e lido da seguinte forma: Art,. 133 O advogado preferencialmente dispensvel Administrao da Justia... Espero, sinceramente, providncias para tentarmos reverter a situao posta. Atenciosamente, Pelotas, RS, 17 DE JULHO DE 2001." A experincia tem demonstrado que a grande maioria das causas distribudas nos Juizados Cveis Federais diz respeito questo previdenciria em que o Poder Pblico se faz representar por procuradores altamente treinados e especializados na especfica legislao. Por qu admitir que o segurado, normalmente pessoa de cultura rudimentar, cujas luzes sequer permitem que alcance o significado e a repercusso final de uma audincia em que o Poder Pblico se faz presente atravs de profissional habilitado, estando ele, segurado, acompanhado de algum falastro to rude quanto o prprio interessado? O pargrafo nico do artigo comentado criou a possibilidade dos representantes judiciais da Unio, autarquias, fundaes e empresas pblicas federais, assim como as partes mencionadas no "caput", ficarem autorizadas a conciliar, transigir ou desistir nos processos de competncia dos Juizados Federais. A soluo alvitrada no pargrafo nico boa, tratando-se de continuidade do que j est previsto no artigo 277- 1 do CPC, nas aes de procedimento sumrio. Deve a conciliao ser reduzida a termo e devidamente homologada pelo Juiz que preside a causa. A sentena homologatria do acordo entre as partes no est sujeita a recurso ou ao rescisria, como prevm os art.41, "caput", e 59 da lei 9099/95. Mas, ditas sentenas, comportam ao anulatria, na esteira do estabelece o art. 486 do CPC, no obstante haja jurisprudncia em sentido contrrio dos Juizes que integram a 2 Turma Recursal Cvel e Criminal dos Juizados Especiais (Acrdo 082/00- 2 Turma Recursal do Tribunal de Justia do Par, rel. Montalvo das Neves - in Teoria e Prtica dos Juizados Especiais Cveis, Ricardo Cunha Cimenti, Ssraiva, pg. 313). A ao anulatria referida deve ser proposta no prprio Juzo da homologao do acordo, aplicando-se, no caso, a regra instituda no artigo 108 do CPC, j que a anulatria um acessrio da ao em que se praticou o ato a ser anulado, como ensina Barbosa Moreira, Comentrios, n 95.pg. 148. A autorizao expressa na lei para que os representantes judiciais conciliem, transijam ou desistam nos processos de competncia dos Juizados Especiais Federais deve tambm ser examinada luz da norma inscrita no artigo 132 da lei 8.213/91, onde consta:

"A formalizao de desistncia ou transigncia judiciais, por parte de procurador da Previdncia Social, ser sempre precedida da anuncia, por escrito, do procuradorGeral do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS, ou do presidente desse rgo, quando os valores do litgio ultrapassarem os limites definidos pelo Conselho Nacional de Previdncia Social-CNPS." ... 2 - At que o CNPS defina os valores mencionados neste artigo, devero ser submetidos anuncia prvia do Procurador-Geral ou do presidente do INSS e formalizao de desistncia ou transigncia judiciais, quando os valores, referentes a cada segurado considerado separadamente, superarem, respectivamente, 10 (dez) ou 30(trinta) vezes o teto do salrio-de-benefcio." A verdade que as aes de benefcios previdencirios em trmite pelas Varas Federais, ou as aes de acidentes do trabalho em curso nas Varas Cveis ou Varas Especializadas (Capital) de So Paulo, jamais contaram com a transigncia de procuradores do INSS. Bem ao contrrio, os defensores autrquicos, ciosos de seus ofcios, esgotam todas as medidas processuais que esto ao seu dispor, visando protrair, quanto possvel, o pagamento do benefcio previdencirio. Sempre causou espcie a manifesta intransigncia do INSS na feitura de acordos judiciais, impondo aos procuradores o uso de medidas processuais que arrastam o processo com largos seis ou sete anos, com dano irreparvel aos segurados, pessoas normalmente pobres e necessitadas das prestaes previdencirias. Quando a lei autoriza o representante do Poder Pblico a transigir nos limites da competncia do Juizado Especial Federal, teve o sentido de romper as amarras a que os procuradores sempre estiveram submetidos, no mais das vezes a dano da prpria instituio, impedindo a assinatura de acordos. Quem milita na rea previdenciria tem visto, corriqueiramente, contas de liquidaes a serem pagas pelo INSS que atingem valores altssimos, tudo em razo das sucessivas medidas processuais apresentadas pelos procuradores da autarquia, que s servem para fazer crescer a conta. Mas, no se sabe se no mbito interno do Poder Pblico, embora o procurador esteja autorizado a transigir, conciliar ou desistir, no surgir algum tipo de restrio a ele se, ainda que transitoriamente, passe a no interessar instituio requerida a feitura de composies, por razes de cunho poltico ou financeiro. Fato que j se tem notado no mbito do Juizado Federal que os procuradores autrquicos tm resistido a possveis acordos ou desistncia de recursos, porquanto, sobrevindo a sentena de procedncia da ao de benefcio, esto interpondo recurso. Existe, para recordar, uma Portaria da Advocacia-Geral da Unio que interessa ao tema em estudo. Trata-se da Portaria AGU, n 505, de 19 de junho de 2002, que "dispe sobre a atuao dos membros da Advocacia-Geral da Unio perante os Juizados Especiais Federais", resolvendo: "Artigo 1- Os rgos jurdicos das entidades previstas no art. 6-II, da Lei 10.259, de 12 de julho de 2001, podero transigir, deixar de recorrer, desistir de recursos interpostos ou concordar com a desistncia do pedido, no mbito dos Juizados Especiais Federais, nos termos desta Portaria. Artigo 2- Podero praticar os atos previstos no artigo 1, os membros das carreiras jurdicas da Unio, das autarquias e das fundaes pblicas. Artigo 3- A transao ou a no interposio ou desistncia de recurso poder ocorrer quando: I-Inexistir qualquer controvrsia quanto ao direito aplicado; II-Houver reconhecimento de erro administrativo por autoridade competente; 1 - Os valores envolvidos nas conciliaes e transaes, no podero exceder o teto previsto no artigo 3, da lei 10.259/2001. 2 - Inclui-se no referido teto a soma de 12 ( doze) parcelas vincendas, quando for o caso. 3 - No ser objeto de acordo:

I-as hipteses em que se discute penalidade aplicada a servidor; II-os casos de dano moral, salvo se o agente causador do dano for entidade credenciada ou delegada de rgo da Administrao Pblica Federal e assuma, em juzo, a responsabilidade pelo pagamento acordado; III-o litgio estiver fundado exclusivamente em matria de direito e no houver a esse respeito smula administrativa, parecer aprovado na forma do art.40 das Lei Complementar n 73/93 ou orientao interna adotada pela Advocacia-Geral da Unio; IV_Na ausncia de prvio requerimento administrativo objetivando a concesso de benefcios previdencirios. 4- Os acordos contero obrigatoriamente a clusula de renncia a eventuais direitos decorrentes do mesmo fato ou fundamento jurdico que deu origem ao judicial. Art. 4- Os representantes judiciais da Unio, autarquias e fundaes pblicas federais, devero em 03 ( trs) dias, a contar da citao recebida, solicitar aos rgos da Administrao pblica federal informaes e documentos necessrios ao deslinde da causa fixando o prazo mximo de 10 (dez) dias para resposta. 1- A resposta dever vir acompanhada dos documentos necessrios instruo da causa, inclusive planilha de clculos que identifique o valor da pretenso do autor da ao. 2- Nos processos em que a Unio figure como r, tais solicitaes devero ser encaminhadas `as Consultorias jurdicas dos Ministrios a que se referirem as causas. 3- As informaes previstas no "caput" podero, sempre que possvel, ser solicitadas e respondidas por meio eletrnico. Art. 5- Os acordos firmados pelos rgos jurdicos da Unio, autarquias e fundaes pblicas devero ser remetidos Secretaria-Geral de Contencioso da Advocacia-Geral da Unio. Pargrafo nico:- A Secretaria-Geral do Contencioso sistematizar e divulgar mensalmente as informaes recebidas. Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicao GILMAR FERREIRA MENDES." Pelo que se v dessa Portaria da Advocacia-Geral da Unio (art. 3- 3-IV), os procuradores autrquicos ainda estaro impedidos de assinar acordos quando o segurado que buscou a via judicial no tiver, previamente, produzido requerimento administrativo visando `a concesso do benefcio. Essa Portaria, como fcil deduzir, acha-se na contra-mo da posio do Judicirio, notadamente do Tribunal Regional Federal da 3Regio, cuja Smula n 09 estabelece: "Em matria previdenciria, torna-se desnecessrio o prvio exaurimento da via administrativa, como condio de ajuizamento da ao." No h dvida de que a Portaria restringe, indevidamente, a atuao dos procuradores judiciais na feitura de composies previdencirias, o que de se lamentar, por ferir o esprito de celeridade que norteia a lei 10.259/01. ARTIGO 11 -"A entidade pblica r dever fornecer ao Juizado a documentao de que disponha para o esclarecimento da causa, apresentando-a at a instalao da audincia de conciliao. Pargrafo nico.Para a Audincia de composio dos danos resultantes de ilcito criminal (arts. 71,72 e 74 da lei 9099/95, de 26 de setembro de 1995), o representante da entidade que comparecer ter poderes para acordar, desistir ou transigir, na forma do art. 10." Eis aqui uma dificuldade que, na rbita previdenciria, surgir a cada passo. Se a ao proposta no Juizado Especial Federal for subscrita por advogado, normalmente os dados necessrios aos informes e documentos do INSS constaro do pedido inicial. Mas, se ao for proposta diretamente pelo interessado, ou por algum representante leigo indicado (art. 10- "caput"), certamente os elementos indispensveis ao atendimento pelo INSS estaro incompletos, o que provocar adiamento da audincia de conciliao.

normal no ato da propositura da ao diretamente pelo interessado que os funcionrios instruam o postulante para que traga os documentos necessrios, no ato da distribuio. Nem sempre, entretanto, isso funciona, diante do grau de cultura rudimentar de muitos dos que procuram o Juizado. A prtica nas Varas Federais e nas aes de acidentes do trabalho nas Varas Cveis ou Especializadas tem demonstrado que o INSS demora ao redor de trs a quatro meses para remeter a Juzo a documentao que interesse causa, isso quando no a tiver incinerado aps o decurso de alguns anos, como permite a lei. Ressalve-se, entretanto, que os juizes que participam das audincias no Juizado esto sempre imbudos do esprito conciliador e de tolerncia, pondo de lado os rigorismos aplicados no Judicirio Comum. No raro, porm, os juizes adiam as audincias para que o interessado tenha oportunidade de produzir a prova que lhe indispensvel, ou decidem desde logo com os elementos que tm em mos, quando concluem ser impossvel a complementao de documentos. ARTIGO 12- "Para efetuar o exame tcnico necessrio conciliao ou ao julgamento da causa, o juiz nomear pessoa habilitada, que apresentar laudo at cinco dias antes da audincia, independentemente de intimao das partes. 1- Os honorrios do tcnico sero antecipados conta de verba oramentria do respectivo Tribunal e, quando vencida na causa a entidade pblica seu valor ser includo na ordem de pagamento a ser feita em favor do Tribunal. 2 - Nas aes previdencirias e relativas assistncia social, havendo designao de exame, sero as partes intimadas para, em dez dias, apresentar quesitos e indicar assistentes." Os Juizados Especiais Federais tm agido da seguinte forma: distribuda ao previdenciria em que seja necessrio exame mdico-pericial o interessado de imediato fica ciente de duas datas: a da percia (local, dia e hora) e da audincia de instruo e julgamento, sem que haja intimao oficial de qualquer tipo. Assim, o pargrafo 2 tem se constitudo letra morta. O procurador do interessado no intimado antecipadamente das concluses da percia, pois s em audincia dela tomar conhecimento e formular suas consideraes, em cumprimento concentrao da prova em audincia e celeridade processual. Evidente que se forem necessrias outras provas, que no estejam disposio das partes no ato da audincia, o Juiz dever designar nova data para continuao dos trabalhos, evitando, com isso, nulidade dos atos processuais por cerceamento de defesa. As partes podero apresentar em audincia os documentos que interessem causa e que sejam comprobatrios das alegaes produzidas e sobre eles o contrrio dever se pronunciar, conforme previsto no artigo 33 da lei 9099/95. Verbis: "Art. 33 Todas as provas sero produzidas na audincia de instruo e julgamento, ainda que no requeridas previamente, podendo o juiz limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatrias." interessante observar que entre os requisitos do pedido inicial, constante do artigo 14 da lei 9099/95, no consta o protesto ou indicao de provas, como exige o Cdigo de Processo Civil em seu artigo 282, nem exige a juntada de documentos indispensveis propositura da ao, consoante previsto na lei processual civil (arts. 283 e 396). Logo, todos os documentos devero ser apresentados em audincia porque ser naquele momento que a parte ir se pronunciar sobre os mesmos, impugnando-os ou no. A circunstncia de que todas as provas sero produzidas em audincia evidentemente no inibe o Juiz da causa em determinar outras provas que sejam necessrias, dando a elas o valor que sua convico determinar. o que est previsto no artigo 5 da lei 9099/95, disposio complementada pelo disposto nos artigos 32 e 33 da referida Lei Especial. Essa ampla liberdade do Magistrado na conduo da prova, predominante no regime da lei processual civil, se torna mais

vigorosa no regime dos Juizados Federais, em abono no s de necessria celeridade, como da simplificao dos atos que devam ser praticados na instruo da causa, para mais rapidamente se chegar deciso. Os exames periciais esto sendo feitos nas dependncias do prprio Juizado Especial Federal, com bons resultados.Dispensa-se, dessa forma, o que tem sido prtica no Juzo Federal Comum, na Capital de So Paulo, a requisio de percia atravs do IMESC (Instituto de Medicina Social e Criminologia do Estado de S.Paulo), que normalmente demora cerca de um ano para se realizar. A enorme avalanche de laudos requisitados referida instituio, no obstante os reconhecidos e inegveis esforos da equipe que compe a entidade estatal, tem prejudicado a qualidade, mormente nas causas previdencirias. Como preleciona o Magistrado Ricardo Cunha Cimenti ("Teoria e Prtica dos Juizados Especiais Cveis, Saraiva, pg. 195), "para que o princpio da gratuidade possa ser observado. No Juizado Especial Cvel Central de So Paulo, so designadas entidades ligadas s universidades pblicas para a realizao dos trabalhos tcnicos, a exemplo do Grmio Politcnico da USP. A nomeao de estabelecimento oficial para a realizao da percia, sem a individualizao do perito, encontra respaldo legal no art. 434 do CPC, conforme j decidiu o STJ ( ag.38.839-5-SP, 4 T., in Theothnio Negro, Cdigo de Processo Civil, cit., nota 1 ao art. 145).". Se a causa em curso no Juizado Especial Federal comporta a existncia de complexa indagao ftica, ou prova tcnica de alta investigao para o deslinde da controvrsia e no ocorreu acordo entre as partes, esgotados, ademais, os meios probatrios disponveis aos litigantes, o Juiz, na forma do artigo 51-II, da lei 9099/95, dever extinguir o processo, sem julgamento de mrito, o que permitir parte renovar a ao no Juzo Cvel comum. ARTIGO 13- "Nas causas de que trata esta lei, no haver reexame necessrio". A natureza jurdica do reexame necessrio se prende condio de eficcia da sentena que, embora seja vlida, apenas surtir efeitos depois de confirmada pelo Tribunal. O reexame necessrio no recurso, mas exclusiva condio de eficcia da sentena, pois essa exigncia legal no dispe das caractersticas inerentes aos recursos, como sejam a tipicidade, voluntariedade, tempestividade, dialeticidade, legitimidade, interesse para recorrer e preparo, como ensinam Nelson Nery Jnior e Rosa Maria Andrade Nery (Cdigo de Processo Civil Comentado, 6 Ed., RT, pg. 780). No mbito dos Juizados Especiais Federais incabvel o reexame necessrio, segundo a disposio do artigo comentado, tornando-se inaplicvel, assim, o previsto no art. 475 do CPC (duplo grau de jurisdio). A justificativa se encontra na agilidade que se pretende dar s causas do Juizado, qualidade das partes e menor complexidade dos feitos que ali tramitam. Se fosse admitido o reexame necessrio estaria institudo o contra-senso, porquanto permitido mais um recurso que s serviria para retardar a soluo do processo, quando essa no a finalidade do Juizado Especial. A lei dos Juizados Especiais Federais de julho de 2001, entrando em vigor seis meses aps a data da publicao, o que corresponde a janeiro de 2002. A lei 10.352, de 26 de dezembro de 2001, alterou dispositivos da lei 5.869, de 11 de janeiro de 1973, referente a recursos e ao reexame necessrio, estabelecendo o seguinte: "Artigo 1- Os artigos da lei 5.869, de ll de janeiro de 1973, que instituiu o Cdigo de Processo Civil, a seguir mencionados, passam a vigorar com as seguintes alteraes. Art. 475- Est sujeita ao duplo grau de jurisdio, no produzindo efeito seno depois de confirmada pelo Tribunal, a sentena: I-Proferida contra a Unio, o Estado, o Distrito Federal, O Municpio e as respectivas autarquias e fundaes de direito pblico. II-Que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos execuo de dvida ativa da Fazenda Pblica ( art. 585-VI).

1 - Nos casos previstos neste artigo, o juiz ordenar a remessa dos autos ao tribunal, haja ou na apelao, no o fazendo, dever o presidente do Tribunal avoclos. 2 - No se aplica o disposto neste artigo sempre que a condenao, ou o direito controvertido, for de valor certo no excedente a 60 (sessenta) salrios mnimos, bem como no caso da procedncia dos embargos do devedor na execuo de dvida ativa do mesmo valor. 3- Tambm no se aplica o disposto neste artigo quando a sentena estiver fundada em jurisprudncia do plenrio do Supremo Tribunal Federal ou em Smula deste Tribunal ou do tribunal superior competente." Assim, a lei 10.352, de 26.12.2001, mantm coerncia e ratifica a disposio de Lei do Juizado Especial Federal ora comentada, sendo certo que a condenao da autarquia previdenciria dentro da competncia do Juizado (sessenta salrios mnimos), dispensa o reexame necessrio, ou, por igual, se ocorrente a hiptese do 3 (sentena fundada em jurisprudncia do plenrio do STF e em smula de Tribunal superior competente), circunstncias que no devem escapar ao exame do advogado da causa, em suas razes ou contra razes recursais. ARTIGO 14- "Caber pedido de uniformizao de interpretao de lei federal quando houver divergncia entre decises sobre questes de direito material proferidas por Turmas Recursais na interpretao da lei. 1- O pedido fundado em divergncia entre Turmas da mesma regio ser julgado em reunio das Turmas em conflito, sob a presidncia do Juiz Coordenador. 2- O pedido fundado em divergncia entre decises de Turmas de diferentes regies ou da proferida em contrariedade a smula ou jurisprudncia dominante no STJ ser julgado por Turmas de Uniformizao, integrada por juizes de Turmas Recursais, sob a presidncia do Coordenador da Justia Federal. 3- A reunio de juizes domiciliados em cidades diversas ser feita pela via eletrnica. 4- Quando a orientao acolhida pela Turma de Uniformizao, em questes de direito material, contrariar smula ou jurisprudncia dominante no Superior Tribunal de Justia - STJ a parte interessada poder provocar a manifestao deste, que dirimir a divergncia. 5- No caso do 4, presente a plausibilidade do direito invocado e havendo fundado receio de dano de difcil reparao, poder o relator conceder, de ofcio ou a requerimento do interessado, medida liminar determinando a suspenso dos processos nos quais a controvrsia esteja estabelecida. 6- Eventuais pedidos de uniformizao idnticos, recebidos subseqentemente em quaisquer Turmas Recursais, ficaro retidos nos autos, aguardando-se pronunciamento do Superior Tribunal de Justia. 7- Se necessrio, o relator pedir informaes ao Presidente da Turma Recursal ou Coordenador da Turma de Uniformizao e ouvira o Ministrio Pblico, no prazo de cinco dias. Eventuais interessados, ainda que no sejam partes no processo, podero se manifestar, no prazo de trinta dias. 8- Decorridos os prazos referidos no 7, o relator incluir o pedido em pauta na Seo, com preferncia sobre todos os demais feitos, ressalvados os processos com rus presos, o "habeas corpus" e os mandados de segurana. 9- Publicado o acrdo respectivo, os pedidos retidos referidos no 6 sero apreciados pelas Turmas Recursais, que podero exercer juzo de retratao ou declar-los prejudicados, se veicularem tese no acolhida pelo Superior Tribunal de Justia. 10- Os Tribunais regionais, o Superior Tribunal de Justia e o Supremo Tribunal Federal, no mbito de suas competncias, expediro normas regulamentando a composio dos rgos e os procedimentos a serem adotados para o processamento e o julgamento do pedido de uniformizao e do recurso extraordinrio."

Um primeiro aspecto a ser salientado: a disposio do artigo 14 permite pedido de uniformizao de interpretao de lei federal quando houver divergncia entre decises sobre questes de direito material. Logo, incabvel o incidente de divergncia quando a questo for de direito processual. A soluo alvitrada pelo legislador neste artigo e seus pargrafos no encontra similar na lei 9099, de 26 de setembro de 1995, quando se permite ao interessado a formulao do pedido para uniformizar interpretao de lei federal, havendo divergncia entre decises sobre questo de direito material, proferidas por Turmas Recursais, na interpretao da lei. So valiosos os estudos feitos pelo jurista JOO ROBERTO PARIZATTO, em seu livro "Juizados Especiais Cveis e Criminais na Justia Federal", quando nos preleciona: "Quer-se com tal regra garantir-se a igualdade de decises no que se refere `a interpretao que uma Turma poder dar da outra, no que se refere determinada lei federal. Pretende-se, pois, se evitar que a Turma Recursal de determinado local d a uma mesma lei federal um interpretao diversa da que tenha sido dada por outra Turma Recursal. Tratando-se de lei federal tem-se que a mesma possui vigncia em todo o territrio nacional, no se justificando, assim, interpretaes divergentes da mesma por Turmas de um e de outro local. A finalidade de tal providncia iguala-se ao recurso de embargos de divergncia previstos no Cdigo de Processo Civil (art. 546). O pedido evidncia fundado na divergncia entre decises de turmas de diferentes regies ou da proferida em contrariedade a smula ou jurisprudncia dominante no STJ ser julgado por Turma de Uniformizao, que ser formada e integrada por Juizes de Turmas Recursais, sob a presidncia do Coordenador da Justia Federal. O Tribunal Regional Federal expedir norma regulamentando a composio dos respectivos rgos (art. 14, pargrafo 10). Pelo pargrafo 3 do artigo em comento, permitiu-se a reunio de juizes domiciliados em cidades diversas pela via eletrnica, ou seja, por e-mail, cuja providncia evita o deslocamento de tais pessoas e a maior agilidade na soluo da questo. Se a Turma de uniformizao de interpretao de lei federal der orientao em questes de direito material, contrria a determinada smula ou jurisprudncia dominante no Superior Tribunal de Justia, a parte interessada poder provocar a manifestao deste ltimo rgo, mediante pedido expresso e fundamentado, demonstrando-se a divergncia ento existente (Regimento Interno do STJ, art. 255, pargrafos 1 e 2), solicitando soluo a cerca da controvrsia instaurada. O Superior Tribunal de Justia ter, portanto, competncia para dirimir a divergncia demonstrada pela parte, cuja deciso ter eficaz autoridade, solucionando a interpretao diversa dada pela Turma de Uniformizao criada justamente para dirimir uma divergncia efetuada por Turmas Recursais do Juizado Especial Cvel no mbito da Justia Federal. Caber ao Superior Tribunal de Justia como determina o pargrafo 10 do art. 14 da lei 10.259, de 12 de julho de 2001, expedir norma regulamentando os procedimentos a serem adotados para o processamento e o julgamento do pedido de uniformizao constante do pargrafo 4 do artigo 14. Verificando-se a hiptese do pargrafo 4 do art. 14 em apreo, presente a plausibilidade do direito invocado pela parte e havendo fundado receio de dano de difcil reparao, permitiu-se pelo pargrafo 5 do art. 14, uma espcie de medida cautelar antecipatria, autorizando-se que o relator do pedido de uniformizao, "in casu", o Ministro sorteado no Superior Tribunal de Justia, "ex officio" ou mesmo atendendo-se a pedido da parte interessada, conceda liminar no sentido de se determinar a suspenso dos processos nos quais a controvrsia esteja estabelecida, que perdurar at o julgamento definitivo do pedido de uniformizao. Na hiptese de serem apresentados a qualquer Turma Recursal, pedidos idnticos de uniformizao de interpretao, no sero os mesmos enviados ao Superior Tribunal

de Justia, cabendo-se a reteno dos pedidos aos autos, de forma se aguardar o pronunciamento do Superior Tribunal de Justia acerca do idntico pedido a si formulado e em processamento, evitando-se assim que vrios pedidos idnticos sejam enviados ao Superior Tribunal de Justia de forma desnecessria. Aps o julgamento do pedido feito a tal rgo, ser remetida cpia do acrdo, quando de acordo com o que for decidido ser o pedido que est acostado aos autos, julgado prejudicado, cabendo, ainda, o juzo de retratao pela Turma Recursal, de modo a se igualar sua deciso ao que fora decidido pelo Superior Tribunal de Justia, conforme estabelece o 9 do art. 14 em apreo. Sendo necessrio, ter o relator do pedido, "in casu" o respectivo Ministro do STJ que tenha sido sorteado, o direito de pedir informaes, fixando-se prazo para que as mesmas sejam prestadas, ao Presidente da Turma Recursal respectiva ou ao Coordenador da Turma de Uniformizao, ouvindo-se, ainda, a seguir, o Ministrio Pblico, no prazo de cinco (5) dias. Permitiu-se, ainda, pelo pargrafo 7 do art. 14, que eventuais interessados na soluo da controvrsia, se manifestem nos autos, ainda que no sejam partes no processo objeto da uniformizao, tendo o prazo de trinta (30) dias para tanto. Parecenos que tal prazo correr depois da manifestao do Ministrio Pblico. Decorrido o prazo de trinta (30) dias conferido pelo pargrafo. 7 do art. 14, para que haja manifestao por pessoas interessadas, O Ministro Relator incluir o pedido em pauta na Seo que exercer sua atividade, publicando-se a data da deciso para cincia s partes e demais interessados, cujo julgamento ter preferncia sobre todos os demais feitos que tramitam pelo Superior Tribunal de Justia, excetuando-se os casos de rus presos, os "habeas corpus" e os processos de mandados de segurana, que possuem urgncia para serem decididos. Realizada a sesso de julgamento, proceder-se- deciso, com a publicao do respectivo acrdo e remessa `as Turmas Recursais, para a finalidade de se retratar quanto aos pedidos que estavam aguardando (pargrafo 6) ou julg-los prejudicados face deciso tomada pelo Superior Tribunal de Justia. No se justificaria, pois, que decidida a questo pelo Superior Tribunal de Justia, fossem os demais idnticos pedidos a ele enviado, cabendo, assim, a Turma Recursal o dever de se retratar ou julgar prejudicado os pedidos, de acordo com aquilo que fora decidido. Caber aos Tribunais Regionais Federais, ao Superior Tribunal de Justia e ao Supremo Tribunal Federal, no mbito de suas respectivas competncias, expedir normas tendentes regulamentao e composio dos rgos e os procedimentos a serem adotados para o processamento e julgamento do pedido de uniformizao e do recurso extraordinrio, inclusive prazo para tanto, silente a lei a respeito. Tudo indica que o Superior Tribunal de Justia adotar as regras constantes de seu regimento interno (arts. 266 a 267) para tal recurso, inclusive no que se refere forma de comprovao da divergncia que ser feita de acordo com o que estabelecemos pargrafos 1 e 2 do art. 255 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justia." No dia 30 de setembro de 2002 o CONSELHO DA JUSTIA FEDERAL (CJF) instalou a Turma de Uniformizao dos Juizados Especiais Federais, no edifcio do Conselho, no auditrio do Centro de Estudos Judicirios. O Superior Tribunal de Justia no dia 30.09.02 fez a seguinte comunicao: "Em 13 de setembro ltimo foi feita a primeira distribuio processual da Turma, 209 processos foram distribudos entre 10 juizes que compem a Turma, para este primeiro julgamento, sendo 208 deles provenientes do Estado do Paran ( 4 Regio da Justia Federal), referentes reviso de benefcios previdencirios, mas especificamente reivindicando uma diferena de 10% incidentes sobre a URV, relativa a maro de 1994. Em apenas um deles a questo discutida versa a contagem do tempo de servio para aposentadoria. O funcionamento da Turma vem coroar a consolidao da sistemtica dos juizados especiais federais. Representa um enorme alvio na forte presso processual que

assola atualmente os tribunais regionais federais, na medida em que estes deixaro de receber um nmero significativo de processos que podero ser resolvidos pelos juizados, de forma simples e rpida. Turma de uniformizao compete apreciar os pedidos de uniformizao de interpretao de lei federal, uma das grandes novidades dos juizados especiais federais. O Objetivo primordial desse pedido evitar interpretaes divergentes nas cinco regies sujeitas jurisdio dos tribunais regionais federais. Coerncia e harmonia traduzem o sentido da Turma de Uniformizao, que ir exercer o papel de rgo uniformizador da jurisprudncia dos juizados especiais federais em nvel nacional. Suas decises constituiro precedentes obrigatrios para os juizados. A tnica dos juizados especiais federais consiste na celeridade, simplicidade e outorga da tutela jurisdicional eficiente, que atenda prontamente aos anseios da sociedade. A fim de possibilitar essas qualidades, o rito da Turma de Uniformizao se diferencia de uma Turma de Tribunal em vrios aspectos, s se aplicando os procedimentos do Cdigo de Processo de Civil subsidiariamente. Outra importante modificao no novo rito est na inexistncia do reexame necessrio. Um bom exemplo de celeridade nesses procedimentos a execuo (processo que determina o pagamento de uma dvida) efetuada em um juizado, pela qual o pagamento, aps o trnsito em julgado, ser efetuado em at 60 dias, bastando para tanto uma requisio direta do juiz autoridade citada para a causa. Se fosse efetuada em um juzo comum da Justia Federal, o juiz teria de solicitar ao tribunal a expedio de uma carta precatria, cujo pagamento pode se arrastar por at dez anos. A Lei dos Juizados Especiais Federais tambm deu particular importncia conciliao das partes, sobretudo porque privilegia a realizao de sesses, justamente para possibilitar que diversas conciliaes possam ter lugar numa nica sesso, em vez da tradicional audincia, que envolveria apenas as partes de um s processo. Assim, as audincias de instruo e julgamento s sero designadas se no for obtida a conciliao. Outras novidades dos juizados federais so a possibilidade de realizao dos atos processuais em horrio noturno e o fato de serem esses atos sempre pblicos, no se processando em segredo de justia. A Turma de Uniformizao funciona como instncia recursal dos juizados especiais federais. O recurso a uma ao julgada em um vara dos juizados especiais federais inicialmente apreciado por uma turma recursal, composta de juizes de uma mesma seo judiciria. Se houver divergncia entre turmas em uma mesma regio, pode-se entrar com um pedido de uniformizao de lei federal, que ser julgado em reunio conjunta das turmas em conflito, que neste caso formaria uma turma recursal em mbito regional. Somente sero encaminhados Turma de Uniformizao, no CJF, os pedidos fundados em divergncia entre decises de turmas de diferentes regies ou em deciso proferida em contrariedade a smula ou jurisprudncia dominante no STJ. A Jurisprudncia firmada pela Turma de Uniformizao, em julgamentos tomados pelo voto da maioria absoluta dos membros da turma, ser compendiada em smula. Para tanto, um ementrio de jurisprudncia da Turma de Uniformizao ser criado, para divulgao de suas decises, que tambm sero publicadas no Dirio Oficial da Justia, no Boletim do Conselho da Justia Federal, nas revistas dos tribunais regionais federais e em outros repositrios autorizados. Para abrigar a Turma de Uniformizao, o Conselho da Justia Federal est providenciando adaptaes nas instalaes fsicas do prdio e reunindo equipe tcnica prpria para tanto. Trata-se de um fato indito para o CJF, cujas funes at ento eram puramente administrativas, pois marca a sua estria como rgo julgador. O Conselho vem prestando apoio ao funcionamento dos Juizados Especiais Federais nas cinco regies da Justia Federal, desde a sua instalao, em janeiro de 2002. Diversos projetos relativos aos juizados que vm sendo desenvolvidos pelo CJF, como padronizao de rotinas e classes processuais, a adoo de numerao e de capas

nicas para os processos e o estudo de critrios estatsticos destinados criao de uma srie estatstica prpria dos juizados. A Turma de Uniformizao presidida pelo Coordenador-Geral da Justia Federal, Ministro Luiz Pereira, e composta pelos juizes federais provenientes de turmas recursais dos juizados, sendo dois juizes de cada regio da Justia Federal: Leomar Barros Amorim de Souza Maranho Cndido Moraes Pinto Filho- Bahia (1 Regio); Guilherme Calmon Nogueira da Gama e Liliane do Esprito Santo Roriz de Almeida- Rio de Janeiro (2 Regio); Odilon de Oliveira- Mato Grosso do Sul e Maria Lcia Lencastre Ursaia So Paulo ( 3 Regio); Ricardo Teixeira do Valle Pereira Santa Cagtarina e Viviam Josete Pantaleo Caminha Rio Grande do Sul ( 4 Regio); Francisco Wildo Lacerda Dantas- Alagoas e Vladimir Souza CarvalhoSergipe (5 Regio). Com mandato de um ano, os membros da Turma foram designados pela Portaria CJF N. 100/2002, do Presidente do CJF, Ministro Nilson Naves." Parte inferior do formulrio Ainda, o Superior Tribunal de Justia baixou a Resoluo 2/2002 (DJU, Seo I, de 04.04.2002, pg. 103) dispondo sobre o processamento no Superior Tribunal de Justia, do incidente de uniformizao de jurisprudncia dos Juizados Especiais Federais. Por derradeiro, cabe recordar que a Smula 203 do STJ foi modificada, sendo certo que sua redao era a seguinte: "no cabe recurso especial contra deciso proferida, nos limites de sua competncia, por rgo de segundo grau dos Juizados Especiais", passando ao seguinte teor: Smula 203 do STJ: "No cabe recurso especial contra deciso proferida por rgo de segundo grau dos Juizados Especiais." O pedido de reviso foi solicitado pelo Ministro Ari Pargendler para adequar o texto da smula disposio constitucional relativa competncia da Corte, quando sustenta que se deve ressaltar que s cabe recurso especial ao STJ de deciso proferida por Tribunal e no de Juizado Especial. Os Ministros Nilson Naves, Presidente do STJ, Vicente Leal e Jos Delgado votaram contra a modificao, tendo o primeiro ressaltado que se preocupa com possveis descontroles por parte dos Juizados Especiais, evitando-se eventuais excessos dos Juizados. ARTIGO 15 - "O recurso extraordinrio, para os efeitos desta lei, ser processado e julgado segundo o estabelecido nos 4 a 9 do art. 14, alm da observncia das normas do Regimento". O recurso especial e o extraordinrio so institutos de direito processual constitucional. Evidente que as duas modalidades de impugnaes recursais tm os temas apropriados, que foram reservados pela Constituio Federal nos artigos 102 e 105. Ao recurso extraordinrio foi reservada a funo jurdico processual de defesa objetiva da norma constitucional, razo pela qual, nesse contexto, cabe ao Supremo Tribunal Federal a guarda e proteo da ordem jurdica inscrita na Constituio da Repblica. O recurso especial, dentro de sua especfica finalidade, se destina a tutela do direito objetivo infraconstitucional da Unio, ou seja, o Superior Tribunal de Justia o guardio do Direito Federal Comum. Ensina ALEXANDRE DE MORAES: "A Constituio Federal, ao prever recurso extraordinrio de causas decididas em nica ou ltima instncia, permite seu cabimento de decises interlocutrias, desde que presentes os demais requisitos constitucionais. Saliente-se que somente ser cabvel a interposio de recurso extraordinrio se esgotados todos os meios recursais ordinrios. Alm disso, na petio de encaminhamento do recurso extraordinrio, dever, obrigatoriamente, ser indicada a hiptese constitucional permissiva. Acrescente-se, a Constituio no exige que a deciso seja de algum tribunal, desta forma cabvel o recurso extraordinrio das decises de juiz singular

(quando inexistir recurso ordinrio) e das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Criminais e Cveis. Como garantia de respeito Constituio Federal, o legislador constituinte, como j afirmado, erigiu o Supremo Tribunal Federal em guardio da Constituio. Deste fato, surge a competncia recursal extraordinria para assegurar a supremacia das normas constitucionais, de acordo com sua prpria hermenutica, possibilitando, portanto, ao Pretrio Excelso somente a anlise jurdico-constitucional do recurso, mas jamais o reexame da matria ftica. No recurso extraordinrio, como salienta Mancuso, "o espectro de sua cognio no amplo, ilimitado, como nos recursos comuns (v.g.apelao), mas, ao invs, restrito s lindes da matria jurdica", concluindo que esse recurso no se presta "para o reexame da matria de fato; presume-se ter esta sido dirimida pelas instncias ordinrias, quando procederam tarefa da subsuno do fato norma de regncia." (Direito Constitucional, pgs. 457/458- Editora Atlas S/A). Por fim, de ser anotado que o recurso extraordinrio ser cabvel sempre que a ofensa existente nos autos for direta e frontal Constituio, no se admitindo a ofensa reflexa. O prequestionamento da matria constitucional indispensvel, quando o Acrdo no enfrentou matria relativa violao da Lei Maior, pois a sua ausncia legitima o ato decisrio do Presidente do Tribunal a quo que indeferiu o processamento do recurso extraordinrio interposto perante o Supremo Tribunal Federal. Quando o Acrdo recorrido teria implicitamente ofendido o texto constitucional, o prequestionamento se faz mediante interposio dos embargos declaratrios, para que se supra a omisso questo constitucional por ele no enfrentada. A persistncia do rgo julgador no erro de proceder constitui transgresso ao devido processo legal, desafiando que a parte requeira nulidade do acrdo. ARTIGO 16- "O cumprimento do acordo ou da sentena, com trnsito em julgado, que imponham obrigao de fazer ou entrega de coisa certa, ser efetuado mediante ofcio do Juiz autoridade citada para a causa, com cpia da sentena ou do acordo". Cabe inicialmente lembrar que o artigo 1 da lei 9099, de 26.09.1995 estabelece que "os Juizados Especiais Cveis e Criminais, rgos da Justia ordinria, sero criados pela Unio, no Distrito Federal e nos Territrios, e pelos Estados, para conciliao, processo, julgamento e execuo, nas causas de sua competncia." No mbito dos Juizados Especiais, outrora a execuo se processava no Juzo Ordinrio competente, ou seja, na Justia Comum, na forma da lei 7.24/84, artigo 40, disciplina essa que ocasionava srias controvrsias, tornando incua toda a inteno de se agilizar a soluo da demanda. A lei 9099/95, nos artigos 52 e 53 prev a execuo de sentena, dispondo o artigo 52 do estatuto mencionado: "A execuo de sentena processar-se- no prprio Juizado, aplicando-se, no que couber, o disposto no Cdigo de Processo Civil, com a seguintes alteraes: I-As sentenas sero ordinariamente lquidas, contendo a converso em Bnus do Tesouro Nacional- BTN- ou ndice equivalente; II-Os clculos de converso de ndices, de honorrios, de juros e de outras parcelas sero efetuados pelo servidor judicial; III-A intimao da sentena ser feita, sempre que possvel, na prpria audincia em que for proferida. Nessa intimao, o vencido ser instado a cumprir a sentena to logo ocorra o seu trnsito em julgado, e advertido dos efeitos do seu descumprimento (inciso V); IV-No cumprida voluntariamente a sentena transitada em julgado, e tendo havido solicitao do interessado, que poder ser verbal, proceder-se- desde logo `a execuo, dispensada nova citao; V-Nos casos de obrigao de entregar, de fazer, ou no fazer, o Juiz, na sentena ou na fase de execuo, cominar multa diria, arbitrada de acordo com as condies econmicas do devedor, para a hiptese de inadimplemento. No cumprida a

obrigao, o credor poder requerer a elevao da multa ou a transformao da condenao em perdas e danos, que o Juiz de imediato arbitrar, seguindo-se a execuo por quantia certa, includa a multa vencida de obrigao de dar, quando evidenciada a malcia do devedor na execuo do julgado; VI-Na obrigao de fazer, o juiz poder determinar o cumprimento por outrem, fixado o valor que o devedor deve depositar para as despesas, sob pena de multa diria; VII-Na alienao forada dos bens, o juiz poder autorizar o devedor, o credor ou terceira pessoa idnea a tratar da alienao do bem penhorado, a qual se aperfeioar em juzo at a data fixada para a praa ou leilo. Sendo o preo inferior ao da avaliao, as partes sero ouvidas. Se o pagamento no for vista, ser oferecida cauo idnea, nos casos de alienao de bem mvel, ou hipotecado o imvel. VIII- dispensada a publicao de editais em jornais, quando se tratar de alienao de bem de pequeno valor; IX-O devedor poder oferecer embargos, nos autos da execuo, versando sobre: a-Falta ou nulidade da citao no processo, se ele ocorreu revelia; b-Manifesto excesso de execuo; c-Erro de clculo; d-Causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigao, superveniente sentena. Na fase de execuo de sentena no Juizado Especial aplica-se o Cdigo de Processo Civil, no que couber (vd. "caput" do artigo). O pressuposto jurdico da execuo a existncia de ttulo lquido, certo e exigvel. O pressuposto ftico a coao do Estado para que se cumpra a obrigao, como resulta do artigo 580 do CPC. O Juizado Especial no admite sentena ilquida, eis que eventual indeterminao no tocante extenso da obrigao dever ser resolvida na fase de conhecimento do processo. , precisamente, o que se deduz do artigo 38 da lei 9099/95: "A sentena mencionar os elementos de convico do juiz, com breve resumo dos fatos relevantes ocorridos em audincia, dispensado o relatrio. Pargrafo nico. No se admitir sentena condenatria por quantia ilquida, ainda que genrico o pedido." Na fase de execuo do julgado os valores sero apresentados pelo prprio credor, conforme estabelece o artigo 604 do CPC. No sendo possvel a ele a elaborao dos clculos, o prprio servidor judicial o far, consoante previsto no inciso II do artigo ora comentado. As intimaes do ente pblico devero ser feitas em obedincia ao disposto no artigo 8 da lei 10.259/01, o que nos leva a pedir ao leitor que se reporte ao exame do que ficou dito no mencionado artigo. O inciso V do artigo 52 da lei 9099/95 faz referncia multa diria, inclusive com elevao e transformao em perdas e danos, para a hiptese de inadimplemento, evidenciada a malcia do devedor na execuo do julgado. A matria se prende aos atos atentatrios dignidade da Justia, previstos no artigo 600 e incisos do CPC, com as penalidades estabelecidas no artigo 601 do mesmo estatuto processual. Tem sido normal os juizes fixarem multa diria na eventualidade da autarquia previdenciria no cumprir a determinao de que o benefcio seja implantado a partir de tantos dias previstos na sentena. A aplicao da multa diria encontra explicao no fato de que o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS - tem retardado demasiadamente o incio do pagamento dos benefcios judicialmente concedidos, tornando inoperante todo o esforo do Juizado no sentido de agiliz-los. A multa diria, ou "astreintes", j foi considerada passvel de aplicao contra o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS-, no caso de se ter mantido inerte implantao do benefcio concedido por deciso judicial. o que se v no RECURSO ESPECIAL. 155.174-SP, j. em 19.03.1998, tendo como Relator o Ministro FERNANDO GONALVES, constando da EMENTA o seguinte:

"PREVIDENCIRIO. OBRIGAO DE FAZER. CORRETA A IMPLANTAO DE BENEFCIO PREVIDENCIRIO. FIXAO DE MULTA DIRIA (ASTREINTES) POR ATRASO. POSSIBILIDADE. I-O INSS, intimado a proceder correta implantao do benefcio a que foi condenado, quedou-se inerte, no restando outra alternativa ao Juzo monocrtico, seno fixar multa diria, a fim de compeli-lo a fazer o que estava obrigado em virtude de sentena judicial. Nesse sentido, bem andou o acrdo recorrido, ao consignar que, in casu, no est a autarquia previdenciria amparada pelo rito do art., 730 e seguintes do Cdigo de Processo Civil, restando correta a deciso monocrtica que, nos termos do artigo 644, fixou as astreintes, no sendo passvel de acolhimento o argumento de que o recorrente tem foros de Fazenda Pblica. II- No h que se falar na aplicao do art. 41, 5 e 6 da lei 8.213/91, posto que a multa referida no tem carter sancionatrio, mas apenas coercitivo, alm do que esses dispositivos referem-se aos atrasos no pagamento de verba pecuniria, no se afigurando, portanto, como obrigao de fazer. Ademais, em nenhum momento foi sugerida a tese da comprovada inviabilidade operacional e financeira do INSS, justificativa do abandono regra geral imposta pelo dispositivo em comento. III-Recurso no conhecido. Conforme decidiu o 1 JEC-SP 4 "a multa decorrente de cominao (astreintes) no integra, para efeito de alada, o valor da causa. Inocorre renncia do valor superior ao limite de alada quando o excesso decorre de multa cominatria ou nus da sucumbncia." A cumulao da multa com perdas e danos, j prevista no art. 461- 2 do CPC, considerada decorrncia lgica de um sistema legal que prev a multa a ttulo de coao, para o cumprimento da obrigao especfica, mas s ocorrer quando evidenciada a malcia do devedor durante a execuo. O inciso IX do artigo 52 da lei 9099/95 prev a possibilidade de embargos execuo, que tm natureza de processo de conhecimento, pois objetiva desconstituir, no todo ou em parte, o ttulo executivo. defesa do executado, quer seja pessoa fsica, jurdica ou ente autrquico, no caso o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS-, que o maior figurante nas aes dos Juizados Especiais Federais. ARTIGO 17 - "Tratando-se de obrigao de pagar quantia certa, aps o trnsito em julgado da deciso, o pagamento ser efetuado no prazo de sessenta dias, contados da entrega da requisio, por ordem do juiz, autoridade citada para a causa, na agncia mais prxima da Caixa Econmica Federal ou no Banco do Brasil, independentemente de precatrio. 1 - Para os efeitos do 3 do art,. 100 da Constituio Federal, as obrigaes ali definidas como de pequeno valor, a serem pagas independentemente de precatrio, tero como limite o mesmo valor estabelecido nesta lei para a competncia do Juizado Especial Federal Cvel (art. 3, caput). 2- Desatendida a requisio judicial, o juiz determinar o seqestro do numerrio suficiente ao cumprimento da deciso. 3 - So vedados o fracionamento, repartio ou quebra do valor da execuo, de modo que o pagamento se faa, em parte na forma estabelecida no 1 deste artigo, e, em parte, mediante expedio de precatrio, e a expedio de precatrio complementar ou suplementar do valor pago. 4- Se o valor da execuo ultrapassar o estabelecido no 1, o pagamento far-se-, sempre, por meio do precatrio, sendo facultado parte exeqente a renncia ao crdito do valor excedente, para que possa optar pelo pagamento do saldo sem o precatrio, da forma l prevista." Recorde-se, inicialmente, que as causas de que trata a Lei dos Juizados Cveis Federais no esto sujeitas ao reexame necessrio, conforme previso do art. 13, j comentado. Chama particularmente a ateno o disposto no 2 do artigo ora abordado, no sentido de que, no cumprindo a autoridade a requisio do juiz, deixando de efetuar o

depsito do numerrio requisitado, ou procedendo disponibilizao de forma incompleta, o prprio juiz da causa, e no o Presidente do Tribunal, determinar o seqestro do valor que cubra a execuo. O depsito dever ser efetivado nas instituies a que o "caput" do artigo faz referncia, na conta judicial em nome do credor, porm ordem do Juzo competente, Tratando-se de condenao por quantia certa, pequeno valor e obedecido o limite de competncia do Juizado Especial Cvel Federal (sessenta salrios mnimos), no h expedio de precatrio, mas simples requisio do Juiz, para pagamento dentro de sessenta dias. O descumprimento da obrigao pelo ente pblico poder resultar na aplicao da multa cumulativa, ou converso em perdas e danos (artigo 52-V-, da lei 9099/95), pedindo-se que sejam examinadas as consideraes expendidas no comentrio ao artigo 16 da lei 10.259/01. Entende-se que a disposio do 1 do artigo em comento tem inevitvel aplicao nos crditos eventualmente existentes em feitos previdencirios que tramitam na Justia Federal, ou mesmo nas aes acidentrias do trabalho em curso na Justia Comum, porque estes ltimos tambm so da responsabilidade do Instituto Nacional do Seguros Social-INSS, na qualidade de segurador obrigatrio, desde que esses crditos estejam situados em sessenta (60) salrios mnimos. O disposto no art. 17- 1 da lei 10.259/01 no estabelece distino no tocante natureza do crdito previdencirio, cuidando-se, pois, de regra geral no mbito da Previdncia Social. O pargrafo 4 faculta a renncia do crdito excedente ao valor de alada do Juizado. No havendo a renncia deve ser expedido o precatrio. A anlise conjugada dos 3 e 4 do artigo comentado conduz interpretao de que perfeitamente possvel ocorrer condenao acima do limite de competncia do Juizado Especial Federal, no havendo falar-se que a sentena seria ineficaz quando o valor fosse superior ao sessenta salrios mnimos. A nica restrio ao credor interessado se situa no plano do precatrio, que ele poder evitar ser expedido se concordar em restringir seu crdito ao valor de sessenta salrios mnimos. O 3 impede o fracionamento do valor da execuo, a fim de que se faa em parte requisio de simples pagamento e em parte por precatrio, exatamente para que o credor opte por uma das vias a ser perseguida: ou fica nos moldes do 1(requisitrio) ou se curva determinao do 4(precatrio). ARTIGO 18- "Os Juizados Especiais sero instalados por deciso do Tribunal Regional Federal. O Juiz Presidente do Juizado designar os conciliadores pelo perodo de dois anos, admitida a reconduo. O exerccio dessas funes ser gratuito, assegurados os direitos e prerrogativas do jurado ( art. 437 do Cdigo de Processo Penal)." Os conciliadores esto previstos no artigo 7 da lei 9099/95, que explicita o seguinte: "Os conciliadores e juizes leigos so auxiliares da Justia, recrutados, os primeiros, preferentemente, entre bacharis de Direito, e os segundos, entre advogados com mais de cinco anos de experincia. Pargrafo nico:- Os juizes leigos ficaro impedidos do exerccio da advocacia perante os Juizados Especiais, enquanto no desempenho de suas funes". Art. 22 da lei 9.099/95: "A conciliao ser conduzida pelo juiz togado ou leigo ou por conciliador sob sua orientao. Pargrafo nico Obtida a conciliao, esta ser reduzida a escrito e homologada pelo juiz togado, mediante sentena com eficcia de ttulo executivo." O objetivo principal do Juizado Especial Federal obter a conciliao entre as partes, com ou sem concesses recprocas. Os conciliadores exercem atividade pblica relevante e teen por funo buscar a composio entre os litigantes ou a simples desistncia da ao. O trabalho de recrutamento dos conciliadores normalmente feito entre advogados que esto se preparando para os concursos da Magistratura ou do Ministrio Pblico,

dispondo-se tais profissionais em auxiliar a Justia na busca da cooperao e aperfeioamento da prestao jurisdicional. No basta, entretanto, o recrutamento, pois devem esses profissionais ser treinados, participarem de reunies de estudos e at simulao de audincias, a fim de que adquiram a experincia necessria ao desempenho do cargo. A prtica tem demonstrado que essa parceria entre advogados e o Judicirio tem resultado em grande utilidade no s para a modernizao dos servios da Justia, como para sua democratizao, cumprindo-se o preceito constitucional que confere ao advogado papel indispensvel na administrao da Justia. ARTIGO 19 - "No prazo de seis meses, a contar da publicao desta lei, devero ser instalados os Juizados Especiais nas Capitais dos Estados e no Distrito Federal. Pargrafo nico. Na capital dos Estados, no Distrito Federal e em outras cidades onde for necessrio, neste ltimo caso, por deciso do Tribunal Regional Federal, sero instalados juizados com competncia exclusiva para as aes previdencirias. Na Capital de So Paulo encontra-se em pleno funcionamento o Juizado Especial Cvel Federal, na rua So Joaquim, 69, onde tambm funcionam as nove Varas Federais Previdencirias. O movimento do Juizado Cvel Federal est assumindo propores alarmantes, o que vem confirmar a deficincia do atendimento a que est submetido o segurado da Previdncia Social nas Agncias da autarquia, como se teve oportunidade de destacar nas palavras iniciais deste trabalho. Muitas cidades do Estado de So Paulo, com destaque a Santo Andr e So Bernardo do Campo, justificam a implantao de Juizado Especial Federal, ou, por mnimo, os Juizados Adjuntos, que so unidades de Juizados vinculadas a uma Vara comum designada pelo Tribunal, diante do grande nmero de aes previdencirias em curso. ARTIGO 20-"Onde no houver Vara Federal, a causa poder ser proposta no Juizado Especial mais prximo do foro definido no art. 4 da lei 9099, de 26 de setembro de 1995, vedada a aplicao desta lei no Juzo Estadual." O artigo 4 da lei 9099/95 est assim redigido: " competente, para as causas previstas nesta lei, o foro: I-Do domiclio do ru ou, a critrio do autor, do local onde aquele exera atividades profissionais ou econmicas ou mantenha estabelecimento, filial, agncia, sucursal, ou escritrio; II-Do lugar onde a obrigao deva ser satisfeita; III-Do domiclio do autor ou do local do fato, nas aes de reparaes de dano de qualquer natureza. Pargrafo nico:- Em qualquer hiptese, poder a ao ser proposta no foro previsto no inciso I deste artigo." Ficou bem evidenciado que o artigo 20 da lei 10.259/01 probe a aplicao da lei dos Juizados Especiais Federais no Juzo estadual, quando determina que onde no houver Vara Federal a causa dever ser proposta no Juizado Especial mais prximo. Esta disposio no se aplica s causas previdencirias, eis que, diante do que dispe o art. 109 da CF/88, "sero processadas a julgadas na justia estadual, no foro do domiclio dos segurados ou beneficirios, as causas em que forem partes instituio de previdncia social e segurado, sempre que a Comarca no seja sede de vara ou juzo federal." Logo, segundo entendimento de Ricardo Cunha Cimenti (Teoria e Prtica dos Juizados Especiais Cveis - Saraiva, pg. 64), "onde no houver Vara de Juizado Federal ou Juizado Federal Adjunto, a causa poder ser proposta no Juizado Estadual da Comarca (ou mesmo na Vara estadual comum se no houve Juizado Estadual na localidade) ou no Juizado Federal mais prximo, a critrio do autor. O recurso ser dirigido Turma Recursal Federal.". Conforme lio do mesmo jurista anteriormente referido, os CONFLITOS DE COMPETNCIA "entre juizes federais (inclusive entre o juiz do Juizado Federal e o juiz da Justia Federal ordinria) devem ser solucionados pelo TRF respectivo.

Surgindo conflito entre juizes federais vinculados a TRFs distintos, a questo ser resolvido pelo STJ ( arts. 105,I, d, e 108, ambos da CF). Conflitos de competncia entre juizes estaduais (inclusive entre juizes dos Juizados e da Justia ordinria estadual), em So Paulo, so dirimidos pela Cmara Especial do Tribunal de Justia. Conflitos entre juizes dos Juizados Estaduais, em So Paulo, tm sido dirimidos pelo Colgio Recursal a que est afeto o juiz suscitante (Enunciado 9 do I Encontro de Colgios Recursais da Capital de So Paulo)."(ob. cit. pg. 68). ARTIGO 21- "As Turmas Recursais sero institudas por deciso do Tribunal Regional Federal, que definir sua composio e rea de competncia, podendo abranger mais de uma seo. 1- No ser permitida a reconduo, salvo quando no houver outro juiz na sede da Turma Recursal ou na Regio. 2- A designao dos juizes das Turmas Recursais obedecer aos critrios de antiguidade e merecimento. ARTIGO 22 - "Os Juizados Especiais sero coordenados por Juiz do respectivo Tribunal Regional, escolhido por seus pares, com mandato de dois anos". Pargrafo nico. O Juiz Federal, quando o exigirem as circunstncias, poder determinar o funcionamento do Juizado Especial em carter itinerante, mediante autorizao prvia do Tribunal Regional Federal, com antecedncia de dez dias." A lei 9099/95, em seu artigo 94, estabelece: "Os servios de Cartrio podero ser prestados, e as audincias realizadas fora da sede da Comarca, em bairros ou cidades a ele pertencentes, ocupando instalaes de prdios pblicos, de acordo com audincias previamente anunciadas". Desde que o objetivo da lei oferecer garantia de amplo acesso aos servios judicirios, de forma gil e sem as burocracias e entraves da Justia Comum, salutar a instituio do Juzo itinerante, levando s comunidades sociais que habitam regies mais distantes o atendimento judicial, onde no existam Juizados ou Fruns devidamente instalados. Os interessados, atendidos nessas unidades mveis, formulam seus pedidos iniciais, que so reduzidos a termo, ficando intimados para audincia de conciliao, instruo e julgamento, que se realizar no mesmo local, em data da qual j saem cientes. ARTIGO 23- "O Conselho da Justia Federal poder limitar, por at trs anos, contados a partir da publicao desta Lei, a competncia dos Juizados Especiais Cveis, atendendo s necessidades de organizao dos servios judicirios ou administrativos". ARTIGO 24 - "O Centro de Estudos Judicirios do Conselho de Justia Federal e as Escolas de Magistraturas dos Tribunais Regionais Federais criaro programas de informtica necessrios para subsidiar a instruo das causas submetidas aos Juizados e promovero cursos de aperfeioamento destinados aos magistrados e servidores. ". ARTIGO 25- "No sero remetidas aos Juizados Especiais as demandas ajuizadas at a data de sua instalao". ARTIGO 26- "Competir aos Tribunais Regionais Federais prestar o suporte administrativo necessrio ao funcionamento dos Juizados Especiais". ARTIGO 27- "Esta lei entra em vigor seis meses aps a data de sua publicao".

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